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educar o povo. No entanto, du- rante esse período turbulento, o que se viu foi uma disputa radical, que fez surgir estilos vigorosos e originais de redação jornalística, embora, muitas vezes, des- cambassem para acusações infundadas e ataques pessoais. 2.5 A era da eletricidade Na esteira do desenvolvimento tecnológico surgiu o rádio. As transmissões eletromag- néticas propiciaram primeiro a criação do te- légrafo, que transmitia apenas códigoMorse. Em 1900 foi feita a primeira ligação radiote- www.bocc.ubi.pt Comunicação: conceitos, fundamentos e história 9 legráfica de 300 km, entre Cornwall e a ilha de Wight, na Inglaterra. Muito embora o nome do italiano Gugli- elmo Marconi seja tido como o do inven- tor do rádio, o certo é que em 1896 Mar- coni patenteou o primeiro aparelho transmis- sor sem fios. Suas investigações começaram por volta de 1894, quando conseguiu enviar sinais fracos a cerca de 100m de distância. Em pouco mais de dois anos os sinais já ul- trapassavam a barreira de 1 km. Mas antes que o cientista italiano tivesse realizado ex- periências de sucesso, o padre brasileiro Ro- berto Landell de Moura já havia transmitido voz por meio do eletromagnetismo. Grecco (2006, p. 77) afirma que “Há registros de que as primeiras experiências do padre Landell com transmissões de ondas portando a voz humana teriam ocorrido entre 1893 e 1894. No mínimo um ano antes da façanha de Mar- coni na Itália”. Gontijo (idem, p. 355) tam- bém ressalta o fato de Landell ter se adian- tado a Marconi na transmissão radiofônica A primeira demonstração oficial de seu invento foi a transmissão entre a avenida Paulista e o bairro de Sant’ana, sem a ajuda de fios, de sua própria voz, através da irradiação de uma onda eletromagné- tica, em junho de 1900, na presença de autoridades e da imprensa, 22 anos antes do Centenário da Independência. Vejamos como o Jornal do Commercio, em sua edição de 10 de junho de 1900, noti- ciou o fato: No domingo próximo passado, no alto de Sant’ana, cidade de São Paulo, o pa- dre Roberto Landell, fez uma experiência particular com vários apparelhos de sua invenção, no intuito de demonstrar algu- mas leis por elle descobertas no estuda da propagação do som, da luz e da eletrici- dade atravez do espaço, da terra e do ele- mento aquoso, as quaes foram coroadas de brilhante êxito. (sic!) Estes apparelhos eminentemente praticos são como tantos corollários deduzidos das leis supracitadas. (Sic!) Assistirão á estas provas, entre outras pessoas, o Sr. P.C.P. Lupiton, represen- tante do Governo Britânico e sua família. (Sic!) A primeira transmissão de música por meio do eletromagnetismo se deu na noite de Natal de 1906, na cidade de Brant Rock, Massachusetts, Estados Unidos, por Regi- nald Fessenden. O sinal foi captado por na- vios a 80 km de distância. O advento do rádio marcou uma nova era nas comunicações, porque suas ondas possi- bilitaram a quebra de uma barreira que sub- sistiu à tecnologia da impressão: o analfabe- tismo. Como conseqüência, cristalizou-se o processo de massificação, cuja abrangência o viabilizou como principal instrumento po- lítico da época. No Brasil, a primeira transmissão radiofô- nica pública oficial ocorreu em 7 de setem- bro de 1922, no Rio de Janeiro, quando o presidente Epitácio da Silva Pessoa discur- sou na inauguração da Exposição do Cente- nário da Independência. 2.6 A estética da imagem Conforme nos explica Pacheco (2005, p. 2) “estética tem sua origem em ‘estesia’, ou seja, sensação, sensibilidade, sentido. Em contraposição, temos a palavra ‘anestesia’, www.bocc.ubi.pt 10 João Batista Perles negação de ‘estesia’, em que os sentidos e sensações são bloqueados.” Partindo de tais princípios, nos parece que as experiências estéticas encontram-se relacionadas ao nú- mero de sentidos que as mensagens e os meios de comunicação são capazes de aci- onar no homem. A tecnologia que propiciou a imagem em movimento e adicionou a ela o elemento sonoro, rompeu com as experiên- cias estéticas até então vivenciadas por meio da técnica de impressão. O cinema antecedeu a televisão enquanto tecnologia que possibilitou a visualização da imagem em movimento. Assim como o rádio, a televisão também nasceu de um conjunto de descobertas inici- adas em 1817 quando o químico sueco Tons Jacob Berzelius descobriu o selênio, que pro- duzia uma corrente de elétrons sempre que atingido por um feixe de luz. Em 1923, o russo naturalizado americano, Vladimir Zworykin, inventou o iconoscó- pio que, aperfeiçoado, iria se converter no atual tubo de imagem dos televisores, tam- bém chamado de cinescópio. De acordo com Gotijo (idem, p. 404) Os primeiros passos para a televisão co- mercial foram dados pela RCA, com a tecnologia desenvolvida pelo russo natu- ralizado americano Wladimir Zworykin. Foi o seu sistema, completamente eletrô- nico, que permitiu a primeira demonstra- ção pública, em Nova York, de transmis- são das imagens produzidas nos estúdios da RCA. As primeiras experiências de transmis- são iniciadas na década de 1930 na Europa e nos Estados Unidos foram interrompidas pela Segunda Guerra Mundial, somente re- tornando após o conflito. Já na década de 1950 existiam diversos modelos de recepto- res. Estava, portanto, concretizado o invento que uniu o som e a imagem em movimento. O Brasil foi o quinto país do mundo a pos- suir emissora de televisão, depois dos Esta- dos Unidos, Grã-Bretanha, Países Baixos e França. A primeira emissora brasileira foi a PRF3-TV, futura Rede Tupi de São Paulo, inaugurada em 18 de setembro de 1950. O incremento na comunicação viveu uma nova fase com a invenção dos satélites. Os primeiros geoestacionários do tipo Syncom foram colocados no espaço nos anos de 1963 e 1964, servindo simultaneamente a diversas estações terrestres de localidades ou países diferentes. Mas o processo de integração dos meios de comunicação iria sofrer o mais profundo impacto com o advento da rede mundial de computadores, denominada Internet. A rede planetária surgiu de experiências e pesqui- sas realizadas para fins militares no final da década de 1950 e, dela, deriva o debate entre apocalípticos e integrados, permeados por um terceiro grupo denominado “técnico- realístico” citado por Lemos (1998, p. 46): O imaginário da cibercultura é perme- ado por uma polarização que persegue a questão da técnica desde tempos ime- moriais: medo e fascinação. O que ve- mos hoje, com o desenvolvimento da ci- bercultura (Internet, realidade virtual, cy- borgs, hipertexto, etc.), é o acirramento da querela entre o que Umberto Eco cha- mou de apocalípticos e integrados (Eco, 1979).[...] um grupo de americanos criou, em março de 1998, uma corrente de pensamento e posicionamento em re- lação à tecnologia batizada de “técnico- realismo”. www.bocc.ubi.pt Comunicação: conceitos, fundamentos e história 11 Mais recentemente, Briggs e Burk (idem, p. 310) aludindo à Internet afirmam ser dela a responsabilidade por uma nova psicologia Em um período de aceleração da tec- nologia, a Internet desafiou as previsões [...]. Rapidamente deixou para trás a fí- sica e desenvolveu uma psicologia pró- pria, como havia sido feito o desbrava- mento da fronteira, e o que veio a ser chamado de sua “ecologia”, palavra nova nos estudos da comunicação [...]. Assim, nos parece que a Internet conso- lida uma era estetizada pela imagem, mas não a supera, conforme se poderia deduzir de modo simplista. 3 Efeitos convergentes Sentado em uma poltrona, acompanhado ou não por outras pessoas, no silêncio de um cô- modo tomado pela penumbra ou num am- biente de extrema iluminação e sacudido pela algazarra de vozes e sons, o homem aponta o controle remoto para a televisão e, utilizando-se de suas múltiplas funções, “na- vega” por diferentes canais, aumenta e dimi- nui o