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18/03/2013 1 FALHAS POR FLUÊNCIA � É o fenômeno de deformação lenta, sob ação de uma carga constante aplicada durante longo período de tempo a uma temperatura superior a 0,4 vezesTemperatura de fusão em Kelvin. � Tdf:Tensão que causa uma deformação por fluência de 1% após 100.000 horas na temperatura considerada � Trf: Tensão que causa a ruptura do material por fluência após 100.000 horas na temperatura considerada � LR: Tensão de ruptura na temperatura considerada ou na temperatura ambiente (o que for menor) � LE: Tensão de escoamento na temperatura considerada ou na temperatura ambiente (o que for menor) 18/03/2013 2 � A fluência é definida quando ocorrem deformações permanentes em condições de elevada temperatura sob tensões mecânicas por tempos longos de solicitação; � Como exemplos têm-se os rotores de turbinas a jato e componentes de geradores a vapor; � A fluência não pode ser confundida com o escoamento plástico proposital causado nos processos de conformação a quente nos quais os níveis de tensão são mais elevados; � Todos os materiais sofrem fluência. Nas ligas metálicas a fluência ocorre para temperaturas de trabalho acima de 40% de suas temperaturas de fusão; Polímeros amorfos como plásticos e borrachas são os materiais mais sensíveis à fluência; Trincas causadas por fluência num fole utilizado em indústria química Falha por fluência num componente utilizado em indústria mecânica Trincas de fluência num tubo de aço inoxidável 304 � As ligas metálicas apresentam uma curva característica de fluência (deformação x tempo) composta por três regiões: P – Primária ou transiente S – secundária ou regime-permanente T – terciária ou final I – deformação instantânea tempo P S T I ε 18/03/2013 3 � A morfologia dos grãos cristalinos também influencia a resistência à fluência das ligas metálicas; � Os contornos de grãos são sítios preferenciais para diversos fenômenos metalúrgicos, como a precipitação de partículas, a nucleação de grãos recristalizados e a nucleação de trincas; � A figura a seguir mostra como a resistência à fluência pode ser aumentada pelo controle da microestrutura bruta de solidificação, partindo-se de grãos equiaxiais com vários pontos triplos nos contornos de grãos, passando-se por uma estrutura solidificada unidirecionalmente com menor número de contornos e pontos triplos até a situação ideal de um componente monocristalino, ou seja, sem contornos de grão; Influência da microestrutura na resistência à fluência Aumento da resistência à fluência Monocristal Grãos equiaxiais Grãos colunares � Como a temperatura e a tensão permanecem praticamente constantes, a fluência deve ocorrer devido à alterações microestruturais ao longo do tempo de utilização do componente; � Essas alterações são causadas por processos como o deslizamento transgranular, a formação de sub-grãos, o deslizamento dos contornos de grãos, a dissolução de partículas duras, a formação de partículas dúteis e a nucleação de grãos recristalizados e de trincas em pontos triplos; � Na figura a seguir observam-se as modificações da microestrutura de um aço inoxidável submetido a elevadas temperaturas e baixas tensões por tempos longos; � Nas micrografias dos corpos fraturados observa-se a influência da temperatura e da tensão no tempo de fratura (tf) e o aumento de grão em função do tempo de ensaio; Alterações microestruturais de um aço inoxidável causadas por fluência 18/03/2013 4 � Várias ligas metálicas foram desenvolvidas para apresentar uma elevada resistência à fluência; � As características metalúrgicas normalmente associadas à ligas metálicas com alta resistência à fluência são um elevado ponto de fusão, alto módulo de elasticidade, e tamanho de grão grosseiro. � Alguns dos materiais metálicos resistentes à fluência são os aços inoxidáveis, os metais refratários e as super-ligas à base de níquel ou cobalto. � Nesses materiais, a resistência à fluência se dá tanto pelo efeito da solução sólida, como pela presença de uma segunda fase dispersa na matriz que é insolúvel nas temperaturas empregadas, que evita a ocorrência dos processos metalúrgicos causadores da fluência. Microestrutura do aço inoxidável austenítico NF709 (25Cr20Ni) com elevada resistência à fluência � A próxima figura apresenta as alterações microestruturais ocorridas no ensaio de fluência da super-liga à base de níquel. � A foto (a) apresenta o material em sua condição inicial com uma microestrutura dos precipitados semelhante a um “tecido”. � O corpo-de-prova rompeu após 400 horas ao ser submetido a uma tensão de 137 MPa numa temperatura de 1080 ºC. � A foto (b) representa uma seção a 4 mm da seção fraturada e a foto (c) uma seção a 1 mm dessa seção. � A forma da microestrutura em “tecido” ajuda a manter a taxa de fluência baixa durante a região secundária. � Na fase terciária, essa estrutura se degenera, como se observa nas fotos (b) e (c), levando o componente à fratura. Modificações microestruturais da super-liga TMS-17, Ni-6Cr-10W-5Al-11Ta 18/03/2013 5 Falha de vedação num componente automotivo por fluência do anel de borracha � Em geral a fluência que ocorre no estágio primário é rápida (algumas horas) e seu valor fica próximo a 1%. Essa deformação para a grande maioria das aplicações é considerada desprezível � Utilizando os resultados dos ensaios típicos de fluência pode-se construir um gráfico tensão x temperatura para os materiais, onde se determina a tensão que causa uma deformação aceitável de 1% em um determinado intervalo de tempo (1000h 10.000h ou 100.000h), dependendo do tipo de componente, para determinada temperatura � Baixas temperaturas: Os contornos de grão freiam o movimento das discordâncias: Em geral grão pequeno melhor. � Altas temperaturas: Os mecanismos do processo de fluência se desenvolvem nos contornos de grão, movimentos de vazios e de discordâncias: Em geral grão grande melhor. � No exemplo ao lado, o caso “b” (fundição unidirecional) apresenta tempo de ruptura 2,5X maior que o caso “a” (fundição convencional), e 9X maior para lâminas monocristalinas. � Como os ensaios de fluência tendem a ser muito longos, a relação da tensão aplicada e o tempo até a ruptura quando “graficados” em escala logarítmica tendem a ser retas. Realiza-se ensaios em tensões altas cuja duração do ensaio tende a ser pequena e se extrapola as retas para valores de tempo maiores. 18/03/2013 6 � Outro efeito degradante que atua sobre os materiais quando expostos à alta temperatura, além da fluência, é a oxidação superficial. � A reação química do material da superfície com o meio forma compostos cerâmicos em geralfrágeis (óxidos, sulfetos etc...) que tendem aquebrar e portanto reduzem a seção resistentedo componente. � Em aços se adiciona cromo em teores crescentes para aumentar a resistência desses materiais à oxidação em temperaturas crescentes. � Desta forma aços para trabalho a alta temperatura em geral contém Mo de 0,5% até 1 %(resistir à fluência) e Cr de 1,5% até 7% (para resistir à oxidação) antes de se optar por aços de alta liga, do tipo inoxidável. 18/03/2013 7
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