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1 Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos Curso: LICENCIATURA EM MATEMÁTICA Prof.: JUNIOR TEODORO DA SILVA Disciplina: METODOLOGIA DE ENSINO. Método de Ensino. O processo de ensino se caracteriza pela combinação de atividades do professor e dos alunos. Os alunos, pelo estudo dos conteúdos (matérias), sob a direção do professor, vão atingindo progressivamente o desenvolvimento de suas capacidades mentais. A direção eficaz desse processo depende do trabalho sistematizado do professor que, tanto no planejamento como no desenvolver de suas aulas conjuga objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino. Os métodos são determinados pela relação objetivos-conteúdos, e referem-se aos meios para alcançar os objetivos gerais e específicos do ensino, ou seja, ao “como” do processo de ensino, englobando as ações a serem realizadas pelo professor e pelos alunos para atingir objetivos e conteúdos. O conceito mais simples de “método” é o de caminho para atingir um objetivo. Na vida cotidiana estamos sempre perseguindo objetivos. Mas estes não se realizam por si mesmos, sendo necessária a nossa atuação, ou seja, a organização de sequências de ações para atingi-los. Os métodos são, assim, meios adequados para realizar os objetivos. O professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos utiliza intencionalmente um conjunto de ações, passos condições externas e procedimentos, que chamamos de métodos de ensino. Por exemplo: - à atividade de explicar o conteúdo requer o método de exposição; - à atividade de estabelecer uma conversação ou discussão (socialização) com a classe corresponde o método de trabalho conjunto. Os alunos, por sua vez, sujeitos da própria aprendizagem, utilizam-se de métodos de assimilação de conhecimentos. Por exemplo: - à atividade dos alunos de resolver tarefas corresponde o método de resolução de tarefas; 2 - à atividade que visa o domínio dos processos de conhecimentos científicos numa disciplina corresponde o método investigativo; - à atividade de observação corresponde o método de observação. Ocorre várias outras atividades que se indicam necessárias durante a aula mesmo não estando previstas, sejam essas com recursos pedagógicos tangíveis ou intangíveis. A escolha e organização dos métodos de ensino devem corresponder à necessária unidade objetivos-conteúdos-métodos e forma de organização de ensino e às condições concretas das situações didáticas. Em primeiro lugar, os métodos de ensino dependem dos objetivos imediatos da aula: introdução do novo conteúdo, explicação de conceitos, desenvolvimento de habilidades, consolidação de conhecimento etc. Ao mesmo tempo, depende de objetivos gerais da educação previstos do plano de ensino pela escola ou pelo professor. Em segundo lugar, a escolha e organização dos métodos dependem dos conteúdos específicos e dos métodos peculiares de cada disciplina e dos métodos de sua assimilação. Em terceiro lugar, em estreita relação com as condições anteriores, a escolha de métodos implica o conhecimento das características dos alunos quanto à capacidade de assimilação conforme a idade e nível de desenvolvimento mental físico e quanto suas características sociais, culturais e individuais. Em resumo, podemos dizer que os métodos de ensino são as ações do professor pelas quais se organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir os objetivos do trabalho docente em relação ao conteúdo específico. Eles regulam a forma de interação entre ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo resultado é assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos. Os princípios básicos do ensino Os princípios básicos do ensino são aspectos gerais do processo de ensino que expressam os fundamentos teóricos de orientação do trabalho docente. Esse leva em conta a natureza da prática educativa escolar numa determinada sociedade (formar cidadãos), as características do processo de conhecimento, as peculiaridades metodológicas dos conteúdos e suas manifestações concretas na prática docente, as 3 relações entre o ensino e o desenvolvimento dos alunos, as peculiaridades psicológicas de aprendizagem e desenvolvimento conforme idades. As exigências práticas da sala de aula requerem algumas indicações que orientam a atividade consciente dos professores no rumo dos objetivos gerais e específicos do ensino. Ter caráter científico sistemático Os conteúdos a serem ensinados devem estar em correspondência com os conhecimentos científicos atuais e com os métodos de investigação próprios de cada disciplina. Recomendação ao professor: - buscar explicação científica de cada conteúdo da disciplina; - orientar o estudo independente dos alunos na utilização dos métodos científicos da disciplina; - certificar da consolidação do conteúdo anterior por parte dos alunos, antes de introduzir o novo conteúdo; - assegurar no plano de ensino e na aula a articulação sequencial entre os conceitos e as habilidades; - assegurar a unidade objetivos-conteúdos-métodos; - organizar as aulas de modo que sejam evidenciadas as inter-relações entre os conhecimentos da disciplina e entre estes e as demais disciplinas; - aproveitar, em todos os momentos, as possibilidades educativas da disciplina no sentido de formar atitudes e convicções. Ser compreensível e possível de ser assimilado Recomendações de práticas para atender a este princípio: 4 - dosagem no grau de dificuldades no processo de ensino, tendo em vista superar a contradição entre as condições prévias e os objetivos a serem alcançados; - diagnóstico periódico do nível de conhecimentos e desenvolvimentos dos alunos; - análise sistemática da correspondência entre o volume de conhecimentos e as condições concretas do grupo de alunos; - aprimoramento e atualização, por parte do professor, nos conteúdos da disciplina que leciona como condição de torná-los compreensíveis e assimiláveis pelos alunos. Assegurar a relação conhecimento-prática Algumas recomendações práticas para atender a este princípio: - estabelecer, sistematicamente, vínculos entre os conteúdos escolares, as experiências e os problemas da vida prática; - exigir dos alunos que fundamentem, com o conhecimento sistematizado, aquilo que realizam na prática; - mostrar como os conhecimentos de hoje são resultado da experiência das gerações anteriores em atender necessidades práticas da humanidade e como servem para criar novos conhecimentos para novos problemas. Assentar-se na unidade ensino-aprendizagem Algumas recomendações práticas em relação a este princípio: - esclarecer os alunos sobre o objetivo da aula e sobre a importância de novos conhecimentos para a sequência dos estudos, ou para atender necessidades futuras; - provocar a explicitação da contradição entre ideias e experiências que os alunos possuem sobre um fato ou objeto de estudo e o conhecimento científico sobre esse fato ou objeto de estudo; - criar condições didáticas nas quais os alunos possam desenvolver métodos próprios de compreensão e assimilação de conceitos e habilidades (explicar como resolver um 5 problema, tirar conclusões sobre dados da realidade, fundamentar uma opinião seguir regras para desempenhar uma tarefa etc.); - estimular os alunos a expor e defender pontos de vistas, conclusões sobre uma observação ou experimento e a confrontá-los com outras opiniões; - formular perguntas ou propor tarefas que requeiram a exercitaçãodo pensamento e solução criativa; - criar situações didáticas (discussões, exercícios, provas, conversação dirigida etc.) em que os alunos possam aplicar conteúdos a situações novas ou a problemas do meio social; - desenvolver formas didáticas variadas de aplicação do método de solução de problemas. Garantir a solidez dos conhecimentos Este princípio tem como apoio na afirmação de que o desenvolvimento das capacidades mentais e modos de ação é o principal objetivo do processo de ensino de que é alcançado no próprio processo de assimilação de conhecimentos, habilidades e hábitos. A assimilação de conhecimento não é conseguida se os alunos não demonstram resultados sólidos por um período mais longo ou menos longo. O atendimento desse princípio exige do professor constante retomada (recursão) do conteúdo, exercícios de fixação, tarefas individualizadas a alunos que apresentem dificuldades e sistematização dos conceitos básicos do conteúdo. Levar à vinculação trabalho coletivo-particularidades individuais O trabalho docente deve ser organizado e orientado para educar a todos os alunos da classe coletivamente. O professor deve empenhar-se para que os alunos aprendam a comporta-se, tendo em vista o interesse de todos, ao mesmo tempo em 6 que presta atenção nas diferenças individuais e as peculiaridades de aproveitamento escolar. Para isso, podem ser adotadas as seguintes medidas: - explicar com clareza os objetivos da atividade docente, as expectativas em relação aos resultados esperados e as tarefas em que os alunos estarão envolvidos; - desenvolver um ritmo de trabalho de acordo com o nível máximo de exigências que se pode fazer para aqueles grupos de alunos; - prevenir a influência de particularidades desfavoráveis ao trabalho escolar (colocar nas primeiras carteiras os alunos com problemas de visão ou audição; dirigir-se com mais frequência a alunos distraídos e dar mais detalhes de uma tarefa a alunos mais lentos); - considerar que a capacidade de assimilação da matéria, a motivação para o estudo e os critérios de valorização das coisas não são iguais para todos os alunos: tais particularidades requerem uma atenção especial do professor a fim de colocar alunos isolados em condições de participar no coletivo. O processo ensino-aprendizagem da matemática A importância do lúdico no processo ensino-aprendizagem da matemática. As dificuldades encontradas por alunos e professores no processo ensino e aprendizagem da matemática são muitas e conhecidas. Por um lado, o aluno não consegue entender a matemática que a escola lhe ensina, muitas vezes é reprovado nesta disciplina, ou então, mesmo que aprovado, sente dificuldades em utilizar o conhecimento "adquirido", em síntese, não consegue efetivamente ter acesso a esse saber de fundamental importância. Hoje em dia, o que é importante (principalmente no que refere ao Ensino Básico) não é o conteúdo, porque o conteúdo esquece, mas desenvolver as capacidades dos alunos. 7 O processo de ensino e aprendizagem da Matemática deve ser bem trabalhado nas escolas, para que futuramente os alunos não apresentem dificuldades graves, quanto a construção deficiente do pensamento lógico-abstrato. Atualmente o ensino da Matemática se apresenta: descontextualizado, inflexível e imutável, sendo produto de mentes privilegiadas. O aluno é, muitas vezes, um mero expectador e não um sujeito partícipe, sendo a maior preocupação dos professores o cumprimento do programa. Os conteúdos e a metodologia não se articulam com os objetivos de um ensino que sirva à inserção social das crianças, ao desenvolvimento do seu potencial, de sua expressão e interação com o meio. A utilização de técnicas lúdicas: jogos, brinquedos e brincadeiras direcionadas pedagogicamente em sala de aula podem estimular os alunos a construção do pensamento lógico-matemático de forma significativa e a convivência social, pois o aluno, ao atuar em equipe, supera, pelo menos em parte, seu egocentrismo natural. Numa situação desafiante, as crianças utilizam os conhecimentos que já têm para desenvolver raciocínios com significado pessoal. Os jogos pedagógicos, por exemplo, podem ser utilizados como estratégia didática antes da apresentação de um novo conteúdo matemático, com a finalidade de despertar o interesse da criança, ou no final, para reforçar a aprendizagem. Conforme afirmam FIORENTINI e MIORIM (1996), O professor não pode subjugar sua metodologia de ensino a algum tipo de material porque ele é atraente ou lúdico. Nenhum material é válido por si só. Os materiais e seu emprego sempre devem estar em segundo plano. A simples introdução de jogos ou atividades no ensino da matemática não garante uma melhor aprendizagem desta disciplina. De fato, é imperioso viver o processo de ensino-aprendizagem da Matemática em diálogo com os alunos e não para os alunos. O professor é alguém que provoca diálogos, que os reforça e que harmoniza as propostas de solução, tendo como pressuposto os saberes científicos. Ensinar não é somente transmitir, transferir conhecimentos de uma cabeça para a outra(s). Ensinar é fazer pensar, é estimular o aluno para a identificação e resolução de problemas, ajudando-o a criar novos hábitos de pensamento e ação. Deste modo, o professor deve conduzir o aluno à problematização e ao raciocínio, e nunca à absorção 8 passiva das ideias e informações transmitidas. Além disso, para ser um bom comunicador, o professor deve gerar empatia, deve tentar colocar-se no lugar do aluno e, com ele, problematizar o mundo. Dessa maneira, irá simultaneamente transmitir-lhe novos conteúdos e ajudá-lo a crescer no sentido do respeito mútuo, da cooperação e da socialização. Para Polya (1981), "aprender a pensar" é a grande finalidade do ensino. A aprendizagem deve ser ativa, motivadora e processar-se em fases consecutivas. Assim, para este autor, devem ser proporcionadas situações de aprendizagem que despertem o interesse dos alunos e em que eles sejam desafiados a descobrir resultados e a estabelecer relações. Considera ainda que a aprendizagem deve ter em conta o "princípio das fases consecutivas", em que uma fase exploratória precede a formalização de conceitos, culminando com a integração numa estrutura conceitual. Cabe então descobrir novos jeitos de trabalhar com a matemática, de modo que as pessoas percebam que pensamos matematicamente o tempo todo, resolvemos problemas durante vários momentos do dia e somos convidados a pensar de forma lógica cotidianamente. A matemática, portanto, faz parte da vida e pode ser aprendida de uma maneira dinâmica, desafiante e divertida. Conscientes do grande desafio que é preparar os nossos alunos para um futuro, que se nos afigura já altamente tecnológico, e que exige de cada indivíduo um enorme potencial criativo que lhe permita lidar com situações do dia-a-dia profissional, cada vez mais diversificadas e complexas, não será difícil apoiar incondicionalmente esta última perspectiva de Matemática - a da "construção do próprio saber". Situação Didática A situação didática é formada por atividades que podem ser definidas como sendo os “meios” usados pelo professor a fim de que o aluno vivencie as experiências necessárias ao desenvolvimento de competências e habilidades fazendo com que a aprendizagem seja significativa. Valoriza a investigação, a integração, a cooperação e incentiva a ação do aluno. É o estímulo à cooperação entre o grupo (alunos e professor) e busca o desenvolvimento de habilidades como características básicas do processo de aprendizagem. 9 A situação didática deve serplanejada pelo professor, de forma a tratar cada conteúdo de maneira específica e singular, oportunizando ao aluno o desenvolvimento da autonomia para que empregue seus próprios mecanismos na construção e reconstrução do seu conhecimento e arquitetar formas para a resolução e formulação criativa de problemas. Criar uma situação didática é programar situações e circunstâncias em que o estudante realmente construa seu conhecimento. A finalidade, portanto, é possibilitar ao aluno a construção de seu conhecimento por meio da articulação de diversas teorias didáticas, como a noção de objetivo-obstáculo a ser desvelada. Apesar de a situação didática ser pensada para que o aluno construa o saber, cabe ao professor planejar os dispositivos didáticos que propiciem a evolução intelectual dos alunos. Entende-se aqui que na ação pedagógica, professores e alunos devem agir reciprocamente quanto ao conteúdo trabalhado numa situação didática onde os alunos encaram a realidade, relacionando o teórico com o prático. Na abordagem do tema, na situação-problema onde todos participam do processo abertamente, havendo, assim, um trabalho sócio-interativo e crítico. Referências: FIORENTINI & MIORIM. Uma reflexão sobre o uso dos materiais concretos e jogos no ensino da matemática. In: Boletim SBEM-SP, 4(7): 5-10, 1996. LIBÂNEO, JOSÉ CARLOS. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. POLYA, G. (1981). Mathematical Discovery (combined edition). New York: Wiley.
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