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PARALISIA CEREBRAL - Encefalopatia crônica não-progressiva da infância Definição: Transtorno persistente, porém não invariável, do tônus, da postura e do movimento; decorrente de lesão no SNC em desenvolvimento, ocorrida antes ou durante o nascimento, ou ainda nos estágios de maturação. Tônus: Grau de tensão fisiológica dos músculos em repouso ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS Diversidade de definições Limites de idade ocorrência momento em que se apresentam os transtornos Gravidade dos transtornos para se considerar PC Diversidade de classificações topográficas e fisiopatológicas Atualmente... Maior causa de incapacidade funcional na infância Caracterizada por inabilidade em controlar normalmente as funções motoras Distúrbio da Motricidade: Principal, esse distúrbio tem que ser maior do que a deficiência mental ou qualquer outro distúrbio. Com potencial efeito no desenvolvimento global da criança, afetando sua habilidade de explorar o ambiente, falar, aprender e tornar-se independente. Características Compromete essencialmente áreas responsáveis pelo controle das atividades psicomotoras e do tônus Ocorre antes de se haver completado o desenvolvimento funcional da motricidade e do tônus (até 3 anos de idade mais ou menos) Extensão e intensidade da lesão não estão diretamente relacionadas ao quadro clínico observado Incidência Entre 1,5 a 2,5/1000 nascidos vivos, em países desenvolvidos 50% de chance em RNs abaixo de 1000g 25 a 31 vezes maior em RNPT com peso < 1500g em relação aos RNT <38 semanas = Pré Termo – Fator de Risco aumenta quando associado a baixo peso! RNPT antes de 28 sem. IG = 100/1000 RNT = 1/1000 (O’Shea, 2008) NECESSIDADE DE MELHORES INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS Etiologia Decorrente de eventos lesivos que ocorrem nos períodos: Pré-natal : Antes do nascimento Peri-natal : Durante o Parto e a 1º semana de vida Pós-natal: até o final do 2 ano e 3 anos de idade – Diagnóstico a partir de 4 meses! Considerando-se também eventos herdados geneticamente. Causas pré-natais (11%) Genéticas ou hereditárias Maternas: Fatores que diminuem a oxigenação do feto circulatórias (eclâmpsia, hemorragias com ameaça de aborto, descolamento precoce de placenta, má posição do cordão umbilical, hipotensão) metabólicas (diabetes, desnutrição) infecções congênitas Malformações cerebrais congênitas Físicas (radiações, intoxicações, traumas, drogas) Causas peri-natais (30%) Hemorragia intracraniana Hipóxia: O2 FC (mecônio, 1ª respiração ou choro demorados, Apgar baixo e acidemia) Apgar Baixo: Boletim que avalia a condição de vitalidade da criança. 1º minuto e no 5º minuto (obs: 10º minuto se não reagiu nas duas primeiras avaliações) <7 = Sofrimento Fetal leve <4 = Sofrimento Grave Fetal Obs: No 1º minuto não prediz nada Avalia 5 itens: FC, Respiração, Tônus, Cor, Irritabilidade Reflexa Prematuridade e baixo peso Icterícia grave Infecção pelo canal do parto Parto distócico: Parto difícil e prolongado, causando anóxia! Causas pós-natais (7%) Infecções do SNC – meningites, encefalites TCE Seqüelas de semi-afogamento AVE Desnutrição Síndromes epiléticas (West e LennoxGastout) Fatores de Risco Pré-gestacionais (abortos espontâneos, ciclos menstruais irregulares, intervalo entre gestações <3m e >3anos, história familiar de PC – dç genética – malformação) Peri-gestacionais (classe sócio-cultural baixa, malformações congênitas, retardo de crescimento fetal, gestação gemelar, apresentação fetal anômala, dç crônica materna) Peri-natais (infecções intra-uterinas, DPP) Pós-natais (prematuridade, alterações de fluxo sangüíneo e PA cerebral, problemas ventilatórios) Diagnóstico Basicamente clínico Exames complementares: Tomografia Computadorizada Craniana e Ressonância Nuclear Magnética, Eletroencefalograma e exames laboratoriais Classificação Qualidade do tônus Segmentos corporais acometidos (topografia) Grau de severidade clínica Funcionalidade (GMFCS) – Sistema de Classificação Funcional Motora Grossa Classificação: qualidade do tônus Espástico (75%): tônus mm antigravitária Moto Neuronio Superior ou Trato CorticoEspinhal M.M. Antigravitários MMSS = Flexora MMII = Extensora Velocidade Dependente Hipertonia Elástica: Cede com a mobilização passiva, acontece em qualquer parte do arco de movimento Sinais Clínicos: Clônus, Babinsk, Hiperreflexia Excesso de Contração e Estabilidade Atetóide: flutua hipo normal, com movimentos involuntários das extremidades (dedos do pé e mão, face na m. perioral) Movimento Sepertifóides de pequena Amplitude e lento Distônico: flutua hipo hiper, com movimentos em torção = Movimentos involuntários de articulações proximais mantidos em torção (tronco, MMSS e MMII) Grande Amplitude e Rápidos. Coréico: flutua hipo normal hiper Movimentos Involuntários de articulações medianas e proximais de grande amplitude e rápidos. Atáxico: Lesão Cerebelar - Tônus Postural Hipotonia associada com alterações do equilíbrio, Tremor de ação, Descordenação do movimento. Hipotônico: diminuição global do tônus Misto Associação de diferentes tônus Diagnóstico Misto: 1º = Tônus mais evidente 2º = Com componente- tônus menos evidente Classificação: topografia Tetraparesia: 4 membros acometidos com perda parcial de movimentação de força, há prejuízo no controle de cabeça e tronco Lesão encefálica é mais extensa = Mais grave! Diparesia: 4 membros acometidos, porém maior comprometimento nos Membros Inferiores e com prejuízo funcional dos Membros Superiores. Tem bom controle de cabeça e tronco Ex de Prejuízo funcional: Retração Escapular para ajuste postural e equilíbrio. Hemiparesia: Perda parcial dos movimentos da metade do corpo, pode ou não acometer a hemiface e acomete o tronco também. Monoparesia: 1 membro acometido Triparesia: 3 membros acometidos, podendo ter comprometimento de tronco Dupla- hemiparesia: 4 membros acometidos, porém controle de cabeça e tronco são bons. Geralmente 1 lado mais comprometido que o outro. Distúrbios associados Cognitivo Sensorial Proprioceptivo Convulsões Visuais Auditivos Linguagem Deglutição Comportamentais Conseqüência Parada ou atraso no DNPM Persistência anormal reflexa: Reflexos que deveriam ser integrados acabam por persistirem na criança com PC RTL RTCA Conseqüência: Assimetria – Impede essa criança de colocar a mão na boca, explorar o corpo com ambas as mãos, não trás a mão na linha médica, escoliose. RTCS Extensão cruzada Preensão palmar Conseqüência: Deixa de ter seletividade de objetos Positiva de apoio Moro Conseqüência: Leva a distúrbios do equilíbrio Cutâneo plantar em extensão Sucção Reação Cervical de Reitificação Reação Corporal de Reitificação Deformidades ortopédicas Transtornos Respiratórios Nutricionais Digestivos Imunológicos Quadro clínico Lesão no SNC em desenvolvimento quadro clínico não é um conjunto estático de sinais e sintomas. Lesão não progressiva manifestações clínicas mudam conforme o SNC amadurece. PC atáxico Forma pura rara na PC, Mais comum vim associada com espaticidade Lesão: cerebelo ou vias do controle postural Hipotonico: Músculo mole, postura de abandono quando em repouso, lentidão de resposta Dificuldade em manter alinhamento corporal antigravitário Sem persistência de reflexos primitivos: Reflexos Características: Distúrbios do equilíbrio Astasia: Dificuldade em ficar em pé Distasia (zigue-zague): Dificuldade em manter a direção(linha reta) ao andar = Marcha Ebriósia Dismetria: Alteração na direção do movimento Discronometria: Disdiadococinesia: Dificuldade de realizar movimentos alternados e rápidos Dissinergia Tremor de intenção PC hipotônico Forma pura rara na PC, Mais comum Mista Misto: Hipotonia: No tronco Hipertonia: Nos Membros Evolui com sinais de Espaticidade e Atetóide Lesão difusa ou aguda Caráter transitório Dificuldade no controle antigravitário Resposta motora lentaHipermobilidade articular: Frouxidão Ligamentar Sem persistência de reflexos Sem reações de endireitamento/equilíbrio Complicações respiratórias, alimentares e deformidades. PC coreoatetóide e distônico Lesão: núcleos da base Causa principal – Hiperbilirrubinemia – Kernicterus Flutuação do tônus e motricidade involuntária (atetóides e coréicos) Flutuação tônica e movimentos em torção(distônicos) Assimetria corporal, dificuldade de manusear ou manter na linha média Preservação cognitiva O humor também flutua: labilidade emocional Geralmente MMII melhores que MMSS Movimentos involuntários Classificação Amplitude Velocidade Articulações envolvidas Atetóides e coréicos: movimentos bem evidentes em repouso e durante o movimento voluntário Distônicos: movimentos mais evidentes parasitando o movimento voluntário. PC espástico Lesão: ** MNS; tracto córtico-espinhal** tetraparético: cortical, subcortical, substância branca, difusas hemiparético: malformação, AVE (a.cerebral média), subcorticais diparético: área peri-ventricular Espasticidade: Musculatura antigravitária, hipertonia elástica, sinal do canivete, velocidade-dependente, hiperreflexia, clônus e sinal de Babinski. PC tetraparético espástico Excesso de estabilidade = Excesso de Co-Contração da Cintura: Contração Simultânea do Agonista e Antagonista Persistência de RTL E RTCA determinam a evolução nos casos graves Musculatura Antigravitária MMSS: Flexor MMII: Extensor Sinal do Canivete: da resistente em uma parte inicial do arco e depois cede Espástico: Hipertonia Elastica – Cede com Mobilização, aparece em qualquer parte do arco de movimento Velocidade Dependente Clônus: Série de contrações rítmicas que acontece com o estiramento rápido Ex: Dorsiflexão Babinsk: Extensão do Cutâneo plantar após 1 ano Pode ter assimetria no tônus entre os 4 membros e tronco Pobre motricidade voluntária global – deformidades ortopédicas Prognóstico ruim para marcha Somente quadros leves podem sentar e controlar tronco Deficiências associadas PC hemiparético espástico Pode ter assimetria entre MS e MI acometido, face pode estar envolvida Assimetria de Postura e Movimentação Consequencia: Atrofia, Perda de Força Muscular, Perda ADM, Algumas deformidades do lado acometido, alterações sensoriais ( Emput sensorial – tato e proprioceptiva), densidade óssea ( membro menor do lado parético em relação ao normal), alterações posturais Podem estar associadas atetose e ataxia – casos mistos Problemas sensoriais importantes Pobre uso do hemicorpo acometido Reações associadas Bom prognóstico para marcha Diagnóstico fisioterapêutico Espático ou Misto Braquial: MMSS acometido em maior parte Crural: MMII acometido em maior parte Proporcionada: Não há diferença entre membros Hemiparesia Completa: Comprometimento Hemiface Hemiparesia Incompleta: Não compromete Hemiface Qual lado está comprometido Ex: Hemiparesia Espática com Componente Distônico com predomínio Braquial Completa Direita PC diparético espástico Alteração no controle pélvico e de MMII MMSS estão acometidos funcionalmente (não há alteração tônica em repouso) por instabilidade do tronco e compensações Normalmente MIE é mais aduzido e rodado internamente Dificuldade enorme em realizar dissociações de cintura Dificuldade em realizar rotações Marcha em tesoura (cruzamento): Adução dos Quadris além da linha média Marcha in crouch (agachada): Flexão de Quadril e Joelho GMFCS – Gross Motor Function Classification System Sistema de classificação da Função Motora Grossa para Paralisia Cerebral. Baseia-se no movimento iniciado voluntariamente, com ênfase no sentar e andar. Classificação em 5 níveis (I a V); a distinção entre os níveis são baseadas nas limitações funcionais, uso de tecnologia assistiva e em menor grau, na qualidade do movimento. Classificar o desempenho habitual da criança. Avaliação Determinado qualquer fator de risco, a criança já deve ser avaliada sucessivamente para que o menor sinal de alteração no desenvolvimento seja detectado precocemente Deve ser criteriosa, baseada na seqüência do desenvolvimento normal Tratamento Fisioterapêutico Tratamento por estimulação precoce Técnicas de tratamento baseadas nas teorias neuroevolutivas e de facilitação neuromuscular Integração Sensorial Posicionamento adequado / adaptações Indicação de órteses Encaminhamento à outros profissionais da equipe multidisciplinar Orientações aos familiares Alguns Componentes Tratamento Fisioterapêutico Tônus muscular ADM FM DNPM normal Trocas posturais Reações equilíbrio/proteção Funcionalidade/ locomoção Sistemas sensoriais AVD’s Estabelecer: Necessidades individuais Objetivos a curto e longo prazo Tratamento complementar Toxina botulínica A Cirurgias ortopédicas Tratamento medicamentoso Equipe multidisciplinar Principais Dificuldades Detectar precocemente os menores sinais de alteração no Desenvolvimento Normal Estabelecer um prognóstico para o paciente Frustrações
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