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Apostila Direito previdenciário PUC Fevereiro 2014

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Direito Previdenciário 1/87 
Prof. Miriam Lazarini 
 
 
SEGURIDADE SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
I – INTRODUÇÃO 
 
1. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
A Previdência Social teve sua origem na busca do homem de amparar a si mesmo e 
aos seus dependentes no caso de eventos fortuitos como doença, invalidez, idade 
avançada e morte que o impedissem de trabalhar e prover a manutenção daqueles 
que dependiam economicamente dele. 
 
A primeira tentativa de prevenção quanto aos riscos individuais foi feita de forma 
solitária, entretanto o homem chegou a conclusão que ser previdente sozinho não lhe 
assegurava os meios de manutenção. 
 
Em seguida, tentou fazer, em grupo, uma previdência coletiva onde foram 
estabelecidas regras para uso do fundo comum e valores de contribuição. 
 
Várias outras alternativas foram experimentadas em face da insegurança sentida pelos 
trabalhadores, mas só a partir de 1883, com a política de BISMARCHI, na Alemanha, 
teve início o período de formação, de fato, da Previdência Social no mundo. 
 
No Brasil, várias formas de amparo ao trabalhador foram apresentadas e, dentre elas, 
podemos registrar, resumidamente: 
 
1888 a 1922 - Foram criados alguns benefícios para trabalhadores específicos, 
por exemplo, empregados dos correios. 
1923 - Marco da Legislação Previdenciária - Lei Eloi Chaves, que criou a 
Caixa de Aposentadoria e pensões para empregados da Rede Ferroviária. 
1923 a 1933 - Criação das caixas de aposentadorias e pensões. 
1930 - O Decreto n° 19.433, de 26 de novembro de 1930, criou o Ministério do 
Trabalho, Indústria e Comércio, tendo como uma das atribuições orientar e 
supervisionar a Previdência Social, inclusive como órgão de recursos das decisões 
das Caixas de Aposentadorias e Pensões. 
1933 a 1939 - Reestruturação do modelo, com fusão das caixas em Institutos de 
Aposentadorias e Pensões (IAPM, IAPI, IAPC, IAPB, IAPETC, IAPE). 
1938 - O Decreto-Lei n° 288, de 23 de fevereiro de 1938, criou o Instituto de 
Previdência e Assistência dos Servidores do Estado - IPASE. 
1960 - A Lei n° 3.807, de 26 de agosto de 1960, criou a Lei Orgânica de 
Previdência Social - LOPS, que unificou a legislação referente aos Institutos de 
Aposentadorias e Pensões. 
1963 - A Lei n° 4.214, de 2 de março de 1963, criou o Fundo de Assistência ao 
Trabalhador Rural (FUNRURAL). No entanto, a parte referente à Previdência Social 
Rural não foi regulamentada. 
1966 - O Decreto-Lei n° 72, de 21 de novembro de 1966, reuniu os seis Institutos 
de Aposentadorias e Pensões no Instituto Nacional de Previdência Social - INPS, para 
atender os trabalhadores urbanos, a partir de 1º de janeiro de 1967 - Regime Geral de 
Previdência Social. 
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1971 - A Lei Complementar n° 11, de 25 de maio de 1971, institui o Programa de 
Assistência ao Trabalhador Rural - PRÓ-RURAL, em substituição ao plano básico de 
Previdência Social Rural. 
1972 - A Lei 5859, de 11 de dezembro de 1972, incluiu os empregados 
domésticos obrigatoriamente na Previdência Social. 
1973 - A Lei n° 5.939, de 19 de novembro de 1973, instituiu o salário-de-benefício 
do jogador de futebol profissional. 
1974 - A Lei n° 6.036, de 1° de maio de 1974, criou o Ministério da Previdência e 
Assistência Social, desmembrado do Ministério do Trabalho e Previdência Social. 
1977 - A Lei n° 6.439, de 1° de setembro de 1977, instituiu o Sistema Nacional de 
Previdência e Assistência Social - SINPAS, orientado, coordenado e controlado pelo 
Ministério da Previdência e Assistência Social, responsável “pela proposição da 
política de previdência e assistência médica, farmacêutica e social, bem como pela 
supervisão dos órgãos que lhe são subordinados” e das entidades a ele vinculadas. 
Paralelamente, extinguiu o FUNRURAL e o IPASE, reorientando o INPS. 
Passam a integrar o SINPAS as seguintes entidades: 
• INPS - responsável pela concessão de benefícios e reabilitação profissional; 
• IAPAS - responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança das 
contribuições; 
• DATAPREV - responsável pelo processamento de dados; 
• INAMPS - rresponsável pela assistência médica à população previdenciária; 
• CEME - Central de Medicamentos. Distribuía medicamentos, gratuitamente, à 
população previdenciária. 
• FUNABEM - promovia a execução da política nacional do bem-estar do menor; 
• LBA - responsável pela assistência social à população carente. 
 
1988 - A Constituição Federal dispõe sobre a seguridade social. 
1990 - A Lei n° 8.029, de 12 de abril de 1990, extinguiu o Ministério da 
Previdência e Assistência Social e restabeleceu o Ministério do Trabalho e da 
Previdência Social. 
Criação do INSS através da fusão do INPS e IAPAS, com a finalidade de 
arrecadar e conceder benefícios previdenciários. 
1991 - A Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, dispôs sobre a organização da 
Seguridade Social e instituiu seu novo Plano de Custeio. A Lei n° 8.213, de 24 de julho 
de 1991, instituiu o Plano de Benefícios da Previdência Social. 
1992 - A Lei nº 8.490, de 19 de novembro de 1992, extinguiu o Ministério do 
Trabalho e da Previdência Social e restabeleceu o Ministério da Previdência Social 
(MPS). 
1993 - Extinção do INAMPS e criação do SUS. A Lei nº 8.742, de 7 de dezembro 
de 1993, dispôs sobre a Organização da Assistência Social. 
1995 - A Medida Provisória n° 813, de 1° de janeiro de 1995, transformou o 
Ministério da Previdência Social (MPS) em Ministério da Previdência e Assistência 
Social (MPAS). 
1998 - Emenda Constitucional 20, de 15 de dezembro de 1998. Aposentadoria por 
tempo de contribuição. 
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1999 - A Lei n° 9876, de 22 de novembro de 1999, instituiu o fator previdenciário. 
2003 - A Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, restabeleceu o Ministério da 
Previdência Social (MPS) e criou o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à 
Fome, que passou a cuidar da Assistência Social. 
2005 - A Lei 11.098, de 13 de janeiro de 2005, atribuiu ao Ministério da 
Previdência Social competências relativas à arrecadação, fiscalização, lançamento e 
normatização de receitas previdenciárias e autorizou a criação da Secretaria da 
Receita Previdenciária no âmbito do referido Ministério. 
2007 - A Lei 11.457, de 16 de março de 2007, transfere para a Secretaria da 
Receita Federal do Brasil - Ministério da Fazenda as competências relativas à 
arrecadação, fiscalização, lançamento e normatização de receitas previdenciárias. 
 
2. SEGURIDADE SOCIAL (CF88, artigos 194 e 195) 
Conceito: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Organização e princípios: 
Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base 
nos seguintes objetivos: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e 
rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; 
V - eqüidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento; 
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos 
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. 
a. O princípio da solidariedade está apenas implícito no texto constitucional (arts. 
194 e 195), embora seja o mais importante de todos neste campo. 
 
b. Universalidade 
Este princípio incorpora a idéia de amparar todas as pessoas(universalidade do 
atendimento) em todas as suas necessidades sociais (universalidade da cobertura). 
 
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c. Uniformidade e equivalência 
A uniformidade significa um único regime de previdência para os urbanos e rurais. 
A equivalência refere-se ao aspecto quantitativo dos benefícios desse mesmo 
regime, isto é, os valores dos benefícios devem ser idênticos para ambas as 
populações. 
 
d. Seletividade e distributividade 
A seletividade significa que determinadas prestações podem ser asseguradas 
somente àqueles que se encontrem em estado mais grave de necessidade social, até 
como forma de realizar a isonomia, ou seja, de tratar desigualmente os desiguais, na 
medida de suas desigualdades. 
 
Ex.: o salário-família. 
 
A distributividade tem a ver com a principal função do sistema, que é a de 
funcionar como instrumento de distribuição de rendas. Não se coaduna muito com a 
previdência social, mas encontra campo fértil na área da saúde e, principalmente, na 
da assistência social. 
 
Ex.: o benefício de que trata o art. 203, V, da CF/88. 
 
e. Irredutibilidade 
Refere-se, especificamente, ao campo da previdência social, e significa o óbvio, 
ou seja, que os valores nominais e reais dos benefícios não podem sofrer redução. 
A Lei 8.213/91, no artigo 41-A, determina que o valor dos benefícios em 
manutenção será ajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário-
mínimo, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela 
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 
 
f. Equidade 
Este princípio traduz a dimensão do princípio da capacidade contributiva no 
âmbito da seguridade social. 
Deve ser analisado conjuntamente com o § 9º do art. 195 da CF/88: 
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão 
ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade 
econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da 
condição estrutural do mercado de trabalho. 
 
g. Diversidade 
Ao mesmo tempo em que reflete a solidariedade (todos devem contribuir), este 
princípio, ao determinar que sejam estabelecidas diversas fontes de financiamento, 
visa imprimir maior garantia à sustentação econômica da seguridade social, já que, 
entrando em crise uma dessas fontes, as demais prosseguem transferindo recursos ao 
sistema. 
 
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h. Caráter democrático e descentralizado da administração 
Visa à participação da sociedade na organização e no gerenciamento do sistema, 
mediante gestão quadripartite. 
Este princípio é reflexo imediato do art. 10 da CF/88: 
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos 
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou 
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. 
 
Reflete, também, diretriz estabelecida na primeira convenção da OIT, em 1919, 
segundo a qual o Estado deve garantir esse tipo de participação. 
Exemplos de observância desse princípio encontramos nos seguintes órgãos, 
todos com representantes dos setores mencionados no inciso VII do parágrafo único 
do art. 194 da CF/88. 
• Conselho Nacional de Previdência Social - CNPS 
• Conselho Nacional da Saúde - CNS 
• Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS 
• Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS 
Financiamento 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições 
sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, 
incidentes sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a 
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo 
empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo 
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de 
previdência social de que trata o art. 201; 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 
Breve análise dos parágrafos do artigo 195. 
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à 
seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento 
da União. 
 
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Cada um dos entes federados (Estados, DF e Municípios) deverá destacar, em seus 
respectivos orçamentos anuais, os recursos destinados à prestação dos serviços 
relativos à seguridade social no seu próprio âmbito. 
 
§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma 
integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência 
social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes 
orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. 
 
Refere-se ao trabalho técnico que antecede a elaboração do orçamento anual da 
União, dos Estados, do DF e dos Municípios, o qual deve ser feito conjuntamente por 
membros das três áreas da Seguridade Social (Saúde, Previdência Social e 
Assistência Social). A gestão dos recursos, todavia, é feita individualmente por cada 
uma das citadas áreas. 
 
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como 
estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber 
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. 
 
Trata-se de sanção aos inadimplentes junto à Seguridade Social. Com base neste 
dispositivo, uma empresa em atraso com as suas contribuições sociais para a 
seguridade social não pode, por exemplo, participar de concorrência pública, nem 
usufruir de isenções tributárias, nem obter empréstimos concedidos por instituições 
financeiras públicas. 
 
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou 
expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 
A qualquer momento, poderão ser criadas outras fontes destinadas ao financiamento 
ou expansão da seguridade social, além das atualmente previstas nos quatro incisos 
do próprio art. 195. Contudo, a criação da nova fonte deve ocorrer por meio de lei 
complementar, desde que seja não-cumulativa e não tenham fato gerador ou base de 
cálculo próprios de outra contribuição social. 
 
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado 
ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. 
 
Também conhecido como princípio da pré-existência da fonte de custeio, da reserva 
do possível ou da contrapartida, significa que se um novo tipo benefício for criado, ou 
um benefício já existente for majorado ou estendido (isto é, assegurado a pessoas que 
a eles até então não tinham direito), deverá ser criada, simultaneamente, a fonte de 
custeio equivalente ao desembolso inédito que a previdência social terá que realizar, 
ou seja, deverá ser criado também um novo tipo de contribuição, ou majorada alguma 
contribuição já existente, via aumento de alíquota ou de base de cálculo. 
 
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após 
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou 
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b. 
 
Constitui exceção ao princípio de Direito Tributário intitulado “Princípio da 
Anterioridade”. 
 
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A cobrança de contribuição nova ou aumentada torna-se possível dentro do mesmo 
ano em que publicada a lei que instituiu a novidade, bastando que dessa publicação 
se aguarde o lapso temporal de 90 (noventa) dias. 
 
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes 
de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 
 
Não se cuida propriamente de isenção, mas de imunidade, já que o benefício está 
previsto na Constituição Federal. 
 
A matéria atualmente encontra-se regulada pela Lei n° 12.101, de 27 de novembro de 
2009. 
 
§ 8º - O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, 
bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de 
economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade 
social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da 
produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. 
 
Trata-se de pequenos produtores rurais pessoas físicas. A CF determina que a base 
de cálculo da contribuição dessas pessoas seja a receita de vendas da sua produção. 
 
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter 
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da 
utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural 
do mercado de trabalho. 
 
A lei poderá dar tratamento diferenciado às pessoas indicadas no inciso I do caput 
(empregador, empresa e entidade a ela equiparada), no tocante à determinação das 
alíquotas ou das bases de cálculo das contribuições previstas no mesmo dispositivo 
(sobre as remunerações dos trabalhadores a seu serviço, sobre a receita ou o 
faturamento e sobre o lucro), em razão da atividade econômica, da utilização intensiva 
de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de 
trabalho. 
 
Exemplo prático disso é a contribuição das instituições financeiras e das empresas 
que se dediquem à atividade rural. 
 
§ 10 – A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de 
saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida 
de recursos. 
 
Caberá à lei ordinária a definição dos critérios a serem obedecidos para efeito de 
transferência de recursos da seguridade social para as áreas da saúde e assistência 
social. 
 
§ 11 – É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que 
tratam os inciso I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em 
lei complementar. 
 
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Resumidamente, em Direito Tributário “remissão” e “anistia” significam, 
respectivamente, perdão da dívida tributária e esquecimento da infração cometida pelo 
contribuinte. 
 
Para as contribuições sociais das empresas incidentes sobre a folha de salários e as 
contribuições dos trabalhadores, nenhum débito superior ao fixado em lei 
complementar poderá ser remitido ou anistiado. 
 
§ 12 – A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições 
incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. 
 
Introduzido pela Emenda Constitucional nº 42, de 19-12-2003, este parágrafo 
abre a possibilidade de que lei ordinária, a ser futuramente editada pelo Legislativo 
Federal, defina os setores de atividade econômica que estarão protegidos contra a 
cumulatividade da contribuição sobre a receita ou o faturamento (art. 195, I, b), ou 
daquela devida pelo importador (ou equiparado) de bens ou serviços do exterior (art. 
195, IV). Noutros termos, em relação às duas exações em apreço, os contribuintes 
que atuem nos setores eleitos pela lei vindoura, estarão imunes ao chamado “efeito 
cascata” (ou seja, da sobreposição do tributo cobrado numa operação sobre ele 
mesmo na operação seguinte). 
 
§ 13 – Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total 
ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a 
receita ou o faturamento. 
 
Em todas as hipóteses em que a contribuição patronal referida no art. 195, I, a 
(“sobre a folha de salários”) for substituída (obviamente, por lei) pela da alínea b do 
mesmo dispositivo (“sobre a receita ou o faturamento”), aplicar-se-á o disposto no § 
12, caso o contribuinte atue num daqueles setores da atividade econômica 
identificados na lei federal a ser editada - a qual, como visto, disporá sobre a não-
cumulatividade da segunda das exações aqui examinadas. 
 
 
 
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social 
 
Autarquia federal que tem por atribuição gerir, acompanhar e avaliar a concessão e 
manutenção dos benefícios do RGPS e da assistência social. 
 
 
Quadro sinóptico: 
 
Saúde MS/SUS 
Lei 8.080/90 (LOS) 
Previdência Social MF/DRFB – custeio – Lei 8.212/91 
MPS/INSS – benefícios – Lei 8.213/91 
Decreto 3.048/99 – RPS 
Assistência Social MDS/INSS 
Lei 8.742/93 (LOAS) 
Decreto 6.214/07 - BPC 
 
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3. PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
A Previdência Social é o seguro social para a pessoa que contribui. É uma 
instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus 
segurados. A renda transferida pela Previdência Social é utilizada para substituir a 
renda do trabalhador contribuinte, quando ele perde a capacidade de trabalho, seja 
pela doença, invalidez, idade avançada, morte e desemprego involuntário, ou mesmo 
a maternidade e a reclusão. 
 
 
REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RPPS (CF88, art. 40) 
 
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é 
assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante 
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos 
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o 
disposto neste artigo. 
 
Tem que garantir, no mínimo, aposentadoria e pensão. 
 
 
REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RGPS (CF88, art. 201) 
 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter 
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: 
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; 
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa 
renda; 
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e 
dependentes, observado o disposto no § 2º. 
 
NOTA: RGPS x RPPS – exclusão dos segurados do RPPS – Lei 
8.213/91, art. 12. Caso exerça atividade abrangida pelo RGPS, é 
segurado obrigatório e terá direito às coberturas dos dois regimes. 
 
 
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (CF88, art. 202) 
 
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de 
forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, 
baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado 
por lei complementar. 
 
LC 109/01 e LC 108/01. 
 
 
4. ASSISTÊNCIA SOCIAL, Lei 8.742/93 e Decreto 6.214/07 
 
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O benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC-LOAS consiste no 
pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal a pessoas com 65 anosou mais de 
idade e a pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o 
trabalho, onde em ambos os casos a renda per capita familiar seja inferior a ¼ do 
salário mínimo. 
 
O Benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à 
Fome (MDS) a quem compete sua gestão, acompanhamento e avaliação e, ao 
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a sua operacionalização. 
 
Os recursos para custeio do BPC provêm do Fundo Nacional de Assistência Social 
(FNAS). 
 
São consideradas membros da família, para o cálculo da renda per capita, as pessoas 
que vivem sob o mesmo teto com o mesmo parentesco dos dependentes descritos na 
Lei 8.213/91, artigo 16, ou seja, conjunto de pessoas composto pelo requerente, o 
cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um deles, a 
madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os 
menores tutelados. 
 
Entram no cálculo da renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos 
auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, 
pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-
desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, 
rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, 
Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada. 
 
O valor do Benefício de Prestação Continuada concedido a idoso não será 
computado no cálculo da renda mensal bruta familiar para fins de concessão do 
Benefício de Prestação Continuada a outro idoso da mesma família. 
 
Não entram no cálculo da renda mensal bruta familiar: benefícios e auxílios 
assistenciais de natureza eventual e temporária, bolsas de estágio curricular, rendas 
de natureza eventual ou sazonal, remuneração da pessoa com deficiência na condição 
de aprendiz. 
 
A acumulação do benefício com a remuneração advinda do contrato de aprendizagem 
pela pessoa com deficiência está limitada ao prazo máximo de dois anos. 
 
O Benefício de Prestação Continuada deverá ser revisto a cada dois anos. 
 
O Benefício de Prestação Continuada não está sujeito a desconto de qualquer 
contribuição e não gera direito ao pagamento de abono anual, é intransferível, não 
gerando direito à pensão por morte aos herdeiros ou sucessores. 
 
Do indeferimento do benefício caberá recurso à Junta de Recursos do Conselho de 
Recursos da Previdência Social, no prazo de trinta dias, a contar do recebimento da 
comunicação. 
 
Os beneficiários e suas famílias deverão ser cadastrados no Cadastro Único para 
Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico. 
 
O Benefício de Prestação Continuada será suspenso em caráter especial quando a 
pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de 
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microempreendedor individual, mediante comprovação da relação trabalhista ou da 
atividade empreendedora. O pagamento do benefício suspenso será restabelecido 
mediante requerimento do interessado que comprove a extinção da relação trabalhista 
ou da atividade empreendedora, e, quando for o caso, o encerramento do prazo de 
pagamento do seguro-desemprego, sem que tenha o beneficiário adquirido direito a 
qualquer benefício no âmbito da Previdência Social. 
 
 
5. CONCEITO PREVIDENCIÁRIO DE EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO, 
Lei 8.212/91, art. 15; Lei 8.213/91, art. 14; RPS, art. 12. 
A Lei 8.212/91, no artigo 15, traz os conceitos de empresa e de empregador 
doméstico, no âmbito previdenciário: 
 
Art. 15. Considera-se: 
 
I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade 
econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos 
e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; 
 
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, 
sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. 
 
Parágrafo único. Equipara-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o 
contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como 
a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a 
missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. 
 
Assim, consideram-se empresa: 
- a firma individual; 
- a sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com 
fins lucrativos ou não; 
- os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional. 
 
Equiparam-se a empresa: 
- o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço; 
- a cooperativa; 
- a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade; 
- a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. 
 
 
6. SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
6.1. SEGURADOS OBRIGATÓRIOS – Lei 8.212/91, art. 12; Lei 8.213/91, art. 11; 
RPS, art. 9o. 
 
Trabalhadores urbanos e rurais que exercem atividade remunerada (>16 anos) 
 
NOTA: sobre a idade mínima, onde se lê 14 (quatorze anos) na Lei 
8.212/91, deve-se ler 16 (dezesseis) anos, pois esta é a atual idade 
mínima, prevista na Constituição Federal após a Emenda nº 20/98, para 
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que alguém possa ingressar no mercado de trabalho (exceto na 
condição de menor aprendiz, em que tal limite é de quatorze anos). 
 
I – Empregado (RPS, art. 9o, I) 
 
Aqueles contratados por empresas urbanas ou rurais para prestar serviços em 
caráter não eventual, sob subordinação e mediante remuneração. 
Pressupostos: pessoa física (pessoalidade), empresa, não eventualidade, 
subordinação e onerosidade. 
Não eventualidade - relaciona-se com a natureza do serviço (e não com a 
frequência) - entende-se por serviço prestado em caráter não eventual aquele 
relacionado direta ou indiretamente com as atividades normais da empresa (RPS, art. 
9º, §4º). 
Subordinação - Subordinação jurídica - o direito do empregador de dirigir e 
fiscalizar a prestação do trabalho e dispor dos serviços contratados como melhor lhe 
aprouver. 
Também é considerado segurado empregado o aprendiz, com idade entre 14 e 24 
anos, sujeito à formação profissional metódica do ofício em que exerça seu trabalho. 
 
Alíneas do inciso I do artigo 9º do RPS: 
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não 
eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor 
empregado; 
 
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, por prazo não superior 
a três meses, prorrogável, presta serviço para atender a necessidade transitória de 
substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço 
de outras empresas, na forma da legislação própria; 
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar 
como empregado no exterior, em sucursal ou agência de empresa constituída sob 
as leis brasileiras e que tenha sede e administração no País; 
d) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar 
como empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital 
votante pertencente a empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha 
sede e administração no País e cujo controle efetivo esteja em caráter permanente 
sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no 
País ou de entidade de direito público interno; 
e) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular 
de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas 
missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no 
Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva 
missãodiplomática ou repartição consular; 
NOTA:diferentemente da alínea anterior, neste caso o brasileiro e o 
estrangeiro são contratados por outro país, mas prestam serviços no 
Brasil, ficando excluídos (1) o estrangeiro sem residência permanente 
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no Brasil e (2) o brasileiro amparado por regime próprio de previdência 
do país contratante. 
f) o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais 
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e 
contratado, salvo se amparado por regime próprio de previdência social; 
g) o brasileiro civil que presta serviços à União no exterior, em repartições 
governamentais brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de 
que tratam os arts. 56 e 57 da Lei 11.440, de 29 de dezembro de 2006, este desde 
que, em razão de proibição legal, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local; 
h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei 
no 11.788, de 25 de setembro de 2008; 
i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias 
e fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de 
livre nomeação e exoneração; 
j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas 
autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não 
esteja amparado por regime próprio de previdência social; 
l) o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como 
pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a 
necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do 
art. 37 da Constituição Federal; 
m) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas 
autarquias e fundações, ocupante de emprego público; 
n) revogado; 
o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a 
partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de 
Previdência Social, em conformidade com a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 
1994; e 
p) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não 
vinculado a regime próprio de previdência social; 
q) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento 
no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; 
r) o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, na forma do art. 14-A 
da Lei no 5.889, de 8 de junho de 1973, para o exercício de atividades de natureza 
temporária por prazo não superior a dois meses dentro do período de um ano. 
NOTA: a MP 410, de 28/12/07, convertida na Lei 11.718, de 20/06/08, 
acrescentou o art. 14-A à Lei 5.889, de 08/06/73, dispondo sobre o 
contrato de trabalhador rural por pequeno prazo, normas de sua filiação 
e inscrição. 
 
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II – Empregado doméstico (RPS, art. 9o, II) 
 
Aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa física ou família, sem 
finalidade lucrativa. 
 
III – Contribuinte individual (autônomo, empresário) (RPS, art. 9o, V) 
 
Trabalhadores que exercem atividades por conta própria ou prestam serviços a 
empresa sem relação de emprego. 
 
Alíneas do inciso V do artigo 9º do RPS. 
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer 
título, em caráter permanente ou temporário, em área, contínua ou descontínua, 
superior a quatro módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a quatro 
módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrativista, com auxílio de empregados ou 
por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 8o e 23 deste artigo; 
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - 
garimpo -, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de 
prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda 
que de forma não contínua; 
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de 
congregação ou de ordem religiosa; 
d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual 
o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando 
coberto por regime próprio de previdência social; 
NOTA: este brasileiro civil difere do citado na alínea “f” do inciso I do 
mesmo artigo (que é considerado empregado) pelo simples fato de não 
prestar serviços para a União, mas para os citados organismos 
internacionais do qual o Brasil seja membro efetivo (Ex. ONU). Deixará, 
no entanto, de ser segurado do RGPS, caso esteja amparado por 
regime próprio de previdência social. 
e) o titular de firma individual urbana ou rural; 
f) o diretor não empregado e o membro de conselho de administração na sociedade 
anônima; 
g) todos os sócios, nas sociedades em nome coletivo e de capital e indústria; 
h) o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu 
trabalho e o administrador não empregado na sociedade por cotas de 
responsabilidade limitada, urbana ou rural; 
i) o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de 
qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para 
exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; 
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j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou 
mais empresas, sem relação de emprego; 
l) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza 
urbana, com fins lucrativos ou não; 
m) o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista 
temporário da Justiça do Trabalho, na forma dos incisos II do §1º do art. 111 ou III do 
art. 115 ou do parágrafo único do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado 
magistrado da Justiça Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do §1º do 
art. 120 da Constituição Federal; 
n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à 
sociedade cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado; 
o) revogado; 
p) o Micro Empreendedor Individual - MEI de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei 
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte pelo recolhimento dos 
impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais. 
 
São, portanto, características do autônomo: 
- a pessoalidade na prestação dos serviços; 
- a profissionalidade; 
- a assunção de riscos; 
- a independência. 
 
Segundo o Regulamento da Previdência Social (art. 9º, §15), enquadram-se 
como trabalhadores autônomos, dentre outros: 
 
1. o condutor autônomo de veículo rodoviário, assim considerado aquele que exerce 
atividade profissional sem vínculo empregatício, quando proprietário, co-proprietário ou 
promitente-comprador de um só veículo; 
2. aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, 
em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei nº 6.094, de 30 de 
agosto de 1974; 
3. aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exerce pequena 
atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciante 
ambulante, nos termos da Lei nº 6.586, de 6 de novembro de 1978; 
4. o trabalhador associado a cooperativa que, nessa qualidade, presta serviço a 
terceiros; 
5. o membro de conselho fiscal em sociedade por ações (de acordo com o § 1º do art. 
161 da Lei nº 6.404/76, “o conselho fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no 
máximo, 5 (cinco) membros,e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos 
pela assembléia-geral.”); 
6. aquele que presta serviço de natureza não contínua, por conta própria, a pessoa ou 
família, no âmbito residencial desta, sem fins lucrativos (“diarista”); 
7. o notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, titular de cartório, que 
detêm a delegação do exercício da atividade notarial e de registro, não remunerados 
pelos cofres públicos, admitidos a partir de 21 de novembro de 1994; 
8. aquele que, na condição de pequeno feirante, compra para revenda produtos 
hortifrutigranjeiros ou assemelhados; 
9. a pessoa física que edifica obra de construção civil; 
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10. o médico-residente de que trata a Lei nº 6.932, de 7 de julho de 1981, com as 
alterações da Lei nº 8.138, de 28 de dezembro de 1990. 
11. o pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou arrendamento, em 
barco com mais de seis toneladas de arqueação bruta (entende-se por tonelagem 
de arqueação bruta a expressão da capacidade total da embarcação constante da 
respectiva certificação fornecida pelo órgão competente); 
12. o incorporador de que trata o art. 29 da Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964; 
13. o bolsista da Fundação Habitacional do Exército contratado em conformidade com 
a Lei nº 6.855, de 18 de novembro de 1980; 
14. o árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade com a Lei nº 9.615, de 24 
de março de 1998; 
15. o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de 
julho de 1990, quando remunerado; 
16. o interventor, o liquidante, o administrador especial e o diretor fiscal de instituição 
financeira de que trata o § 6º do art. 201. 
 
IV – Trabalhador avulso (RPS, art. 9o, VI) 
 
Trabalha para empresa, sem vínculo empregatício. A contratação é feita por órgão 
gestor de mão-de-obra – OGMO ou sindicato da categoria. 
 
Ex: atividades portuárias de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de 
carga, vigilância de embarcações (RPS, art. 9º, VI, „a‟, §7º); estivador, o ensacador de 
café, cacau, sal e similares (RPS, art. 9º, VI). 
 
V – Segurado Especial (RPS, art. 9o, VII) 
 
Pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a 
ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio 
eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: 
 
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro 
outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 
 
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; ou 
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do 
inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas 
atividades o principal meio de vida; 
 
b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou 
principal meio de vida; e 
 
NOTA: não é considerado segurado especial o pescador artesanal que 
utilize embarcação acima de 6 toneladas de arqueação bruta. Neste 
caso, o segurado é contribuinte individual. 
 
Assemelham-se ao pescador o mariscador, o caranguejeiro, o eviscerador (limpador 
de pescado), o observador de cardumes, o pescador de tartarugas, o catador de 
algas. 
 
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos de idade ou a 
este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas “a” e “b” deste inciso, que, 
comprovadamente, tenham participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar. 
 
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A Lei 11.718, de 23/6/08, incluiu os parágrafos 7º a 13 no artigo 12 da Lei 8.212/91 (o 
Decreto nº 6.722, de 30/12/2008, alterou a redação do §8o e incluiu os parágrafos 18 a 
25 no artigo 9º do RPS) . 
 
Resumindo, atualmente, o segurado especial pode: 
• exercer atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, não 
superior a cento e vinte dias, corridos ou intercalados, no ano civil; 
• utilizar de empregado, em épocas de safra, à razão de, no máximo, cento e vinte 
pessoas/dia dentro do ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por 
tempo equivalente em horas de trabalho, à razão de oito horas/dia e quarenta e quatro 
horas/semana; 
• explorar a propriedade rural para turismo, inclusive com hospedagem, por não 
mais de cento e vinte dias ao ano; 
• exercer atividade artesanal ou artística desde que a renda mensal obtida na 
atividade não exceda um salário-mínimo. 
 
Nota: Aquele que exerce, concomitantemente, mais de uma atividade 
remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social - RGPS é 
obrigatoriamente filiado em relação a cada uma dessas atividades. 
 
O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS que estiver 
exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado 
obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que 
trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade 
Social. 
 
 
 
6.2. SEGURADO FACULTATIVO – Lei 8.212/91, art. 14; Lei 8.213/91, art. 13; 
RPS, art. 11. 
 
Pessoa com mais de 16 anos de idade, que não recebe remuneração e opta por se 
filiar à previdência social. Somente poderá inscrever-se nesta condição aquele que 
não é segurado obrigatório. 
 
Ex: dona de casa, estudante, desempregado, síndico que não recebe pró-labore (se 
recebe é CI). 
 
O RPS excetua da possibilidade de filiar-se facultativamente a pessoa participante de 
regime próprio de previdência social, salvo na hipótese de afastamento sem 
vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo 
regime próprio (art. 11, § 2º). 
 
Para os servidores públicos civis da União, suas autarquias e fundações, a partir de 15 
de maio de 2003, data da publicação da Lei nº 10.667, é vedada a filiação ao RGPS, 
na qualidade de segurado facultativo, do participante do regime próprio de 
Previdência Social - RPPS, inclusive na hipótese de afastamento sem 
vencimentos, pois há previsão de contribuição, nesta condição, ao RPPS da União. 
 
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É vedada a filiação facultativa ao RGPS de servidor público aposentado, qualquer que 
seja o regime de previdência social a que esteja vinculado. 
 
Observe que o RPS dispõe que “o segurado facultativo somente poderá recolher 
contribuições em atraso quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado, 
conforme o disposto no inciso VI do art. 13”. 
 
É segurado facultativo o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja 
vinculado a qualquer regime de previdência social. E também o segurado recolhido à 
prisão sob regime fechado ou semi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro 
ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da 
organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta 
própria. 
 
 
II - REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RGPS 
 
 
1. PRESTAÇÕES 
 
Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. 
 
 
Art. 1º Lei 8.213/91 Benefícios 
Incapacidade (doença e invalidez) Auxílio-doença 
Aposentadoria por invalidez 
Auxílio-acidente 
Desemprego involuntário Seguro desemprego 
(tem por finalidade, mas não dá 
cobertura) 
Idade avançada Aposentadoria por idade 
Tempo de serviço Aposentadoria por tempo de contribuição 
Aposentadoria Especial 
Encargos familiares Salário família 
Salário maternidade 
Prisão Auxílio reclusão 
Morte Pensão por morte 
Mais: abono anual, serviço social e reabilitação profissional 
 
 
BENEFÍCIOS/SERVIÇOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
 
Quanto ao segurado 1. Aposentadoria por invalidez 
2. Aposentadoriapor idade 
3. Aposentadoria por tempo de 
contribuição 
4. Aposentadoria especial 
5. Auxílio-doença 
6. Salário-família 
7. Salário-maternidade 
8. Auxílio-acidente 
Quanto aos dependentes 9. Pensão por morte 
10. Auxílio-reclusão 
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Ambos 11. Reabilitação profissional 
12. Serviço social 
13. Abono anual 
 
CONCEITO PREVIDENCIÁRIO DE ACIDENTE DO TRABALHO, Lei 8.213/91, art. 19 
a 23 
 
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho, provocando lesão 
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, 
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 
 
Consideram-se acidente do trabalho as seguintes entidades mórbidas: 
 
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício 
do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação 
elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e da Previdência Social; 
 
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de 
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione 
diretamente, constante da relação mencionada. 
 
Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação resultou 
das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona 
diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. 
 
 
Não são consideradas como doença do trabalho: 
 
a) a doença degenerativa; 
b) a inerente a grupo etário; 
c) a que não produza incapacidade laborativa; 
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se 
desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto 
determinado pela natureza do trabalho. 
 
 
Equiparam-se também ao acidente do trabalho: 
 
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja 
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua 
capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua 
recuperação; 
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em 
conseqüência de: 
 
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro 
de trabalho; 
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao 
trabalho; 
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro 
de trabalho; 
d) ato de pessoa privada do uso da razão; 
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força 
maior; 
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III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de 
sua atividade; 
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: 
 
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; 
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou 
proporcionar proveito; 
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta 
dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente 
do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; 
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer 
que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. 
 
 
A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º 
(primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à 
autoridade competente, sob pena de multa. 
 
Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a 
data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o 
dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo 
para este efeito o que ocorrer primeiro. 
 
 
2. BENEFICIÁRIOS – Lei 8.213/91, art. 16; RPS, art. 16. 
 
Segurados – o próprio contribuinte usufrui o benefício. 
 
Dependente – pessoas que podem usufruir o benefício. Subdividem-se em 3 classes: 
 
a) classe I – cônjuge/companheiro, filho menor de 21 anos e não emancipado 
(inclusive enteado ou tutelado) ou inválido ou que tenha deficiência intelectual 
ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado 
judicialmente; 
b) classe II – pais; 
c) classe III – irmão menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência 
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim 
declarado judicialmente. 
 
 
Dependentes se inscrevem quando do requerimento do benefício. 
 
A existência de dependentes na classe I exclui os dependentes das outras classes 
(idem para classe II em relação a III). A dependência econômica dos beneficiários da 
classe I é presumida (exceto para enteado e tutelado), dos demais deve ser 
comprovada. 
 
Dependentes de uma mesma classe concorrem entre si em igualdade de condições, 
sendo os benefícios a eles devidos concedido por rateio. 
 
A parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental que 
o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça 
atividade remunerada, será reduzida em 30%, devendo ser integralmente 
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restabelecida em face da extinção da relação de trabalho ou da atividade 
empreendedora (Lei 12.470/11). 
 
No caso de invalidez de dependente, esta deve acontecer anteriormente à maioridade 
ou ao evento que gerou o benefício (morte ou reclusão do segurado). 
 
 
Perda da condição de dependente: 
• por falecimento; 
• para o menor de 21 anos: quando completa 21 anos ou é emancipado; 
• para o maior de 21 anos inválido: se cessar a invalidez ou emancipação (exceto 
colação de grau); 
• para o deficiente intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente 
incapaz, assim declarado judicialmente, pelo levantamento da interdição; 
• para o cônjuge/companheiro: pela separação/divórcio/interrupção da união 
estável sem pensão alimentícia, pela anulação do casamento. 
 
COMPANHEIRO (A) 
Para ser considerado companheiro(a) é preciso comprovar união estável com o(a) 
segurado(a). 
 
NOTA: A Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0 determina que 
companheiro(a) homossexual de segurado(a) terá direito a pensão por morte e 
auxílio-reclusão. 
 
 
Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, 
devem ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos (RPS, art. 22, 
§3o): 
 
I - certidão de nascimento de filho havido em comum; 
II - certidão de casamento religioso; 
III- declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado 
como seu dependente; 
IV - disposições testamentárias; 
V - revogado 
VI - declaração especial feita perante tabelião; 
VII - prova de mesmo domicílio; 
VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou 
comunhão nos atos da vida civil; 
IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada; 
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X - conta bancária conjunta; 
XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado 
como dependente do segurado; 
XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; 
XIII- apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a 
pessoa interessada como sua beneficiária; 
XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o 
segurado como responsável; 
XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de 
dependente; 
XVI - declaração de não emancipação do dependentemenor de vinte e um 
anos; ou 
XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar. 
 
 
Emancipação 
 
Atualmente, a maioridade civil ocorre aos 18 anos de idade, contudo, o menor pode 
ser emancipado, nos termos do artigo 5º, parágrafo único do Código Civil, Lei 10.406, 
de 10 de janeiro de 2002. 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica 
habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do 
juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha 
economia própria. 
 
3. FILIAÇÃO X INSCRIÇÃO – RPS, art. 18. 
 
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Filiação - vínculo estabelecido com a previdência social, da qual decorre direitos e 
obrigações. 
 
Automática: independentemente de formalização material (inscrição), quando exerce 
atividade remunerada sujeita à filiação obrigatória (RPS, art. 20). 
 
Facultativo: depende de inscrição + recolhimento da primeira contribuição (RPS, art. 
11, §3o) 
 
Inscrição – comprovação dos dados pessoais e elementos que caracterizam a 
condição de segurado (RPS, art. 18). NIT – número de identificação do trabalhador. 
 
Empregado: contrato de trabalho registrado na CTPS. 
 
Trabalhador avulso: registro no OGMO ou no sindicato. 
 
Empregado doméstico: CTPS e inscrição no INSS. 
 
Contribuinte individual, Facultativo e Segurado Especial: inscrição no INSS. 
 
O número de inscrição é um só – comunica ao INSS apenas se mudar de categoria 
(ex. CI para empregado). 
 
Atividades concomitantes: ex. empregado e contribuinte individual – filiação e inscrição 
em cada uma delas. 
 
A inscrição pós-morte é admitida para o segurado especial. 
 
 
4. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO – Lei 8.213/91, art. 15; RPS, 
art. 13. 
 
Hipóteses em que, mesmo tendo deixado de efetuar recolhimentos, a pessoa mantém 
a qualidade de segurado do RGPS. 
 
 
Hipótese Período de graça 
Enquanto estiver recebendo benefício sem limite de prazo 
Após cessar serviço militar 3 meses 
Segurado facultativo que deixou de 
contribuir 
6 meses 
Após livramento (retido ou recluso) 
Após cessar o benefício 
Após cessar a segregação compulsória 
Desempregado* com até 120 
contribuições 
12 meses 
Desempregado* com mais de 120 
contribuições sem perda da qualidade de 
segurado 
24 meses 
* Se houver registro no MTE (cadastrado no SINE ou seguro desemprego) prorroga o 
período de graça por mais 12 meses (Lei 8.213/91, art. 15, §2o). 
 
Perde-se a qualidade após o 15o dia do 2o mês após o término do período de graça. 
 
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Nos casos de aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria 
especial, a perda da qualidade de segurado não implica a caducidade dos direitos a 
esses benefícios. O mesmo acontece no caso de aposentadoria por idade, desde 
que cumprida a carência exigida (180 contribuições). 
 
No caso de fuga do recolhido à prisão, será descontado do prazo para 
perda da qualidade de segurado a partir da data da fuga, o período de 
graça já usufruído anteriormente ao recolhimento. Havendo livramento 
do recolhido à prisão, permanece o prazo integral de doze meses, 
contado a partir da soltura, conforme o inciso IV do art.13 do RPS, 
aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. (IN INSS/PRES 45, de 6/08/2010, 
art. 12) 
 
O segurado obrigatório que, durante o prazo de manutenção da sua 
qualidade de segurado (12, 24 ou 36 meses, conforme o caso), se filiar 
ao RGPS como facultativo, ao deixar de contribuir nesta última, terá o 
direito de usufruir o período de graça de sua condição anterior. (IN 
INSS/PRES 45, de 6/08/2010, art. 10, §9º) 
 
 
 
5. CARÊNCIA - RPS, art. 26 a art. 30. 
 
Tempo correspondente ao número mínimo de contribuições mensais exigidas para 
ter direito ao benefício. 
 
segurados Início da contagem 
empregados 
trabalhadores avulsos 
contribuintes individuais (desde 04/03) 
que presta serviço a empresas 
Data de filiação 
Recolhimento é presumido 
contribuinte individual que trabalha por 
conta própria 
empregado doméstico 
segurado facultativo 
data do efetivo recolhimento da primeira 
contribuição sem atraso (não são 
consideradas contribuições recolhidas 
com atraso referentes a competências 
anteriores) 
 
Para o segurado especial a carência começa a contar a partir do efetivo exercício da 
atividade rural, mediante comprovação. 
 
Benefício Segurado carência 
Auxílio Doença 
Aposentadoria por invalidez 
todos 12 contribuições 
Obs: Acidente de qualquer natureza, acidente do 
trabalho, doença profissional e do trabalho + doenças da 
lista do MS/MTE/MPS (Lei 8.213/91, art. 26, II e art. 151) 
Sem carência 
Aposentadoria por idade 
Aposentadoria por TC 
Aposentadoria especial 
todos 180 contribuições 
 
Salário maternidade Contribuinte Individual 
Facultativo 
Segurada Especial 
10 contribuições* 
Salário maternidade Empregadas 
Empregadas domésticas 
Sem carência 
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Trabalhadoras avulsas 
Pensão por morte 
Auxílio-reclusão 
Salário-família 
Auxílio-acidente 
 Sem carência 
*parto antecipado: reduz pelo mesmo número de meses em que o parto foi 
antecipado. 
 
Segurado especial - Comprovar o exercício da atividade rural em período 
correspondente à carência do benefício requerido, ainda que descontinuamente. 
 
 
Perda da qualidade de segurado – recuperação do período anterior: 
 
Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores serão 
computadas para efeito de carência apenas quando o segurado contar, a partir da 
nova filiação, com o mínimo de 1/3 do número de contribuições exigidas para o 
cumprimento da carência. Exceto para aposentadorias por tempo de contribuição, 
especial e por idade. Logo, fala-se em recuperação do período anterior apenas para 
os benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e salário-maternidade, e 
o número de contribuições exigidas será quatro (1/3 de 12) no caso do auxílio-doença 
e da aposentadoria por invalidez ou três (1/3 de 10) no caso do salário-maternidade. 
 
 
Aposentadoria por tempo de contribuição, especial e por idade - Regra de 
transição: 
 
Tabela progressiva de carência para filiados até 24 de julho de 1991, data anterior a 
publicação da Lei 8.213/1991 (era de 60 contribuições em 1992 e aumentou de 6 /ano) 
 
Ano de implementação das condições Carência (meses) 
2007 156 
2008 162 
2009 168 
2010 174 
2011 180 
 
Para o segurado inscrito na Previdência Social até 24 de julho de 1991, 
a carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e 
especial, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais 
amparados pela antiga Previdência Social Rural, obedecerá à tabela, 
levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as 
condições necessárias à obtenção do benefício. (IN INSS/PRES 45, de 
6/08/2010, art. 147) 
 
 
6. SALÁRIO DE BENEFÍCIO E RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO – RPS, art. 31 a 
art. 39 
 
SALÁRIO DE BENEFÍCIO – SB: valor básico utilizado para definir a renda mensal 
inicial de cada benefício. Lei 9.876, de 28/11/1999. 
 
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Cálculo da média (M): A partir da publicação da Lei9.876/99, para o cálculo do 
salário de benefício é feita a média aritmética simples dos maiores salários de 
contribuição (SC) correspondentes a 80% de todo o período contributivo. 
 
Para os segurados inscritos anteriormente à publicação da Lei 9.876/99, tal média é 
calculada com os salários de contribuição corrigidos, a partir de julho/1994. 
 
 
FP – fator previdenciário 
 
 





 



100
1
aTCId
x
Es
aTC
FP
 
 
Onde: 
FP = fator previdenciário; 
Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria; (IBGE) 
TC = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria; 
Id = idade no momento da aposentadoria; e 
a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31. 
 
OBS: TC+5 para mulheres; 
Professor com tempo exclusivamente no magistério da educação infantil, ensino 
fundamental e médio: H: TC+5; M: TC+10 
 
Benefício SB 
Aposentadoria por tempo de contribuição 
Aposentadoria por idade 
= M x FP* 
Aposentadoria por invalidez 
Aposentadoria especial 
Auxílio-doença 
Auxílio-acidente 
= M 
* No cálculo do SB na aposentadoria por idade, a multiplicação pelo fator 
previdenciário é facultativa (Lei 9.876/99, art. 7º). 
 
 
No cálculo do SB, não será considerado o aumento dos SC que exceder o limite legal, 
inclusive o voluntariamente concedido nos 36 meses imediatamente anteriores ao 
início do benefício, salvo se: 
 - homologado pela Justiça do Trabalho; 
 - resultante de promoção regulada por normas gerais da empresa, admitida pela 
 legislação do trabalho; 
 - resultante de sentença normativa; 
 - resultante de reajustamento salarial obtido pela categoria respectiva. 
 
Caso os segurados empregado e trabalhador avulso não possam comprovar o valor 
dos seus SC para algumas competências no período básico de cálculo, para tais 
competências será considerado, para fins de cálculo do benefício, o valor do salário 
mínimo, devendo a renda ser recalculada quando da apresentação de prova dos SC. 
 
O empregado doméstico deve comprovar não apenas os valores dos seus SC, mas 
também os recolhimentos devidos, sob pena de ser concedido o benefício de valor 
mínimo, que também será recalculado na hipótese de serem comprovados os 
recolhimentos a posteriori. 
 
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Para os demais segurados somente serão computados os SC referentes aos meses 
de contribuição efetivamente recolhida. 
 
 
RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO – RMB: valor mensal que efetivamente o segurado 
vai receber. 
 
Limites dos benefícios: 
 
 Mínimo – salário mínimo 
 
 Máximo – teto do salário de contribuição (alterado sempre que os benefícios 
são reajustados). 
 
Exceção – Aposentadoria por invalidez se o beneficiário necessitar de assistência 
permanente de outra pessoa – acréscimo de 25% (mesmo que superior ao teto). 
 
Obs: o valor recebido a título de auxílio-acidente é considerado como salário de 
contribuição. 
 
Benefício RMB 
Aposentadoria por TC SB 
Aposentadoria por idade (70%+1%/grupo de 12 contribuições, até 30%) SB 
Aposentadoria por invalidez 
Aposentadoria especial 
SB 
Auxílio Doença 91% SB 
Auxílio Acidente 50% SB 
Segurados especiais 1 salário mínimo 
 
 
7. REAJUSTAMENTO DO VALOR DOS BENEFÍCIOS - RPS, art. 40 
 
O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data 
do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de 
início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao 
Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística - IBGE. 
 
 
8. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO – Lei 8.213/91, art. 103, RPS, art. 347 
 
O segurado tem o prazo de 10 anos (prazo decadencial) para pedir revisão do valor do 
benefício (a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira 
prestação) ou do ato que indefere benefício. Em caso de provimento do pedido, pode 
receber os últimos 5 anos (prescrição qüinqüenal), salvo o direito dos menores e 
incapazes. 
 
O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram 
efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em 
que foram praticados, salvo comprovada má-fé. 
 
 
Direito Previdenciário 28/87 
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9. RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS, Lei 8.213/91, art. 126, RPS, 
art. 305 
 
O Conselho de Recursos da Previdência Social, colegiado integrante da estrutura do 
Ministério da Previdência Social, é órgão de controle jurisdicional das decisões do 
Instituto Nacional do Seguro Social, nos processos de interesse dos beneficiários da 
seguridade social. 
 
Das decisões proferidas pelo INSS, poderão os interessados, quando não 
conformados, no prazo de trinta dias, recorrer às Juntas de Recursos-JR, ou às 
Câmaras de Julgamento-CaJ do CRPS. 
 
Havendo interposição de recurso do interessado contra decisão do INSS, o processo 
deverá ser reanalisado e, se reformada totalmente a decisão, será atendido o pedido 
reclamado. Caso contrário, o processo deverá ser encaminhado para a JR, para 
julgamento. 
 
10. JUSTIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA – RPS, art. 142 a art. 151 
 
Utilizada para suprir falta ou insuficiência de documento ou produzir prova de fato ou 
circunstância de interesse dos beneficiários, perante a previdência social. 
 
 Não pode ser feita em caso de existir registro público; 
 atrelado a processo administrativo antecedente; 
 não admite recurso; 
 início razoável de prova material (documental), que apenas pode ser 
dispensada em casos fortuitos ou de força maior; 
 de 3 a 6 testemunhas idôneas (ver art. 146 do RPS); 
 chefia do INSS autoriza a realização e designa o processante; 
 processada regularmente, deve ser homologada pela chefia: 
o quanto à forma; 
o quanto ao mérito (eficaz, parcialmente eficaz ou ineficaz); 
 a homologação de justificação judicial processada com base em prova 
exclusivamente testemunhal dispensa a justificação administrativa, se 
complementada com início razoável de prova material. 
 
Não é considerado como tempo de serviço o período reconhecido por meio de ação 
trabalhista. O vínculo empregatício pode ser reconhecido na justiça do trabalho, 
inclusive com recolhimento para o RGPS, contudo, não vincula a Previdência Social. 
Neste caso, é necessário a Justificação Administrativa, baseada em prova material. 
Inclusive, o segurado não precisa recorrer à justiça do trabalho para ter sua condição 
de segurado reconhecida. 
 
 
III – PLANO DE BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
1. AUXÍLIO-DOENÇA – RPS, art. 71 a art. 80 
 
Benefício devido ao segurado incapacitado para o trabalho por motivo de doença ou 
acidente de qualquer natureza, por mais de 15 dias consecutivos. 
 
Comprovação da incapacidade em exame realizado pela perícia médica da 
Previdência Social. 
 
Direito Previdenciário 29/87 
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Segurado empregado - cabe à empresa que dispuser de serviço médico próprio ou em 
convênio o exame médico e o abono das faltas correspondentes aos primeiros 15 dias 
de afastamento. 
 
Será devido: 
 
 Empregados – a partir do 16o dia, consecutivo ou não, do afastamento do 
trabalho, sendo os 15 primeiros dias de responsabilidade do empregador. 
 
 Contribuintes Individuais, empregados domésticos, avulsos, especiais e 
facultativos – a partir do início da incapacidade. 
 
Deve ser requerido em até trinta dias da data do afastamento (para empregados a 
partir do 16o dia), se não o benefício será pago a partir da data do requerimento. 
 
Segurados empregados – afastamento do trabalho por mais de uma vez dentro de 60 
dias, decorrente da mesma doença: 
 
 se concedido novo benefício decorrente da mesma doença dentro de 60 diascontados da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do 
pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o 
benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados, se for o caso. 
 
 se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho 
durante 15 dias, retornando à atividade no 16º dia, e se dela voltar a se afastar 
dentro de 60 dias desse retorno, fará jus ao auxílio-doença a partir da data do 
novo afastamento. Retornando à atividade antes de quinze dias do 
afastamento, o benefício será devido a partir do dia seguinte ao que completar 
aquele período. 
 
O segurado empregado em gozo de auxílio-doença é considerado pela empresa como 
licenciado. 
 
 NOTA: a empresa que garantir ao segurado licença remunerada ficará 
obrigada a pagar-lhe durante o período de auxílio-doença a eventual 
diferença entre o valor deste e a importância garantida pela licença. 
 
RMB = 91% SB 
 
Carência: 12 contribuições 
 
Isenção de carência: Acidente de qualquer natureza (dentro ou fora do trabalho), 
acidente do trabalho, doença profissional ou doença do trabalho e moléstias que 
constam da lista de doenças (art. 151 da Lei 8.213/91), desde que a doença apareça 
após a filiação. 
 
Considera-se acidente do trabalho se sofrido no trajeto (sem parar para resolver 
assuntos particulares). 
 
Não é devido o auxílio-doença se ao se filiar à Previdência Social, o segurado já seja 
portador da doença ou lesão invocada como causa do benefício, salvo quando a 
incapacidade sobrevier por motivo de agravamento da doença ou lesão. 
 
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Se a doença é anterior à filiação e é cumprida a carência de 12 meses, 
considera-se agravamento da doença e a pessoa tem direito ao 
benefício. 
 
O segurado tem a obrigação de submeter-se a exame médico a cargo da previdência 
social, de participar de processo de reabilitação profissional, se insusceptível de 
retornar para a atividade habitual e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o 
cirúrgico e transfusão de sangue, que são facultativos. 
 
O benefício não cessa até que o segurado seja dado como habilitado 
para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência 
 
 
Cessação do auxílio doença: falecimento, alta médica, volta voluntária ao trabalho ou 
transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio acidente, se resultar seqüela 
para a atividade que habitualmente exercia. 
 
Acidente do trabalho - estabilidade no emprego de 12 meses após o término do 
auxílio. 
 
Múltipla atividade: 
 
O auxílio-doença do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pelo 
RGPS será devido mesmo no caso de incapacidade apenas para o exercício de uma 
delas, devendo a perícia médica ser conhecedora de todas as atividades que o 
mesmo estiver exercendo. Neste caso, o valor do benefício poderá ser inferior ao 
salário mínimo, desde que somado às demais remunerações recebidas resultar valor 
superior a este, além do que observar-se-ão as seguintes regras: 
 
 a) o auxílio-doença será concedido em relação à atividade para a qual o segurado 
estiver incapacitado, considerando-se para efeito de carência somente as 
contribuições relativas a essa atividade; 
 
 b) se nas várias atividades o segurado exercer a mesma profissão, será exigido de 
imediato o afastamento de todas; 
 
 c) constatada, durante o recebimento do auxílio-doença, a incapacidade do 
segurado para cada uma das demais atividades, o valor do benefício deverá ser 
revisto com base nos respectivos SC; 
 
 d) quando o segurado que exercer mais de uma atividade se incapacitar 
definitivamente para uma delas, deverá o auxílio-doença ser mantido indefinidamente, 
não cabendo sua transformação em aposentadoria por invalidez, enquanto essa 
incapacidade não se estender às demais atividades. 
 
Regulamentando a expressão “enquanto ele permanecer incapaz”, contida no final do 
art. 60 da Lei nº 8.213/91, o Decreto nº 5.844, de 13-7-2006, acrescentou os 
seguintes parágrafos ao art. 78 do Regulamento da Previdência Social: 
 
§ 1o O INSS poderá estabelecer, mediante avaliação médico-pericial, o 
prazo que entender suficiente para a recuperação da capacidade para o 
trabalho do segurado, dispensada nessa hipótese a realização de nova 
perícia. 
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§ 2o Caso o prazo concedido para a recuperação se revele 
insuficiente, o segurado poderá solicitar a realização de nova 
perícia médica, na forma estabelecida pelo Ministério da Previdência 
Social. 
§ 3o O documento de concessão do auxílio-doença conterá as 
informações necessárias para o requerimento da nova avaliação 
médico-pericial. 
 
 
 
2. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - RPS, art. 43 a art. 50 
 
Trata-se do benefício devido ao segurado que ficar incapacitado para qualquer 
trabalho, independentemente de ter recebido auxílio-doença. É um direito que se 
garante por tempo indeterminado, mas não é definitivo, pois o trabalhador fica 
obrigado a se submeter a avaliação de 2 em 2 anos. 
 
RMB = 100% SB 
 
Carência e concessão: mesmas regras do auxílio-doença. 
 
Pode ser acrescido de 25% caso o beneficiário necessite de auxílio permanente de 
outra pessoa, observada a relação constante do anexo I do RPS (atestado por perícia 
do INSS). Cessa com a morte do segurado, não sendo incorporado ao valor da 
pensão por morte. 
 
Cessação da aposentadoria por invalidez: falecimento, alta médica ou volta voluntária 
ao trabalho. 
 
Segurado que se julga apto a retornar à atividade: realizada a perícia, se concluir pela 
recuperação, a aposentadoria será cancelada: 
 
 Benefício cessa 
Recuperação total dentro 
de cinco anos* 
De imediato Se o segurado empregado 
tem direito a voltar para a 
mesma função que exercia 
antes 
Após tantos meses 
quantos forem os anos de 
duração do benefício por 
incapacidade 
Para demais segurados 
 
 Benefício é mantido por Valor do benefício 
Recuperação parcial ou 
recuperação total após 
cinco anos 
6 meses Valor integral 
No período seguinte de 6 
meses 
50% 
No período seguinte de 6 
meses 
25% 
*os cinco anos são contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do 
auxílio-doença que a antecedeu, ou seja, da data do início da incapacidade. 
 
 
3. AUXÍLIO ACIDENTE - RPS, art. 104 
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É o benefício devido como indenização ao segurado empregado, trabalhador avulso 
e segurado especial que sofram lesões definitivas de acidentes de qualquer 
natureza, que diminuam a sua capacidade para o trabalho, até que se aposente 
definitivamente. 
 
As situações que dão direito ao auxílio acidente estão discriminadas no anexo III do 
RPS. 
 
O segurado tem que ter recebido o auxílio-doença. 
 
O segurado retorna ao trabalho, recebe o salário do empregador e o auxílio-acidente. 
 
Cabe a concessão de auxílio-acidente oriundo de acidente de qualquer natureza 
ocorrido durante o período de manutenção da qualidade de segurado. 
 
RMB = 50% SB (SB que deu origem ao auxílio-doença), podendo ser inferior ao 
salário mínimo. 
 
Pode ser cumulado com os demais benefícios, exceto aposentadoria ou outro auxílio-
acidente. 
 
Se o auxílio-doença por acidente que tenha dado origem ao auxílio-acidente for 
reaberto, suspende o auxílio-acidente. 
 
Seu valor é computado como salário de contribuição quando for concedida a 
aposentadoria. 
 
Não será devido o benefício quando do acidente: 
 
 a) resultarem danos funcionais ou redução da capacidade funcional sem 
repercussão na capacidade laborativa; 
 b) houver mudança de função do acidentado, mediante readaptação profissional 
promovida pela empresa, como medida preventiva, em decorrência de inadequação 
do local

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