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Precipitações Eng. Civil Bruna Pereira da Silva Medida das precipitações • É medida pela quantidade de água caída e acumulada sobre uma superfície plana e impermeável • No Brasil a precipitação é convencionalmente medida por meio de aparelhos chamados de pluviômetros ou pluviógrafos. • Tanto um como o outro colhem uma pequena amostra, pois têm uma superfície horizontal de exposição de 500cm² e 200cm², colocados a 1,5m do solo. • As leituras feitas pelo observador do pluviômetro, normalmente em intervalos de 24 horas, em provetas graduadas, são anotadas em cadernetas próprias que são enviadas á agência responsável pela rede pluviométrica, todo mês. Elas se referem a quase sempre ao total precipitado das 7 horas da manhã até as 7 horas do dia em que se fez a leitura. • Durante o processo de monitoramento e operação do instrumento podem ocorrer alguns erros que devem ser minimizados: • perdas por evaporação da água contida no coletor • contagem incorreta do número de provetas resultantes, no caso de chuvas importantes • água derramada durante a transferência do coletor para a proveta • graduação da proveta não correspondente à área da boca do pluviômetro • leitura defeituosa da escala da proveta • anotação incorreta na caderneta do observador Radar • A chuva também pode ser estimada utilizando radares meteorológicos. A medição de chuva por radar está baseada na emissão de pulsos de radiação eletromagnética que são refletidos pelas partículas de chuva na atmosfera, e na medição do da intensidade do sinal refletido. A relação entre a intensidade do sinal enviado e recebido, denominada refletividade, é correlacionada à intensidade de chuva que está caindo em uma região. A principal vantagem do radar é a possibilidade de fazer estimativas de taxas de precipitação em uma grande região no entorno da antena emissora e receptora, embora existam erros consideráveis quando as estimativas são comparadas com dados de pluviógrafos. Características gerais da precipitação • Altura Pluviométrica (P): • Corresponde à espessura média da lâmina da água precipitada, que recobriria a região atingida pela precipitação, admitindo-se que esta água não se infiltrasse, não evaporasse nem escoasse para fora dos limites da bacia. A unidade de medição é o mm de chuva, definido como a quantidade de precipitação correspondente a um volume de 1 litro por metro quadrado de superfície. A altura pluviométrica total multiplicada pela área da bacia fornece o volume médio. A quantidade total de chuva (lâmina de água),dividida pela duração, indica a intensidade média dessa precipitação. Conceitualmente, define-se como a quantidade de chuva por unidade de tempo (mm/h), ou taxa de transferência de água da atmosfera para o solo. A intensidade varia de um instante para outro dentro da mesma precipitação. • Duração: • É o tempo transcorrido entre o início e o fim da chuva, expresso em horas ou minutos. • Freqüência de ocorrência: • É a quantidade de ocorrências de eventos iguais ou superiores ao evento de chuva considerado. Chuvas muito intensas tem frequência baixa, isto é, ocorrem raramente. Chuvas pouco intensas são mais comuns. • A tabela apresenta a análise de freqüência de ocorrência de chuvas diárias de diferentes intensidades ao longo de um período de 23 anos em uma estação pluviométrica no interior do Paraná. Observa-se que ocorreram 5597 dias sem chuva (P = zero) no período total de 8279 dias, isto é, em 67% dos dias do período não ocorreu chuva. Em pouco mais de 17% dos dias do período ocorreram chuvas com intensidade baixa (menos do que 10 mm). A medida em que aumenta a intensidade da chuva diminui a freqüência de ocorrência. • A variável utilizada na hidrologia para avaliar eventos extremos como chuvas muito intensas é o tempo de retorno (TR), dado em anos. • O tempo de retorno é uma estimativa do tempo em que um evento é igualado ou superado, em média. • Por exemplo, uma chuva com intensidade equivalente ao tempo de retorno de 10 anos é igualada ou superada somente uma vez a cada dez anos, em média. (Esta última ressalva “em média” implica que podem eventualmente, ocorrer duas chuvas de TR 10 anos em dois anos subsequentes). Processamento de dados pluviométricos • Detecção de erros grosseiros • Observações marcadas em dias que não existem (ex: 30 de fevereiro) • Quantidades absurdas (erros de transcrição) • Defeitos no aparelho • Preenchimento de falhas • Pode haver dias sem observação (vários motivos) • Uma série de dados de que se dispõe numa estação X, dos quais se conhece a média Mx num determinado número de anos, apresenta lacunas, que devem ser preenchidas. • Procedimento • Supõe-se que a precipitação no posto X(Px) seja proporcional às precipitações nas estações vizinhas A, B e C num mesmo período, que serão representadas por Pa, Pb, Pc. • Supõe-se que o coeficiente de proporcionalidade seja a relação entre a média Mx e as médias Ma, Mb, Mc, no mesmo intervalo de anos • Adota-se como valor Px a média entre os três valores calculados a partir de A, B, C. • Verificação da homogeneidade dos dados • Utiliza-se a curva dupla acumulativa ou curva de massa. • Escolhem-se vários postos de uma região homogênea sob o ponto de vista meteorológico • Acumulam-se os totais anuais em cada posto • Calcula-se a média aritmética dos totais precipitados em cada ano em todos os postos e acumula-se essa média • Grafam-se os valores acumulados da média dos postos contra os totais acumulados de cada um deles Intensidade de chuva, duração e velocidade. • Intensidade de chuva é o total precipitado por unidade de tempo. A taxa máxima possível é em torno de 10 mm/min. Duração é o tempo no qual uma chuva ocorre. • Duração-quantidade-área é um conceito usado em projeto de reservatórios, no qual se computa a área máxima de influência de um evento de precipitação de determinada altura (mm) e duração (horas). Quanto maior a área, menor a altura precipitada. Eventos de curta duração mostram uma redução maior da precipitação média/área que eventos mais longos. • Velocidade da chuva é importante nos processos de erosão e sedimentação. Chuva pesada em solo nu provoca uma mistura de partículas finas do solo na água que reduzem a infiltração no solo, provocando escoamento superficial e erosão. Análises de frequência • Séries anuais, parciais e completas. Selecionando, p.ex., o maior evento de chuva anual de 24 h para vários anos, e arranjando-os em ordem decrescente temos uma série anual. • Se eventos maiores que 10 mm são organizados (independentemente de quantos ocorreram por ano) temos uma série parcial. • Se todos os eventos de 24 h são ordenados em ordem decrescente, temos uma série completa. • Período de recorrência é o período de tempo médio esperado entre dois eventos de determinado impacto. É o recíproco da probabilidade. P.ex., se um evento de 250 mm em 24 h ocorre em 100 anos de uma série de 1000, a probabilidade p de o mesmo ocorrer em qualquer ano é 100/1000 = 0,1, então Tr = 10 anos. Mas um período qualquer de 10 anos pode conter vários ou nenhum evento destes. • Tr é em geral estimado a partir de séries anuais pelo uso da seguinte aproximação: • Em que n é o número de anos do registro e m é o ranking de um dado evento. O maior evento de chuva num período de 10 anos tem ranking 1, o 2 o maior ranking 2,... Seja um evento de120 mm em 24 h de ranking 2, então Tr = (10+1)/2 = 5,5 anos para eventos de 120 mm ou maiores. • Uso de Tr. De quantas maneiras um evento pode ocorrer ou não em dois anos sucessivos? • Em 3 das 4 maneiras da tabela acima, pode ocorrer o evento X. A probabilidade de qualquer das 4 combinações ocorra é: • Em que p2 é a probabilidade de ocorrência em 2 anos e q2 é a probabilidade de não ocorrência em 2 anos. Então, • Uma regra básica é que a probabilidade de não ocorrência em várias oportunidades é o produto das probabilidades de não ocorrência em cada oportunidade. Ou, • Ou generalizando, • Sendo pn a probabilidade de ocorrência em n anos e q a probabilidade de não ocorrência elevada a n-ésima potência. • Por exemplo: um dique é construído para impedir enchentes causadas por um evento de período de recorrência de 100 anos. Qual é a chance de falha em 25 anos? • A probabilidade de ocorrência em qualquer ano é p=0,01 e de não ocorrência é q = 1 – p = 0,99. • Assim • isto é, uma chance de 22 % de não reter a enchente em 25 anos. • Suponhamos que um risco de apenas 5 % seja aceitável, isto é, p25 = 0,05. Para que período de recorrência o dique necessita ser projetado? Precipitação média em uma bacia • Para se computar a precipitação média em uma superfície qualquer, é necessário utilizar as observações das estações dentro dessa superfície e nas suas vizinhanças. • Existem três métodos de cálculo: média aritmética, método de Thiessen e método das isoietas. • Média aritimética: consiste em simplesmente somarem as precipitações observadas num certo intervalo de tempo, simultaneamente, em todos os postos e dividir o resultado pelo número deles. (utilizar apenas para bacias menores que 5000m² com relevo suave) • Método de Thiessen: dá bons resultados quando o terreno não é muito acidentado. Consiste em dar pesos aos totais precipitados em cada aparelho, proporcionais à área de influência de cada um, que é determinada da maneira dada a seguir. • Os postos adjacentes devem ser unidos por linhas retas • Traçam-se perpendiculares a essas linhas a partir das distâncias médias entre os postos e obtêm-se polígonos limitados pela área da bacia • A área Ai de cada polígono é o peso que se dará à precipitação registrada em cada aparelho (Pi) • A média será dada por: • Método das Isoietas • Este método não é meramente mecânico como os outros dois e depende do julgamento da pessoa que o utiliza, podendo dar maior precisão, se bem utilizado. No caso, por exemplo, de regiões montanhosas, embora os postos em geral se localizem na parte mais plana é sempre possível levar em consideração a topografia dando pesos às precipitações, de acordo com a altitude do aparelho. • O traçado das isoietas é extremamente simples e semelhante ao de curvas de nível em que a altura da chuva substitui a cota do terreno. • Traçadas as curvas, medem-se as áreas (Ai) entre as isoietas sucessivas, (Hr e Hr+1) e calcula-se a altura média como sendo
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