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OK. RESUMO Direitos Difusos e Coletivos Coleção Leis Especiais para Concurso

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1 
 
 
RESUMO 
DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS 
COLEÇÃO LEIS ESPECIAIS PARA CONCURSOS 
 
CAPÍTULO I 
BREVE HISTÓRICO LEGISLATIVO DAS AÇÕES COLETIVAS 
 
As ações coletivas iniciaram sua história moderna no sistema processual 
brasileiro com a promulgação da Lei da Ação Popular (Lei n° 4.717/65). Nesse 
momento, duas foram as grandes alterações ocorridas em âmbito processual: a 
legitimação ativa e a coisa julgada. Isso porque, o art. 1º legitimou o cidadão a 
defender, em nome próprio, os direitos pertencentes a toda população, através da 
técnica chamada “substituição processual”. Já o art. 18 ampliou a qualidade da 
coisa julgada, dando-lhe efeito erga omnes. Se, porém, a ação fosse julgada 
improcedente por insuficiência de provas, qualquer cidadão teria a faculdade de 
propor novamente a ação, desde que fundada em nova prova (coisa julgada 
secundum eventum probationis). 
 
Outra lei importante no tocante às ações coletivas foi a Lei da Política Nacional do 
Meio Ambiente (Lei n° 6.938/91), prevendo a responsabilidade civil para os 
agentes poluidores do meio ambiente, e atribuindo ao MP a legitimidade para 
postular ação em defesa da natureza. 
 
Todavia, foi com o surgimento da Lei da Ação Civil Público – LACP (Lei n° 
7.347/85), que a tutela dos direitos coletivos passou a ser difundida e ter sua 
importância reconhecida. A LACP incorporou ao ordenamento jurídico institutos 
processuais coletivos como a extensão da legitimidade ativa a vários órgãos, 
entidades ou associações (art. 5º), previu a possibilidade de instauração do 
inquérito civil pelo MP, destinado à colheita de elementos para a propositura 
responsável da ACP, funcionando também como importante instrumento 
facilitador da conciliação extrajudicial. Porém, a LACP restringiu a utilização da 
ACP, no art. 1º, à defesa do meio ambiente, do consumidor, dos bens e direitos 
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Posteriormente, foram 
inseridos os inciso IV “a qualquer outro interesse difuso ou coletivo (acrescentado 
pelo CDC), V “por infração da ordem econômica e da economia popular 
(acrescentado pela MP n° 2180-35/01) e VI “à ordem urbanística (acrescentado 
também pela referida MP). 
 
A ACP só veio a ser ampliada com a CF88, determinando, definitivamente, um 
direito fundamental ao processo coletivo. Com efeito, o art. 129 III da CF previu a 
possibilidade da ACP para proteção “de outros interesses difusos e coletivos”. 
Não bastasse, previu uma série de ações constitucionais para a tutela dos direitos 
fundamentais coletivos materiais, tais como o mandado de segurança coletivo, o 
mandado de injunção e a ação popular. 
2 
 
 
Finalmente, a promulgação do CDC, em 1990, trouxe regras específicas e 
inovadoras para a tramitação dos processos coletivos. Estabeleceu os conceitos 
de direitos difusos, coletivos stricto sensu e individuais homogêneos, bem como 
alterou profundamente a LACP, criando um microssistema de tutela coletiva e 
inovando com institutos como o compromisso de ajustamento de conduta às 
exigências legais (TAC) e a possibilidade de litisconsórcio entre os MPs. 
 
Sobre tais inovações introduzidas pelo CDC, destacam-se: 
 
 A possibilidade de determinar a competência pelo domicílio do autor 
consumidor (art. 101, I); 
 A vedação da denunciação à lide e um novo tipo de chamamento ao 
processo (art. 88 e 101, II); 
 A possibilidade de o consumidor valer-se, na defesa dos seus direitos, de 
qualquer ação cabível (art. 83); 
 A tutela específica em preferência à tutela do equivalente em dinheiro (art. 
84) – note que à época não havia o art. 461 do CPC com a atual redação; 
 A extensão subjetiva da coisa julgada em exclusivo benefício das 
pretensões individuais (art. 103); 
 Regras de legitimação (art. 82) e de dispensa de honorários advocatícios 
(art. 87) específicos para as ações coletivas e aperfeiçoadas em relação 
aos sistemas anteriores; 
 Regulamentação da litispendência entre a ação coletiva e a ação individual 
(art. 104); 
 Alteração e ampliação da tutela da LACP, criando o microssistema do 
processo coletivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
CAPÍTULO II 
 MICROSSISTEMA PROCESSUAL COLETIVO 
 
Os sistemas do CDC e da LACP foram interligados, estabelecendo-se, assim, um 
microssistema processual coletivo, sendo aplicáveis, reciprocamente, conforme 
os arts. 90 do CDC e 21 da LACP (este último inserido pelo art. 117 do CDC). 
Mas não somente, também todas as demais leis que tratam dos direitos coletivos 
materiais e estabelecem regras processuais passam a integrar este 
microssistema, porque estar normas, unidas pelos princípios e lógica jurídica 
comum, não-individualista, se interpenetram e subsidiam. Assim, considerando 
um microssistema processual coletivo, o Título III do CDC deve ser aplicado, no 
que for compatível, à ação popular, à ação de improbidade administrativa, à ação 
civil pública e ao mandado de segurança coletivo. 
 
Já com relação à aplicação do CPC às ações coletivas, a doutrina afirma que o 
CPC terá aplicação somente se não houver solução legal nas regulações que 
estão disponíveis dentro do microssistema coletivo, ou seja, o CPC será residual 
e não imediatamente subsidiário, pois, verificada a omissão no diploma coletivo 
especial, o interprete, antes de angariar solução na codificação processual, 
ressalta-se, de índole individual, deverá buscar os ditames constantes do 
microssistema coletivo. 
 
STJ: Os arts. 21 da Lei da Ação Civil Pública e 90 do CDC, como normas de 
envio, possibilitaram o surgimento do denominado Microssistema ou Minissistema 
de proteção dos interesses ou direitos coletivos amplo senso, no qual se 
comunicam outras normas, como o Estatuto do Idoso e o da Criança e do 
Adolescente, a Lei da Ação Popular, a Lei de Improbidade Administrativa e outras 
que visam tutelar direitos dessa natureza, de forma que os instrumentos e 
institutos podem ser utilizados para "propiciar sua adequada e efetiva tutela" (art. 
83 do CDC). A Lei de Improbidade Administrativa estabelece prazo de 15 dias 
para a apresentação de defesa prévia, sem, contudo, prever a hipótese de 
existência de litisconsortes. Assim, tendo em vista a ausência de norma 
específica e existindo litisconsortes com patronos diferentes, deve ser aplicada a 
regra do art. 191 do CPC, contando-se o prazo para apresentação de defesa 
prévia em dobro, sob pena de violação aos princípios do devido processo legal e 
da ampla defesa. 
 
Exemplos da intercambiaridade entre os diplomas que tutelam direitos coletivos 
(LACP, o CDC e a Lei da Ação Popular): a) os efeitos em que a ação é recebido 
nos processos coletivos (art. 14 da LACP); b) conceito de direitos coletivos lato 
sensu (difusos, coletivos stricto sensu e individuais homogêneos – art. 82 do 
CDC); c) possibilidade de execução por desconto em folha de pagamento (art. 14, 
§3º, LAP); d) aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65, 
as sentenças de improcedência de ação civil pública sujeitam-se indistintamente 
ao reexame necessário (STJ). 
 
 
 
4 
 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO COLETIVO 
 
Princípio do interesse jurisdicional no conhecimento do mérito do processo 
coletivo: O juiz deve buscar facilitar o acesso à justiça, superando vícios 
processuais, pois as ações coletivas são ações de natureza social. Sob a luz 
desse princípio, deve o Judiciário flexibilizar os requisitos de admissibilidade 
processual para enfrentar o mérito do processo coletivo. Exemplo desse principio 
ocorre quando o juiz, ao invés de extinguir a ação coletiva por ilegitimidade da 
parte autora, publica editais convidando outros legitimados para assumirem a polo 
ativo. 
 
Princípio da máxima prioridade da tutela jurisdicional coletiva: 
Reconhecendo que “sempreexistirá interesse social na tutela coletiva”, o princípio 
em foco determina a prioridade de tratamento de feitos destinados a tal espécie 
de tutela. A prioridade se justifica porque no julgamento dos conflitos coletivos se 
possibilita dirimir, em um único processo e em uma única decisão, uma séria de 
litígios repetitivos, seja por força da economia processual, seja para evitar 
decisões conflitantes. No entanto, isso não importa deixar de reconhecer a 
dignidade dos direitos individuais e a preferência destes no modelo de processo 
coletivo brasileiro. Exemplos: 1) A coisa julgada não prejudicará aos titulares de 
direitos individuais quando a ação coletiva for julgada improcedente (art. 103); 2) 
ao titular do direito individual será sempre possível optar por uma ação individual 
(Art. 104); 3) entre as execuções individuais e coletivas preponderam as 
primeiras, como forma de atender também a esse princípio (art. 99). 
 
Princípio da disponibilidade motivada da ação coletiva: Havendo interesse 
em desistir da ação, os motivos deverão estar presentes e fundamentados. Se for 
considerada infundada, caberá ao MP assumir a titularidade do feito quando a 
ação houver sido originariamente proposta por quaisquer dos legitimados (art. 5º, 
§3º, LACP). Se, porém, a desistência houver sido levada a efeito pelo MP, para 
parte da doutrina, caberá ao juiz aplicar analogicamente a regra do art. 28 do 
CPP. Contudo, há opiniões discordantes, entendendo pela aplicação do art. 9º da 
LACP. Entendemos que a regra aplicável deve ser a do art. 9º da LACP, uma vez 
que, juntamente com o CDC, formam o microssistema processual coletivo. Uma 
terceira corrente advoga a extinção do processo sem resolução do mérito, 
utilizando-se do art. 267, III e VIII do CPC. Tal solução traz o benefício de evitar a 
formação da coisa julgada material, sem existir prejuízo ou necessidade de 
controle da extinção do processo pelo Conselho Superior dos MPs Estaduais ou 
pelas Câmaras de Coordenação e Revisão do MPF, sendo que a ausência de 
análise permitirá a novo ajuizamento da ACP pelo próprio MP, e no caso de 
decisão dos órgãos superiores haveria vinculação e consequentemente, não 
poderia ser reproposta a ação. Mas é corrente minoritária. 
 
Princípio da presunção da legitimidade “ad causam” ativa pela afirmação de 
direito coletivo: De acordo com tal princípio, basta a afirmação de direito coletivo 
para que se presuma a legitimidade ad causam. O Poder Judiciário, ao aferir a 
legitimidade ativa do legitimado coletivo, não deve analisar a titularidade do direito 
5 
 
ou interesse coletivo. O interesse processual que importa conferir para assegurar 
as condições da ação não é do co-legitimado (substituto processual), mas a do 
grupo de substituídos. Essa legitimidade e interesse do substituto decorre ope 
legis (da lei). 
 
Princípio da não taxatividade da ação coletiva: De acordo com esse princípio, 
não se pode limitar as hipóteses de cabimento da ação coletiva. Assim, qualquer 
direito coletivo poderá ser objeto de ação coletiva. Esse princípio está inserto no 
art. 129, III, da CF “outros interesse difusos e coletivos”, bem como nos art. 5°, 
XXXV, da CF “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito” e art. 1°, IV, da LACP “qualquer outro interesse difuso ou 
coletivo”. 
 
Princípio do máximo benefício da tutela jurisdicional coletiva: Por tal 
princípio, busca-se o aproveitamento máximo da prestação jurisdicional coletiva, a 
fim de se evitar novas demandas, principalmente individuais que possuam a 
mesma causa de pedir. É o que se observa na extensão in utilibus da coisa 
julgada (art. 103, §3º, CDC), em que fica garantido ao titular do direito individual, 
em caso de precedência da demanda coletiva, utilizar a sentença coletiva no seu 
processo individual. 
 
Princípio do ativismo judicial ou da máxima efetividade do processo 
coletivo: O Poder Judiciário possui, no direito processual coletivo, poderes 
instrutórios amplos e deve atuar independentemente da iniciativa das partes para 
a busca da verdade processual e a efetividade do processo coletivo. O sistema 
vigente concede poderes instrutórios amplos, autorizando o juiz: 1) Determinar ex 
officio a produção de toda a prova necessária ao alcance da verdade processual; 
2) Conceder liminar, com ou sem justificação prévia (art. 12, Lei 7347/85); 3) 
Conceder a antecipação de tutela com ou sem requerimento da parte (art. 84, §3º, 
CDC); 4) Conceder medidas de apoio previsto no art. 84, §3º, do CDC, para 
assegurar o resultado prático equivalente. 
 
Princípio da máxima amplitude ou atipicidade da tutela jurisdicional 
coletiva: Em decorrência desse princípio, são cabíveis todos os tipos de tutelas 
no direito processual coletivo: preventivas, repressivas, condenatórias, 
declaratórias, constitutivas, mandamentais, executivas lato sensu, cautelares etc. 
Da mesma forma, podem ser utilizados todos os ritos e medidas eficazes no 
sistema processual, a fim de se garantir a tutela efetiva dos direitos coletivos. 
Decorre do disposto no art. 83 do CDC, em combinação com o art. 21 da LACP. 
Por outro lado, o princípio da atipicidade insiste em que o nome da ação é 
irrelevante, podendo ser ajuizada qualquer espécie de ação e pleiteada qualquer 
forma de tutela jurisdicional. Assim, a não taxatividade diz respeito ao direito 
material tutelável e a atipicidade refere-se às espécies de ações, os instrumentos 
processuais, adequados à tutela. 
 
Princípio da obrigatoriedade da execução coletiva: Previsto no art. 15 da 
LACP e no art. 16 da LAP. Determina que, em havendo desídia dos outros 
legitimados ativos, caberá ao MP, por dever, a promoção da execução coletiva. O 
autor é obrigado a executar a sentença em 60 dias, senão o MP o fará. 
 
6 
 
CAPÍTULO IV 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI Nº 7.347/85) 
 
 Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as 
ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada 
pela Lei nº 12.529, de 2011). 
 l - ao meio-ambiente; 
 ll - ao consumidor; 
 III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
 IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 
1990) 
 V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011). 
 VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) 
 Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que 
envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser 
individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001). 
 
Ação Civil Pública ou Ação Coletiva? Nem sempre a ação civil pública será 
uma ação coletiva. A ação coletiva é um gênero que abarca uma série de ações: 
ação popular, ação civil pública, ação de improbidade administrativa, mandado de 
segurança coletivo, mandado de injunção coletivo etc. Para ser considerada uma 
ação coletiva ela precisa ter cinco requisitos básicos: a) tutelar direta ou 
indiretamente o interesse público primário; b) legitimação extraordinária e 
adequada representação dos substituídos; c) coisa julgada secundum eventum 
litis e secundum eventum probationis; d) maior amplitude da cognição (art. 103, 
§3º, CDC); e) um direito coletivo lato sensu como causa de pedir (art. 81, 
parágrafo único, CDC). 
 
Conceito de direitos coletivos lato sensu (art. 81 do CDC): 
 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas 
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste 
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares 
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste 
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, 
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por 
uma relação jurídica base; 
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os 
decorrentes de origem comum. 
 
Ônus da prova – teoria estática (regra de julgamento) e teoria dinâmica 
(regra de procedimento): A aplicação do microssistema implica na aceitação 
pela doutrina da ampliação da regra de inversão do ônus da prova prevista no art. 
6º, VIII, do CDC para todos os processos coletivos. Além da inversão, também se 
7 
 
aplica aos processos coletivos a teoria das cargas ou ônus dinâmicos da prova, 
segundo a qual a prova é atribuída a quem tem melhores condições de fazê-lo. 
Ao contrário, o CPC acolheu a teoria estática do ônus da prova (teoria clássica), 
distribuindo prévia e abstratamente o encargo probatório, nos seguintes termos: 
ao autor incumbe provar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu provar os 
fatos impeditivos, modificativos e extintivos (art. 333). Estas teorias podem ser 
também trabalhadas a partir do momento da aplicação ou da inversão, teríamos 
assim a teoria do ônus da prova como regra de julgamento (aplicável apenas na 
sentença) e a teoria do ônus da prova como regra de procedimento (aplicável a 
qualquer momento dentro do processo, em especial na audiência preliminar de 
fixação dos pontos controversos). 
 
Momento da inversão: 
 
 Ônus da prova subjetivo = regra de procedimento (antes da sentença); 
 
 Ônus da prova objetivo = regra de julgamento (aplicado na sentença). 
 
O STJ (2ª Seção), julgando recentemente a divergência que havia entre a 
Terceira e a Quarta Turmas, adotou a regra de procedimento como a melhor 
regra para o momento da inversão do ônus da prova. 
 
Inversão do ônus da prova e STJ: 
 
 Na ACP com cunho consumerista, pode haver inversão do ônus da prova 
em favor do MP. Tal entendimento busca facilitar a defesa da coletividade 
de indivíduos que o CDC chamou de consumidores (art. 81 do referido 
código). O termo “consumidor”, previsto no art. 6º do CDC, não pode ser 
entendido apenas como parte processual, mas sim como parte material da 
relação jurídica extraprocessual, ou seja, a parte envolvida na relação de 
direito material consumerista – na verdade, o destinatário do propósito 
protetor da norma. 
 
 Nas ações civis ambientais, o caráter público e coletivo do bem jurídico 
tutelado – e não eventual hipossuficiência do autor da demanda em relação 
ao réu – conduz à conclusão de que alguns direitos do consumidor também 
devem ser estendidos ao autor daquelas ações, pois essas buscam 
resguardar (e muitas vezes reparar) o patrimônio público coletivo 
consubstanciado no meio ambiente. A essas regras, soma-se o princípio 
da precaução. Assim, ao interpretar o art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/1990 c/c 
o art. 21 da Lei n. 7.347/1985, conjugado com o princípio da precaução, 
justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para o empreendedor 
da atividade potencialmente lesiva o ônus de demonstrar a segurança do 
empreendimento. 
 
Relações com a ação popular - litispendência e coisa julgada: A LACP não 
afasta a possibilidade de ajuizar ação popular, contudo, eventualmente poderá 
ocorrer litispendência entre uma ação popular e uma ação civil pública. Isso 
porque, em sede de processos coletivos o nome da ação e o co-legitimado não 
importam para fins de averiguar a identidade de demandas (identidade dos 
8 
 
elementos da ação: partes, causa de pedir e pedido – art. 301, V, §§ 2º e 3º do 
CPC). Na maior parte das vezes, porém, ocorrerá conexão e não litispendência, 
pois uma das demandas terá um objeto mais amplo. 
 
STJ: Inexistentes os pressupostos necessários à caracterização da litispendência, 
impõe-se afastá-la (CPC, art. 301, §2º). Caracteriza-se, na hipótese, o instituto da 
conexão, já que as ações têm a mesma finalidade, o que as tornam semelhantes 
e passíveis de decisões unificadas, devendo-se evitar julgamentos conflitantes 
sobre o mesmo tema, objeto das lides. 
 
Ação popular mutilegitimária (ação civil pública): Partindo da interpretação do 
art. 25, IV, b, da Lei 8.625/93 (LOMPE), a jurisprudência do STJ reconheceu a 
possibilidade de uma ação popular multilegitimária para anular atos ilegais e 
lesivos ao patrimônio público. 
 
STJ: Hodiernamente, após a constatação da importância e dos inconvenientes da 
legitimação isolada do cidadão, não há mais lugar para o veto da legitimatio ad 
causam do MP para a Ação Popular, a Ação Civil Pública ou o Mandado de 
Segurança coletivo. Os interesses mencionados na LACP acaso se encontrem 
sob iminência de lesão por ato abusivo da autoridade podem ser tutelados pelo 
mandamus coletivo. No mesmo sentido, se a lesividade ou a ilegalidade do ato 
administrativo atingem o interesse difuso, passível é a propositura da Ação Civil 
Pública fazendo as vezes de uma Ação Popular multilegitimária. 
 
Dano moral coletivo: O dano moral coletivo, embora apresente divergências na 
doutrina quanto à existência, também foi expressamente previsto no art. 6º, VI e 
VII do CDC, e mais recentemente, após a alteração introduzida pela Lei 8884/94 
ao art. 1º da Lei 7347/85 (LACP). 
 
STJ: 
 
 Para Primeira Turma, o dano moral envolve, necessariamente, dor, 
sentimento, lesão psíquica, afetando a parte sensitiva do ser humano, 
como a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. 
Incompatibilidade com a noção de transindividualidade (indeterminabilidade 
do sujeito passivo e indivisibilidade da ofensa e da reparação). 
 
 A Segunda Turma já se demostrou favoravelmente ao dano moral coletivo. 
No caso, a concessionária do serviço de transporte público (recorrida) 
pretendia condicionar a utilização do benefício do acesso gratuito ao 
transporte coletivo (passe livre) ao prévio cadastramento dos idosos junto a 
ela, apesar de o art. 38 do Estatuto do Idoso ser expresso ao exigir apenas 
a apresentação de documento de identidade. Condenação ao pagamento 
de indenização por danos morais coletivos. 
 
 A Terceira Turma vem aceitando o dano moral coletivo. Condenação do 
banco, em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público, ao 
pagamento de indenização por danos morais coletivos em decorrência do 
inadequado atendimento dos consumidores prioritários. No caso, o 
atendimento às pessoas idosas, com deficiência física, bem como àquelas 
9 
 
com dificuldade de locomoção era realizado somente no segundo andar da 
agência bancária, após a locomoção dos consumidores por três lances de 
escada. 
 
 A Terceira Turma também condenou empresa de telefonia por dano moral 
coletivo por oferecer plano de telefonia sem alertar aos consumidores 
acerca das limitações ao uso na referida adesão. 
 
Assim, sobre o tema, existem dois entendimentos. Um favorável e outro contrário 
a possibilidade do dano moral coletivo: 
 
FAVORÁVEIS CONTRÁRIOS 
Os requisitos para o dano extrapatrimonial 
seriam a compensação e a punição, a 
ampliação da noção de direitos da 
personalidade, despessoalização do direito 
civil, abraçando, por ex, a pessoa jurídica 
como titular destes direitos (súm. 227, 
STJ), contribui para reconhecer tb a 
compensação no dano moral coletivo, 
contudo, é certo que basta o critério de 
punição (danos punitivos) para justificar, a 
partir da reprovabilidade, a condenação no 
pagamento dos danos. 
O meio ambiente, a coletividade como um 
todo – os titulares dos direitos difusos -, 
não sofremdanos morais, não sentem dor, 
não têm sentimentos, não podem ser 
afetados em seu íntimo (sic., como foi 
referido no quadro ao lado bastaria o 
caráter de danos punitivos para justificar a 
condenação, prescindindo os novos danos 
da lesão à personalidade e da 
compensação). 
A expressa previsão na lei da ACP (caput 
do art. 1º), aplicando-se aos direitos 
coletivos lato sensu. Art. 6º do CDC. 
A lei refere aos direitos individuais 
decorrentes da lesão (perceba0se, 
portanto, que sempre será possível, 
mesmo na visão restritiva, a tutela dos 
danos morais homogêneos). 
Titularidade difusa do meio ambiente 
(intergeracional) e tb a possibilidade de 
danos morais decorrentes de lesão aos 
direitos individuais homogêneos. 
Necessidade de titularidade concreta, 
individuação pessoal dos beneficiários. 
Possibilidade de dano in re ipsai ou propter 
rem. 
Ausência de critérios para a quantificação 
e identificação do dano. 
 
Dano moral individual homogêneo e condenação genérica (art. 95 do CDC): 
É possível a condenação genérica ao pagamento de dano moral individual 
homogêneo as vitimas a serem individualizadas em processo ulterior de 
liquidação e execução. Perceba-se que este não se confunde com o dano moral 
coletivo (tutela de direitos difusos, por exemplo). 
 
STJ: Ação Civil Pública. Anticoncepcional Microvlar. Acontecimentos que se 
notabilizaram como o 'caso das pílulas de farinha'. Pedido de condenação 
genérica, permitindo futura liquidação individual por parte das consumidoras 
lesadas. Discussão vinculada à necessidade de respeito à segurança do 
consumidor, ao direito de informação e à compensação pelos danos morais 
sofridos. Associações possuem legitimidade ativa para propositura de ação 
relativa a direitos individuais homogêneos. 
 
ACP e controle concentrado e difuso de constitucionalidade: Não há nenhum 
impedimento para o controle incidental, difuso, na causa de pedir, mediante ACP. 
10 
 
A vedação diz respeito às ações civis públicas que tenham por pedido a 
decretação de inconstitucionalidade. A possibilidade de efeito erga omnes das 
sentenças de procedência nas ações coletivas não implica usurpação do controle 
concentrado, abstrato exercido pelo STF. Quando o STF declara a 
inconstitucionalidade da norma ele a retira do ordenamento jurídico; quando a 
ACP declara incidentalmente a inconstitucionalidade para atingir um objetivo 
concreto, apenas afasta a aplicação da norma para aquele caso, mesmo que 
beneficiando todo o grupo. 
 
STF: O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido a legitimidade da utilização da 
ação civil pública como instrumento idôneo de fiscalização incidental de 
constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis ou atos do Poder Público, 
mesmo quando contestados em face da Constituição da República, desde que, 
nesse processo coletivo, a controvérsia constitucional, longe de identificar-se 
como objeto único da demanda, qualifique-se como simples questão prejudicial, 
indispensável à resolução do litígio principal. 
 
STJ: Na ação civil pública, é possível a declaração incidental de 
inconstitucionalidade de quaisquer leis ou atos normativos do Poder Público, 
desde que a controvérsia constitucional não figure como pedido, mas sim como 
causa de pedir, fundamento ou simples questão prejudicial, indispensável à 
resolução do litígio principal em torno da tutela do interesse público. A declaração 
incidental de inconstitucionalidade na ação civil pública não faz coisa julgada 
material, pois se trata de controle difuso de constitucionalidade, sujeito ao crivo do 
STF via recurso extraordinário, sendo insubsistente, portanto, a tese de que tal 
sistemática teria os mesmos efeitos da ação declaratória de inconstitucionalidade. 
O efeito erga omnes da coisa julgada material na ação civil pública será de âmbito 
nacional, regional ou local conforme a extensão e a indivisibilidade do dano ou 
ameaça de dano, atuando no plano dos fatos e litígios concretos, por meio, 
principalmente, das tutelas condenatória, executiva e mandamental, que lhe 
asseguram eficácia prática, diferentemente da ação declaratória de 
inconstitucionalidade, que faz coisa julgada material erga omnes no âmbito da 
vigência especial da lei ou ato normativo impugnado. 
 
Meio ambiente: A tutela ambiental começou com a Lei 6938/91 que dispõe sobre 
a política nacional do meio ambiente. 
 
Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, 
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à 
preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela 
degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: 
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o 
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou 
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua 
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para 
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio 
ambiente. 
 
STJ: 
 
11 
 
 Fungibilidade da tutela ambiental (ampliação do thema in decidendum): A 
área objeto da agressão ambiental pode ser de extensão maior do que a 
referida na inicial. Maior amplitude da causa de pedir ambiental decorrente 
de fatos constatados na instrução desde que ligados ao fato-base. A tutela 
ambiental é de natureza fungível por isso que a área objeto da agressão ao 
meio ambiente pode ser de extensão maior do que a referida na inicial e, 
uma vez assim aferida pelo conjunto probatório, não importa em 
julgamento ultra ou extra petita. Consectariamente, não há decisão extra 
petita quando o juiz examina o pedido e aplica o direito com fundamentos 
diversos dos fornecidos na petição inicial ou mesmo na apelação, desde 
que baseados em fatos ligados ao fato-base. 
 
 Princípio da informação: Possibilidade de averbação de ACP no cartório de 
registro de imóveis de empreendimento em área de preservação 
permanente sem autorização dos órgãos ambientais. A averbação serve 
para tornar completa e adequada a informação sobre a real situação do 
empreendimento, o que se coaduna com a finalidade do sistema registral e 
com os direitos do consumidor. Ademais, tal medida está legitimada no 
poder geral de cautela do juiz (art. 798 do CPC), que, a par da decisão 
liminar, considerou-a adequada para assegurar a necessária informação 
dos adquirentes acerca do litígio existente. 
 
Parágrafo único do art. 1º: Impossibilidade da utilização de ACP para: 
 
 Tributos; 
 Contribuições previdenciárias; 
 Fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS). 
 
ACP e Ação de Improbidade Administrativa: É compatível a utilização de ação 
civil pública com fundamento na LIA. Sendo o caso da face sancionatória da 
improbidade, requerida a sanção de perda do cargo e suspensão dos direitos 
políticos, será obrigatório seguir o procedimento da Lei n° 8.429/92. A face 
reparatória poderá ser veiculada por ACP, nos termos da Lei n° 7.347/85. 
 
STJ: É perfeitamente cabível na ACP, regulada pela Lei 7347/85, pedido de 
reparação de danos causados ao erário pelos atos de improbidade administrativa, 
tipificados na Lei 8429/92. 
 
Prescrição na ACP: No tocante à prescrição das ações coletivas, o STJ ainda 
não firmou entendimento conclusivo quanto ao tema. O que se extrai dos recentes 
julgados é o seguinte: 
 
 É imprescritível a ACP em que se discute a ocorrência de dano ao erário 
(STF e STJ); 
 
 É imprescritível a ACP em que se discute o direito à reparação de danos 
ambientais. Observe-se, contudo, que a multa administrativa tem prazo 
prescricional previsto em lei, não sendo imprescritíveis em matéria 
ambiental. Sobre o tema, o STJ editou a Súmula 467: Prescreve em 5 
anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da12 
 
administração Pública de promover a execução da multa por infração 
ambiental; 
 
 Nos outros casos, em geral (v.g. ações envolvendo direitos dos 
consumidores), o STJ tem aplicado o prazo de 5 anos da ação popular (art. 
21 da Lei 4717/65) – utilização do microssistema processual coletivo; 
 
 Prescreve em 5 anos a ACP ajuizada contra a Fazenda Pública (Lei n° 
20.910/32); 
 
 Quando se tratar de execução individual de sentença proferida em ação 
coletiva, aplica-se o prazo próprio das ações populares, que foi estendido 
pela jurisprudência do STJ para todas as ações coletivos, o prazo é 
quinquenal. Assim, o beneficiário da ação coletiva tem 5 anos para o 
ajuizamento da execução individual, contados a partir do trânsito em 
julgado da sentença coletiva; 
 
 O prazo prescricional de ação civil pública em que se busca anulação de 
prorrogação ilegal de contrato administrativo tem como termo inicial o 
termino do contrato, porque, nestas situações, existe continuidade de 
efeitos no tempo (STJ). 
 
Crítica: Os prazos prescricionais deveriam ser distintos conforme os direitos 
materiais tutelados, não faz nenhum sentido aplicar o prazo de 5 anos (da ação 
popular, direito material à anulação de um ato administrativo) para o direito 
material do consumidor, da saúde ou educação. Erro inadmissível do ponto de 
vista da boa dogmática jurídica é considerar o prazo prescricional pelo seu efeito 
processual. O prazo prescricional é de natureza sabidamente material. 
 
OBJETO DA ACP PRAZO PRESCRICIONAL 
Dano ao erário Imprescritível 
Danos ambientais Imprescritível (Súmula 467 do STJ) 
Nos outros casos (ex.: direito do 
consumidor) 
5 anos (art. 21 da Lei 7417/65 – LAP) 
Contra a Fazenda Pública 5 anos (art. 1º do Decreto 20.910/32) 
Execução individual de sentença proferida 
em ação coletiva 
5 anos do trânsito em julgado da sentença 
coletiva. 
 
Litisconsórcio passivo facultativo: A responsabilidade nos ilícitos de massa é 
solidária e independente, ensejando litisconsórcio facultativo, sendo que o agente 
poderá se sub-rogar naquilo que houver pago a maior. 
 
STJ: A ação civil pública ou coletiva que objetiva a responsabilização por dano 
ambiental pode ser proposta contra o poluidor, pessoa física ou jurídica, de direito 
público ou privado, responsável direta ou indiretamente, por atividade causadora 
de degradação ambiental (art. 3º, IV, da Lei n. 6.898/1991), todos co-obrigados 
solidariamente à indenização, mediante litisconsórcio facultativo. 
 
Ordem econômica (STJ): O Poder Judiciário é competente para examinar ACP 
visando à proteção da ordem econômica, independentemente de prévia 
13 
 
manifestação do Conselho Administrativo de Defesa do Consumidor – CADE ou 
qualquer outro órgão da Administração Pública. 
 
ACP e políticas públicas: Apontam-se como requisitos e limites para o controle 
judicial das políticas públicas, seja em ação individual, seja em ação coletiva, 
sintética e sistematicamente: 
 
a) Respeito por parte da Administração pública do mínimo existencial a ser 
garantido a cada cidadão; 
 
b) Razoabilidade da pretensão individual ou coletiva deduzida em juízo em 
face do Poder Público (que envolve o trinômio necessidade, adequação e 
proporcionalidade em sentido estrito); 
 
c) Existência de disponibilidade financeira e orçamentária por parte do 
Estado para concretizar as prestações positivas que lhe são exigidas. 
 
O tema vem sendo estudado com muita atenção pela doutrina. Em estudo recente 
e relevante, coordenado por Ada Pelegrine Grinover, foram publicadas as 
conclusões: 
 
1. O controle jurisdicional de políticas públicas relacionadas aos direitos 
sociais constitucionalmente assegurados, para sua implementação ou 
correção, encontra pressupostos ou limites na observância do mínimo 
existencial, do princípio da razoabilidade e da reserva do possível; 
2. O mínimo existencial corresponde ao núcleo duro dos direitos sociais 
garantidos pelo CF, e consiste no mínimo indispensável à dignidade 
humana, autorizando a imediata judicialização dos direitos, 
independentemente da existência de lei ou de atuação administrativa; 
3. O princípio da razoabilidade indica a razoabilidade da pretensão coletiva ou 
individual e, em contrapartida, a desarrazoabilidade da lei, de sua 
interpretação ou da atuação administrativa; 
4. A reserva do possível indica tanto a existência de disponibilidade 
orçamentária-financeira, como a necessidade de planejamento necessário 
à execução da política pública a ser implementada; 
5. Não haverá necessidade de observar a reserva do possível quando se 
tratar de casos de urgência ou do mínimo existencial; 
6. Observados os pressupostos ou limites supra referidos, o Poder Judiciário 
pode intervir para implementar ou corrigir a política pública, sem afronta ao 
princípio da separação dos poderes; 
7. Para tanto, o Poder Judiciário pode ser provocado por intermédio de todos 
os meios previstos no ordenamento jurídico, em especial por meio de 
ações constitucionais; 
8. No plano da jurisdição ordinária, ações coletivas ou mesmo individuais 
podem ser ajuizadas; 
9. Para a tomada de decisões e sua execução, o processo deve obedecer a 
um novo modelo de cognição, sendo necessário que o juiz dialogue com a 
administração pública para colher informações sobre a política pública já 
existente ou a ser implementada e examinar o orçamento, devendo 
também ampliar-se o contraditório, inclusive por intermédio de audiências 
14 
 
públicas e da intervenção do amicus curiae, tudo de modo que o juiz 
decida corretamente e de maneira exequível, com motivação rigorosa; 
10. Para a implementação dessas conclusões, é necessário pensar num novo 
modelo de processo e num novo modelo de gestão do Judiciário, que 
permite inclusive a reunião dos processos, em primeira e segunda 
instância, sempre que possam onerar o mesmo orçamento. 
 
O STF aceita a judicialização das politicas públicas, considerando não haver 
invasão do judiciário na separação de poderes, desde que presentes os requisitos 
acima indicados. 
 
Sobre os temas já tratados pelo STF e STJ em relação às políticas públicas, 
temos exemplificativamente: 
 
a) Creche e pré-escola para crianças de até 6 anos: 
 
 A educação infantil representa prerrogativa constitucional indisponível, que, 
deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu desenvolvimento 
integral, e como primeira etapa do processo de educação básica, o 
atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV). A 
educação infantil, por qualificar-se como direito fundamental de toda 
criança, não se expõe, em seu processo de concretização, a avaliações 
meramente discricionárias da Administração Pública, nem se subordina a 
razões de puro pragmatismo governamental. - Os Municípios - que 
atuarão, prioritariamente, no ensino fundamental e na educação infantil 
(CF, art. 211, § 2º) - não poderão demitir-se do mandato constitucional, 
juridicamente vinculante, que lhes foi outorgado pelo art. 208, IV, da Lei 
Fundamental da República, e que representa fator de limitação da 
discricionariedade político-administrativa dos entes municipais, cujas 
opções, tratando-se do atendimento das crianças em creche (CF, art. 208, 
IV), não podem ser exercidas de modo a comprometer, com apoio em juízo 
de simples conveniência ou de mera oportunidade, a eficácia desse direito 
básico de índole social. - Embora resida, primariamente, nos Poderes 
Legislativo e Executivo, a prerrogativa de formular e executar políticas 
públicas, revela-se possível, no entanto, ao Poder Judiciário, determinar, 
ainda que em bases excepcionais, especialmente nas hipóteses de 
políticas públicas definidas pela própria Constituição, sejam estas 
implementadas pelos órgãos estatais inadimplentes, cuja omissão - por 
importarem descumprimento dos encargos político-jurídicos que sobre 
eles incidem em caráter mandatório - mostra-se apta a comprometer a 
eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais impregnados de 
estatura constitucional. (STF) 
 
 A tese da reserva do possível assenta-se em ideia que, desde os romanos, 
está incorporada na tradição ocidental, no sentido de que a obrigação 
impossível não pode ser exigida. Por tal motivo, a insuficiência de recursos 
orçamentários não pode ser considerada uma mera falácia. Todavia, 
observa-se que a dimensão fática da reserva do possível é questão 
intrinsecamente vinculada ao problema da escassez. Esse estado de 
escassez, muitas vezes, é resultado de um processo de escolha, de uma 
15 
 
decisão. Quando não há recursos suficientes para prover todas as 
necessidades, a decisão do administrador de investir em determinada área 
implica escassez de recursos para outra que não foi contemplada. A título 
de exemplo, o gasto com festividades ou propagandas governamentais 
pode ser traduzido na ausência de dinheiro para a prestação de uma 
educação de qualidade. É por esse motivo que, em um primeiro momento, 
a reserva do possível não pode ser oposta à efetivação dos Direitos 
Fundamentais, já que, quanto a estes, não cabe ao administrador público 
preteri-los em suas escolhas. Nem mesmo a vontade da maioria pode 
tratar tais direitos como secundários. Com isso, observa-se que a 
realização dos Direitos Fundamentais não é opção do governante, não é 
resultado de um juízo discricionário nem pode ser encarada como tema 
que depende unicamente da vontade política. Aqueles direitos que estão 
intimamente ligados à dignidade humana não podem ser limitados em 
razão da escassez quando esta é fruto das escolhas do administrador. Não 
é por outra razão que se afirma que a reserva do possível não é oponível à 
realização do mínimo existencial. O mínimo existencial não se resume ao 
mínimo vital, ou seja, o mínimo para se viver. O conteúdo daquilo que seja 
o mínimo existencial abrange também as condições socioculturais, que, 
para além da questão da mera sobrevivência, asseguram ao indivíduo um 
mínimo de inserção na "vida" social. Porém é preciso fazer uma ressalva 
no sentido de que mesmo com a alocação dos recursos no atendimento do 
mínimo existencial persista a carência orçamentária para atender a todas 
as demandas. Nesse caso, a escassez não seria fruto da escolha de 
atividades não prioritárias, mas sim da real insuficiência orçamentária. Em 
situações limítrofes como essa, não há como o Poder Judiciário imiscuir-se 
nos planos governamentais, pois estes, dentro do que é possível, estão de 
acordo com a Constituição, não havendo omissão injustificável. Todavia, a 
real insuficiência de recursos deve ser demonstrada pelo Poder Público, 
não sendo admitido que a tese seja utilizada como uma desculpa genérica 
para a omissão estatal no campo da efetivação dos direitos fundamentais, 
principalmente os de cunho social. (STJ) 
 
b) Direito à saúde: 
 
 O direito a saúde é prerrogativa constitucional indisponível, garantido 
mediante a implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a 
obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso a 
tal serviço. É possível ao Poder Judiciário determinar a implementação 
pelo Estado, quando inadimplente, de políticas públicas 
constitucionalmente previstas, sem que haja ingerência em questão que 
envolve o poder discricionário do Poder Executivo. (STF) 
 
c) Direito à segurança pública: 
 
 O direito a segurança é prerrogativa constitucional indisponível, garantido 
mediante a implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a 
obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso a 
tal serviço. É possível ao Poder Judiciário determinar a implementação 
pelo Estado, quando inadimplente, de políticas públicas 
16 
 
constitucionalmente previstas, sem que haja ingerência em questão que 
envolve o poder discricionário do Poder Executivo. (STF) 
 
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o 
dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. 
Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as 
ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo 
objeto. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) 
 
Dois critérios de competência: lugar e âmbito de extensão: Nas demandas 
coletivas existem dois critérios para determinar a competência. O primeiro é o foro 
do local do dano (art. 2º). O segundo é o âmbito de extensão do dano (art. 93, II, 
CDC). Assim, como a ACP não trata das situações em que o dano é nacional ou 
regional, por força do microssistema da tutela coletiva, entendemos que deve ser 
aplicado conjuntamente o art. 93, II, do CDC (embora este trate dos direitos 
individuais homogêneos). 
 
STJ: 
 
 Também aplica o art. 93 do CDC conjuntamente com o art. 2º da LACP. 
Entende que como a regra é plenamente adaptável à ACP em geral, incide 
o art. 21 da Lei 7347/85, pelo qual são aplicáveis àquela ação os 
mandamentos do CDC naquilo que for cabível. 
 
 Se o dano for de âmbito nacional ou regional será competente o foro da 
capital de um dos estados ou o DF, um ou outro, não havendo na 
jurisprudência prevalência dos foros da capital sobre o do DF ou vice-
versa. (2ª Seção) 
 
Elucidativos são os seguintes exemplos: 
 
1. Tratando-se de danos efetivos ou potenciais a interesses transindividuais, 
que atinjam todo o País, a tutela coletiva será de competência de uma vara 
do DF ou da Capital de um dos Estados, a critério do autor. Se a hipótese 
se situar dentro dos moldes do art. 109, I, da CF, a competência será da 
Justiça Federal; em caso contrário, da Justiça estadual ou distrital. A ACP 
ou coletiva poderá, pois, ser proposta, alternativamente, na Capital de um 
dos Estados atingidos ou na Capital do DF; 
2. Em caso de ACP destinada à tutela de interesses transindividuais que 
compreendam todo o Estado, mas não ultrapassam seus limites territoriais, 
a competência deverá ser, conforme o caso, de uma das varas da Justiça 
estadual ou federal na Capital desse Estado; 
3. Em se tratando de tutela coletiva que objetiva a proteção a lesados em 
mais de uma comarca do mesmo Estado, mas sem que o dano alcance 
todo o território estadual, o mais acertado é afirmar a competência segundo 
as regras de prevenção, reconhecendo-a em favor de uma das comarcas 
atingidas nesse Estado; 
4. Na hipótese de tutela coletiva que envolva lesões ocorridas em mais de um 
Estado da Federação, mas sem que o dano alcance todo o território 
nacional, a ação será da competência de uma das varas estaduais ou 
17 
 
federais da Capital de um dos Estados envolvidos, conforme o caso, à 
escolha do co-legitimado ativo. 
 
Necessidade de fixar como competente para as causas de âmbito nacional o 
foro do DF. Críticas: A doutrina tem defendido em muitas obras a necessidade 
de fixar como competente para as causas de âmbito nacional o foro do DF. O 
problema é que a fixação no DF poderia se em prejuízo da produção da prova, da 
defesa do réu e da melhor tutela do próprio direito guerreado, ferindo a lógica. 
Além disso, isso poderia ferir o princípio do promotor natural, eliminando a 
possibilidade dos promotores de justiça estaduais ingressarem com ACPs de 
âmbito nacional, pois apesar de terem atribuição para tanto, seria necessário 
ajuizar a demanda em Brasília. Desta forma, somente Promotores e Procuradores 
da República atuantes no DF teriam atribuição para a promoção de tais feitos. 
 
Competência funcional: na verdade é competência territorial-absoluta: Não 
se trata de “competência funcional” como descreve o art. 2º. A expressão 
funcional que constado caput deste artigo quer significar apenas que se trata de 
competência territorial-absoluta. 
 
Juízo, foro e justiça competente: A competência de foro está diretamente ligada 
à ideia de território, de limites territoriais, nos quais o juiz exerce e atua a 
jurisdição. Juízo refere-se ao órgão judicial, ao cartório, à vara, à unidade 
administrativa competente. Dizer juízo e foro significa respeitar que a Justiça 
Federal, a Eleitoral, a Estadual, a do Trabalho, dentre de suas respectivas esferas 
de competência, serão constitucionalmente adequadas para julgar a demanda 
quando ocorrida na sua circunscrição ou comarca e houver um juízo previamente 
determinado (juiz natural). Assim, o foro será o da Justiça Federal se o dano/ilícito 
atingir os interesses, bens e direitos da União, entidades autárquicas ou 
empresas públicas federais, não importando se a sede da respectiva seção é no 
local do dano, mas sim se o local está dentro da circunscrição territorial 
correspectiva. 
 
Competência da Justiça Federal: Cancelamento da Súmula 183 do STJ: 
 
STJ: O tema em debate, por ser de natureza estritamente constitucional, deve ter 
a sua interpretação rendida ao posicionamento do Colendo Supremo Tribunal 
Federal, que entendeu que o dispositivo contido na parte final do parágrafo 3º, do 
art. 109, da CF/88, é dirigido ao legislador ordinário, autorizando-o a atribuir 
competência ao Juízo Estadual do foro do domicílio da outra parte ou do lugar do 
ato ou do fato que deu origem à demanda, desde que não seja sede de Vara da 
Justiça Federal, para causas específicas dentre as previstas no inciso I, do 
referido art. 109. 
 
Presença do MPF no polo ativo é suficiente, como regra, para determinar a 
competência da Justiça Federal: Presença do MPF no polo ativo é suficiente, 
como regra, para determinar a competência da Justiça Federal, mas isso não 
dispensa o juiz de verificar a legitimação ativa do MPF para a causa. 
 
STJ: O fato de a demanda ter sido ajuizada pelo Parquet Federal, por si só, 
determina a competência da Justiça Federal. Em ação proposta pelo Ministério 
18 
 
Público Federal, órgão da União, somente a Justiça Federal está 
constitucionalmente habilitada a proferir sentença que vincule tal órgão, ainda que 
seja sentença negando a sua legitimação ativa. 
 
STF: O Supremo Tribunal Federal assentou que a circunstância de figurar o 
Ministério Público Federal como parte na lide não é suficiente para determinar a 
competência da Justiça Federal para o julgamento da lide. 
 
É importante destacar que nem sempre a pura e simples intervenção do MPF 
deslocará a competência para a J. Federal, uma vez que pela LACP (art. 5º, §5º), 
é possível o litisconsórcio facultativo entre o MPF e o MPE. 
 
ACP – competência de primeiro grau: Assim como nas ações populares o STF 
fixou entendimento de que na ACP o juiz de 1º grau é o juiz natural, mesmo 
quando em face de autoridades como o Presidente da República, Ministros de 
Estado e outras. 
 
Vale lembrar, contudo, que nas ações coletivas para análise da improbidade 
administrativa as autoridades têm gradativamente ganhado espaço no foro. 
Existem recentes precedentes do STF e do STJ reconhecendo aos ministros, aos 
governadores e deputados federais e aos desembargadores e juízes de tribunais 
superiores o foro por prerrogativa de função sempre que o julgamento da ação 
puder resultar a perda do cargo. 
 
STJ (Corte Especial): Excetuada a hipótese de atos de improbidade praticados 
pelo Presidente da República (art. 85, V), cujo julgamento se dá em regime 
especial pelo Senado Federal (art. 86), não há norma constitucional alguma que 
imunize os agentes políticos, sujeitos a crime de responsabilidade, de qualquer 
das sanções por ato de improbidade previstas no art. 37, § 4.º. Seria incompatível 
com a Constituição eventual preceito normativo infraconstitucional que impusesse 
imunidade dessa natureza. Por decisão, a Suprema Corte, com apenas um voto 
contrário, declarou que compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ação de 
improbidade contra seus membros. Considerou, para tanto, que a prerrogativa de 
foro, em casos tais, decorre diretamente do sistema de competências 
estabelecido na Constituição, que assegura a seus Ministros foro por prerrogativa 
de função, tanto em crimes comuns, na própria Corte, quanto em crimes de 
responsabilidade, no Senado Federal. Por isso, seria absurdo ou o máximo do 
contra-senso conceber que ordem jurídica permita que Ministro possa ser julgado 
por outro órgão em ação diversa, mas entre cujas sanções está também a perda 
do cargo. Isto seria a desestruturação de todo o sistema que fundamenta a 
distribuição da competência. É de se reconhecer que, por inafastável simetria com 
o que ocorre em relação aos crimes comuns (CF, art. 105, I, a), há, em casos tais, 
competência implícita complementar do Superior Tribunal de Justiça. 
 
Incompetência e indicação do órgão competente (STF): O reconhecimento, 
pelo STF, da sua incompetência para julgar e processar o feito torna necessária a 
indicação do órgão que repute competente para tanto. 
 
Dano ambiental (STJ): 
 
19 
 
 A jurisprudência está consolidada no sentido de que os rios que banham 
mais de um Estado serão considerados rios da União e, portanto, a 
competência será da Justiça Federal para a ACP correspondente. 
 
 Em matéria de Ação Civil Pública ambiental, a dominialidade da área em 
que o dano ou o risco de dano se manifesta (mar, terreno de marinha ou 
Unidade de Conservação de propriedade da União, p. ex.) é apenas um 
dos critérios definidores da legitimidade para agir do Parquet federal. Não é 
porque a degradação ambiental se deu em imóvel privado ou afeta res 
communis omnium que se afasta, ipso facto, o interesse do MPF. 7. É 
notório o interesse federal em tudo que diga respeito a portos, tanto assim 
que a Constituição prevê não só o monopólio natural da União para 
“explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão”, 
em todo o território nacional, “os portos marítimos, fluviais e lacustres” (art. 
21, XII, f), como também a competência para sobre eles legislar 
“privativamente” (art. 22, X). O Ministério Público Federal, como regra, tem 
legitimidade para agir nas hipóteses de dano ou risco de dano ambiental 
em porto marítimo, fluvial ou lacustre. 
 
 Sobressai a incompetência da justiça eleitoral, uma vez que não está em 
discussão na referida ação civil pública direitos políticos, inelegibilidade, 
sufrágio, partidos políticos, nem infração às normas eleitorais e respectivas 
regulamentações, isto é, toda matéria concernente ao próprio processo 
eleitoral. A pretensão ministerial na ação civil pública, voltada à tutela ao 
meio ambiente, direito transindividual de natureza difusa, consiste em 
obrigação de fazer e não fazer e, apesar de dirigida a partidos políticos, 
demanda uma observância de conduta que extravasa período eleitoral, 
apesar da maior incidência nesta época, bem como não constitui aspecto 
inerente ao processo eleitoral. A ação civil pública ajuizada imputa conduta 
tipificada no art. 65 da Lei 9.605/98 em face do dano impingido ao meio 
ambiente, no caso especificamente, artificial, formado pelas edificações, 
equipamentos urbanos públicos e comunitários e todos os assentamentos 
de reflexos urbanísticos. 
 
Competência para execução nas demandas individuais: condenação 
genérica em ACP: O STJ decidiu através de precedente firmado pela Corte 
Especial, que as ações individuais de liquidação e execução dos consumidores 
lesados poderão ser ajuizadas, à escolha do autor, em seu domicílio, no domicílio 
do réu, onde estiverem os bens ou no juízo da ação ordinária. Ver comentários ao 
artigo 98 do CDC. 
 
 Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o 
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. 
 
Possibilidadede se requerer qualquer tutela (declaratória, constitutiva, 
condenatória, mandamental ou executiva lato sensu): Embora o art. 3º 
somente aluda às ações condenatórias, o CDC, que mantém com a LACP uma 
relação de intercambiariedade, estabelece no art. 83 a admissibilidade de todas 
as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela. Assim, 
20 
 
não há dúvidas sobre a possibilidade de se formular qualquer tipo de pretensão 
nas ações coletivas. 
 
Possibilidade de cumulação de pedidos: Poderá haver a cumulação da 
condenação em dinheiro com o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer. 
 
STJ: A exegese do art. 3º da LACP (“A ACP poderá ter por objeto a condenação 
em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”), a conjunção 
“ou” deve ser considerada com o sentido de adição (permitindo, com a cumulação 
dos, a tutela integral do meio ambiente) e não o de alternativa excludente, o que 
tornaria a ACP instrumento inadequado para os seus fins. 
 
 Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, 
inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística ou aos 
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
 
Qualquer direito coletivo lato sensu: A norma não se aplica apenas às 
hipóteses descritas no art. 4º. A descrição é exemplificativa. Assim, em ação que 
envolva qualquer direito coletivo, é possível o ajuizamento de ação cautelar. 
 
Tutela inibitória: Embora mencione expressamente a tutela cautelar, a redação 
do dispositivo se refere à tutela inibitória, que é preventiva, autônoma e satisfativa 
e visa exatamente obter providência judicial que impeça a prática de ato ilícito 
independentemente da ocorrência de um dano. 
 
 Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação 
dada pela Lei nº 11.448, de 2007). 
 I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007). 
 II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007). 
 III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº 
11.448, de 2007). 
 IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia 
mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007). 
 V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007). 
 a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela 
Lei nº 11.448, de 2007). 
 b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao 
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico. (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007). 
 § 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará 
obrigatoriamente como fiscal da lei. 
 § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos 
deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes. 
 § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação 
legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade 
ativa. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 1990) 
 § 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja 
manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela 
relevância do bem jurídico a ser protegido. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990) 
21 
 
 § 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, 
do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta 
lei. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990) 
 § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso 
de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá 
eficácia de título executivo extrajudicial. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990) 
 
Entendimento do STF sobre a legitimidade para a ACP: Segundo o STF, a 
legitimidade tratada é extraordinária (substituição processual), pois os legitimados 
concorrentes defendem em juízo, em nome próprio, direito alheio. A mesma 
posição é adotada pelo STJ. 
 
Três correntes na doutrina sobre a legitimidade (ordinária, para condução 
autônoma do processo, por substituição processual): A doutrina aponta 3 
correntes para justificar a legitimação para defesa nas ações coletivas: 
 
1) Legitimação extraordinária por substituição processual: os legitimados 
defendem em juízo nome próprio em direito; 
 
2) Legitimação ordinária das “formações sociais”: Quando as “formações 
sociais” estiverem defendendo o “grupo”, de acordo com os seus objetivos 
institucionais, estarão atuando como titulares de próprio direito alegado, 
tendo-se, portanto, legitimação ordinária; 
 
3) Legitimação autônoma para a condução do processo: O legitimado não 
estará defendendo direito alheio em nome próprio, porque não se pode 
identificar o titular do direito. Como os direito difusos não tem titulares 
determinados, a lei escolhe alguém ou algumas entidades para que os 
defendam em juízo. Somente para a ação coletiva de tutela de direitos 
individuais homogêneos, segundo o citado jurista, haveria substituição 
processual (legitimação extraordinária), pois nesse caso, a lei legitima 
alguém ou alguma entidade a defender por meio de ação coletiva, em 
nome próprio, direito alheio de pessoas determinadas. 
 
Legitimação Plúrima e Mista: “Plúrima” porque temos mais de um legitimado 
previsto em lei. “Mista” porque temos órgãos estatais e privados entre os 
legitimados. No Brasil o legislador optou pela legitimação plúrima e mista. 
Existem, contudo, algumas exceções. Apenas a ação popular tem a legitimação 
exclusiva do cidadão, mas mesmo assim permite a continuidade da ação, nos 
casos de desistência ou abandono infundados, pelo MP, bem como o ajuizamento 
de ACP com idêntica causa de pedir e pedido (ação popular plúrima). Apenas a 
improbidade administrativa não admite legitimação das associações, restringindo-
se a admitir a legitimação do MP e da pessoa jurídica. O MP também tem sua 
legitimação excepcionada nas ações de mandado de segurança coletivo, 
característica que tende a ser modificada pela jurisprudência (hoje a doutrina e 
jurisprudência dominantes não admitem sua legitimação, a nova lei não mudou 
essa realidade). 
 
Legitimação Extraordinária por Substituição Processual e por 
Representação: Quando o titular do direito subjetivo se identifica com o autor, 
22 
 
tem-se legitimação ordinária; quando, porém, o direito subjetivo é defendido por 
terceiro (alheio à relação de direito material), em nome próprio, tem-se a 
legitimação extraordinária. A legitimação extraordinária poderá ser mediante 
autorização do titular do direito ou independente desta. No primeiro caso diz-se 
legitimação extraordinária por representação; no segundo, legitimação 
extraordinária por substituição processual. O STF deixou claro que a legitimação 
nos processos coletivos independe de autorização, portanto trata-se de 
substituição processual. 
 
Legitimação 
extraordinária 
Mediante autorização do titular do direito  Representação 
Independente de autorização do titular do direito  Substituição 
processual 
 
Substituição processual Exclusiva, Autônoma, Concorrente e 
Disjuntiva/Simples – características da legitimação extraordinária nas 
demandas coletivas: É exclusiva, porque só são legitimados aqueles indicados 
na lei ou pelo ordenamento jurídico. É autônoma, pois não depende de qualquer 
autorização dos titulares do direito material. É concorrente, porque qualquer co-
legitimadopoderá propor a ação, ou até mesmo por isso, ingressar como 
assistente em litisconsórcio ativo ulterior. É disjuntiva ou simples, pois os mesmos 
co-legitimados poderão figurar sozinhos na demanda, não sendo necessário o 
ajuizamento conjunto da mesma. 
 
Legitimação Conglobante: A tese da legitimação conglobante implica que só 
está legitimado quem, após a verificação da legitimação pelo ordenamento 
jurídico, apresentar condições de adequadamente desenvolver a defesa em juízo 
dos direitos afirmados. Trata-se de extensão, por analogia, das conhecidas teses 
de Zaffaroni e Arruda Alvim. De Zaffaroni se extrai o termo “conglobante”, 
justamente para designar a obrigatória leitura do ordenamento jurídico para 
verificar a “tipicidade” da legitimação. De Arruda Alvim se extrai a ampliação do 
conceito de substituição processual, que não decorre unicamente da lei, mas de 
todo o direito, portanto, de todo o ordenamento constitucional. 
 
Representatividade adequada: controle ope legis e ope judicis: A 
representatividade adequada é saber se o legitimado poderá tutelar 
adequadamente os direitos materiais postos na causa, substituindo os titulares 
dos direitos sem prejuízo desses direitos. Existem dois sistemas de aferição. O 
sistema ope legis, preponderante no Brasil, exige que a adequação seja 
previamente determinada em lei, sendo que somente o legislador pode prever 
requisitos para a legitimação. A vantagem deste sistema é evitar que 
considerações de ordem pragmática levem a um juízo de ilegitimidade da parte 
não porque esta não representa adequadamente os direitos em causa, mas 
porque o juiz não quer decidir o mérito da ação. Já o sistema ope judicis, 
reconhece ao juiz o dever-poder de verificar a adequada representação, sendo 
que nestes casos o controle será in concreto, em decisão fundamentada, segundo 
critérios não taxativos indicados em lei. Este modelo tem sido utilizado no Brasil 
para o controle da adequada representação do MP nos casos em que se versa 
sobre direitos individuais homogêneos, quando se exige para a legitimação a 
presença do “relevante interesse pública social”. 
 
23 
 
STJ: Os sindicatos possuem legitimidade ativa para demandar em juízo a tutela 
de direitos subjetivos individuais dos integrantes da categoria, desde que se 
versem direitos homogêneos e mantenham relação com os fins institucionais do 
sindicato demandante, atuando como substituto processual. A pertinência 
temática é imprescindível para configurar a legitimatio ad causam do sindicato, 
consoante cediço na jurisprudência do E. S.T.F. A representatividade adequada 
sob esse enfoque tem merecido destaque na doutrina; senão vejamos: A 
pertinência temática significa que as associações civis devem incluir entre seus 
fins institucionais a defesa dos interesses objetivados na ação civil pública ou 
coletiva por elas propostas, dispensada, embora, a autorização de assembleia. 
Em outras palavras, a pertinência temática é a adequação entre o objeto da ação 
e a finalidade institucional. 
 
 MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
Previsão da legitimidade na LACP: art. 5º, I. 
 
Fiscal da lei (art. 5º, §1º): Se o MP não intervier no processo como parte atuará 
sempre como fiscal da lei. A doutrina se refere também à intervenção custus juris, 
ou seja, não só para a tutela da lei, mas do direito, no caso, do ordenamento 
jurídico constitucional. É desnecessária a intervenção do MP como fiscal da lei 
(CDC, art. 82), em ACP que foi ajuizada pelo próprio MP (STJ). Logo, não há 
necessidade de intervenção do MP como custus legis em ACP em que o Parquet 
figure como autor ou litisconsorte do autor. 
 
STJ: Atuação obrigatória do MP, sob pena de nulidade dos atos praticados. 
Observar que o órgão de 2º grau poderá convalidar os atos praticados, bem 
como, não poderá ser considerado nulo o processo em que não houve prejuízo 
(aplicação da instrumentalidade e do formalismo valorativo à teoria das nulidades 
do CPC). 
 
 Legitimidade do MP – hipóteses admitidas pelo STF e STJ: 
 
 Tutela do dano ao erário (defesa do patrimônio público): O MP tem 
legitimidade para proteger mediante ACP o patrimônio público de forma 
ampla (art. 127 c/c art. 129, III, da CF). O art. 129, IX da CF apenas vedou 
a consultoria e advocacia em prol de entidades públicas. 
 
Súmula 329 do STJ: O MP tem legitimidade para propor ACP em defesa do 
patrimônio público. 
 
 Comunidades indígenas: Com base no artigo 129, V da Carta da 
República, o aresto recorrido concluiu Ministério Público Federal tem 
legitimidade para propor ação civil pública em defesa de comunidades 
indígenas. (STJ) 
 
 Direitos indisponíveis de crianças e idosos (ainda que 
individualmente considerados): 
 
24 
 
Crianças/menor carente: a) O Parquet tem legitimidade para a ação civil pública 
na defesa do direito à saúde de menor carente necessitado de prótese auditiva, 
exames e atendimento fonaudiológico; b) O MP, haja vista a expressa previsão 
legal do art. 201, V, do ECA, detém a legitimidade ativa para propor ACP para a 
defesa de interesse de menor carente, ainda que individualmente considerado; c) 
Legitimidade do MP para fornecimento de passagens rodoviárias e custeio de 
viagem para indispensável tratamento médico-hospitalar em favor de menor 
acometido de problemas e fornecimento de pilhas para o funcionamento de 
aparelhos auditivos em favor de menor. (STJ) 
 
Idosos: Tal quando objetiva proteger o interesse individual do menor carente 
(arts. 11, 201, V, 208, VI e VII, da Lei n. 8.069/1990), o Ministério Público tem 
legitimidade ativa ad causam para propor ação civil pública diante da hipótese de 
aplicação do Estatuto do Idoso (arts. 15, 74 e 79 da Lei n. 10.741/2003). No caso, 
cuidava-se de fornecimento de remédio. (STJ) 
 
Cidadão desprovido de recursos: a) O MP tem legitimidade para a defesa dos 
direitos indisponíveis, mesmo quando a ação vise à proteção de uma única 
pessoa; b) O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação civil 
pública objetivando que o Estado custeie a aquisição de prótese auditiva, na 
espécie, para cinco pessoas pertencentes a uma associação de deficientes 
auditivos; c) Legitimidade ativa do Ministério Público para propor ação civil pública 
em defesa de direito indisponível, como é o direito à saúde, em benefício de 
pessoa pobre. (STJ) 
 
 Direito de petição e direito de obtenção de certidão em repartições 
públicas (Direitos individuais homogêneos de relevante natureza 
social): O Ministério Público tem legitimidade ativa para a defesa, em 
juízo, dos direitos e interesses individuais homogêneos, quando 
impregnados de relevante natureza social, como sucede com o direito de 
petição e o direito de obtenção de certidão em repartições públicas. (STF) 
 
 Irregularidades na fiscalização do trânsito: A legitimidade do Ministério 
Público para o ajuizamento da ação civil pública, visando à correção dos 
serviços tabelados no âmbito do SUS, por ocasião do plano real. (STJ) 
 
 Mutuários do SFH: É firme o entendimento desta Corte Especial no 
sentido de que o MP é parte legítima para ajuizar ACP em defesa de 
interesses dos mutuários do SFH, por isso que caracterizado o relevante 
interesse social. (STJ) 
 
 Mensalidades escolares: 
 
Súmula 643 do STF: O MP tem legitimidade para promover ACP cujo 
fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares. 
 
 Cláusulas abusivas em planos de saúde: O Parquet é parte legítima 
para propor ação civil pública a fim de proteger a coletividade de 
descabidas cláusulas abusivas contra a saúde pública, a educação ou as 
condições mínimas de sobrevivência dos grandes grupos sociais. (STJ) 
25 
 
 
 Captação de poupança disfarçada de financiamento de linha 
telefônica: O Ministério Público tem legitimidade processual extraordinária 
para propor ação civil pública (ACP) como objetivo de que cesse a 
atividade tida por ilegal de, sem autorização do Poder Público, captar 
antecipadamente a poupança popular, ora disfarçada de financiamento 
para compra de linha telefônica, isso na tutela de interesses individuais 
homogêneos disponíveis. Anote-se que o conceito de homogeneidade 
pertinente aos interesses individuais homogêneos não advém da natureza 
individual, disponível e divisível, mas sim de sua origem comum, enquanto 
se violam direitos pertencentes a um número determinado ou determinável 
de pessoas ligadas por essa circunstância de fato (art. 81 do CDC). (STJ) 
 
 Débitos não autorizados na conta de telefonia do consumidor: A 
inclusão de débitos não autorizados na conta do consumidor e cobrados 
em razão do uso pelo consumidor ou por terceiros de serviço de valor 
adicionado legitimam o Ministério Público a propor ação com o objetivo de 
garantir a continuidade do serviço público essencial de telefonia fixa, 
conforme disposto na art. 22 do CDC. (STJ) 
 
 Cessação dos jogos de azar (máquinas caça-níqueis, vídeo-poquer e 
similares: Cinge-se a questão à possibilidade de ajuizamento, na esfera 
cível, de ação civil pública (ACP) com pedido de cessação de atividade 
ilícita consistente na exploração de jogos de azar (máquinas caça-níqueis, 
vídeo-pôquer e similares). Diante disso, a Turma deu provimento ao 
recurso do Ministério Público estadual ao argumento de que a Lei n. 
7.347/1985, em seu art. 1º, V, dispõe ser cabível a interposição de ACP 
com o escopo de coibir a infração da ordem econômica e da economia 
popular. (STJ) 
 
 Tarifa cobrada pelos bancos pelo boleto bancário: Cuida-se de ação 
civil pública (ACP) ajuizada pelo Ministério Público estadual contra vários 
bancos, ora recorrentes, ao fundamento de que, não obstante a edição da 
Res. n. 2.303/1996-Bacen, que disciplina a cobrança de tarifas pela 
prestação de serviços por parte das instituições financeiras, os bancos 
continuaram a cobrar tarifa indevida e abusiva pelo recebimento, em suas 
agências, de boletos bancários ou fichas de compensação, de tal forma 
que o consumidor, além de pagar a obrigação constante do título, mais 
encargos moratórios eventualmente existentes, é compelido a pagar, 
também, aquele valor adicional para que o título possa ser quitado na 
agência bancária. Vê-se, daí, que, malgrado a controvérsia acerca da 
natureza jurídica dos interesses em questão, pelas circunstâncias do caso 
identificadas pelo Tribunal de origem e pela leitura atenta da peça 
inaugural, parece claro que o autor visa à proteção de interesses 
individuais homogêneos (art. 81, III, do CDC), sendo indiscutível sua 
legitimação para intentar a ACP (art. 82, I, do mesmo código). (STJ) 
 
 Cobrança de multa por resolução de contrato quando ocorre roubo ou 
furto de celular: Trata-se de ação civil pública (ACP) ajuizada pelo 
Ministério Público estadual em desfavor da recorrente, empresa de 
26 
 
telefonia celular, objetivando, cumulativamente, sua condenação, entre 
outras, a abster-se de cobrar qualquer multa, tarifa, taxa ou valor por 
resolução de contrato de telefonia móvel decorrente de força maior ou caso 
fortuito, especialmente na hipótese de roubo ou furto do aparelho celular. 
Dessa forma, havendo a perda do celular, a recorrente terá duas 
alternativas: dar em comodato um aparelho ao cliente durante o restante 
do período de carência, a fim de possibilitar a continuidade na prestação do 
serviço e, por conseguinte, a manutenção desse contrato; ou aceitar a 
resolução do contrato, mediante redução pela metade do valor da multa 
devida, naquele momento, pela rescisão. (STJ) 
 
 Manter curso de ensino médio no período noturno de colégio 
custeado pela União: Trata-se de ação civil pública (ACP) ajuizada pelo 
Ministério Público Federal (MPF) com o objetivo de manter curso de ensino 
médio no período noturno de colégio custeado pela União o qual o diretor 
teria ilegalmente suprimido. O direito à continuidade do curso noturno por 
um grupo de alunos matriculados não é passível de divisão, pois deriva de 
uma relação jurídica com o colégio e sua extinção acarretaria prejuízo a 
todos, sendo inviável sua quantificação individual. Observa que também se 
devem considerar os interesses daqueles que ainda não ingressaram no 
colégio, mas que eventualmente podem ser atingidos pela extinção do 
curso noturno. Eles formariam um grupo indeterminável de futuros alunos a 
titularizar direito difuso à manutenção do curso noturno. Além disso, o ECA 
estabelece expressamente a legitimidade do MP para ingressar com ações 
fundadas em interesses coletivos ou difusos para garantir direito à oferta 
de ensino regular noturno (art. 208, IV, e art. 210, I, ambos do ECA). (STJ) 
 
 Cumprimento de normas atinentes à segurança e à medicina do 
trabalho. Atuação conjunta do MPE e do MPT: Admitiu a legitimidade do 
MP estadual, mas também defendeu a atuação isolada ou integrada de 
ambas as instituições do MP, uma vez que reconhecia a legitimidade do 
MP do Trabalho para proteger os direitos sociais dos trabalhadores (arts. 
83, III e 84, II, da LC n. 75/1993), e a legitimidade do MP estadual para 
atuar na defesa dos interesses difusos e coletivos relacionados com o meio 
ambiente do trabalho (art. 292, II, da LC estadual n. 734/1993). (STJ) 
 
 ACP contra governador compete ao Procurador-Geral de Justiça: A 
questão consiste em saber se, sob a égide do art. 29, VIII, da Lei n. 
8.625/1993, a ação civil pública contra governador compete ao procurador-
geral de Justiça ou se a petição inicial poderia ser subscrita exclusivamente 
por membro do Ministério Público estadual que atua na primeira instância. 
A Lei n. 8.625/1993, ao dispor sobre a organização dos Ministérios 
Públicos estaduais, conferiu ao procurador-geral de Justiça a competência 
para o ajuizamento da ação civil pública contra governador (art. 29, VII, 
daquela legislação). (STJ) 
 
 Improbidade administrativa (inclusive por atos anteriores à CF88): a) 
O Ministério Público é legítimo para ajuizar ação civil pública por ato de 
improbidade administrativa e, sendo essa ação de caráter ressarcitório, é 
imprescritível; b) Parquet estadual tem legitimidade para ajuizar ação civil 
27 
 
pública (ACP) por atos de improbidade administrativa anteriores à 
CF/1988, em defesa do patrimônio público e social (art. 1º, IV, da Lei n. 
7.347/1985). (STJ) 
 
 Adequação do serviço público de transporte: O Parquet, além de ter 
legitimidade ara a defesa do interesse público, encontra-se respaldado 
para pedir a adequação dos serviços de utilidade pública essenciais tanto 
na LACP quanto na LONMP e outras, ou mesmo nos arts. 127 e 129 da 
CF. (STJ) 
 
 Demolição de obra irregular em área tombada: O MP tem legitimidade 
para ajuizar ACP em busca de demolição de obra irregular construída em 
área tombada (art. 1º, III, Lei 7347/85). (STJ) 
 
 Impugnar majoração abusiva de tarifa de transporte coletivo público: 
Legitimidade do MPE para propor ACP com o objetivo de impugnar 
majoração suspostamente abusiva de tarifa de transporte coletivo público. 
Considerou-se que a mencionada ação estaria voltada à proteção dos 
usuários (consumidores) do transporte coletivo, indeterminados, o que faria 
transparecer o interesse difuso. Ademais, esclareceu-se que não se estaria 
diante de tributo, mas sim de preço público cobrado como contraprestação 
ao serviço prestado. (STF) 
 
 MP pode ajuizar ACP cem matéria previdenciária: No âmbito do direito 
previdenciário (um dos segmentos da seguridade social), elevado pela CF 
à categoria de direito fundamental, é indiscutível a presença do relevante 
interesse social, viabilizando a legitimidade do MP para figurar no polo 
ativo da ACP, ainda que se trate de direito disponível. (STJ) 
 
Importante: O STJ tinha entendimento de que o MP não

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