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Direito Previdenciário 1/87 Prof. Miriam Lazarini SEGURIDADE SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL I – INTRODUÇÃO 1. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA A Previdência Social teve sua origem na busca do homem de amparar a si mesmo e aos seus dependentes no caso de eventos fortuitos como doença, invalidez, idade avançada e morte que o impedissem de trabalhar e prover a manutenção daqueles que dependiam economicamente dele. A primeira tentativa de prevenção quanto aos riscos individuais foi feita de forma solitária, entretanto o homem chegou a conclusão que ser previdente sozinho não lhe assegurava os meios de manutenção. Em seguida, tentou fazer, em grupo, uma previdência coletiva onde foram estabelecidas regras para uso do fundo comum e valores de contribuição. Várias outras alternativas foram experimentadas em face da insegurança sentida pelos trabalhadores, mas só a partir de 1883, com a política de BISMARCHI, na Alemanha, teve início o período de formação, de fato, da Previdência Social no mundo. No Brasil, várias formas de amparo ao trabalhador foram apresentadas e, dentre elas, podemos registrar, resumidamente: 1888 a 1922 - Foram criados alguns benefícios para trabalhadores específicos, por exemplo, empregados dos correios. 1923 - Marco da Legislação Previdenciária - Lei Eloi Chaves, que criou a Caixa de Aposentadoria e pensões para empregados da Rede Ferroviária. 1923 a 1933 - Criação das caixas de aposentadorias e pensões. 1930 - O Decreto n° 19.433, de 26 de novembro de 1930, criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, tendo como uma das atribuições orientar e supervisionar a Previdência Social, inclusive como órgão de recursos das decisões das Caixas de Aposentadorias e Pensões. 1933 a 1939 - Reestruturação do modelo, com fusão das caixas em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPM, IAPI, IAPC, IAPB, IAPETC, IAPE). 1938 - O Decreto-Lei n° 288, de 23 de fevereiro de 1938, criou o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado - IPASE. 1960 - A Lei n° 3.807, de 26 de agosto de 1960, criou a Lei Orgânica de Previdência Social - LOPS, que unificou a legislação referente aos Institutos de Aposentadorias e Pensões. 1963 - A Lei n° 4.214, de 2 de março de 1963, criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL). No entanto, a parte referente à Previdência Social Rural não foi regulamentada. 1966 - O Decreto-Lei n° 72, de 21 de novembro de 1966, reuniu os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões no Instituto Nacional de Previdência Social - INPS, para atender os trabalhadores urbanos, a partir de 1º de janeiro de 1967 - Regime Geral de Previdência Social. Direito Previdenciário 2/87 Prof. Miriam Lazarini 1971 - A Lei Complementar n° 11, de 25 de maio de 1971, institui o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural - PRÓ-RURAL, em substituição ao plano básico de Previdência Social Rural. 1972 - A Lei 5859, de 11 de dezembro de 1972, incluiu os empregados domésticos obrigatoriamente na Previdência Social. 1973 - A Lei n° 5.939, de 19 de novembro de 1973, instituiu o salário-de-benefício do jogador de futebol profissional. 1974 - A Lei n° 6.036, de 1° de maio de 1974, criou o Ministério da Previdência e Assistência Social, desmembrado do Ministério do Trabalho e Previdência Social. 1977 - A Lei n° 6.439, de 1° de setembro de 1977, instituiu o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social - SINPAS, orientado, coordenado e controlado pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, responsável “pela proposição da política de previdência e assistência médica, farmacêutica e social, bem como pela supervisão dos órgãos que lhe são subordinados” e das entidades a ele vinculadas. Paralelamente, extinguiu o FUNRURAL e o IPASE, reorientando o INPS. Passam a integrar o SINPAS as seguintes entidades: • INPS - responsável pela concessão de benefícios e reabilitação profissional; • IAPAS - responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições; • DATAPREV - responsável pelo processamento de dados; • INAMPS - rresponsável pela assistência médica à população previdenciária; • CEME - Central de Medicamentos. Distribuía medicamentos, gratuitamente, à população previdenciária. • FUNABEM - promovia a execução da política nacional do bem-estar do menor; • LBA - responsável pela assistência social à população carente. 1988 - A Constituição Federal dispõe sobre a seguridade social. 1990 - A Lei n° 8.029, de 12 de abril de 1990, extinguiu o Ministério da Previdência e Assistência Social e restabeleceu o Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Criação do INSS através da fusão do INPS e IAPAS, com a finalidade de arrecadar e conceder benefícios previdenciários. 1991 - A Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, dispôs sobre a organização da Seguridade Social e instituiu seu novo Plano de Custeio. A Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, instituiu o Plano de Benefícios da Previdência Social. 1992 - A Lei nº 8.490, de 19 de novembro de 1992, extinguiu o Ministério do Trabalho e da Previdência Social e restabeleceu o Ministério da Previdência Social (MPS). 1993 - Extinção do INAMPS e criação do SUS. A Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, dispôs sobre a Organização da Assistência Social. 1995 - A Medida Provisória n° 813, de 1° de janeiro de 1995, transformou o Ministério da Previdência Social (MPS) em Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). 1998 - Emenda Constitucional 20, de 15 de dezembro de 1998. Aposentadoria por tempo de contribuição. Direito Previdenciário 3/87 Prof. Miriam Lazarini 1999 - A Lei n° 9876, de 22 de novembro de 1999, instituiu o fator previdenciário. 2003 - A Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, restabeleceu o Ministério da Previdência Social (MPS) e criou o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que passou a cuidar da Assistência Social. 2005 - A Lei 11.098, de 13 de janeiro de 2005, atribuiu ao Ministério da Previdência Social competências relativas à arrecadação, fiscalização, lançamento e normatização de receitas previdenciárias e autorizou a criação da Secretaria da Receita Previdenciária no âmbito do referido Ministério. 2007 - A Lei 11.457, de 16 de março de 2007, transfere para a Secretaria da Receita Federal do Brasil - Ministério da Fazenda as competências relativas à arrecadação, fiscalização, lançamento e normatização de receitas previdenciárias. 2. SEGURIDADE SOCIAL (CF88, artigos 194 e 195) Conceito: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Organização e princípios: Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. a. O princípio da solidariedade está apenas implícito no texto constitucional (arts. 194 e 195), embora seja o mais importante de todos neste campo. b. Universalidade Este princípio incorpora a idéia de amparar todas as pessoas(universalidade do atendimento) em todas as suas necessidades sociais (universalidade da cobertura). Direito Previdenciário 4/87 Prof. Miriam Lazarini c. Uniformidade e equivalência A uniformidade significa um único regime de previdência para os urbanos e rurais. A equivalência refere-se ao aspecto quantitativo dos benefícios desse mesmo regime, isto é, os valores dos benefícios devem ser idênticos para ambas as populações. d. Seletividade e distributividade A seletividade significa que determinadas prestações podem ser asseguradas somente àqueles que se encontrem em estado mais grave de necessidade social, até como forma de realizar a isonomia, ou seja, de tratar desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Ex.: o salário-família. A distributividade tem a ver com a principal função do sistema, que é a de funcionar como instrumento de distribuição de rendas. Não se coaduna muito com a previdência social, mas encontra campo fértil na área da saúde e, principalmente, na da assistência social. Ex.: o benefício de que trata o art. 203, V, da CF/88. e. Irredutibilidade Refere-se, especificamente, ao campo da previdência social, e significa o óbvio, ou seja, que os valores nominais e reais dos benefícios não podem sofrer redução. A Lei 8.213/91, no artigo 41-A, determina que o valor dos benefícios em manutenção será ajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário- mínimo, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. f. Equidade Este princípio traduz a dimensão do princípio da capacidade contributiva no âmbito da seguridade social. Deve ser analisado conjuntamente com o § 9º do art. 195 da CF/88: § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. g. Diversidade Ao mesmo tempo em que reflete a solidariedade (todos devem contribuir), este princípio, ao determinar que sejam estabelecidas diversas fontes de financiamento, visa imprimir maior garantia à sustentação econômica da seguridade social, já que, entrando em crise uma dessas fontes, as demais prosseguem transferindo recursos ao sistema. Direito Previdenciário 5/87 Prof. Miriam Lazarini h. Caráter democrático e descentralizado da administração Visa à participação da sociedade na organização e no gerenciamento do sistema, mediante gestão quadripartite. Este princípio é reflexo imediato do art. 10 da CF/88: Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. Reflete, também, diretriz estabelecida na primeira convenção da OIT, em 1919, segundo a qual o Estado deve garantir esse tipo de participação. Exemplos de observância desse princípio encontramos nos seguintes órgãos, todos com representantes dos setores mencionados no inciso VII do parágrafo único do art. 194 da CF/88. • Conselho Nacional de Previdência Social - CNPS • Conselho Nacional da Saúde - CNS • Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS • Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS Financiamento Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. Breve análise dos parágrafos do artigo 195. § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. Direito Previdenciário 6/87 Prof. Miriam Lazarini Cada um dos entes federados (Estados, DF e Municípios) deverá destacar, em seus respectivos orçamentos anuais, os recursos destinados à prestação dos serviços relativos à seguridade social no seu próprio âmbito. § 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. Refere-se ao trabalho técnico que antecede a elaboração do orçamento anual da União, dos Estados, do DF e dos Municípios, o qual deve ser feito conjuntamente por membros das três áreas da Seguridade Social (Saúde, Previdência Social e Assistência Social). A gestão dos recursos, todavia, é feita individualmente por cada uma das citadas áreas. § 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Trata-se de sanção aos inadimplentes junto à Seguridade Social. Com base neste dispositivo, uma empresa em atraso com as suas contribuições sociais para a seguridade social não pode, por exemplo, participar de concorrência pública, nem usufruir de isenções tributárias, nem obter empréstimos concedidos por instituições financeiras públicas. § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. A qualquer momento, poderão ser criadas outras fontes destinadas ao financiamento ou expansão da seguridade social, além das atualmente previstas nos quatro incisos do próprio art. 195. Contudo, a criação da nova fonte deve ocorrer por meio de lei complementar, desde que seja não-cumulativa e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios de outra contribuição social. § 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. Também conhecido como princípio da pré-existência da fonte de custeio, da reserva do possível ou da contrapartida, significa que se um novo tipo benefício for criado, ou um benefício já existente for majorado ou estendido (isto é, assegurado a pessoas que a eles até então não tinham direito), deverá ser criada, simultaneamente, a fonte de custeio equivalente ao desembolso inédito que a previdência social terá que realizar, ou seja, deverá ser criado também um novo tipo de contribuição, ou majorada alguma contribuição já existente, via aumento de alíquota ou de base de cálculo. § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b. Constitui exceção ao princípio de Direito Tributário intitulado “Princípio da Anterioridade”. Direito Previdenciário7/87 Prof. Miriam Lazarini A cobrança de contribuição nova ou aumentada torna-se possível dentro do mesmo ano em que publicada a lei que instituiu a novidade, bastando que dessa publicação se aguarde o lapso temporal de 90 (noventa) dias. § 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Não se cuida propriamente de isenção, mas de imunidade, já que o benefício está previsto na Constituição Federal. A matéria atualmente encontra-se regulada pela Lei n° 12.101, de 27 de novembro de 2009. § 8º - O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. Trata-se de pequenos produtores rurais pessoas físicas. A CF determina que a base de cálculo da contribuição dessas pessoas seja a receita de vendas da sua produção. § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. A lei poderá dar tratamento diferenciado às pessoas indicadas no inciso I do caput (empregador, empresa e entidade a ela equiparada), no tocante à determinação das alíquotas ou das bases de cálculo das contribuições previstas no mesmo dispositivo (sobre as remunerações dos trabalhadores a seu serviço, sobre a receita ou o faturamento e sobre o lucro), em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Exemplo prático disso é a contribuição das instituições financeiras e das empresas que se dediquem à atividade rural. § 10 – A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. Caberá à lei ordinária a definição dos critérios a serem obedecidos para efeito de transferência de recursos da seguridade social para as áreas da saúde e assistência social. § 11 – É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os inciso I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. Direito Previdenciário 8/87 Prof. Miriam Lazarini Resumidamente, em Direito Tributário “remissão” e “anistia” significam, respectivamente, perdão da dívida tributária e esquecimento da infração cometida pelo contribuinte. Para as contribuições sociais das empresas incidentes sobre a folha de salários e as contribuições dos trabalhadores, nenhum débito superior ao fixado em lei complementar poderá ser remitido ou anistiado. § 12 – A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. Introduzido pela Emenda Constitucional nº 42, de 19-12-2003, este parágrafo abre a possibilidade de que lei ordinária, a ser futuramente editada pelo Legislativo Federal, defina os setores de atividade econômica que estarão protegidos contra a cumulatividade da contribuição sobre a receita ou o faturamento (art. 195, I, b), ou daquela devida pelo importador (ou equiparado) de bens ou serviços do exterior (art. 195, IV). Noutros termos, em relação às duas exações em apreço, os contribuintes que atuem nos setores eleitos pela lei vindoura, estarão imunes ao chamado “efeito cascata” (ou seja, da sobreposição do tributo cobrado numa operação sobre ele mesmo na operação seguinte). § 13 – Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. Em todas as hipóteses em que a contribuição patronal referida no art. 195, I, a (“sobre a folha de salários”) for substituída (obviamente, por lei) pela da alínea b do mesmo dispositivo (“sobre a receita ou o faturamento”), aplicar-se-á o disposto no § 12, caso o contribuinte atue num daqueles setores da atividade econômica identificados na lei federal a ser editada - a qual, como visto, disporá sobre a não- cumulatividade da segunda das exações aqui examinadas. INSS – Instituto Nacional do Seguro Social Autarquia federal que tem por atribuição gerir, acompanhar e avaliar a concessão e manutenção dos benefícios do RGPS e da assistência social. Quadro sinóptico: Saúde MS/SUS Lei 8.080/90 (LOS) Previdência Social MF/DRFB – custeio – Lei 8.212/91 MPS/INSS – benefícios – Lei 8.213/91 Decreto 3.048/99 – RPS Assistência Social MDS/INSS Lei 8.742/93 (LOAS) Decreto 6.214/07 - BPC Direito Previdenciário 9/87 Prof. Miriam Lazarini 3. PREVIDÊNCIA SOCIAL A Previdência Social é o seguro social para a pessoa que contribui. É uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A renda transferida pela Previdência Social é utilizada para substituir a renda do trabalhador contribuinte, quando ele perde a capacidade de trabalho, seja pela doença, invalidez, idade avançada, morte e desemprego involuntário, ou mesmo a maternidade e a reclusão. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RPPS (CF88, art. 40) Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. Tem que garantir, no mínimo, aposentadoria e pensão. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RGPS (CF88, art. 201) Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. NOTA: RGPS x RPPS – exclusão dos segurados do RPPS – Lei 8.213/91, art. 12. Caso exerça atividade abrangida pelo RGPS, é segurado obrigatório e terá direito às coberturas dos dois regimes. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (CF88, art. 202) Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. LC 109/01 e LC 108/01. 4. ASSISTÊNCIA SOCIAL, Lei 8.742/93 e Decreto 6.214/07 Direito Previdenciário 10/87 Prof. Miriam Lazarini O benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC-LOAS consiste no pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal a pessoas com 65 anosou mais de idade e a pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho, onde em ambos os casos a renda per capita familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo. O Benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) a quem compete sua gestão, acompanhamento e avaliação e, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a sua operacionalização. Os recursos para custeio do BPC provêm do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). São consideradas membros da família, para o cálculo da renda per capita, as pessoas que vivem sob o mesmo teto com o mesmo parentesco dos dependentes descritos na Lei 8.213/91, artigo 16, ou seja, conjunto de pessoas composto pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados. Entram no cálculo da renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro- desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada. O valor do Benefício de Prestação Continuada concedido a idoso não será computado no cálculo da renda mensal bruta familiar para fins de concessão do Benefício de Prestação Continuada a outro idoso da mesma família. Não entram no cálculo da renda mensal bruta familiar: benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária, bolsas de estágio curricular, rendas de natureza eventual ou sazonal, remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz. A acumulação do benefício com a remuneração advinda do contrato de aprendizagem pela pessoa com deficiência está limitada ao prazo máximo de dois anos. O Benefício de Prestação Continuada deverá ser revisto a cada dois anos. O Benefício de Prestação Continuada não está sujeito a desconto de qualquer contribuição e não gera direito ao pagamento de abono anual, é intransferível, não gerando direito à pensão por morte aos herdeiros ou sucessores. Do indeferimento do benefício caberá recurso à Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social, no prazo de trinta dias, a contar do recebimento da comunicação. Os beneficiários e suas famílias deverão ser cadastrados no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico. O Benefício de Prestação Continuada será suspenso em caráter especial quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de Direito Previdenciário 11/87 Prof. Miriam Lazarini microempreendedor individual, mediante comprovação da relação trabalhista ou da atividade empreendedora. O pagamento do benefício suspenso será restabelecido mediante requerimento do interessado que comprove a extinção da relação trabalhista ou da atividade empreendedora, e, quando for o caso, o encerramento do prazo de pagamento do seguro-desemprego, sem que tenha o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício no âmbito da Previdência Social. 5. CONCEITO PREVIDENCIÁRIO DE EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO, Lei 8.212/91, art. 15; Lei 8.213/91, art. 14; RPS, art. 12. A Lei 8.212/91, no artigo 15, traz os conceitos de empresa e de empregador doméstico, no âmbito previdenciário: Art. 15. Considera-se: I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Parágrafo único. Equipara-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. Assim, consideram-se empresa: - a firma individual; - a sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não; - os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional. Equiparam-se a empresa: - o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço; - a cooperativa; - a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade; - a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. 6. SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 6.1. SEGURADOS OBRIGATÓRIOS – Lei 8.212/91, art. 12; Lei 8.213/91, art. 11; RPS, art. 9o. Trabalhadores urbanos e rurais que exercem atividade remunerada (>16 anos) NOTA: sobre a idade mínima, onde se lê 14 (quatorze anos) na Lei 8.212/91, deve-se ler 16 (dezesseis) anos, pois esta é a atual idade mínima, prevista na Constituição Federal após a Emenda nº 20/98, para Direito Previdenciário 12/87 Prof. Miriam Lazarini que alguém possa ingressar no mercado de trabalho (exceto na condição de menor aprendiz, em que tal limite é de quatorze anos). I – Empregado (RPS, art. 9o, I) Aqueles contratados por empresas urbanas ou rurais para prestar serviços em caráter não eventual, sob subordinação e mediante remuneração. Pressupostos: pessoa física (pessoalidade), empresa, não eventualidade, subordinação e onerosidade. Não eventualidade - relaciona-se com a natureza do serviço (e não com a frequência) - entende-se por serviço prestado em caráter não eventual aquele relacionado direta ou indiretamente com as atividades normais da empresa (RPS, art. 9º, §4º). Subordinação - Subordinação jurídica - o direito do empregador de dirigir e fiscalizar a prestação do trabalho e dispor dos serviços contratados como melhor lhe aprouver. Também é considerado segurado empregado o aprendiz, com idade entre 14 e 24 anos, sujeito à formação profissional metódica do ofício em que exerça seu trabalho. Alíneas do inciso I do artigo 9º do RPS: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, por prazo não superior a três meses, prorrogável, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço de outras empresas, na forma da legislação própria; c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado no exterior, em sucursal ou agência de empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e administração no País; d) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante pertencente a empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no País e cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidade de direito público interno; e) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missãodiplomática ou repartição consular; NOTA:diferentemente da alínea anterior, neste caso o brasileiro e o estrangeiro são contratados por outro país, mas prestam serviços no Brasil, ficando excluídos (1) o estrangeiro sem residência permanente Direito Previdenciário 13/87 Prof. Miriam Lazarini no Brasil e (2) o brasileiro amparado por regime próprio de previdência do país contratante. f) o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se amparado por regime próprio de previdência social; g) o brasileiro civil que presta serviços à União no exterior, em repartições governamentais brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de que tratam os arts. 56 e 57 da Lei 11.440, de 29 de dezembro de 2006, este desde que, em razão de proibição legal, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local; h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei no 11.788, de 25 de setembro de 2008; i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por regime próprio de previdência social; l) o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal; m) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante de emprego público; n) revogado; o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994; e p) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; q) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; r) o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, na forma do art. 14-A da Lei no 5.889, de 8 de junho de 1973, para o exercício de atividades de natureza temporária por prazo não superior a dois meses dentro do período de um ano. NOTA: a MP 410, de 28/12/07, convertida na Lei 11.718, de 20/06/08, acrescentou o art. 14-A à Lei 5.889, de 08/06/73, dispondo sobre o contrato de trabalhador rural por pequeno prazo, normas de sua filiação e inscrição. Direito Previdenciário 14/87 Prof. Miriam Lazarini II – Empregado doméstico (RPS, art. 9o, II) Aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa física ou família, sem finalidade lucrativa. III – Contribuinte individual (autônomo, empresário) (RPS, art. 9o, V) Trabalhadores que exercem atividades por conta própria ou prestam serviços a empresa sem relação de emprego. Alíneas do inciso V do artigo 9º do RPS. a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área, contínua ou descontínua, superior a quatro módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a quatro módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrativista, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 8o e 23 deste artigo; b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo -, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; NOTA: este brasileiro civil difere do citado na alínea “f” do inciso I do mesmo artigo (que é considerado empregado) pelo simples fato de não prestar serviços para a União, mas para os citados organismos internacionais do qual o Brasil seja membro efetivo (Ex. ONU). Deixará, no entanto, de ser segurado do RGPS, caso esteja amparado por regime próprio de previdência social. e) o titular de firma individual urbana ou rural; f) o diretor não empregado e o membro de conselho de administração na sociedade anônima; g) todos os sócios, nas sociedades em nome coletivo e de capital e indústria; h) o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho e o administrador não empregado na sociedade por cotas de responsabilidade limitada, urbana ou rural; i) o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; Direito Previdenciário 15/87 Prof. Miriam Lazarini j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; l) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; m) o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista temporário da Justiça do Trabalho, na forma dos incisos II do §1º do art. 111 ou III do art. 115 ou do parágrafo único do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado magistrado da Justiça Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do §1º do art. 120 da Constituição Federal; n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à sociedade cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado; o) revogado; p) o Micro Empreendedor Individual - MEI de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais. São, portanto, características do autônomo: - a pessoalidade na prestação dos serviços; - a profissionalidade; - a assunção de riscos; - a independência. Segundo o Regulamento da Previdência Social (art. 9º, §15), enquadram-se como trabalhadores autônomos, dentre outros: 1. o condutor autônomo de veículo rodoviário, assim considerado aquele que exerce atividade profissional sem vínculo empregatício, quando proprietário, co-proprietário ou promitente-comprador de um só veículo; 2. aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei nº 6.094, de 30 de agosto de 1974; 3. aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exerce pequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciante ambulante, nos termos da Lei nº 6.586, de 6 de novembro de 1978; 4. o trabalhador associado a cooperativa que, nessa qualidade, presta serviço a terceiros; 5. o membro de conselho fiscal em sociedade por ações (de acordo com o § 1º do art. 161 da Lei nº 6.404/76, “o conselho fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros,e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral.”); 6. aquele que presta serviço de natureza não contínua, por conta própria, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, sem fins lucrativos (“diarista”); 7. o notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, titular de cartório, que detêm a delegação do exercício da atividade notarial e de registro, não remunerados pelos cofres públicos, admitidos a partir de 21 de novembro de 1994; 8. aquele que, na condição de pequeno feirante, compra para revenda produtos hortifrutigranjeiros ou assemelhados; 9. a pessoa física que edifica obra de construção civil; Direito Previdenciário 16/87 Prof. Miriam Lazarini 10. o médico-residente de que trata a Lei nº 6.932, de 7 de julho de 1981, com as alterações da Lei nº 8.138, de 28 de dezembro de 1990. 11. o pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou arrendamento, em barco com mais de seis toneladas de arqueação bruta (entende-se por tonelagem de arqueação bruta a expressão da capacidade total da embarcação constante da respectiva certificação fornecida pelo órgão competente); 12. o incorporador de que trata o art. 29 da Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964; 13. o bolsista da Fundação Habitacional do Exército contratado em conformidade com a Lei nº 6.855, de 18 de novembro de 1980; 14. o árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade com a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998; 15. o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando remunerado; 16. o interventor, o liquidante, o administrador especial e o diretor fiscal de instituição financeira de que trata o § 6º do art. 201. IV – Trabalhador avulso (RPS, art. 9o, VI) Trabalha para empresa, sem vínculo empregatício. A contratação é feita por órgão gestor de mão-de-obra – OGMO ou sindicato da categoria. Ex: atividades portuárias de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, vigilância de embarcações (RPS, art. 9º, VI, „a‟, §7º); estivador, o ensacador de café, cacau, sal e similares (RPS, art. 9º, VI). V – Segurado Especial (RPS, art. 9o, VII) Pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; ou 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida; b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e NOTA: não é considerado segurado especial o pescador artesanal que utilize embarcação acima de 6 toneladas de arqueação bruta. Neste caso, o segurado é contribuinte individual. Assemelham-se ao pescador o mariscador, o caranguejeiro, o eviscerador (limpador de pescado), o observador de cardumes, o pescador de tartarugas, o catador de algas. c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas “a” e “b” deste inciso, que, comprovadamente, tenham participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar. Direito Previdenciário 17/87 Prof. Miriam Lazarini A Lei 11.718, de 23/6/08, incluiu os parágrafos 7º a 13 no artigo 12 da Lei 8.212/91 (o Decreto nº 6.722, de 30/12/2008, alterou a redação do §8o e incluiu os parágrafos 18 a 25 no artigo 9º do RPS) . Resumindo, atualmente, o segurado especial pode: • exercer atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, não superior a cento e vinte dias, corridos ou intercalados, no ano civil; • utilizar de empregado, em épocas de safra, à razão de, no máximo, cento e vinte pessoas/dia dentro do ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, à razão de oito horas/dia e quarenta e quatro horas/semana; • explorar a propriedade rural para turismo, inclusive com hospedagem, por não mais de cento e vinte dias ao ano; • exercer atividade artesanal ou artística desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda um salário-mínimo. Nota: Aquele que exerce, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social - RGPS é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma dessas atividades. O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade Social. 6.2. SEGURADO FACULTATIVO – Lei 8.212/91, art. 14; Lei 8.213/91, art. 13; RPS, art. 11. Pessoa com mais de 16 anos de idade, que não recebe remuneração e opta por se filiar à previdência social. Somente poderá inscrever-se nesta condição aquele que não é segurado obrigatório. Ex: dona de casa, estudante, desempregado, síndico que não recebe pró-labore (se recebe é CI). O RPS excetua da possibilidade de filiar-se facultativamente a pessoa participante de regime próprio de previdência social, salvo na hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regime próprio (art. 11, § 2º). Para os servidores públicos civis da União, suas autarquias e fundações, a partir de 15 de maio de 2003, data da publicação da Lei nº 10.667, é vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, do participante do regime próprio de Previdência Social - RPPS, inclusive na hipótese de afastamento sem vencimentos, pois há previsão de contribuição, nesta condição, ao RPPS da União. Direito Previdenciário 18/87 Prof. Miriam Lazarini É vedada a filiação facultativa ao RGPS de servidor público aposentado, qualquer que seja o regime de previdência social a que esteja vinculado. Observe que o RPS dispõe que “o segurado facultativo somente poderá recolher contribuições em atraso quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado, conforme o disposto no inciso VI do art. 13”. É segurado facultativo o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social. E também o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria. II - REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RGPS 1. PRESTAÇÕES Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Art. 1º Lei 8.213/91 Benefícios Incapacidade (doença e invalidez) Auxílio-doença Aposentadoria por invalidez Auxílio-acidente Desemprego involuntário Seguro desemprego (tem por finalidade, mas não dá cobertura) Idade avançada Aposentadoria por idade Tempo de serviço Aposentadoria por tempo de contribuição Aposentadoria Especial Encargos familiares Salário família Salário maternidade Prisão Auxílio reclusão Morte Pensão por morte Mais: abono anual, serviço social e reabilitação profissional BENEFÍCIOS/SERVIÇOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Quanto ao segurado 1. Aposentadoria por invalidez 2. Aposentadoriapor idade 3. Aposentadoria por tempo de contribuição 4. Aposentadoria especial 5. Auxílio-doença 6. Salário-família 7. Salário-maternidade 8. Auxílio-acidente Quanto aos dependentes 9. Pensão por morte 10. Auxílio-reclusão Direito Previdenciário 19/87 Prof. Miriam Lazarini Ambos 11. Reabilitação profissional 12. Serviço social 13. Abono anual CONCEITO PREVIDENCIÁRIO DE ACIDENTE DO TRABALHO, Lei 8.213/91, art. 19 a 23 Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Consideram-se acidente do trabalho as seguintes entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada. Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; c) a que não produza incapacidade laborativa; d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. Equiparam-se também ao acidente do trabalho: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; Direito Previdenciário 20/87 Prof. Miriam Lazarini III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa. Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro. 2. BENEFICIÁRIOS – Lei 8.213/91, art. 16; RPS, art. 16. Segurados – o próprio contribuinte usufrui o benefício. Dependente – pessoas que podem usufruir o benefício. Subdividem-se em 3 classes: a) classe I – cônjuge/companheiro, filho menor de 21 anos e não emancipado (inclusive enteado ou tutelado) ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; b) classe II – pais; c) classe III – irmão menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente. Dependentes se inscrevem quando do requerimento do benefício. A existência de dependentes na classe I exclui os dependentes das outras classes (idem para classe II em relação a III). A dependência econômica dos beneficiários da classe I é presumida (exceto para enteado e tutelado), dos demais deve ser comprovada. Dependentes de uma mesma classe concorrem entre si em igualdade de condições, sendo os benefícios a eles devidos concedido por rateio. A parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça atividade remunerada, será reduzida em 30%, devendo ser integralmente Direito Previdenciário 21/87 Prof. Miriam Lazarini restabelecida em face da extinção da relação de trabalho ou da atividade empreendedora (Lei 12.470/11). No caso de invalidez de dependente, esta deve acontecer anteriormente à maioridade ou ao evento que gerou o benefício (morte ou reclusão do segurado). Perda da condição de dependente: • por falecimento; • para o menor de 21 anos: quando completa 21 anos ou é emancipado; • para o maior de 21 anos inválido: se cessar a invalidez ou emancipação (exceto colação de grau); • para o deficiente intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, pelo levantamento da interdição; • para o cônjuge/companheiro: pela separação/divórcio/interrupção da união estável sem pensão alimentícia, pela anulação do casamento. COMPANHEIRO (A) Para ser considerado companheiro(a) é preciso comprovar união estável com o(a) segurado(a). NOTA: A Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0 determina que companheiro(a) homossexual de segurado(a) terá direito a pensão por morte e auxílio-reclusão. Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, devem ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos (RPS, art. 22, §3o): I - certidão de nascimento de filho havido em comum; II - certidão de casamento religioso; III- declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente; IV - disposições testamentárias; V - revogado VI - declaração especial feita perante tabelião; VII - prova de mesmo domicílio; VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil; IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada; Direito Previdenciário 22/87 Prof. Miriam Lazarini X - conta bancária conjunta; XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado; XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; XIII- apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária; XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável; XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente; XVI - declaração de não emancipação do dependentemenor de vinte e um anos; ou XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar. Emancipação Atualmente, a maioridade civil ocorre aos 18 anos de idade, contudo, o menor pode ser emancipado, nos termos do artigo 5º, parágrafo único do Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 3. FILIAÇÃO X INSCRIÇÃO – RPS, art. 18. Direito Previdenciário 23/87 Prof. Miriam Lazarini Filiação - vínculo estabelecido com a previdência social, da qual decorre direitos e obrigações. Automática: independentemente de formalização material (inscrição), quando exerce atividade remunerada sujeita à filiação obrigatória (RPS, art. 20). Facultativo: depende de inscrição + recolhimento da primeira contribuição (RPS, art. 11, §3o) Inscrição – comprovação dos dados pessoais e elementos que caracterizam a condição de segurado (RPS, art. 18). NIT – número de identificação do trabalhador. Empregado: contrato de trabalho registrado na CTPS. Trabalhador avulso: registro no OGMO ou no sindicato. Empregado doméstico: CTPS e inscrição no INSS. Contribuinte individual, Facultativo e Segurado Especial: inscrição no INSS. O número de inscrição é um só – comunica ao INSS apenas se mudar de categoria (ex. CI para empregado). Atividades concomitantes: ex. empregado e contribuinte individual – filiação e inscrição em cada uma delas. A inscrição pós-morte é admitida para o segurado especial. 4. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO – Lei 8.213/91, art. 15; RPS, art. 13. Hipóteses em que, mesmo tendo deixado de efetuar recolhimentos, a pessoa mantém a qualidade de segurado do RGPS. Hipótese Período de graça Enquanto estiver recebendo benefício sem limite de prazo Após cessar serviço militar 3 meses Segurado facultativo que deixou de contribuir 6 meses Após livramento (retido ou recluso) Após cessar o benefício Após cessar a segregação compulsória Desempregado* com até 120 contribuições 12 meses Desempregado* com mais de 120 contribuições sem perda da qualidade de segurado 24 meses * Se houver registro no MTE (cadastrado no SINE ou seguro desemprego) prorroga o período de graça por mais 12 meses (Lei 8.213/91, art. 15, §2o). Perde-se a qualidade após o 15o dia do 2o mês após o término do período de graça. Direito Previdenciário 24/87 Prof. Miriam Lazarini Nos casos de aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria especial, a perda da qualidade de segurado não implica a caducidade dos direitos a esses benefícios. O mesmo acontece no caso de aposentadoria por idade, desde que cumprida a carência exigida (180 contribuições). No caso de fuga do recolhido à prisão, será descontado do prazo para perda da qualidade de segurado a partir da data da fuga, o período de graça já usufruído anteriormente ao recolhimento. Havendo livramento do recolhido à prisão, permanece o prazo integral de doze meses, contado a partir da soltura, conforme o inciso IV do art.13 do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. (IN INSS/PRES 45, de 6/08/2010, art. 12) O segurado obrigatório que, durante o prazo de manutenção da sua qualidade de segurado (12, 24 ou 36 meses, conforme o caso), se filiar ao RGPS como facultativo, ao deixar de contribuir nesta última, terá o direito de usufruir o período de graça de sua condição anterior. (IN INSS/PRES 45, de 6/08/2010, art. 10, §9º) 5. CARÊNCIA - RPS, art. 26 a art. 30. Tempo correspondente ao número mínimo de contribuições mensais exigidas para ter direito ao benefício. segurados Início da contagem empregados trabalhadores avulsos contribuintes individuais (desde 04/03) que presta serviço a empresas Data de filiação Recolhimento é presumido contribuinte individual que trabalha por conta própria empregado doméstico segurado facultativo data do efetivo recolhimento da primeira contribuição sem atraso (não são consideradas contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores) Para o segurado especial a carência começa a contar a partir do efetivo exercício da atividade rural, mediante comprovação. Benefício Segurado carência Auxílio Doença Aposentadoria por invalidez todos 12 contribuições Obs: Acidente de qualquer natureza, acidente do trabalho, doença profissional e do trabalho + doenças da lista do MS/MTE/MPS (Lei 8.213/91, art. 26, II e art. 151) Sem carência Aposentadoria por idade Aposentadoria por TC Aposentadoria especial todos 180 contribuições Salário maternidade Contribuinte Individual Facultativo Segurada Especial 10 contribuições* Salário maternidade Empregadas Empregadas domésticas Sem carência Direito Previdenciário 25/87 Prof. Miriam Lazarini Trabalhadoras avulsas Pensão por morte Auxílio-reclusão Salário-família Auxílio-acidente Sem carência *parto antecipado: reduz pelo mesmo número de meses em que o parto foi antecipado. Segurado especial - Comprovar o exercício da atividade rural em período correspondente à carência do benefício requerido, ainda que descontinuamente. Perda da qualidade de segurado – recuperação do período anterior: Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores serão computadas para efeito de carência apenas quando o segurado contar, a partir da nova filiação, com o mínimo de 1/3 do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência. Exceto para aposentadorias por tempo de contribuição, especial e por idade. Logo, fala-se em recuperação do período anterior apenas para os benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e salário-maternidade, e o número de contribuições exigidas será quatro (1/3 de 12) no caso do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez ou três (1/3 de 10) no caso do salário-maternidade. Aposentadoria por tempo de contribuição, especial e por idade - Regra de transição: Tabela progressiva de carência para filiados até 24 de julho de 1991, data anterior a publicação da Lei 8.213/1991 (era de 60 contribuições em 1992 e aumentou de 6 /ano) Ano de implementação das condições Carência (meses) 2007 156 2008 162 2009 168 2010 174 2011 180 Para o segurado inscrito na Previdência Social até 24 de julho de 1991, a carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais amparados pela antiga Previdência Social Rural, obedecerá à tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício. (IN INSS/PRES 45, de 6/08/2010, art. 147) 6. SALÁRIO DE BENEFÍCIO E RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO – RPS, art. 31 a art. 39 SALÁRIO DE BENEFÍCIO – SB: valor básico utilizado para definir a renda mensal inicial de cada benefício. Lei 9.876, de 28/11/1999. Direito Previdenciário 26/87 Prof. Miriam Lazarini Cálculo da média (M): A partir da publicação da Lei9.876/99, para o cálculo do salário de benefício é feita a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição (SC) correspondentes a 80% de todo o período contributivo. Para os segurados inscritos anteriormente à publicação da Lei 9.876/99, tal média é calculada com os salários de contribuição corrigidos, a partir de julho/1994. FP – fator previdenciário 100 1 aTCId x Es aTC FP Onde: FP = fator previdenciário; Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria; (IBGE) TC = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria; Id = idade no momento da aposentadoria; e a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31. OBS: TC+5 para mulheres; Professor com tempo exclusivamente no magistério da educação infantil, ensino fundamental e médio: H: TC+5; M: TC+10 Benefício SB Aposentadoria por tempo de contribuição Aposentadoria por idade = M x FP* Aposentadoria por invalidez Aposentadoria especial Auxílio-doença Auxílio-acidente = M * No cálculo do SB na aposentadoria por idade, a multiplicação pelo fator previdenciário é facultativa (Lei 9.876/99, art. 7º). No cálculo do SB, não será considerado o aumento dos SC que exceder o limite legal, inclusive o voluntariamente concedido nos 36 meses imediatamente anteriores ao início do benefício, salvo se: - homologado pela Justiça do Trabalho; - resultante de promoção regulada por normas gerais da empresa, admitida pela legislação do trabalho; - resultante de sentença normativa; - resultante de reajustamento salarial obtido pela categoria respectiva. Caso os segurados empregado e trabalhador avulso não possam comprovar o valor dos seus SC para algumas competências no período básico de cálculo, para tais competências será considerado, para fins de cálculo do benefício, o valor do salário mínimo, devendo a renda ser recalculada quando da apresentação de prova dos SC. O empregado doméstico deve comprovar não apenas os valores dos seus SC, mas também os recolhimentos devidos, sob pena de ser concedido o benefício de valor mínimo, que também será recalculado na hipótese de serem comprovados os recolhimentos a posteriori. Direito Previdenciário 27/87 Prof. Miriam Lazarini Para os demais segurados somente serão computados os SC referentes aos meses de contribuição efetivamente recolhida. RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO – RMB: valor mensal que efetivamente o segurado vai receber. Limites dos benefícios: Mínimo – salário mínimo Máximo – teto do salário de contribuição (alterado sempre que os benefícios são reajustados). Exceção – Aposentadoria por invalidez se o beneficiário necessitar de assistência permanente de outra pessoa – acréscimo de 25% (mesmo que superior ao teto). Obs: o valor recebido a título de auxílio-acidente é considerado como salário de contribuição. Benefício RMB Aposentadoria por TC SB Aposentadoria por idade (70%+1%/grupo de 12 contribuições, até 30%) SB Aposentadoria por invalidez Aposentadoria especial SB Auxílio Doença 91% SB Auxílio Acidente 50% SB Segurados especiais 1 salário mínimo 7. REAJUSTAMENTO DO VALOR DOS BENEFÍCIOS - RPS, art. 40 O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 8. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO – Lei 8.213/91, art. 103, RPS, art. 347 O segurado tem o prazo de 10 anos (prazo decadencial) para pedir revisão do valor do benefício (a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação) ou do ato que indefere benefício. Em caso de provimento do pedido, pode receber os últimos 5 anos (prescrição qüinqüenal), salvo o direito dos menores e incapazes. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Direito Previdenciário 28/87 Prof. Miriam Lazarini 9. RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS, Lei 8.213/91, art. 126, RPS, art. 305 O Conselho de Recursos da Previdência Social, colegiado integrante da estrutura do Ministério da Previdência Social, é órgão de controle jurisdicional das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social, nos processos de interesse dos beneficiários da seguridade social. Das decisões proferidas pelo INSS, poderão os interessados, quando não conformados, no prazo de trinta dias, recorrer às Juntas de Recursos-JR, ou às Câmaras de Julgamento-CaJ do CRPS. Havendo interposição de recurso do interessado contra decisão do INSS, o processo deverá ser reanalisado e, se reformada totalmente a decisão, será atendido o pedido reclamado. Caso contrário, o processo deverá ser encaminhado para a JR, para julgamento. 10. JUSTIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA – RPS, art. 142 a art. 151 Utilizada para suprir falta ou insuficiência de documento ou produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos beneficiários, perante a previdência social. Não pode ser feita em caso de existir registro público; atrelado a processo administrativo antecedente; não admite recurso; início razoável de prova material (documental), que apenas pode ser dispensada em casos fortuitos ou de força maior; de 3 a 6 testemunhas idôneas (ver art. 146 do RPS); chefia do INSS autoriza a realização e designa o processante; processada regularmente, deve ser homologada pela chefia: o quanto à forma; o quanto ao mérito (eficaz, parcialmente eficaz ou ineficaz); a homologação de justificação judicial processada com base em prova exclusivamente testemunhal dispensa a justificação administrativa, se complementada com início razoável de prova material. Não é considerado como tempo de serviço o período reconhecido por meio de ação trabalhista. O vínculo empregatício pode ser reconhecido na justiça do trabalho, inclusive com recolhimento para o RGPS, contudo, não vincula a Previdência Social. Neste caso, é necessário a Justificação Administrativa, baseada em prova material. Inclusive, o segurado não precisa recorrer à justiça do trabalho para ter sua condição de segurado reconhecida. III – PLANO DE BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL 1. AUXÍLIO-DOENÇA – RPS, art. 71 a art. 80 Benefício devido ao segurado incapacitado para o trabalho por motivo de doença ou acidente de qualquer natureza, por mais de 15 dias consecutivos. Comprovação da incapacidade em exame realizado pela perícia médica da Previdência Social. Direito Previdenciário 29/87 Prof. Miriam Lazarini Segurado empregado - cabe à empresa que dispuser de serviço médico próprio ou em convênio o exame médico e o abono das faltas correspondentes aos primeiros 15 dias de afastamento. Será devido: Empregados – a partir do 16o dia, consecutivo ou não, do afastamento do trabalho, sendo os 15 primeiros dias de responsabilidade do empregador. Contribuintes Individuais, empregados domésticos, avulsos, especiais e facultativos – a partir do início da incapacidade. Deve ser requerido em até trinta dias da data do afastamento (para empregados a partir do 16o dia), se não o benefício será pago a partir da data do requerimento. Segurados empregados – afastamento do trabalho por mais de uma vez dentro de 60 dias, decorrente da mesma doença: se concedido novo benefício decorrente da mesma doença dentro de 60 diascontados da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados, se for o caso. se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho durante 15 dias, retornando à atividade no 16º dia, e se dela voltar a se afastar dentro de 60 dias desse retorno, fará jus ao auxílio-doença a partir da data do novo afastamento. Retornando à atividade antes de quinze dias do afastamento, o benefício será devido a partir do dia seguinte ao que completar aquele período. O segurado empregado em gozo de auxílio-doença é considerado pela empresa como licenciado. NOTA: a empresa que garantir ao segurado licença remunerada ficará obrigada a pagar-lhe durante o período de auxílio-doença a eventual diferença entre o valor deste e a importância garantida pela licença. RMB = 91% SB Carência: 12 contribuições Isenção de carência: Acidente de qualquer natureza (dentro ou fora do trabalho), acidente do trabalho, doença profissional ou doença do trabalho e moléstias que constam da lista de doenças (art. 151 da Lei 8.213/91), desde que a doença apareça após a filiação. Considera-se acidente do trabalho se sofrido no trajeto (sem parar para resolver assuntos particulares). Não é devido o auxílio-doença se ao se filiar à Previdência Social, o segurado já seja portador da doença ou lesão invocada como causa do benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de agravamento da doença ou lesão. Direito Previdenciário 30/87 Prof. Miriam Lazarini Se a doença é anterior à filiação e é cumprida a carência de 12 meses, considera-se agravamento da doença e a pessoa tem direito ao benefício. O segurado tem a obrigação de submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, de participar de processo de reabilitação profissional, se insusceptível de retornar para a atividade habitual e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e transfusão de sangue, que são facultativos. O benefício não cessa até que o segurado seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência Cessação do auxílio doença: falecimento, alta médica, volta voluntária ao trabalho ou transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio acidente, se resultar seqüela para a atividade que habitualmente exercia. Acidente do trabalho - estabilidade no emprego de 12 meses após o término do auxílio. Múltipla atividade: O auxílio-doença do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pelo RGPS será devido mesmo no caso de incapacidade apenas para o exercício de uma delas, devendo a perícia médica ser conhecedora de todas as atividades que o mesmo estiver exercendo. Neste caso, o valor do benefício poderá ser inferior ao salário mínimo, desde que somado às demais remunerações recebidas resultar valor superior a este, além do que observar-se-ão as seguintes regras: a) o auxílio-doença será concedido em relação à atividade para a qual o segurado estiver incapacitado, considerando-se para efeito de carência somente as contribuições relativas a essa atividade; b) se nas várias atividades o segurado exercer a mesma profissão, será exigido de imediato o afastamento de todas; c) constatada, durante o recebimento do auxílio-doença, a incapacidade do segurado para cada uma das demais atividades, o valor do benefício deverá ser revisto com base nos respectivos SC; d) quando o segurado que exercer mais de uma atividade se incapacitar definitivamente para uma delas, deverá o auxílio-doença ser mantido indefinidamente, não cabendo sua transformação em aposentadoria por invalidez, enquanto essa incapacidade não se estender às demais atividades. Regulamentando a expressão “enquanto ele permanecer incapaz”, contida no final do art. 60 da Lei nº 8.213/91, o Decreto nº 5.844, de 13-7-2006, acrescentou os seguintes parágrafos ao art. 78 do Regulamento da Previdência Social: § 1o O INSS poderá estabelecer, mediante avaliação médico-pericial, o prazo que entender suficiente para a recuperação da capacidade para o trabalho do segurado, dispensada nessa hipótese a realização de nova perícia. Direito Previdenciário 31/87 Prof. Miriam Lazarini § 2o Caso o prazo concedido para a recuperação se revele insuficiente, o segurado poderá solicitar a realização de nova perícia médica, na forma estabelecida pelo Ministério da Previdência Social. § 3o O documento de concessão do auxílio-doença conterá as informações necessárias para o requerimento da nova avaliação médico-pericial. 2. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - RPS, art. 43 a art. 50 Trata-se do benefício devido ao segurado que ficar incapacitado para qualquer trabalho, independentemente de ter recebido auxílio-doença. É um direito que se garante por tempo indeterminado, mas não é definitivo, pois o trabalhador fica obrigado a se submeter a avaliação de 2 em 2 anos. RMB = 100% SB Carência e concessão: mesmas regras do auxílio-doença. Pode ser acrescido de 25% caso o beneficiário necessite de auxílio permanente de outra pessoa, observada a relação constante do anexo I do RPS (atestado por perícia do INSS). Cessa com a morte do segurado, não sendo incorporado ao valor da pensão por morte. Cessação da aposentadoria por invalidez: falecimento, alta médica ou volta voluntária ao trabalho. Segurado que se julga apto a retornar à atividade: realizada a perícia, se concluir pela recuperação, a aposentadoria será cancelada: Benefício cessa Recuperação total dentro de cinco anos* De imediato Se o segurado empregado tem direito a voltar para a mesma função que exercia antes Após tantos meses quantos forem os anos de duração do benefício por incapacidade Para demais segurados Benefício é mantido por Valor do benefício Recuperação parcial ou recuperação total após cinco anos 6 meses Valor integral No período seguinte de 6 meses 50% No período seguinte de 6 meses 25% *os cinco anos são contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu, ou seja, da data do início da incapacidade. 3. AUXÍLIO ACIDENTE - RPS, art. 104 Direito Previdenciário 32/87 Prof. Miriam Lazarini É o benefício devido como indenização ao segurado empregado, trabalhador avulso e segurado especial que sofram lesões definitivas de acidentes de qualquer natureza, que diminuam a sua capacidade para o trabalho, até que se aposente definitivamente. As situações que dão direito ao auxílio acidente estão discriminadas no anexo III do RPS. O segurado tem que ter recebido o auxílio-doença. O segurado retorna ao trabalho, recebe o salário do empregador e o auxílio-acidente. Cabe a concessão de auxílio-acidente oriundo de acidente de qualquer natureza ocorrido durante o período de manutenção da qualidade de segurado. RMB = 50% SB (SB que deu origem ao auxílio-doença), podendo ser inferior ao salário mínimo. Pode ser cumulado com os demais benefícios, exceto aposentadoria ou outro auxílio- acidente. Se o auxílio-doença por acidente que tenha dado origem ao auxílio-acidente for reaberto, suspende o auxílio-acidente. Seu valor é computado como salário de contribuição quando for concedida a aposentadoria. Não será devido o benefício quando do acidente: a) resultarem danos funcionais ou redução da capacidade funcional sem repercussão na capacidade laborativa; b) houver mudança de função do acidentado, mediante readaptação profissional promovida pela empresa, como medida preventiva, em decorrência de inadequação do local
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