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Pratica Clinica Compilado de Informações Vinicius J. Oliveira Dedico este livro a todos meus colegas da Turma Odo114an que buscam a perfeição e o melhor resultado sempre. Este livro não é ideal para ser referenciado, seu intuito e a facilidade do acesso as informações durante a consulta clínica, abordando-as de forma superficial, de maneira que o autor julga importante e necessário. Para fins mais esclarecedores ou de pesquisa cientifica e citação recomenda-se livros mais especializados e embasados nos assuntos aqui discriminados. Sumario 1 Lesões Fundamentais....................................01 1.1 Mancha ou macula..............................................02 1.1.1 Macula Alérgica...........................................................03 1.1.2 Macula Manolica..........................................................04 1.1.3 Nevo Pigmentado........................................................06 1.1.4 Pigmentação fisiológica...............................................08 1.1.5 Tatuagem por Amalgama............................................09 1.1.6 Candidose....................................................................10 1.2 Placa.....................................................................12 1.2.1 Candidiase...................................................................14 1.2.2 Leocoplasia..................................................................16 1.2.3 Quielite Actinica..........................................................20 1.2.4 Estomatite Nicotinica...................................................23 1.3 Erosão..................................................................25 1.3.1 Candidose....................................................................26 1.3.2 Lingua Geografica/Eriteama Migratorio.......................28 1.4 Ucera ou Uceração..............................................30 1.4.1 Candidose....................................................................32 1.4.2 Herpes Simples...........................................................34 1.4.3 Herpes Recorrente......................................................36 1.4.4 Ucera aftosa Recorrente..............................................37 1.4.5 Ucera Traumatica........................................................39 1.4.6 Carcinoma Epdermoide...............................................40 1.4.7 Penfigoide Cicatrical....................................................42 1.5 Visicula Bolha......................................................44 1.5.1 Hemogioma.................................................................48 1.5.2 Mucocele.....................................................................50 1.5.3 Ranula.........................................................................51 1.6 Papula Verrucosa................................................53 1.6.1 Papiloma......................................................................54 1.7 Papulas.................................................................56 1.7.1 Hiperplasia Papilar Inflamatoria...................................57 1.8 Nodulos................................................................59 1.8.1 Granuloma Piogenico..................................................60 1.8.2 Hiperplasia Fibrosa Inflamatoria..................................61 1.8.3 Lesão Periferica de Celulas Gigantes.........................62 2 Neoplasias....................................................65 3 Hemograma...................................................69 4 Exames complementares............................74 4.1 Exames de imagem.............................................74 5 Anomalias dentarias em radiografias........84 1 Lesões Fundamentais Conceito: São alterações morfológicas na pele ou mucosa bucal. Importância: Todo diagnóstico norteia-se pela história clínica da doença e pelas características clínicas da lesão, isto é da lesão fundamental 2 Mancha ou Mácula São modificações das colorações normais da mucosa bucal sem que ocorra elevação ou depressão tecidual Apresentam cores , tamanhos e formas bastante variadas, podendo sua origem ser devido à presença de melanina e outras causas. Segundo Regezzi, 2000, as lesões fundamentais do tipo mancha podem se manifestar nas seguintes patologias: Pigmentação dos tecidos bucais e peribucais (Manchas) LESOES BENIGNAS ORIUNDAS DE MELANÓCITOS Pigmentação Fisiológica Melanose associada ao fumo Mácula melanótica bucal NEOPLASMAS Nevos Melanoma Tumor neuroectodérmico da infância PIGMENTAÇÕES CAUSADAS POR DEPÓSITOS EXÓGENOS Tatuagem por amálgama (Argirose Focal) Pigmentação por Metais pesados Pigmentação pela Minociclina 3 Mácula alérgica As lesões por contato aparecem diretamente adjacentes ao agente causal. As lesões variam de eritematosas e ulcerativas. É uma alteração rara na boca, os agentes causais mais comuns são dentifrícios, colutórios, balas, chicletes, antimicrobianos tópicos, esteróides tópicos, iodo, óleos essenciais e materiais para base de dentadura. Embora o acrílico para dentaduras seja considerado freqüentemente responsável por reações alérgicas de contato no palato, tal interpretação é errônea. Essas lesões vermelhas são mais provavelmente relacionadas com a candidose crônica. Características histológicas O tecido epitelial e o conjuntivo apresentam alterações inflamatórias. No epitélio pode ser observado espongiose e vesiculação. No tecido conjuntivo, verifica-se um infiltrado perivascular de linfócitos e fagócitos. Os vasos sanguineos podem estar dilatados e às vezes, são observados eosinófilos. 4 Diagnóstico Durante uma anamnese cuidadosa. Os exames de contato podem ajudar, mas devem ser feitos por um especialista em virtude da posibilidade de obter resultados falso-positivos, quando feitos na pele, e falso-negativos, quando tentamos na mucosa. Tratamento Primeiramente a eliminação do material responsável, quando for possível identificá-lo. Nos casos não-complicados, as lesões devem desaparecer em uma ou duas semanas. A aplicação tópica de esteróides pode acelerar a cura. Mácula Malanótica 5 A Macula Melanótica é uma pigmentação plana e marrom da mucosa produzida pelo aumento localizado de melanina, e também possivelmente, pelo aumento de melanócitos. Sua causa ainda não foi esclarecida. Mas sabe-se que ela não depende da exposição ao sol, como as sardas extra orais. Pode ocorrer em qualquer idade, tanto em homens como em mulheres, tendo uma predileção para as mulheres de 2:1. A idade média dos pacientes é de 43 anos, na época do diagnóstico. A região mais acometida é o vermelhão do lábio inferior, seguida pela mucosa jugal, gengiva e palato. Características clínicas Apresenta uma forma oval ou arredondada, assintomática de coloração amarelo-acastanhada ou marrom escura, bem demarcada e única. Não há relatos no aumento de tamanho da lesão. Características histopatológicas Há um aumento na quantidade de melanina, nas células epiteliais estratificadas da camada basal, ou também pode estar livre no tecido conjuntivo subepitelial. Diagnóstico diferencial Tatuagem poramálgama, Nevo azul e Melanoma inicial. (Obs.: Quando temos muitas máculas, temos a hipótese diagnóstica de Síndrome de Peutz-Jegher ou a Doença de Adison.) Tratamento e prognóstico Geralmente é indicado apenas a proservação, fazer a remoção cirúrgica apenas se houver considerações estéticas. A mácula melanótica não tem tendência de malignidade, porém um melanoma inicial pode ser semelhante clinicamente à macula. Portanto, todas as máculas pigmentadas, grandes, com pigmentação irregular, duração desconhecida ou aumento de tamanho recente devem ser submetidos ao exame histológico. 6 Nevo pigmentado É uma anomalia de desenvolvimento originário da proliferação de células da crista neural, "células névicas". Podem ser encontradas no epitélio ou tecido conjuntivo, ou em ambos Características clínicas São lesões relativamente raras que podem ocorrer em qualquer idade, a maioria se apresenta como pápulas elevadas, sendo o palato o local mais atingido, os locais menos freqüente são a mucosa jugal (bochecha), mucosa labial, gengiva, processo alveolar e vermelhão do lábio. 7 Características histológicas Há diversos subtipos de Nevus, a classificação depende da localização das células névicas Nevo juncional - quando as células estão na junção do tecido epitelial com o conjuntivo; Nevo composto - há acumulo de células névicas no epitélio e no conjuntivo; Nevo intramucoso - há acumulo de células névicas apenas no tecido conjuntivo (é o mais freqüente); Nevo azul- tem um formato de célula diferente (fusiforme) e estão no tecido conjuntivo, isso dá uma coloração azul da lesão. Diagnóstico Biópsia excisional (são lesões pequenas, normalmente) Diagnóstico diferencial: Melanoma, mácula bucal, tatuagem pelo amálgama, hemangioma e hematoma. Tratamento Remoção cirúrgica obrigatória, quando sofre mudança de coloração ou esteja em áreas de atrito crônico, como alça de sutiã, pois pode transformar-se em um melanoma. Há recorrência quando não é removido totalmente. 8 Pigmentação fisiológica Este tipo de pigmentação é simétrico e persistente, e não altera a arquitetura normal, como o granulado gengival. Não tem predileção por sexo e nem faixa etária predominante. Pode ocorrer em qualquer tecido intrabucal, mas a gengiva é o tecido que mais é acometida. Características histológicas A pigmentação não é provocado pelo aumento fisiológico de melanócitos. e sim da produção de melanina. A melanina é encontrada à volta dos ceratinócitos basais e dos macrófagos subjacentes. 9 Diagnóstico diferencial Melanose associada ao fumo, síndrome de Peutz-Jegher, a doença de Addison e malanoma. A biópsia deve ser realizada apenas se as características clínicas forem atípicas. Tatuagem pelo amálgama A tatuagem por amálgama ou argirose focal é uma lesão iatrogênica que ocorre após a implantação traumática de partículas de amálgama nos tecidos moles. Isso acontece usualmente após a extração dentária ou preparo de dentes com obturações antigas de amálgama ou restaurações fundidas de ouro. 10 Características clínicas Esta é a pigmentação mais comum da cavidade bucal, e sua ocorrência é esperada nos tecidos contíguos a dentes restaurados com amálgama. Os pontos afetados com mais freqüência são a gengiva, mucosa jugal, palato e língua. Raramente são observados sinais de inflamação. As lesões são maculares e não se alteram de modo apreciável com o tempo. Poderão ser detectadas nas radiografias dos tecidos moles. Características histopatológicas As partículas de amálgama alinham-se tipicamente ao longo das fibras colágenas e à volta dos vasos sanguíneos. São encontrados poucos linfócitos e macrófagos. Podem ser encontradas células de corpo estranho multinucleadas. Diagnóstico diferencial Nevos e melanomas em início. Tratamento e prognóstico Nenhum, pois não é patológico. Não necessita de remoção cirúrgica, caso a radiografia seja conclusiva (evidenciação de corpo radiopaco na área da lesão). Candidose 11 A infecção pelo cândida albicans é denominada de candídiase ou também candidose. É uma infecção muito comum no homem, e por apresentar diversas manifestações clínicas muitas vezes é difícil fazer o diagnóstico. A C. albicans pode ser um componente normal da microbiota bucal, e 30 a 50 % das pessoas simplesmente possuem os microrganismos em suas bocas, sem evidência clínica de infecção. Como resultado desta infecção complexa entre hospedeiro e microrganismo, a infecção por cândida pode variar desde o leve envolvimento da superfície mucosa, observada na maioria dos pacientes, a uma doença fatal quando disseminada em pacientes gravemente imunodeprimidos. Candidose eritematosa - pode ser verificada em várias apresentações clínicas, a primeira é, candidose atrófica aguda, os pacientes queixam-se que sentem suas bocas como se tivessem tomado uma bebida quente. Em geral, a sensação de queimação é acompanhada pela perda das papilas filiformes da superfície dorsal da língua, resultando em língua avermelhada e "careca". Características histopatológicas As hifas de Candida e leveduras podem ser identificadas pelo método de coloração com ácido periódico de Schiff (PAS). O método PAS cora os carboidratos que existem em abundância na parede celular dos fungos. Freqüentemente, as hifas são acompanhadas por um número variável de leveduras, células epiteliais escamosas e células inflamatórias. Comumente são encontrados aumento da espessura de paraceratina na superfície da lesão e alongamento das papilas epiteliais. Caracteristicamente, pode ser observado um infiltrado inflamatório crônico de células inflamatórias no tecido conjuntivo logo abaixo do epitélio infectado. Freqüentemente, pequenas coleções de neutrófilos São leucócitos polimorfonucleares que fazem parte do sistema imunitário do corpo humano) são identificadas na camada de paraceratina e camada de célula espinhosa próximo aos microrganismos. são identificadas na camada de paraceratina e camada de célula espinhosa próximo aos microrganismos. Diagnóstico É feito pelos sinais clínicos e exame de citologia esfoliativa. Tratamento e prognóstico A primeira escolha é a Nistatina 100.000 UI, suspensão oral, pastilha, ou gel. Também pode ser indicado, o creme de Clotrimazol também é eficaz no tratamento para queilite angular porque essa droga possui propriedades antifúngicas e antibacteriana. O Itraconazol também é bem indicado nesses casos. Na maioria dos casos, a candidose oral é incômoda infecção superficial resolvida com tratamento antifúngico. Se a infecção recorrer após o tratamento, pode ser necessária uma investigação meticulosa dos fatores que possam predispor a candidose, como a imunossupressão. Apenas nos pacientes mais gravemente comprometidos a candidose provoca doença profundamente invasiva. 12 Placa São lesões elevadas em relação ao tecido, sua altura é pequena em relação à extensão, consistentes à palpação e a superfície pode ser rugosa, verrucosa, ondulada, lisa ou apresentar diversas combinações desses aspectos Segundo Regezzi, 2000, as lesões fundamentais do tipo placa podem se manifestar nas seguintes patologias: Lesões Brancas (placa) CONDIÇÕES HEREDITÁRIAS Leucoedema Nevo Branco Esponjoso Disceratose Intra-Epitelial Benigna Hereditária Ceratose Folicular LESÕES REACIONAISHiperceratose (Friccional) Focal Lesões Brancas Associadas ao Tabaco sem Fumaça Estomatite Nicotínica Queilite Solar OUTRAS LESOES BRANCAS Leucoplasia Idiopática Leucoplasia Pilosa Língua Pilosa Língua Geográfica Líquen Plano Escara Associada ao Uso de Dentifrícios LESÕES BRANCO-AMARELADAS NÃO-EPITELIAIS Candidíase Queimaduras Mucosas 13 Fibroses submucosas Grânulos de Fordyce Tecido Linfóide Ectópico Cistos Gengivais Parúlide Lipoma 14 Candidiase A infecção pelo cândida albicans é denominada de candídiase ou também candidose. É uma infecção muito comum no homem, e por apresentar diversas manifestações clínicas muitas vezes é difícil fazer o diagnóstico. A C. albicans pode ser um componente normal da microbiota bucal, e 30 a 50 % das pessoas simplesmente possuem os microrganismos em suas bocas, sem evidencia clínica de infecção. 15 Como resultado desta infecção complexa entre hospedeiro e microrganismo, a infecção por cândida pode variar desde o leve envolvimento da superfície mucosa, observada na maioria dos pacientes, a uma doença fatal quando disseminada em pacientes gravemente imunodeprimidos. Características clínicas Candidose pseudomembranosa - também conhecida como sapinho,a candidose pseudomembranosa é caracterizada pela presença de placas brancas aderentes na mucosa bucal, que lembram leite coalhado. As placas brancas são compostas por hifas emaranhadas, leveduras, células epiteliais descamadas e fragmentos de tecido necrótico. Estas placas podem ser removidas pela raspagem com um abaixador de língua ou pela fricção com uma compressa de gaze seca. A mucosa subjacente pode estar normal ou eritematosa. A candidose pseudomembranosa pode ser iniciada, pela exposição do paciente a antibióticos de amplo espectro, ou por estar debilitado o sistema imunológico do paciente. Os sintomas, se estiverem todos presentes, usualmente são relativamente leves, e consistem em sensação de queimação da mucosa bucal ou gosto desagradável na boca, descrito variavelmente como amargo ou salgado. Características histopatológicas As hifas de Candida e leveduras podem ser identificadas pelo método de coloração com ácido periódico de Schiff (PAS). O método PAS cora os carboidratos que existem em abundância na parede celular dos fungos. Freqüentemente, as hifas são acompanhadas por um número variável de leveduras, células epiteliais escamosas e células inflamatórias. Comumente são encontrados aumento da espessura de paraceratina na superfície da lesão e alongamento das papilas epiteliais. Caracteristicamente, pode ser observado um infiltrado inflamatório crônico de células inflamatórias no tecido conjuntivo logo abaixo do epitélio infectado. Freqüentemente, pequenas coleções de neutrófilos são identificadas na camada de paraceratina e camada de célula espinhosa próximo aos microrganismos. Diagnóstico É feito pelos sinais clínicos e exame de citologia exfoliativa. Tratamento e prognóstico A primeira escolha é a Nistatina 100.000 UI, suspensão oral, pastilha, ou gel. Também pode ser indicado, o creme de Clotrimazol também é eficaz no tratamento é eficaz no tratamento para queilite angular porque essa droga possui propriedades antifúngicas e antibacteriana. O Itraconazol também é bem indicado nesses casos. Na maioria dos casos, a candidose oral é incomoda infecção superficial resolvida com tratamento antifúngico. Se a infecção recorrer após o tratamento, pode ser necessária uma investigação meticulosa dos fatores que possam predispor a candidose, como a imunossupressão. Apenas os pacientes mais gravemente comprometidos a candidose provoca doença profundamente invasiva. 16 Leucoplasia A leucoplasia oral é definida pela organização mundial da saúde como uma placa branca que não pode ser caracterizada clinicamente ou patologicamente como qualquer outra doença. A definição de leucoplasia é incomum, por seu diagnóstico não depender tanto de aparências definidas, mas sim da exclusão de outras lesões que se apresentam como placas brancas na boca. Como por exemplo, líquen plano, mordiscatio, ceratose friccional, ceratose da bolsa de tabaco, estomatite nicotínica, leucoedema e nevo branco esponjoso, essas alterações devem ser descartadas antes que o diagnóstico de leucoplasia seja feito. A cor clínica resulta de uma camada de ceratina superficial espessada, ou uma camada espinhosa espessada, que mascara a vascularidade normal (vermelhidão) do tecido conjuntivo subjacente. Incidência e prevalência Embora ela seja considerada uma lesão pré-maligna, o uso deste termo (leucoplasia) não sugere que os aspectos de displasia estejam presentes em todas as lesões. Etiologia Tabaco - mais de 80% dos pacientes com leucoplasia são fumantes. Este hábito parece ser a maior associação com o desenvolvimento da leucoplasia. Álcool - que parece ter um forte efeito sinérgico com o tabaco com relação a produção do câncer bucal, porém este não tem sido relacionado à incidência de leucoplasia. 17 Sanguinárias - as pessoas que usam cremes dentais ou colutórios contendo extratos de Herva sanguinária podem desenvolver uma leucoplasia verdadeira. Esse tipo de leucoplasia (ceratose associada à sanguinária) geralmente localiza-se no vestíbulo anterior ou na mucosa alveolar da maxila. Mais de 80% dos casos podem ter relação com o uso deste produto. Radiação ultravioleta - é aceita como um fator para leucoplasia no vermelhão do lábio inferior, o que geralmente é associado com a queilite actínica. Microorganismos - como o Treponema pallidum, produz glossite (é uma infecção da parte média do dorso lingual pelo fungo candida albicans) no estágio avançado da sífilis, Candida albicans pode colonizar camadas superficiais do epitélio da mucosa bucal, o exame pode mostrar alterações displásicas ou hiperplásicas histopatologicamente e o hpv, principalmente os tipos 16 e 18, são os mesmos subtipos que causam carcinoma cervical uterino, também estão presentes na cavidade bucal. Trauma - a irritação mecânica crônica pode produzir uma lesão branca com uma superfície ceratótica rugosa, denominada de ceratose friccional. Embora a lesão resultante seja clinicamente semalhante á leucoplasia verdadeira, atualmente acredita-se que esta lesão seja uma resposta hiperplásica. As ceratoses deste tipo são completamente reversíveis com a remoção deste trauma. Ocorre em uma faixa etária de 60 anos de idade, a prevalência aumenta com a idade, especialmente para homens. A média de idade das pessoas afetadas é semelhante à média de idade dos pacientes com câncer bucal. Aproximadamente 70% das leucoplasias orais são encontradas no vermelhão do lábio inferior, na mucosa jugal, e na gengiva. Entretanto, as lesões na língua, vermelhão dos lábios e assoalho da boca somam mais de 90% daquelas que indicam displasia ou carcinoma. As lesões individuais podem ter uma aparência clínica variada e tendem a mudar com o tempo. As lesões iniciais e brandas apresentam-se como placas cinza ou branco acinzentada levemente elevadas, que podem parecer um pouco translúcidas, fissuradas ou enrugadas, e são tipicamente moles e planas. Geralmente têm borda fortemente demarcadas, mas podem se misturar gradualmente com a mucosa normal. A leucoplasia inicial, apresenta-se como uma placa delgada branca, que raramente mostra displasia na biópsia, neste estágio ela pode desaparecer. Com a progressão da lesão ela se torna mais espessa e fissuras podemse aprofundar e se tornar mais numerosas, neste estágio é denominada de leucoplasia espessa ou homogênea. E estas podem regredir ou até desaparecer, poucos tornam-se graves, desenvolvendo irregularidades superficiais e passam a ser denominadas de leucoplasia granular ou nodular. Algumas ainda podem apresentar projeções agudas e são chamadas de leucoplasia verruciforme ou verrucosa. Há uma forma de risco elevado que é a leucoplasia verrucosa proliferativa (LVP), apresenta-se como várias placas intra-bucais que podem evoluir para uma forma exofítica e verrucosa. A medida que as lesões progridem, podem passar à um estágio no qual não podem ser distinguidas do carcinoma verrucoso, mas posteriormente transformam-se em carcinoma de células escamosas. Mesmo com tratamento as lesões do LPV dificilmente regridem, esta é uma variante incomum da leucoplasia, por ter forte predileção pelo sexo feminino e mínima associação com o tabaco. 18 A leucoplasia pode se tornar displásica e até invasiva sem nenhuma modificação em sua aparência clínica, mas algumas apresentam placas avermelhadas espalhadas, é chamada de eritroplasia, possui áreas que são incapazes de produzir ceratina. Os locais de biópsia devem ter a aparência clínica e lesional com parte de tecido sadio e tecido leucoplásico. Características histopatológicas Aumento da espessura da camada espinhosa (acantose); Hiperparaqueratina; Vasos sanguineos; Infiltrado inflamatório crônico; Tecido conjuntivo. É caracterizada por uma camada de ceratina mais espessa no epitélio superficial. Algumas podem apresentar hiperceratose superficial, mas mostram atrofia ou adelgaçamento do epitélio subjacente. Freqüentemente, um infiltrado crônico de células inflamatórias é percebido no tecido conjuntivo subjacente. A camada de ceratina pode consistir em ortoceratina, paraceratina, ou uma combinação de ambas. A LVP inicial aparece como uma hiperceratose benigna, que não pode ser distinguida de outras lesões leucoplásicas simples. Com o tempo, a condição progride para uma proliferação exofítica e papilar semelhante a lesões localizadas de leucoplasia verrucosa. Em estágios avançados, essa proliferação papilar possui uma proliferação descendente de epitélio escamoso bem diferenciado, com cristas epiteliais largas e embotadas. Tal epitélio apresenta invasão para a lâmina própria subjacente, neste estágio não pode ser diferenciado do carcinoma verrucoso. E nos últimos estágios o epitélio se torna menos diferenciado, tornando-se um carcinoma de células escamosas. A maioria das leucoplasias não apresentam displasia, mas quando presentes, comumente iniciam na região basal e parabasal do epitélio. As alterações histopatológicas das células epiteliais das displásicas são semelhantes àquelas do carcinoma de células escamosas e incluem: Núcleos de células aumentadas; Nucléolos grandes e proeminentes; Aumento da razão núcleo/citoplasma; Núcleos hipercromáticos; Núcleos e células pleomórficos; Disceratose; Aumento da atividade mitótica; Figuras mitóticas anormais; Além disso, as alterações histomorfológicas do epitélio displásico são evidentes no maior aumento, incluindo: Cristas epiteliais bulbosas ou em forma de gota; Perda de polaridade; 19 Pérolas de ceratina ou epiteliais; Perda da coesão celular típica. Quando há displasia epitelial, o patologista utiliza um adjetivo descritivo relacionado à sua "gravidade". A displasia epitelial branda refere-se a alterações limitadas a camada basal e parabasal. A displasia epitelial moderada envolve desde a camada basal até a porção média da camada espinhosa. A displasia epitelial grave apresenta alterações desde a camada basal até um nível acima da porção média do epitélio. Quando toda a espessura do epitélio está envolvida, o termo carcinoma in situ é usado, este é definido como células epiteliais displásicas que se estendem da camada basal à superfície da mucosa bucal. Pode estar presente ainda uma camada de ceratina na superfície, e o epitélio pode ser hipertrófico ou atrófico. Esta lesão é considerada por muitos autores como uma lesão pré-cancerígena, o aspecto importante do carcinoma in situ é que nenhuma invasão ocorreu, apesar das células epiteliais atípicas mostrarem-se exatamente como no carcinoma de células escamosas. A formação de pérolas de ceratina é rara no carcinoma in situ e pode indicar a presença de uma foto de carcinoma de células escamosas invasivo no tecido adjacente. Quando a displasia ductal ocorre, a taxa de recorrência aumenta. Tratamento e prognóstico Como a leucoplasia é apenas um termo clínico, o primeiro passo no tratamento é chegar a um diagnóstico histopatológico definitivo. A biópsia é obrigatória para guiar o curso do tratamento. A leucoplasia com displasia epitelial moderada ou cada vez pior exige uma completa destruição ou remoção, se possível. O procedimento em relação à leucoplasia, que apresenta mudança menos grave, é guiado pelo tamanho da lesão e pela resposta a medidas mais conservadoras, como o abandono do fumo. A remoção completa pode ser conseguida, com a mesma eficácia, por excisão cirúrgica, eletrocautério, criocirurgia ou ablação a laser. É importante o acompanhamento por longo período, por que as recorrências são frequentes e porque podem surgir outras leucoplasias. A leucoplasia que não apresenta displasia frequentemente não é removida, mas a avaliação clinica a cada seis meses é recomendada por causa da possibilidade de progressão para a displasia epitelial. De forma geral, 4% das leucoplasias bucais tornam-se carcinomas de células escamosas após o diagnóstico, de acordo com os exames de acompanhamentos (NEVILLE, 2004). As investigações de acompanhamento têm demonstrado que a transformação carcinomatosa costuma ocorrer dentro de dois a quatro anos após o aparecimento da placa branca, mas pode acontecer depois de meses ou depois de décadas. A transformação parece não depender da idade do paciente afetado. A leucoplasia delgada raramente se torna maligna sem demonstrar alguma mudança clínica. A leucoplasia espessa homogênea sofre transformação maligna em 1 a 7% dos casos. Uma vez que a superfície se torna granular ou verrucosa, o potencial de transformação maligna passa para 4 a 15%. A eritroplasia tem uma média de potencial de transformação de 28%, mas as taxas têm variado de 18 a 47% em diferentes investigações. Quanto maior a gravidade clínica, maior a chance de displasia significativa e a transformação maligna. 20 Geralmente os locais mais envolvidos são assoalho da boca e ventre da língua, estes locais tem mostrado transformação maligna em 16 a 39% dos casos e em 47% daqueles ocorridos em mulheres. Queilite actínica A queilite actínica é uma alteração pré-maligna do vermelhão do lábio inferior, que resulta da exposição excessiva ou por longo período ao componente ultravioleta da radiação solar. Atinge predominantemente pessoas de pele clara com tendência a se bronzear facilmente. A ocupação ao ar livre está claramente associada a este problema. Características clínicas Atinge pessoas com mais de 45 anos, tem forte predileção pelo sexo masculino (10:1). É uma lesão que se desenvolve vagarosamente, as mudanças clínicas iniciais incluem atrofia da borda do vermelhão do lábio inferior, caracterizada por uma superfície lisa e áreas pálidas com erupções. O escurecimento da margem entre o vermelhão e a porção cutânea do lábio é tipicamente visto. Conforme a lesão progride, áreas ásperas e escamosas desenvolvem-se nas porções mais ressecadas do vermelhão, e podem assemelhar-se a lesões leucoplásicas.21 Com o avanço da progressão, pode desenvolver-se ulceração, elas podem durar meses, frequentemente pode sugerir progressão para um carcinoma de células escamosas em fase inicial. Características histopatológicas 1 - Elatose solar Caracteriza-se por um epitélio escamoso estratificado atrófico, freqüentemente apresenta acentuada produção de ceratina. Há também displasia epitelial, um discreto infiltrado inflamatório crônico está normalmente presente subjacente ao epitélio displásico. O tecido conjuntivo mostra uma faixa de alteração basofílica, acelular e amorfa, conhecida como elastose solar. Tratamento e prognóstico Os pacientes devem usar protetor solar labial com fator de proteção solar mínimo 30, a fim de evitar danos adicionais. Áreas endurecidas, espessas, com ulceração ou leucoplasia, devem ser submetidas à biópsia, para descartar a possibilidade de carcinoma. Em casos mais graves sem malignidade podemos remover uma fina fatia do lábio (vermelhectomia). O acompanhamento a longo prazo é recomendado. Líquen Plano 22 Características clínicas É uma doença dermatológica relativamente comum que freqüentemente afeta a mucosa bucal. Alguns medicamentos podem provocar alterações semelhantes ao líquen, estas são melhor denominadas de mucosite liquenóide. A relação do estresse ou da ansiedade com o desenvolvimento de líquen plano é controversa. Pode ser que o estresse não esteja relacionado com a patogênese do líquen plano. Alguns pacientes podem responder com a evolução da doença devido ao aumento do nível de estresse e outros já não respondem da mesma maneira. Atinge na maioria dos casos, adultos de meia idade, com maior freqüência as mulheres são mais acometidas (3:2), a prevalência do líquen plano está entre 0,1 a 2,2%. O líquen apresenta-se de três formas, líquen plano reticular, erosivo e bolhoso. O líquen plano reticular é assintomático e é o mais comum; o líquen plano erosivo, as lesões são geralmente sintomáticas, clinicamente observam-se áreas eritematosas atróficas com graus variáveis de ulceração central. A periferia das regiões atróficas em geral é circundada por finas estrias brancas irradiadas. Em tais casos, um espécime de biópsia do tecido perilesional deve ser obtido para estudos de microscopia óptica e de imunofluorescência, visto que o penfigóide cicatricial e o pênfigo vulgar podem apresentar aspecto clínico semelhante. Características histopatológicas Graus variáveis de ortoceratose, paraceratose, podem estar presentes na superfície do epitélio. A espessura da camada espinhosa também pode ser variável. As cristas epiteliais podem ser ausentes ou hiperplásicas, mas classicamente elas são pontiagudas ou têm forma de "dente de serra". A destruição da camada basal do epitélio (degeneração hidrópica) também é evidente. Isto é acompanhado por um intenso infiltrado semelhante a uma faixa, predominantemente de linfócitos T imediatamente abaixo do epitélio. Ceratinócitos em degeneração podem ser observados em áreas do epitélio e na interface do tecido conjuntivo e são chamadas corpos colóides, citóides, hialinos, ou de Civatte. As características imunopatológicas do líquen plano não são específicas. A maioria das lesões mostram a deposição de uma banda desalinhada de fibrinogênio na zona da membrana basal. Diagnóstico O diagnóstico do líquen plano reticular é clínico, pois as características clínicas são bem típicas. As estrias brancas entrelaçadas que aparecem bilateralmente na região posterior da mucosa da bochecha são patognomônicas. O diagnóstico pode ser dificultado caso a candidose esteja presente sobre o líquen. Já o líquen plano erosivo é algumas vezes de difícil diagnóstico, freqüentemente a biópsia é necessária para afastar a hipótese de outras doenças ulcerativas ou erosivas, como o lúpus eritematoso ou uma entidade recentemente descrita a estomatite ulcerativa crônica que apresenta- se como gengivite descamativa ou como ulcerações da língua e da mucosa da bochecha. 23 Tratamento e prognóstico O líquen plano reticular geralmente não produz sintomas, e o tratamento não é necessário. Ocasionalmente a candidose pode estar sobreposta e causar sensação de queimação, é necessária a terapia antifúngica nesses casos. O líquen plano erosivo freqüentemente incomoda o paciente devido a dor na cavidade bucal. Como a condição é imunologicamente mediada, recomenda-se o uso de corticosteróides, podemos utilizar corticóides tópicos, aplicados várias vezes ao dia, por exemplo, flucinonida, betametasona, e dentro de uma a duas semanas o caso está resolvido. A possibilidade de candidose iatrogênica associada com o uso de corticosteróides deve ser monitorada. Alguns autores sugerem que pacientes com líquen plano erosivo devem ser avaliados a cada três meses, principalmente se as lesões não forem típicas. Estomatite nicotínica 24 Está relacionado ao cigarro, está mais relacionado ao calor dos produtos do fumo do que com as propriedades carcinogênicas, e às bebidas quentes (chimarrão). (Neville, 2004). Segundo Regezzi, 2000 a combinação dos elementos carcinogênicos do tabaco e o calor de sua queima intensificam-se pelo hábito de fumar invertido, comum em países como a Índia aumentando significativamente o risco de conversão maligna. Características clínicas Atinge homens, na maioria das vezes, por volta de 45 anos de idade, a lesão se forma ao longo do tempo (agressão crônica). Ocorre na mucosa palatina, a mucosa palatina torna-se difusamente cinza ou branca com pápulas levemente elevadas com centro vermelho pontilhado, pode haver áreas leucoplásicas no palato. A cor marrom ou negra pode estar presente nos dentes. Características histopatológicas A estomatite nicotínica caracteriza-se geralmente por um epitélio espessado, com acantose moderada e aumento significativo da espessura da ortoceratina, suprajacente. As glândulas salivares menores podem mostrar alteração inflamatória em grau variado. Os ductos excretores podem apresentar metaplasia, e o tecido glandular contem células de inflamação crônica e certa fibrose. (Regezzi, 2000) Diagnóstico É clinico e através da anamnese. Tratamento É reversível e com a remoção do hábito, em torno de duas semanas, a mucosa volta a sua total normalidade. Pode estar associado com a leucoplasia. Obs. Se a lesão branca permanecer, tratar como leucoplasia. 25 Erosão A erosão representa perda parcial do epitélio sem exposição do tecido conjuntivo subjacente 26 Candidose A infecção pelo cândida albicans é denominada de candídiase ou também candidose. É uma infecção muito comum no homem, e por apresentar diversas manifestações clínicas muitas vezes é difícil fazer o diagnóstico. A C. albicans pode ser um componente normal da microbiota bucal, e 30 a 50 % das pessoas simplesmente possuem os microrganismos em suas bocas, sem evidência clínica de infecção. Como resultado desta infecção complexa entre hospedeiro e microrganismo, a infecção por cândida pode variar desde o leve envolvimento da superfície mucosa, observada na maioria dos pacientes, a uma doença fatal quando disseminada em pacientes gravemente imunodeprimidos. Outra forma pode ser a atrofia papilar central da língua, clinicamente, pode apresentar-se como uma área eritematosa bem demarcada, localizada posteriormente na linha média da superfície dorsal da língua, freqüentemente assintomática. Ocorre perda das papilas filiformes, a lesãocostuma ser simétrica, de superfície variando de plana e lobulada. As lesões regridem com o uso de antifúngicos. Podemos ter também a candidose multifatorial crônica, em que além da superfície lingual, a junção entre palato mole e palato duro e as comissuras labiais são outros locais que podem ser acometidos. 27 Características histopatológicas As hifas de Candida e leveduras podem ser identificadas pelo método de coloração com ácido periódico de Schiff (PAS). O método PAS cora os carboidratos que existem em abundância na parede celular dos fungos. Freqüentemente, as hifas são acompanhadas por um número variável de leveduras, células epiteliais escamosas e células inflamatórias. Comumente são encontrados aumento da espessura de paraceratina, na superfície da lesão e alongamento das papilas epiteliais. Característicamente, pode ser observado um infiltrado inflamatório crônico no tecido conjuntivo logo abaixo do epitélio infectado. Freqüentemente, pequenas coleções de neutrófilos são identificadas na camada de paraceratina e camada de célula espinhosa próximo aos microrganismos. Diagnóstico É feito pelos sinais clínicos e exame de citologia esfoliativa. Tratamento e prognóstico A primeira escolha é a Nistatina 100.000 UI, suspensão oral, pastilha, ou gel. Também pode ser indicado, o creme de Clotrimazol também é eficaz no tratamento é eficaz no tratamento para queilite angular porque essa droga possui propriedades antifúngicas e antibacteriana. O Itraconazol também é bem indicado nesses casos. Na maioria dos casos, a candidose oral é incomoda infecção superficial resolvida com tratamento antifúngico. Se a infecção recorrer após o tratamento, pode ser necessária uma investigação meticulosa dos fatores que possam predispor a candidose, como a imunossupressão. Apenas os pacientes mais gravemente comprometidos a candidose provoca doença profundamente invasiva. 28 Lingua geográfica / eritema migratório 29 É uma alteração comum que afeta principalmente a língua, constituindo uma alteração da normalidade e não uma patologia. Geralmente é detectada no exame clínico de rotina. As lesões ocorrem de 1 a 3% da população. As mulheres são mais afetadas que os homens (2:1). Características clínicas As lesões características do eritema migratório são observadas nos dois terços anteriores da superfície dorsal da língua. Apresentam-se como áreas bem marcadas de eritema, concentradas nas pontas ou nas bordas da língua. Esse eritema se deve a atrofia das papilas filiformes da língua, essas áreas freqüentemente apresentam um alo amarelo-esbranquiçado ao redor. São lesões migratórias, ou seja, aparecem em um lugar e em alguns dias reaparecem em outro lugar da língua. Geralmente as lesões iniciam como uma pequena placa branca, que em seguida desenvolve uma zona central atrófica eritematosa e aumenta centrifugamente. Em geral são assintomáticas, mas pode ocorrer sensação de queimação ou sensibilidade a alimentos quentes ou condimentos quando as lesões estão ativas. Características histológicas São observadas hiperceratose, espongiose, acantose e alongamento das cristas epiteliais. Além disso, coleção de neutrófilos são observadas dentro do epitélio. Linfócitos e neutrófilos, envolvem a lâmina própria. O intenso infiltrado neutrofílico pode ser responsável pela destruição da porção superficial do tecido epitelial, o que faz com que a mucosa fique atrófica e avermelhada conforme a progressão da lesão. Diagnóstico Geralmente essas lesões não provocam sintomas e podem ser identificadas como áreas eritematosas circundadas por uma borda amarelo-esbranquiçada recortada e serpenteada. Essas características são valiosas no diagnóstico diferencial com outras condições, como a candidose ou a eritroplasia. Tratamento e prognóstico Não é indicado nenhum tratamento, deve-se explicar ao paciente que é uma alteração da normalidade e é inteiramente benigna. Infrequentemente os pacientes se queixam de sensibilidade ou sensação de queimação. Em tais casos corticosteróides tópicos como a fluocinonida ou betametasona gel, propiciam um alívio quando aplicados sobre as áreas lesionadas. 30 Úlcera ou Ulceração São lesões que ocorrem solução de continuidade do epitélio com exposição do tecido conjuntivo subjacente. Segundo Regezzi, 2000, as lesões fundamentais do tipo úlcera podem se manifestar nas seguintes patologias: Condições Ulcerativas LESOES REACIONAIS INFECÇOES BACTERIANAS Sífilis Gonorréia Tuberculose Lepra Actinomicose Noma DOENÇAS FÚNGICAS, MICOSES Micoses Profundas Micoses Subcutâneas - Esporotricose Micoses Oportunistas - Ficomicose CONDIÇOES ASSOCIADAS À DISFUNÇAO IMUNOLÓGICA Úlceras Aftosas Síndrome de Behçet Síndrome de Reiter Eritema Multiforme Lúpus Eritematoso Reações a Medicamentos Alergia por Contato Granulomatose de Wegener Granuloma Mediano Doença Granulomatosa Crônica Neutropenia Cíclica 31 NEOPLASMAS Carcinoma de Células Escamosas Carcinoma do Seio Maxilar 32 Candidose A infecção pelo cândida albicans é denominada de candídiase ou também candidose. É uma infecção muito comum no homem, e por apresentar diversas manifestações clínicas muitas vezes é difícil fazer o diagnóstico. A C. albicans pode ser um componente normal da microbiota bucal, e 30 a 50 % das pessoas simplesmente possuem os microrganismos em suas bocas, sem evidencia clínica de infecção. Como resultado desta infecção complexa entre hospedeiro e microrganismo, a infecção por cândida pode variar desde o leve envolvimento da superfície mucosa, observada na maioria dos pacientes, a uma doença fatal quando disseminada em pacientes gravemente imunodeprimidos. O envolvimento do ângulo da boca é caracterizado por eritema, fissuração e descamação. Algumas vezes, esta condição é um componente da candidose multifatorial crônica, porem muitas vezes ocorre isoladamente, especialmente em pessoas idosas com dimensão vertical reduzida e sulcos acentuados nos cantos da boca. A saliva tende a acumular nessas áreas, retendo muita umidade e favorecendo uma infecção por leveduras. 33 Características histopatológicas As hifas de Candida e leveduras podem ser identificadas pelo método de coloração com ácido periódico de Schiff (PAS). O método PAS cora os carboidratos que existem em abundância na parede celular dos fungos. Freqüentemente, as hifas são acompanhadas por um número variável de leveduras, células epiteliais escamosas e células inflamatórias. Comumente são encontrados aumento da espessura de paraceratina. Com a paraceratina não existe camada de células granulares e os núcleos epiteliais ficam retidos na camada de ceratina, na superfície da lesão e alongamento das papilas epiteliais. Caracteristicamente, pode ser observado um infiltrado inflamatório crônico de células inflamatórias no tecido conjuntivo logo abaixo do epitélio infectado. Freqüentemente, pequenas coleções de neutrófilos, são identificadas na camada de paraceratina e camada de célula espinhosa próximo aos microrganismos. Diagnóstico É feito pelos sinais clínicos e exame de citologia esfoliativa. Tratamento e prognóstico A primeira escolha é a Nistatina 100.000 UI, suspensão oral, pastilha, ou gel. Também pode ser indicado, o creme de Clotrimazol também é eficaz no tratamento é eficaz no tratamento para queilite angularporque essa droga possui propriedades antifúngicas e antibacteriana. O Itraconazol também é bem indicado nesses casos. Na maioria dos casos, a candidose oral é incomoda infecção superficial resolvida com tratamento antifúngico. Se a infecção recorrer após o tratamento, pode ser necessária uma investigação meticulosa dos fatores que possam predispor a candidose, como a imunossupressão. Apenas os pacientes mais gravemente comprometidos a candidose provoca doença profundamente invasiva. 34 Herpes simples O vírus herpes simples é um vírus DNA e um membro da família do herpesvírus humano, o que pode ocasionar lesões na cavidade bucal é o tipo 1 (HSV-1 ou HHV-1). Ele é predominantemente disseminado pela saliva infectada ou de lesões periorais ativas. Os locais mais atingidos são, faringe, áreas intra-orais, lábios, olhos e pele acima da cintura. A exposição inicial é denominada de infecção primária, atinge faixas etárias jovens, é assintomática, o vírus progride através dos nervos sensitivos e é transportado para os gânglios autônomos. Com a infecção oral o vírus coloniza o gânglio trigêmeo, e o vírus permanece em latência. A infecção pelo HSV-1 secundário ou recorrente, ocorre com a reativação do vírus, muitos pacientes podem apenas apresentar infecção assintomática do vírus na saliva. As recorrências sintomáticas são comuns e afetam o epitélio inervado pelo gânglio sensitivo. 35 Características clínicas Gengivoestomatite herpética aguda - a maioria dos casos ocorre entre os seis meses e cinco anos. O início da infecção é abrupta e frequentemente acompanhado por linfadenopatia cervical anterior, calafrios, febre, náusea, anorexia, irritabilidade e lesões orais dolorosas. Inicialmente as lesões são diversas vesículas puntiformes, que rapidamente se rompem e formam inúmeras lesões pequenas e avermelhadas. Essas lesões iniciais aumentam um pouco de tamanho e desenvolvem áreas centrais de ulceração, recobertas por uma fibrina amarelada. As ulcerações podem coalescer e formar ulcerações maiores rasas e irregulares. Pode atingir qualquer local da mucosa e o número das lesões é altamente variável. Pode atingir também a pele adjacente ao vermelhão do lábio. Geralmente o caso se resolve em 5 dias, mas os casos mais graves se resolvem em torno de até duas semanas. Características histopatológicas O vírus exerce seus principais efeitos nas células epiteliais que mostram a denominada degeneração balonizante, que caracteriza-se pela acantólise e núcleo claro aumentado, essas células acantolíticas são denominadas de células de Tzanck. Ocorre fragmentação nuclear com condensação da cromatina ao redor da periferia do núcleo, pode ocorrer fusão entre as células. O edema que ocorre entre as células leva à formação de uma vesícula intra-epitelial. As vesículas localizadas na pele persistem e desenvolvem infiltração secundária por células inflamatórias. A partir do rompimento, as lesões mucosas apresentam uma membrana fibrinopurulenta na superfície. Diagnóstico Podem ser confundidas com outras doenças, e a confirmação laboratorial é necessária. A biópsia do tecido e o esfregaço citológico são os dois dos procedimentos diagnósticos mais usados, sendo o estudo citológico o menos invasivo e o de melhor custo benefício. O vírus produz alterações histológicas distintas dentro do epitélio infectado. Tratamento e prognóstico A gengivo estomatite herpética primária, se a infecção é diagnosticada no início, os medicamentos antivirais podem ter um impacto significativo. Os pacientes devem ser instruídos a restringir o contato com as lesões ativas, para prevenir a disseminação para outros locais e pessoas. O aciclovir é muito bem indicado nesses casos, pode-se indicar solução para bochecho. Os antiinflamatórios não esteroidais também ajudam a aliviar o desconforto. 36 Herpes recorrente Pode ocorrer nos mesmos locais da infecção primária, porem a localização mais comum é na borda do vermelhão e pele adjacentes dos lábios. O aparecimento das lesões vem seguidas de dor, ardência, prurido, pontadas, calor localizado ou eritema no epitélio envolvido, estes sinais e sintomas são denominados de sinais prodominais, que aparecem de seis a 24 horas antes do desenvolvimento das lesões . Desenvolvem-se inicialmente múltiplas pápulas de 1 a 3 milímetros, pequenas e eritematosas, que formam grupos de vesículas preenchidas por líquido. As vesículas rompem e formam crostas em dois dias. A cicatrização usualmente ocorre entre sete e 10 dias. Características histológicas O vírus exerce seus principais efeitos nas células epiteliais que mostram a denominada degeneração balonizante, que caracteriza-se pela acantólise e núcleo claro aumentado, essas células acantolíticas são denominadas de células de Tzanck., e núcleo claro aumentado. Ocorre fragmentação nuclear com condensação da cromatina ao redor da periferia do núcleo, pode ocorrer fusão entre as células. O edema que ocorre entre as células leva à formação de uma vesícula intra-epitelial. 37 As vesículas localizadas na pele persistem e desenvolvem infiltração secundária por células inflamatórias. A partir do rompimento, as lesões mucosas apresentam uma membrana fibrinopurulenta na superfície. Diagnóstico Podem ser confundidas com outras doenças, e a confirmação laboratorial é necessária. A biópsia do tecido e o esfregaço citológico são os dois dos procedimentos diagnósticos mais usados, sendo o estudo citológico o menos invasivo e o de melhor custo benefício. O vírus produz alterações histológicas distintas dentro do epitélio infectado. Tratamento e prognóstico Os pacientes devem ser instruídos a restringir o contato com as lesões ativas, para prevenir a disseminação para outros locais e pessoas. O aciclovir é muito bem indicado nesses casos, pode-se indicar solução para bochecho. Os antiinflamatórios não esteroidais também ajudam a aliviar o desconforto. Úlcera aftosa recorrente 38 As úlceras aftosas recorrentes são muito comuns e sem causa definida. Apesar de não haver um único agente etiológico responsável pela alteração patológica, a destruição da mucosa parece representar uma reação imunológica mediada pelas células T (linfócitos). Etiologias - as possíveis causas podem ser, alergias; predisposição genética; deficiências nutricionais, anormalidades hematológicas, influências hormonais, agentes infecciosos, trauma e estresse. As três variações clínicas da estomatite aftosa são: 1 Úlceração aftosa menor; 2 Úlceração aftosa maior; 3 Úlceração aftosas herpetiformes. Úlceração aftosa menor - têm uma menor taxa de recorrência, e menor tempo de duração, e se desenvolvem quase que exclusivamente em mucosa não-ceratinizada (mucosa jugal e labial). As lesões podem ser precedidas por sintomas prodrômicos como queimação, prurido, pontadas e o aparecimento de máculas eritematosas. A mácula progride para uma ulceração, recoberta por uma membrana fibrinopurulenta, removível, branco-amarelada, circunscrita por um halo eritematoso. Medem em torno de 3 a 10 mm e duram de 7 a 14 dias. Não deixam cicatrizes. Pacientes do sexo feminino são mais afetadas, e geralmente surge durante a infância ou na adolescência. Úlceração aftosa maior - apresentam-se mais extensas que as aftas menores, e episódios de maior duração, pode surgir de 1 a 10 lesões. São lesões mais profundas, medem cerca de 1 a 3 cm de diâmetro, levam cerca de duas a seis semanas para regredir e pode deixar cicatriz.Qualquer superfície pode ser afetada, mas a mucosa labial, o palato mole e as fauces tonsilares são os locais mais acometidos. Geralmente inicia na puberdade e pode ter recorrências por até 20 anos ou mais. Úlceração aftosas herpetiformes - possuem um número mais alto de lesões e com uma alta frequencia de recorrência. As lesões podem medir 1 a 3 mm de diâmetro, devido ao pequeno tamanho e a alta quantidade, as lesões podem se mostrar semelhantes a infecção primária do herpes virus, devido a isso elas são denominadas de herpetiformes. Cicatrizam-se em sete a 10 dias, há uma predileção pelo sexo feminino e pela mucosa não ceratinizada bucal. Características histopatológicas - não possui padrão histopatológico específico, porém as úlceras iniciais apresentam o centro ulcerado com uma membrana fibrinopurulenta, o tecido conjuntivo apresenta uma alta vascularização e infiltrado inflamatório misto, composto de linfócitos, histiócitos e leucócitos polimorfonucleares. As margens da lesão apresentam epitélio com espongiose e numerosas células mononucleadas no terço basilar. Diagnóstico é clínico e é importante investigar a história médica do paciente, e por não ter padrão histopatológico específico, a biópsia é necessária para o diagnóstico diferencial. Tratamento e prognóstico a maioria dos pacientes com aftas brandas não requer tratamento, se necessário apenas tratamento tópico, com corticosteróides, para minimizar a frequencia e intensidade dos ataques. Para os pacientes com aftas menores disseminadas ou herpetiformes pode ser indicados o xarope de betametasona ou o elixir de dexametasona a 0,01%, usado como bochecho. Para úlceras localizadas pode-se usar dipropionato de betametasona a 0,05% ou com o gel de fluocinonida a 0,05%. Nos casos mais resistentes ao tratamento tópico, podemos indicar o uso de corticosteróides sistêmicos. 39 Úlcera traumática Etiologia Como o próprio nome sugere, é um trauma agudo ou crônico, pode ocorrer devido à alimentos cortantes ou mordidas acidentais durante a mastigação, escovação excessiva, conversação ou mesmo dormindo. Podem permanecer por longos períodos de tempo, mas a maioria geralmente regenera em poucos dias. Causada por mordida e por acidente. Características clínicas ocorrem mais frequentemente na língua, lábios e mucosa jugal, as quais podem ser lesionadas pela dentição. Podem ocorrer lesões na gengiva, palato e fundo de sulco vestibular por outras fontes de irritação, como pela escovação excessiva. Geralmente são lesões individuais com uma área eritematosa que circunda uma membrana removível, central, amarela, fibrinopurulenta. A lesão pode desenvolver um alo esbranquiçado hiperceratótico, adjacente à área de ulceração. 40 Características histopatológicas as ulcerações traumáticas possuem uma membrana fibrinopurulenta que consiste microscopicamente em fibrina misturada com neutrófilos. O epitélio adjacente pode apresentar-se normal ou com hiperplasia leve com ou sem hiperceratose. A base da úlcera consiste em um tecido de granulação que possui linfócitos, histiócitos , neutrófilos e ocasionalmente plasmócitos. Tratamento e prognóstico para ulcerações traumáticas que tenham uma óbvia fonte de injúria, a causa deve ser removida. O cloridrato de diclonina ou películas de hidroxipropil celulose podem ser aplicados para alívio da dor. Se a causa não é obvia ou se o paciente não responde ao tratamento, é indicada a biópsia. Carcinoma Epidermoide 41 Na grande maioria o carcinoma vem dos ceratinócitos epidérmicos que foram danificados pela luz solar. Possui significativo potencial de metastatizar-se para os linfonodos regionais e para além destes. A mais alta incidência deste tumor é entre pessoas de pele clara, após longa exposição à luz solar. Além disso, os carcinogênicos, como o alcatrão, óleos, e arsênico; a exposição aos raios X; presença de doenças na pele que causam cicatrizes; assim como queimaduras acentuadas e lúpus eritematoso discóide também predispõem a transformação maligna do epitélio. Características clínicas Forma-se uma úlcera com bordas elevadas, levemente duras e eritematosa circunjacente. As lesões podem se apresentar como placas ou pápulas. As áreas freqüentemente afetadas são, o lábio inferior, a ponta da orelha e as regiões infra orbitais, assim como o dorso do nariz. Características histológicas O tumor consiste em ceratinócitos, atípicos que invadem a derme e mais além. Assim como no carcinoma espinocelular, as características citológicas são: uma razão núcleo-citoplasma aumentada, hipercromasia nuclear, ceratinização de células individuais, células gigantes tumorais, figuras atípicas de mitose e aumento da taxa de mitose. Tratamento e prognóstico A base da terapêutica é a excisão. O modo de excisão, entretanto, depende do tamanho e localização da lesão. Na maioria dos casos com lesões avançadas associa-se quimioterapia e/ou radioterapia à terapêutica. A taxa de cura em 5 anos é de aproximadamente 90%. 42 Penfigóide Cicatricial Representa o grupo de doenças bolhosas auto-imunes crônicas, nas quais auto-anticorpos unidos aos tecidos são direcionados contra um ou mais componentes da membrana basal. Autores acreditam que ele seja duas vezes menos comum que o pênfigo vulgar. Características clínicas Geralmente acomete adultos com idade entre 50 e 60 anos, as mulheres são afetadas mais freqüentemente do que os homens (2:1). As lesões geralmente acometem a mucosa bucal, mas podem também atingir as mucosas conjuntival, nasal, esofágica, laríngea e vaginal, a pele também pode estar envolvida. As lesões bucais se inicial como vesículas ou bolhas. As bolhas no penfigóide cicatricial se formam em localização subeptelial, formando uma bolha com teto mais espesso e resistente do que a bolha do pênfigo vulgar. Posteriormente essas bolhas se rompem formando extensas áreas de ulcerações superficiais, essas lesões são dolorosas e duram de semanas a meses quando não tratadas. Atinge principalmente a gengiva, esse envolvimento produz uma reação que é chamada de gengivite descamativa. A complicação mais significativa do penfigóide é o envolvimento ocular, que quando não tratado pode levar a perda da visão. O estágio final de envolvimento ocular também pode ser caracterizado pela união entre as pálpebras superior e inferior. 43 Características histopatológicas 1 - Fenda entre o tecido epitelial e tecido conjuntivo. A biópsia da mucosa perilesional revela uma divisão entre o epitélio da superfície e o tecido conjuntivo subjacente. Um discreto infiltrado de células inflamatórias crônicas está presente na submucosa superficial. Para um diagnóstico preciso, deve ser obtido o tecido perilesional, e não a própria lesão ulcerada. Outra alternativa para diagnóstico é a imunofluorescência direta. Tratamento e prognóstico O paciente deve ser encaminhado ao oftalmologista que se já familiarizado com as lesões oculares desta condição para um exame detalhado da mucosa conjuntival. Não existe um único tratamento ideal para todos os pacientes, o tratamento deve ser individualizado, dependendo da disposição das lesões, da atividade da doença e da resposta terapêutica de cada indivíduo. Podemos utilizar os agentes corticosteróides tópicos, caso as lesões sejam restritas a cavidade bucal, com aplicação de uma a 3 vezes ao dia sobre as lesões. Caso as lesões regridam, pode se diminuir a dose gradativamente até cessar por completo a administração. Casoos corticosteróides tópicos sejam insatisfatórios, podemos indicar os sistêmicos associado a um agente imunossupressor, se o paciente não tiver restrição médica. Este tipo de tratamento é muito bem indicado nos casos de envolvimento ocular. 44 Vesícula e bolha (bolha) 45 (Pústula) (Vesículas) 46 São elevações do epitélio contendo líquido no seu interior A membrana de revestimento pode ser fina ou espessa, conforme a lesão esteja localizada sub ou intra epitelial. São consideradas vesículas aquelas que não ultrapassem 3 mm no seu maior diâmetro, sendo o restante considerado bolha Segundo Regezzi, 2000, as lesões fundamentais do tipo Vesiculobolhosas podem se manifestar nas seguintes patologias: Doenças vesiculobolhosas DOENÇAS VIRÓTICAS Infecções pelo Virus do Herpes Simples Infecções pelo Vírus da Varicela-Zoster Doença das Mãos, Pés e Boca Herpangina Sarampo (Rubéola) CONDIÇÕES ASSOCIADAS A DEFEITOS IMUNOLÓGICOS Pênfigo Vulgar Penfigoide Cicatricial Penfigoide Bolhoso Dermatite Herpetiforme DOENÇAS HEREDITÁRIAS Epidermólise Bolhosa LESÕES REACIONAIS (NÃO-INFECCIOSAS) Extravasamento de muco Cisto de retenção de muco Rânula Mucocele do Seio Maxilar Cisto e Pseudocisto de retenção do Seio Maxilar Sialometaplasia Necrosante Patologia das Glândulas Salivares Induzida por Radiação Hiperplasia Adenomatóide 47 48 Hemangioma Hemangioma, é uma alteração típica da infância, são mais comuns em mulheres e pessoas leucodermas. Em 60 % dos casos atinge a região de cabeça e pescoço. (NEVILLE, 2004). Podem ser confundidas clinicamente com mal formações vasculares, pois as características se sobrepõem; (REGEZI, 2000); Geralmente aparecem por volta da época do nascimento. Essa lesão pode apresentar um período de evolução, e vários anos depois, apresentar períodos de involução. Já as mal formações vasculares, geralmente não involuem; Os hemangiomas são classificados em capilar e cavernoso, o que os diferencia essencialmente, é o diâmetro dos vasos sangüíneos. Características histológicas Seta - Grande quantidade de vasos calibrosos 49 Diagnóstico O diagnóstico é clinico, e podemos usar alguns métodos para auxiliar na confirmação do diagnóstico, como por exemplo: Diascopia - vitropressão; RX - quando se tem suspeita de acometimento ósseo; Punção e biópsia (superficiais); Ultra-sonografia, tomografia, ressonância, angiografia, caso a lesão seja muito grande. Tratamento e prognóstico Em lesões pequenas, devemos fazer apenas o acompanhamento, sendo que geralmente em crianças e adolescentes há remissão desses hemangiomas. Em lesões maiores podemos optar por cirurgia excisional, tratamento com laser, criocirurgia. E em lesões superficiais podemos fazer a esclerose com Ethamolin (Oliato de Etalolamina). Em casos mais agressivos, em que a lesão não regride, podemos fazer a corticoterapia, juntamente com acompanhamento médico. Nesse caso optamos por remoção total do hemangioma. 50 Mucocele Mucocele é o termo clínico que abrange o fenômeno de extravasamento de muco e o cisto de retenção do muco. A justificativa de serem considerados separadamente reside no fato de apresentarem microscopia e patogenia distintas. O lábio inferior é a sede mais freqüente do fenômeno, a mucosa jugal, a superfície ventral da língua, o assoalho da boca e a região retro molar são, comumente, afetados. São usualmente indolores e de superfície regular, com coloração ou transparência azulada, tendo uma localização mais superficial. Seu diâmetro varia de alguns poucos milímetros a uns poucos centímetros. Adolescentes e crianças são afetados mais comumente, ocorrendo cerca da metade dos casos relatados abaixo dos 21 anos de idade e mais de um quarto entre os 11 e 20 anos. Pode diminuir de tamanho pela ruptura ou reabsorção do depósito de mucina. O tamanho máximo geralmente é alcançado ao cabo de alguns dias depois da injúria e, quando se tenta fazer aspiração, encontra-se um material viscoso. Extravasamento de muco A etiologia de extravasamento de muco está relacionada com o trauma mecânico ao ducto excretor da glândula salivar menor, produzindo sua transecção ou ruptura. O extravasamento de muco é em estroma do tecido conjuntivo, contendo inicialmente neutrófilos, seguido por macrófagos. Segue-se uma resposta tipo tecido de granulação, resultando na formação de uma parede em volta do depósito de mucina. 51 Características histopatológicas Uma cavidade bem-circunscrita envolta por tecido de granulação contendo mucina livre. Há um grande número de neutrófilos, macrófagos, linfócitos e, ocasionalmente, células plasmáticas. Tratamento e prognóstico O tratamento preferido para o fenômeno de extravasamento de muco é a excisão cirúrgica. A remoção das glândulas salivares menores, associada com muco acumulado, é necessária para evitar a recidiva. Rânula Rânula é um termo usado para os mucoceles que ocorrem no soalho da boca. Embora a fonte do extravasamento de mucina seja usualmente a glândula submandibular, as rânulas podem originar-se do ducto submandibular ou, possivelmente, das glândulas salivares menores do soalho da boca. 52 Características clínicas A rânula apresenta-se como uma tumefação azulada, flutuante, com a forma de cúpula no soalho da boca. As lesões mais profundas podem ter coloração normal. As rânulas tendem a ser maiores do que os mucoceles, podem atingir muitos centímetros de diâmetro, ocupar todo o soalho da boca e elevar a língua. Geralmente ela se localiza lateralmente à linha média. Assim como as mucoceles, as rânulas podem romper-se e liberar o conteúdo mucoso. Características histopatológicas Glândula salivar Vasos sanguineos Presença de macrófagos no interior da luz/bolha Material mucóide A mucina extravasada é circundada por tecido de granulação reacional que caracteristicamente contém histiócitos espumosos (macrófagos). Tratamento e prognóstico O tratamento da rânula consiste na remoção e/ou marsupialização da glândula sublingual. A marsupialização requer a remoção do teto da lesão intra-oral, permitindo assim o ducto da glândula sublingual restabeleça a comunicação com a cavidade oral. No entanto, este procedimento, é freqüentemente mal sucedido. O mais efetivo é a remoção da glândula envolvida, assim será prevenido a recidiva da rânula. 53 Pápula Verrucosa As lesões deste grupo relativamente pequeno apresentam-se como excrescências das mucosas. Elas variam de lesões insignificantes, de crescimento limitado, ao carcinoma verrucoso. Segundo Regezzi, 2000, as lesões fundamentais do tipo pápula verrucosa podem se manifestar nas seguintes patologias: Lesões Verrucosas-Papilares (Pápulas) LESÕES REACIONAIS Hiperplasia papilar Condiloma plano Papiloma Escamoso/Verruga Vulgar Bucal Condiloma Acuminado Hiperplasia Epitelial Focal NEOPLASMAS Ceratoacantoma Carcinoma Verrucoso ETIOLOGIA DESCONHECIDA Pioestomatite Vegetante Xantoma Verruciforme 54 Papiloma É um crescimento papilar e verrucoso formado por epitélio benigno e pequenas quantidades detecido conjuntivo de sustentação. É a lesão papilar mais comum da mucosa bucal, constituindo aproximadamente 2,5% das lesões da boca. Em alguns papilomas bucais, foi demonstrada a associação com o subtipo do mesmo vírus do papiloma humano (HPV). Outros papilomas bucais têm sido associados a diferentes subtipos do HPV. Etiologia Um suposto agente etiológico dos papilomas do trato aéreo digestivo superior é um membro do grupo dos papilomavírus, chamado atualmente de HPV. É um vírus DNA contendo uma única molécula de cadeia dupla do DNA. A replicação do HPV ocorre no núcleo das células epiteliais em conseqüência da estimulação da síntese do DNA celular. 55 Características clínicas Podem ser encontrados no vermelhão dos lábios e na mucosa da boca, com predileção pelo palato duro, palato mole e úvula. Essas três últimas localizações constituem aproximadamente um terço das lesões encontradas. Em geral medem menos do que 1cm na maior dimensão e aparecem como alterações exofíticas da superfície, entre granulares e semelhantes a couve-flor. As lesões são comumente solitárias e assintomáticas. Características histopatológicas Proliferação do epitélio pavimentoso estratificado paraqueratinizado Espessamento da camada de ceratina (hiperparaqueratina) Atipia coilocitótica (células alteradas pelo vírus) Tecido muscular Tecido conjuntivo Crescimento exagerado do epitélio escamoso normal. Da superfície livre do epitélio, partem extensões sustentadas por um estroma de tecido conjuntivo bem vascularizado. As células epiteliais da parte superior podem apresentar coilocitose. Vários subtipos de HPV podem ser demonstrados nas referidas lesões. Diagnóstico diferencial Quando solitário, inclui o xantoma verruciforme, hiperplasia papilar e condiloma acuminado. Tratamento e prognóstico Apesar de muitos papilomas escamosos parecerem ser causados por vírus, a infecciosidade do HPV deve ser muito baixa. Nas lesões bucais, a via de transmissão do vírus é desconhecida, embora seja considerado o contato direto. 56 Pápulas São pequenas lesões sólidas, circunscritas, elevadas, cujo diâmetro não ultrapassa 5 mm. Podem ser únicas ou múltiplas; Quando aglomeradas constituem um a placa papilomatosa 57 Hiperplasia papilar inflamatória É um crescimento tecidual reacional, que usualmente desenvolve-se por baixo da dentadura. Embora a patogênese exata seja desconhecida, mais freqüentemente a condição parece estar relacionada a: Má adaptação da dentadura; Câmara de sucção; Má higienização da dentadura; Uso diário da dentadura durante 24 horas. Características clínicas Ocorre no palato duro, abaixo da base da dentadura. Menos freqüentemente, esta hiperplasia desenvolve-se no rebordo alveolar mandibular edêntulo ou na superfície de uma epúlide fissurada (hiperplasia fibrosa inflamatória). A mucosa apresenta-se eritematosa e apresenta uma superfície papilar ou pedregosa. Muitos casos estão associados com a "queimação" na boca por dentadura, por estar geralmente associada à candidose. A mucosa exibe numerosos crescimentos papilares na superfície, cobertos por epitélio escamoso estratificado hiperplásico. Nos casos avançados, esta hiperplasia tem aspecto pseudo-epitélio- matoso. O tecido conjuntivo pode variar de frouxo e edematoso a densamente colagenizado. Usualmente observa-se infiltrado de células inflamatórias crônicas, que consiste em linfócitos e plasmócitos. Podem estar presentes leucócitos polimorfonucleares. Se as glândulas salivares subjacentes estão presentes, freqüentemente mostram sialoadenite esclerosante. 58 Tratamento e prognóstico Para as lesões muito iniciais de hiperplasia papilar inflamatória, a remoção da dentadura pode permitir a diminuição do eritema e edema, e o tecido pode readquirir a aparência normal. A condição pode melhorar com o uso de antifúngicos sistêmicos ou tópico, para as lesões mais avançadas e colagenizadas recomenda-se a plastia das lesões (excisão com bisturi da espessura parcial ou total da lesão. Após a cirurgia, a prótese em uso deve ser revestida com material temporário que atue como curativo palatino, nesse caso utilizamos cimento cirúrgico. Nos casos que a prótese tem câmara de sucção, primeiro optamos por reembasar a prótese com RAAQ (resina acrílica ativada quimicamente), de forma progressiva a cada sessão, até a lesão regredir totalmente e após isso confeccionar uma prótese nova. 59 Nódulos São lesões sólidas , circunscritas, de localização superficial ou profunda e formadas por tecido epitelial, conjuntivo ou misto. Podem ser pediculados , quando seu maior diâmetro é superior ao da base de implantação, ou séssil, quando o da base é maior. Segundo Regezzi, 2000, as lesões fundamentais do tipo nódulo podem se manifestar nas seguintes doenças : Tumefações Submucosas (por região) (Nódulos) TUMEFAÇÕES GENGIVAIS Focais Granuloma Piogênico Granuloma Periférico de Células Gigantes Fibroma Periférico Parúlide Exostose Cisto Gengival Cisto de Erupção Epúlide Congênita do Recém-Nascido Hiperplasia generalizada Gengivite Hiperplasia Inespecífica Hiperplasia Induzida pelo Dilatin Hiperplasia Induzida pelos Hormônios Hiperplasia induzida pela Leucemia Hiperplasia Fibrosa Idiopática 60 Granuloma piogênico É um crescimento comum da cavidade bucal semelhante a um tumor, considerado de natureza não neoplásica. Considera-se que o granuloma piogênico representa uma reação tecidual exuberante a uma irritação local ou trauma. Características clínicas Variam em tamanho, podendo apresentar apenas alguns milímetros, a lesões maiores. A massa é indolor, embora com frequência, sangra facilmente devido à sua extrema vascularização. Apresenta crescimento rápido. Em 75% ocorre na gengiva (mais na face vestibular), os lábios, língua e mucosa jugal são outras localizações mais comuns. A história de trauma antes do desenvolvimento da lesão não é incomum. É comum em crianças e adultos jovens, com predileção pelo sexo feminino, possivelmente devido às alterações hormonais. Características histopatológicas Há uma proliferação altamente vascular, que lembra o tecido de granulação. Numerosos canais pequenos e grandes, revestidos por endotélio, são formados, estando obliterados por hemácias. Algumas vezes, estes vasos são organizados em agregados lobulares, e alguns patologistas se valem deste arranjo para elaborar o diagnóstico (hemangioma capilar lobular). Usualmente, a superfície é ulcerada e substitui por uma membrana fibrinopurulenta espessa. Um infiltrado celular inflamatório 61 misto de neutrófilos, plasmócitos e linfócitos. Os linfócitos pequenos podem ser linfócitos T ou linfócitos B. Os linfócitos tem um papel importante na defesa do corpo.) é evidente. Tratamento e prognóstico Consiste na excisão cirúrgica conservadora da lesão, usualmente curativa. Para as lesões gengivais, a excisão deve se estender abaixo do periósteo e os dentes adjacentes devem ser raspados eficazmente, a fim de remover qualquer fonte de irritação contínua. Ocasionalmente as lesões recidivam. Hiperplasia fibrosa inflamatória Se desenvolve em associação com as bordas de uma prótese total ou parcial mal adaptada. Características clínicas
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