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Contratos Administrativos Explicados por Cyonil Borges

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Curso Teórico de Direito Administrativo para o TRT RJ 
Profº Cyonil Borges – Aula 11 
Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 1 
AULA 11: CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 
Olá pessoal, tudo bem? 
Não tem “pra” onde correr. O tema “licitações e contratos” será o mais 
cobrado na prova de vocês. Peço atenção redobrada, portanto, nas três 
aulas disponibilizadas, ok. Sim, foram três. Duas de teoria, e a aula 
complementar só de exercícios. 
Bom, o arquivo teórico de licitações já está no site. Agora é a parte 
teórica de contratos. 
Forte abraço a todos e bons estudos, 
Rumo a gabaritar a prova! 
Cyonil Borges. 
 
 
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Profº Cyonil Borges – Aula 11 
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1 - Introdução 
 Ninguém duvida de que os contratos são as sementes que 
germinam e se transformam em frutos advindos da prévia modalidade de 
licitação. Todavia, “de cara”, lembrando a aula de licitações, nem 
sempre uma licitação – uma modalidade, em linguagem mais técnica – 
será necessária. Volta e meia, ocorre uma contratação direta por 
dispensa ou por inexigibilidade. 
 
Cabe relembrar, ainda, que o resultado da licitação é vinculante 
para a Administração, não se admitindo a seleção de proposta que 
não seja a mais vantajosa. Vejamos, de novo, o art. 50 da LLC: 
A Administração não poderá celebrar o contrato com 
preterição da ordem de classificação das propostas ou com 
terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de 
nulidade. 
 Ah! Como destacado, o fato de a Administração adjudicar o 
objeto da licitação não quer significar (nem de longe!) eventual 
direito de contratação. A Administração (com toda a prudência que 
merece a situação) pode deixar escoar o prazo de validade das propostas 
comerciais ou ainda revogar a licitação, para a promoção de novo 
certame. 
 
 Prazo de proposta? Que prazo é esse? Vejamos o §3º do art. 64 
da LLC: 
§ 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das 
propostas, sem convocação para a contratação, ficam os 
licitantes liberados dos compromissos assumidos. 
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 Então, superados 60 dias, o licitante não está mais obrigado à 
proposta que apresentou. Pescou? Não entendeu? Então responda: 
regularmente convocado, o licitante não comparece para assinar o 
contrato. E agora? A Administração simplesmente não contrata ninguém? 
Mais uma vez a resposta é dada pela Lei, que no mesmo art. 64 
fixa: 
§ 2o É facultado à Administração, quando o convocado não 
assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o 
instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos, 
convocar os licitantes remanescentes, na ordem de 
classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas 
condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive 
quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato 
convocatório, ou revogar a licitação independentemente da 
cominação prevista no art. 81 desta Lei. 
 Com a leitura atenta do dispositivo, percebe-se que a 
Administração pode convocar outros licitantes, desde que o 
primeiro colocado no processo licitatório não compareça para assinar 
o contrato, mas nas condições propostas pelo primeiro (em preço e 
prazo). Todavia, vencido o prazo, os licitantes ficam liberados do 
compromisso e a Administração apta à realização de novo 
certame. 
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 Outra consideração de realce é que contratos não são atos 
administrativos propriamente ditos. Como assim? Contratos não são 
produzidos pelo Estado-administrador? 
 A lógica é relativamente simples. 
 Enquanto nos atos administrativos a nota de peculiaridade é a 
unilateralidade, sendo dotados de imperatividade, no sentido de os 
particulares acharem-se presos às determinações estatais, 
independentemente de sua aquiescência (concordância); nos 
contratos, por sua vez, a formação do vínculo entre o particular e o 
Estado fica dependente da consensualidade (à força não rola! Devem 
ser bilaterais. Quando um não quer, dois não assinam!). 
 Em termos de competência legislativa, nunca é demais repetir que 
à União compete privativamente legislar sobre (inc. XXVII do art. 22 
da CF/1988): 
Normas gerais de licitação e contratação, em todas as 
modalidades, para as administrações públicas diretas, 
autárquicas e fundacionais da União, dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios, em observância ao disposto 
no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades 
de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III, todos 
da CF/88. 
 
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Conceito inicial: contratos da Administração 
Responda rápido: quem é maior, o ser humano ou o mamífero? 
Com certeza, o mamífero. O ser humano pertence à classe dos 
mamíferos. Com outras palavras, o ser humano é um mamífero em 
sentido estrito. 
Com essa colocação, esclareço que contratos administrativos são 
apenas espécies dos contratos da Administração, pois estes envolvem, 
cumulativamente, os contratos regidos por normas de Direito Privado, 
igualmente praticados pela Administração (são reconhecidos pela doutrina 
como contratos semipúblicos). 
Para a doutrina, “toda vez que o Estado firma compromissos 
recíprocos com terceiros, celebra um contrato, ou seja, 
caracterizados pelo fato de que a Administração Pública figura num dos 
pólos da relação contratual”. 
É verdade. Em um dos polos está a Administração Pública como 
parte contratante (inc. XIV do art. 6º – é o órgão ou entidade 
signatária do instrumento contratual), e na outra banda está a pessoa 
física ou jurídica que firma o pacto, o contratado (inc. XV do art. 6º 
– a pessoa física ou jurídica signatária de contrato com a Administração 
Pública). E quem é a Administração Pública para fins legais? A 
definição aparece no inc. XI do art. 6º, vejamos: 
A administração direta e indireta da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, abrangendo inclusive as 
entidades com personalidade jurídica de direito privado 
sob controle do poder público e das fundações por ele instituídas 
ou mantidas. 
O fato de o contrato ser de Direito Privado não significa que não 
haja a aplicação de normas de Direito Público, bem como não podemos 
afastar a aplicação de normas de Direito Privado nos contratos 
administrativos, como bem espelha o art. 54 da Lei de Licitação. 
Vejamos: 
Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-
se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, 
aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria 
geral dos contratos e as disposições de direito privado. 
Percebe-se, sem dificuldade, que o Direito Privado, do qual o 
Direito Civil é ramo (por exemplo), aplica-se tão-só em caráter 
subsidiário aos contratos administrativos, ou seja, quando da existência 
de lacunas no direito público faculta-se a utilização supletiva do direito 
privado e não a regência integral. 
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Assim, havendo uma lacuna(deficiência, incompletude) no trato dos 
contratos administrativos, as normas de direito privado podem ser 
aplicadas supletivamente (subsidiariamente). 
Não há dúvida, portanto, de que existem contratos da 
Administração predominantemente regidos pelo Direito Privado e 
aqueles predominantemente regidos pelo Direito Público. Os primeiros, 
predominantemente regidos pelo Direito Privado, são chamados 
semipúblicos, enquanto os últimos, regidos pelo Direito Público, são 
os ditos contratos administrativos. 
É claro que a Lei 8.666/1993 cuida dos contratos administrativos, 
contudo, os contratos regidos predominantemente pelo Direito Privado 
não foram esquecidos. Vejamos o que diz §3º do art. 62: 
§ 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e 
demais normas gerais, no que couber: 
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em 
que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo conteúdo 
seja regido, predominantemente, por norma de direito 
privado; 
 
Melhores momentos: 
I) A LLC não se aplica na íntegra aos contratos de direito 
privado firmados pela Administração. Apenas os arts. 55 e 58 a 61 
são aplicados a tais contratos (no que couber); e 
II) Nos contratos da Administração regidos basicamente por 
normas de direito privado, nunca haverá contrato da Administração 
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regido exclusivamente pelo Direito Privado. Afinal, a Administração 
nunca se afasta do interesse público. Daí porque, sempre, possuirá 
determinadas normas de direito público regentes das atividades. 
Dito isso, vejamos o conceito dos contratos administrativos, 
colocado na Lei 8.666 (art. 1º): 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo 
e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração 
Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades 
para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações 
recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. 
O conceito, bastante didático, será trabalhado ao longo desta aula, 
ok? 
Cláusulas obrigatórias ou necessárias 
 O art. 55 da LLC fornece um rol com 13 cláusulas necessárias, são 
elas. A seguir, quadro resumo do autor Carlos Pinto Coelho Motta: 
CLÁUSULAS NECESSÁRIAS DISPOSITIVOS AUXILIARES 
1. Objeto Art. 38 
2. Regime de Execução Art. 10 
3. Preço e condições de pagamento, 
critérios de reajuste 
Arts. 5º; 40, XI e XIV, a e c; 82; 
arts. 11, § 1º, e 15 da Lei n. 
8.880/94 
4. Prazos de início e conclusão Arts. 6º, XI; 73 a 76. 
5. Crédito pelo qual correrá a 
despesa 
Arts. 6º e 60 da Lei 4.320/64 
6. Garantias Art. 56 
7. Direitos/responsabilidades, 
penalidades e valores de multa 
Arts. 79, 81 a 88 
8. Casos de rescisão Art. 78 
9. Reconhecimento de direitos Arts. 77, 78 e 79 
10. Condições de importação Art. 42 
11. Vinculação ao ato de dispensa Art. 26 
12. Legislação aplicável Art. 121 
13. Manutenção das condições de 
habilitação 
Arts. 13, § 3º, 27 a 31 
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Nos contratos celebrados pela Administração Pública com 
pessoas físicas ou jurídicas, inclusive daquelas domiciliadas no 
estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que declare 
competente o foro da sede da Administração para dirimir qualquer 
questão contratual, salvo o disposto no §6o do art. 32 desta Lei. 
A pergunta clássica das provas é se todas as cláusulas que 
constam do art. 55 são, de fato, necessárias. Para esclarecer essa dúvida 
reproduzimos os ensinamentos do (melhor) autor da disciplina Licitações 
e Contratos, o “cara”, Marçal Justen Filho: 
Nem todas as hipóteses dos diversos incisos são realmente 
obrigatórias. Ou seja, a ausência de algumas delas 
descaracteriza um contrato administrativo e acarreta a nulidade 
da avença. Quanto a outras cláusulas, sua presença é desejável, 
mas não obrigatória. São obrigatórias as cláusulas 
correspondentes aos incisos I, II, III, IV, e VII. As demais 
ou são dispensáveis (porque sua ausência não impede a 
incidência de princípios e regras gerais) ou são facultativas, 
devendo ser previstas de acordo com a natureza e as 
peculiaridades de cada contrato. 
 Enfim, cláusula necessária não significa que a mesma tenha 
que constar do contrato, expressamente. Interessante, não? 
Características 
As principais características dos contratos administrativos são CO 
F O CO I. Ah! Como assim, COFOCOI? Que loucura é essa? Calma 
pessoal. Vejamos. 
 
Os contratos administrativos são COnsensuais. De fato, não há 
contrato administrativo imposto a ninguém. Os contratos, portanto, 
dependem de manifestação, consentimento, bilateral por parte 
daqueles que vão integrá-lo. 
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No que diz respeito à Formalização, segunda característica dos 
contratos administrativos, o essencial está contido no art. 60 da 8.666. 
Vejamos: 
Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas 
repartições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico 
dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo 
os relativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam 
por instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-
se cópia no processo que lhe deu origem. 
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com 
a administração, salvo o de pequenas compras de pronto 
pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 
5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, 
alínea “a” desta lei, feitas em regime de adiantamento. 
De imediato, três informações podem ser destacadas. 
A primeira é que os contratos administrativos, diferentemente dos 
contratos de direito privado (em geral), são formais (o FO, do nosso 
coFOcoi), como determina a Lei. Em síntese, devem ser escritos (regra 
geral), não tendo o gestor público liberdade para simplesmente escolher 
sua forma. 
A segunda é que nem sempre o contrato verbal é nulo e sem 
nenhum efeito, pois, o próprio legislador autoriza sua celebração para 
pequenas compras (e não serviços, cuidado!) de pronto pagamento 
(valores não superiores a R$ 4.000,00), o chamado regime de 
adiantamento. 
Fácil perceber que o legislador ofereceu margem de escolha, de 
discricionariedade ao gestor, enfim, nada impede que promova a 
formalização por escrito, mesmo a Lei admitindo o contrato verbal. Em 
resumo: nem todo contrato verbal será nulo, pois a própria Lei 
estabelece situações em que será aceitável. 
A terceira é que os contratos e seus aditamentos devem ser 
formalizados por escrito nas repartições interessadas, o que facilita 
o controle interno e externo exercido por parte dos órgãos competentes. 
Porém, como toda regra, o legislador admite exceção. Quanto 
aos contratos relativos a direitos reais sobre imóveis, exige-se que o 
instrumento de contrato seja lavrado em cartório de notas. São exemplos 
de direitos reais (art. 1.225 do Código Civil de 2002): a propriedade; a 
superfície; o penhor; a hipoteca; a anticrese; a concessão de uso especial 
para fins de moradia; e concessão do direito real de uso. 
Outra característica dos contratos diz respeito ao caráter Oneroso. 
Os contratos firmados pela Administração geram ônus financeiro, ou seja, 
a Administração pagará pelo que contrata (de regra!). 
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A onerosidade, no entanto, nem sempre estará presente nos 
contratos administrativos. Por exemplo: há contratos celebrados pela 
Administração nos quais, no lugar de adquirir algo, haverá alienação 
(venda), e, claro, haverá ônus por parte dos particulares e não da 
Administração contratante. 
A COmutatividade é a quarta característica dos contratos 
administrativos. Os contratos administrativos são comutativos, isso 
porque os interesses das partes são opostos, com outras palavras, 
enquanto uma parte aufere vantagem, a outra incorrerá em 
“desvantagem” (de regra!). O incremento do patrimônio de uma 
acarreta o decréscimo da outra, como nos contratos de compra e 
venda, por exemplo. 
Contudo, doutrinadores de peso indicam a existência de contratos 
administrativos de organização, nos quais as partes caminham lado a 
lado, unindo seus esforços para alcançar um objetivo comum, cooperando 
entre si, tal como no contrato de consórcio e franquia, por exemplo. 
Nesses, portanto, não há comutatividade. 
Uma última característica: o caráter intuitu personae. Significa 
que, em tese, o particular vencedor da licitação é o que melhor 
comprovou as condições de contratar com a Administração, devendo, 
portanto, ser o responsável pela execução do contrato. 
Nesse particular, o legislador só admite a subcontratação 
(parcial!) de obra, serviço ou fornecimento até o limite consentido, 
em cada caso, pelo edital, pelo contrato E pela Administração (leia-
se: cumulativamente), isso sem prejuízo da responsabilidade legal e 
contratual do particular contratado, conforme dispõe o art. 72 da LLC. 
Vale aqui uma breve observação, a de que subcontratação não 
retira (afasta) o caráter intuitu personae e também não se 
confunde com subrrogação. 
Na subcontratação (sempre parcial e dotada de cautela), a 
relação da subcontratada é com a subcontratante e não 
diretamente com a Administração. Além disso, a subcontratação, 
quando autorizada pela Administração, prevista em edital e no contrato, 
não acarretará a transferência (a exoneração) das 
responsabilidades da empresa contratada, a qual continua a 
responder diretamente perante a Administração. 
Já a subrrogação funciona em sentido diametralmente oposto, 
inclusive, assim se manifestou o TCU (Acórdão 420/2002 – Plenário): 
8.5- firmar o entendimento de que, em contratos administrativos, é 
ilegal e inconstitucional a sub-rogação da figura da contratada ou a 
divisão das responsabilidades por ela assumidas, ainda que de forma 
solidária, por contrariar os princípios constitucionais da moralidade e 
da eficiência (art. 37, caput, da Constituição Federal), o princípio da 
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supremacia do interesse público, o dever geral de licitar (art. 37, XXI, da 
Constituição) e os arts. 2.º, 72 e 78, inciso VI, da Lei 8.666/93; 
Em síntese: apesar do caráter intuitu personae dos contratos 
administrativos, é possível a subcontratação parcial do objeto da 
contratação, nos limites admitidos, em cada caso, pela Administração 
Pública. 
Então, pessoal, lembrem na hora da prova: as características dos 
contratos são CO F O CO I ! 
Além destas, mais à frente, trato da presença das cláusulas 
exorbitantes, uma das mais importantes características dos contratos 
administrativos. 
Apesar de fugir o estilão de FCC, peço que atentem para a questão 
subsequente. 
(Cespe/Antaq – Cargo 12/2009) O contratado é responsável pelos 
encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais da execução 
do contrato, porém, em caso de inadimplência, a responsabilidade por seu 
pagamento é transferida à administração pública. 
Comentários: os contratos administrativos têm caráter intuitu 
personae, ou seja, importam obrigações pessoais para o próprio 
contratado. Assim, é fato que tem que cumprir com tais obrigações. 
Vejamos o que diz o art. 71 da 8.666, de 1993: 
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos 
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes 
da execução do contrato. 
 Assim, muito clara a Lei: o contratado responde, ele mesmo, por 
suas obrigações. Mas, e se ele ficar inadimplente? Será que não haveria a 
possibilidade de transferência de tais encargos para a Administração 
contratante? Pela 8.666, não. Vejamos: 
§ 1o A inadimplência do contratado, com referência aos 
encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à 
Administração Pública a responsabilidade por seu 
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir 
a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o 
Registro de Imóveis. 
 Assim, claro, está ERRADO o item. 
Todavia, na própria 8.666 há um detalhe que se refere aos encargos 
previdenciários, conforme se vê §2º do mesmo art. 72: 
A Administração Pública responde solidariamente com o 
contratado pelos encargos previdenciários resultantes da 
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execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 
24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995). 
Assim, haverá responsabilidade solidária, e não subsidiária, 
da Administração Pública/contratado por eventuais encargos 
previdenciários resultantes da execução do contrato. Isso se dá no 
intuito de proteger a parte mais fraca dessa relação, que é o trabalhador. 
A história é a seguinte, para esclarecer: o Estado contrata uma empresa, 
para lhe prestar serviços. Esta, claro, tem lá seus empregados, e retém a 
parcela de contribuição da previdência, o famoso INSS. Só que a empresa 
não repassa tal contribuição para o INSS. 
Resultado, quando do trabalhador termina seu contrato com a 
empresa e busca algum benefício previdenciário junto ao INSS, não há 
nada. Neste caso, a dívida quanto aos encargos previdenciários passa 
a ser da empresa (que normalmente já até encerrou suas atividades) e do 
Estado também, que é SOLIDÁRIO em tal dívida. Desse modo, o 
trabalhador fica relativamente mais protegido. 
Ah – um último detalhe: de acordo com o Enunciado 331 do TST, 
a responsabilidade poderá ser subsidiária relativamente aos 
encargos trabalhistas! Recentemente, o STF dando interpretação ao 
art. 71 da Lei 8.666, entendeu o dispositivo constitucional. Mas, então, 
a súmula 331 seria inconstitucional? 
ADC e art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 - 3 
Em conclusão, o Plenário, por maioria, julgou procedente pedido 
formulado em ação declaratória de constitucionalidade movida pelo 
Governador do Distrito Federal, para declarar a constitucionalidade do 
art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 (“Art. 71. O contratado é responsável 
pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais 
resultantes da execução do contrato. § 1º A inadimplência do contratado, 
com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não 
transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, 
nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o 
uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.”) — 
v. Informativo 519. Preliminarmente, conheceu-se da ação por se reputar 
devidamente demonstrado o requisito de existência de controvérsia 
jurisprudencial acerca da constitucionalidade, ou não, do citado 
dispositivo, razão pela qual seria necessário o pronunciamento do 
Supremoacerca do assunto. A Min. Cármen Lúcia, em seu voto, salientou 
que, em princípio, na petição inicial, as referências aos julgados poderiam 
até ter sido feitas de forma muito breve, precária. Entretanto, considerou 
que o Enunciado 331 do TST ensejara não apenas nos Tribunais Regionais 
do Trabalho, mas também no Supremo, enorme controvérsia exatamente 
tendo-se como base a eventual inconstitucionalidade do referido preceito. 
Registrou que os Tribunais Regionais do Trabalho, com o advento daquele 
verbete, passaram a considerar que haveria a inconstitucionalidade do § 
1º do art. 71 da Lei 8.666/93. Referiu-se, também, a diversas 
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reclamações ajuizadas no STF, e disse, que apesar de elas tratarem desse 
Enunciado, o ponto nuclear seria a questão da constitucionalidade dessa 
norma. O Min. Cezar Peluso superou a preliminar, ressalvando seu ponto 
de vista quanto ao não conhecimento. 
 
Gabarito: ERRADO. 
Duração 
De regra, o prazo dos contratos administrativos não pode 
ultrapassar a vigência dos créditos orçamentários. Logo, os 
contratos administrativos terão sua vigência de acordo como o 
orçamento, sendo, portanto, vedados contratos por prazo 
indeterminado (art.57, §3º, da LLC). 
Porém, essa é uma daquelas regras cheia de exceções, o que 
desperta o interesse de nossas bancas examinadoras (e o nosso!). 
De acordo com a LLC, podem ser apresentadas as seguintes 
exceções, relativas: 
I – aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas 
estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se 
houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto 
no ato convocatório. 
Nesse caso, a doutrina majoritária aponta que os contratos poderão 
ser prorrogados até o máximo de quatro anos, isso se o instrumento 
convocatório tiver feito referência à possibilidade de prorrogação. 
II – à prestação de serviços a serem executados de forma 
contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e 
sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais 
vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses. 
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No caso deste inciso, são serviços reconhecidos pela doutrina como 
de execução continuada (os quais se contrapõem aos de execução 
instantânea). Em outros termos, serviços que não podem sofrer solução 
de continuidade (não podem ser interrompidos), sob pena de prejuízo à 
Administração, exemplos: vigilância; limpeza; motorista; e manutenção 
de equipamentos (exemplo: elevadores). 
O prazo contratual de tais serviços podem ser superiores, inclusive, 
ao prazo dos projetos inclusos no Plano Plurianual, pois prorrogáveis até o 
limite de 60 meses. 
E mais: de acordo com o §4º, em caráter excepcional, podem ser 
prorrogados por mais 12 meses, quando atinge o total de 72 meses. 
A excepcionalidade do §4º do art. 57 é só para serviços de duração 
continuada. Tal possibilidade não foi aberta para as demais hipóteses de 
contratação. 
III – ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas 
de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 
(quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato. 
Os contratos de aluguel de equipamentos de informática 
podem ser estendidos até 48 meses, ou seja, não podem ser 
prorrogados, excepcionalmente, por mais 12 meses, como dito. 
O prazo de 48 meses é menor que o previsto para os serviços de 
duração continuada, provavelmente devido ao fato de os equipamentos 
de informática passarem por uma rápida depreciação. 
Mais recentemente, com o advento da Lei 12.349, de 2010, ficou 
autorizada a prorrogação dos prazos de vigência dos contratos por até 
120 meses, caso haja interesse da administração. As hipóteses estão 
previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII, XXXI do art. 24, a seguir: 
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança 
nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, 
ouvido o Conselho de Defesa Nacional; (Regulamento) 
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, 
com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver 
necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de 
apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de 
comissão instituída por decreto; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) 
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados 
no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade 
tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão 
especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. (Incluído pela 
Lei nº 11.484, de 2007). 
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3o, 
4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os 
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princípios gerais de contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº 
12.349, de 2010) 
 
Execução 
Bom, o contrato é um pacto, um acordo, e, como tal, deve ser 
observado, sob pena de o instrumento cair em “descrédito” perante a 
sociedade. Vejamos o art. 66 da 8.666, de 1993, estabelece: 
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas 
partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta 
Lei, respondendo cada uma pelas conseqüências de sua inexecução 
total ou parcial. 
O destaque não consta do texto original, é para evidenciar, como 
dito, que o contrato deve ser cumprido. Todavia, mais adiante, veremos 
que essa “obrigatoriedade” de execução não será absoluta, 
sobretudo em razão da presença das cláusulas exorbitantes. Aguardem só 
um pouco, ok? Antes disso, alguns detalhes importantes quanto à 
execução dos contratos administrativos. 
Entre as cláusulas necessárias, do art. 55 da LLC, acha-se o 
regime de execução. A Administração tanto pode executar os serviços 
diretamente por meio de seu aparato, como também utilizar-se de 
terceiros contratados com esta finalidade. Nessa ordem, a execução 
pode ser direta e indireta. Vejamos. 
 A execução direta ocorre quando os serviços são prestados 
diretamente pelos próprios órgãos da Administração. Por exemplo: 
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uma Prefeitura, no lugar de terceirizar o serviço de motorista, promove a 
realização de concurso público, e, a partir daí, realiza o serviço com seu 
próprio pessoal e equipamentos. 
 Já a execução indireta é dividida em: empreitada global, por 
preços unitários e integral, e tarefa. Como o próprio nome denuncia, a 
execução indireta ocorre quando a Administração conta com apoio de 
terceiros, para execução de algo. A seguir, as definições de tais regimes 
indiretos de execução. 
- Empreitada por preço global: o preço ajustado leva em 
consideração a prestação de serviço por preço certo e total. Nesse 
regime, o pagamento deve ser efetuado após a conclusão dos serviços ou 
etapas definidos em cronograma físico-financeiro. Constata-se seu uso 
mais corrente quando dos contratos de objetos mais corriqueiros, em que 
os quantitativos de materiais não sofrem grandes flutuações. 
- Empreitadapor preço unitário: o preço leva em conta unidades 
determinadas da obra a ser realizada. Diferentemente da global, são 
mais suscetíveis de variação durante a execução, razão pela qual é mais 
adequada para contratos cujas quantidades de serviços e de materiais 
não são definidas precisamente. 
- Empreitada Integral: nesse tipo de regime, a administração 
contrata um empreendimento em sua integralidade, compreendendo 
todas as etapas das obras e/ou serviços. Normalmente dizem respeito a 
objetos revestidos de maior vulto e complexidade. Demais disso, gera 
para a empresa contratada responsabilidade pela execução até o instante 
da tradição (entrega) ao órgão ou à entidade da Administração Pública. 
- Tarefa: é o que a doutrina reconhece como empreitada de lavor 
ou material, sendo regime adotado para mão-de-obra para pequenos 
trabalhos, por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais. 
 
Ah, IMPORTANTE! A LLC previa o regime administração 
contratada, contudo o Chefe do Executivo fez por bem vetar o 
dispositivo. Abaixo, as razões do veto: 
O primeiro motivo é a admissão de obra ou de serviço cujo custo não esteja 
prévia e criteriosamente fixado, com sua inclusão tanto no orçamento 
anual, quanto no plano plurianual. O segundo, e mais óbvio, é que, sendo a 
remuneração da empresa contratada parametrizada com base em percentual 
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dos custos finais de execução, a tendência seria a empresa elevar os custos o 
máximo possível, para que seus ganhos fossem maximizados. 
Cláusulas Exorbitantes 
A palavra exorbitante quer dizer “ir além”, “vencer limites”, 
“desbordar”, “extravasar”; já o termo cláusula remete à idéia de regra, de 
dispositivo. 
A presença de tais cláusulas (exorbitantes) é, na visão de boa 
parte da doutrina, a principal característica dos contratos 
administrativos, sobretudo quando comparados aos contratos privados 
firmados entre particulares. 
As cláusulas exorbitantes provocam o desnivelamento da relação 
contratual, tornam a bilateralidade contratual quase em 
unilateralidade, em razão da desigualdade jurídica contida em tais 
cláusulas. Obviamente, os particulares, ao firmarem contratos com o 
Estado, sabem disso, estando cientes de que com a assinatura 
(consensual) do contrato administrativo acham-se submissos à 
supremacia do interesse público sobre o privado, a qual é traduzida 
pelas “cláusulas exorbitantes”. 
O art. 58 da Lei 8.666/1993, que trata dessas cláusulas, dispõe: 
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído 
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a 
prerrogativa de: 
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às 
finalidades de interesse público, respeitados os direitos do 
contratado; 
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no 
inciso I do art. 79 desta Lei; 
III - fiscalizar-lhes a execução; 
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou 
parcial do ajuste; 
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente 
bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao 
objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar 
apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, 
bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo. 
§ 1o As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos 
contratos administrativos não poderão ser alteradas sem 
prévia concordância do contratado. 
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§ 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas 
econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para 
que se mantenha o equilíbrio contratual. 
 
 Bom, vejamos, rapidamente, informações a respeito de tais 
cláusulas, começando pela, sem dúvida, mais “querida” pelo examinador: 
a alteração unilateral do contrato. 
 Inicialmente, destaco que os examinadores costumam solicitar do 
candidato o conhecimento dos limites aplicáveis para a alteração 
unilateral. 
 De acordo com §2º do art. 65, as alterações unilaterais não podem 
exceder a 25% do valor inicial do contrato atualizado no caso de 
obras, serviços ou compras, limite válido tanto para alterações 
qualitativas quanto quantitativas (Decisão 215/1999 – TCU – 
Plenário). 
 Por exemplo: um contrato de manutenção de elevadores 
(contratação de execução continuada), com valor contratual de R$ 
100.000,00/ano, não pode, unilateralmente, ultrapassar R$ 125.000,00 
(acréscimos) ou ficar aquém dos R$ 75.000,00 (supressões). O limite de 
até 25% é a regra, então. 
 Já quando o objeto do contrato for reforma de edifícios ou de 
equipamentos, o limite será de até 50%, sendo que só se aplica para 
acréscimos e, não, para supressões. É no detalhe que a banca 
examinadora vai tentar confundi-lo. Prestem atenção, portanto! 
 Obviamente, nem toda cláusula admite alteração unilateral. A 
Administração só pode alterar de modo unilateral as cláusulas 
regulamentares ou de serviços dos contratos administrativos, não 
sendo cabível a modificação unilateral das financeiras ou econômicas 
(como veremos mais à frente). 
Portanto, da leitura dos parágrafos anteriores, fácil perceber que a 
Administração encontra restrições quanto à possibilidade de 
alteração unilateral dos contratos administrativos. 
A primeira é que as modificações não podem, de acordo com a Lei, 
ultrapassar determinados limites (25% de acréscimos e de 
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supressões e 50% de acréscimos, neste último caso para reforma de 
edifícios ou de equipamentos). 
A segunda é que apenas as cláusulas regulamentares podem ser 
alteradas unilateralmente. Já as cláusulas econômico-financeiras 
dependem da prévia concordância do contratado. 
Destaca-se, inclusive, que a proteção às cláusulas financeiras 
não pode sequer ser afastada por lei, isso porque a Constituição, em 
seu art. 37, XXI, dispõe expressamente que devem ser, quanto às 
licitações, “mantidas as condições efetivas das propostas”. 
Com efeito, o art. 58 dispõe em seu §1º que “as cláusulas 
econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos não 
poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado”. 
Logo, alteração unilateral de cláusulas regulamentares 
(contratuais), e, se for o caso, alteração consensual de cláusulas 
financeiras. 
Esse negócio não ficou muito claro: cláusulas regulamentares?! 
Cláusulas financeiras?! Vamos esmiuçar mais um cadinho, portanto. 
As cláusulas dividem-se em dois grandes grupos: 
I) Regulamentares ou de serviço; e 
II) Econômico-financeiras ou monetárias. 
As cláusulas regulamentares dispõem sobre o objeto do 
contrato e seu modo de execução, isto é, como o contrato será 
executado (quantidades contratadas, tipo de serviço a ser desempenhado 
etc.). 
Já as financeiras (monetárias) estabelecem a equação de 
equilíbrio econômico-financeiro verificada no início do ajuste. Tal 
equação, em princípio, estabelece a justa relação entre as obrigações 
do contratado e os pagamentos devidos pela Administração. 
Tal relação deve ser preservada durante toda a execução do 
contrato, de modo tal que um dos direitos mais fundamentais do 
contratado seja garantido: o de ser adequada e justamente 
remunerado durante todo o período de execução. 
Assim, não pode a Administração Públicaalterar, 
unilateralmente, o equilíbrio econômico financeiro da avença 
(contrato), sob pena de promover grave ofensa a ordem jurídica. 
Ressalte-se que, nas alterações unilaterais, o equilíbrio econômico 
financeiro deve ser observado. Um exemplo numérico torna mais 
transparente a questão. 
Suponha que a Administração tenha adquirido 100 bens, 
comprometendo-se a pagar R$ 100,00 reais. A Lei permite (art. 65, §1º) 
que a Administração acresça ou diminua as quantidades contratadas em 
até 25%, sendo obrigatória a observância por parte do contratado, 
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desde que se mantenha o necessário equilíbrio econômico 
financeiro. 
Assim, se a Administração, no lugar de 100 bens, quiser o 
fornecimento de 110 bens, a contratada fica obrigada a fornecê-los, 
desde que os 10 bens acrescidos não superem a marca de R$ 125,00 
reais. 
Até o momento, falamos sobre a alteração unilateral, logo de 
cláusula exorbitante. No entanto, como deve proceder a Administração no 
caso de necessitar a redução aquém dos 25%? Unilateralmente não 
pode! Hummm ... Resta a alteração de comum acordo (que, 
obviamente, não é exorbitante)! Vejamos as possibilidades indicadas 
no art. 65, inc. II, da LLC: 
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; 
 b) quando necessária a modificação do regime de execução da 
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de 
verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários; 
 c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, 
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial 
atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao 
cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação 
de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; 
 d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram 
inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da 
Administração para a justa remuneração da obra, serviço ou 
fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-
financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos 
imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, 
retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso 
de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea 
econômica extraordinária e extracontratual. 
 
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Outra importantíssima cláusula exorbitante é a possibilidade de 
aplicação de penalidades por parte da Administração. Em razão de 
tal cláusula, caso um particular deixe de cumprir as obrigações do 
contrato, total ou parcialmente, a Administração deve, 
unilateralmente, aplicar sanções ao inadimplente, desde que, claro, 
garanta o “sagrado” direito ao contraditório e à ampla defesa. No 
entanto, quais são essas penalidades? 
O art. 87 da LLC registra as seguintes penalidades 
administrativas que podem ser aplicadas pela Administração: 
 advertência; 
 multa; 
 suspensão temporária; e 
 declaração de inidoneidade. 
Dessas há uma penalidade de natureza cumulativa, sabe qual 
é? É a de natureza pecuniária, é multa, que pode ser aplicada junto 
com outras sanções. Assim, no caso de o particular cometer uma 
irregularidade referente a um contrato firmado com a Administração, ele 
pode, por exemplo, ser advertido e multado; suspenso e multado, e assim 
sucessivamente. 
Também a possibilidade de exigência de garantia do contrato 
por parte da Administração Pública é vista como cláusula 
exorbitante, uma vez que não encontra paralelo nos contratos privados 
firmados entre particulares. 
A garantia exigível pela Administração Pública junto ao 
contratado, daqui por diante chamada de “garantia do contrato”, é 
um tanto diferente das garantias existentes nos contratos privados 
firmados entre particulares. 
Nesses últimos (contratos privados), quem apresenta garantia é 
o adquirente (de regra). É o que ocorre no aval, na fiança, no 
depósito etc. Já no contrato administrativo, a Administração 
Pública pode exigir garantia daquele que está lhe fornecendo 
(vendendo, prestando serviços, executando a obra), com o propósito, em 
síntese, de assegurar o sucesso da contratação realizada, pois, de certa 
forma, garante que o contratado tem condições de arcar com o eventual 
ônus financeiro decorrente da contratação ou demonstra sua seriedade 
em querer contratar. 
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Mas, alguém perguntaria: como “ônus” financeiro da contratação? 
Um particular é contratado para prestar/fornecer/vender algo à 
Administração Pública e ainda terá de suportar ônus? Eventualmente sim. 
 A LLC estabelece como hipótese de rescisão o atraso nos 
pagamentos superiores a 90 dias referente a obras, serviços ou 
fornecimento, ou parcelas desses, já recebidos ou executados, 
estabelecendo a alternativa da suspensão do cumprimento das 
obrigações por parte do contratado, até a normalização da situação 
(inc. XV do art. 78 da LLC). 
Então, o contratado poderá ficar até 90 dias sem receber que, ainda 
assim, não pode sustar suas obrigações, acabando por ter que, na 
prática, “financiar” o funcionamento da Administração Pública. 
Claro que o pagamento com atraso deve ser atualizado (corrigido) 
monetariamente, sendo tal cláusula obrigatória nos contratos 
administrativos, por determinação expressa da Lei (inc. III do art. 55 da 
Lei 8.666/1993). Mas, como sobredito, EVENTUALMENTE, o particular 
contratado acaba “financiando” a Administração, pelo tempo em que fica 
sem receber pelo que vem executando. As garantias exigidas mostram 
para Administração, assim, que o contratado tem “bala na agulha”, ou 
seja, é capaz de suportar, eventualmente, insista-se, o ônus advindo 
da contratação. 
 A Lei diz, ainda, ser a exigência de garantia ato discricionário. 
Vejamos (art. 56 da LLC): 
A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde 
que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida 
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e 
compras. 
Uma breve observação quanto à dita discricionariedade. 
 A Administração deve ter muito cuidado ao exigir a garantia, deve 
ser exigida apenas quando necessária. A Administração Pública NÃO 
DEVE cobrar garantia quando inexistirem riscos para si, como nas 
compras de entrega imediata, por exemplo. 
É bom que se diga, também, que a garantia, quando exigida, é 
cláusula obrigatória no contrato administrativo (inc. III do art. 55 
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da LLC), deve estar contida no próprio edital (o art. 56 determina sua 
inclusão no instrumento convocatório). 
Assim, se o edital for omisso quanto à exigência de garantia, 
esta sequer pode ser incluída em momento posterior, sem expressa 
concordância do contratado, pois deve ser conhecida a real extensão 
de todas as obrigações que recairão sobre o contrato desde o momento 
de sua pré-concepção, condizentes ao edital orientador da contratação 
futura. 
Ressalte-se que a Administração Pública pode exigir garantia, 
mas não pode determinar, especificamente,sua modalidade. A 
escolha do tipo de garantia fica sob a órbita de discricionariedade do 
contratado. Vejamos (§1º do art. 56 da LLC): 
Caberá ao contratado optar por uma das seguintes 
modalidades de garantia: I - caução em dinheiro ou em 
títulos da dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a 
forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de 
liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e 
avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo 
Ministério da Fazenda; II - seguro-garantia; III – fiança 
bancária. 
São dignos de destaque, ainda, os seguintes pontos tratados no art. 
56: 
- a garantia exigida do contratado não pode exceder 5% do valor 
contratado (§2º), podendo no caso de obras, serviços e fornecimentos de 
grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos 
financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente 
aprovado pela autoridade competente, chegar até dez por cento do 
valor do contrato (§3º); 
- se o contrato for executado regularmente, ao término do contrato 
a garantia, se houver sido depositada em dinheiro, será devolvida, 
devendo ser atualizada monetariamente (§4º). 
Por fim, peço ao amigo concursando que não confunda exigência 
de garantia contratual com a garantia de proposta (esta é item para 
a habilitação). 
Destaque-se que é possível exigência de garantia dos 
licitantes, como condição de participação (habilitação) na licitação (inc. 
III do art. 31 da LLC). 
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Dessa forma, todos que desejem participar da Licitação poderão ser 
obrigados a oferecer garantia, que, nesse caso, é designada por 
“garantia de proposta”, dado que relacionada à licitação e não ao 
contrato. A garantia será de até 1% do valor orçado. Fala-se em valor 
estimado (orçado), isso porque não há ainda contrato efetivamente 
firmado. Muito bem. Existem várias outras exorbitantes, como vemos no 
art. 58, transcrito mais atrás. Mas vamos vê-las nos itens de fixação a 
seguir. 
Extinção 
 A doutrina costuma apontar, tradicionalmente, três formas de 
extinção para os contratos administrativos. A primeira forma é a 
“natural”, ou seja, pelo cumprimento do contrato. Esta, aliás, é a forma 
desejável: que o contrato seja cumprido, fazendo com que o mesmo seja 
extinto naturalmente. 
A segunda forma de extinção dos contratos administrativos é a 
anulação. 
Anulação ocorre em razão de ilegalidade. Na LLC, o assunto é 
abordado no art. 59, e a regra é essa: caso a Administração Pública tenha 
de anular um contrato em razão de nulidade deste, não fica isenta do 
dever de indenizar o contratado pelos prejuízos que sejam regularmente 
comprovados. Atenção para o parágrafo único do art. 59 da LLC: pela 
norma, se o contratado for responsável pela ilegalidade e o 
contrato for anulado por isso, o contratado deixaria de ter direito 
de ser indenizado. Há muitas críticas doutrinárias (e mesmo 
jurisprudenciais) ao dispositivo. A maior parte delas diz que a 
Administração Pública não pode deixar de fazer os pagamentos ao 
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contratado, mesmo no caso de ilegalidade imputável a este. Mas, pela 
Lei, deve-se avaliar a boa-fé na conduta do contratado: se este for 
responsável pela ilicitude, com o contrato sendo anulado, em razão de 
sua má-fé, deixa de ter direito à indenização. 
A LLC consagra, ainda, o conhecido efeito ex tunc da anulação. 
Dessa forma, caso o vício (a ilegalidade em si) tenha ocorrido na 
licitação, retroage-se àquela, declarando-se, de regra, a nulidade de 
todos os atos subseqüentes e do próprio contrato. Com efeito, outro 
dispositivo cuida do assunto, o art. 49, que assim estabelece no seu § 2º, 
§ 2o, a nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, 
ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. 
Consequentemente, havendo nulidade no processo licitatório, nulo será o 
contrato. 
Pergunta interessante diz respeito à seguinte situação: caso haja 
nulidade em um contrato, ainda assim, a Administração Pública 
poderia o manter? A resposta pode ser positiva, a depender da 
circunstância. Vejamos. 
Suponha um contrato que deriva de uma licitação que não tivesse 
seu edital publicado com a antecedência exigida. O contrato, de grande 
vulto, já foi executado em mais de 80%, quando se descobre a 
ilegalidade. Pergunta: melhor seria anular ou manter o contrato, 
promovendo-se a responsabilidade de quem deu causa ao vício? A última 
alternativa é mais apropriada, sem dúvida. Há jurisprudência de vários 
Tribunais Superiores (exemplificativamente – Acórdão 1.428/2003, do 
Plenário do TCU). Assim se procede tendo em conta a supremacia do 
interesse público, que deve ser atingido da maneira mais ampla 
possível. 
Resumidamente, devemos ter mente os seguintes registros, quanto 
à anulação de um processo licitatório: 
I) Ao ocorrer ilegalidade na firmatura de um contrato, a 
Administração Pública deve, de regra, anulá-lo, com efeitos ex tunc, 
isto é, retroagindo à data de ocorrência do vício; 
II) Ao proceder a anulação, deve-se avaliar a boa fé do contratado 
para concluir se este terá ou não direito à indenização. Se não tiver 
agido de má fé, o contratado será indenizado pelos prejuízos 
regularmente comprovados. Se tiver culpa quanto à anulação, o 
contratado, pela LLC, perde o direito de ser indenizado; e, 
III) Em alguns casos, a Administração Pública pode optar pela 
manutenção de um contrato administrativo eivado de vício. Tal 
situação pode ocorrer em benefício da preservação do interesse 
público. Todavia, deve-se promover a adequada apuração para que se 
conclua que é responsável pela ilegalidade, aplicando-se as medidas que 
o caso requeira. 
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 A terceira forma é a rescisão. O art. 78 da LLC nos fornece as 
situações que autorizam a rescisão do contrato firmado junto a 
Administração, ou seja, desfazimento da avença (do contrato) ainda 
durante sua execução, sendo decorrentes de: razões de interesse 
público; descumprimento, culposo ou doloso, do contratado; 
inadimplência, em sentido amplo, da Administração; e eventos 
estranhos à vontade das partes. 
Observo que a rescisão, de forma distinta da anulação, pressupõe 
um contrato válido. A seguir, resumidamente, apresentaremos as formas 
de rescisão. 
De acordo com o art. 79 e doutrina, a rescisão do contrato poderá 
ser: 
I – UNILATERAL ou ADMINISTRATIVA: é uma das cláusulas 
exorbitantes a favor da Administração (art. 58 da LLC), que pode realizá-
la de ofício, depois de justificação plausível e da garantia da ampla 
defesa ao contratado, podendo ocorrer com ou sem culpa da 
contratada, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo 
78. 
II – AMIGÁVEL: por acordo entre as partes, reduzida a termo no 
processo da licitação, desde que haja conveniência para a Administração. 
Deverá ser precedida de autorização escrita e fundamentada da 
autoridade competente. Entre outras características, destacam-se: 
o Efetuada a partir de mútuo consentimento das partes, 
portanto, bilateral, sendo a provocação, regra geral, 
em razão da inadimplência da Administração; e 
o Deve decorrer, necessariamente, de motivos de 
inadimplência sem culpa e conveniência 
administrativa,ou seja, não se possibilita a rescisão 
quando da existência de descumprimentos dolosos ou 
culposos da contratada; 
o É ato discricionário da Administração que pode ou 
não anuir. 
III – JUDICIAL: pelo fato de a Administração contar em seu favor 
com a rescisão unilateral (cláusula exorbitante, logo, de natureza auto-
executória), consideramos que esta espécie de rescisão é promovida, 
regra geral, a partir de demanda do particular, a ocorrer, 
especialmente, quando a rescisão amigável foi infrutífera, afinal de 
contas, decorre, muitas vezes, de situações em que a Administração 
atua com abuso de poder, e 
 IV – RESCISÃO DE PLENO DIREITO: até o momento vimos 
formas de rescisão (de efeitos ex-nunc) em que a Administração e o 
particular manifestam o interesse pelo desfazimento do ajuste, já a 
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presente rescisão (com efeito ex-tunc) prescinde de declaração por 
meio de ato formal, ou seja, não é necessária manifestação de 
vontade da Administração, até porque impraticável, vejamos: 
falecimento do contratado; dissolução de empresa; decretação de 
falência; e perecimento do objeto. 
 
 Só um detalhe: notaram que a FALÊNCIA leva à rescisão do 
contrato? Mas a CONCORDATA, não necessariamente leva à rescisão do 
contrato. Nesse sentido, vejam o que diz o § 2º do art. 79 da LLC: 
§ 2o É permitido à Administração, no caso de concordata do 
contratado, manter o contrato, podendo assumir o controle de 
determinadas atividades de serviços essenciais. 
 Então, na concordata não necessariamente teríamos a rescisão do 
contrato. Aliás, a expressão CONCORDATA é muito ruim, tendo em conta 
o estabelecido na Lei 11.101/2005, a Lei de Falências. Mas na LLC ainda 
há menção a essa expressão (concordata). Então, cuidado com isso, hein? 
Teoria da Imprevisão 
O tema a ser tratado abaixo é um dos mais importantes 
relacionados a contratos em concursos públicos, logo, toda concentração 
é pouca. 
A Teoria da Imprevisão, como o próprio nome já indica, refere-se 
a situações imprevisíveis e supervenientes à apresentação das propostas, 
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estranhas à vontade das partes, delas desconhecidas, de natureza 
extraordinária e extracontratual, logo, inevitáveis e que provocam 
forte e insuportável desequilíbrio da equação econômico-financeira. É 
reconhecida ainda a aplicação da teoria para fatos previsíveis, porém 
de consequências incalculáveis. 
É bem verdade, como já se disse, que o contrato administrativo é 
como se fosse uma “lei” entre as partes que o integram (“lex inter 
partes”) e deve ser cumprido obrigatoriamente (“pacta sunt servanda”), 
porém, tão-somente se as condições inicialmente estabelecidas 
permanecerem constantes do início ao término do ajuste, pois, 
caso contrário, aplicar-se-á a cláusula “rebus sic stantibus” ("enquanto 
as coisas estão assim"), a qual, de certa forma, reduz a 
obrigatoriedade de que o contrato deve ser cumprido a qualquer 
custo (“pacta sunt servanda”), garantindo, por conseguinte, que o 
contrato seja alterado (revisto) ou mesmo desfeito, sem ônus para 
as partes, no caso de ocorrência de um fato imprevisto. 
Existem alguns requisitos para o restabelecimento do equilíbrio 
econômico-financeiro do contrato, em razão da aplicação da teoria da 
imprevisão. Assim, o fato que justifica a aplicação da teoria da 
imprevisão deverá ser: 
a) Dotado de imprevisibilidade razoável quanto à sua ocorrência 
ou quanto às suas conseqüências; 
b) Estranho à vontade das partes; 
c) Excessivamente onerosos em relação a uma das partes; 
d) Correspondente a álea extraordinário e extracontratual, 
logo, não o simples risco empresarial. 
Álea. Que significa esse termo? 
O termo “álea” refere-se a um risco relacionado aos contratos, 
abrangendo três tipos, segundo os ensinamentos da Maria Sylvia: 
I) a ordinária, comuns às contratações, de modo geral; 
II) a administrativa, a qual envolve a possibilidade de alteração 
unilateral dos contratos pela própria Administração, o fato do príncipe e o 
fato da administração; e, 
III) a econômica, que corresponde a circunstâncias externas ao 
contrato, estranhas à vontade das partes, imprevisíveis, excepcionais, 
inevitáveis, que causam desequilíbrio muito grande no contrato. 
Para a autora, a teoria da imprevisão relaciona-se tão só com a álea 
econômica. Verifica-se, portanto, a diferença, entre a álea ordinária e 
as demais – enquanto a 1ª é comum aos contratos, havendo de ser 
suportada pelas contratadas, as outras (administrativa e econômica) 
são extraordinárias, podendo levar a diferentes resultados: a revisão 
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(reequilíbrio) do contrato, sua dilação temporal (prorrogação) ou mesmo 
rescisão sem culpa das partes. 
Diferença entre álea ordinária e demais áleas → Álea ordinária 
é comum aos contratos 
Diferença entre álea administrativa e econômica → 
Extraordinárias → Podendo levar a revisão do contrato ou 
mesmo rescisão sem culpa das partes 
Abaixo, serão examinadas as circunstâncias que conferem a 
característica de mutabilidade (de alteridade) aos contratos 
administrativos (áleas extraordinárias): fato do príncipe; fato da 
administração; caso fortuito e força maior; e interferências 
imprevistas. 
 
A – Fato do Príncipe (álea administrativa) 
A Lei de Licitações acolheu expressamente a aplicação da teoria da 
imprevisão, no entanto, não nos fornece conceitos das situações que a 
ensejam. Vejamos o que estabelece o art. 65, inc. II, alínea “d”: 
“d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram 
inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição 
da Administração para a justa remuneração da obra, serviço 
ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio 
econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de 
sobreviverem fatos imprevisíveis, ou previsíveis 
porém de conseqüências incalculáveis, retardadores 
ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em 
caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, 
configurando álea econômica extraordinária e 
extracontratual.” 
O fato do príncipe, decorrente de ato geral do Poder Público, não 
como parte contratual (Estado-administrador), mas como Estado-
império (príncipe), pode ser definido como uma determinação 
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estatal, geral, imprevista e imprevisível, positiva ou negativa, que 
onera substancialmente a execução do contrato administrativo. 
Acrescento à definição a circunstância de o fato do príncipe 
refletir apenas indiretamente sobre o contrato, pois, sendo fato 
geral, incide sobre todas as situações jurídicas, inclusive sobre o contrato 
administrativo em andamento. 
Por exemplo: o aumento de um tributo pode provocar o fato do 
príncipe NEGATIVO. Já a redução da alíquota de imposto de importação 
para determinada matéria-prima tende a acarretar o fato do príncipe 
POSITIVO. Tanto o fato negativo (piora da situação da contratada), 
como positivo (favorecimento indireto do incremento de lucros para a 
contratada) devem ser extraordinários, a ponto de: exigirem o 
reequilíbrio econômico-financeiro ou impedira execução da avença. 
B – Fato da Administração 
De início, é oportuno esclarecer que o fato da administração não 
se confunde com o fato do príncipe, pois, enquanto o fato do 
príncipe incide de forma reflexa no contrato, desequilibrando a 
economia do contrato; o fato da Administração relaciona-se 
diretamente com o contrato. Embora distintos, têm efeitos bem 
próximos, pois, a depender do caso concreto, podem acarretar até 
mesmo a rescisão do contrato ou a necessidade de revisão. 
Os incisos XIII a XVI do art. 78 do Estatuto de Licitações fornece-
nos exemplos de fatos da administração: 
XIII – a supressão, por parte da Administração, de 
obras, serviços ou compras, acarretando modificação do 
valor inicial do contrato além do limite permitido no § 1o do 
art. 65 desta Lei; 
XIV – a suspensão de sua execução, por ordem escrita 
da Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) 
dias, salvo em caso de calamidade pública, grave 
perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por 
repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo, 
independentemente do pagamento obrigatório de 
indenizações pelas sucessivas e contratualmente 
imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras 
previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito 
de optar pela suspensão do cumprimento das obrigações 
assumidas até que seja normalizada a situação; 
XV – o atraso superior a 90 (noventa) dias dos 
pagamentos devidos pela Administração decorrentes 
de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já 
recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade 
pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, 
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assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão 
do cumprimento de suas obrigações até que seja 
normalizada a situação; e 
XVI – a não liberação, por parte da Administração, de 
área, local ou objeto para execução de obra, serviço 
ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das 
fontes de materiais naturais especificadas no projeto. 
C – Caso fortuito e Força Maior 
A doutrina não é unânime quanto aos conceitos dos institutos, por 
essa razão, acompanharemos o posicionamento DE PARTE DA DOUTRINA, 
o qual é o mais adotado a título de concursos públicos, com a ressalva de 
que não existem verdades absolutas. 
A força maior é definida como sendo o evento humano que, por 
imprevisível e inevitável, cria a impossibilidade material de regular 
execução do contrato. São exemplos: greve que paralise os transportes 
ou a fabricação de um produto que dependa a regular execução do 
contrato. 
Já o caso fortuito é evento da natureza também inevitável e 
imprevisível gerador de impossibilidade total de regular execução do 
contrato. São exemplos: tufão destruidor em região não sujeita a esse 
tipo de fenômeno e inundação imprevisível que cubra o local da obra. 
D – Interferências imprevistas 
As interferências (sujeições) imprevistas não se confundem 
com as hipóteses anteriores, pois, enquanto estas surgem após a 
assinatura do contrato (são supervenientes), aquelas – interferências 
imprevistas – preexistem à assinatura, sendo reveladas quando da 
execução do contrato (posto desconhecidas pelas partes). 
Diferem do caso fortuito e força maior, porque não impedem 
o prosseguimento do contrato, apenas o tornam mais oneroso, 
razão pela qual acarretará a necessidade de revisão da equação 
econômico-financeira. 
Exemplo disso é quando em uma obra depara-se com terreno 
rochoso, sendo que a Administração havia indicado em seu projeto o 
terreno como sendo arenoso. Cite-se, ainda, o encontro de um lençol 
freático quando da construção de um túnel, e passagem subterrânea 
de canalização ou dutos não revelados no projeto em execução. 
Recebimento do objeto 
Enfim chegamos à etapa final do contrato. É com o recebimento 
do objeto da licitação, a empresa é liberada de seus encargos 
contratuais. O recebimento tem por finalidade a certificação pela 
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Administração quanto à ausência de problemas do objeto da 
licitação. 
O art. 73 da LLC estabelece que tal recebimento pode se dar de 
modo provisório ou definitivo, com características específicas a 
depender do objeto da licitação: obras ou serviços; compras ou 
locação; gêneros perecíveis, serviços profissionais, e obras e serviços até 
o limite do convite. 
No caso de obras ou serviços: 
a) O recebimento provisório será efetuado por termo 
circunstanciado, dentro de 15 dias da comunicação do contratado. 
b) Já o definitivo, mediante termo circunstanciado, assinado 
pelas partes, depois do prazo de observação ou de vistoria, que não 
pode, salvo casos excepcionais e previsto no edital, ser superior a 90 
dias. 
Quando o contrato for de compra ou locação de equipamentos: 
a) O recebimento definitivo e o provisório serão documentados por 
recibo, salvo os equipamentos de grande vulto, que dependerão de 
termo circunstanciado. Grande vulto? Quanto é grande vulto? De 
acordo com a LLC, 25 vezes o valor da concorrência para a aquisição de 
obras e de serviços de engenharia (uma merreca, não?). 
Poderá ser dispensado o recebimento provisório nas seguintes 
contratações: 
- gêneros perecíveis; 
- serviços técnicos profissionais; 
- obras e serviços até o limite do convite (R$ 80.000,00). 
Nessas hipóteses, o recebimento definitivo será efetuado por 
meio de recibo. Exceção feita para as obras e serviços que se 
componham de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à 
verificação de funcionamento e produtividade. 
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Alerto, ainda, para a leitura do §8º do art. 15 da LLC: o 
recebimento de material de valor superior ao limite estabelecido no 
art. 23 desta Lei, para a modalidade de convite (leia-se: R$ 
80.000,00), deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, três 
membros. 
Para finalizar, destacamos que o recebimento provisório ou 
definitivo não exclui a responsabilidade civil pela solidez e 
segurança da obra ou do serviço, nem ético-profissional pela 
perfeita execução do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei 
ou pelo contrato. 
Assuntos diversos 
 Já ouviram falar da LC 123? 
Então, a Lei Complementar 123/2006 – LC 123/2006 instituiu o 
Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, 
que são aquelas que auferem receita bruta anual de até dois milhões e 
quatrocentos mil reais. Estas, de acordo com a LC 123/2006, receberam 
um tratamento diferenciado nas licitações promovidos pela Administração 
Pública, dada sua condição de desigualdade, quando comparadas a 
grandes empresas. Aliás, como diria Aristóteles, há centenas de anos 
atrás, isonomia é “dar tratamento desigual aos desiguais, na 
medida de suas desigualdades”, frase memorável do clássico autor. 
No ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição Federal e as 
legislações infraconstitucionais, à vista do real desnível das pequenas 
empresas, atuam no fomento, no desenvolvimento das atividades dos 
menos favorecidos economicamente. Exemplo disso é o art. 179 da 
CF/1988: 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno 
porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico 
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diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas 
obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e 
creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. 
Com efeito, a Lei Complementar 123/2006 dispensou tratamento 
favorecido às Micro-empresas – ME e empresas de pequeno porte – 
EPP. Portanto, o legislador não facultou o uso da igualdade meramente 
formal, admitindo a lei formas de distinção entre os licitantes, 
quando as circunstâncias assim o exigirem. 
É de toda conveniência apontar algumas regras especiais inseridas 
pela Lei Complementar 123/2006, relativamente às Micro-empresas – 
ME e empresas de pequeno porte – EPP. 
O art. 42 da referida Lei exige a comprovação de regularidade 
fiscal por parte da ME e da EPP somente para EFEITOS DE 
ASSINATURA DO CONTRATO, ou seja, permite, p. ex., as empresas 
que, a princípio, se encontram em débito junto ao fisco participem de 
licitações públicas. 
Isso não significa dizer que tais empresas não tenham de 
apresentar a documentação. O art. 43 da norma de referência determina 
a apresentação de TODA A DOCUMENTAÇÃO, ainda que apresente 
alguma restrição. 
E surge o quesito: poderão contratar com a Administração 
mesmo que sujeitas a restrições? 
Obviamente, não. O §1º do art. 43 da LC 123, abre o prazo de 
dois dias úteis do momento em que o proponente é declarado vencedor, 
prorrogável por igual período a critério da Administração, para a 
regularização da documentação, pagamento ou parcelamento do 
débito, e emissão de eventuais certidões negativas ou positivas 
com efeito de certidão negativa. 
E se a empresa não regularizar as pendências existentes? 
De acordo com o §2º do art. 43, a não-regularização da 
documentação, no prazo previsto no § 1o deste artigo, implicará 
decadência do direito à contratação, sem prejuízo das sanções 
previstas no art. 81 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, sendo 
facultado à Administração convocar os licitantes remanescentes, 
na ordem de classificação, para a assinatura do contrato, ou revogar a 
licitação. 
O art. 44 da aludida Lei dispõe: nas licitações será assegurada, 
como critério de desempate, preferência de contratação para as 
microempresas e empresas de pequeno porte. Já o §1º do artigo 
entende por empate aquelas situações em que as propostas 
apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte 
sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta 
mais bem classificada. Um exemplo torna mais claro. 
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Suponha que a proposta mais vantajosa alcançou o valor de R$ 
90,00, logo, considerar-se-á o empate se a ME e a EPP tiverem 
apresentado até R$ 99,00 (R$ 90,00 + 10% de R$ 90,00 = R$ 99,00). 
Agora, se a modalidade de licitação for o pregão, o limite cai para 
5%, logo, se o melhor preço for de R$ 100,00, o empate da ME e da EPP 
será em valores na ordem de R$ 105,00 
O empate significa que o Estado contratará a ME ou a EPP 
por R$ 99,00 ou R$ 105,00? 
Não é isso. O que a Lei garante é a possibilidade de a ME e a 
EPP cobrir a melhor proposta de empresa que não seja, obviamente, 
ME ou EPP. Inclusive, o art. 45 da Lei Complementar estabelece a 
seguinte ordem: 
1º - A microempresa ou empresa de pequeno porte mais 
bem classificada poderá apresentar proposta de preço inferior 
àquela considerada vencedora do certame, situação em que será 
adjudicado em seu favor o objeto licitado; 
2º - Se a ME e a EPP, melhor classificada, não cobrir o 
preço, serão convocadas as remanescentes, para o exercício do 
mesmo direito; 
3º - Sendo os valores equivalentes, far-se-á um sorteio para 
identificar aquela que primeiro poderá apresentar a melhor oferta. 
4º - E, se mesmo assim ninguém cobrir o preço, o objeto 
licitado será adjudicado em favor da proposta originalmente 
vencedora do certame. 
 
Enfim, concluindo: O TRATAMENTO DIFERENCIADO A MICRO 
EMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE NÃO FERE O 
PRINCÍPIO DA ISONOMIA! 
Outro tema bem interessante e recorrente no Tribunal é o 
tratamento diferenciado garantido aos convênios administrativos. 
Como vimos ao longo deste capítulo, nos contratos os interesses 
são opostos e diversos. P. ex.: contrato de segurança firmado entre o 
Estado e a empresa “X” - enquanto a empresa quer o lucro, o Estado quer 
a prestação do serviço em razão do interesse público. 
Já nos convênios administrativos, é bem diferente. Nos 
convênios os interesses são mútuos, comuns, como diz a questão; 
não existem partes (nos convênios existem partícipes). 
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Nisso, então, está a principal diferença dos contratos com relação 
aos convênios: no contrato, o objetivo é o lucro, nos convênios, a 
cooperação. P. ex: o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo 
celebra um contrato com o Tribunal de Contas da União, com o 
objetivo de repasse de informações e de treinamento de pessoal. 
Pergunta-se: é de fato um contrato? Obviamente não, isso porque 
os interesses perseguidos pelos partícipes são paralelos, logo, estamos 
diante de um convênio. Inclusive, por esse motivo é que para a 
celebração de convênios dispensa-se a licitação prévia. 
 Aproveitando, um breve registro quanto aos consórcios 
administrativos, que são acordos de vontades entre duas ou mais 
pessoas jurídicas públicas da mesma natureza e mesmo nível de 
governo ou entre entidades da administração indireta para a consecução 
de objetivos comuns. Essa definição destoa da de convênios, pois estes 
são (ou podem ser) celebrados entre entidades públicas diversas ou com 
entidades privadas, desde que estas não possuam finalidade lucrativa. 
Um detalhe. Com o surgimento da Lei 11.107/2005, ocorre a 
possibilidade de criação de consórcios públicos, os quais, de acordo 
com o art. 6º da norma citada, adquirirão personalidade jurídica de 
direito público (integrante da administração indireta de todos os 
consorciados) ou privado, sendo formados a partir da reunião apenas 
de entes políticos (União, Estados, Municípios, e Distrito Federal). 
Perceberam a diferença? Enquanto os convênios e os consórcios 
administrativos não adquirem personalidade jurídica, os 
consórcios públicos têm dupla possibilidade de personalidade (direito 
público ou privado); enquanto os consórcios administrativos podem 
ser celebrados por entes da Administração Indireta (entes 
administrativos), os consórcios públicos, apenas por entes políticos. 
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