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que o coeficiente de tolerância ao calor teve pouco efeito sobre a produção de leite e que a seleção de vacas cruzadas, se baseada na tolerância ao calor, pode não resultar necessariamente em seleção para alta produção de leite. De acordo com BIANCA, o teste de RHOAD apresenta duas principais limitações: 69 1) as condições ambientes não são suficientemente padronizadas e 2) o valor 38,33ºC considerado a temperatura retal média normal de bovinos, não leva em conta as variações devidas a idade, raça, nível de alimentação, nível de produção, etc. Por exemplo, animais jovens possuem temperatura corporal normal mais elevada que os adultos e assim o teste tende a mostrar valores falsamente baixos, para animais jovens, por seu mais alto nível inicial de temperatura corporal. Da mesma forma o teste tende a mostrar valores falsamente altos para animais cuja temperatura corporal normal foi inferior a 38,33ºC. Além dessas limitações, FARIAS comenta o não aproveitamento, para a determinação do ritmo respiratório, assim os indivíduos que conseguem evitar ou atenuar a hipertermia à custa da aceleração do ritmo respiratório (mostrando, portanto, dificuldade de suportar o calor, por deficiência de outros aspectos mais eficientes do aparelho termorregulador), apresentarão maior coeficiente; com referência a este aspecto vale a pena mencionar que aqui no Brasil CHIQUILOFF verificou, que novilhas Gir podem tolerar grandes variações na temperatura corporal sem revelar desconforto fisiológico e aceleração do ritmo respiratório. No sentido de evitar a segunda limitação do teste de RHOAD, AMAKIRI & FUNCHO utilizam a temperatura retal inicial tomada pela manhã, descartando o valor arbitrário 38,33ºC e considerando a temperatura retal da tarde. Nesse caso a fórmula a ser apreciada seria: CTC = 100 - [18 (T15 - T10)] Onde: T15 = temperatura retal tomada às 15:00 horas T10 = temperatura retal tomada às 10:00 horas BENEZRA, aproveitando os dados referentes ao ritmo respiratório, também introduziu modificações na determinação do coeficiente de tolerância ao calor pelo teste de RHOAD, tornando-a mais sensível e utilizável também com animais estabulados durante as horas mais quentes do dia: CTC = TC + NR 38,33 23 Onde: TC = temperatura retal NR = número de respirações por minuto obtidos no teste 38,33 e 23 = valores normais Quanto mais próximo de 2 (dois) o coeficiente encontrado, maior a capacidade de tolerância ao calor, já que 2 seria o valor mínimo só obtido nos animais que mantivessem normais sua temperatura retal e respiração. VILLARES, em Botucatu (SP), usou o teste de BENEZRA em zebuínos e na raça Chianina e os resultados obtidos são apresentados no Quadro 12 , no qual são comparados os zebuínos com os bovinos da raça Chianina. 70 Analisando os dados, verificamos que, em umidade relativa do ar alta e baixa, o zebu mais adaptável do que o Chianina quando a umidade relativa do ar é alta; porém, quando a umidade é baixa ambas se equivalem. QUADRO 12. Aplicação do teste de BENEZRA em bovinos no Estado de São Paulo. RAÇA UMIDADE RELATIVA DO AR + de 60% - de 60% Zebuina 2,591 2,611 Chianina 3,132 2,827 O coeficiente, ainda pelo método de Benezra, pode também ser calculado de outra maneira: CTC = __NR - 23___ 10 (TC - 38,33) Quanto menor o coeficiente obtido, maior a tolerância ao calor. Entre animais com valores NR aproximados terá menor CTC o que apresentar maior elevação da temperatura retal. Este segundo método de Benezra, baseado na relação entre os aumentos da respiração e da temperatura retal, parece levar a resultados duvidosos. Segundo FARIAS, para a avaliação do poder de adaptação a ambientes de temperatura elevada podem ser usadas as reações na temperatura retal, respiração, pulsação e a capacidade termorreguladora, através do índice de termorregulação (Índice de termorregulação de ITTNER & KELLY). Este índice pode ser obtido em função da recuperação à sombra, ao fim de uma horas, da temperatura retal ao sol: I = __d__ x 100 e Onde: d = representa o decréscimo médio da Tr, à sombra, após uma hora de decorrido o exercício ao sol e = elevação média da Tr logo após o exercício em relação à Tr inicial anterior ao exercício, à sombra. CHIQUILOFF, no ambiente de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, obteve os seguintes valores para este índice: 71 Guernsey 55,70% Gir 50,75% Schwyz 46,51% Jersey 35,87% Holandesa (preta e branca) 33,33% Segundo FARIAS, o índice da raça Gir inferior ao da raça Guernsey, o resultado da temperatura retal mais elevada naquela raça mostra que o valor da temperatura retal, por si só, não é suficiente para avaliar a capacidade de adaptação ao clima quente. CHIQUILOFF, cita que as novilhas Gir, mesmo com temperatura retal elevada, não demostraram desconforto e aceleração do ritmo respiratório. Considerando o cômputo das várias reações, temperatura retal, respiração e pulsação, CHIQUILOFF situa as raças leiteiras européias estudadas na seguinte ordem, quanto a sua adaptação ao clima de Pedro Leopoldo, com disponibilidade de sombra (temperatura média do ar, à sombra 22,2ºC, umidade relativa média de 67% e altitude de 700 a 770 metros): Schwyz, Jersey, Guernsey e Holandesa preta e branca. Pela aplicação da fórmula de ITTNER & KELLY, MEDEIROS no Sudoeste de Goiás, verificou que o caprino Bhuj exibiu o índice de termorregulação mais alto (95,20%), o ovino lanado o mais baixo (55,55%), ocupando os ovinos deslanados (Deslanado de Morada Nova e Santa Inês) posições intermediárias (86,09 e 73,29%, respectivamente). 2) Método de Bonsma BONSMA desenvolveu um método em bovinos, que fornece informação sobre a capacidade geral de adaptabilidade do animal em climas quentes. O método é também conhecido como o “teste de feltragem”. O método consiste em tornar-se uma amostra de pêlos do animal, umidecê-los e esfregá-los entre as mãos. Se os pelos formarem uma massa firme, não se enrolarem uns aos outros, constituem pêlos curtos, lisos. Ao contrário, se se enrolam caracterizam pêlos longos, lanuginosos. De acordo com BONSMA, um pelame lanuginoso associa-se à baixa e o liso à alta tolerância ao calor. Assim, o exame de uma amostra de pêlos seria um meio simples para julgar indiretamente a tolerância ao calor, como o mérito de ser aplicável a animais bem jovens. Em bovinos Shorthorn na Austrália, FINCH verificou que animais com pêlos longos e lanuginosos tiveram o ganho de peso negativamente afetado e garrotes com pelagem branca ganharam 0,13kg a mais por dia que os negro- avermelhados. Estes resultados evidenciaram que a cor da pelagem é um atributo que, interagindo com o tipo de pelame, exercem influência sobre a performance dos bovinos sob “stress” pelo calor. 72 3) Teste do Dowling O teste da “eficiência do resfriamento” de DOWLING, baseia-se na capacidade de o animal dissipar o calor corporal excedente. Os animais são exercitados num dia quente por meia hora até a temperatura retal (Tr) alcançar cerca de 40ºC. A seguir, são levados para a sombra, onde se procedem as tomadas de Tr em intervalos regulares (20-30 minutos) para se verificar a habilidade de cada animal na recuperação da Tr inicial. O animal com o maior decréscimo de Tr é considerado dotado da maior eficiência de resfriamento. DOWLING testou dois grupos de animais da raça Shorthorn, um com pêlos longos e amedulados e outro com pêlos curtos e medulados. Verificou demonstrarem os animais do grupo 2 (dois) maior capacidade de dissipação