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RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 ar tig os \ co nc eit os e ap lic aç õe s d e c élu las tr on co em m ed ici na re ge ne ra tiv a. .. 32 RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 CONCEITOS E APLICAÇÕES DE CÉLULAS TRONCO EM MEDICINA REGENERATIVA: UMA REVISÃO CONCEPTS AND APPLICATIONS OF STEM CELLS IN REGENERATIVE MEDICINE: AN OVERVIEW REVIEW LUCIANA AFFONSO CORREIA DE OLIVEIRA1, GRAzIELA SPONCHIADO2, MÔNICA L. ADAM3 1 Bióloga, UnicenP. 2 Bióloga e mestranda do curso de gestão ambiental do UnicenP. 3 mestre em Ciências Biológicas a/C: genética humana pela UNeSP; Botucatu-SP. RESUMO Células-tronco são células totipotentes capazes de multiplicação e diferenciação, pre- sentes em diversos tecidos. Vários estudos têm ressaltado a sua utilização em modelos experi- mentais visando a sua inclusão na prática clínica. além das células-tronco embrionárias, tem sido evidenciado que as células somáticas possuem a mesma capacidade de diferenciação. Tais células incluem as células-tronco mesenquimais da medula óssea, do sangue de cordão umbilical, as células Cd133+, as células endoteliais progenitoras, os mioblastos esqueléticos e as células residentes cardíacas. O presente estudo disponibiliza informações referentes aos conceitos e aplicações de tais células com potencialidade de utilização na medicina regenerativa. Palavras-chave: células-tronco; terapia celular; diferenciação. 1 INTRODUÇÃO muitas são as perguntas que apare- cem quando nos referimos às células-tronco. Para tentar esclarecê-las é preciso um maior conhecimento desta área onde a cada dia surgem novas resoluções obtidas das diversas pesquisas realizadas por todo o mundo. este trabalho de revisão tem como objetivo reunir várias informações e idéias disponibilizadas na literatura científica, para uma melhor compreensão do assunto e orga- nização de idéias sobre células-tronco e suas derivações. 1.1 Conceitos Células-tronco são células consi- deradas indiferenciadas, mas que possuem a capacidade de se diferenciar em células especializadas a qualquer momento, ao mes- mo tempo em que conseguem se manter no estado indiferenciado(1). São três as categorias de células-tronco. São consideradas células totipotentes aquelas com potencial de completa diferenciação, enquanto que as oligopotentes, as pluripotentes e as multipotentes possuem capacidade de diferenciação parcial. As células que não se diferenciam exceto no tecido de origem, são denominadas unipotentes(2). Para realizar as suas funções de auto- regeneração e diferenciação, as células-tronco podem seguir dois modelos básicos de divisão celular. o primeiro denominado determinístico, corresponde à divisão celular de uma célula- tronco que gera invariavelmente uma nova cé- lula-tronco e uma célula que irá se diferenciar. No segundo mecanismo, chamado aleatório ou eslocástico, algumas células-tronco ao se dividirem geram apenas novas células-tronco, enquanto outras geram apenas células com potencial para sofrer diferenciação(3). RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 ar tig os \ co nc eit os e ap lic aç õe s d e c élu las tr on co em m ed ici na re ge ne ra tiv a. .. 33 1.2 Obtenção e Classificação todos os tecidos possuem em sua composição celular, células oligopotentes em quantidades bastante variáveis. Porém, quan- do se considera somente células totipotentes, as células tronco embrionárias são as únicas a apresentarem tal característica. além de apresentar a multi-funciona- lidade de se transformar em diversos tipos celulares, as células-tronco podem ser obti- das de vários locais como: embriões, sangue de cordão umbilical, medula óssea, células mesenquimais, células de tecidos e órgãos, células do sangue periférico e células hema- topoiéticas(4). 1.2.1 Células tronco embrionárias Células-tronco embrionárias são cé- lulas isoladas de blastocistos embrionários e são capazes de proliferar e diferenciar-se em células das três linhagens germinativas e em qualquer célula do corpo. estas células possuem uma tendência inerente de diferen- ciar-se espontaneamente em cultura, tanto que condições específicas de cultivo celular são requeridas para mantê-las no seu esta- do indiferenciado. Entretanto, nas condições definidas elas são capazes de se proliferarem indefinidamente, mantendo sua capacidade de diferenciação, resultando, assim, em uma fonte potencialmente ilimitada de células(5,6). Sendo assim, a partir destas células pode-se conseguir a diferenciação nos diver- sos tipos celulares como: células nervosas, musculares, hepáticas, sanguíneas, cardíacas entre outras(2). em resumo, células-tronco embrio- nárias primitivas exibem um amplo espectro de plasticidade celular sob condições expe- rimentais(7,8). as características relativas ao cres- cimento compartilhadas entre as células tronco embrionárias que formam os anexos embrionários, são: ilimitada capacidade de proliferação, morfologia típica, expressão de marcadores específicos, e formação de tera- tomas. estas células apresentam, entretanto, ligeiras diferenças quanto ao seu crescimento e capacidade de diferenciação. Lee(9) relatou que os teratomas formados nos tecidos de ratos contêm células dos três anexos embrio- nários. Os marcadores específicos presentes em tais células e que são fortemente positivos são: SSea-3, -4 e aPase, e o oCt-4. este último é encontrado nas células indiferencia- das, mas ocorre sua diminuição no decorrer do processo de diferenciação(10). Outras diferenças que começam a ocorrer após o início da diferenciação para a formação das diferentes linhagens, são: dife- rentes níveis de expressão gênica, ocorrência de metilação, inativação do cromossomo-X, a taxa de auto-renovação e habilidade de diferenciação(10). In vitro, estas células podem apresen- tar mudanças nos estados fenotípicos de acor- do com as condições de cultura e o estresse a que elas são submetidas. Mudanças genéti- cas freqüentemente ocorrem na multiplicação celular das mesmas. Segundo Josephson(10), tais células, em cultura, acumulam mudanças genômicas, epigenéticas e mitocondriais. Assim, a caracterização molecular destas linhagens celulares pode contribuir para a definição do perfil das mesmas, definindo, por exemplo, mudanças deletérias que possam ocorrer durante a cultura. Entre tais caracterizações, uma delas é essencial para uma futura utilização destas células em transplantes: a tipagem de hla, incluindo os loci hla-a, hla-B, hla-C, hla- dRB e hla-dQB. tal metodologia permite uma estimativa de quantas linhagens celula- res são requeridas para suprir a necessidade de todos os potenciais pacientes(11). maitra(12) possui outra abordagem para a caracterização das células-tronco embrio- nárias, que são os Single Nucleotide Poli- morphysm (SNPs), os quais são capazes de detectar translocações não recíprocas, aneu- ploidias, amplificações parciais ou deleções cromossômicas. assim, o método dos arranjos SNPs é de grande valor na caracterização das linhagens das células-tronco embrionárias hu- RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 ar tig os \ co nc eit os e ap lic aç õe s d e c élu las tr on co em m ed ici na re ge ne ra tiv a. .. 34 RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 manas, pois permite a detecção de alterações genéticas com grande resolução(12). Uma outra metodologia é o seqüen- ciamento do dNa mitocondrial. este método auxilia a identificação, quantificação e deter- minação de estabilidade das células durante osprocessos de proliferação, pois o DNA mi- tocondrial, por acumular mutações, promove a identificação de células que podem ter suas propriedades e potencialidades reduzidas(10). o método de microarranjos de dNa, também utilizado para a caracterização das células-tronco embrionárias, pode distinguir células indiferenciadas das diferenciadas, pois permite a detecção de pools de expres- são gênica diferenciados para cada linhagem celular(10). os estudos com células-tronco embrio- nárias têm sido realizados há mais de duas décadas, com início em 1981 por evans e Kaufmam(13). Nestes estudos foram isoladas células-tronco embrionárias de ratos modifica- dos, e estas foram impedidas de se diferenciar pela a ação do Leukemia Inibictory Factor (lIf). Posteriormente, essas células foram induzidas à diferenciação in vitro por citocinas. Porém, a transferência destas células para os animais resultaram em teratomas. Com esses estudos, cresceu o interes- se por essas células possíveis de diferencia- ção em tantos tipos celulares, e a extração e utilização das mesmas em humanos. o isolamento de células-tronco em- brionárias humanas foi reportado pela primei- ra vez em 1998 (14), e, desde então, tem sido observado um crescimento exponencial no número de experimentos com estas células, envolvendo melhoria nas condições de cultu- ra (15), manipulação genética (16) e indução de diferenciação em diferentes tecidos (17,18,19). No início dos estudos com células tronco humanas, não se sabia se as células- tronco embrionárias dos humanos teriam o mesmo potencial de diferenciação que os dos ratos. os experimentos in vitro começaram a apresentar resultados similares dos ratos, apesar de não serem obtidas células diferen- ciadas a partir dos aglomerados celulares, pois o lIf não atua como fator inibidor em hu- manos(20). Um fator relevante para o sucesso da utilização das células-tronco embrionárias humanas foi a descoberta do fator inibidor de mitose para humanos, o mefs (mitotically Inactived factor). este fator impede a dife- renciação das células-tronco embrionárias humanas, e, por esse motivo, para que ocorra a diferenciação celular é preciso retirar esse elemento. a partir de sua retirada, as células começam a se diferenciar, primeiramente nas três camadas germinativas, e dessas a diferenciação nos diversos tipos celulares (4). Além da questão da formação de teratomas e da questão ética, a aplicação e o estudo de células-tronco embrionárias hu- manas ficou muito limitada (20). a partir de novos experimentos reali- zados por vários pesquisadores, foi possível uma maior compreensão desta poderosa fer- ramenta para cura de diversas doenças, além de possibilitar o esclarecimento de diversas dúvidas e a solução de diversos problemas relativos à utilização destas células (4). 1.2.2 Células-tronco Somáticas outro tipo de célula-tronco são as adul- tas, ou somáticas, que são responsáveis por manter a homeostase dos tecidos, repondo células que foram perdidas na maturação, no envelhecimento ou dano (21). A maior diferença entre as células- tronco somáticas e as células-tronco embrio- nárias é que as somáticas apresentam dife- renciação restrita ou seja, são oligopotentes, pois só conseguem se diferenciar em alguns tipos celulares (2). Porém, apesar de algumas pesquisas apontarem para a possibilidade de algumas células-tronco da medula óssea pos- suírem a capacidade de transdiferenciação (processo onde uma célula de uma linhagem particular é convertida em uma célula de outra linhagem) (22). As células-tronco adultas são classifi- cadas de acordo com suas características e tecidos dos quais são obtidas. estas células apresentam em sua superfície proteínas ca- racterísticas e podem ser isoladas a partir de RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 ar tig os \ co nc eit os e ap lic aç õe s d e c élu las tr on co em m ed ici na re ge ne ra tiv a. .. 35 diferentes tecidos como: medula óssea, sangue de cordão umbilical, tecido adiposo, derme e músculos. Devido às facilidades de obtenção, estas células foram rapidamente utilizadas clinicamente(23,24). as células-tronco hematopoi- éticas que são retiradas principalmente da me- dula óssea, do sangue periférico e do sangue do cordão umbilical, têm sido utilizadas para o tratamento de várias doenças sangüíneas como as leucemias e anemias (23). Convém ressaltar que as células-tronco de medula óssea são de interesse especial para a medicina regenerativa, pois várias evi- dências indicam que tais células são capazes de se transferir para o sangue periférico e de- pois retornarem para a medula óssea em um processo fisiológico estritamente regulado por uma complexa interação de citocinas (25,26). este interesse também se deve à propriedade des- sas células originadas na medula óssea, circu- larem no sangue periférico e se dirigirem para tecidos lesados tanto no contexto das doenças hematológicas quanto das não hematológicas (27,28). tais células têm demonstrado capacidade de diferenciação em cardiomiócitos, células neurais, hepatócitos, entre outras (29,30,31,32,33). as células-tronco mesenquimais, que são células clonogênicas não hematopoiéticas presentes na medula óssea, mas que apre- sentam multipotencialidade, são capazes de se diferenciar em várias linhagens de origem mesodérmica e não-mesodérmica (34). estas células foram precursoras na utilização das células-tronco adultas, em função de sua ver- satilidade de diferenciação e de sua poderosa potencialidade, além de sua facilidade de culti- vo in vitro. tais células podem se diferenciar em tecido conjuntivo, incluindo ossos, cartilagem, tecido adiposo, tendões, músculos e estroma medular (24). Protocolos clínicos vêm utilizando as células mesenquimais da medula óssea para o tratamento de doenças sistêmicas, im- plantação no sítio de tecidos lesados e como veículos para genes em terapias gênicas (34). estudos recentes em terapias cardía- cas têm demonstrado a potencialidade de di- ferenciação de outras células somáticas. Estas incluem as células endoteliais progenitoras, as células Cd133+, os mioblastos esqueléticos e as células residentes cardíacas (35). as células endoteliais progenitoras são células que expressam na sua superfície as proteínas hematopoiéticas marcadoras, Cd133 e Cd34 e receptor-2 do fator de crescimento endotelial vascular. estas células possuem a capacidade de se incorporar em sítios de neovascularização e se diferenciar em células endoteliais in situ(36). o antígeno de superfície Cd133 é ex- presso em células-tronco hematopoiéticas e em células endoteliais progenitoras, as quais promovem a vascularização de tecidos isquê- micos (37). as células Cd133+ podem se integrar em sítios de neovascularização e se diferen- ciarem em células endoteliais maduras. menos de 1% das células nucleadas da medula óssea são Cd133+, e devido a essas células serem capazes de se expandir ex vivo, somente um número limitado de células Cd133+ podem ser obtidas para propósitos terapêuticos(35). os mioblastos esqueléticos, ou células satélites, são células progenitoras que normal- mente permanecem em um estado quiescente sob a membrana basal de fibras musculares maduras. essas células são capazes de se- rem cultivadas in vitro, e são capazes de se diferenciar em miotubos, além de conservarem propriedades do músculo esquelético quando transplantadas em regiões infartadas(38,39,40,41). A presença de populações de células- tronco residentes cardíacas capazes de se diferenciar em cardiomiócitos ou em linhagens vasculares, sugerem que estas células pode- riam ser usadas para o reparo do tecido cardí- aco (42,43,44,45,46).estas células respondem bem ao cultivo in vitro e em camundongos, quando injetadas intramiocardialmente após um infarto agudo do miocárdio, promovem a formação de cardiomiócitos e células vasculares, levando à melhora da função sistólica (46). Se estes resultados puderem ser reproduzidos, as cé- lulas-tronco residentes cardíacas serão muito promissoras para as aplicações clínicas(47). Um fator restritivo da utilização das células-tronco adultas é a baixa quantidade de telomerase. este fator faz com que os te- RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 ar tig os \ co nc eit os e ap lic aç õe s d e c élu las tr on co em m ed ici na re ge ne ra tiv a. .. 36 RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 lômeros nestas células estejam encurtados, limitando a capacidade de proliferação celular. tais células também não respondem muito bem ao cultivo in vitro, além de apresentarem maiores problemas de compatibilidade (10). 1.3 A Utilização de Células-Tronco 1.3.1 terapêutica desde os experimentos realizados há mais de dez anos com modelos animais(48,49), os estudos com células-tronco têm feito enor- mes avanços no sentido de torná-las uma opção de tratamento clinicamente aceitável(8). Uma abundância de dados pré-clínicos têm demonstrado segurança, viabilidade e eficá- cia, justificando a recente entrada da terapia com células-tronco humanas no campo clí- nico(29,50). esta área da medicina tem aberto perspectivas inovadoras para o tratamento de doenças crônicas-degenerativas(3). a medicina regenerativa consiste, portanto, na utilização de células, fatores de proliferação e biomateriais que permitem ao próprio organismo reparar tecidos e órgãos lesados. alguns dos alvos terapêuticos são órgãos considerados, por muito tempo, como incapazes de esenvolver quaisquer proces- sos de regeneração, como o cérebro e o coração (3). assim, a terapia Celular pode se tornar muito mais eficaz do que outras terapias, como transplantes e fármacos; pois pode-se utilizar células do próprio paciente (4). Porém, esta metodologia terapêutica tem apresentado algumas controvérsias, pois alguns pesquisadores argumentam quanto à prematuridade da sua utilização (51). tal contro- vérsia vem do fato de ainda existirem proble- mas na utilização das células-tronco, como a formação de teratomas e rejeição das células implantadas. entretanto, o problema de incom- patibilidade das células-tronco começa a ser minimizado, uma vez que a incompatibilidade das células-tronco embrionárias é menor do que a das células-tronco adultas. essa incom- patibilidade pode ser reduzida por mecanismos de engenharia genética, pois esta metodologia permite a alteração do HLA da célula pelo HLA do paciente, fazendo com que o sistema imu- nológico identifique as células colocadas no paciente como próprias. este evento pode ser obtido pela técnica da clonagem terapêutica, feita com a inserção do núcleo de uma célula do paciente em um óvulo doador e este estimu- lado para divisão. do blastocisto formado, retira as células, que por sua vez vão ter o mesmo material genético do paciente, minimizando, assim, a rejeição (4). Um dos inúmeros avanços terapêuti- cos foi o emprego de células-tronco para a re- generação do sistema hematopoiético. Tendo como base experimentos utilizando modelos animais (52), as experiências clínicas iniciais com a restauração da hematopoese pela infusão de células-tronco hematopoiéticas(53) conduziram ao emprego bem estabelecido de transplante de medula óssea no tratamento de várias doenças hematológicas benignas (54,55,56) e malignas (57,58), bem como para alguns tumo- res sólidos (59). Dentre as doenças crônico-de- generativas passíveis de serem tratadas com células-tronco, as doenças cardio-vasculares constituem seguramente as mais extensiva- mente estudadas até o presente momento(8). Porém, apesar dos resultados promissores para cardiopatias, ainda não se sabe quais os tipos celulares que são importantes para o processo de reparo dos tecidos e quantos fatores solúveis participam do processo de recrutamento e indução da diferenciação des- tas células, após sua implantação nos tecidos que se deseja reparar. Por este motivo, para a sua segura utilização na prática terapêutica(1), muitos estudos deverão ser desenvolvidos até a completa elucidação de tais mecanismos. Uma outra perspectiva de aplicação das células-tronco é a sua utilização no feto, ou seja, em um feto onde foram diagnosticadas doenças genéticas, tais como imunodeficiên- cia, erros inatos do metabolismo e hemoglobi- nopatias. Tais doenças poderão ser tratadas pelo transplante de células-tronco (60) e, se, este for realizado ainda intra-útero, antes que os sintomas da doença ocorram, as funções dos órgãos que seriam afetados poderão ser preservadas (61). Nesta terapia, deve-se con- RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 ar tig os \ co nc eit os e ap lic aç õe s d e c élu las tr on co em m ed ici na re ge ne ra tiv a. .. 3� siderar que o transplante deve ser realizado antes do timo ser formado, diminuindo assim a rejeição, pois o feto ainda não terá um sistema imunológico para reconhecer e destruir tais cé- lulas (61). desta maneira, a terapia intra-uterina poderá potencializar a redução da morbidade e mortalidade fetal. Avanços consideráveis também têm sido obtidos com sucesso na utilização de algumas células-tronco humanas e de ratos e seus derivativos em modelos experimentais de diabetes, doença de Parkinson, injúria espinal e doença imune reversa (62). embora as estratégicas terapêuticas baseadas em células-tronco embrionárias em humanos ainda não possam ser aplicadas, os avanços técnico-científicos na biologia celular e molecular, seguramente influenciarão posi- tivamente a pesquisa com células-tronco. 1.3.2 a potencialidade das células de sangue do cordão umbilical apesar de serem consideradas as mais promissoras das células-tronco em função da sua pluripotencialidade, o conhe- cimento atual a respeito das células-tronco embrionárias ainda não permite a produção de derivados destas células suficientemente puros e funcionais para uso clínico em terapia regenerativa, existindo o perigo real de forma- ção de tumores resultantes da diferenciação desorganizada destas células(63). Uma alternativa bastante promissora é a utilização do sangue de cordão umbilical, rico em células-tronco. esta característica tem permitido a sua utilização clínica como fonte alternativa em transplante de medula óssea, tanto em crianças(64), quanto em adultos (65) e em pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (29). as células-tronco de sangue de cordão umbilical, por serem imaturas imunologicamen- te, facilitam a compatibilização entre doador e receptor, beneficiando, assim, muitos pacien- tes, principalmente crianças que sofrem de leucemia, já que 50% dos casos de câncer em crianças, é ocasionado por esta patologia(66). Segundo Borlogan (67), as células-tron- co de sangue de cordão umbilical humano causam melhora funcional no déficit neuroló- gico, apesar de não migrarem para o cérebro, possivelmente através da produção de fatores tróficos neuroprotetores. No Brasil, tem sido dada grande aten- ção e estímulo para a criação de bancos de sangue de cordão umbilical, pois estes aju- dariam várias pessoas que estão esperando doadores compatíveis, já que a maioria dos transplantes com células-tronco do cordão umbilical, que são normalmente descartados, parece induzir com menor freqüência a incom- patibilidade do hla (66). 1.3.3 Legislação Não existeuma legislação mundial que se refira às células-tronco, à clonagem terapêutica e à clonagem reprodutiva. Países isolados têm criado suas próprias leis para a manipulação, utilização e aplicação das célu- las-tronco. estão relatados abaixo, segundo Junior (68), alguns dos países que já se mani- festaram quanto a essa problemática. os eUa proibiram pesquisas com cé- lulas-tronco realizadas com dinheiro público, porém não restringiram aquelas com a utiliza- ção de recursos privados. a europa encontra-se dividida: grã- Bretanha permite o uso de embriões e a clonagem terapêutica; alemanha, áustria, França e Holanda proíbem a clonagem repro- dutiva e a terapêutica, enquanto Itália, Irlanda, Noruega e dinamarca proíbem totalmente estas técnicas; Bélgica, Suécia e espanha permitem a clonagem terapêutica e o uso de células-tronco embrionárias. existe na américa do Sul um panorama semelhante, onde o equador proíbe total- mente a utilização destas células, enquanto a Colômbia libera a sua utilização para fins científicos e clonagem. Na ásia: Japão, China, Coréia e Cingapura, não existem restrições quanto à utilização de células-tronco e a clonagem terapêutica. RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 ar tig os \ co nc eit os e ap lic aç õe s d e c élu las tr on co em m ed ici na re ge ne ra tiv a. .. 38 RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 1.3.4 A obtenção de células-tronco embrioná- rias para a pesquisa o Brasil, segundo a lei 11.105/05 do dia 24 de março de 2005, permite, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células- tronco embrionárias obtidas de embriões hu- manos produzidos por clínicas de fertilização e que não serão utilizados, sendo inviáveis ou os que estejam congelados há três anos ou mais (69). Porém, se estes embriões forem totalmente inviáveis, eles não podem ser utilizados para os estudos de células-tronco, pois não chegariam a fase de blastocisto. tal inviabilidade refere-se à impossibilidade de im- plantação do embrião, ou de gestação viável. esta inviabilidade do embrião corresponderia à inviabilidade genética caracterizada por alterações do mesmo, comprovada por diag- nóstico pré-implantacional, incompatíveis com a vida ou que comprovadamente apresentam elevado risco e inviabilidade evolutiva. Sendo assim, a sua transferência uterina não resul- taria em gestação (69). A seleção dos embriões, geralmente, é realizada a partir de critérios morfológicos bem estabelecidos como o tempo de clivagem. Embriões com 48 horas apresentam quatro ou mais blastômeros, e com 72 horas, seis ou mais. a ausência de uma nova clivagem em mais de 24 horas caracteriza uma pa- rada evolutiva do embrião. outros critérios utilizados são a fragmentação, a simetria, a multinucleação, os aspectos citoplasmáticos dos blastômeros, e a avaliação precoce dos pró-núcleos. Quanto pior a morfologia (frag- mentação e assimetria), menores as chances de implantação e gravidez. Embriões assimé- tricos e com maior fragmentação têm maior índice de malformação fetal, já que há maior índice de apoptose, desordem cromossômica e perda de proteínas reguladoras (69). além desses fatores morfológicos, o congelamento promove a redução nas taxas de implantação quando comparadas aos em- briões frescos de mesma qualidade (69). Segundo donadio (69), dos 11.000 embriões viáveis para doação nos EUA, ex- cluindo as possíveis perdas, só 25% chega- riam a blastócisto e, destes, no máximo 15%, forneceriam linhagens embrionárias. assim, dos 11.000 embriões, somente 275 possíveis linhagens de células tronco embrionárias se- riam obtidas. assim, tendo em vista a grande quantidade de embriões de baixa qualidade obtidos, estes poderiam ser doados para pes- quisas, aumentando as possibilidades de se obter células-tronco embrionárias. 2 CONSIDERAÇÕES FINAIS o uso de células-tronco para a regene- ração ou reparo de tecidos é uma das áreas mais promissoras na pesquisa biomédica. a proposta da medicina regenerativa baseada em células do próprio paciente é de crescente interesse. Entretanto, importantes questões ainda necessitam ser solucionadas antes que a terapia de células-tronco possa ser introduzida na prática clínica. Estas questões incluem a definição de estratégias que possam ser uti- lizadas para direcionar as células-tronco a se diferenciarem no tecido em questão in vitro, a otimização dos protocolos de enriquecimento e purificação de populações de tipos celulares específicos in vitro, o desenvolvimento de téc- nicas de cultivo celular em grande escala, a determinação da eficácia de várias técnicas de transplante, a caracterização das propriedades das células-tronco in vitro, e as questões éticas e legais quanto à utilização das células-tronco embrionárias (70). Considerando a praticabilidade clínica, os problemas éticos e os padrões de imuno- genicidade, pesquisas atuais e futuras terão como foco preferencialmente as células-tronco adultas, enquanto a pesquisa com células- tronco embrionárias poderão emergir presu- mivelmente em relevância clínica comparável àquelas em poucos anos. ABSTRACT Stem cel ls are to t ipotent and undifferentiated cells capable of multiplication RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 RUBS, Curitiba, v.2, n.2, p.32-42, abr./jun. 2006 ar tig os \ co nc eit os e ap lic aç õe s d e c élu las tr on co em m ed ici na re ge ne ra tiv a. .. 3� and differentiation. many studies are giving emphasis on its application in experimental models, aiming to include it in clinical practice. embrionyc stem cells, somatics cells such as bone marrow cells, umbilical blood cord cells, mesenchymal cells, endothelial progenitor cells, Cd133+ cells, skeletal myoblasts and residents cardiac stem cells, have shown some capacity of differentiation. the present review provides information about concepts of these cells and its potential for application in regenerative medicine. Key words: Stem cells; Cell therapy; differencing. REFERÊNCIAS 1 mota a C a, Soares m B P, Santos R R. 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