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10) Implemento de condição resolutiva; 11) Escoamento do prazo, se a relação jurídica for constituída a termo; 12) Perempção de instância ou do processo, ficando ileso o direito de ação (CCB 2002, artº 1606; CPC artºs 301, IV, 220, 267, V, pár. 3º, 268 e 329); 13) Aparecimento de direito incompatível com o direito atualmente existente e que o suplanta. CAPÍTULO II DOS ATOS JURÍDICOS 1) DEFINIÇÃO: • O artº 185 do CCB conceitua o ato jurídico como sendo todo ato lícito que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. A característica primordial do ato jurídico é ser um ato de vontade, fundado em direito, portanto, lícito, abrangendo a vida civil, na plenitude de suas manifestações. • ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: são três os elementos constitutivos do ato jurídico: 1) Elementos essenciais: são aqueles sem os quais o ato não existe. Ex. compra e venda sem o preço. Faltando um dos elementos que compõe o ato jurídico, este não tem consistência jurídica, não existe. Subdividem-se em gerais e particulares. Os primeiros são comuns a todos os atos, enquanto os segundos peculiares a determinadas espécies. Dizem respeito às pessoas que intervêm no ato, ao objeto deste e ao consentimento dos interessados. Quanto às pessoas, a validade do ato jurídico requer agente capaz (artº 104), pessoa dotada de consciência e vontade e reconhecida pela lei como apta a exercer todos os atos da vida civil, excluídas, portanto, as pessoas absolutamente incapaz e os relativamente incapazes, bem como as pessoas D I R E I T O C I V I L II Prof. Orlando Pereira Machado Júnior 8 jurídicas não representadas. No tocante ao objeto, impõe a lei seja ele lícito (artº 104), deles excluídos os atos contrários à moral, à ordem pública e aos bons costumes, as prestações fisicamente impossíveis e atos que colimem prestações juridicamente impossíveis. O terceiro elemento é o consentimento, pois ato jurídico é ato voluntário, podendo ele ser expresso ou tácito. Sem o concurso da vontade, elemento psicológico tão discutido na atualidade, o ato não se configura. Vale ressaltar ainda que a causa, que é parte integrante do ato de vontade, confundindo-se com o próprio escopo do ato. Os elementos acima estudados concernem aos gerais, comuns a todos, havendo também os particulares, restritos a determinadas espécies. Estes referem-se à forma do ato, que é o meio de revelação da vontade. Em muitos atos, a forma é essencial, como nos casos do casamento, testamento, etc. Se o ato for efetuado sem observância da forma prescrita em lei, tal é nulo (artº 166, nº III); 2) Elementos naturais: são as conseqüências que decorrem da própria natureza do ato, sem necessidade de expressa menção. É a lei que determina quais essas qualidades naturais, suas conseqüências e seus efeitos. Admitida é a sua existência, até prova em contrário. Em princípio, é possível modificar por contrato a natureza de um ato jurídico, se a lei não dispuser de modo diferente. A própria denominação jurídica, dada pelas partes, não tem e nem pode ter valor decisivo; 3) Elementos acidentais: são cláusulas acessórias, que se juntam ao ato para modificar-lhe algum dos elementos naturais. Tais estipulações devem ser precisas e determinadas e não inferidas ou presumidas. Dentre as principais, destacam-se as modalidades dos atos jurídicos: condição, termo e modo ou encargo. 2) CLASSIFICAÇÃO: a) ATO JURÍDICO “LATO SENSU”: Ato jurídico em sentido amplo é toda ação humana voluntária, lícita, contratual ou extracontratual, que gera efeitos jurídicos. Contrapõe-se ao fato jurídico, que é fato da natureza ou ato ilícito com a participação do ser humano; b) ATO JURÍDICO ILÍCITO: Em sentido amplo, ato jurídico ilícito é toda violação culposa de um dever legal ou de uma obrigação preexistente e que cause dano a outrem e que, em conseqüência, acarreta o dever de indenizar; c) ATO JURÍDICO LÍCITO “LATO SENSU”: Contrapõe-se ao ato jurídico ilícito e subdivide-se em ato jurídico lícito “stricto sensu” e negócio jurídico; c.1) ATO JURÍDICO LÍCITO “STRICTO SENSU”: Também chamado de ato jurídico em sentido estrito. São manifestações de vontade que geram efeitos jurídicos, mas não os efeitos jurídicos previstos pelos interessados. Há D I R E I T O C I V I L II Prof. Orlando Pereira Machado Júnior 9 conseqüência jurídica ex lege. O efeito deriva da lei, mediatamente, portanto. O ato jurídico não tem, aqui, conteúdo normativo, não se prestando como instrumento de regulamentação da autonomia privada, função esta que se defere ao negócio jurídico. É a lei que preceitua: as pessoas que estão enquadradas em tal situação sofrerão esta conseqüência jurídica, ou com outras palavras, se dada situação fática corresponder à hipótese da norma, haverá conseqüência jurídica prevista, independentemente de este efeito corresponder ou não à vontade concreta do sujeito atingido pela incidência da norma. As normas reguladoras dos negócios jurídicos têm em conta a vontade negocial, visto que valorizam, isto é, consideram o intento. Como este elemento é irrelevante no ato jurídico “stricto sensu”, segue-se que lhe são aplicáveis unicamente as regras que a ele não se acham condicionadas, as quais se aplicam, então, diretamente (e não simplesmente por analogia, como quer uma parte da doutrina). Ex. Tomada de posse, tradição da posse, abandono da posse, ocupação e especificação, elaboração de obra artística, quadro, estátua, descoberta científica, habitação, residência e pagamento. • Segundo ORLANDO GOMES, classificam-se os atos jurídicos em sentido estrito em: c.1.1) atos materiais ou reais: consistem numa atuação da vontade que lhes dá existência imediata, porque não se destinam ao conhecimento de determinada pessoa, não tendo, portanto, destinatário. Trata-se de atos a que a ordem jurídica confere efeitos invariáveis, de maneira que tais conseqüências jurídicas estão adstritas tão somente ao resultado da atuação, produzindo-se independentemente da consciência que o agente tenha de que seu comportamento o suscita; c.1.2) participações: consistem em declarações para ciência ou comunicação de intenções ou de fatos, tendo, portanto, por escopo produzir in mente alterius um evento psíquico. Têm, necessariamente, destinatário, pois o sujeito pratica o ato para dar conhecimento a outrem de que tem certo propósito ou que ocorreu determinado fato. Não se confundem, entretanto, com as declarações de vontade dos negócios jurídicos. Nas participações, a declaração de vontade consiste em simples comunicação. Formas de participações: a) intimação: é o ato pelo qual alguém participa a outrem a intenção de exigir-lhe o cumprimento de certo ato. Também se chama interpelação e quando esta é judicial é de direito público e quando extrajudicial, de direito privado; b) notificação: é o ato através do qual alguém dá ciência a outrem da ocorrência que a este interessa conhecer; c) oposição: é o ato mediante o qual alguém impugna a realização de certo ato ou nega anuência a ato que a reclama; d) aviso: é o ato pelo qual se comunica a outrem que determinada ocorrência se verificou ou se verificará, em certo prazo. Ex. aviso prévio. D I R E I T O C I V I L II Prof. Orlando Pereira Machado Júnior 10 e) confissão: é a declaração de vontade que consiste em admitir alguém a veracidade de fatos desfavoráveis aos seus próprios interesses. Ex. confissão de dívida. 3) NEGÓCIO JURÍDICO: Na definição de negócio jurídico, surgiram duas teorias, a saber: a) a OBJETIVA: o negócio jurídico é a expressão da autonomia privada. A intenção é irrelevante. Não há necessidade de que a intenção seja adequada ao resultado jurídico provocado. A aceitação desta teoria conduziria a resultados