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Introdução a obra de Melanie Kleine

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Introdução a obra de Melanie Klein – Hanna Segal 
Cap. I – A obra inicial de Melanie Klein 
Existem três fases de contribuição para psicanalise: 
1° FASE: Tem início com o artigo “On the Development of the Child” e culmina 
com a publicação de “The psycho-analysis of Children” em 1932. Estabeleceu 
os fundamentos da análise de crianças e delineou o complexo de édipo e o 
superego até as raízes primitivas de seu desenvolvimento. 
Nessa fase seguia Freud e Abraham, descreveu suas descobertas em termos 
de estádios libinais e fez a teoria estrutural do ego superego e id. 
Na década de 20 começou a analisar crianças e com isso introduziu a técnica de 
brincar (play technique). Estava inspirada em Freud nas observações dele 
quanto ao brincar com carretel. Melanie Kleine viu que o brincar poderia 
representar simbolicamente suas ansiedades e fantasias. Tratou as expressões 
verbais como expressão simbólica de seus conflitos inconscientes. 
Com isso, pode confirmar diretamente as teorias de Freud sobre sexualidade 
infantil. 
Difere de Freud quando diz que o complexo de Édipo se dá início por volta dos 
dois anos e meio, quando as crianças manifestaram fantasias e ansiedades 
edipianas (Freud diz que isso começa a ocorrer por volta dos três ou quatro anos 
de idade). 
Também diz que as tendências pré-genitais e as genitais pareciam estar 
envolvidas nessas fantasias e desempenhar um papel importante nas 
ansiedades edipianas. No complexo de édipo de crianças com mais idades 
essas tendências pré-genitais parecem ter um papel importante também. 
O superego apareceu muito mais cedo do que o que Freud dizia e pareceu 
possuir características selvagens: orais, uretrais e anais. 
O superego era conhecido como um objeto de fantasia interno, porém ele é 
construído na criança nas relações com seus objetos e seus sentimentos. O que 
era conhecido como superego nos estados genitais, Kleine viu que era somente 
o último estágio de um complexo desenvolvimento. 
Melanie Klein formulou os estágios primitivos do complexo de édipo e do 
superego em termos de relações de objetos primitivas com ênfase nas 
ansiedades defesas e relações desses objetos. 
Fase oral sádica – a criança ataca o seio de sua mãe e o incorpora “um seio 
perseguidor e mau” – Aspecto persecutório e sádico do superego. Paralelamente 
situações de amor e gratificação, a criança introjeta um seio amado e amoroso 
ideal, que se torna a raiz do aspecto ego-ideal do superego. 
O impacto dessa frustação e ansiedade no relacionamento com o seio, os 
desejos e as fantasias da criança se estender a todo corpo da mãe. Sendo esse 
a fonte de riquezas: tem novos bebês e a incorporação do pênis do pai (É uma 
fantasia). Essa percepção da incorporação do pênis do pai desponta na criança 
a relação sexual dos pais é de natureza oral. A criança então, volta para a mãe 
 
 
todos os seus desejos libidinais, mas por causa da frustação, inveja e ódio, tem 
também toda a sua destruitividade. 
Sadismo oral – arrancar, morder e destruir. Sadismo uretral – afogar, cortar e 
queimar. Sadismo anal que na fase anal primitiva é explosivo e na fase anal 
mesmo é silencioso e venenoso. Fantasias da criança. 
Com isso ela elucidou a importância da fantasia e ansiedade inconsciente com 
a relação com o mundo externo e o papel da formação simbólica no 
desenvolvimento da criança. A criança penetra em suas fantasias ataca o corpo 
da mãe e se força, tem-se um objeto de ansiedade que força a criança a desloclar 
o interesse do corpo da mãe para o mundo fora de si. No caso dessa ansiedade 
ser excessiva, a criança se volta para seu mundo interno e se tem crianças 
psicóticas. (Melanie Klein fala disso no seu artigo “The importance of symbol-
formation in the development of the ego” Onde ela descreve sobre Dick, uma 
criança psicótica e sua formação simbólica foi intensamente impedida. O ataque 
ao corpo de sua mãe levou a uma ansiedade tão intensa que Dick negava 
interesse por sua mãe e não podia simbolizar esse interesse em outros objetos 
ou relações. 
Klein também notou que no processo psicótico é a natureza da própria formação 
simbólica que é afetada. Esse achado forneceu uma influência na pesquisa 
sobre a natureza dos estados psicóticos. 
A medida que a criança vê que a mãe não incorpora o pênis de seu pai, e sim 
que isso é uma relação sexual os desejos e ataques da criança se estendem aos 
dois e não só a mãe. Os ataques então são de dois tipos: fantasia a si mesma 
atacando os pais ou projetar sua agressividade e os pais atacarem um ao outro. 
Isso faz com que os pais se tornem objeto de medo. Esse medo fantasiado pode 
ser duas vezes maior, medo de seus pais internos e externos. Kleine mostra que 
a importância da divisão quanto da ação reciproca da introjeção e projeção como 
mecanismos mentais são muito ativos em crianças pequenas, isso quer dizer 
que as crianças tentam dividir sua imagem de pais bons e sentimentos bons e 
amorosos, a partir da imagem de pais ruins e maus. As imagos deles, quanto 
mais sádica e terrificante mais as crianças as separam dos pais bons e mais ela 
tenta introjetar esses pais externos bons. Porém, ela não pode evitar a introjeção 
de figuras más, e com isso ela tenta igualar as fezes pelos mecanismos anais de 
controle e ejeção. 
Para ela o superego precede o complexo de édipo e ajuda o desenvolvimento 
desse. A ansiedade produzida pelas figuras más fazem com a criança queira o 
contato com objetos externos, a procura pelo corpo da mãe não apenas com 
propósitos libidinais e agressivos, mas também para se livrar dessa ansiedade 
para procurar segurança na sua pessoa real contra a figura interna terrificante. 
Além de reparar a mãe real dessa fantasia, assim como ocorre com o pai. Isso 
faz com que a criança tenha uma relação edipiana com os pais reais. 
Ela discordou de Freud também em relação a sexualidade feminina sobre a 
importância do estado fálico. Segundo ela, a menina afastando-se do seio para 
o corpo da mãe (como nos meninos), ela tem fantasias de escavar e de ela 
própria possuir todos os conteúdos desse corpo e em especial o pênis do pai 
dentro de sua mãe e os bebês. Sobre o impacto da frustação e da inveja 
primitiva, ela se volta cada vez mais pai o pênis de seu pai. A menina tem tomada 
 
 
de conhecimento primitiva sobre sua vagina e a atitude oral passiva se torna 
transferida da boca para a vagina, preparando o terreno para uma aposição 
edipiana genital. Aqui tem-se o desenvolvimento heterossexual ou homossexual. 
Se o superego materno for terrificante a ponto de a menina enfrentar a rivalidade 
tem-se a homossexualidade. Ao mesmo modo que se o pênis do pai for um 
objeto muito mal, pode leva-la a temer relações sexuais sobre esse pênis. Sob 
o impacto da culpa e do medo, fantasias restritivas em relação ao corpo da mãe 
podem também se torar um forte determinante de homossexualidade. Mas se o 
desejo primitivo de tomar o lugar da mãe e possuir suas riquezas, a volta do 
pênis do pai como objeto de desejo, restituição e reparação da mãe interna, e o 
desejo de suprir essa interna com o pênis e bebes faz com que aconteça o 
desenvolvimento heterossexual. 
Com relação ao complexo de édipo do menino, Klein também discorda de Freud. 
A relação primitiva com seio da mãe e as fantasias de seu corpo, desempenham 
significativo papel no desenvolvimento do complexo em ambos os sexos. O 
afastamento primitivo do seio para o pênis ocorre como na menina, 
estabelecendo os fundamentos para a posição feminina do menino, e sustenta 
uma luta entre essa posição feminina, na qual ele se afasta da mãe para o pênis 
paterno bom, e sua posição masculina, na qual ele quer se identificar com seu 
pai e desejar sua mãe. As suas ansiedades provocadas por seus objetos internos 
levam-no cada vez mais a dirigir seus desejos sexuais para sua mãe externa 
real. 
Melanie Klein,coloca a sexualidade feminina como é, e não uma versão castrada 
da sexualidade masculina, a posição feminina do menino adquire maior 
importância. Explorou a história do complexo e dos estágios pre genitais, além 
das relações com objetos tanto no desenvolvimento do superego como no 
complexo de édipo. O papel da agressividade foi submetido a reavaliação: Onde 
descreve o conflito primitivo entre os instintos de vida e morte, como as 
ansiedades e defesas que os dá origem. O estudo dos objetos introjetados 
coloca detalhadamente o que teria sido possível antes, a estrutura interna do 
superego e do ego. 
Com essa técnica de brincar ela teve compreensão da estrutura interna da 
criança seguindo da transferência e o simbolismo de suas fantasias que o brincar 
tem. Dessa forma, essas fantasias inconscientes tem um papel fundamental no 
desenvolvimento da criança. 
2° FASE: Conduziu a formulação do conceito da posição depressiva e dos 
mecanismos de defesa maníaca. Encontra-se em seus artigos “A contribution to 
the psychogenesis of the manic drepressive states” de 1940. 
3° FASE: Ocupou-se dos estágios mais primitivos chamado por Klein de “posição 
esquizo-paranóide” encontra-se em seu artigo “Notes on some Schizoid 
Merchanisms” de 1946 e no livro “Envy and Gratitude” de 1957. 
 
Cap. II – Fantasia 
Para compreender as obras de Melanie Klein é necessário entender a elucidação 
que ela faz do conceito de fantasia inconsciente. 
 
 
Klein, assim como Freud, sofreu críticas. Freud sofreu críticas na sua descrição 
de superego. Freud não quis dizer que no nosso inconsciente tem um homem 
pequeno, mas que isso é uma das nossas fantasias inconscientes sobre os 
conteúdos do nosso corpo e da nossa psique. Freud não se refere ao superego 
como sendo uma fantasia, mas deixa claro que parte da nossa personalidade é 
devida uma introjeção (em fantasia) de uma figura dos pais, uma figura dos pais 
fantasiada e deformada pelas próprias projeções da criança. 
Já Klein sofreu críticas quando tratou de objetos internos. Esses objetos, a qual 
ela se refere, não quer dizer que são “objetos” situados no corpo ou na psique, 
ela está descrevendo, assim como Freud de fantasias inconscientes que as 
pessoas têm sobre o que elas próprias contém. As fantasias inconscientes são, 
em todos os indivíduos, ubíquas (em toda a parte) e sempre ativas. O que 
determinará o caráter da psicologia do indivíduo é a natureza dessas fantasias 
inconscientes, e o modo como elas estão relacionadas com a realidade externa. 
Susan Isaacs, desenvolve sua opinião sobre Klein, e diz que a fantasia pode ser 
considerada como representante psíquico ou o correlato mental, a expressão 
mental dos instintos. James Strachey diz as duas formas como Freud trata de 
instintos, na primeira Freud diz que o instinto é um representante psíquico de 
forças somáticas, na segunda no artigo “the unconscious” ele trata o instinto 
como algo que jamais pode torna-se um objeto de consciência, somete a ideia 
que representa o instinto, e esse não pode ser representado se não for por uma 
ideia. As ideias que representam o instinto seriam as fantasias primitivas 
originais. A ação de um instinto é expressa e representada na vida metal pela 
fantasia de satisfação desse instinto por um objeto apropriado. 
Os instintos agem a partir do nascimento e pode-se presumir que alguma 
grosseira vida de fantasia exista a partir do nascimento. A primeira fome e 
esforço instintual para satisfazer essa fome são acompanhados pela fantasia de 
um objeto capaz de satisfaze-la. Contando que os princípios de prazer-
sofrimento estejam em ascendência, as fantasias são onipotentes e não existe 
diferenciação entre fantasia e experiência da realidade. Os objetos fantasiados 
e a satisfação deles derivada são experimentados como acontecimentos físicos. 
Exemplo: “Um bebê ao adormecer, fazendo satisfeitos barulhos de sucção e 
movimentos com sua boca ou chupando seus próprios dedos, fantasia que está 
realmente sugando ou incorporando o seio, e dorme com a fantasia de ter dentro 
de si, o seio que dá leite. Porém, um bebê furioso e faminto, gritando 
esperneando, fantasia que está realmente atacando o seio, destruindo-o, 
experimenta seus próprios gritos que o rasgam e o machucam como se o seio 
rasgado estivesse atacando dentro dele próprio. Por tanto, não só experimenta 
uma necessidade, mas também pode sentir o sofrimento da dor e seus próprios 
gritos como um ataque persecutório ao interior. 
A formação da fantasia é uma função do ego. Pressupõe que o ego é capaz de 
formar (e é impulsionado pelos instintos e ansiedade a formar) relações de objeto 
na fantasia e na realidade. A partir do momento de nascimento, o bebê tem de 
lidar com o impacto da realidade, começando com a experiência do próprio 
nascimento e passando a inumeráveis experiências de gratificação e frustação 
de seus desejos. Essas experiências de realidade influenciam imediatamente a 
fantasia inconsciente e são por estas influenciadas. A fantasia não é uma simples 
 
 
fuga da realidade, mas uma constante e inevitável acompanhamento de 
experiências reais, com as quais está em constante interação. 
Exemplo: Bebê faminto e furioso, ao ser oferecido o seio, em vez de aceita-lo, 
afasta-se dele e não quer mamar. O bebê neste caso, pode ter tido uma fantasia 
de atacado e destruído o seio, e sente que ele se tornou mal e está atacando de 
volta. O seio externo verdadeiro, então, quando volta alimenta-lo não é sentido 
como um bom seio. Se isso se persiste no inconsciente, pode gerar as 
dificuldades de alimentação. 
A realidade exerce seu impacto sobre a fantasia inconsciente e vise e versa. 
Exemplo: O bebê começa a sentir fome, e vence essa fome por uma alucinação 
onipotente de ter um seio bom que o alimenta, se ele for alimentado logo, sua 
fantasia será fundida com a realidade e o sentimento que o bebê terá é de que 
sua própria bondade e a do objeto bom são fortes e duráveis. Já se for deixado 
com fome, o bebê será dominado pela fome e raiva, e sua fantasia mais 
experiência de um objeto mal e perseguidor se tornará mais forte. 
Essa interação entre fantasia e realidade tem um papel muito forte quando se 
tenta avaliar a importância do ambiente no desenvolvimento da criança. Uma 
fantasia má, ganha força quando o ambiente mostra a realidade disso, quando 
a mãe não o alimenta (no exemplo), assim confirma o seu sentimento de que o 
mundo externo é mau. 
As fantasias além de ter a função de expressão mental dos instintos, ela também 
um aspecto defensivo. Os objetivos da fantasia são de satisfazer os impulsos 
instintuais prescindidos da realidade externa. A gratificação derivada da fantasia 
pode ser encarada como uma defesa contra a realidade externa da privação e 
uma defesa contra a realidade interna. Exemplo: O indivíduo produzindo uma 
fantasia de satisfação do desejo, não está apenas evitando a frustação e o 
reconhecimento de uma realidade externa desagradável, mas está também, 
defendendo a si mesmo contra a realidade de sua própria fome e raiva (realidade 
interna). As fantasias podem também ser usadas como defesas de outras 
fantasias. 
A conexão entre fantasia e estrutura de personalidade e entre fantasia e funções 
mentais mais elevadas como pensar. 
Para Freud o ego é um precipitado de catexias objetais abandonadas. Esse 
precipitado consiste em objetos introjetados. O primeiro desses objetos é o 
próprio superego. As fantasias de objetos introjetados no ego foi revelada pela 
analise primitiva de relações de objeto, começando pela introjeção de seio ideal 
e persecutório. Inicialmente são introjetado objetos parciais como seio, pênis. 
Depois são introjetados objetos totais como mãe e pai. A medida que se 
prossegue o desenvolvimento da criança, quanto mais o sentido da realidade 
opera plenamente, os objetos internos se aproximam maisestreitamente das 
pessoas reais no mundo externo. O ego se identifica com alguns desses objetos 
(de forma introjetiva). Eles se tornam assimilados no ego e contribuem para o 
seu crescimento e suas características. Outros permanecem como objetos 
internos separados e o ego matem relações com ele (ex: superego). A estrutura 
de personalidade é amplamente determinada pelas mais permanentes das 
fantasias que o ego tem sobre si mesmo e sobre os objetos que o contém. 
 
 
A formação da fantasia é uma função primitiva. A fantasia pertence originalmente 
ao funcionamento, em termos de princípio de prazer-sofrimento. Freud diz que 
uma espécie de atividade do pensamento foi mantida livre do teste de realidade 
e permaneceu subordinada ao princípio de prazer e isso é o fantasiar. Já o 
pensamento foi desenvolvido a serviço do teste de realidade como meio de 
sustentar a tensão e de adiar a satisfação. O bebê capaz de sustentar uma 
fantasia não é impulsionado a descarregar “como um meio de aliviar o aparelho 
mental dos acréscimos de estímulos. ” Ele pode sustentar seu desejo com ajuda 
da fantasia por algum tempo, até que a satisfação na realidade seja obtenível. 
Se a frustação for intensa, ou se o bebê tem pouca capacidade para manter sua 
fantasia, a descarga motora ocorre, geralmente acompanhada pela 
desintegração de um ego imaturo. Então até o teste de realidade e os processos 
de pensamento estejam bem estabelecidos, a fantasia preenche, na vida mental 
primitiva algumas funções posteriormente assumidas pelo pensar. 
A partir do momento em que o bebê começa a interagir com o mundo externo, 
ele está empenhado em testar suas fantasias no cenário da realidade. 
Fantasia inconsciente implica num grau de organização do ego mais elevado do 
que em Freud. 
Cap. III – A posição esquizo-paranóide 
Klein diz que no nascimento já existe ego suficiente para experimentar 
ansiedade, usar mecanismos de defesa e formar relações de objeto primitivas 
na fantasia e na realidade. Freud em sua obra chega a inferir a existência de um 
ego primitivo, assim como um mecanismo de defesa primitivo, que é a deflexão 
do instinto de morte, que ocorre no início da vida do bebê. 
Com seis meses de idade o bebê tem um ego integrado, e uma criança logo 
após o seu nascimento não tem um ego semelhante como essa de 6 meses ou 
de um adulto. 
O ego primitivo é inicialmente desorganizado, mas ele possui todo aparato 
fisiológico e psicológico para integração. Às vezes, sob o impacto do instinto de 
morte, essa tendência a integração é afastada e ocorre a desintegração 
defensiva. 
Nos estágios mais primitivos do desenvolvimento, o ego é lábil, em um estadfo 
de fluxo constante, variando dia a dia, ou mesmo momento a momento, seu grau 
de integração. 
O ego imaturo desse bebê é exposto, desde o nascimento, à ansiedade 
provocada pela polaridade inata dos instintos (conflito entre o instinto de vida e 
morte). E também com a realidade externa que produz tanto ansiedade (trauma 
do nascimento) quanto lhe dá vida (calor, o amor e alimento recebido de sua 
mãe). Quando confrontado com a ansiedade, produzida pelo instinto de morte 
consiste segundo Klein, em parte numa projeção e em parte numa conversão do 
instinto de morte em agressividade. 
O ego se divide (splits) e projeta em parte para fora, que contém o instinto de 
morte, projeta no objeto externo – o seio. O seio é então sentido como contendo 
o instinto de morte do bebê, ele é sentido como mau, ameaçador para o ego, 
dando origem ao sentimento de perseguição. O medo original do instinto de 
 
 
morte é transformado num medo de um perseguidor (seio). Essa divisão 
geralmente ocorre em vários pedaços, sendo assim, o ego é confrontado com 
vários perseguidores. Existe uma parte do instinto que permanece no self, e é 
convertida em agressividade dirigida contra os perseguidores. 
Ao mesmo tempo ocorre uma relação com o objeto ideal, de forma que, a libido 
seja também projetada para fora, afim de criar um objeto que irá satisfazer o 
esforço instintivo do ego para a preservação da vida. A outra metade do ego que 
fica para dentro é usada para estabelecer uma relação libidinal com o objeto 
ideal. Desde cedo o ego tem relação com dois objetos: o objeto primário (seio), 
que é dividido em duas partes: o seio ideal e persecutório. 
A fantasia do objeto ideal funde-se com as experiências gratificantes de amor e 
de alimentação recebidos da mãe real externa, fazendo uma confirmação das 
fantasias. Já a fantasia de perseguição funde-se com as experiências reais de 
privação e sofrimento, que são atribuídas pelos bebês aos objetos 
perseguidores. 
O objetivo do bebê é tentar adquirir, manter dentro e identificar-se com objeto 
ideal, bem como, manter fora o objeto mal e aquelas partes do self que contém 
o instinto de morte. 
Nessa fase, Melanie Klein descreve tudo isso como posição esquizo-paranóide, 
pois a ansiedade predominante é paranoide e já que o estado de ego e de seus 
objetos é caracterizado pela divisão – esquizoide. 
Contra a ansiedade de aniquilação o ego desenvolve uma serie de mecanismos 
de defesa como o uso defensivo da projeção e da introjeção. O ego se esforça 
para introjetar o bom e projetar o mal. O bom também pode ser projetado, afim 
de mate-lo salvo de uma esmagadora maldade interna, e perseguidores também 
introjetados, afim de manter controle sobre eles. 
A divisão, está ligada a idealização crescente do objeto ideal, afim de mantê-lo 
longe do objeto perseguidor e de torna-lo permeável ao mal. Essa situação está 
ligada também com a negação mágica. Exemplo: quando a perseguição é muito 
intensa, ela pode ser negada, que é baseada numa fantasia de aniquilação total 
dos perseguidores. Isso é visto na história de pacientes considerados “bebês 
perfeitos” pois nunca gritavam, protestavam. Isso conduz na vida adulta à falta 
de discriminação do que é bom e do que é mal. 
Da projeção original do instinto de morte desenvolve-se outro mecanismo de 
defesa – a identificação projetiva. Nela partes do self e dos objetos internos são 
expelidos (Split off) e projetados nos objetos externos, o qual então se torna 
possuído e controlado pelas partes projetadas e identificando-as com elas. 
Os objetivos dessa identificação: ser dirigida ao objeto ideal para evitar 
separação, ou ser dirigida ao objeto mal para obter controle sobre ele. Várias 
partes do self podem ser projetadas, com vários objetivos também: partes más 
do self, para se livrar delas; partes boas do self para evitar separação ou para 
mantê-las a salva das coisas más internas ou para melhorar o objeto externo 
através de uma espécie de primitiva reparação projetiva. Quando a posição 
esquizo-paranoide é estabelecida a identificação projetiva tem início, 
primeiramente em relação ao seio, e se intensifica quando a mãe é reconhecida 
como objeto total, assim todo o seu corpo é penetrado por identificação projetiva. 
 
 
Quando os mecanismos não conseguem conter a ansiedade e este invade o 
ego, então a desintegração do ego pode ocorrer como medida defensiva. Ego 
se fragmenta e se divide em pequenos pedaços para evitar a experiência de 
ansiedade. Esse mecanismo prejudica totalmente o ego, e ele aparece 
combinado com identificação projetiva, sendo partes do ego projetadas. É uma 
situação patológica onde o ego se torna atomizado. 
A identificação projetiva produz várias ansiedades. As duas mais importantes 
são: o medo de que um objeto atacado retalie igualmente por projeção e a 
ansiedade de ter partes de si mesmos aprisionados e controladas pelo objeto no 
qual foram projetadas (partes boas do self foram projetadas, produzindo um 
sentimento de ter sido roubado dessas partes boas e sido controlado por outros 
objetos). 
Mecanismos esquizoides: a divisão (splitting) do objeto e do eu numa parte boa 
e má, idealização do objetobom e a divisão da parte má do self em pequenos 
fragmentos, a projeção das partes más no objeto com sentimento resultante de 
ser perseguido por uma grande quantidade de objetos maus. 
O bebê não passa a maior parte de seu tempo em estado de ansiedade. Em 
condições favoráveis passa a maior parte do seu tempo dormindo, alimentando-
se, experimentando prazeres reais e alucinatórios, assimilando seu objeto ideal 
e integrando ao seu ego. Porém, todo bebê tem tempos de ansiedades e elas 
juntamente com as defesas constituem o núcleo da posição esquizo-paranoide, 
sendo uma parte normal do desenvolvimento humano. 
 No mais normal individuo existem situações que despertam as mais primitivas 
ansiedades e que colocam em funcionamento os mais primitivos mecanismos de 
defesa. Numa personalidade bem integrada, todos os estágios do 
desenvolvimento estão incluídos, nenhum é expelido e rejeitado. Algumas 
realizações do ego, na posição esquizo-paranoide, são importantrs para o 
desenvolvimento posterior, dependem dela para estabelecer as bases. 
Essas realizações são: divisão (splitting) – que permite ao ego emergir do caos 
e ordenar suas experiências. Primeiramente ela ocorre dividindo em um objeto 
bom e mal. Na vida madura são vistas algumas dessas divisões, como por 
exemplo: a capacidade de prestar atenção e de suspender sua própria emoção 
a fim de formar um juízo intelectual. É a divisão temporária e reversível que a 
faz. A divisão também é a base para o que mais tarde se torna a repressão. Se 
a divisão for excessiva e rígida, a repressão será provavelmente de uma rigidez 
neurótica excessiva. Quando essa divisão primitiva for menos intensa, a 
repressão posterior será menos mutiladora e o inconsciente permanecerá em 
melhor comunicação com a mente consciente; assim quando controlada, essa 
divisão se torna benéfica para o indivíduo, continuando a funcionar de forma 
modificada pela vida toda. 
Com a divisão estão em conexão a ansiedade percursora e a idealização. Um 
certo grau de ansiedade percursora é uma precondição para o indivíduo seja 
capaz de reconhecer, apreciar e reagir a situações de perigo em condições 
extremas. A idealização é a base na crença na bondade e é percursora com a 
relação com objeto. A relação com um objeto bom persiste em várias situações 
como apaixonar-se, apreciar a beleza. 
 
 
A identificação projetiva tem aspectos bons. É a forma mais primitiva de empatia, 
pois ela, juntamente com a identificação introjetiva se baseiam a capacidade de 
“se colocar no lugar do outro”. A identificação projetiva também fornece base da 
forma mais primitiva de formação simbólica. 
Para o indivíduo passar para próxima etapa do desenvolvimento (posição 
depressiva) tem a precondição de que haja predominância de experiências boas 
sobre as más. E são fatores internos e externos que contribuem para essa 
predominância. Isso faz com que o ego adquira crença na prevalência de objeto 
ideal sobre objetos persecutórios e na predominância de instinto de vida sobre o 
de morte. E crê também no self. O ego então se identifica repetidamente com o 
objeto ideal adquirindo desse modo maior força e maior capacidade de enfrentar 
ansiedades, sem recorrer a mecanismos de defesas violentos. Isso faz com que 
haja diminuição do medo dos perseguidores e isso facilita a integração do ego, 
pela aproximação dos objetos ideais e perseguidores. A divisão também diminui 
e esse se sente mais forte, com maior fluxo de libido. Isso faz também com que 
o ego se torne mais tolerante com a sua própria agressividade. 
Para o ego se integrar é há uma diminuição dos mecanismos projetivos, assim 
há diferenciação do self e do objeto. Porém se houver predominância de 
experiências ruins sobre boas tem-se a posição de psicopatologia da posição 
esquizo-paranoide. 
Cap. IV- Inveja 
Fatores internos e externos impedem a experiência verdadeira do bebê e 
atrapalham o desenvolvimento do bebê. A privação externa, física ou mental, 
impede a gratificação, mas, ainda que o ambiente seja propicio, estas 
experiências podem ser impedidas ou modificadas por fatores internos. 
Um desses fatores descritos por Klein, é a inveja que atua desde do nascimento 
e afeta substancialmente as mais primitivas experiências do bebê. Freud já 
descreveu a inveja, a inveja do pênis nas mulheres. Porém, há uma tendência 
em confundir inveja com ciúme. 
Em Inveja e gratidão, Melanie Klein estabelece a diferença entre ciúme e inveja. 
A inveja é a emoção mais primitiva, sendo uma das emoções mais fundamentais. 
A inveja é a relação entre duas partes, no qual o sujeito inveja o objeto por 
alguma posse ou qualidade, nenhum objeto vivo precisa entrar nessa relação, 
por isso é uma relação de duas partes. O ciúme por outro lado, se baseia no 
amor e visa a posse do objeto amado e a remoção do rival, pertence a uma 
relação triangular, a um período de vida em que os objetos são claramente 
reconhecidos e diferenciados uns dos outros. A voracidade também necessita 
ser diferenciada, e ela visa a posse de toda a bondade que possa ser extraído 
do objeto, sem qualquer consideração das consequências, isso pode resultar na 
destruição do objeto e na danificação de sua bondade, sendo essa destruição 
incidental a aquisição desapiedada. A inveja visa danificar a bondade do objeto, 
e isso faz com que a inveja seja muito destrutiva para o desenvolvimento, pois a 
própria fonte de bondade do qual o bebê depende é tornada má, por tanto, 
introjeções boas não podem ser alcançadas. 
A inveja surge a partir do amor e admiração primitivos, porém tem um 
componente libidinal menos forte do que a voracidade, e é impregnada no extinto 
 
 
de morte. A inveja surge logo depois que o bebê se dá conta do seio como fonte 
de vida e de experiência boa; a gratificação real que experimenta no seio, 
reforçada pela idealização. Isso faz com que o seu amor e seu desejo de possuir 
aumente e com isso o desejo de protege-lo, porém surge também o desejo de 
ele mesmo ser a fonte dessa perfeição (sentimento de inveja, que acarreta o 
desejo de danificar as qualidades do objeto que lhe dá esses sentimentos 
penosos). 
A inveja pode fundir com a voracidade, conduzindo a desejo de esgotar o objeto 
externo para possuir sua bondade e tirar tudo que possa ser invejável. Essa 
mistura é muito danosa e parece ser intratável na análise. A inveja faz com que 
o alimento recebido pelo objeto externo (seio), seja invejado e por isso, negado 
e se volta também para objeto interno. Ela opera também por projeção, e o bebê 
cheio de ansiedade e maldade deseja danificar o seio, projetando nele suas 
próprias partes más e danificadoras, assim em fantasia, ataca o seio, cuspindo, 
urinando, defecando. Com o desenvolvimento, os ataques são projetados na 
mãe e a seus bebês e ao relacionamento dos pais. 
A inveja primitiva é muito intensa e interfere na ação normal dos mecanismos 
esquizoides. O processo de divisão (num objeto ideal e outro perseguidor) não 
pode ser mantido, pois o objeto ideal dá origem à inveja e é atacado e danificado. 
Isso interfere e faz o desenvolvimento do ego sofrer, pois fortes sentimentos de 
inveja conduzem ao desespero. Não se encontra um objeto ideal, por 
consequência não há esperança e amor. Os objetos destruídos são fonte de 
perseguição interminável e posteriormente de culpa. A falta de introjeção boa 
priva o ego de sua capacidade de crescimento e assimilação. Cria um círculo 
vicioso no qual a inveja impede a introjeção boa e com isso aumenta a inveja. 
A inveja forte com relação ao objeto primário dá origem a sofrimento e falta de 
esperança, por isso, poderosas defesas são mobilizadas contra ela. A 
danificação é uma defesa parcial, pois objeto danificado não suscita inveja. 
Redução pela desvalorização a fim de proteger o objeto de danificação total. A 
danificação e a desvalorização geralmente estãoem conexão com a projeção, 
no objeto, sentimentos invejosos. Para preservar algum objeto ideal dessa 
desvalorização e projeção, uma rígida idealização pode ser utilizada. Essas 
defesas contra a inveja contribuem para o desenvolvimento psicopatológico. Em 
pessoas menos doente, as defesas contra a inveja poder ser bem mais 
sucedidas. Exemplo: sentimentos invejosos podem ser expelidos (Split off) cedo 
no desenvolvimento e o ego pode ser suficientemente forte para impedir sua 
reemergência. 
Em um desenvolvimento mais normal, a inveja se torna mais integrada. A 
gratificação experimentada no seio estimula o amor e gratidão, ao mesmo tempo 
que a inveja, assim esses sentimentos entram em conflito e o ego começa a se 
integrar, e se a inveja não for tão avassaladora a gratidão supera e o modifica. 
O seio ideal é introjetado e se torna parte do ego e esse fica mais repleto de 
bondade, assim a inveja diminui e isso entra num círculo benevolente. 
Sentimentos de inveja com relação ao objeto primário permanecem, mas 
enfraquecidos. Alguns desses sentimentos podem ser deslocados para o rival, 
tornando-se fundidos com o sentimento de ciúmes em relação ao rival. A inveja 
do seio da mãe é deslocada para o pênis do pai, aumentando a rivalidade com 
este. 
 
 
Em um desenvolvimento patológico, a inveja excessiva aumenta o curso da 
posição esquizo-paranoide e contribui para sua psicopatologia. 
Cap. V – A Psicopatologia da posição esquizo-paranóide. 
Fase do desenvolvimento mais distante, pois é uma psicopatologia da fase mais 
primitiva e suas experiências mais primitivas já se modificaram, deformaram e 
se confundiram com as posteriores. 
Os pontos de fixação das psicoses estão nos primeiros meses da infância. 
Na doença psicológica ocorre a regressão, não de uma fase no desenvolvimento 
que era em si normal, mas a uma em que estavam presentes perturbações 
patológicas, criando bloqueios para o desenvolvimento e constituindo pontos de 
fixação. Na medida que o psicótico regride aos primeiros meses de vida, regride 
a uma fase no desenvolvimento que já possuía essas características patológicas 
na sua infância. 
No capítulo anterior foi dado ênfase que no desenvolvimento normal, a posição 
esquizo-paranóide é caracterizada por uma divisão entre objetos bons e os 
maus, e entre o ego que ama e que odeia, divisão na qual experiências boas 
predominam sobre as más. Precondição necessária para integração nos 
estágios posteriores do desenvolvimento. O bebê nestes estágios, chega a 
organizar suas percepções por meios de processos projetivos e introjetivos. 
Todos esses processos são perturbados, quando, por razões internas ou 
externas e com mais frequência ambas, fazem com que as experiências más 
predominem sobre as boas. 
Na posição esquizo-paranóide, sob condições desfavoráveis a identificação 
projetiva é usada de modo diferente, de como é usada no desenvolvimento 
normal. 
No desenvolvimento normal, o bebê projeta no seio e na mãe partes do self e 
objetos internos. Partes essas que, permanecem inalteradas na projeção, 
quando ocorre a reintrojeção, elas podem ser integradas no ego. As partes 
projetadas podem também seguir certas linhas de demarcação psicológica e 
fisiológica. EXEMPLO: O mal ou bom pode ser projetado, ou certos órgãos de 
percepção como a vista, audição ou impulsos sexuais. 
Quando a ansiedade e os impulsos hostis e invejosos são intensos, a 
identificação projetiva ocorre de modo diferente. A parte projetada é estilhaçada 
e desintegrada em fragmentos diminutos, e esses fragmentos são projetados no 
objeto, desintegrando-o, em partes diminutas. No desenvolvimento patológico, a 
experiência da realidade é sentida primariamente como uma perseguição, há um 
violento ódio da experiência de realidade, tanto interna quanto externa. O 
estilhaçamento do ego é uma tentativa de se desfazer de toda percepção, e é o 
aparelho perceptual que é primeiramente atacado, destruído e obliterado. AO 
mesmo tempo, o objeto responsável pela percepção é odiado e a projeção visa 
destruir esse pedaço de realidade, assim como se desfazer do aparelho 
perceptual que o percebeu. 
 
 
A inveja quando intensa, faz com que a percepção de um objeto ideal ser penosa 
tanto quanto a experiência de um objeto mal, já que o objeto ideal suscita 
insuportáveis sentimentos de inveja. 
Como consequência, não há uma “divisão limpa” (tidy Split) entre objeto (s) 
ideais e objeto (s) maus, mas o objeto é percebido como dividido em pedaços 
diminutos, cada um contendo uma parte violentamente hostil do ego. O próprio 
ego é intensamente danificado por esse processo desintegrador, e suas 
tentativas para desfazer do sofrimento de perseguição conduzem apenas a um 
aumento de percepções penosas, tanto através da natureza persecutória dos 
objetos quanto através da mutilação do aparelho perceptual. Isso leva a um 
círculo vicioso, onde a realidade é cada vez mais perseguidora e penosa e leva 
a identificação projetiva patológica. 
O ataque a realidade por identificação projetiva está em conexão a um processo 
da posição esquizo-paranoide: ataques aos vínculos: qualquer órgão ou função 
que o bebê perceba que vincule objetos uns aos outros é atacado. Exemplo: 
boca do bebe e o mamilo, estão vinculados ao seio. Esses vínculos com objetos 
são sexualizados. O complexo de édipo permanece em nível oral, e é marcado 
pela inveja do relacionamento dos pais. 
O bebê esquizoide tem o seu aparelho perceptual danificado, ele se sente 
cercado por objetos desintegrados, seus vínculos com a realidade estão 
quebrados ou são muito penosos e a capacidade para estabelecer vínculos para 
se integrar está rompida. Para sobreviver nessas condições, ele tenta preservar 
alguma parte do ego que seja capaz de alimentação e de estabelecer um objeto 
suficientemente bom ao qual outros processos introjetivos como aprender 
possam ser realizados. O bebê tenta expelir e manter um objeto ideal protegido 
dos efeitos devastador de sua identificação projetiva. 
Cap. VI – A Posição depressiva 
A partir do momento em que os processos de divisão, projeção e introjeção 
ajudam a ordenar suas percepções e emoções, a separar as boas das más, o 
bebê se sente confrontado com objeto ideal (que ama, que quer conservar e 
indetificar-se) com um objeto mal, no qual projetou seus impulsos agressivos e 
que é sentido como uma ameaça ao bebê e ao seu objeto ideal. 
Em condições favoráveis o bebê cada vez mais sente que seu objeto ideal e que 
seus impulsos libidinais são mais fortes do que o objeto mal e impulsos maus, 
fazendo assim cada vez mais, identificação com seu objeto ideal, e assim, 
juntamente com o crescimento fisiológico e desenvolvimento do ego, ele ficará 
mais forte e mais capaz de se defender seu objeto ideal. 
Com o seu ego mais forte, ele sentirá cada vez menos temeroso de seus 
impulsos maus, e por isso, projetará cada vez menos os objetos maus. A 
tolerância ao extinto de morte aumenta e também diminui os seus medos 
paranoides, assim como a divisão e projeção. O impulso para integração do ego 
e do objeto pode se tornar gradualmente mais preponderante. 
Já nos primeiros meses de vida, o bebê experimenta os momentos de 
integração, porém nos processos integradores isso se torna mais estável e 
continuo, por isso se tem uma nova fase: a posição depressiva. 
 
 
A posição depressiva foi definida por Klein como a fase de desenvolvimento que 
o bebê reconhece um objeto total e se relaciona com esse objeto. Primeiro 
reconhece sua mãe, e a vê como objeto total, depois reconhece por via de regra 
seu pai e depois outras pessoas ao seu redor. Quando vê sua mãe como objeto 
total, significa que é tanto em relações de objeto parcial (seio) como em relações 
de objeto dividido. Em outras palavras, o bebê se relaciona cada vez menos com 
as mãos, seios, face como objetos separados,mas como ela (mãe) como uma 
pessoa total, que às vezes pode ser boa e às vezes pode ser má, ausente ou 
presente e que pode ser amada ou odiada. Esse reconhecimento abre o mundo 
para novas experiências. O bebê começa a entender também, com esse 
reconhecimento que sua mãe é uma pessoa com vida própria e que tem relações 
com outras pessoas. Assim, ele descobre seu desamparo e sua completa 
dependência dela e seu ciúme com outras pessoas. 
Com a mudança na percepção do objeto, o ego também sofre alterações, pois 
assim como objeto se torna total, o ego também, e isso faz com que ele seja 
cada vez menos dividido. A integração do ego e do objeto ocorrem 
simultaneamente, a diminuição de processos projetivos e a maior integração 
significam que a percepção de objetos é menos deformada, de forma que objetos 
maus e ideais se aproximam. A introjeção de um objeto total promove a 
integração do ego. As mudanças psicológicas ajudam na maturação do ego, 
assim como a maturação do sistema nervoso central permite uma melhor 
organização das percepções, dando origem ao desenvolvimento da memória. O 
bebê vai lembrando quem é que o deu gratificação (objeto total – mãe), assim, 
na medida que segue o processo de integração, ele se defronta com conflitos 
relativos à sua ambivalência. Essas mudanças trazem consigo a mudança no 
foco de ansiedade do bebê que é de que o ego será destruído pelo objeto mal. 
Na posição depressiva, as ansiedades brotam da ambivalência, e a principal 
ansiedade da criança é de que seus próprios impulsos destrutivos tenham 
destruído o objeto que ele ama e que depende totalmente. 
Os processos introjetivos são intensificados na posição depressiva. Acontece em 
parte pela diminuição dos mecanismos projetivos e em parte a descoberta feita 
da sua dependência em relação a seu objeto, no qual descobre que ele é 
dependente e o objeto independente e que pode se afastar. Essa posição tem 
início na fase oral do desenvolvimento, quando o amor e a necessidade levam a 
devorar. A onipotência dos mecanismos introjetados orais levam a ansiedade de 
que impulsos destrutivos possam destruir o objeto externo, e o bom introjetado. 
Esse objeto interno bom, forma o núcleo do ego e do mundo interno do bebê. 
O bebê acha-se exposto a novos sentimentos não conhecidos na posição 
esquizo-paranoide: luto e anseio pelo objeto bom, culpa (de como se tivesse 
perdido o objeto bom através da sua própria destrutividade). O auge da 
ambivalência, o bebê acha-se exposto a desespero depressivo “ele ama e amou 
sua mãe, mas destruiu de modo que ela não está disponível no mundo externo. 
O mundo interno é sentido em pedaços, sofrimento de si e da mãe, gera 
sentimento de culpa, anseio e desesperança. Isso faz com que no auge dos 
sentimentos depressivos, uma regressão ocorra, onde os sentimentos maus são 
projetados e intensificados novamente como perseguidores, em parte também, 
porque o objeto bom está em pedaços e isso, estimula o sentimento de culpa e 
de perda. 
 
 
A experiência de depressão mobiliza no bebê o desejo de reparar seu objeto ou 
seus objetos destruídos, querendo compensar o dano em sua fantasia 
onipotente e por restaurar e recuperar os objetos perdidos. Assim, ele acredita 
que o seu amor e cuidado podem desfazer os efeitos da agressividade. O conflito 
depressivo é a luta constante entre a destrutividade, seu amor e impulsos 
reparadores. A resolução gradual das ansiedades depressivas e a recuperação 
de objetos bons, externa e internamente podem ser obtidas pela reparação feita 
pelo bebê na realidade e na fantasia onipotente, a seus objetos internos e 
externos. 
Posição essa que marca uma etapa crucial no desenvolvimento do bebê que faz 
uma alteração na sua visão de realidade, por conta das mudanças que estão lhe 
acontecendo ele começa a perceber sua própria realidade psíquica, ou seja, ele 
se torna mais consciente de si e de seus objetos como separados dele, além de 
tornar-se consciente de suas fantasias e impulsos, e isso faz com que comece a 
distinguir a fantasia da realidade externa. O teste de realidade existe desde o 
nascimento, onde suas experiências vão mostrando coisas boas e más. Na 
posição depressiva esse teste passa a ser mais significativo e estabelecido. Com 
isso, gradativamente, ele descobre os limites de seu ódio e amor, e descobre 
cada vez mais, os meios de afetar a realidade externa. 
A posição depressiva faz com que o ego seja fortalecido pela assimilação de 
objeto bons que são introjetados no ego e no superego. Essa etapa finalizada, 
tem-se o estabelecimento do bebê com a realidade. O ponto de doença psicótica 
está na posição esquizo-paranoide e no início da posição depressiva, pois 
quando ocorre a regressão aos pontos primitivos do desenvolvimento, perde-se 
o sentido de realidade e tem-se um psicótico. Se a posição depressiva for 
alcançada ou parcialmente elaborada, as dificuldades posteriores não são de 
natureza psicótica e sim neurótica. Passada a posição depressiva o bebê adquire 
capacidade de amar e respeitar as pessoas como indivíduos. Começa a tolerar 
a culpa e de sentir responsabilidade, logo aprende a controlar seus impulsos. 
O caráter do superego muda, os objetos ideias e perseguidores introjetados na 
posição esquizo-paranoide formam as primeiras raízes do superego. Objeto 
perseguidor = punitivo de forma retaliativa e impiedosa, Objeto ideal =parte ideal 
do superego, podendo ser perseguidora pelas altas exigências e perfeição. A 
medida da integração, o superego também se torna mais integrado, e é 
experimentado como um objeto interno total. Danos a ele, dão sentimento de 
culpa e de auto reprovação, e que ns fases primitivas da posição depressiva ele 
é sentido como perseguidor, mas com tempo vai se aproximando da imagem dos 
pais. 
Ocorre aqui também, a formação simbólica, onde o bebê afim de poupar o objeto, 
o bebê inibe seus instintos e em parte os desloca ou substitui. Sublimação e 
formação simbólica estão vinculadas. A sublimação foi descrita por Freud como 
produto de uma boa renuncia a um objeto instintual podendo ocorrer pelo 
processo de luto. 
Quando a posição depressiva não foi elaborada, não foi firmemente estabelecida 
a crença no amor e na criatividade do ego, bem como na sua capacidade de 
recuperamento é menos favorável, isso abre caminho para regressão e a 
psicose. 
 
 
Cap. VII – Defesas Maníacas 
As experiências de depressão são intoleráveis, o desespero com que o bebê se 
defronta que arruinou completa e irremediavelmente o seio da mãe, faz com que 
o ego use todas as defesas a sua disposição para ir contra esse estado. Essas 
defesas pertencem a duas categorias: reparação e defesas maníacas. Quando 
se pode lidar com as ansiedades depressivas através da mobilização de desejos 
reparadores, elas levam um maior crescimento do ego. As defesas maníacas 
não significam um fenômeno patológico, pois tem um papel importante no 
desenvolvimento. 
Demora um certo tempo para que o ego sinta confiança nas capacidades 
reparadoras e resolver a depressão, por isso, muitas vezes o sofrimento só pode 
ser resolvido por essas defesas maníacas, pois protegem o ego do desamparo 
total. Quando o sofrimento e ameaça diminui, a reparação vai tomando lugar, 
porém as defesas têm forças e estabelecem círculos viciosos nos quais formam 
pontos de fixação, que interferem no desenvolvimento futuro. 
A organização das defesas maníacas na posição depressiva inclui mecanismos 
da posição esquizo-paranoide: idealização, divisão, identificação projetiva, 
negação. Porém, agora elas estão altamente organizadas, de acordo como o 
estado de maior integração do ego, sendo também especificamente dirigidas 
contra a experiência de ansiedade depressiva e culpa (que dependem de o ego 
ter alcançado uma nova relação com a realidade). Visto que a posição 
depressiva está vinculada com a dependência dobebê ao objeto, as defesas são 
dirigidas contra qualquer sentimento de dependência, que geram negados ou 
invertidos. As ansiedades depressivas estão vinculadas com ambivalência, a 
defesa será contra a ambivalência por uma renovação da divisão do objeto e do 
ego. E a experiência depressiva que está vinculada com o conhecimento do 
mundo interno, as defesas estão sendo digeridas contra esse mundo interno. Em 
suma é para evitar culpa, dependência, ambivalência. 
As defesas maníacas são dirigidas primeiramente contra a realidade psíquica, 
contra todo o objetivo do processo analítico, na medida em que esse objetivo é 
trazer compreensão interna (insights) e plena experiência da realidade psíquica. 
A negação da realidade psíquica pode ser mantida pelo redespertar e pelo 
esforço da onipotência, principalmente pelo controle onipotente do objeto. A 
relação maníaca com objetos é caracterizada por uma tríade de sentimentos: 
controle, triunfo e desprezo. Sentimentos esses que estão relacionados com os 
sentimentos depressivos de valorizar o objeto, depender dele, medo de perder e 
culpa, sendo defensivos contra eles. O controle é um modo de negar a 
dependência, de compelir o objeto a preencher uma necessidade de 
dependência. Triunfo é uma negação de valorizar e de se importar, vincula-se 
a onipotência e está em conexão com ataque primário feito ao objeto na posição 
depressiva, quer derrotar esse objeto pelo ataque, principalmente se é 
determinado por inveja. O sentimento de triunfo é aumentando como parte das 
defesas maníacas porque mantem afastados aqueles sentimentos depressivos 
que, caso contrário, surgiram, tais como ansiar, desejar e sentir falta do objeto. 
Desprezo negação também de valorizar o objeto, e age como defesa contra a 
experiência de culpa e de perda, pois o objeto de desprezo não é digno de culpa 
e isso se torna uma justificativa para outros ataques ao objeto. 
 
 
Na posição depressiva o objeto original é amplamente atacado de forma 
ambivalente, quando a culpa e a perda não podem ser suportadas, as defesas 
maníacas entram em cena. Então o objeto é tratado com desprezo, controle e 
triunfo. As atividades reparadoras não podem ser levadas a efeito, e os ataques 
sempre renovados aumentam tanto a destruição do objeto quanto sua retaliação 
vingativa e perseguidora, aprofundando as ansiedades depressivas, tornando 
cada vez mais a situação sem esperança e perseguidora. 
Cap. VIII – Reparação. 
O bebê na posição depressiva se defronta com o sentimento de ter destruído 
onipotentemente seu objeto amado (exemplo: sua mãe), sua culpa e desespero 
por tê-la perdido despertam o desejo de repara-la e recria-la, a fim de recupera-
la interna e externamente. Os impulsos reparadores ocasionam um maior 
avanço na integração. O amor é colocado de forma mais nítida em conflito com 
o ódio, agindo tanto no controle da destruitividade quanto da reparação e na 
restauração. O desejo e essa capacidade de restauração são a base da 
capacidade de o ego manter amor e as relações através de conflitos e 
dificuldades. Fantasias e atividades reparadoras resolvem as ansiedades da PD. 
O reaparecimento da mãe, após algum tempo de ausência, e o amor quando 
volta, faz com que o bebê se dê conta da elasticidade de seus objetos externos 
e se torne menos temoroso aos objetos onipotentes dos ataques que faz em 
suas fantasias. A restauração traz ao bebê confiança em seu amor próprio. Seu 
ódio se torna menos assustador, pois aumenta a crença que o amor restaura 
tudo. As experiências de perda e restauração faz com que o objeto se torne cada 
vez mais propriedade do ego, podendo contribuir para seu crescimento. 
Enriquecimento do ego pelo luto. 
Quando impulsos reparadores predominam, o teste de realidade se torna mais 
frequente: o bebê observa com ansiedade e preocupação o efeito de suas 
fantasias sobre os objetos externos: sendo que aprende a renunciar ao controle 
onipotente de seu objeto e aceita-lo como é (forma de controle de reparação). 
As reparações maníacas e não maníacas diferem. A reparação pode não ser 
considerada como defesa, pois se baseia no reconhecimento da realidade 
psíquica, na experiência do sofrimento que essa realidade causa, e na adoção 
de medidas apropriadas para alivia-lo na fantasia e na realidade Mecanismo 
importante para o crescimento do ego e adaptação da realidade. A reparação 
maníaca é uma defesa, pois o objetivo é reparar o objeto de tal modo que a culpa 
e a perda nunca sejam experimentadas. Nunca é feita em relação aos objetos 
primários ou internos. Os objetos reparados são conscientemente ou 
inconscientemente tratados com ódio e desprezo, isso faz com que se tenha uma 
satisfação durável. Para a pessoa passar de a reparação maníaca para a 
reparação normal aceitar a realidade psíquica. Ela envolve a renúncia a 
onipotência, a diminuição da divisão, remoção da identificação projetiva. 
Significa a aceitação da ideia de separação (diferenciação entre o self e os pais). 
Também envolve permitir que as pessoas são livres, que se amem e se restaure, 
sem dependência da própria pessoa, na reparação maníaca faltam todos esses 
elementos. 
Cap. IX – Os estágios primitivos do complexo de édipo. 
 
 
O complexo de édipo começa a se desenvolver na posição depressiva, pois é 
nessa fase que ele começa a perceber o objeto total, e que ele também faz 
relações com outras pessoas, em outras palavras, percebe a relação do pai com 
a mãe. As projeções alteram todas as percepções dos bebês, ele percebe o 
vínculo libidinal entre os seus pais e projeta neles seus próprios desejos libidinais 
e agressivos. Essa situação origina sentimentos de privação, ciúme e inveja. 
A criança reage a situação com um aumento de sentimentos agressivos e de 
suas fantasias (onde atacam os pais), como nessa fase há uma grande 
introjeção, os pais são sentidos como parte de seu mundo, como ele os ataca, 
então a criança sente seu mundo destruído. Isso é o complexo de édipo primitivo. 
A criança inicialmente não diferencia o objeto total pai e mãe, ela fantasia o pênis 
ou pai como uma parte de sua mãe, que sua idealização faz sentir inveja e essa 
figura pode se transformar em perseguidor. Quando seus pais vão se 
diferenciando, e a relação vai suscitando em inveja e ciúme, como defesa a 
criança pode regredir a fantasia de pais combinados. Assim, o relacionamento 
dos pais é negado, e agressividade é projetada neles, se tornando objeto de 
ódio. Isso mostra que desde cedo a criança tem conhecimento do órgão genital 
masculino e feminino, e que na fase fálica e a estrutura de mulher fálica são 
estruturas defensivas. 
Esse estado é caracterizado pela agudeza da ambivalência, predominância das 
tendências orais e pela escolha incerta do objeto sexual (qual dos pais é mais 
desejado e qual é tratado como rival, que no decorrer do desenvolvimento vai 
alterando). Os objetos libidinais se desenvolvem a partir do objeto oral primitivo 
(incorporação oral do seio ou pênis), em seguida do desejo uretral e anal, até o 
desejo genital pleno. O desenvolvimento da posição oral para genital não é linear 
ou direto, é cheio de flutuações. 
O primeiro objeto de desejo da criança é o seio da mãe, sendo o pai inicialmente 
como o rival. Com as ansiedades experimentadas em relação ao objeto, o pênis 
do pai se torna um objeto alternativo de desejo oral, para o qual pode-se voltar, 
afastando-se do seio. Essa aproximação para a menina, torna-se um movimento 
heterossexual com o desejo de incorporar o pênis em sua vagina e homossexual, 
pela incorporação e identificação com o desejo de possuir um pênis próprio. Já 
o menino, é movimento para homossexualidade passiva, porém com a 
identificação e incorporação, ajuda e fortalece sua heterossexualidade. 
 
Projeção – o paciente está atribuindo a uma outra pessoa características 
que de fato é sua. 
Indentificaçãoprojetiva – A fantasia, seus efeitos na percepção do self e do 
objeto

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