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Manual Prático de Contabilidade © - Pág. 7 www.portaldecontabilidade.com.br MANUAL PRÁTICO DE CONTABILIDADE Autor: Reinaldo Luiz Lunelli Distribuição: Portal Tributário® Editora Atenção: esta obra é atualizável. Recomendamos baixá-la periodicamente em seu computador, utilizando a mesma senha, no endereço www.portaltributario.com.br/downloads Dica: para localizar rapidamente uma palavra, tecle CTRL + L SOBRE O AUTOR E A OBRA Reinaldo Luiz Lunelli é Contador, Especialista em Planejamento e Gestão de Negócios, Auditor, Consultor de empresas com experiência contábil, tributária e societária. Experiência acumulada em controladoria, planejamento tributário e recuperação de créditos tributários extemporâneos, é professor universitário e membro da redação dos sites Portal Tributário e Portal de Contabilidade. Autor de outras obras técnicas, como o Manual de Obrigações Tributárias Acessórias, ISS - Incidências e Retenções, Análise das Demonstrações Financeiras, Contabilidade Pública, SPED - Sistema Público e Escrituração Digital e Plano de Contas. Direitos autorais REGISTRADOS. A cópia, reprodução, distribuição ou comercialização por qualquer meio somente será permitida mediante autorização POR ESCRITO do detentor de direitos autorais. Permitida a reprodução de apenas 1 (uma) cópia para uso exclusivo e pessoal do adquirente. Observar que todos os exemplos são meramente ilustrativos. Em situações reais, verificar a adequação dos cálculos à efetiva realidade fiscal do contribuinte e legislação vigente à época. LEGISLAÇÃO A maioria dos dispositivos legais citados está linkada para páginas da internet. Caso desejar pesquisar, especificamente, determinada legislação ou ato legal, acesse o site www.normaslegais.com.br (a pesquisa é gratuita e não exige cadastramento). SIGLAS UTILIZADAS CLT: Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei 5.452/43) CNAE: Classificação Nacional de Atividades Econômicas COFINS: Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Lei Complementar 70/1991) CPMF: Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (Lei 9.311/1996) CSL ou CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (Lei 7.689/1988) EPP: Empresa de Pequeno Porte FCPJ: Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica ICMS: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (Lei Complementar 87/1996) GPS: Guia da Previdência Social IN: Instrução Normativa INSS: Instituto Nacional de Seguridade Social IR: Imposto de Renda IRF: Imposto de Renda na Fonte IRPF: Imposto de Renda – Pessoa Física IRPJ: Imposto de Renda – Pessoa Jurídica ISS: Imposto sobre Serviços (Lei Complementar 116/2003) LALUR: Livro de Apuração do Lucro Real LC: Lei Complementar LCMEPP: Lei Complementar do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte – Lei Complementar 123/2006 ME: Microempresa OS: Ordem de Serviço PIS: Programa de Integração Social (Lei Complementar 7/70) RF: Região Fiscal RIPI: Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (Decreto 4.544/2002) RIR/99: Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/1999) RPS: Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/1999) SRF: Secretaria da Receita Federal SRRF: Superintendência Regional da Receita Federal TJLP: Taxa de Juros a Longo Prazo Sumário HYPERLINK \l "_Toc338860670" Introdução 5 HYPERLINK \l "_Toc338860671" 1. A Importância da Informação 6 HYPERLINK \l "_Toc338860672" 2. Considerações Iniciais sobre a Escrituração Contábil 7 HYPERLINK \l "_Toc338860673" 2.1. Legislação Comercial 7 HYPERLINK \l "_Toc338860674" 2.2. Legislação Tributária 7 HYPERLINK \l "_Toc338860675" 2.3. Legislação Previdenciária 9 HYPERLINK \l "_Toc338860676" 2.4. Legislação Profissional 9 HYPERLINK \l "_Toc338860677" 2.5. Funções da Contabilidade 9 HYPERLINK \l "_Toc338860678" 2.6. Utilidade Formal da Escrituração Contábil 10 HYPERLINK \l "_Toc338860679" 2.7. Objetivos da Contabilidade 11 HYPERLINK \l "_Toc338860680" 2.8. A Escolha do Contador 12 HYPERLINK \l "_Toc338860681" 3. Demonstrações Financeiras 14 HYPERLINK \l "_Toc338860682" 3.1. Relatório da Administração 14 HYPERLINK \l "_Toc338860683" 3.2. Balanço Patrimonial 16 HYPERLINK \l "_Toc338860684" 3.3. Demonstração do Resultado do Exercício 24 HYPERLINK \l "_Toc338860685" 3.4. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 29 HYPERLINK \l "_Toc338860686" 3.5. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados 30 HYPERLINK \l "_Toc338860687" 3.6. Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos 35 HYPERLINK \l "_Toc338860688" 3.7. Demonstração dos Fluxos de Caixa 40 HYPERLINK \l "_Toc338860689" 3.8. Demonstração do Valor Adicionado 44 HYPERLINK \l "_Toc338860690" 3.9. Notas Explicativas 45 HYPERLINK \l "_Toc338860691" 3.10. Balanço Social 48 HYPERLINK \l "_Toc338860692" 4. Elaboração das Demonstrações Financeiras 51 HYPERLINK \l "_Toc338860693" 4.1. O Plano de Contas 51 HYPERLINK \l "_Toc338860694" 4.2. Observância aos Princípios Contábeis 53 HYPERLINK \l "_Toc338860695" 4.2.1. Princípio da Entidade 53 HYPERLINK \l "_Toc338860696" 4.2.2. Princípio da Continuidade 53 HYPERLINK \l "_Toc338860697" 4.2.3. Princípio da Oportunidade 54 HYPERLINK \l "_Toc338860698" 4.2.4. Princípio do Registro Pelo Valor Original 54 HYPERLINK \l "_Toc338860699" 4.2.5. Princípio da Atualização Monetária 55 HYPERLINK \l "_Toc338860700" 4.2.6. Princípio da Competência 55 HYPERLINK \l "_Toc338860701" 4.2.7. Princípio da Prudência 56 HYPERLINK \l "_Toc338860702" 5. Disponibilidades 57 HYPERLINK \l "_Toc338860703" 5.1. Caixa 58 HYPERLINK \l "_Toc338860704" 5.2. Bancos - Conta Movimento 59 HYPERLINK \l "_Toc338860705" 5.3. Aplicações Financeiras 59 HYPERLINK \l "_Toc338860706" 5.4. Considerações Adicionais 61 HYPERLINK \l "_Toc338860707" 6. Valores a Receber 62 HYPERLINK \l "_Toc338860708" 6.1. Duplicatas a Receber 63 HYPERLINK \l "_Toc338860709" 6.2. Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa 64 HYPERLINK \l "_Toc338860710" 6.3. Duplicatas Descontadas 64 HYPERLINK \l "_Toc338860711" 6.4. Considerações Adicionais 65 HYPERLINK \l "_Toc338860712" 7. Outros Créditos 66 HYPERLINK \l "_Toc338860713" 7.1. Adiantamentos a Terceiros 66 HYPERLINK \l "_Toc338860714" 7.2. Créditos com Empregados 67 HYPERLINK \l "_Toc338860715" 7.3. Impostos a Recuperar 67 HYPERLINK \l "_Toc338860716" 7.4. Considerações Adicionais 68 HYPERLINK \l "_Toc338860717" 8. Estoques 69 HYPERLINK \l "_Toc338860718" 8.1. Considerações Adicionais 71 HYPERLINK \l "_Toc338860719" 9. Despesas Antecipadas 72 HYPERLINK \l "_Toc338860720" 10. Realizável a Longo Prazo 74 HYPERLINK \l "_Toc338860721" 10.1. Títulos a Receber 75 HYPERLINK \l "_Toc338860722" 10.2. Débitos de Pessoas Ligadas - Mútuos 75 HYPERLINK \l "_Toc338860723" 10.3. Considerações Adicionais 76 HYPERLINK \l "_Toc338860724" 11. Investimentos 77 HYPERLINK \l "_Toc338860725" 11.1. Participações em Outras Sociedades 78 HYPERLINK \l "_Toc338860726" 11.2. Outros Investimentos 78 HYPERLINK \l "_Toc338860727" 11.3. O Método de Custo 79 HYPERLINK \l "_Toc338860728" 11.4. O Método da Equivalência Patrimonial 79 HYPERLINK \l "_Toc338860729" 12. Ativo Imobilizado 80 HYPERLINK \l "_Toc338860730" 12.1. Bens em Operação 80 HYPERLINK \l "_Toc338860731" 12.2. Depreciação, Amortização e Exaustão 81 HYPERLINK \l "_Toc338860732" 13. Ativo Intangível 82 HYPERLINK \l "_Toc338860733" 14. Ativo Diferido 83 HYPERLINK \l "_Toc338860734" 14.1. Considerações Adicionais 84 HYPERLINK \l "_Toc338860735" 15. Passivo Circulante 86 HYPERLINK \l "_Toc338860736" 15.1. Fornecedores 86 HYPERLINK \l "_Toc338860737" 15.2. Empréstimos e Financiamentos 87 HYPERLINK \l "_Toc338860738" 16. Obrigações Fiscais e Sociais 88 HYPERLINK \l "_Toc338860739" 17. Passivo Exigível 89 HYPERLINK \l "_Toc338860740" 17.1. Empréstimos e Financiamentos 89 HYPERLINK \l "_Toc338860741" 17.2. Debêntures 90 HYPERLINK \l "_Toc338860742" 18. Outras Obrigações e Provisões 91 HYPERLINK \l "_Toc338860743" 18.1. Adiantamentos de Clientes 91 HYPERLINK \l "_Toc338860744"18.2. Outras Contas a Pagar 92 HYPERLINK \l "_Toc338860745" 19. Resultados de Exercícios Futuros 93 HYPERLINK \l "_Toc338860746" 20. Patrimônio Líquido 94 HYPERLINK \l "_Toc338860747" 20.1. Capital Social 95 HYPERLINK \l "_Toc338860748" 20.2. Reservas de Capital 95 HYPERLINK \l "_Toc338860749" 20.3. Reservas de Reavaliação 95 HYPERLINK \l "_Toc338860750" 20.4. Reservas de Lucros 96 HYPERLINK \l "_Toc338860751" 20.5. Lucros e Prejuízos Acumulados 96 HYPERLINK \l "_Toc338860752" 20.6. Demais Considerações 96 HYPERLINK \l "_Toc338860753" 21. Receitas de Vendas 98 HYPERLINK \l "_Toc338860754" 22. Deduções da Receita Bruta 99 HYPERLINK \l "_Toc338860755" 22.1. Devoluções 99 HYPERLINK \l "_Toc338860756" 22.2. Impostos 99 HYPERLINK \l "_Toc338860757" 23. Custo dos Produtos Vendidos e Serviços Prestados 101 HYPERLINK \l "_Toc338860758" 24. Despesas Operacionais 102 HYPERLINK \l "_Toc338860759" 25. Demais Contas de Resultado 103 HYPERLINK \l "_Toc338860760" 25.1. Resultado Não Operacional 103 HYPERLINK \l "_Toc338860761" 25.2. Provisões para IRPJ e CSLL 103 HYPERLINK \l "_Toc338860762" 26. Considerações Finais 105 Introdução Mais uma vez temos o orgulho e a satisfação de prover aos nossos clientes, parceiros e à comunidade em geral mais uma publicação especial, o nosso Manual Prático de Contabilidade, com os pontos mais relevantes a serem observados para elaboração das demonstrações financeiras. O objetivo deste guia é sintetizar os principais tópicos pertinentes a assuntos macroeconômicos, contábeis e tributários a serem considerados e contribuir ainda mais para o aumento da qualidade e da confiabilidade das demonstrações financeiras brasileiras. O conteúdo da obra vem sendo desenvolvido há muito tempo, sempre com as adequações pertinentes, de acordo com a evolução da profissão contábil e das legislações fiscais, societárias e comerciais vigentes, conforme o surgimento dos diferentes temas que envolvem a Contabilidade. Esta obra está atualizada de acordo com a nova lei contábil (Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007). Trata-se, pois, de uma obra que nasceu a partir de um planejamento básico e da união entre profissionais que somam seus conhecimentos em prol do aumento da qualidade dos serviços prestados à sociedade em geral. O material foi passando pelas necessárias e aplicáveis adaptações das normas, considerando sugestões, dúvidas, questionamentos e necessidades a nós apresentados pelos clientes e parceiros de estudo. Devido à importância que a ciência contábil tem na sociedade, a presente obra vem fornecer elementos aos profissionais que, realmente, desejam aplicar a Contabilidade na sua mais completa essência e aumentar a qualidade dos informes contábeis. Ressaltamos, porém, que este material não pretende esgotar o assunto e nem substituir pesquisas, leituras e conclusões a serem efetuadas, pois nossa responsabilidade relativa a conclusões somente pode ser obtida após consultas oficiais que nos são encaminhadas. Assim, assuntos pontuais devem ser analisados de forma detalhada. 1. A Importância da Informação A informação aliada aos recursos da tecnologia é uma necessidade primária e elementar para a funcionalidade, tática, estratégica e operacional das empresas de hoje e será também amanhã. O conceito, a noção que temos de informação é bem vago e intuitivo. Quando fazemos uma pergunta, estamos pedindo informação, quando assistimos televisão ou um filme, estamos absorvendo informação. Ao ler um jornal, uma revista em quadrinhos, ou ao ouvir uma música, sabemos que estamos lidando com algum tipo de informação. Usamos, absorvemos, assimilamos, manipulamos, transformamos, produzimos e transmitimos informação durante o tempo todo. Entretanto, não temos uma definição precisa do que é informação. Não temos uma definição que diga o que é e o que não é informação. Sabemos intuitivamente o que é informação, mas não conseguimos descrever, em palavras o significado de “informação”. “It is of the highest importance, in the art of detection, to be able to recognise out of a number of facts which are incidental and which are vital...” Sherlock Holmes “É da mais elevada importância, na arte da detecção, poder reconhecer fora de um número de fatos os que são incidentais e vitais...” Sherlock Holmes Em todo o mundo, organizações surgem e ganham importância no cômputo das economias, seja para suprir lacunas da ação governamental, seja para concretizar objetivos de solidariedade que não encontram espaço de realização em outros lugares. Ampliada a importância do terceiro setor, aumentaram-se as verbas alocadas para ele, seja por instituições de financiamento custeadas por empresas ou pessoas, seja pelo apoio dos governos, ou pela geração de receita atrelada à própria atuação deste setor. Dessa forma, desenvolveu-se também a necessidade de profissionalismo na gestão e operação das atividades destas instituições. Uma entidade, para ser competitiva e sobressair-se neste ambiente no qual esta inserida, precisa adotar uma nova postura com a busca da informação e do conhecimento para uma gestão eficaz. Através da utilização da Contabilidade, que desenvolvida de forma integrada e adequada às necessidades das entidades, permite uma maior flexibilidade, eficiência, agilidade e segurança aos gestores, que passam a avaliar melhor as diversas decisões a serem tomadas e o impacto delas decorrentes. 2. Considerações Iniciais sobre a Escrituração Contábil Qualquer tipo de empresa, independentemente de seu porte, natureza jurídica ou forma de constituição, necessita manter escrituração contábil completa, para controlar o seu patrimônio e gerenciar adequadamente os seus negócios. Os números e demonstrativos gerados pela contabilidade são cada vez mais utilizados como ferramenta para tomadas de decisões gerenciais. Entretanto, não se trata, exclusivamente, de uma necessidade administrativa e gerencial, o que já seria uma importante justificativa. Além disso, a escrituração contábil é trazida como exigência expressa em diversas legislações vigentes. 2.1. Legislação Comercial A obrigatoriedade da escrituração contábil respalda-se, inicialmente nos arts. 1.179 a 1.195 da Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil Brasileiro). No referido texto legal está previsto que o empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Ainda existem outros textos legais que respaldam a escrituração contábil dos quais destacamos a Lei das Sociedades por Ações, aprovada pela Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. O texto legal estabelece em seu Cap■tulo XVem seu Capítulo XV as disposições aplicadas à escrituração e que ao fim de cada exercício social, a diretoria deverá elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras: Balanço patrimonial; Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; Demonstração do resultado do exercício; e Demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638 de 2007) Se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638 de 2007) Em seu art. 177 a lei estabelece que a escrituração das empresas deve ser mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e aos princípios de contabilidade, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes segundo o regime de competência. 2.2. Legislação Tributária A Contabilidade sempre foi muito influenciada pelos limites e critérios fixados na legislação fiscal, especialmente pela legislação do Imposto de Renda. Este fato, ao mesmo tempo, trouxe à contabilidade algumas contribuições importantes, mas é um fator que dificulta a adoção prática de princípios contábeis adequados. Desta forma, a contabilidade apresenta resultados distorcidos e as finalidades de controlee planejamento ficam prejudicadas. Assim, nasceu a contabilidade fiscal, cuja preocupação maior é a apuração de um resultado dentro das normas da legislação fiscal, mediante registros auxiliares. Hoje, no Brasil, isso existe até certo ponto, já que o Livro de Apuração do Lucro Real acaba por se traduzir, dentro de certos limites, numa contabilidade fiscal. No entanto, em outros países e até em algumas empresas no Brasil, essa escrituração, para efeitos tributários, é tão desmembrada que há efetivamente uma "contabilidade fiscal" apenas para atendimento dos objetivos e das necessidades fiscais, existindo inclusive a figura do contador fiscal. O Código Tributário Nacional expressa no parágrafo único do Art. 195 a importância da manutenção da escrituração contábil, quando menciona que os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos realizados, devem ser conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários a que se referem. O Regulamento de Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto 3.000 de março de 1999 prevê no Art. 251 que a pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais. A escrituração deve abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital no exterior. O Art. 268 dispõe que a escrituração ficará sob a responsabilidade de profissional qualificado, exceto nas localidades em que não haja pessoa habilitada, quando então, ficará a cargo do contribuinte ou de pessoa por ele escolhida. No entanto, a indicação de pessoa não habilitada profissionalmente não exime o contribuinte da responsabilidade pela escrituração. O próprio contribuinte pode assinar as demonstrações financeiras da empresa e assumir a responsabilidade pela escrituração, desde que legalmente habilitado para o exercício profissional. Quando se trata de empresa tributada com base no lucro presumido, há de se observar, que existe dispensa para a escrituração contábil completa, porém ela produz efeitos unicamente para fins do Imposto de Renda, não se estendendo à legislação comercial, societária e previdenciária, dentre outras. A Lei Complementar 123/2006 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O referido texto legal substitui, integralmente, a partir de 01.07.2007, as normas do Simples Federal (Lei 9.317/1996), vigente desde 1997, e o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei 9.841/1999). O novo estatuto estabelece regras para tratamento diferenciado à micro e pequenas empresas, no entanto não dispensa o cumprimento, por parte da microempresa e empresa de pequeno porte, das obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária e trabalhista. Considerando as dificuldades para escriturar o Livro Caixa, é recomendável que a empresa proceda à escrituração completa, inclusive do Livro Diário, de conformidade com as Normas Brasileiras de Contabilidade, pois, assim, estará atendendo às exigências societárias, comerciais, fiscais e previdenciárias. 2.3. Legislação Previdenciária O Decreto 3.048 de 06 de maio de 1999 que aprova o Regulamento da Previdência Social e as Leis 8.212 e 8.213, ambas de 1991, ao tratar de escrituração contábil, determinam, que as empresas devem lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o valor dos descontos, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. O art. 235 do Decreto 3.048 prevê que a fiscalização poderá examinar a escrituração contábil e qualquer outro documento da empresa, a fim de validar se a contabilidade registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço. O texto legal prevê ainda multa para o contribuinte que deixar de cumprir as obrigações previstas no decreto em questão. 2.4. Legislação Profissional O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução CFC nº 1.330/2011, aprovou a NBC ITG 2000, normatizando as formalidades da escrituração contábil que, entre outros procedimentos, estabelece: I - A escrituração será executada em moeda corrente nacional, em forma contábil, em ordem cronológica de dia, mês e ano, com ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens e, ainda, com base em documentos probantes. II - A terminologia adotada deverá expressar o verdadeiro significado da transação efetuada, admitindo-se o uso de códigos e/ou abreviaturas de históricos. III - O Diário poderá ser escriturado por partidas mensais ou de forma sintetizada, desde que apoiado em registros auxiliares que permitam a identificação individualizada dos registros. As formalidades inerentes às Demonstrações Contábeis também estão contidas nas Normas brasileiras de Contabilidade, que trazem esclarecimentos importantes sobre a elaboração do Balanço Patrimonial e outros demonstrativos previstos em lei, definindo os seus conceitos, conteúdos e estruturas. 2.5. Funções da Contabilidade As principais funções da Contabilidade são: registrar, organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do patrimônio em virtude da atividade econômica ou social que a empresa exerce no contexto econômico: a) Registrar todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor monetário; b) Organizar um sistema de controle adequado à empresa; c) Demonstrar com base nos registros realizados, expor periodicamente por meio de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da empresa; d) Analisar os demonstrativos com a finalidade de apuração dos resultados obtidos; Acompanhar a execução dos planos econômicos da empresa, prevendo os pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros, e alertando para eventuais problemas. A contabilidade é indispensável para que todas as categorias de empresários possam saber com precisão a sua lucratividade por segmento de operação e até por produto fabricado ou revendido, além de ter a rentabilidade do capital que ele investiu e a produtividade da mão-de-obra e dos equipamentos que utiliza. A contabilidade possibilita ainda o perfeito conhecimento do montante dos ativos (bens) e dos passivos (obrigações). Através da análise das Demonstrações Financeiras são obtidos a situação líquida patrimonial da empresa nas diversas etapas do negócio e ainda diversos índices de liquidez e de risco de crédito, por isso iremos estudar quais os cuidados e como elaborar informes contábeis que são cada vez mais importantes na completa gestão empresarial. 2.6. Utilidade Formal da Escrituração Contábil Uma empresa sem contabilidade é uma entidade sem memória, sem identidade e sem as mínimas condições de sobreviver ou de planejar seu crescimento. Impossibilitada de elaborar demonstrativos contábeis por falta de lastro na escrituração, por certo encontrará grandes dificuldades em obter crédito em instituições financeiras ou de preencher uma simples informação cadastral. Assim, pode-se afirmar que a escrituração contábil é útil sob vários aspectos: Quanto ao Aspecto Legal A escrituração contábil habilita a empresa para enfrentar diversas situações, tais como: a) Concordata - Se a empresa enfrenta dificuldades financeiras, tem o direito de pedir concordata, porém, um dos principais requisitos para a obtenção desse benefício é que apresente, em juízo, as demonstrações contábeis, a relação dos credores e o livro diário escriturado até a data do requerimento, bem como um balanço especialmente elaborado. b) Falência - Para que a falência não seja considerada fraudulenta, a empresa deve cumprir o mesmo ritual relativo à concordata. c) Perícias Judiciais - Principalmente em relação a questões trabalhistas, a empresa que não possui contabilidadefica em situação vulnerável, diante da necessidade de comprovar, formalmente, o cumprimento de obrigações trabalhistas, pois o ônus da prova cabe a empresa, que a faz, mediante a constatação do registro no livro diário. d) Dissidências Societárias - As divergências que, porventura, surjam entre os sócios de uma empresa podem ser objetos de uma perícia para apuração de direitos ou responsabilidades. A ausência da escrituração contábil inviabilizará a realização desse procedimento técnico esclarecedor. e) Fiscalização da Previdência Social - A legislação previdenciária exige expressamente a escrituração do livro diário, conforme comentado anteriormente. Quanto ao Aspecto Gerencial O empresário necessita de informações para a tomada de decisões e é a contabilidade que oferece os dados formais, científicos e universais, para atender essa necessidade. Com o fenômeno da globalização da economia, a informação contábil, além de ser utilizada dentro de todo o território nacional, poderá ser utilizada, também, em outros países. A decisão de investir, de reduzir custos, de modificar uma linha de produtos, ou de praticar outros atos gerenciais deve se basear em dados técnicos extraídos dos registros contábeis, sob pena de pôr em risco o patrimônio da empresa e do próprio empresário. Quanto ao Aspecto Social A falta da escrituração contábil é uma das principais dificuldades para se avaliar a economia informal, que distorce tanto as estatísticas no Brasil. O desconhecimento da realidade econômica gera decisões completamente dissociadas das necessidades das empresas e da sociedade em geral, o que tem causado prejuízos irrecuperáveis ao País. O registro contábil é importante para, entre outros aspectos, analisar as causas que levam um grande número de pequenas empresas a fecharem suas portas prematuramente. Conclui-se, então, que a escrituração contábil completa é incontestavelmente necessária à empresa de qualquer porte, como principal instrumento de defesa, controle e gestão do seu patrimônio. 2.7. Objetivos da Contabilidade A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. Compreendemos por sistema de informação um conjunto de dados, técnicas específicas de acumulação, ajustes e elaboração de relatórios que permite: I - tratar as informações de natureza repetitiva com o máximo possível de relevância e o mínimo de custo; II - dar condições para, através da utilização de informações primárias constantes do arquivo básico, juntamente com técnicas derivantes da própria contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios de exceção para finalidades específicas. Conceitua-se como usuário toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal entidade empresa, Para a consecução dos objetivos da contabilidade, e dentro principalmente do contexto companhia aberta/usuário externo, dois pontos importantíssimos se destacam: a) As empresas precisam dar ênfase à evidenciação de todas as informações que permitam a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações desse seu patrimônio e, além disso, que possibilitem a realização de inferências perante o futuro. Essa evidenciação é vital para a contabilidade, havendo hoje exigências no sentido de se detalhar ainda mais as informações (por segmento econômico, região geográfica, etc.). Também informações de natureza social passam cada vez mais a ser requisitadas e supridas. b) A Contabilidade possui um grande relacionamento com os aspectos jurídicos que cercam o patrimônio, mas, a forma jurídica pode deixar de retratar a essência econômica. Nessas situações, deve a contabilidade guiar-se pelos seus objetivos de bem informar, seguindo, se for necessário, para tanto, a essência ao invés da forma. Por exemplo, a empresa efetua a cessão de créditos a terceiros, mas fica contratado que a cedente poderá vir a ressarcir a cessionária pelas perdas decorrentes de eventuais não-pagamentos por parte dos devedores. Ora, juridicamente, não há ainda dívida alguma na cedente, mas ela deverá atentar para a essência do fato e registrar a provisão para atender a tais possíveis desembolsos. Uma forma prática de verificar se a Contabilidade está alcançando seus objetivos, conforme enunciado é pesquisar, periodicamente, qual o grau de utilização das demonstrações financeiras por parte de grupos de usuários para os quais, elas devem ter grande utilidade. 2.8. A Escolha do Contador O proprietário de uma empresa certamente sabe o quanto a figura do contador é importante para que o seu negócio continue bem sucedido. De nada adianta fechar um grande número de contratos e alcançar excelentes resultados, se o contador da empresa não tem zelado pela eficiência na gestão contábil, societária e tributária do negócio. Com o grande volume de negócios fechados até pode ter entrado uma excelente quantia no caixa da empresa, contudo, se o valor que a empresa paga em impostos for excessiva, certamente o empresário não ficará satisfeito com o lucro auferido. E é exatamente aí que entra o papel do contador. Contador é investimento Como em todas as profissões, nem todos os contadores estão adequadamente capacitados para entender, interpretar e orientar seus clientes no que diz respeito à legislação. A opinião é do ex-presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro e ex-secretário da Fazenda do Estado, Nelson Rocha. Mas como identificar um bom profissional? Saber se ele realmente está preparado para atender as suas necessidades? São perguntas que até então você não saberia responder, mas poderá ter uma "luz" ao prestar atenção a algumas dicas simples que podem fazer a diferença. Primeiramente, o empresário deve "investir" em um contador, e não "gastar" com um. Pró-atividade Um bom contador é aquele que identifica soluções legais que permitam reduzir os custos fiscais e gerenciais da sua empresa. Ou seja, que ajuda no planejamento fiscal da empresa. Considerando a rapidez com que a legislação tributária muda no Brasil, esse profissional deve se reciclar constantemente. Além de se manter atualizado sobre as mudanças na legislação, e responder pela gestão fiscal e tributária do negócio, o contador também deve conhecer administração, marketing e informática, atuando também como consultor. Muito para um contador? Não. O contador que apenas se preocupa em colocar os livros em dia está ultrapassado. De contador a consultor Atualmente é indispensável que todos os serviços de contabilidade sejam informatizados, pois só assim o contador tem condições de interpretar a legislação e oferecer uma boa orientação de forma rápida e clara. A lei é modificada com muita freqüência, e ficar de fora das mudanças que estão acontecendo certamente não será o melhor para qualquer negócio. Formalize o contrato de prestação de serviços com o contador: os conselhos regionais de contabilidade exigem tal documento. No contrato devem constar os direitos e deveres de cada uma das partes e pelo menos uma cláusula que preveja a rescisão do mesmo por qualquer uma das partes envolvidas. O mesmo vale para o profissional, que deve ter seu registro junto ao conselho regional de contabilidade local em ordem. Obrigatrioem ordem. Obrigatório esse registro é tão importante quanto o registro de médico no CRM, e a sua empresa pode ser multada por contratar profissionais sem registro. Por último, mas de igual importância, está a relação comercial entre a empresa e o seu contador que deve ser de extrema confiança, ou todas as dicas mencionadas podem perder efeito. O contador é a pessoa que tem acesso a informações confidenciais e estratégicas do negócio e da família, o que significa que simplesmente não dá para abrir este tipo de informação para qualquer pessoa. 3. Demonstrações Financeiras A Contabilidade é o grande instrumentoque auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados financeiros e econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando e sumarizando em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões. Evidentemente, o processo decisório decorrente das informações apuradas pela contabilidade não se restringe apenas aos limites da empresa, aos administradores e gerentes, mas também a outros segmentos: investidores, fornecedores de bens e serviços de crédito, bancos, governo, sindicatos e outros interessados. Vivemos um momento em que "aplicar os recursos escassos disponíveis com a máxima eficiência!" tornou-se uma tarefa nada fácil, dadas às dificuldades econômicas. A experiência do administrador não são mais fatores decisivos no quadro atual; exige-se um elenco de informações reais, que norteiam estas decisões. E essas informações estão contidas nos relatórios elaborados pela contabilidade. Relatório contábil é a exposição resumida e ordenada de dados colhidos pela contabilidade. Ele objetiva relatar, às pessoas que utilizam estes dados, os principais fatos registrados por aquele setor em determinado período. Também conhecidos como informes contábeis distinguem-se em obrigatórios e não obrigatórios. Os relatórios contábeis obrigatórios são aqueles exigidos por lei, sendo conhecidos como demonstrações financeiras. A Lei das Sociedades por Ações estabelece que, ao fim de cada exercício social, a contabilidade fará elaborar com base na escrituração mercantil da companhia, as demonstrações financeiras. 3.1. Relatório da Administração De acordo com a Lei 6.404/76, o relatório da administração deve ser publicado juntamente com as demonstrações financeiras do encerramento do exercício social, mas de maneira geral os relatórios de administração não têm sido apresentados na forma mais adequada e com suficiente divulgação. Em razão disso, a CVM pronunciou-se através do Parecer da Orientação nº 15 de 28.12.87, recomendando que este relatório contenha informações sobre: Aquisição de debêntures de sua própria emissão (art. 55, § 2º da Lei 6.404/76); Política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos constantes de acordo de acionistas (art. 118, § 5º da Lei 6.404/76); Negócios sociais e principais fatos administrativos ocorridos no exercício (art. 133, inciso I da Lei 6.404/76); Relação dos investimentos em sociedades coligadas e/ou controladas evidenciando as modificações ocorridas durante o exercício (art. 243 da Lei 6.404/76). Desde o advento da Lei nº 6.404/76, a CVM vem examinando o conteúdo dos relatórios apresentados anualmente pelas companhias abertas, e tem sido expressivo o número de empresas que o apresentam de modo sucinto utilizando diversas justificativas, dentre as quais a de que os informes necessários para análise de todos os aspectos, estão contidos nas notas explicativas. Este procedimento, além de infringir a lei, não é compatível com a postura que se espera de uma companhia aberta, acarretando a perda de uma valiosa oportunidade da companhia ser mais bem conhecida e avaliada pelo público investidor, por seus clientes, fornecedores e credores. Outro ponto que deve ser observado na confecção dos relatórios diz respeito ao conteúdo. Não é válida a simples apresentação de percentuais que podem ser obtidos por qualquer leitor das demonstrações financeiras, visto que as informações realmente relevantes ao usuário são os comentários e apreciações dos fatores que influenciaram as variações ocorridas. Somente neste exercício foi determinada a republicação de centenas de relatórios por não atenderem o mínimo requerido pelas disposições legais. Na maior parte desses relatórios os administradores se limitaram tão-somente a apresentar as demonstrações financeiras agradecendo a colaboração de funcionários, credores, etc. e se colocando à disposição dos acionistas para maiores esclarecimentos. Outros relatórios apresentavam informações incompletas ou não condizentes com as demonstrações publicadas. A divulgação de informações úteis, fidedignas e detalhadas, que possibilitem o conhecimento da companhia e de seus objetivos e políticas, é um direito essencial do acionista. O relatório da administração não pode ser excluído dessa premissa, assim, tanto a falta de informações quanto a inclusão de estudos e fatos genéricos que não dizem respeito à situação particular da companhia constituem desatendimento ao interesse e ao direito do investidor. O relatório, como peça integrante das demonstrações financeiras, deverá complementar as peças contábeis e notas explicativas, observadas a devida coerência com a situação nelas espelhada, formando um quadro completo das posturas e do desempenho da administração na gestão e utilização dos recursos que se encontram a ela confiados. Deve ser redigido com simplicidade de linguagem para ser acessível ao maior número possível de leitores, devendo ser evitados adjetivos e frases tais como "excelente resultado", "ótimo desempenho", "baixo endividamento", "excelentes perspectivas", a menos que corroborado por dados comparativos ou fatos. A complexidade crescente dos negócios e a instabilidade do ambiente econômico e o seu reflexo inevitável na vida das companhias, exige uma postura cada vez mais profissional das administrações e o relatório pode e deve se transformar num valioso elemento de comunicação entre a companhia, seus acionistas e a comunidade em que está inserida. A Lei nº 6.385 de 07.12.76, dá competência à CVM para estabelecer normas sobre o relatório da administração. Com base nessa competência está sendo estudado, e deverá ser emitido parecer de orientação específico contemplando as informações mínimas a serem divulgadas no relatório. Entretanto, é requerido, no mínimo, a apresentação das informações determinadas pela Lei das Sociedades por Ações. A título de recomendação e exemplo, apresentamos a seguir relação dos itens que constituem informações que atendem às linhas gerais e que já foram apresentadas por muitas companhias no Brasil (e comumente em alguns outros países): Descrição dos negócios, produtos e serviços: histórico das vendas físicas dos últimos dois anos e vendas em moeda de poder aquisitivo da data do encerramento do exercício social. Algumas empresas apresentam descrição e análise por segmento ou linha de produto, quando relevantes para a sua compreensão e avaliação. Comentários sobre a conjuntura econômica geral: concorrência nos mercados, atos governamentais e outros fatores exógenos relevantes sobre o desempenho da companhia. Recursos humanos: número de empregados no término dos dois últimos exercícios e "turnover" nos dois últimos anos, segmentação da mão-de-obra segundo a localização geográfica; nível educacional ou produto; investimento em treinamento; fundos de seguridade e outros planos sociais. Investimentos: descrição dos principais investimentos realizados, objetivo, montantes e origens dos recursos alocados. Pesquisa e desenvolvimento: descrição sucinta dos projetos, recursos alocados, montantes aplicados e situação dos projetos. Novos produtos e serviços: descrição de novos produtos, serviços e expectativas a eles relativas. Proteção ao meio-ambiente: descrição e objetivo dos investimentos efetuados e montantes aplicados. Reformulações administrativas: descrição das mudanças administrativas, reorganizações societárias e programas de racionalização. Investimentos em controladas e coligadas: indicação dos investimentos efetuados e objetivos pretendidos com as inversões. Direitos dos acionistas e dados de mercado: políticas relativas à distribuição de direitos, desdobramentos e grupamentos; valor patrimonial das por ação, negociação e cotação das ações em Bolsa de Valores. Perspectivas e planos para o exercício em curso e os futuros: poderá ser divulgada a expectativa da administração quanto ao exercício corrente, baseada em premissas e fundamentos explicitamente colocados, sendo que esta informaçãonão se confunde com projeções por não ser quantificada. Em se tratando de companhia de participações, o relatório deve contemplar as informações acima mencionadas, mesmo que de forma mais sintética, relativas às empresas investidas. Convém observar que essas são apenas sugestões coletadas em publicações diversas e de grande importância, mas elas não devem inibir a criatividade da administração em elaborar um relatório próprio e personalizado. 3.2. Balanço Patrimonial No balanço patrimonial, as contas deverão ser classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da empresa. As empresas obrigadas a publicar seus demonstrativos financeiros devem estar em consonância com o disposto no § 1º do art. 176 da Lei nº 6.404/76, que estabelece a publicação das demonstrações de cada exercício com a indicação dos valores correspondentes nas demonstrações do exercício anterior. Procedimentos Iniciais para Elaboração do Balanço Ao término do exercício, como se faz em todos os meses, procede-se ao levantamento do balancete de verificação, com o objetivo de conhecer os saldos das contas do razão e conferir sua exatidão. No balancete são relacionadas todas as contas utilizadas pela empresa, sejam patrimoniais ou de resultado, demonstrando seus débitos, créditos e saldos. As contas do balancete levantado no fim do exercício, nem sempre representam, os valores reais do patrimônio, naquela data, nem as variações patrimoniais do exercício, porque os registros contábeis não acompanham a dinâmica patrimonial no mesmo ritmo em que ela se desenvolve. Desta forma, muitos dos componentes patrimoniais aumentam ou diminuem de valor, sem que a contabilidade registre tais variações, bem como muitas das receitas e despesas, recebidas ou pagas durante o exercício, não correspondem realmente aos ingressos e ao custo do período. Daí a necessidade de se proceder ao ajuste das contas patrimoniais e de resultado, na data do levantamento do balanço, para que elas representem, em realidade, os componentes do patrimônio nessa data, bem como suas variações no exercício. Para elaboração do balanço patrimonial devem ser efetuados vários ajustes na contas patrimoniais, entre os quais citamos os mais comuns: Na data da elaboração do balanço, geralmente 31 de dezembro, prepara-se o balancete de verificação, da mesma forma ao que se faz mensalmente; Elabora-se o inventário dos materiais, das mercadorias, dos produtos manufaturados, dos móveis e utensílios, das máquinas e equipamentos, das duplicatas a receber e a pagar, e de outros componentes suscetíveis de serem inventariados; Confronta-se o saldo de cada conta do razão com os livros e documentos auxiliares tais como: boletim de caixa, extratos bancários, registros de duplicatas, registros de inventário, controles do ativo imobilizado, etc.; Após confrontar os saldos das respectivas contas e dos registros específicos de cada conta, caso seja constatado divergências, e apurada suas causas, deve-se proceder aos ajustes necessários; Efetuam-se os cálculos de depreciação dos bens, procedendo-se aos respectivos lançamentos. Nas empresas que apuram custos mensais, as depreciações são apropriadas mensalmente; Procede-se a regularização das contas de despesas e receitas antecipadas; Apurar o resultado da conta mercadorias, calculando o custo da mercadoria vendida e transferindo-o para a conta de resultados. Encerram-se as contas de despesas e receitas, transferindo seus saldos para a conta de resultados no patrimônio líquido; Após essas operações, estão encerradas as contas de resultado, restando somente as contas patrimoniais; Elabora-se novo balancete de verificação, no qual aparecerá, em lugar das contas de despesas e de receitas, a conta lucros ou prejuízo, que resume todo o resultado do exercício; Efetua-se a destinação do resultado do exercício de acordo com o previsto nos atos constitutivos, ou seja, se for lucro poderá ser destinado à formação de reservas ou ser distribuído aos sócios ou acionistas, se for prejuízo deverá ser absorvido por lucros/reservas de exercícios anteriores; Elabora-se a demonstração do resultado do exercício, demonstrando as receitas e despesas, bem como o destino dado ao lucro; Após os ajustes mencionados, as contas remanescentes, são apenas as contas patrimoniais, que serão separadas e classificadas no balanço patrimonial, sendo o saldo do ativo igual ao do passivo, da seguinte forma: a) No Ativo as contas são dispostas em ordem decrescente do grau de liquidez dos elementos registrados, ou seja, as contas com maior liquidez aparecem antes. Assim, obedecendo ao prescrito no Art. 178, desde 01.01.2009 o ativo divide-se em circulante e não circulante. De acordo com o artigo 179 da Lei das S/A, no Ativo as contas serão classificadas do seguinte modo: Ativo Circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; Ativo Realizável a Longo Prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; Investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; Ativo Imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; Intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. b) No Passivo as contas são dispostas em ordem decrescente de grau de exigibilidade dos elementos registrados, ou seja, as contas com maior exigibilidade aparecem antes. Como no ativo, observado o Art. 178, desde 01.01.2009 o passivo também é dividido em circulante e não circulante, com a particularidade de ainda receber o saldo das contas do patrimônio líquido. De acordo com o artigo 180 e seguintes da Lei nº 6.404/76, no passivo as contas são classificadas da seguinte forma: As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não-circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não-circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do art. 179. Para efeitos de registro contábil das obrigações, a empresa deve obedecer ao princípio contábil da competência de exercícios e serão avaliados de acordo com os critérios estabelecidos no artigo 184 da Lei nº 6.404/76, ou seja: As obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço; As obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço; As obrigações, encargos e riscos classificados no passivo não-circulante serão ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. Procedimentos para Encerramento do Balanço Importância do Plano de Contas Uma boa contabilidade começa com um bom plano de contas. O melhor plano de contas não é o que contém a maior quantidade de contas, mas o que é simples dentro do possível, claro em sua composição e objetivo em suas diretrizes.
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