ENCONTRO 5

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AÇÕES  POSSESSÓRIAS	
Requisitos fundamentais – Abordagem Prática 
Professor Amarílio Hermes Leal de Vasconcellos 
5º Encontro 
AÇÕES  POSSESSÓRIAS:  Elaboração	
•  Possessórias: Artigos 920 a 933 do CPC 
a)  Ação de Reintegração de Posse: Aquele que possuía a posse anteriormente e sofre 
esbulho. É a perda total da posse que caracteriza o esbulho. 
b)  Ação de Manutenção de Posse: Aquele que detém a posse e sofre turbação, ou seja, 
efetiva ameaça com perda parcial da posse. Por exemplo, passagem pela 
propriedade alheia com ingresso para retirar água. 
c)  Interdito Proibitório: Detém a posse e sofre a ameaça de turbação ou esbulho iminente. 
Arts. 932 e 933 do CPC. 
d)  Imissão de Posse: Adquire a propriedade e pretende adquirir a posse. 
•  Diferença entre imissão de posse e reintegração de posse: “A ação de reintegração de 
posse é fundada na posse e a ação de imissão de posse é baseada em documento 
que outorga direito à posse. Quando a posse é perdida em virtude de ato de agressão – 
chamado esbulho – surge àquele que o sofreu a ação de reintegração de posse, pela 
qual o autor objetiva recuperar a posse de que foi privado pelo esbulho. Ainda que a 
ação de imissão de posse e a ação de reintegração de posse objetivem a posse, a 
primeira é a ação daquele que possui direito à posse contra aquele que tem a 
obrigação de transferi-la, ao passo que a ação de reintegração de posse é a ação do 
possuidor – fundada na posse – contra quem cometeu o esbulho. Se a ação de 
reintegração de posse objetiva dar proteção ao fato jurídico posse, a ação de imissão 
de posse visa realizar o direito à posse.” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de Processo 
Civil, 2012, p. 861) 
 
Laboratório de Prática Civil 
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•  Possessórias: Artigos 920 a 933 do CPC 
•  Outras características: 
-  Fungibilidade: Ajuizamento de Interdito proibitório contudo no 
curso da demanda, a ameaça passa a ser efetivo esbulho. 
Desnecessidade de ajuizamento ação de reintegração de 
posse = artigo 920 do CPC. 
-  Natureza dúplice da demanda: Artigo 922 do CPC: “É lícito ao 
réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua 
posse, demandar a proteção possessória e a indenização 
pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho 
cometido pelo autor” 
-  O réu pode formular pedido contraposto para requerer 
proteção possessória e indenização por benfeitorias (quanto 
à esses pedidos falta interesse para reconvir). Caso não seja 
um desses pedidos poderá o réu apresentar reconvenção. 
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•  Caso proposto (Exame 124-SP): Alberto, residente e domiciliado em Curitiba – PR, no 
bairro Água Verde, na Capital do Estado do Paraná, é proprietário de uma Fazenda 
situada em Colombo – PR e, em um final de semana, nota que a cerca de arame que 
faz divisa com a fazenda do seu vizinho Mário foi deslocada cinco metros para dentro 
do seu terreno, reduzindo a sua área. Prontamente, Alberto providencia deslocamento 
da cerca para a sua posição originária. Um mês depois, o vizinho Mário, residente e 
domiciliado em São José dos Pinhais – PR, desloca novamente a cerca de lugar, para 
usar aquela faixa de terra para passagem do seu gado,e no final do mesmo dia, mais 
um mês, o vizinho Mário repete a sua conduta do mês anterior, providenciando, ao final 
do dia, o deslocamento da cerca para sua posição originária. Passado mais três meses, 
aproveitando que Alberto está indo poucas vezes ao sítio, e como, até então, não 
houve reclamação por parte dele, Mário avisa ao funcionário de Alberto que irá 
deslocar, novamente, a cerca, mantendo-se nessa posição pelo periodo de seis meses, 
para que possa usar aquela faixa de terra para passagem de suas novas cabeças de 
gado, adquiridas recentemente em leilão. Alberto estima que atitude de Mário pode 
gerar um prejuízo de R$ 40.000,00, sendo que o seu imóvel tem valor de Mercado de R$ 
5.000.000,00 e o valor para fins de lançamento de imposto (ITR) no importe de R$ 
3.500.000,00. 
•  QUESTÃO: Na condição de advogado de Alberto, promova a ação judicial cabível. 
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•  APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO 
POR PERDAS E DANOS - ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE AD CAUSAM E AD PARTEM - 
INOCORRÊNCIA - JUSTO RECEIO DE ESBULHO POR PARTE DOS RÉUS - CERCA DIVISÓRIA 
ENTRE OS IMÓVEIS DOS DEMANDANTES RETIRADA - TESTEMUNHAS OUVIDAS EM JUÍZO QUE 
COMPROVAM OS FATOS NARRADOS - PREENCHIDOS OS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO 
DA MEDIDA PLEITEADA - CORRETA INDENIZAÇÃO FIXADA PELOS DANOS MATERIAIS 
SOFRIDOS COM A DERRUBADA DA CERCA - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO-CONFIGURADA - 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CORRETAMENTE FIXADOS - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO 
DESPROVIDO. 
•  (TJPR - 18ª C.Cível - AC 291497-8 - São João do Triunfo - Rel.: Cláudio de Andrade - 
Unânime - J. 25.06.2008) 
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•  Artigo 282 do CPC: “A petição inicial indicará: (…) II – os nomes, 
prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor 
e do réu;” 
= legitimidade (artigos 3ª a 6ª do CPC) 
•  No caso concreto: 
•  Quem teve o direito violado: Alberto, brasileiro, estado civil…, 
profissão…, residente e domiciliado em Curitiba – PR, na Rua…, 
nº …, Bairro…, CEP…, com inscrição no CPF sob o nº … e portador 
da cédula de identidade com RG sob o n.º… 
•  Quem (ou em nome de quem) violou o direito: Mario 
(qualificação nos termos acima) 
•  Observação: Quando não for possível verificar aqueles que 
violaram o direito (exemplo: invasão), faz-se contra aqueles que 
indetificar. Caso não seja identificado ninguém, pede-se que o 
oficial de justiça promova a citação de todos aqueles que 
estiverem no imóvel. 
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•  Artigo 282 do CPC: “A petição inicial indicará: (…) III – o fato e os 
fundamentos jurídicos;” 
= causa de pedir: razões de fato. 
•  Descrição do fato: Como? Onde? e quando? 
•  No caso concreto: “O autor é proprietário de uma Fazenda situada em 
Colombo – PR e, em um final de semana, nota que a cerca de arame que 
faz divisa com a fazenda do seu vizinho o réu foi deslocada cinco metros 
para dentro do seu terreno, reduzindo a sua área. Prontamente, o autor 
providencia deslocamento da cerca para a sua posição originária. Um mês 
depois, o réu, desloca novamente a cerca de lugar, para usar aquela faixa 
de terra para passagem do seu gado,e no final do mesmo dia, mais um mês, 
o réu repete a sua conduta do mês anterior, providenciando, ao final do dia, 
o deslocamento da cerca para sua posição originária. Passado mais três 
meses, aproveitando que autor está indo poucas vezes ao sítio, e como, até 
então, não houve reclamação por parte dele, o réu avisa ao funcionário do 
autor que irá deslocar, novamente, a cerca, mantendo-se nessa posição 
pelo periodo de seis meses, para que possa usar aquela faixa de terra para 
passagem de suas novas cabeças de gado, adquiridas recentemente em 
leilão. O autor estima que atitude de Mário pode gerar um prejuízo de R$ 
40.000,00, sendo que o seu imóvel tem valor de Mercado de R$ 5.000.000,00 e 
o valor para fins de lançamento de imposto (ITR) no importe de R$ 
3.500.000,00. 
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•  Artigo 282 do CPC: “A petição inicial indicará: (…) III – o fato e os 
fundamentos jurídicos;” 
= causa de pedir: razões de direito. 
•  Pergunta pertinente: Quais os dispositivos legais se aplicam ao 
caso concreto? 
•  No caso concreto: O artigo 1.228 do CCB: “O proprietário tem a 
faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-
la do poder de quem quer que injustamente a possua ou 
detenha.”, e; o Artigo 1.210 do CCB:“O possuidor tem direito a 
ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de 
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio 
de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, 
poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto 
que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem 
ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a 
alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.” 
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•  Artigo 282 do CPC: A petição inicial indicará: (…) IV – o pedido, com as 
suas especificações” 
= Artigos 286 a 294, todos do CPC. 
•  Perguntas pertinentes: 
•  i) Consequências da violação do direito: i.1) forte ameaça de turbação; 
i.2) utilização indevida de área do propriedade do autor. 
•  ii) pretensão daquele que teve o direito violado: evitar que ocorra a 
turbação. 
•  No caso concreto: i) determinar que o réu não promova a remoção da 
cerca sob pena de multa diária a ser fixada por Vossa Excelência (ou 
confirmar a liminar pleiteada); ii) seja o réu condenado no pagamento 
de indenização a ser verificada em liquidação por arbitramento; iii) a 
condenação em custas e honorários advocatícios. 
•  Ver artigo 921 do CPC: Outros pedidos: desfazimento de construção/
plantação e cominação de pena em caso de nova turbação e/ou 
esbulho. 
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•  Artigo 282 do CPC: “A petição inicial indicará: (…) V – o valor 
da causa;” 
= Não existe regra específica no artigo 259 do CPC. Considera-
se o benefício econômico imediato. Desta forma, tem-se: a) 
prejuízo causado R$ 40.000,00 
= Ver STJ, RESP 490.089/RS 
•  Pergunta pertinente: Quanto?: 
•  No caso concreto: R$ 40.000,00 (valor do prejuízo) 
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•  Artigo 282 do CPC: “A petição inicial indicará: (…) VII – o 
requerimento para citação do réu” 
= Artigo 930 e 931 do CPC: Aplica-se o rito ordinário. 
•  No caso concreto: Propõe-se: i) sejam os réus citados, via 
oficial de justiça, para que, querendo apresentem defesa no 
prazo de 15 dias. 
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•  Artigo 282 do CPC: “A petição inicial indicará: (…) VI – as 
provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos 
fatos alegados;” 
= Artigo 931 = Rito Ordinário. 
•  Pergunta pertinente: Como se pretende provar? 
•  No caso concreto: a produção de todas as provas em direito 
admitidas, especialmente a prova documental a qual 
comprova o alegado na narrativa fática. 
•  Deve ser provado: Artigo 927 do CPC: “I – a sua posse; II – a 
turbação ou o esbulho; III – a data da turbação ou do 
esbulho; IV – a continuação da posse, embora turbada, na 
ação de manutenção; a perda da posse, na ação de 
reintegração.” 
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•  Artigo 282 do CPC: “A petição inicial indicará: (…) I – o juiz ou tribunal, a 
que é dirigida” 
= Competência: Artigo 95 do CPC 
•  No caso concreto: . 
•  Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ª Vara Cível do Foro 
Regional de Colombo da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba 
– Estado do Paraná. 
•  Em caso de bens móveis: ajuiza-se no domicílio do réu (art. 94 do CPC) 
•  É permitida as demandas possessórias no Juizado Especial desde que 
não exceda o teto de 40 salários mínimos em casos de bens imóveis – 
artigo 3º, IV da Lei 9099/95 (proveito econômico) 
 
•  EMENTA: AÇÃO POSSESSÓRIA. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. VALOR DA 
CAUSA. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO COM O VALOR DO BEM IMÓVEL. VALOR 
QUE DEVE CORRESPONDER AO PROVEITO ECONÔMICO PRETENDIDO, OU 
SEJA, AO PREJUÍZO CAUSADO PELO ESBULHO. INCOMPETÊNCIA 
AFASTADA. DECISÃO REFORMADA. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS AO JUÍZO DE 
ORIGEM PARA QUE SEJA PROFERIDA DECISÃO DE MÉRITO. Recurso 
conhecido e provido. (TRU – PR, RI 2009.0007424-0) 
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•  Artigo 283 do CPC: “A petição inicial será instruída com os 
documentos indispensáveis à propositura da ação” 
•  No caso concreto: Deve-se necessariamente apresentar os 
seguintes documentos: 
A) a procuração “ad judicia”; 
B) Comprovação da posse/propriedade, e; 
C) Notificação em face dos réu requerendo que não promova a 
remoção da cerca. 
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•  No caso de reintegração de posse e manutenção de posse é 
determinada a expedição de mandado liminar de 
manutenção ou reintegração, desde que não ultrapasse o 
prazo de ano e dia da turbação ou esbulho (artigo 924 e 928 
do CPC), contados da ciência. Ainda, caso não esteja 
devidamente comprovado documentalmente (devidamente 
instruída), poderá o juiz designar audiência de justificativa, em 
que ao autor será oportunizada comprovação da turbação 
e/ou esbulho, sendo citado o réu para tanto. 
•  Deve-se atender, ainda que sumariamente, os requisitos do 
artigo 927 do CPC. 
•  No caso da turbação / esbulho restar verificada a mais de 
ano e dia, adota-se o rito ordinário. Contudo pode-se 
pretender a tutela antecipada com base nos artigos 461 e 
461A do CPC. 
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•  No caso concreto: seja concedida a liminar para o fim 
determinar que o réu não promova a remoção da cerca 
com ou sem audiência de justificação, intimando-se o réu 
para que não ingresse mais na propriedade do autor sob 
pena de multa diária. 
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