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adotar a hipo´tese de fluido ideal e escoamento irrotacional. Supomos tambe´m que o fluido e´ incompress´ıvel. Com estas hipo´teses pode-se verificar que o escoamento e´ descrito por uma func¸a˜o φ, potencial de velocidade tal que v = ∇φ (6.15) sendo φ soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Laplace ∇2φ = 0 (6.16) Como vimos anteriormente a unicidade da soluc¸a˜o e´ conseguida impondo-se condic¸o˜es de contorno. Isto e´, nos contornos do meio fluido a func¸a˜o φ devera´ tambe´m satisfazer condic¸o˜es da forma αφ+ β ∂φ ∂n = f (6.17) onde α, β e f sa˜o conhecidas. O contorno fluido neste caso e´ composto da superf´ıcie do casco, a superf´ıcie livre, o fundo e uma superf´ıcie longe do corpo ligando a superf´ıcie livre e o fundo. Na superf´ıcie do casco devemos ter por exemplo u · n = ∂φ ∂n (6.18) onde u e´ a velocidade de um ponto P do casco, n a normal a superf´ıcie do casco. Expressando a equac¸a˜o da superf´ıcie do casco na forma Fc(x, y, z, t) = 0 (6.19) a condic¸a˜o de contorno acima equivale a: D Dt Fc(x, y, z, t) = 0 (6.20) Em cada ponto da superf´ıcie livre as componentes das velocidades do perfil da onda usl e da velocidade da part´ıcula fluida na direc¸a˜o da normal sa˜o iguais. usl · n = ∂φ ∂n (6.21) De forma similar ao que expusemos acima, se Fsl(x, y, z, t) = 0 e´ a equac¸a˜o da superf´ıcie livre enta˜o D Dt Fsl(x, y, z, t) = 0 (6.22) Texto Preliminar, SH Sphaier 71 traduzira´ esta condic¸a˜o. Ale´m desta condic¸a˜o cinema´tica a ser satisfeita na superf´ıcie livre, devemos impor que a pressa˜o p seja igual a pressa˜o atmosfe´rica patm. Admitindo a regia˜o fluida infinita temos que impor condic¸o˜es assinto´ticas para pontos dis- tantes do corpo (condic¸o˜es de radiac¸a˜o). Caso o corpo encontre-se em a´guas com profundidade finita z = −d devemos ter ∂φ ∂z (x, y, z = −d, t) = 0 (6.23) Observando o problema de valor de contorno estabelecido acima e o problema de ondas de gravidade, vemos que ambos diferem unicamente pela condic¸a˜o de contorno no corpo. Assim, apo´s linearizac¸a˜o do problema chegamos ao seguinte problema de valor de contorno para o potencial de velocidades φ ∇2φ = 0 (6.24) em todo domı´nio fluido ∂φ ∂z + 1 g ∂2φ ∂t2 = 0 (6.25) em z = 0 ∂φ ∂z = 0 (6.26) em z = −d ∂φ ∂n = un (6.27) na superf´ıcie do corpo Resolvendo este problema obtemos a equac¸a˜o da superf´ıcie livre ζ = −1 g ∂φ(x, y, z = 0, t) ∂t (6.28) e a pressa˜o em qualquer ponto do domı´nio p = −ρgz − ρ∂φ(x, y, z, t) ∂t (6.29) De acordo com a descric¸a˜o f´ısica do problema podemos escrever φ = φinc + φdif + φrad (6.30) onde φinc potencial de velocidades das ondas incidentes, φdif potencial de velocidades de difrac¸a˜o das ondas incidentes e φrad potencial de velocidades das ondas de radiac¸a˜o. O potencial φinc representa as ondas existentes antes da colocac¸a˜o do corpo e φdif o po- tencial de difrac¸a˜o das ondas incidentes. Representa ondas que sa˜o geradas junto ao corpo 72 Texto Preliminar, SH Sphaier e se propagam para o meio, isto e´, representa a presenc¸a do corpo como obsta´culo para a propagac¸a˜o da onda incidente. Traduz o efeito da presenc¸a do corpo diante das ondas inci- dentes gerando um campo que ”compense a penetrac¸a˜o das ondas atrave´s do corpo”. Assim sobre o corpo devemos ter ∂φdif ∂n = −∂φinc ∂n (6.31) O potencial de radiac¸a˜o representa as ondas geradas junto ao corpo devidas aos movimentos do corpo e se propagam para o meio. Assim, ∂φrad ∂n = un (6.32) Os treˆs potenciais satisfazem a equac¸a˜o de Laplace e as condic¸o˜es de superf´ıcie livre e de fundo. Na˜o entraremos neste texto em considerac¸o˜es mais aprofundadas sobre as soluc¸o˜es dos potencias, mas podemos dizer que os potenciais φdif e φrad devem satisfazer condic¸o˜es assinto´ticas descrevendo o comportamento a grandes distaˆncias. Este tipo de condic¸a˜o e´ chamada de condic¸a˜o de radiac¸a˜o e foi estabelecida por Sommerfeld. O perfil da onda que se propaga no mar e´ dado por ζ(X, t) = ζ0 cos(ωt− k0X) (6.33) Para um observador no navio a onda incidente, sera´ dada por ζ(x, y, t) = ζ0 cos(ωt− k0x cos(β) + k0y cos(β)) (6.34) e seu potencial de velocidades e´ dado por: φinc = i g ω ek0zζ0 e i(ωt−k0x cos(β)+k0y cos(β)) = ϕinc eiωt (6.35) onde ϕ e´ dado por: ϕinc = i g ω ek0zζ0 e i(−k0x cos(β)+k0y cos(β)) (6.36) Considerac¸o˜es sobre os potenciais de difrac¸a˜o e de radiac¸a˜o Como dito acima, se imaginarmos um navio colocado no meio das ondas do mar, a superf´ıcie do casco sera´ invadida pelas part´ıculas fluidas. Isto e´, as ondas va˜o atravessar corpo, o que na˜o e´ fisicamente aceita´vel. Assim sendo, temos que gerar um escoamento que junto ao casco neutralize as ondas incidentes. Este e´ o papel do potencial de difrac¸a˜o; vai gerar velocidades junto ao casco que se contraponham a`s velocidades das ondas incidentes. O potencial de difrac¸a˜o gera velocidades cujas componentes na direc¸a˜o da normal ao casco Texto Preliminar, SH Sphaier 73 anulem as componentes das velocidades da onda incidente sobre o casco. Este e´ o sentido da condic¸a˜o de contorno sobre o corpo: udif · n = ∂φdif ∂n = −∂φinc ∂n = −uinc · n (6.37) one udif = ∇φdif (6.38) uinc = ∇φinc (6.39) Esses potenciais va˜o gerar presso˜es que variam harmonicamente, uma vez que estamos assu- mindo que as ondas sa˜o harmoˆnicas. Essas presso˜es va˜o gerar forc¸as harmoˆnicas e o corpo vai se mover harmonicamente. Assim, como o corpo, ale´m de impedir a passagem das part´ıculas fluidas atrave´s de si, se move periodicamente, ele impo˜e movimento a`s part´ıculas fluidas. Tudo se passa como se forc¸assemos o corpo a se mover em a´guas tranquilas. O corpo gera ondas. Para representa´- las introduzimos um potencial de velocidades. Este potencial tem que gerar movimento nas part´ıculas fluidas de tal forma que junto ao corpo, as part´ıculas fluidas acompanhem o corpo. Pensemos agora em um ponto do corpo. Como as part´ıculas podem deslizar sobre o corpo, suas componentes de velocidades na direc¸a˜o normal ao corpo no ponto considerado tem que se igualar a` componente de velocidade do corpo na direc¸a˜o normal ao ponto da superf´ıcie do corpo. Assim, este potencial tem que satisfazer: ∂φrad ∂n = un (6.40) Pore´m o corpo tem seis movimentos, treˆs lineares ao longo dos eixos do sistema de refereˆncias colocado no corpo, e treˆs movimentos angulares em torno desses treˆs eixos. Enta˜o podemos imaginar que cada movimento seja um gerador de movimentos das part´ıculas fluidas. Isolamos cada um deles e para cada um e´ necessa´rio gerar um potencial de velocidades. Cada um desses potenciais de velocidades e´ dado pelo produto de uma func¸a˜o, que depende da forma do corpo e da frequeˆncia do movimento, multiplicada pelo mo´dulo da velocidade do corpo naquela direc¸a˜o: φrad = ϕ1η˙1 + ϕ2η˙2 + ϕ3η˙3 + ϕ4η˙4 + ϕ5η˙5 + ϕ6η˙6 (6.41) 74 Texto Preliminar, SH Sphaier 6.3 Forc¸as Atuantes 6.3.1 Forc¸as hidrodinaˆmicas O conhecimento da func¸a˜o φT , permite que determinemos a pressa˜o e por conseguinte as forc¸as e momentos hidrodinaˆmicos. Utilizando a segunda lei de Newton para forc¸as e sua extensa˜o para momentos determinamos os movimentos do corpo. Para tal vamos inicialmente determinar as presso˜es atuantes sobre o corpo. Assumimos que o corpo executa pequenas oscilac¸o˜es lineares ηl e angulares ηa, onde: ηl = η1i+ η2j+ η3k (6.42) ηa = η4i+ η5j+ η6k (6.43) η1 movimento linear do corpo na direc¸a˜o longitudinal, eixo Ox η2 movimento linear do corpo na direc¸a˜o lateral, eixo Oy η3 movimento linear do corpo na direc¸a˜o vertical, eixo Oz η4 movimento angular do corpo em torno da direc¸a˜o longitudinal, do eixo Ox η5 movimento