805 pág.

Pré-visualização | Página 32 de 50
1 + 2 + . . .+ (n− 1) + n = (1 + 2 + . . .+ (n− 1)) + n = = n(n− 1) 2 + n = n(n− 1) + 2n 2 = = (n+ 1) · n 2 , como quer´ıamos. Prova de ii): Para n = 1 a fo´rmula diz simplesmente que 12 = 13 o que e´ o´bvio. Fac¸o a hipo´tese de induc¸a˜o: (1 + 2 + . . .+ (n− 2) + (n− 1))2 = 13 + 23 + . . .+ (n− 2)3 + (n− 1)3, e quero saber se vale tambe´m: (1 + 2 + . . .+ (n− 1) + n)2 = 13 + 23 + . . .+ (n− 1)3 + n3. Agora vamos ter que fazer algo, trabalhar um pouco. Escrevo pelo binoˆmio: (1+2+ . . .+(n−1)+n)2 = (1+2+ . . .+(n−1))2+2 · (1+2+ . . .+(n−1)) ·n+n2 e para continuar uso a hipo´tese de induc¸a˜o: (1+2+ . . .+(n−1)+n)2 = 13+23+ . . .+(n−1)3+2 · (1+2+ . . .+(n−1)) ·n+n2. Para terminar onde gostaria, preciso ver que 2 · (1 + 2 + . . .+ (n− 1)) · n+ n2 = n3. Mas posso usar a parte i) ja´ provada para qualquer n, mesmo que da forma n − 1, obtendo: (1 + 2 + . . .+ (n− 1)) = n · (n− 1) 2 , e portanto: 2 · (1 + 2 + . . .+ (n− 1)) · n+ n2 = (n · (n− 1)) · n+ n2 = = n3, como precisa´vamos. Prova de iii): para n = 1 a fo´rmula esta´ correta 1 = 1(1+1)(2+1) 6 . suponha va´lida ate´ n− 1 e fac¸o: 12 + 22 + . . . (n− 1)2 + n2 = (n− 1)(n− 1 + 1)(2n− 2 + 1) 6 + n2 = = 2n3 − 3n2 + n 6 + n2 = = 2n3 − 3n2 + n+ 6n2 6 = 2n3 + 3n2 + n 6 = n(n + 1)(2n+ 1) 6 , como quer´ıamos. CAPI´TULO 13. DERIVADA DO PRODUTO, INDUC¸A˜O E A DERIVADA DE XN , N ∈ Z. 169 � 2. Derivada do Produto Voltemos ao problema original: como derivar f(x) = xn ? Para n = 1 ja´ sabemos que a fo´rmula x′ = 1x0 esta´ ok. Gostariamos de supor a fo´rmula ate´ n− 1 e prova´-la enta˜o para n, de acordo com o princ´ıpio de induc¸a˜o. Mas quando escrevo xn e tento relaciona´-lo com xn−1 so´ consigo imaginar a seguinte relac¸a˜o: xn = x · xn−1. Quando for derivar o lado esquerdo dessa expressa˜o terei que derivar, no lado direito, um produto de func¸o˜es. Como fazeˆ-lo ? Certamente a derivada do produto na˜o e´ o produto das derivadas, pois (x2)′ 6= x′ · x′ = 1 · 1. Por isso precisamos de: Teorema 2.1. Sejam f(x) e g(x) duas func¸o˜es deriva´veis com mesmo domı´nio de definic¸a˜o. Enta˜o a func¸a˜o produto (f · g)(x) := f(x) · g(x) tambe´m e´ deriva´vel e (f · g)′(x) := f ′(x) · g(x) + f(x) · g′(x). Demonstrac¸a˜o. Seja x e considere a definic¸a˜o de derivada: (f · g)′(x) = lim h→0 f(x+ h)g(x+ h)− f(x)g(x) h . Agora vou fazer um truque, para fazer aparecer f ′(x) e g′(x) nessa esto´ria. Escrevo f(x+ h)g(x+ h)− f(x)g(x) = = f(x+ h)g(x+ h)−f(x)g(x+ h) + f(x)g(x+ h)︸ ︷︷ ︸ 0 −f(x)g(x) = = (f(x+ h)− f(x)) · g(x+ h) + f(x) · (g(x+ h)− g(x)). Portanto atrave´s deste truque obtemos que (f · g)′(x) = lim h→0 [ (f(x+ h)− f(x)) h · g(x+ h) + f(x)(g(x+ h)− g(x)) h ]. Mas limh→0 g(x+ h) = g(x) pela continuidade de g e lim h→0 f(x+ h)− f(x) h = f ′(x) e lim h→0 g(x+ h)− g(x) h = g′(x), portanto juntando isso (e lembrando que o produto de limites e´ o limite do produto): (f · g)′(x) = f ′(x)g(x) + f(x)g′(x) � 3. DERIVADAS DE X−N , ∀N ∈ N 170 Agora estamos em condic¸o˜es de terminar a prova de que (xn)′ = nxn−1. Pra n = 1 vale, suponho va´lida ate´ n− 1. Escrevo xn = x · xn−1 e aplico o teorema da derivada do produto: (x · xn−1)′ = 1 · xn−1 + x · (xn−1)′ = = xn−1 + x · (n− 1) · xn−1−1 = = xn−1 + (n− 1) · xn−1 = = n · xn−1. 3. Derivadas de x−n, ∀n ∈ N Se define x−n := 1 xn , ∀n ∈ N, onde claramente x 6= 0. Com essa definic¸a˜o se obtem: x−n · xn = 1 n · n = 1 e portanto x−n · xn = xn−n. Queremos derivar essas func¸o˜es x−n, e novamente o faremos via a induc¸a˜o matema´tica. Vimos a derivada de f(x) = x−1 = 1 x , x 6= 0 diretamente pela definic¸a˜o, na Parte 1 deste Curso. Como um Exerc´ıcio, vejamos agora como re-obter a derivada de x−1 = 1 x usando a regra da derivada do produto. Escrevo a identidade para x 6= 0: 1 = x−1 · x e derivo. A´ esquerda na identidade obtenho 0 e a` direita a regra do produto da´: 0 = (x−1)′ · x+ x−1 · 1, ou seja (x−1)′ = − 1 x2 = −x−2. Ou seja, que vale (x−1)′ = −1 · x−1−1. Suponha provada a fo´rmula ate´ n− 1 > 1: ou seja, que a derivada de x−(n−1) e´ −(n− 1) · x−(n−1)−1 = −(n− 1) · x−n. Enta˜o escrevo x−n = x−(n−1) · x−1 e pela derivada do produto: (x−n)′ = (x−(n−1))′ · x−1 + x−(n−1) · (−x−2) = = −(n− 1) · x−n · x−1 − x−(n−1)−2 = = −(n− 1) · x−n−1 − x−n−1 = −n · x−n−1, como quer´ıamos. CAPI´TULO 13. DERIVADA DO PRODUTO, INDUC¸A˜O E A DERIVADA DE XN , N ∈ Z. 171 4. Ra´ızes mu´ltiplas e fatorac¸a˜o de polinoˆmios Agora que sabemos derivar xn, para qualquer n ∈ N, tambe´m saberemos derivar qualquer polinoˆmio de grau n: f(x) = anx n + an−1xn−1 + . . .+ a0, an 6= 0, bastando para isso usar (n vezes) a regra da derivada da soma/subtrac¸a˜o: f ′(x) = ( anxn + an−1xn−1 + . . .+ a0 )′ = = (anx n)′ + (an−1xn−1)′ + . . .+ a′0 = = nanx n−1 + (n− 1)an−1xn−2 + . . .+ a1. Sera´ conveniente chamar de derivada de ordem zero de uma f(x) a pro´pria func¸a˜o, em s´ımbolos: f (0)(x) := f(x). Tambe´m chamar de derivada de ordem 1 a derivada usual: f (1)(x) := f ′(x), bem como f (2)(x) := f ′′(x) e assim por diante. E´ fundamental o fato seguinte: Teorema 4.1. Seja f(x) um polinoˆmio de grau n a coeficientes Reais. Sa˜o equivalentes as seguintes afirmac¸o˜es: • i) f(x) = (x− x)k+1 · g(x), onde g(x) e´ um polinoˆmio de grau n− (k + 1) a coeficientes Reais. • ii) f (0)(x) = f (1)(x) = . . . = f (k)(x) = 0 , onde 0 ≤ k ≤ n− 1. Demonstrac¸a˜o. i) implica ii) : Suponho f(x) = (x− x)k+1 · g(x), onde g(x) e´ um polinoˆmio de grau n− (k + 1). Note que f ′(x) = (k+1)(x−x)kg(x)+(x−x)k+1g′(x) e´ uma soma e cada parcela dessa soma tem um fator (x−x)k ou (x−x)k+1. Asssim tambe´m ocorre com qualquer das derivadas f (i)(x), com 0 ≤ i ≤ k ≤ n− 1: sa˜o somas onde cada parcela da soma tem algum fator dentre: (x− x)k+1, (x− x)k, . . . , (x− x)2, (x− x). Logo f (i)(x) = 0, se 0 ≤ i ≤ k. ii) implica i) : Procederemos por induc¸a˜o em k. Se k = 0, ou seja, k + 1 = 1, ja´ vimos no Teorema 7.1 do Cap´ıtulo 6 que f (0)(x) := f(x) = 0 ⇒ f(x) = (x− x) · g(x), onde o grau de g e´ n− 1. Tentemos provar para k = m ≤ n − 1, supondo va´lido o resultado para todo k ≤ m− 1. Nossa hipo´tese sera´ que f (0)(x) = f (1)(x) = . . . = f (m)(x) = 0. 4. RAI´ZES MU´LTIPLAS E FATORAC¸A˜O DE POLINOˆMIOS 172 Em particular: f (0)(x) = f (1)(x) = . . . = f (m−1)(x) = 0 e a hipo´tese de induc¸a˜o da´: f(x) = (x− x)m · g(x) para um polinoˆmio g(x) de grau n−m. Precisamos ver que g(x) = (x− x) · g(x) para termos o resultado desejado: f(x) = (x− x)m · [(x− x) · g(x)] = (x− x)m+1 · g(x). Pensemos por absurdo, que g(x) 6= (x− x) · g(x) para todo g(x) de grau n−m− 1. Pelo Teorema 7.1 do Cap´ıtulo 6 aplicado ao g(x): g(x) 6= 0. Mas como f(x) = (x− x)m · g(x) = (x− x)k · g(x) enta˜o a derivada f (m)(x) = f (k)(x) e´ uma soma onde cada parcela tem algum fator dentre (x− x)k, . . . , (x− x)2, (x− x) exceto uma u´ltima parcela que e´ do tipo C · g(x), C ∈ R \ {0}. As parcelas todas que formam f (m)(x) = f (k)(x) se anulam x, exceto a parcela que conte´m o fator C · g(x). Logo f (m)(x) 6= 0: contradic¸a˜o. Portanto, como quer´ıamos: g(x) = (x− x) · g(x). � Para entender o que acontece num entorno de uma ra´ız mu´ltipla x de um polinoˆmio y = p(x) temos: Afirmac¸a˜o 4.1. Se x e´ uma ra´ız de ordem exatamente 2n, n ∈ N, enta˜o (x, 0) e´ ponto de ma´ximo ou de mı´nimo local de y = p(x). Se x e´ uma ra´ız de ordem exatamente 2n + 1, n ∈ N, enta˜o (x, 0) e´ ponto de inflexa˜o de y = p(x). Demonstrac¸a˜o. A suposic¸a˜o de que x e´ uma ra´ız de ordem exatamente 2n, n ∈ N significa que: f(x) = (x− x)2n · g(x), onde g(x) e´ um polinoˆmio a coeficientes Reais tal que g(x) 6= 0. Enta˜o, como vimos na Afirmac¸a˜o anterior, p(x) = p′(x) = p′′(x) = . .