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3.2. A reta rx que liga os pontos p = (x,− 14C ) e F = (0, 14C ) e´ ortogonal a` reta tangente Tx ao gra´fico de y = Cx 2 em P = (x, Cx2). Ademais, rx e Tx se intersectam emMx := ( x 2 , 0), que e´ o ponto me´dio do segmento de p e F . Em suma, Tx e´ a reta mediatriz do segmento ligando p e F . As Figuras a seguir ilustram a Afirmac¸a˜o: CAPI´TULO 20. AS COˆNICAS E SUAS PROPRIEDADES REFLETIVAS 267 4 2 0 -4 -2 x 420-4 -2 Fig: y = x 2 4 , tangente y = x− 1 em P = (2, 1), onde F = (0, 1), M = (1, 0) e p = (2,−1). 4 0 -8 2 -2 x 40 -6 -4 -4 2-2 Fig: A Figura de antes e ademais a tangente y = 3 2 x− 9 4 em P = (3, 1), M = (3 2 , 0) e p = (3,−1). Demonstrac¸a˜o. Ja´ sabemos que a reta tangente Tx tem equac¸a˜o: y = (2Cx) · x− Cx2. E a reta rx ligando p e F tem coeficiente angular: 1 4C − −1 4C 0− x = −1 2Cx , logo rx e Tx sa˜o ortogonais. Por passar por F = (0, 1 4C ) a equac¸a˜o de rx e´: rx : y = −1 2Cx · x+ 1 4C . Avaliando ambas as equac¸o˜es de retas em Mx = ( x 2 , 0) vemos que Tx e rx conteˆm Mx = ( x 2 , 0). 3. A PARA´BOLA E SUA PROPRIEDADE REFLETIVA 268 Ademais as coordenadas deMx sa˜o me´dia aritme´tica das coordenadas de (x,− 14C ) e (0, 1 4C ), logo Mx e´ ponto me´dio do segmento que os une. � Agora vamos extrair consequeˆncias da Afirmac¸a˜o 3.2. Note que os triaˆngulos retaˆngulos ∆F P Mx e ∆p P Mx sa˜o congruentes: de fato, PF = Pp ja´ que P esta´ na para´bola, FMx = Mxp por Mx ser ponto me´dio e PMx ser lado comum a ambos. Logo os aˆngulos ∠F P Mx e ∠Mx P p sa˜o congruentes. Considere em torno de P os aˆngulos ∠Mx P p e seu aˆngulo oposto pelo ve´rtice. Como sa˜o congruentes, temos que o aˆngulo que a reta vertical pP faz com a tangente Tx e´ congruente com o aˆngulo ∠F P Mx. PF M p Em O´tica se postula que a luz se reflete numa curva da seguinte forma: o aˆngulo de incideˆncia que se forma entre o raio de luz e a tangente da curva e´ igual ao aˆngulo (na˜o orientado) formado pelo raio refletido e a tangente da curva. Pelo que vimos acima, isso quer dizer que raios de luz que chegam verticalmente devem refletir na para´bola y = Cx2 e passar todos pelo ponto F = (0, 1 4C ) que por isso merece o nome de foco, por concentrar a luz. Esse fato e´ usado em antenas, microfones, espelhos de formato parabo´lico, para concentrar ondas, som, calor, luz em um ponto, que e´ o Foco. Como na˜o posso plotar retas verticais, na˜o pude fazer o Exemplo a seguir na posic¸a˜o vertical. Tive que colocar na horizontal. E so´ pude usar metade da para´bola, para ter um gra´fico. Enta˜o a Figura a seguir ilustra a concentrac¸a˜o de 5 raios hori- zontais refletidos no Foco: CAPI´TULO 20. AS COˆNICAS E SUAS PROPRIEDADES REFLETIVAS 269 2,5 1,5 2 1 0 x 0,8 0,5 0,20,4 10,60 Figura: Brac¸o da para´bola x = y 2 4 refletindo 5 raios horizontais no Foco F = (1, 0). 4. Prova anal´ıtica da propriedade do foco Vou dar uma prova anal´ıtica do fato de que os raios verticais que incidem numa para´bola sa˜o todos refletidos para o foco. A afirmac¸a˜o a seguir sera´ u´til em outros contextos6: Afirmac¸a˜o 4.1. Seja (x, y) ponto do gra´fico de y = f(x) em que o gra´fico na˜o tem inclinac¸a˜o zero. Se uma reta vertical por esse ponto e´ refletida no gra´fico de tal modo que o aˆngulo de incideˆncia que forma com a reta tangente e´ igual ao aˆngulo que a reta refletida forma coma reta tangente, enta˜o a equac¸a˜o da reta refletida e´: y = ( f ′(x)2 − 1 2f ′(x) ) · x+ f(x)− (f ′(x)2 − 1 2f ′(x) ) · x. Demonstrac¸a˜o. Na figura a seguir em azul esta˜o os aˆngulos de incideˆncia e de reflexa˜o, supostos iguais (congruentes). A reta horizontal e´ h. Tambe´m t e n sa˜o as retas tangente e normal. Dois aˆngulos retos da˜o indicados. 6Aprendi isso no Tomo 3 do Traite´ des courbes speciales remarquables, planes et gauches, de F. Gomes Teixeira, 1971, Chelsea Publishing Company 4. PROVA ANALI´TICA DA PROPRIEDADE DO FOCO 270 n t y = f(x) h Na figura a seguir veja: α = f ′(x) o aˆngulo que a reta tangente t faz com o eixo horizontal, β o aˆngulo que o raio refletido faz com o eixo horizontal, α1 o aˆngulo que a normal faz com a vertical e α2 o aˆngulo que o raio refletido faz com a normal. n t y = f(x) h α α β 1 α 2 Note que que α1 e´ congruente com α. Ademais, da hipo´tese sai que α2 ≡ α1 E da´ı: α2 ≡ α1 ≡ α. Enta˜o β = pi 2 + α1 + α2 = pi 2 + 2 · α. Na linha a seguir uso algumas identidades trigonome´tricas: tan(β) = tan( pi 2 − (−2α)) = cot(−2α) = − cot(2α) = − 1 tan(2α) . CAPI´TULO 20. AS COˆNICAS E SUAS PROPRIEDADES REFLETIVAS 271 Ou seja, usando agora a fo´rmula da tangente de 2α, tan(β) = − 1 ( 2 tan(α) 1−tan(α)2 ) . Enta˜o o coeficiente angular da reta refletida e´: tan(β) = tan(α)2 − 1 2 tan(α) = f ′(x)2 − 1 2f ′(x) e o coeficiente linear e´ imediato. � No caso da para´bola y = C · x2 a equac¸a˜o da reta refletida, de acordo com a Afirmac¸a˜o 4.1, e´ enta˜o: y = ( 4C2x2 − 1 4Cx ) · x+ Cx2 − 4C 2x2 − 1 4C = = ( 4C2x2 − 1 4Cx ) · x+ 1 4C , portanto todas passam por (0, 1 4C ), o foco. 5. A Elipse e sua propriedade refletiva Afirmac¸a˜o 5.1. Um ponto P = (x, y) satisfaz a equac¸a˜o x2 a2 + y2 b2 = 1 se e somente se PF1 + PF2 = 2a, onde F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0) sa˜o os dois focos e a2 = b2 + c2 . Observe que esta Afirmac¸a˜o 5.1 da´ um me´todo pra´tico para trac¸ar uma elipse: fixe dois pontos F1 e F2, com dois pregos, e ligue-os por um corda˜o maior que a distaˆncia F1F2. Com um la´pis estique o corda˜o e agora mova o la´pis, sempre mantendo o barbante esticado, trac¸ando pontos P . Voceˆ trac¸ara´ uma elipse, pois F1P + PF2 e´ constante. Demonstrac¸a˜o. (da Afirmac¸a˜o 5.1) Como notamos apo´s a Definic¸a˜o 2.3, uma elipse pode ser definida com relac¸a˜o a dois pares Foco/diretriz: F, r ou F ′r′. Para qualquer ponto P da elipse temos PF = e · P r e PF ′ = e · P r′, onde r, r′ sa˜o as retas diretrizes. 5. A ELIPSE E SUA PROPRIEDADE REFLETIVA 272 F F ’ ρ ρa a r r ’ Logo PF + PF ′ = e · r r′, onde r r′ e´ a distaˆncia entre essas duas retas (paralelas). Ou seja, que PF + PF ′ ≡ C e´ constante para pontos na elipse. Na descric¸a˜o que demos, a excentricidade e da elipse verifica: a = eρ 1− e ou seja, 2a− 2ae = 2eρ e portanto 2a = e · (2a+ 2p). Ora, como nos lembra a Figura acima: 2a+ 2ρ = r r′ e´ a distaˆncia entre as duas retas diretrizes da elipse. Logo PF + PF ′ ≡ 2a. A Afirmac¸a˜o 2.2 e a simetria no eixo x da˜o que as coordenadas dos focos sa˜o F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0), onde c = √ a2 − b2. � A elipse tem a nota´vel propriedade seguinte: se P e´ um ponto da elipse e PF1, PF2 duas semiretas que ligam P aos focos, enta˜o os aˆngulos formados por PF1 e a tangente em P e o formado por PF2 e a tangente em P sa˜o iguais. Em outras palavras, se um raio de luz sai de um foco e reflete na elipse enta˜o ele passa no outro foco. Para provar isso, notamos primeiro o seguinte: CAPI´TULO 20. AS COˆNICAS E SUAS PROPRIEDADES REFLETIVAS 273 Afirmac¸a˜o 5.2. Se uma reta so´ intersecta uma elipse num u´nico ponto P , enta˜o essa reta e´ a reta tangente a` elipse em P . Demonstrac¸a˜o. Considerarei apenas pontos da elipse x 2 a2 + y 2 b2 = 1 com coordenada y > 0, ou seja, onde posso representar a elipse pelo gra´fico de y = b · √ 1− x 2 a2 , pois para os outros e´ ana´logo, usando outros gra´ficos do tipo y = y(x) ou x = x(y). Uma reta y = A · x+B que passa por (x, b · √ 1− x2 a2 ) tem equac¸a˜o: y = Ax+ (b · √ 1− x 2 a2 − Ax). Se a intersecto com a elipse x 2 a + y 2 b2 = 1 obtemos: