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1 • Aula 04: Direitos Autorais (parte II). Disciplina Eletiva de Propriedade Intelectual Prof. Alysson H. Oikawa Se “ideias” estão fora da LDA, como é possível protegê-las? • Concorrência Desleal (violações de segredos de negócio); • Autorregulamentação Publicitária no CONAR; • Contratualmente; • Enriquecimento sem causa. 2 2 Proteção de ideias fora da LDA: Tese de Concorrência Desleal (art. 195, LPI) O aproveitamento de “ideia” ou “conceito” já utilizado em conteúdo comercial de terceiro pode caracterizar emprego de meio fraudulento para desvio de clientela (art. 195, III, LPI). A utilização ou imitação de expressão (slogan) ou sinal de propaganda alheios, de modo a criar confusão entre os produtos ou estabelecimentos, também é caracterizada como concorrência desleal (art. 195, IV, LPI). 3 Proteção de ideias fora da LDA: Tese de Concorrência Desleal (art. 195, LPI) Violações de segredos comerciais/industriais: “IX - dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empregado de concorrente, para que o empregado, faltando ao dever do emprego, lhe proporcione vantagem; X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao dever de empregado, proporcionar vantagem a concorrente do empregador; XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o término do contrato; XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o inciso anterior, obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude;” 4 3 Proteção de ideias fora da LDA: Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária Artigo 41: “Este Código protege a criatividade e a originalidade e condena o anúncio que tenha por base o plágio ou imitação, ressalvados os casos em que a imitação é comprovadamente um deliberado e evidente artifício criativo.” Artigo 42: “Será igualmente condenado o anúncio que configure uma confusão proposital com qualquer peça de criação anterior”. Artigo 43: “O anúncio não poderá infringir as marcas, apelos, conceitos e direitos de terceiros, mesmo aqueles empregados fora do país, reconhecidamente relacionados ou associados a outro Anunciante.” 5 Disponível em: <http://www.conar.org.br/html/codigos/todos%20os%20capitulos.htm>, acesso em 08/08/2010, às 21:45. Proteção de ideias fora da LDA: Cases do CONAR CARREFOUR (NORTON) x EPA SUPERMERCADOS (Representação nº 045/80) • Anúncio "Baratíssimo. Aqui está o compromisso público do EPA." (mídia impressa) • 1980: Primeiro caso processado no Conselho de Ética, com fundamento nos artigos 41, 42 e 43 do Código de Auto-Regulamentação. • A NORTON PUBLICIDADE S.A., em nome de seu cliente CARREFOUR, entendeu-se ferida em seus direitos sobre a criação dos anúncios de mídia impressa anúncio de mídia impressa intitulados: "COMPROMISSO PÚBLICO CARREFOUR". • Decisão: concessão da liminar de sustação da veiculação, com base em "provas irrefutáveis do ocorrido", inclusive da anterioridade da veiculação do anúncio do Denunciante.” 6 Disponível em: <http://www.conar.org.br/html/decisoes_e_casos/casos/cad2apelo_cas1.htm>, acesso em 08/08/2010, às 21:50. 4 BAMERINDUS x BANESTADO (Representação nº 108/92) • Anúncio: "Ah! Esse Banestado...!” (mídia impressa) • O apresentador, ao encerrar o comercial de TV, se utiliza de um bordão - ligeiramente alterado - que se encontra sempre na propaganda do Denunciante: ("Ah! Esse Bamerindus...!") • Decisão: concessão da liminar de sustação da veiculação. • A expressão publicitária "Ah! Esse Bamerindus..!" tinha precedência, ainda que não concretamente comprovada, desde logo reconhecida pelas partes: “O Bamerindus nela tem investido e tornou-a, juntamente como o ‘gordo simpático’, conhecida em todo o país.” 7 Disponível em: <http://www.conar.org.br/html/decisoes_e_casos/casos/cad2apelo_cas20.htm>, acesso em 08/08/2010, às 21:50. Proteção de ideias fora da LDA: Cases do CONAR Proteção de ideias fora da LDA: Contratualmente Cláusulas que façam a pessoa/empresa que teve acesso à “ideia”: • reconhecer a autoria da Divulgadora; • reconhecer que a ideia está sendo divulgada apenas para os fins estipulados no instrumento (ex.: apresentação de projeto, submissão de conteúdo para apreciação da editora); • se comprometer com sigilo e com a não-utilização, salvo nos termos propostos pela Divulgadora ou com sua autorização expressa. 8 5 Proteção de ideias fora da LDA: Tese de enriquecimento sem causa “Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.” (Art. 884, Código Civil) 9 10 • Idéias/conceitos em si mesmos; • Procedimentos normativos; • Esquemas ou planos (ex.: regras de jogo); • Formulários em branco para serem preenchidos; • Textos de atos oficiais (ex.: leis e decisões judiciais); • Informações de uso comum (ex.: calendários e agendas); • Nomes e títulos isolados; • O aproveitamento industrial ou comercial das idéias contidas nas obras. O que não é objeto de proteção da LDA (art. 8º, LDA) 6 O que é “domínio público”? 11 + Regra geral no Brasil (art. 41, LDA): • 70 anos após morte do autor. Obras com proteção expirada Obras/Elementos não protegíveis (idéias, esquemas, conceitos, etc.) Extensão da proteção aos títulos das obras (art. 10, LDA) • “A proteção à obra intelectual abrange o seu título, se original e inconfundível com o de obra do mesmo gênero, divulgada anteriormente por outro autor.” • Título de publicações periódicas: – Protegido até um ano após a saída do seu último número. – Se a publicação for anual, o prazo é de dois anos. 12 7 Registro de marca: exclusividade comercial sobre o título 13 Registro nº 750.176.067, para a marca mista “VEJA”. • Classe nacional 11.10 (Jornais, revistas e publicações periódicas em geral). • Titular: EDITORA ABRIL S.A. • Concedido em: 01/11/1983. Registro nº 800.049.012, para a marca mista “BATMAN”. • Classe internacional 09; especificação: "Filmes cinematográficos apresentando comédias, dramas, ações, aventuras e/ou animações e filmes cinematográficos para transmissão em televisão apresentando comédias, dramas, ações, aventuras e/ou animações; óculos, óculos de sol e estojos para estes". • Titular: DC COMICS • Concedido em: 14/12/1982. 14 O que precisa para ser protegida? 8 Requisitos para a proteção: Originalidade • Ao contrário da Propriedade Industrial, não se exige um parâmetro considerável de novidade para que uma obra artística ou literária seja protegida por DAs. – Também não se avalia o mérito, a utilidade, a extensão ou o destino da obra. • Criação Independente: na maioria dos casos, merece proteção se a obra não for uma simples cópia de trabalho anterior. • Obras derivadas (traduções, adaptações, representações...) merecem proteção, mas sua concepção pode conflitar com direitos autorais sobre a obra original. 15 Requisitos para a proteção: Exteriorização • “São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro [...].” (art. 7º, LDA) • Exteriorização como requisito básico. – Apresentaçõesdramáticas e musicais “ao vivo”, conferências, aulas, palestras, sermões, etc.: protegíveis, independente de fixação. 16 9 17 Protegível? SIM! SIM! SIM! Utilização de marcas alheias em obras autorais • Possibilidade de citação de marca alheia em discurso, obra científica ou literária ou qualquer outra publicação, desde que sem conotação comercial e sem prejuízo para seu caráter distintivo. (art. 132, IV, LPI) 18 Andy Warhol, 1968: Campbell's Soup I (Tomato) 10 Formalidades: registro facultativo • A proteção legal para obras autorais independe de registro (art. 18, LDA) ou de qualquer outra formalidade. – Uso do símbolo ©: também não há exigência na LDA. • Registro como prova de anterioridade refutável. – A comprovação pode se dar por outras formas (ex.: testemunhos, registro em cartório, correspondência lacrada). • O registro pode ser realizado em órgão público, de acordo com a natureza da obra: – Escritório de Direitos Autorais - Fundação Biblioteca Nacional: obras literárias (livros, discursos, poesias, partituras, roteiros, argumentos, etc.); – Escola de Música da UFRJ: obras musicais (música orquestrada); – Escola de Belas Artes da UFRJ: obras de arte visual (desenhos, fotografias, esculturas, etc.). 19 Autor é pessoa física (art. 11, LDA) • “São obras intelectuais protegidas as criações do espírito [...].” (art. 7º, LDA) • Via de regra, é do autor a titularidade originária dos direitos autorais sobre a obra. 20 11 21 F o n te : G u ar d ia n ( D is p o n ív el e m : < h tt p :/ /w w w .g u ar d ia n .c o .u k /w o rl d /g al le ry /2 0 1 1 /j u l/ 0 5 /m ac au es -i n d o n es ia - w il d li fe ?i n tc m p = 2 3 9 > , a ce ss o e m 2 4 /0 8 /2 0 1 1 , à s 2 1 :4 5 ) Titularidade originária em obras coletivas • “Para os efeitos desta Lei, considera-se: [...] VIII - obra: [...] h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação autônoma;” (art. 5º, LDA) • Assegurada a proteção às participações individuais, a pessoa jurídica (organizadora) pode ser titular originária dos direitos patrimoniais sobre a obra coletiva. (vide art. 17 e §§, LDA) – “A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas nos casos previstos nesta Lei.” (art. 11, parág. único, LDA) – “Qualquer dos participantes, no exercício de seus direitos morais, poderá proibir que se indique ou anuncie seu nome na obra coletiva, sem prejuízo do direito de haver a remuneração contratada.” (art. 17, § 1º, LDA) – “O contrato com o organizador especificará a contribuição do participante, o prazo para entrega ou realização, a remuneração e demais condições para sua execução.” (art. 17, § 3º, LDA) 22 12 Obras em co-autoria • “Para os efeitos desta Lei, considera-se: [...] VIII - obra: [...] a) em co- autoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores;” (art. 5º, LDA) • “Não se considera co-autor quem simplesmente auxiliou o autor na produção da obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando ou dirigindo sua edição ou apresentação por qualquer meio.” (art. 15, § 1º, LDA) • “São co-autores da obra audiovisual o autor do assunto ou argumento literário, musical ou lítero-musical e o diretor.” (art. 16, LDA) – “Consideram-se co-autores de desenhos animados os que criam os desenhos utilizados na obra audiovisual”. (art. 16, parág. único, LDA) 23 Identificação da autoria • O autor é livre para definir a forma como identificará a obra de sua autoria. (art. 12, LDA) – Nome civil (completo ou abreviado); – Iniciais; – Pseudônimo; – ou qualquer outro sinal convencional. • Presume-se autor da obra aquele que tiver essa qualidade indicada ou anunciada na sua utilização. (art. 13, LDA) 24
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