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por obstrução de piloro em um cão. TUMORES E ÚLCERAS Os tumores gástricos são raros em pequenos animais, já as úlceras ocorrem, especialmente, causadas pelo uso indiscriminado de antiinflamatórios. O diagnóstico radiológico destas últimas é feito pela constatação de contraste preenchendo-as. Não é de fácil visualização devido às pregas gástricas que podem levar a erros. O mais indicado, para o diagnóstico definitivo, é a endoscopia. INTESTINO DELGADO EXAME SIMPLES As alças intestinais serão mais facilmente distinguidas ao exame radiológico quando apresentarem gás em sua luz ou conteúdo de densidade diferente dos tecidos adjacentes. Gordura na cavidade peritonial, por ter densidade radiológica diferente das vísceras, proporciona distinção entre as mesmas. Animais muito magros ou jovens, têm imagem do abdome bastante homogênea pela ausência de gordura. Ainda, na presença de líquido livre na cavidade, como em caso de ascite, peritonite, hemoperitônio, ou qualquer efusão peritonial, haverá uma opacificação homogênea da imagem, dificultando ou impedindo totalmente a distinção de qualquer estrutura. TRÂNSITO INTESTINAL É o exame contrastado das alças intestinais. Deve ser precedido, sempre, por exame simples. TÉCNICA Após preparo com jejum de 24 horas (água sem restrição), efeito de laxante suave e enema efetuado 6 horas antes do exame, administra-se via oral ou por sonda gástrica, o sulfato de bário na dose de 8 a 12ml.kg -1 de peso do animal. Dependendo do quadro clínico, como em casos de anorexia, em que o paciente já vem há dias sem se alimentar, o preparo será dispensado. 22 Da mesma forma vista na gastrografia, ao fim da administração do contraste, efetua- se a primeira radiografia, para observar a passagem do mesmo do estômago para o duodeno. Repete-se a avaliação 15 minutos após e uma hora, novamente, quando em condições normais, todo o intestino delgado estará delineado pelo contraste. O trânsito poderá estar acelerado em caso de enterite, ou retardado pelo estresse do animal devido à manipulação. Três horas após a administração do contraste, pode-se verificar a passagem do mesmo ao cólon e avaliar o esvaziamento do estômago. Num paciente adequadamente preparado para o exame, o intestino apresentará diâmetro uniforme, superfície mucosa relativamente lisa e parede fina, quando em condições normais de saúde (fig. 2.14 A e B). Figura 2.14 - Trânsito intestinal normal em cão. A - Intestino delgado em projeção ventro-dorsal e B - Projeção lateral. Estômago apresenta resíduo do contraste. ALTERAÇÕES Os sinais clínicos incluem vômito, diarréia, anorexia, perda de peso, desidratação, dor abdominal e /ou melena. OBSTRUÇÃO A obstrução pode ser completa ou parcial. No primeiro caso, a imagem radiográfica demonstrará dilatação por gases ou conteúdo alimentar das alças intestinais, anteriores ao ponto de obstrução (fig. 2.15). No segundo, não haverá retenção significativa de gases, podendo necessitar contraste para o diagnóstico. Quando a causa for corpo estranho linear, o contraste proporcionará imagem de franzimento do segmento da alça que o contém (fig. 2.16). ENTERITE Radiologicamente diagnosticada pela velocidade aumentada do trânsito intestinal (o contraste passa muito rapidamente) e/ou por significativa quantidade de gases na luz A B 23 intestinal, demonstrada por radiolucência. Irregularidade na superfície da mucosa ou estreitamento do lúmen só será observado em casos crônicos. DIVERTÍCULO Pode ser adquirido ou congênito, sendo mais comum o consequente a corpo estranho. Apresenta-se como uma saculação na parede da alça intestinal. INTUSSUSCEPÇÃO Poderá produzir obstrução completa ou incompleta. A invaginação de uma porção da alça em outra determina, eventualmente, uma imagem de uma estrutura tubular com densidade água, comparada por alguns autores a uma salsicha. Evita-se a administração de contraste, dando-se preferência ao exame ecográfico em lugar do contrastado. Quando causar obstrução completa a imagem será semelhante à vista na figura 2.15. Figura 2.15 – Radiografia simples: obstrução intestinal em projeção lateral e ventro-dorsal. Figura 2.16 – Trânsito intestinal em projeção ventro-dorsal e lateral, evidenciando corpo estranho linear no intestino delgado de um felino. 24 HÉRNIAS As alças intestinais, com seu conteúdo gasoso ou com contraste, ou outros órgãos, como fígado, útero, estômago, serão visualizados fora da cavidade abdominal. Ex: Hérnia diafragmática (vísceras insinuadas no tórax) (fig. 2.17 A), hérnia inguinal (na região inguinal) (fig. 2.17 B). Figura 2.17 – Hérnia diafragmática. A - Perda da linha do diafragma, presença de alças intestinais com gases e estruturas radiopacas insinuadas no tórax. B - Hérnia inguinal em uma cadela prenhe. Corno uterino com fetos compõe o conteúdo herniário. INTESTINO GROSSO O intestino grosso inclui ceco, cólon e reto. Este segmento do intestino é facilmente identificável ao exame radiológico por sua localização, tamanho e conteúdo. O ceco no cão, com forma de “C”, cheio de gás, é identificado no lado direito do abdome em projeção VD. Nesta projeção, observa-se o cólon ascendente no lado direito do abdome, cólon transverso, da direita para esquerda e descendente no lado esquerdo, descendo até o reto. Este último é a estrutura intrapélvica, localizada entre a superfície ventral do sacro e o assoalho da pelve em projeção lateral. COLONOGRAFIA OU ENEMA BARITADO É o exame contrastado do intestino grosso. TÉCNICA As incidências e o preparo são os mesmos do trânsito intestinal. É aconselhável a sedação para evitar o desconforto do paciente. Seringa com bico ou sonda é utilizada para administrar o contraste no reto. A dose indicada é de 5 a 12ml.kg -1 de peso. Imediatamente efetuam-se as radiografias. Para exame de duplo contraste, proporciona-se a eliminação do contraste positivo e administra-se ar na mesma dose do primeiro. As paredes do cólon delineadas pelo contraste positivo são avaliadas para alterações na mucosa e lesões intramurais. ALTERAÇÕES A B 25 São as mesmas que acometem o intestino delgado, mais megacólon e fecaloma (fig. 2.18 A), hérnia perineal (fig. 2.18 B), atresia anal (fig. 2.19) e intussuscepção íleo-cólica (fig. 2.20). Figura 2.18 – A- Megacólon com conteúdo fecal, em projeção lateral. B-Hérnia perineal. Figura 2.19 – Atresia anal em felino de 4 dias de vida. Alças intestinais distendidas por gases. A B 26 Figura 2.20 – Intussuscepção íleocólica em cão. Alças do intestino delgado apresentam-se distendidas por gases, na projeção lateral. Contraste usado na colonografia progrediu até o ponto da invaginação, na junção íleocólica. MASSAS TUMORAIS Pode ocorrer o desenvolvimento de massas no abdome, as quais se originam em qualquer órgão ou mesmo no mesentério, o que é difícil de especificar ao exame radiográfico. É importante, diante de massas que ocupam grande parte do abdome (fig. 2.21), não se fazer confusão com efusão pleural, observando o limite que aquelas demonstram, diferentemente das efusões que se distribuem por toda a cavidade. Incidência VD auxilia a localização das massas, bem como incidência lateral em estação, permite a observação do líquido colecionado ventralmente nesta posição. Figura 2.21 – Massa no abdome (tumor no baço) e tórax do mesmo paciente com metástases pulmonares. PNEUMOPERITÔNIO Pode ocorrer como consequência de