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Aula 05 Curso: Direito Civil p/ TRF 3ª Região (Técnico Judiciário- Área Administrativa) Professores: Jacson Panichi, Aline Santiago Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 65 AULA 05: Dos Fatos Jurídicos: Do Negócio Jurídico; Dos Atos Jurídicos Lícitos. Das Provas. Da Prescrição e Decadência. (2ª parte) Olá Futuros (as) Servidores (as) do TRF! Começaremos nossa aula, falando da prescrição e decadência - estes dois assuntos são bastante lembrados nas provas de direito civil de concursos públicos.- E encerraremos falando da prova. Vamos, então, ao nosso bate-papo! OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 65 Sumário Prescrição e Decadência ......................................................................................................................... 3 - Prescrição (arts. 189 a 206). ................................................................................................................. 3 - Decadência (arts. 207 a 211) .............................................................................................................. 10 - Quanto aos prazos. ............................................................................................................................. 13 Da Prova (arts. 212 a 232). .................................................................................................................... 18 - A Forma. .......................................................................................................................................... 19 QUESTÕES FCC E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS. ......................................................................... 31 LISTA DAS QUESTÕES E GABARITO. ...................................................................................................... 55 Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 65 Prescrição e Decadência Antes de começarmos a nossa conversa, permita-nos fazer uma pergunta a você: Será que o exercício de um direito pode ficar pendente indefinidamente no tempo? Obviamente que não. Isto não pode acontecer. O direito deve ser exercido dentro de um determinado prazo. Caso isto não ocorra, pode o titular deste direito perdê-lo, ou seja, pode o titular perder a prerrogativa de fazer valer seu direito. O tempo exerce influência abrangente no direito, isso em todos os campos, no direito público e no direito privado. O direito, por exemplo, exige que o devedor cumpra sua obrigação e, também, permite ao credor valer-se dos meios necessários para receber seu crédito. Se o credor, porém, mantém-se inerte por determinado tempo, deixando estabelecer situação jurídica contrária a seu direito, este será extinto. Num primeiro momento, pode parecer injusto que uma pessoa perca seu direito pelo decorrer do tempo, mas se assim não fosse, toda pessoa teria que, por exemplo, guardar indefinidamente todos os documentos relativos a negócios realizados, até mesmo os documentos relativos às gerações passadas. Existe, pois, interesse de ordem pública na extinção dos direitos o que justifica os institutos da prescrição e da decadência. Deste modo, em uma análise mais detalhada a prescrição e a decadência se mostram indispensáveis à estabilidade e à consolidação de todos direitos. Comecemos nosso estudo pela prescrição. - Prescrição (arts. 189 a 206). Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. A partir do momento que um direito é violado, o titular deste direito pode agir juridicamente para garanti-lo, isto é o que chamamos pretensão (a pretensão à ação). E da leitura do art. 189 se desprende que a prescrição é justamente o que extingue esta pretensão, é o decurso do tempo hábil, que dispunha a pessoa, para utilizar-se da pretensão à ação. Prescrição é instituto de ordem pública. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 65 Sobre o assunto prescrição: Jornada I STJ 14: ³��� 2� início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2. O art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a YLRODomR�GR�GLUHLWR�DEVROXWR�RX�QDV�REULJDo}HV�GH�QmR�ID]HU´�� STF 150: ³3UHVFUHYH�D�H[HFXomR�QR�PHVPR�SUD]R�GH�SUHVFULomR�GD�DomR´ Os casos de prescrição estão taxativamente elencados nos arts. 205 e 206 (veremos eles logo à frente), mas primeiramente vamos falar um pouco sobre este instituto. A prescrição poderá ser extintiva ou aquisitiva: A prescrição extintiva ± esta será o foco principal do nosso estudo ± conduz à perda do direito de pretensão à ação por seu titular negligente, ao fim de certo lapso de tempo. A prescrição aquisitiva (usucapião) - consiste na aquisição do direito real pelo decurso de tempo, um modo de se adquirir a propriedade pela posse prolongada. Tal direito é conferido em favor daquele que possuir, com ânimo de dono, o exercício de fato das faculdades inerentes ao domínio ou a outro direito real, no tocante a coisas móveis e imóveis, pelo período de tempo que é fixado pelo legislador. Portanto a prescrição é a perda da ação atribuída a um direito e, também, de toda a sua capacidade defensiva, em consequência do não uso, decorrido determinado período de tempo. Os elementos comuns à prescrição extintiva e aquisitiva são ¹o tempo e ²a inércia do titular. Como requisitos da prescrição, ou seus elementos integrantes, temos: A existência de ação exercitável é o objeto da prescrição. Tendo em vista a violação de um direito, a ação tem por fim eliminar os efeitos dessa violação. A ação prescreverá se o interessado não promovê-la. Logo que surge o direito de ação, já começa a correr o prazo da prescrição. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 65 A inércia do titular da ação pelo seu não exercício, ou seja, o titular do direito nada faz para proteger seu direito. A inércia é, pois, o não exercício da ação, logo após a violação do direito. E esta cessa com a propositura da ação, ou com qualquer ato quee lei admita e que demostre que a pessoa irá defender direito seu. A continuidade dessa inércia durante certo lapso de tempo é o fator principal da prescrição. A inércia exigida para configurar a prescrição é aquela continuada, não a momentânea. A ausência de fato ou ato impeditivo, suspensivo ou interruptivo do curso da prescrição. Existem casos que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, os quais veremos ainda nesta aula. A regra geral é de que toda pretensão é prescritível, sendo a imprescritibilidade a exceção. Esta é a ideia contida no artigo 205 do CC: Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. A regra de toda pretensão sofrer prescrição, entretanto, não é absoluta, uma vez que existem direitos que por sua natureza, são incompatíveis com este instituto. Desse modo, não se acham sujeitos a limites de tempo e não se extinguem pela prescrição, dentre outros1: os direitos de personalidade; o estado da pessoa; as ações referentes ao estado de família; os bens públicos (CC art. 102); os direitos facultativos ou potestativos2; a exceção de nulidade3. Continuando no assunto prescrição, vejamos os artigos 190 a 196, muitas vezes cobrados em questões ³literais´: Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. 1 Washington de Barros Monteiro, Direito Civil 1, Parte geral, 43 ed., pág. 363. Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil 1, 28 ed., pág. 447. 2 Direitos potestativos são aqueles para os quais não se contrapõe um dever de quem quer que seja, são direitos sem pretensão, porque não podem ser violados, trata-se apenas de uma sujeição de alguém. Como exemplo, temos o direito do condômino de exigir a divisão da coisa comum. 3 Por exemplo, o testamento feito por menor, com idade inferior a 16 anos é nulo, não importando o tempo decorrido entre a realização do ato e sua apresentação em juízo. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 65 Os prazos aplicados às pretensões são os mesmos aplicados as defesas e exceções correspondentes. Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Renúncia à prescrição é a desistência de invocá-la. Não pode ser antecipada, ou seja, não se pode renunciá-la antes de consumada. É ato pessoal do agente, afeta apenas o renunciante ou seus herdeiros. Não pode haver, também, prejuízo à terceiro. Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Art. 194. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006) Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. O artigo 196 cuida da sucessão do prazo prescricional. O herdeiro do falecido disporá apenas do prazo faltante para exercer a ação, quando este prazo se iniciou com o autor da herança: Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Veremos a seguir o ¹impedimento, a ²suspensão e a ³interrupção da prescrição. Normalmente as questões relacionadas a estes assuntos são muito próximas ao texto da lei, tenha apenas o cuidado para não confundir uma situação com a outra. Como dica de memorização recomendamos que você faça um caminho imaginário, visualize ¹primeiramente o impedimento, ²depois a suspensão e ³por último a interrupção. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 65 Das causas que impedem ou suspendem a prescrição. Observe que o código não diferenciou as causas de impedimento das de suspensão. Isto não foi feito por um simples motivo, as causas serão as mesmas. O que diferenciará o impedimento e a suspensão será o fato de ter ou não iniciado o prazo prescricional. Caso este não tenha iniciado teremos o impedimento (não deixa o prazo iniciar), se já estiver correndo teremos a suspensão. Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; (absolutamente incapazes) II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. E se nós afirmássemos que não corre a prescrição contra os menores. Isto estaria correto? Não. Isto estaria errado, porque o inciso I faz referência somente àqueles que forem absolutamente incapazes (lembre-se quem são eles). Quanto aos incisos II e III do art.198, você deve ter atenção aos termos grifados. 1º. se o prazo não se iniciou teremos o IMPEDIMENTO 2º. se já iniciado o prazo prescricional será caso de SUSPENSÃO Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 65 Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção4. Os dois primeiros incisos tratam de causas de impedimento, pois enquanto não há o direito não há de se falar em prescrição. Já o inciso III é causa de suspensão. Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. O art. 201 já foi objeto de cobrança em prova de concurso público, se estivermos diante de uma obrigação com mais de um credor e estes forem solidários, quando houver suspensão da prescrição contra um dos credores, somente haverá a suspensão também para os credores solidários se a obrigação for indivisível5. O macete para você não esquecer este artigo está no fato que se a obrigação puder ser fracionada, não há motivos para a prescrição atingir todas as partes da obrigação, os efeitos da prescrição não atingem o que pode ser destacado. O impedimento e a suspensão da prescrição fazem cessar, temporariamente, seu curso. Uma vez superada a causa de suspensão, a prescrição retoma seu curso normal, computando o tempo anteriormente decorrido. Nos casos de impedimento, mantém-se o prazo prescricional íntegro, pelo tempo de duração do impedimento, para que seu curso somente tenha início com o término da causa impeditiva. Nos casos de suspensão, nos quais a causa é superveniente, uma vez desaparecida esta, o prazo prescricional retoma seu curso normal, computando-se o tempoverificado antes da suspensão. 4 Evicção é a perda da coisa (propriedade, posse ou uso) em decorrência de decisão judicial ou administrativa, que a atribui a um terceiro. 5 &&�$UW�������³A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou GDGD� D� UD]mR� GHWHUPLQDQWH� GR� QHJyFLR� MXUtGLFR´�� Ou seja, obrigação indivisível é aquela que não pode ser fracionada. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 65 Na interrupção da prescrição (que veremos a seguir) a situação é diversa, verificada alguma das causas interruptivas, perde-se por completo o tempo decorrido. O lapso prescricional iniciar-se-á novamente (passa a contar o prazo desde o início, recomeça). O tempo precedente decorrido fica totalmente inutilizado. Verificamos, portanto, a interrupção da prescrição quando ocorre fato hábil para destruir o efeito do tempo já transcorrido, anulando-se, assim, a prescrição já iniciada. Os casos de interrupção estão no artigo 202 do CC: Das Causas que Interrompem a Prescrição (Isto é BASTANTE cobrado em provas) Observe que a interrupção da prescrição sempre será provocada: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I- por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II- por protesto, nas condições do inciso antecedente; III- por protesto cambial; IV- pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V- por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI- por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. O titular do direito é o maior interessado em interromper a prescrição, geralmente é ele quem a promove. O representante legal também pode promover a interrupção, assim como o assistente dos menores relativamente capazes (contra os absolutamente incapazes não corre a prescrição). Geralmente, os efeitos da prescrição são pessoais, de maneira que a interrupção da prescrição feita por um credor não aproveita aos outros, assim como aquela promovida contra um devedor não prejudica aos demais. Isto está no artigo 204 de CC: Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 65 Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. § 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. § 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. § 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. Observe que os três parágrafos apresentam situações especiais, diferentes da apresentada no caput, mas que estão relacionadas à solidariedade. Se a prescrição for interrompida em favor de um dos credores solidários a todos aproveita. O mesmo ocorre na solidariedade passiva6. (art. 204, §1) Ainda, de acordo com o artigo 204, §2º, se um dos herdeiros do devedor solidário sofre a interrupção, os outros herdeiros, ou devedores, não são prejudicados; o prazo para estes últimos, continuará a correr, a não ser que se trate de obrigações e direitos indivisíveis. Neste último caso, todos os herdeiros, ou devedores solidários sofrem os efeitos da interrupção da prescrição, passando a correr contra eles o novo prazo prescricional. Por fim, no caso do § 3º, em se tratando de fiança, que é obrigação acessória, se a interrupção for promovida apenas contra o afiançado, que é o devedor principal, o prazo, no entanto, restabelece-se também contra o fiador, conforme o princípio de que o acessório segue sempre o destino do principal. Entretanto, a interrupção operada contra o fiador não prejudica o devedor principal, já que a recíproca não é verdadeira, isto é, o principal não é afetado pelo destino do acessório. - Decadência (arts. 207 a 211) A decadência é a extinção do direito, tendo em vista a inércia do seu titular. Veja que o objeto da decadência é o próprio DIREITO. Enquanto a prescrição atinge diretamente a pretensão à ação e, por via oblíqua, faz com que a pessoa não possa exercer o direito por ela 6 Solidariedade passiva é a dos devedores, aqueles que devem pagar alguma coisa. Credores são os que estão cobrando a dívida de alguém, os que querem receber determinada coisa ou valor. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 65 tutelado; a decadência, ao contrário, atinge diretamente o direito material e somente por via oblíqua acaba por atingir a ação. Segundo Maria Helena Diniz7: ³$� GHFDGrQFLD� Gi-se quando um direito potestativo não é exercido extrajudicialmente ou judicialmente dentro do prazo´� Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Conforme o art. 208 aplica-se também à decadência o que valia para a prescrição (art. 195 e 198, I). Estamos diante da primeira exceção legal, conforme o permitido no art. 207. Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. ... Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; (absolutamente incapazes) Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá- la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. Os art. 210 e 211 trazem as duas espécies de decadência, quais sejam: a ¹estabelecida por lei e a ²convencional (oriunda, por exemplo, de um negócio jurídico). A seguir, vamos fazer uma pequena distinção entre os institutos da prescrição e da decadência para uma melhor compreensão do tema. 7 Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil 1, 28 ed., pág. 450. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 65 A decadência extingue diretamente o direito, e com isto a pessoa ficaimpossibilitada de utilizar a ação que o protege, já a prescrição atinge a pretensão à ação e com isso atinge o direito que ela protege. É muito importante associar isto: Decadência perda do Direito potestativo Prescrição perda da Pretensão Ambos os institutos são prazos extintivos. A diferença está no momento em que começa a correr este prazo. O prazo decadencial começará a ser contado a partir do momento de nascimento do direito, tendo em vista que a decadência acarreta a perda de um direito subjetivo. Já o prazo prescricional começará a correr a partir do momento em que ocorrer a violação deste direito subjetivo, que estava sendo plenamente exercido. Com esta violação, nasce o direito de pretensão à ação para sua defesa. Outra diferença reside na natureza de cada instituto, pois a decadência supõe um direito que, embora ³nascido´, não se tornou efetivo pela falta de exercício; enquanto a prescrição supõe um direito ³nascido´ e efetivo, mas que pereceu pela falta de proteção, pela falta da ação. Podemos, ainda, diferenciar prescrição e decadência da seguinte forma: I- A decadência tem por efeito extinguir o direito, enquanto a prescrição extingue a pretensão à ação. II- Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. A prescrição pode ser impedida, suspensa ou interrompida conforme expresso no código civil. III- O prazo de decadência pode ser estabelecido pela lei ou pela vontade unilateral ou bilateral (convencional). O prazo da prescrição é fixado por lei para o exercício da ação que o protege. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 65 IV- A decadência pressupõe ação cuja origem é idêntica à do direito, sendo, por este motivo, simultâneo o nascimento de ambos. A prescrição pressupõe ação cuja origem é distinta da do direito, tendo nascimento posterior ao direito, quando da sua violação. V- tanto a decadência (desde que estabelecida por lei) quanto a prescrição8 serão reconhecidas de ofício pelo juiz, independente da arguição do interessado. VI- a decadência, quando legal, não admite renúncia. A prescrição admite renúncia por parte dos interessados, depois de consumada. VII- a decadência, a exceção dos absolutamente incapazes (CC art. 208), opera contra todos (não há impedimentos), já a prescrição conforme visto não opera para determinadas pessoas elencadas pela lei, de acordo com o artigo 197 e 198: Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. - Quanto aos prazos. Os prazos da prescrição são os discriminados nos artigos 205 e 206 do CC. Vamos a eles! Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 8 Mudança dada pela lei nº 11.280, de 16 de fevereiro de 2006, que revogou o artigo 194 do CC, em busca de maior celeridade processual. Assim, o Juiz pronunciará de ofício, também, a prescrição. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 65 A regra geral será o prazo de 10 anos, mas há prazos especiais que vão de um ano a cinco anos e isto está estabelecido do §1º ao § 5º, do art. 206: Art. 206. Prescreve: § 1º. Em um ano: I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. § 2º. Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. § 3º. Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil; VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 65 VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento; c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação; VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. § 4º. Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. § 5º. Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. Como dica, para a hora da prova, temos a seguinte situação: se estivermos diante de algum desses casos elencados nos arts. 205 e 206 teremos prazo prescricional, caso contrário serácaso de decadência. A decadência pode ocorrer em períodos diferentes que o período de ano, pode correr, por exemplo, em dias ou meses. São inúmeros os prazos decadências presentes no código civil, citamos abaixo alguns exemplos de prazos decadenciais que ³YROWD�H� PHLD´ aparecem em provas: Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 65 as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias. Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo. Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Atenção para o quadro da próxima página! Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 65 Prescrição perde-se a PRETENSÃO à ação, por via reflexa não se consegue exercer o direito material tem origem na LEI é renunciável espressa ou tacitamente, MAS só valerá, sendo feita, sem prejuízo a terceiro, depois que a prescrição se consumar abrange, via de regra, direitos patrimoniais; é passivel de impedimento, suspensão e interrupção. Decadência perde-se o próprio DIREITO material, o chamado direito potestativo tem origem na lei (LEGAL) ou no negócio jurídico (CONVENCIONAL) é irrenunciável, quando fixada em lei. (É nula a renúncia à decadência fixada em lei.) abrange direitos patrimoniais e não patrimoniais. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 65 Da Prova (arts. 212 a 232). A teoria geral da prova é matéria que cabe ao direito processual civil, entretanto o código civil no Livro III da parte geral - Dos Fatos Jurídicos, dedicou um Título ao assunto ³'D�SURYD´��DUWV������D����), versando sobre a prova de fatos, atos e negócios jurídicos. 6H� FDLU� DOJXPD� FRLVD� GHVWH� DVVXQWR� HP� ³VXD� SURYD´�-, deverá ser algo literal do código civil. Caberá o direito civil regular os meios de prova, dar o seu valor jurídico e as situações em que serão aceitas. Ao direito processual civil caberá indicar a melhor técnica: para a produção da prova, e também para sua apresentação em juízo. Segundo Silvio de Salvo Venosa9: ³3URYD� p� R� meio de que o interessado se vale para demostrar legalmente a existência de um negócio jurídico´� Ainda sobre este assunto nos ensina Caio Mário da Silva Pereira10: ³8P� direito é útil na medida em que se possa fazer a prova da sua existência, e, na impossibilidade desta, é como se não existisse´� Assim, a prova é a maneira utilizada para se comprovar a existência de um ato ou negócio jurídico. Pois de nada adiantaria ter um direito se não conseguíssemos prová-lo. O que na realidade se busca comprovar com a prova é o fato que gerou o direito e não a existência do direito em si. Para tanto é necessário que se obedeça a certas regras de cunho geral, deste modo, a prova deve ser: admissível, pertinente e concludente. x Será admissível aquela prova que não for proibida em lei, ou seja, que estiver de acordo com todo o ordenamento jurídico e que for aplicável ao caso que se quer provar. x Será pertinente aquela prova que está relacionada com a situação em questão, ou seja, é adequada aos fatos. 9 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, Parte Geral, ed. Atlas, 11 ed. 10 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 65 x Será concludente aquela que só tiver legitimidade para provar os fatos que estão em questão, é a prova que esclarece os fatos. Importante: São inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos. Além das regras gerais, temos também, certos princípios básicos, como: x O ônus de provar recai sobre quem alega o fato, ou seja, quem alega a existência de um fato deve prova-lo ± ei incumbit probatio qui dicit non qui negat (a prova incumbe a quem afirma e não a quem nega). x Os fatos notórios e incontroversos não necessitam ser provados, uma vez aqueles são do conhecimento de todas as pessoas comuns, e sobre estes não restam dúvidas. x Como dito acima, o que se busca provar é o acontecimento ou a existência de um fato, pois o direito não precisa ser provado para sua aplicação, uma vez que é atribuição do juiz conhecer a direito que será aplicado a cada fato provado. x E não basta alegar a existência de determinados fatos, é preciso prová-los. - A Forma. Quanto à forma da prova temos o art. 107, já visto anteriormente: Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Deste modo, podemos concluir que uma vez exigida forma especial para a validade de um negócio jurídico, nenhuma outra modalidade de prova será admitida. Contudo, não havendo exigência quanto à forma do ato, ou seja, sendo ato que pode ser feito de maneira livre, qualquer meio de prova poderá ser utilizado, é claro, desde que obedeça às regras e aos princípios gerais dasprovas. Este é o conteúdo do art. 332 do CPC11. 11 CPC = Código de Processo Civil Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 65 Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda ação ou defesa. O art. 212 do CC ao listar os meios de prova o faz de maneira exemplificativa. Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: I - confissão; II - documento; III - testemunha; IV - presunção; V ± perícia. Lembre-se que alguns atos exigem forma especial, como por exemplo: a alienação de bens que pertencem a menores sob tutela; o testamento; o casamento. A partir deste momento vamos estudar cada um dos meios de prova elencados no código civil, com os quais pode se analisar a existência, a validade e a eficácia dos fatos jurídicos. I. Confissão. Confissão é quando a parte reconhece o fato, como diz Barros Monteiro12, ³QXQFD� D� FHUWH]D� p� WmR� JUDQGH� FRPR� TXDQGR� SRGH� R� MXL]� proclamar: temos um réu que confessa´. O conceito jurídico de confissão está no art. 348 do CPC. Há confissão quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial. Conforme o lugar, a confissão pode ser: 12 Washington de Barros Monteiro, Direito Civil 1, Parte geral, 43 ed., p. 323. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 65 1. judicial ± quando feita perante uma autoridade em juízo, podendo ser espontânea (feita por depoimento) ± quando a própria pessoa faz por sua vontade e consciência, ou provocada (feita mediante petição); 2. extrajudicial ± quando feita fora do processo, fora do juízo. Conforme a sua forma, a confissão pode ser: 1. expressa ± é a pessoa mesmo quem faz a declaração, intencionalmente, por escrito ou em palavras. 2. presumida (= ficta ou tácita) ± nos casos de revelia, quando a pessoa não aparece aos atos processuais mesmo tendo sido citada, é por dedução de um fato. A confissão não permite arrependimento, é ato irrevogável e irretratável. Para que se configure uma confissão é necessário que se tenha agente capaz, com plena titularidade sobre os direitos controvertidos, este é o teor do art. 213: Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados. Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado. Conforme parágrafo único do art. 213, observe que a confissão até pode ser feita por representante, mas somente será válida se este representante for voluntário e que lhe tenha sido atribuído este poder (poderes especiais e expressos), ou seja, o mandante (representado) precisa ter atribuído tal poder expressamente para o mandatário (representante). O representante legal de incapaz está proibido, em regra, de confessar, tendo em vista que não pode fazer negócio em conflito de interesses com seu representado. Por último, o art. 214 diz que: Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 65 Assim, temos expressamente neste artigo dois casos em que uma confissão pode ser anulada, quais sejam: quando decorreu de um dos vícios, erro de fato ou coação. Embora não mencionado no artigo há entendimentos que a anulação da confissão é válida também quando existe: lesão ou estado de perigo. II. Documentos. Segundo Caio Mário da Silva Pereira13: ³$�PDLV�QREUH�GDV�SURYDV�p�D� documental. Por via do escrito perpetuam-se o ato, enunciando-se a declaração de vontade de modo a não depender sua reconstituição da IDOLELOLGDGH�GH�IDWRUHV�SUHFiULRV´� Deste modo os documentos podem ser públicos ou privados. x São documentos públicos os que foram fabricados por autoridades públicas, no exercício de suas funções. x São documentos privados aqueles que foram elaborados por pessoas interessadas. Por particulares. Cuidado! Existe uma pequena diferença entre documentos e instrumentos. Os instrumentos são feitos com a finalidade especial de promoverem a existência do negócio jurídico ou lhes serem provas, já os documentos não possuem esta finalidade específica. ³O que isto quer dizer?´ Pegue como exemplo uma carta, ela é um documento, não tem como objetivo (finalidade) criar negócio jurídico ou prova, embora em determinadas situações até possa vir a constituir um elemento de prova. Dando continuidade à análise dos artigos chegamos ao art. 215, que primeiramente nos falará da escritura pública, depois informará os requisitos que uma escritura pública deve conter: Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena. 13 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Volume I, Ed. Forense, 25ª ed. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 65 § 1º. Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter: I - data e local de sua realização; II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas; III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação; IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes; V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato; VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram; VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato. § 2º. Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz assinará por ele, a seu rogo. § 3º. A escritura será redigida na língua nacional. § 4º. Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes. § 5º. Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por documento, deverão participardo ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade. A inobservância de qualquer um destes requisitos resultará na nulidade da escritura pública. Em princípio, um instrumento deve ser sempre exibido em sua forma original. Porém, o art. 216 nos traz os instrumentos que farão a mesma prova que os originais. Art. 216. Farão a mesma prova que os originais as certidões14 textuais de qualquer peça judicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele, ou sob a sua vigilância, e por ele 14 Certidão é uma reprodução do que se encontra transcrito em determinado livro ou documento. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 65 subscritas, assim como os traslados de autos, quando por outro escrivão consertados. Art. 217. Terão a mesma força probante os traslados15 e as certidões, extraídos por tabelião ou oficial de registro, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas. Art. 218. Os traslados e as certidões considerar-se-ão instrumentos públicos, se os originais se houverem produzido em juízo como prova de algum ato. Quanto ao instrumento particular temos o art. 221: Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público. Mesmo que neste documento particular não conste testemunhas, ele será válido entre as partes por força do art. 219: Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeiras em relação aos signatários. Continuando com os artigos, temos agora o art. 220: Art. 220. A anuência ou a autorização de outrem, necessária à validade de um ato, provar-se-á do mesmo modo que este, e constará, sempre que se possa, do próprio instrumento. A validade de determinados atos é condicionada, necessariamente, à anuência ou autorização de outrem. Sem esta anuência ou autorização, o ato que se deseja praticar não poderá ser validamente realizado. Como exemplo temos a chamada outorga conjugal (uxória ou marital) ± que é a autorização de ambos os cônjuges para a realização de determinados negócios jurídicos. Art. 222. O telegrama, quando lhe for contestada a autenticidade, faz prova mediante conferência com o original assinado. O telegrama, assim como as cartas, bilhetes, memorandos, livros e folhetos, artigos de jornais, e etc., também podem ser oferecidos como 15 Translado é uma cópia do que se encontra lançado em um livro ou em autos. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 65 provas documentais particulares, nas ações privadas. Servem para revelar opiniões e pontos de vista particulares. Atenção: mesmo não constando no artigo 222, entende-se que se incluem neste dispositivo e também tem força probante no campo jurídico o fax e mensagens enviadas através de correio eletrônico (e-mail). Art. 223. A cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas, valerá como prova de declaração da vontade, mas, impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido o original. Assim, mesmo que o tabelião tenha conferido a autenticidade de determinado documento, se este for posto em dúvida, deve-se trazer ao processo o documento original. Art. 223. Parágrafo único. A prova não supre a ausência do título de crédito, ou do original, nos casos em que a lei ou as circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição. Em determinados casos, para que se exerça um direito, é exigido por lei, que se apresente o documento original ou o título de crédito (exemplos: uma duplicada, um cheque). Nestes casos, qualquer prova que seja produzida não será suficiente, se não for apresentado o documento correspondente. Esta exigência de certo modo visa à segurança jurídica da relação. Art. 224. Os documentos redigidos em língua estrangeira serão traduzidos para o português para ter efeitos legais no País. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. A língua nacional é expressão da soberania do Estado e aspecto da nacionalidade do cidadão. As peças processuais devem ser redigidas em português e seu conteúdo deve ser acessível a todos. Por este motivo a tradução será feita por tradutor juramentado, que, portanto, tem fé pública. Art. 225. As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em geral, quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 65 Sobre este artigo temos a resolução nº 298 da IV Jornada do STJ: ³2V�arquivos eletrônicos incluem-se no conceito de reproduções eletrônicas de fatos ou de coisas, do CC 225, aos quais deve ser aplicado o regime jurídico da SURYD�GRFXPHQWDO´� Portanto quaisquer meios eletrônicos serão tratados como provas documentais, não se exigindo que sejam autenticados. Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos. Os livros e as fichas dos empresários provam contra as pessoas a eles relacionadas. Se não houver vício, a interpretação poderá ser favorável a sócios, empresários e administradores. A força probante de livros e fichas empresariais não é absoluta, uma vez que cairá frente aos casos nos quais a lei exige escritura pública ou documento particular para aprova de fato, ato ou negócio jurídico. III. Testemunhas. A prova testemunhal, segundo Silvio de Salvo Venosa16, ³p� D� TXH� resulta do depoimento oral de pessoas que viram, ouviram ou souberam GRV�IDWRV�UHODFLRQDGRV�FRP�D�FDXVD´� Portanto, a testemunha, é uma pessoa que é ³estranha´ ao processo, mas que tem conhecimento sobre algum fato do processo. Assim, as testemunhas podem ser: x Judiciárias: pessoas naturais, que dão seu depoimento em juízo. x Instrumentárias: são aquelas que se manifestam sobre o conteúdo do documento que assinam ± são duas testemunhas para as escrituras públicas e cinco para o testamento ordinário. 16 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, Parte Geral, ed. Atlas, 11 ed. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago eJacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 65 Por se tratar de um meio de prova menos seguro que a prova documental, o art. 227 traz restrições quanto a sua admissão. Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito. Por depender de pessoas e de seus sentidos, a prova testemunhal, carrega uma carga grande de subjetividade, motivo pelo qual é condicionada a certas restrições. Além disso, temos casos de pessoas que não podem ser admitidas como testemunhas ± art. 228. Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas: I - os menores de dezesseis anos; II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida civil; III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam; IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes; V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consanguinidade, ou afinidade. Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo. Ainda temos no CPC, em seu art. 405, os incapazes, impedidos e os suspeitos para testemunhar. É importante que vocês leiam apenas para ter uma ideia do assunto. CPC Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. § 1º. São incapazes: I - o interdito por demência; II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções; III - o menor de 16 (dezesseis) anos; IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam. § 2º. São impedidos: Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 65 I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito; II - o que é parte na causa; III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam ou tenham assistido as partes. § 3º. São suspeitos: I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a sentença; II - o que, por seus costumes, não for digno de fé; III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo; IV - o que tiver interesse no litígio. § 4º. Sendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou suspeitas; mas os seus depoimentos serão prestados independentemente de compromisso (art. 415) e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer. De volta ao CC, temos o art. 229, que dispõe sobre os assuntos que ninguém pode ser obrigado a depor: Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato: I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau sucessível, ou amigo íntimo; III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, de demanda, ou de dano patrimonial imediato. IV. Presunção Segundo Carlos Roberto Gonçalves17�� ³3UHVXQomR� p� D� LODomR� TXH� VH� H[WUDL�GH�XP�IDWR�FRQKHFLGR�SDUD�VH�FKHJDU�D�XP�GHVFRQKHFLGR´� Ainda, segundo Silvio de Salvo Venosa18��³3UHVXQomR�p�D�FRQFOXVmR�TXH� se extrai de fato conhecido para provar-se a existência de outro GHVFRQKHFLGR´� 17 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, ed. Saraiva, 2ª ed. 18 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, Parte Geral, ed. Atlas, 11 ed. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 65 As presunções dividem-se em legais (juris) e comuns (hominis). As presunções legais são aquelas que advêm de lei, e, por sua vez, dividem-se em: x Presunções legais absolutas (juris et de jure) ± são as que não aceitam prova em contrário. Pois a lei estipula que são verdadeiros, tornando-os, assim, insusceptíveis de serem contestados. Como exemplo, temos a presunção de que a venda feita por ascendente a descendente seja fraudulenta. x Presunções legais relativas (juris tantum) ± são as que admitem prova ao contrário. Como exemplo temos a presunção de que, em uma família o marido seja o pai dos filhos, mas esta presunção pode ser contestada através de uma ação chamada de negatória de paternidade ± art. 1.601 CC. A presunção comum, pelo contrário, não é prova legal, mas sim real e indireta. Fundam-se naquilo que ordinariamente acontece e se impõe pela lógica. Por exemplo, presume ± se que os pais amem seus filhos, e que nada farão que os prejudique, mas esta conclusão não é absoluta. Assim este tipo de presunção só poderá ser aceita em juízo, quando não for ao encontro do restante do material probatório constante do processo. Sobre a presunção comum temos o art. 230: Art. 230. As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a lei exclui a prova testemunhal. V. Perícia. Segundo art. 420 do CPC, temos como provas periciais o exame a vistoria e a avaliação. Art. 420. A prova pericial consiste em exame19, vistoria20 ou avaliação21. Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando: 19 Exame é a análise de alguma coisa ao fato, feita por pessoas especializadas, para auxiliar na formação da opinião do magistrado. 20 Vistoria é também uma análise, porém visual sobre determinada coisa. 21 Avaliação visa dar ao bem seu valor de mercado. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 65 I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III - a verificação for impraticável. No CC temos dois artigos sobre perícia. Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. Se a perícia médica depender necessariamente de exame para cuja realização é imprescindível o assentimento de quem vá a ele submeter-se, eventual recusa manifestada pelo examinado, à totalidade, ou à parte do exame, não pode ser invocada em seu favor. Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juizpoderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame. Este artigo trata da hipótese em que aquele que deve submeter-se à perícia médica por ordem judicial se recusa a fazê-lo. A solução dada pelo legislador para esta hipótese é a de considerar sanada a prova que se pretendia conseguir com o exame, em prejuízo de quem se recusou a submeter-se ao crivo do perito médico. Isso significa que o legislador procurou preservar a intangibilidade do corpo humano e a intimidade pessoal do sujeito de direito, ao não permitir que a pessoa seja conduzida a força para fazer o exame. Exemplo clássico é o caso de investigação de paternidade. Bem amigos! - Por hoje era isto! Dedique um tempo razoável de seu estudo à prescrição e à decadência (principalmente no que diz respeito às suas semelhanças e suas diferenças). São dois assuntos que costumam ser pedidos em provas. Um abraço! Aline & Jacson Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 65 QUESTÕES FCC E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS. 01. FCC 2013/TCE-SP/Auditor. A prescrição a) Somente pode ser conhecida no primeiro grau de jurisdição. b) Não corre pendendo condição resolutiva. c) Poderá ser interrompida, em relação a uma mesma pretensão, tantas quantas forem as causas de interrupção. d) Pode ser interrompida por ato do devedor. e) É suspensa pelo protesto cambial. Comentário: $OWHUQDWLYD�³D´�± errada. Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. $OWHUQDWLYD�³E´�± errada. Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção22. $OWHUQDWLYD�³F´�± errada. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: $OWHUQDWLYD�³G´�± correta. Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. $OWHUQDWLYD�³H´�± errada. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: III - por protesto cambial; Gabarito letra D. 02. FCC 2013/TRT 1ª Região/Analista Judiciário. Miguel ajuizou ação de indenização contra Mauro, julgada procedente. Antes de transitar em julgado a sentença, quando ainda tramitava recurso de apelação, Mauro e Miguel resolveram assinar um termo, aumentando em um ano o prazo prescricional para cobrança das despesas desembolsadas pelas partes no curso do litígio. Mantida a sentença pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para cobrança das despesas despendidas em juízo do 22 Evicção é a perda da coisa (propriedade, posse ou uso) em decorrência de decisão judicial ou administrativa, que a atribui a terceiro. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 65 vencido Mauro, Miguel terá, a partir do trânsito em julgado, o prazo prescricional, de acordo com o CC, de a) 6 anos. b) 5 anos. c) 3 anos. d) 1 ano. e) 2 anos. Comentário: Art. 206. § 5º. Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para havHU�GR�YHQFLGR�R�TXH�GHVSHQGHX�HP�MXt]R�´ Gabarito letra B. 03. FCC 2013/TRT 1ª Região/Analista Judiciário ± execução de mandato. Se a decadência for convencional, nos termos preconizados pelo Código Civil Brasileiro, a parte a quem aproveita pode alegá-la a) Em qualquer grau de jurisdição, e o juiz poderá suprir a alegação. b) Em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. c) Até o término do prazo para contestação, mas o juiz não pode suprir a alegação. d) Até o término do prazo para contestação, e o juiz poderá suprir a alegação. e) Até a data da prolação da sentença de primeiro grau, mas o juiz não pode suprir a alegação. Comentário: Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá- la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. Gabarito letra B. 04. FCC 2013/TRT 1ª Região/Analista Judiciário ± Área Administrativa. Tício é Tabelião de um determinado Cartório de Notas e Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 65 Protestos de uma cidade do Estado do Rio de Janeiro. Mauro compareceu em um determinado dia para elaboração de uma procuração pública para sua irmã vender um imóvel de sua propriedade situado na cidade de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul. Realizada a escritura Mauro não pagou as custas e emolumentos inerentes ao ato. Neste caso, para cobrança das custas e emolumentos, o Tabelião Tício terá o prazo prescricional de a) 02 anos. b) 01 ano. c) 03 anos. d) 04 anos. e) 05 anos. Comentário: Art. 206. Prescreve: § 1o Em um ano: ... III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; Gabarito letra B. 05. FCC 2013/DPE-AM/Defensor. A prescrição a) Deve ser arguida em preliminar de contestação, sob pena de preclusão. b) Não corre contra o relativamente incapaz. c) Pode ser convencionada entre as partes. d) Não corre contra ascendentes e descendentes, mesmo depois de extinto o poder familiar. e) É interrompida pelo protesto cambial. Comentário: AlternDWLYD�³D´�± errada. Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. $OWHUQDWLYD�³E´�± errada. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; (absolutamente incapazes) $OWHUQDWLYD�³F´�± errada. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 65 Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. $OWHUQDWLYD�³G´�± errada. Art. 197. Não corre a prescrição: II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; $OWHUQDWLYD�³H´�± correta. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: III - por protesto cambial; Gabarito letra E. 06. FCC 2012/TRF 2ª/AJAJ ± Execução de Mandatos. A prescrição a) Da pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários, ocorre em três anos. b) Ocorrerá em cinco anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. c) Interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para ainterromper. d) Da pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular ocorre em um ano. e) Iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor, seja ascendente, descendente, cônjuge ou colateral. Comentário: a) errado. Art. 206. Prescreve: § 1o Em um ano: ... III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; b) errado. Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. c) correto. Art. 202, parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. d) errado. Art. 206. Prescreve: ... Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 65 § 5o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; e) errado. Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor Gabarito letra C. 07. FCC 2012/TRF 2ª/AJAJ. Gabriela, perita, é proprietária de um conjunto comercial na região da Av. Copacabana, no Rio de Janeiro - Capital. Seu inquilino Sandoval está injustamente sem pagar os aluguéis devidos desde Fevereiro de 2008. De acordo com o Código Civil brasileiro, Gabriela a) Terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é de sete anos. b) Terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é o comum de dez anos. c) Não terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é de dois anos. d) Terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é de cinco anos. e) Não terá direito ao recebimento de todos os aluguéis devidos, tendo em vista que o prazo prescricional neste caso é de três anos. Comentário: Art. 206. Prescreve: ... § 3o Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; Gabarito letra E. 08. FCC 2012/TRT 4ª/Juiz. Com relação à prescrição, é correto afirmar que a) Iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. b) Não corre contra os relativamente incapazes. c) Se admite apenas a renúncia expressa à prescrição. d) Não pode ser declarada de ofício. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 65 e) Os prazos de prescrição podem ser alterados, mas desde que por acordo expresso. Comentário: $OWHUQDWLYD�³D´�FRUUHWD� Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. $OWHUQDWLYD�³E´�HUUDGD� Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. $OWHUQDWLYD�³F´�HUUDGD� Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. $OWHUQDWLYD� ³G´� errada. Lembre-se do que estudamos em aula tanto a decadência (se estabelecida por lei) quanto a prescrição serão reconhecidas de ofício pelo juiz, independente da arguição do interessado. $OWHUQDWLYD�³H´�HUUDGD� Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Gabarito letra A. 09. FCC 2012/TCE-AP/Analista. Em matéria de prescrição, é correto afirmar: a) A renúncia da prescrição só pode ser expressa. b) Os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo das partes. c) O juiz não pode reconhecer a prescrição de ofício. d) A interrupção da prescrição poderá ocorrer mais de uma vez. e) A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. Comentário: $OWHUQDWLYD�³D´�HUUDGD� Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 65 renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. $OWHUQDWLYD�³E´�HUUDGD� Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. $OWHUQDWLYD�³F´�HUUDGD��1RYDPHQWH�OHPEUH-se da aula: tanto a decadência (se estabelecida por lei) quanto a prescrição serão reconhecidas de ofício pelo juiz, independente da arguição do interessado. $OWHUQDWLYD�³G´�HUUDGD� Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar- se-á: $OWHUQDWLYD�³H´�FRUUHWD� Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. Gabarito letra E. 10. FCC 2012/TJ-PE/Oficial de Justiça. O Código Civil brasileiro estabeleceu prazos específicos para a ocorrência da prescrição em diversas hipóteses. Assim, segundo este diploma legal a pretensão para juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela, prescreve em a) Um ano. b) Dois anos. c) Três anos. d) Quatro anos. e) Cinco anos. Comentário: Art. 206. Prescreve: § 3o Em três anos: III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; Gabarito letra C. 11. FCC 2012/TJ-PE/Oficial de Justiça. De acordo com o Código Civil brasileiro, salvo disposição legal em contrário, à decadência a) Não se aplicam as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. b) Aplicam-se as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi. Aula ʹ 05 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 65 c) Aplicam-se apenas as normas que impedem a prescrição, sem exceção. d) Aplicam-se apenas as normas que suspendem ou interrompem a prescrição. e) Aplicam-se as normas que impedem a prescrição, com exceção das relacionadas à pessoa absolutamente incapaz de exercer os atos da vida civil. Comentário: Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Gabarito letra A. 12. FCC 2011/TRE-AP/Analista Judiciário - Área Judiciária. Marina, advogada, foi contratada por Gabriela para ajuizar execução de contrato particular não cumprido mediante o pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 7.000,00, a serem pagos até o trânsito em julgado da demanda. O mencionado processo transitou em julgado, mas Gabriela
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