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Aula 09

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EDUCAÇÃO E ECONOMIA POLÍTICA
O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO 
CURSO DE PEDAGOGIA – professora BEATRIZ PINHEIRO
Rio de Janeiro, 06 de outubro de 2011
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OBJETIVOS
Explicar como o trabalho é uma condição de identificação do ser humano e que trabalhando o homem transforma a natureza produzindo bens materiais e imateriais
Perceber como, ao longo do tempo, as relações de produção foram alterando a natureza criativa e libertária do trabalho, transformando-o em um instrumento de alienação. 
Entender que neste processo produtivo surgem as relações educativas, potencialmente transformadoras das estruturas sociais. 
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O TRABALHO
Na atualidade, o trabalho tem sido associado, e por vezes confundido, com emprego, com serviço, com desemprego e até com capital, trazendo uma polissemia para o termo.
A origem da palavra trabalho (do latim tripalium: instrumento de tortura) e de um dos seus sinônimos mais usados, labor (também do latim laborare: cambalear sob carga pesada) fazem referência a tortura e sofrimento. Essa referência indica que o trabalho é visto como uma ação negativa, executada por alguém que está numa condição de prisão, de condenação ou de escravidão.
No entanto, a palavra trabalho, também, está ligada à transformação, criação e recriação. Ou seja, o trabalho é uma ação humana que, envolvendo força física e capacidade intelectual, pode transformar a natureza e a sociedade. 
Para esclarecer esses muitos conceitos, é necessário ir buscar na história o sentido do trabalho
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A DIMENSÃO ONTOLÓGICA DO TRABALHO
O trabalho tem uma história e a nossa história está intimamente relacionada ao trabalho. Podemos inclusive, afirmar que só há história por causa do trabalho,
Afirmar que o trabalho está na base da história é afirmar que é o trabalho que funda a história. 
“O trabalho tem então uma dimensão ontológica, ou seja, ele está enraizado na existência dos homens, de tal maneira que, sem ele, nem homens nem história existiriam”.
“O trabalho é a fonte de toda riqueza. A natureza fornece os materiais que ele converte em riqueza. O trabalho, porém, é muitíssimo mais do que isso. É a condição básica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem.” 
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TRABALHO COMO ESSÊNCIA HUMANA
O homem se destaca da natureza e é obrigado, para existir, a produzir sua própria vida. Assim, diferentemente dos animais, que se adaptam à natureza, os homens têm de adaptar a natureza a si. Agindo sobre ela e transformando-a, os homens ajustam a natureza às suas necessidades
O homem se diferencia dos animais a partir do momento em que começa a produzir seus meios de vida. Ao produzir seus meios de vida, o homem produz indiretamente sua própria vida material. (Marx & Engels, 1974)
O ato de agir sobre a natureza transformando-a em função das necessidades humanas é o que conhecemos com o nome de trabalho. É possível afirmar que a essência do homem é o trabalho. Isso significa que a essência humana não é, então, dada ao homem; não é uma dádiva divina ou natural; não é algo que precede a existência do homem. Ao contrário, a essência humana é produzida pelos próprios homens. O que o homem é, o é pelo trabalho. É o trabalho que define a essência humana. Assim, não é possível que o homem viva sem trabalhar.
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A RELAÇÃO DE IDENTIDADE ENTRE 
TRABALHO E EDUCAÇÃO
Se a existência humana não é garantida pela natureza, não é uma dádiva natural, mas tem de ser produzida pelos próprios homens, sendo um produto do trabalho, isso significa que o homem não nasce homem. Ele forma-se homem. Ele não nasce sabendo produzir-se como homem. Necessita aprender a ser homem, precisa aprender a produzir sua própria existência. Portanto, a produção do homem é, ao mesmo tempo, a formação do homem, isto é, um processo educativo. A origem da educação coincide, então, com a origem do homem.
Assim, no ponto de partida, a relação entre trabalho e educação é uma relação de identidade. Os homens aprendiam a produzir sua existência no próprio ato de produzi-la. Eles aprendiam a trabalhar trabalhando. Lidando com a natureza, relacionando-se uns com os outros, os homens educavam-se. 
Era isso o que ocorria nas sociedades primitivas, nas sociedades comunais. Os homens apropriavam-se coletivamente dos meios de produção da existência e nesse processo educavam-se e educavam as novas gerações
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A APROPRIAÇÃO PRIVADA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO
E A SEPARAÇÃO ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO
O desenvolvimento da produção conduziu à divisão do trabalho e, daí, à apropriação privada da terra, provocando a ruptura da unidade que ocorria nas comunidades primitivas. A apropriação privada dos meios de produção gerou a divisão dos homens em classes, configurando a existência de duas classes sociais fundamentais: a classe dos proprietários e a dos não-proprietários.
O advento da propriedade privada tornou possível à classe dos proprietários viver sem trabalhar. Sendo a essência humana definida pelo trabalho, continua sendo verdade que sem trabalho o homem não pode viver. Mas o controle privado da terra tornou possível aos proprietários viver do trabalho alheio; do trabalho dos não-proprietários que passaram a ter a obrigação de, com o seu trabalho, manterem-se a si mesmos e ao dono da terra, convertido em seu senhor.
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A APROPRIAÇÃO PRIVADA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO
E A SEPARAÇÃO ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO
A divisão dos homens em classes irá provocar uma divisão também na educação. Se antes, na sociedade comunal, a educação era identificada com o próprio processo de trabalho, a partir do escravismo antigo, passamos a ter duas modalidades distintas e separadas de educação: uma para a classe proprietária, identificada como a educação dos homens livres, e outra para a classe não-proprietária, identificada como a educação dos escravos e servos. A primeira, centrada nas atividades intelectuais, na arte da palavra e nos exercícios físicos de caráter lúdico ou militar. E a segunda, assimilada ao próprio processo de trabalho.
A primeira modalidade de educação deu origem à escola, lugar dos que dispunham de tempo livre, dos que não trabalhavam. Desenvolveu-se, assim, uma forma específica de educação, a escolar, em contraposição àquela inerente ao processo produtivo. Pela sua especificidade, essa nova forma de educação passou a ser identificada com a educação propriamente dita, ocorrendo a separação entre educação e trabalho. 
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A APROPRIAÇÃO PRIVADA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO
E A SEPARAÇÃO ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO
Verifica-se uma articulação entre os processos de institucionalização da educação, de surgimento da sociedade de classes e de aprofundamento da divisão do trabalho 
Nas sociedades primitivas, caracterizadas pelo modo coletivo de produção da existência humana, a educação consistia numa ação espontânea, coincidindo inteiramente com o processo de trabalho que era comum a todos os membros da comunidade.
Com a divisão dos homens em classes, na antiguidade e no feudalismo, a educação também fica dividida: a educação destinada à classe dominante passa a ser distinta daquela voltada para a classe dominada. 
A educação dos membros da classe dominante, que dispõe de ócio, de lazer, de tempo livre, passa a organizar-se na forma escolar, contrapondo-se à educação da maioria, que continua a coincidir com o processo de trabalho.
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A APROPRIAÇÃO PRIVADA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO
E A SEPARAÇÃO ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO
O desenvolvimento da sociedade de classes, especificamente nas suas formas escravista e feudal, consumou a separação entre educação e trabalho. 
É o modo como se organiza o processo de produção – portanto, a maneira como os homens produzem os seus meios de vida – que permitiu a organização da escola como um espaço separado da produção. Nas sociedades de classes, a relação entre trabalho e educação tende a manifestar-se na forma da separação entre escola e produção. 
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A APROPRIAÇÃO
PRIVADA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO
E A SEPARAÇÃO ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO
Essa separação entre escola e produção reflete, por sua vez, a divisão que se foi processando ao longo da história entre trabalho manual e trabalho intelectual. Por esse ângulo, vê-se que a separação entre escola e produção não coincide exatamente com a separação entre trabalho e educação. 
Após o surgimento da escola, a relação entre trabalho e educação também assume uma dupla identidade. De um lado, convive-se, no caso do trabalho manual, com uma educação que se realizava concomitantemente ao próprio processo de trabalho. De outro lado, assiste-se a uma educação de tipo escolar destinada à educação para o trabalho intelectual. A escola, desde suas origens, foi posta do lado do trabalho intelectual; constituiu-se num instrumento para a preparação dos futuros dirigentes que se exercitavam não apenas nas funções da guerra (liderança militar), mas também nas funções de mando (liderança política), por meio do domínio da arte da palavra e do conhecimento dos fenômenos naturais e das regras de convivência social. Nas sociedades de classe pré-capitalistas, as funções manuais não exigiam preparo escolar. A formação dos trabalhadores dava-se com o concomitante exercício das respectivas funções.
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A RELAÇÃO TRABALHO E EDUCAÇÃO NO
MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
A sociedade capitalista, ao constituir a economia de mercado, isto é, a produção para a troca, inverteu os termos próprios da sociedade feudal. Nesta, dominava a economia de subsistência. Produzia-se para atender às necessidades de consumo, e só residualmente, na medida em que a produção excedesse em certo grau as necessidades de consumo, podia ocorrer algum tipo de troca. Mas o avanço das forças produtivas, ainda sob as relações feudais, provoca a geração sistemática de excedentes e ativa o comércio. Esse processo desembocou na organização da produção especificamente voltada para a troca, dando origem à sociedade capitalista. Nessa nova forma social, inversamente ao que ocorria na sociedade feudal, é a troca que determina o consumo. Por isso esse tipo de sociedade é também chamado de sociedade de mercado. Nela, o eixo do processo produtivo desloca-se do campo para a cidade e da agricultura para a indústria, e converte o saber de potência intelectual em potência material. E a estrutura da sociedade deixa de fundar-se em laços naturais para pautar-se por laços propriamente sociais, isto é, produzidos pelos próprios homens. Com isso, o domínio de uma cultura intelectual, impõe-se como exigência generalizada aos membros da sociedade.
E a escola, sendo o instrumento por excelência para viabilizar o acesso a esse tipo de cultura, torna-se a forma principal, dominante e generalizada de educação. 
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A RELAÇÃO TRABALHO E EDUCAÇÃO NO
MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
O advento da indústria moderna levou a uma crescente simplificação dos ofícios, reduzindo a necessidade de qualificação específica, viabilizada pela introdução da maquinaria que passou a executar a maior parte das funções manuais. Pela maquinaria, que não é outra coisa senão trabalho intelectual materializado, deu-se visibilidade ao processo de conversão da ciência, potência espiritual, em potência material. Esse processo aprofunda-se e generaliza-se com a Revolução Industrial levada a efeito no final do século XVIII e primeira metade do século XIX. 
Vê-se, então, que o fenômeno da simplificação do trabalho coincide com o processo de transferência para as máquinas das funções próprias do trabalho manual. Desse modo, os ingredientes intelectuais, antes indissociáveis do trabalho manual humano, como ocorria no artesanato, dele destacam-se, indo incorporar-se às máquinas. Por esse processo, dá-se a mecanização das operações manuais, sejam elas executadas pelas próprias máquinas ou pelos homens, que passam a operar manualmente como sucedâneos das máquinas. 
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A RELAÇÃO TRABALHO E EDUCAÇÃO NO
MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
Essa nova forma de produção da existência humana determinou a reorganização das relações sociais. À dominância da indústria no âmbito da produção corresponde a dominância da cidade na estrutura social. Se a máquina viabilizou a materialização das funções intelectuais no processo produtivo, a via para objetivar-se a generalização das funções intelectuais na sociedade foi a escola. Com o impacto da Revolução Industrial, os principais países assumiram a tarefa de organizar sistemas nacionais de ensino, buscando generalizar a escola básica. Portanto, à Revolução Industrial correspondeu uma Revolução Educacional: aquela colocou a máquina no centro do processo produtivo; esta fez da escola a forma principal e dominante de educação.
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A ESCOLA CAPITALISTA E O TRABALHO
A universalização da escola primária promoveu a socialização dos indivíduos no modo de convivência da sociedade moderna. Familiarizando-os com os códigos formais, capacitou-os a integrar o processo produtivo. A introdução da maquinaria eliminou a exigência de qualificação específica, mas impôs um patamar mínimo de qualificação geral, equacionado no currículo da escola elementar. Preenchido esse requisito, os trabalhadores tinham condições de conviver com as máquinas, operando-as sem maiores dificuldades. 
Contudo, além do trabalho com as máquinas, era necessário também realizar atividades de manutenção, reparos, ajustes, desenvolvimento e adaptação a novas circunstâncias. Subsistiram, pois, no interior da produção, tarefas que exigiam determinadas qualificações específicas, obtidas por um preparo intelectual também específico. Esse espaço foi ocupado pelos cursos profissionais organizados no âmbito das empresas ou do sistema de ensino, tendo como referência o padrão escolar, mas determinados diretamente pelas necessidades do processo produtivo. Assim, sobre a base comum da escola primária, o sistema de ensino bifurcou-se entre as escolas de formação geral e as escolas profissionais. Estas, por não estarem diretamente ligadas à produção, tenderam a enfatizar as qualificações gerais (intelectuais) em detrimento da qualificação específica, ao passo que os cursos profissionalizantes, diretamente ligados à produção, enfatizaram os aspectos operacionais vinculados ao exercício de tarefas específicas (intelectuais e manuais) do processo produtivo.
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A ESCOLA CAPITALISTA E O TRABALHO
Assim, o impacto da Revolução Industrial pôs em questão a separação entre instrução e trabalho produtivo, forçando a escola a ligar-se, de alguma maneira, ao mundo da produção. No entanto, a educação que a burguesia concebeu e realizou sobre a base do ensino primário comum não passou, nas suas formas mais avançadas, da divisão dos homens em dois grandes campos: aquele das profissões manuais para as quais se requeria uma formação prática limitada à execução de tarefas mais ou menos delimitadas, dispensando-se o domínio dos respectivos fundamentos teóricos; e aquele das profissões intelectuais para as quais se requeria domínio teórico amplo a fim de preparar as elites e representantes da classe dirigente para atuar nos diferentes setores da sociedade.
A referida separação teve uma dupla manifestação: a proposta dualista de escolas profissionais para os trabalhadores e "escolas de ciências e humanidades" para os futuros dirigentes; e a proposta de escola única diferenciada, que efetuava internamente a distribuição dos educandos segundo as funções sociais para as quais se os destinavam em consonância com as características que geralmente decorriam de sua origem social.
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O TRABALHO NA ATUALIDADE
Na atualidade do capitalismo, os processos produtivos vão se alterando, incluindo a automação, informática e robótica. Se antes ocorreu a transferência de funções manuais para as máquinas, o que está ocorrendo hoje é a transferência das próprias operações intelectuais para as máquinas. Estamos na época das máquinas inteligentes. 
As máquinas, como extensão dos braços e agora também do cérebro humano, entretanto, são
apenas instrumentos de trabalho, ainda que agora possam ser considerados instrumentos capazes de por em movimento operações bastante complexas. O criador desse processo, aquele que o controla em última instância, ainda é o homem. Continua sendo um trabalhador. Seu trabalho agora consiste em controlar todo ”as novas criaturas”, mantendo-as ajustadas às suas necessidades. 
Assim, o trabalho foi e continuará sendo o princípio educativo do sistema de ensino em seu conjunto. Determinou seu surgimento sobre a base da escola primária, o seu desenvolvimento e sua diversificação e pode determinar, no contexto das tecnologias avançadas, a sua unificação, definindo a necessidade de universalização da escola básica
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A CENTRALIDADE DO TRABALHO
Apesar de ter sofrido transformações, o trabalho ainda mantém a centralidade e é ontologicamente decisivo no processo de formação e circulação de bens e riquezas materiais e/ou imateriais e na nossa condição de humanidade.
As mudanças na natureza do trabalho, na apropriação dos instrumentos e das relações de trabalho constituem a diversidade histórica do trabalho. Essa diversidade denuncia os processos de exploração do trabalho e do trabalhador, mas não tira a função educacional do trabalho. O trabalho, como atividade fundamental da vida humana, existirá enquanto existirmos. O que muda é a natureza do trabalho, as formas de trabalhar, os instrumentos de trabalho, as formas de apropriação do produto do trabalho, as relações de trabalho e de produção.
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TRABALHO E ALIENAÇÃO
Nas sociedades comunais primitivas, coletoras/caçadoras, as sociedades agrícolas/hidráulicas e as sociedades escravistas foram marcadas pela centralidade histórica do trabalho. De uma sociedade sem propriedade privada e baseada no trabalho coletivo, a humanidade passou a experimentar relações de exploração do trabalho alheio, associada à propriedade privada de bens produzidos pelo trabalho.
Neste processo histórico de socialização, aconteceram transformações e alguns homens se apoderaram da força de trabalho de outros homens, dando origem à face alienada do trabalho: foi assim no escravismo, na servidão e é assim atualmente, no capitalismo. Esta alienação tem um caráter duplo: exploração do trabalho alheio que gerava riqueza, riqueza que era alienada ao trabalhador. Essa alienação acontece, na atualidade, como fruto do modelo econômico hegemônico, no qual o mercado e não o ser humano é elo entre as relações sociais. No sistema capitalista, a centralidade está no lucro e na multiplicação de capitais. 
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O TRABALHO E SUA DIMENSÃO HUMANA
Mas o trabalho não possui somente esta face alienante. O sistema ou modo de produção que o utiliza e como o utiliza, é que pode tornar sua prática alienante. 
Em outras palavras, no sistema de acumulação capitalista, o trabalhador foi alienado dos meios de produção que um dia pertenceram a ele. Assim, o trabalhador foi alienado destes recursos, não por obra do trabalho, mas por imposição do modo de produzir injusto.
Mas o trabalho ao mesmo tempo em que é exercido de forma alienada, ele também pode ser libertador, uma vez que só por ele conseguimos gerar bens (materiais e imateriais) e imprimir valor a estes bens. Independente de qualquer questão, não podemos esquecer a sua dimensão humana. Alienado ou não, o trabalho é uma característica humana.
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O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO
È fundamental entender que o trabalho ao gerar bens, deixa as marcas humanas naquilo que foi produzido. Isso gera ensinamentos e aprendizagens, uma vez que, gerações podem repetir ou aprimorar o produzido. Neste processo que envolve dialeticamente, trabalho, humanização, aprendizado, e saberes, o trabalho ganha um outro sentido: o seu caráter educativo. 
Assim, o trabalho tem sido visto pelo pensamento crítico como um princípio educativo. Entende-se que o trabalho pode contribuir para a educação do trabalhador, contribuindo para que ele possa reconhecer-se no produto de sua obra, aprendendo a se organizar, reivindicar seus direitos, desmistificar ideologias, dominar conteúdos do trabalho, compreender as relações sociais e a função que nela desempenha
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O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO
O processo de trabalho como o princípio educativo é um dos pontos centrais desenvolvidos por Gramsci sobre a educação. Está calcado na idéia de que o trabalho não pode ser dever de apenas alguns. Poucos não podem viver à custa do trabalho de muitos. Através do processo de trabalho o homem humaniza-se, portanto, todos os homens devem submeter-se ao trabalho. O processo educativo deve estar alicerçado nestes princípios. 
É com base nesta dimensão ontológica que Marx aponta o trabalho como um princípio educativo. Trata-se de um pressuposto ético-político de que todos os seres humanos são seres da natureza e, portanto, têm a necessidade de alimentar-se, proteger-se das intempéries e criar seus meios de vida. Socializar, desde a infância, o princípio de que a tarefa de prover a subsistência, pelo trabalho, é comum a todos os seres humanos, é fundamental para não criar indivíduos, ou grupos, que exploram e vivem do trabalho de outros (FRIGOTTO, 2001, p. 41)
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O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO
Gramsci, ao admitir a importância do controle do processo da produção e do instrumento de trabalho, ou seja, do conhecimento técnico-científico, admite a importância do trabalho como um princípio educativo. 
Para Gramsci, o processo de trabalho é um princípio educativo imprescindível na formação da classe trabalhadora para que esta, organizada, concretize o ideal de uma sociedade emancipada, onde o trabalho adquira uma visão crítica da realidade, uma visão coerente e unitária, que leve em conta a historicidade das relações sociais.
Gramsci estava comprometido com a superação da sociedade capitalista e com a implementação de um novo modelo de sociedade. Embora não defenda que uma educação “desinteressada” deva aguardar a superação da sociedade capitalista, revela que a condição para a efetiva implementação de uma educação emancipatória está condicionada à superação deste modelo de sociedade que sobrevive à custa da exploração do trabalho.
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A ESCOLA E SUAS MEDIAÇÕES 
Na sociedade capitalista, como também em outras formas de sociedade precedentes, o que impera é a divisão entre aqueles que trabalham e aqueles que vivem no ócio graças ao trabalho alheio. 
Nesse contexto, a escola ocupa um papel de suma importância na sociedade capitalista na medida em que pode contribuir para a formação do aluno trabalhador que interessa ao capital ou pode apontar uma formação “omnilateral” de homens capazes de atuarem na superação da sociedade capitalista. 
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