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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA CAMPUS SÃO VICENTE DO SUL/RS DISCIPLINA: AGROCLIMATOLOGIA Aula 7: Temperatura do ar Prof. Dr. Ivan Carlos Maldaner Introdução • TEMPERATURA é uma medida da energia cinética média das moléculas ou átomos individuais. • A distinção fica mais clara pelo seguinte exemplo. A temperatura de um copo de água fervente é a mesma que a da água fervente de um balde. Contudo, o balde de água fervente tem uma maior quantidade de energia que o copo de água fervente. Portanto, a quantidade de calor depende da massa do material, a temperatura não. Introdução Temperatura do ar é uma conseqüência da temperatura do solo Quanto mais próximo do solo mais quente é o ar A temperatura do ar depende de fatores como latitude, continentalidade, disponibilidade de radiação solar e regime hídrico. Principal fator que interfere no crescimento e desenvolvimento das plantas Distribuição dos vegetais sobre a superfície terrestre Temperaturas cardinais (cardeias) Disponibilidade térmica de uma região (Zoneamento agroclimático) Probabilidade de ocorrência temperaturas prejudiciais Índice de Temperatura-Umidade Temp. Humidade Relativa (%) oF oC 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 70 21,1 64 64 65 66 66 67 68 68 69 70 75 23,9 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 80 26,7 69 70 71 72 73 75 76 77 78 80 85 29,4 71 73 74 76 77 79 80 82 83 85 90 32,2 74 75 77 79 81 82 84 86 88 90 95 35,0 76 78 80 82 84 86 88 90 92 95 100 37,8 79 81 83 86 88 90 93 95 97 100 105 40,6 82 84 87 89 92 95 97 100 102 105 Legenda Sensação de frio Nenhum desconforto Pequeno desconforto Desconforto considerável Grande desconforto Máximo desconforto Temperatura equivalente "windchill" Velocidade do Vento ( km/h ) 6 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 20 20 18 16 14 13 13 12 12 12 12 12 16 16 14 11 9 7 7 6 6 5 5 5 12 12 9 5 3 1 0 0 -1 -1 -1 -1 8 8 5 0 -3 -5 -6 -7 -7 -8 -8 -8 4 4 0 -5 -8 -11 -12 -13 -14 -14 -14 -14 0 0 -4 -10 -14 -17 -18 -19 -20 -21 -21 -21 -4 -4 -8 -15 -20 -23 -25 -26 -27 -27 -27 -27 -8 -8 -13 -21 -25 -29 -31 -32 -33 -34 -34 -34 -12 -12 -17 -26 -31 -35 -37 -39 -40 -40 -40 -40 -16 -16 -22 -31 -37 -41 -43 -45 -46 -47 -47 -47 -20 -20 -26 -36 -43 -47 -49 -51 -52 -53 -53 -53 Ponto de ebulição da água Ponto de ebulição da água 58ºC maior temperatura registrada El Azizia, Libia, setembro de 1922 -89ºC menor temperatura registrada Vostock, Antarctica, julho de 1983 º𝐶 º𝐹 − 32 = 100 180 º𝐾 = 273,16 + º𝐶 Aquecimento do ar Processos de aquecimento do ar Condução É rara e pouco eficiente na atmosfera Ocorre quando uma molécula ou átomo colide com outro(a) ou com o solo O ar é um mau condutor de calor É mais importante na interface superfície atmosfera (2 mm) até 3 m Radiação Também é pouco eficiente Os constituintes da atmosfera absorvem pouca radiação Quanto maior a quantidade de vapor d’água maior a absorção de radiação Convecção (ou transporte de massa) Principal processo de transferência de calor na atmosfera É o processo mais eficiente de transferência de calor Convecção O ar na superfície do solo é aquecido e se expande. Por se expandir fica leve e tende a subir dando lugar ao ar frio que estava acima. A medida que sobe o ar perde energia e se resfria. Para vaporizar 1cm3 de água são necessárias 590 calorias Convecção forçada O movimento é induzido por forças mecânicas, o fluxo é provocado pela fricção do fluído Convecção livre O movimento é provocado pelas diferenças de densidade do fluído Horizontal (advecção): Vento norte: aquecimento por convecção Vento minuano: esfriamento Medida da temperatura do ar Esquema de um termômetro convencional de mercúrio em vidro Elemento sensível = mercúrio: - coeficiente de dilatação linear elevado; - temperatura de congelamento baixa (–37,8 ºC); - temperatura de ebulição alta (360 ºC). Para temperaturas menores que -36ºC utiliza-se alcool etílico ou uma mistura de mercúrio e tálio, Leitura: 9, 15 e 2h Leitura Maneiras correta (A) e incorretas (B e C) de efetuar a leitura de um termômetro convencional. Nas situações B e C há erro de paralaxe. Termômetros Termômetro de imersão Geotermômetro Termômetro de máxima Diferentes tipos de estrangulamento Leitura: 21h Termômetro de mínima Leitura: 9 h Termógrafo Termograma Termógrafos bimetálico (esquerda), de tubo de Bourdon (centro) e de mercúrio-em-aço (direita), todos sem a tampa protetora. Abrigo meteorológico Abrigo de instrumentos meteorológicos usado em estações convencionais. Em detalhe a disposição das venezianas, nas paredes externa e interna (Varejão-Silva, 1979). Leituras termométricas realizadas nas Estações Meteorológicas das redes oficiais • a) Leitura das 9 horas: – temperatura mínima do ar (Tm) – temperatura do ar às 9 horas (T9h) • b) Leitura das 15 horas: – temperatura do ar às 15 horas (T15h) • c) Leitura das 21 horas: – temperatura máxima do ar (TM) – temperatura do ar às 21horas (T21h) Temperatura média diária do ar • A escolha do modelo matemático de determinação da temperatura média depende: – Dados termométricos disponíveis – Precisão desejada • 24 leituras horárias (padrão) • Modelo utilizado pelo INMET (8º DISME) 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 = 𝑇1ℎ + 𝑇2ℎ +⋯+ 𝑇24ℎ 24 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 = 𝑇9ℎ + 2.𝑇21ℎ + 𝑇𝑚𝑎𝑥 + 𝑇𝑚𝑖𝑛 5 Temperatura média diária do ar • Temperaturas extremas • Três leituras diárias 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 = 𝑇𝑚𝑎𝑥 + 𝑇𝑚𝑖𝑛 2 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 = 𝑇9ℎ + 𝑇15 + 𝑇21ℎ 2 Temperatura média mensal do ar • Média mensal das médias – É a média aritmética dos valores médios diários da temperatura do ar • Média mensal das máximas • Média mensal das mínimas 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 𝑛=28,30,31 𝑛=1 ÷ 𝑛 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑎𝑥 ,𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = 𝑇𝑚𝑎𝑥 𝑛=28,30,31 𝑛=1 ÷ 𝑛 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑖𝑛 ,𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = 𝑇𝑚𝑖𝑛 𝑛=28,30,31 𝑛=1 ÷ 𝑛 Temperatura média anual do ar • Média anual das médias – É a média aritmética dos valores médios mensais da temperatura do ar • Média anual das máximas • Média anual das mínimas 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 = 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑛=12 𝑛=1 ÷ 12 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑎𝑥 ,𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 = 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑎𝑥 ,𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑛=12 𝑛=1 ÷ 12 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑖𝑛 ,𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 = 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑖𝑛 ,𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑛=12 𝑛=1 ÷ 12 Temperaturas normais • Quando se deseja conhecer os valores que caracterizam o clima de uma região se recorre a valores médios denominados normais. • São utilizados para comparação e classificação dos climas • Mínimo 30 anos de dados coletados • Temperatura normal mensal do ar • Temperatura normal anual do ar 𝑇𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙𝑗𝑎𝑛 = 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑗𝑎𝑛 ,1971 + 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑗𝑎𝑛 ,1972 +⋯+ 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑗𝑎𝑛 ,2000 30 𝑇𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 = 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 ,1971 + 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 ,1972 +⋯+ 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 ,2000 30 Amplitudetérmica do ar • É variação que existe entre o valor máximo e o valor mínimo da temperatura do ar de um determinado período • Amplitude térmica diária do ar • Amplitude térmica mensal do ar • Amplitude térmica anual do ar 𝐴𝑇𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 = 𝑇𝑚𝑎𝑥 − 𝑇𝑚𝑖𝑛 𝐴𝑇𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 ,𝑚𝑎𝑥 − 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 ,𝑚𝑖𝑛 𝐴𝑇𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 = 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚ê𝑠 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 − 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑚ê𝑠 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑓𝑟𝑖𝑜 Estado Latitude Média (S) Temp. Média (ºC) Amplit. Térm. (ºC) Amapá 2º 25,5 1,0 Ceará 5º 26,2 2,0 Bahia 13º 24,5 3,5 Minas Gerais 20º 20,7 6,0 Rio Grande do Sul 30º 18,0 10,6 Variação e temperatura média anual do ar de alguns locais do Brasil. Fatores que afetam a amplitude térmica Estado higrométrico do ar (g vapor H2O / m 3 de ar) Quanto mais úmido o ar menor a amplitude térmica Devido as propriedades térmicas da água Absorção de radiação (principalmente no I.V.) Localização geográfica Altitude Lugares mais elevados tem maior amplitude Menor proteção da atmosfera Continentalidade Quanto mais continental um local maior a amplitude Devido a maior distância de fontes de água (oceano) Latitude Quanto maior a latitude maior a amplitude Fatores que afetam a amplitude térmica • Topografia (localização em relação ao relevo) – Nas partes côncavas (encostas e depressões) a amplitude térmica é maior (B e C) – Nas partes convexas (picos) a amplitude térmica é menor (A) Dia Noite Fatores que afetam a amplitude térmica • Estação do ano (para latitudes de 20 a 50º) – No verão: a amplitude é maior, pois recebe mais energia durante o dia e emite mais energia durante a noite – No inverno: menor amplitude, devido a menor quantidade de energia recebida • Nebulosidade – Em dias nublados a amplitude térmica é menor que em dia claro, pois as nuvens são gotas de água condensadas. Estas atuam na absorção de radiação, principalmente na faixa do I.V. Gradiente vertical de temperatura do ar (Gradiente Térmico – GVT) É a taxa de variação da temperatura (T) com a altitude (z) (distância acima do solo) Toda massa de ar que se eleva na atmosfera expande-se devido a diminuição da pressão atmosférica Diminuição de energia da massa de ar = diminuição da temperatura Uma massa de ar descendente comprime-se Aumenta a energia da massa de ar = aumento de temperatura Movimentos rápidos → sem troca de calor com o ambiente Adiabáticas = sem transferência de calor Gradiente adiabático seco = 1ºC/100m GVT médio = 0,65ºC/100m 𝐺𝑉𝑇 = − ∆𝑇 ∆𝑧 = º𝐶/100𝑚 𝑜𝑢 º𝐶/𝑘𝑚 Gradiente vertical de temperatura do ar (Gradiente Térmico – GVT) • A variação diária do gradiente de temperatura acompanha a do balanço de radiação e a sua amplitude é maior próxima ao solo • Estabilidade e instabilidade → situações de equilíbrio • Massa de ar mais densa = desce no perfil atmosférico • Massa de ar menos densa = sobe no perfil atmosférico • Temperatura potencial (Ѳ) – É a temperatura que teria uma parcela de ar, inicialmente em um nível qualquer da atmosfera (pressão P), se fosse trazida adiabaticamente seca a uma pressão padrão, P0 (1000mb) 𝜃 = 𝑇 𝑃0 𝑃 0,286 T = temperatura em K Gradiente vertical de temperatura do ar (Gradiente Térmico – GVT) Estabilidade térmica Quando o gradiente térmico é menor que o gradiente adiabático Ocorre à noite Instabilidade Térmica Quando o gradiente térmico é maior que o gradiente adiabático. Ocorre durante as horas mais quentes do dia Inversão térmica É quando a camada superficial é mais fria que as camadas mais altas (ocorre estratificação das camadas), isto é, o gradiente térmico é negativo Ocorre à noite Isotermas • São linhas traçadas sobre o mapa que unem pontos de igual temperatura Fonte: http://tempo1.cptec.inpe.br/ Distribuição da temperatura média do ar à superfície na Região Tropical em janeiro e julho. A linha interrompida indica a posição do equador térmico. Fonte: Nieuwolt (1977). Variação diária da temperatura do ar • O ar se resfria durante a noite devido a energia emitida pela terra • O ar se aquece durante o dia devido a absorção da radiação solar incidente Curso diário da temperatura do ar Variação anual da temperatura do ar • Efeito da latitude – Quanto mais afastado do equador, maior é a variação anual da temperatura do ar • Efeito da continentalidade – Quanto mais afastado do oceano maior é a variação anual da temperatura do ar. Ex.: Santa Maria - Torres • Regime hídrico – É mais frio nas estações chuvosas e mais quente nas estações secas Médias mensais da temperatura do ar (t, ºC) e do total mensal de chuva (P, mm) em aeroportos brasileiros. Dados extraídos da DRA (1967). Efeito da estação do ano Valores climatológicos da temperatura compensada e respectivo desvio-padrão (parte sublinhada), referentes ao período de 1931 a 1960. Dados de Ellis e Valença (1982). Efeito da continentalidade Local Latitude Longitude Altitude Temp. média Ampl. Térm. Santa Maria 29º43’S 49º43’W 138 m 19,2ºC 10,7ºC Torres 29º20’S 53º48’W 43 m 17,9ºC 7,5ºC Efeito da continendalidade Amplitude térmica anual e temperatura média anual do ar de Torres e Santa Maria, RS. Efeito da continendalidade Amplitude térmica anual e temperatura média anual do ar de Torres e Santa Maria, RS. Efeito da altitude Valores climatológicos da temperatura compensada e respectivo desvio-padrão, referentes ao período de 1931 a 1960. Dados de Ellis e Valença (1982). Influência da temperatura do ar em seres vivos Cada raça ou cultivar tem exigências próprias quanto às variações da temperatura, requerendo uma faixa ótima, dentro da qual o crescimento e o desenvolvimento ocorrem normalmente (temperaturas cardinais). Animais que vivem em regiões frias A pele é espessa e os pelos longos e abundantes; A derme é muito irrigada e rica em gordura, protegendo termicamente o organismo. Animais que vivem em regiões quentes A pele é menos espessa pigmentada; Os pelos são mais curtos, finos e menos abundantes; A epiderme é espessa, enquanto a derme se atrofia. Migração de aves Influência da temperatura do ar sobre as plantas Processos fisiológicos 0 a 40ºC maioria das plantas Crescimento, desenvolvimento e rendimento Melhoramento genético Ambientes controlados Temperaturas cardinais TC Mínima (ou base) Temperatura abaixo da qual o crescimento ou o desenvolvimento são desprezíveis Temperatura cardinal ótima Temperatura na qual o crescimento ou o desenvolvimento são máximos Temperatura cardinal máxima Temperatura acima da qual o crescimento ou o desenvolvimento são desprezíveis Influência da temperatura do ar sobre as plantas • Soma Térmica – É a quantidade de energia (temperatura), acima de uma tempeatura base, necessária para que uma complete seu desenvolvimento (graus-dia, ºCdia) – Um grau dia corresponde ao acúmulo de 1ºC durante o período de um dia acima de uma temperatura base • Vernalização – Aceleram o desenvolvimento em temperaturas baixas (0 – 15ºC) 𝑆𝑜𝑚𝑎 𝑇é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 = 𝑇𝑚𝑒𝑑𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 − 𝑇𝑏 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA CAMPUS SÃO VICENTE DO SUL/RS DISCIPLINA: AGROCLIMATOLOGIA Obrigado pela atenção! Ivan.maldaner@iffarroupilha.edu.br
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