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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Departamento de Engenharia Metalúrgica EMT 017- FÍSICO-QUÍMICA METALÚRGICA Prof. Edwin Auza VillegasProf. Edwin Auza VillegasProf. Edwin Auza VillegasProf. Edwin Auza Villegas 2002002002008888 FUNDAMENTOS DE CINÉTICA FUNDAMENTOS DE CINÉTICA FUNDAMENTOS DE CINÉTICA FUNDAMENTOS DE CINÉTICA APLICADA A APLICADA A APLICADA A APLICADA A PROCESSOS METALÚRGICOS PROCESSOS METALÚRGICOS PROCESSOS METALÚRGICOS PROCESSOS METALÚRGICOS 1 O presente material didático foi exclusivamente preparado para uso na disciplina EMT 017- Físico-Química Metalúrgica, do Departamento de Engenharia Metalúrgica da UFMG. Visto que num futuro próximo e após as revisões pertinentes, este texto será editado como livro, o autor agradece aos seus alunos usuários o sigilo necessário quanto á divulgação externa. Atenciosamente Prof. Edwin Auza Villegas Belo Horizonte, 03/2008 NOTA DO AUTORNOTA DO AUTORNOTA DO AUTORNOTA DO AUTOR 2 FUNDAMENTOS DE CINÉTICA APLICADA A PROCESSOS METALÚRGICOS C O N T E Ú D O PPAARRTTEE II -- AApplliiccaaççõõeess ddee CCiinnééttiiccaa HHoommooggêênneeaa 11 Introdução a Cinética Aspectos Gerais - Cinética e Termodinâmica - Importância da Cinética metalúrgica - Objetivos e alcance deste estudo 22 Métodos e Técnicas Experimentais Métodos experimentais da Cinética Química – Métodos experimentais da Cinética Metalúrgica 33 Fundamentos de Cinética Química Aplicada Classificação cinética das reações químicas - Classificação das reações complexas - Expressões da velocidade de reação para sistemas homogêneos e heterogêneos - Definições de velocidade de reação - Conversão de formas de velocidade de reação - Variáveis que afetam a velocidade de reação 44 Caracterização Cinética de Reações Metalúrgicas Modelamento matemático de reações elementares – Componentes de uma equação cinética – Caracterização cinética de sistemas metalúrgicos- Análise de reações complexas 3 55 Cinética das Reações Elementares Análise cinética de processos - Resolução de equações cinéticas - Aplicações em processos metalúrgicos - Problemas 66 Cinética de Sistemas Complexos Classificação das reações complexas - Análise de reações reversíveis - Análise de reações paralelas - Análise de reações paralelas catalisadas - Análise de reações consecutivas - Caracterização de reações reversíveis - Caracterização de reações consecutivas - Análise cinética de processos não - ideais 77 Interpretação de Dados Cinéticos Introdução - Método Integral ou da Integração - Método da Vida-meia - Método Diferencial - Comparação entre os Métodos de análise 88 Velocidade de Reação e a Temperatura Teoria de Arrhenius - Determinação Experimental da Energia de Ativação - Teoria do Estado de Transição - Determinação Experimental da Entalpia e Entropia de Ativação PPAARRTTEE IIII -- AApplliiccaaççõõeess ddee CCiinnééttiiccaa HHeetteerrooggêênneeaa 99 Introdução a Sistemas Heterogêneos Introdução – Reatores usados em processos heterogêneos – Taxas das reações heterogêneas – Determinação do mecanismo de controle de reações heterogêneas 1100 Velocidade de Reação e a Interface Influência da presença das interfaces – Cinética e a natureza da interface – Influência da modificação da área da interface – Geometria da interface. 4 1111 Cinética de Partículas Sólidas Introdução á cinética de partículas sólidas - Classificação das Reações Gás/Sólido - Cinética de Partículas Sólidas - Modelos de Reação - Fração reagida de uma Partícula Sólida. 1122 Aplicações Metalúrgicas dos Modelos Heterogêneos Aplicações em reações pirometalúrgicas – Redução de óxidos de ferro – Processos de ustulação, calcinação e cloração - Aplicações em processos hidrometalúrgicos – Processos de lixiviação e precipitação aquosa- Processos de corrosão eletroquímica. 5 Aplicações de Cinética Homogênea PARTE I 6 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO A CINÉTICA 1-1. Aspectos Gerais É conhecido que as condições de equilíbrio químico que controlam um processo podem ser avaliadas geralmente através de considerações termodinâmicas, podendo- se, desta maneira, obter uma idéia sobre a tendência de uma reação para proceder numa direção determinada. Deve-se, no entanto, observar que o enfoque termodinâmico não proporciona nenhuma informação acerca da velocidade de reação. Por tanto, as velocidades de consumo de substâncias reagentes e/ou de obtenção de produtos de reação não podem ser calculados a partir desses dados. A importância do estudo dos mecanismos e velocidades de reação pode ser objetivamente demonstrada através do seguinte exemplo tomado do campo prático da engenharia metalúrgica: A reação entre carbono e oxigênio para produzir o gás CO durante a fabricação do aço líquido é acompanhada de uma mudança substancial de energia livre favorável ao processo. A reação é representada por: C (Fe) + O (Fe)→ CO (g) (1-1) onde C(Fe) e O (Fe) indicam C e O2 dissolvidos no banho de Fe líquido. Nesta reação o conteúdo de carbono e oxigênio pode alcançar níveis maiores do que os indicados pelo equilíbrio do sistema sem que possa se observar a ocorrência de reação de maneira apreciável. Isto, na realidade, é apenas um indicativo de que não existe contato suficiente entre os reagentes carbono e oxigênio. Se através do banho de metal líquido é injetado um gás inerte tal como argônio ou nitrogênio, pode-se produzir uma intensa ebulição causada pela evolução de CO, indicando isto que houve uma maior freqüência de contato entre o C e o oxigênio dissolvidos no banho. As taxas de reação variam entre os extremos de quase instantânea neutralização de um ácido forte pela ação de um álcali forte e a queima de um combustível gasoso no ar na temperatura ambiental, processo que é praticamente imperceptível. � Aspectos Gerais � Cinética e Termodinâmica � Importância da Cinética metalúrgica � Objetivos e alcance deste estudo 7 Tradicionalmente o ensino de cinética para engenheiros metalúrgicos tem sido ministrado geralmente pelos setores de engenharia química das universidades onde é dada principal ênfase a sistemas homogêneos (reações em uma fase). No entanto, observa-se que a maior parte dos processos metalúrgicos envolve sistemas heterogêneos onde as reações se processam em mais de uma fase ou nas interfaces. Daqui pode-se observar que, do ponto de vista da engenharia química, raramente são abordados sistemas típicos de interesse para metalurgistas. Por outro lado, os procedimentos de enfoque dos problemas característicos que correspondem a estas duas áreas da engenharia diferem fundamentalmente devido precisamente à diferente natureza dossistemas químicos e metalúrgicos. Este fato coloca em evidência a importância e a necessidade de dedicar trabalho e esforço para organizar um programa de estudos aplicados direta e exclusivamente a sistemas típicos existentes dentro do campo da metalurgia. Por exemplo, as propriedades de transporte em metais líquidos e escórias são bastante diferentes das propriedades de sistemas aquosos orgânicos. É também conhecido o fato de que os mecanismos de difusão em sistemas gás/sólido, em conjunção com reações químicas nas interfaces, são de grande importância para engenheiros metalurgistas. Outros exemplos servem para justificar a iniciativa de realizar estudos específicos em áreas de processamento metalúrgico que são de interesse primordial para os engenheiros metalúrgicos em áreas que lidam com a metalurgia química e extrativa e para engenheiros de corrosão e projeto de reatores. Não é possível, porém, subestimar o valor e a aplicabilidade dos princípios e fundamentos da cinética homogênea. Sem estes conhecimentos, o desenvolvimento de modelos heterogêneos, básicos para o estudo de processos metalúrgicos, teria sido praticamente impossível. Para quem estuda cinética, não é infreqüente descobrir que o uso de princípios simples de cinética química homogênea, pode muitas vezes conduzir a resultados tão precisos ou melhores do que aqueles obtidos com a aplicação de modelos heterogêneos. De fato, não é raro acontecer que o tempo e trabalho empregados para encontrar um resultado, usando um modelo heterogêneo específico, sejam improdutivos para a precisão e aplicabilidade desejados, quando comparados com o uso de modelos homogêneos simples e de fácil execução. Pelos motivos expostos acima, uma das partes centrais do presente estudo será concentrada no estudo e aprendizado da aplicação prática dos fundamentos cinéticos de modelos químicos homogêneos à elucidação dos aspectos cinéticos de processos metalúrgicos. 8 1- 2. Cinética e Termodinâmica A cinética e a termodinâmica são áreas da ciência que oferecem grande apoio para o entendimento dos processos extrativos da engenharia metalúrgica. Tradicionalmente existe o hábito de avaliar as possibilidades de ocorrência dos processos metalúrgicos através do conhecimento das energias livres das reações envolvidas. Por exemplo o processo de produção de Pb, a partir de minérios sulfetados, utiliza como base a reação: PbS(s) + 3/2 O2(g) = PbO(s) + SO2(g) (1-2) a qual, a 25 oC, ocorre com uma variação de energia livre padrão de aproximadamente –63,5 kcal/mol. No entanto, a experiência comprova que após vários meses de início da reação podem ser obtidas apenas quantidades insignificantes do produto. Este fato é devido a que a reação, nessa temperatura, procede com uma velocidade de reação muito pequena e não existe evidentemente, uma produção significativa de PbO. O anterior exemplo serve para ilustrar o fato de que, para ter uma apreciação completa das possibilidades reais da ocorrência de reações químicas e metalúrgicas , as informações termodinâmicas são necessárias, porém não suficientes. Informações da cinética dos processos são igualmente necessárias e complementares aos dados termodinâmicos . É recomendável guardar sempre em mente a seguinte idéia: As possibilidades reais da implantação de um processo extrativo devem ser determinadas tanto através de estudos da termodinâmica quanto da cinética das reações envolvidas no processo. 1- 3. Importância da Cinética Metalúrgica Como foi já mencionado, a maior parte das vezes o engenheiro metalurgista confronta problemas que compreendem sistemas heterogêneos. No entanto, diante do fato de que sistemas heterogêneos são nada mais do que conjuntos de sistemas homogêneos sendo processados de forma simultânea e sinérgica, pode-se observar que durante os estudos cinéticos, freqüentemente processos metalúrgicos extrativos podem ser focalizados como sistemas homogêneos. Este enfoque é particularmente útil quando existem indicações de que a cinética do 9 processo é controlada por reações que ocorrem em uma das fases do sistema . Neste caso o uso de modelamentos de cinética homogênea será suficiente para caracterizar a cinética global do processo heterogêneo. O anterior procedimento não será aplicável em situações em que existem indicações de que os mecanismos de controle estão relacionados com processos que ocorrem nas interfaces ou fenômenos de transporte de massa ou transferência de calor. O quadro 1-1 fornece uma listagem dos processos e operações unitários mais importantes nas áreas de metalurgia química e extrativa. QUADRO 1.1 Operações e Processos Heterogêneos Importantes em Metalurgia Extrativa NTERFACE OPERAÇÃO PROCESSO REAÇÃO S / G Adsorção Oxidação Calcinação Ustulação Redução S1 + G ���� S2 S1 ���� S2 + G S1 + G1 ���� S2 + G2 S / L Fundição Dissolução Cristalização Lixiviação Cementação S + L1 ����L2 S1 + L1 ���� S2 + L2 S / S Sinterização Transf. de Fase Red. Carbotérmica Red. Metalotérmica S1 + S2 ���� S3 + G S1 + S2 ���� S3 + S4 L / G Destilação Condensação Refino Redução Aquosa L1 + G1 ���� L2 + G2 L1 + G ����L2 L / L Processos de Transferência de Massa ♦ Extração por Solventes ♦ Refino por contato Escória/Banho metálico ♦ Extração em fase líquida ♦ Extração em fase gasosa S / L / G Flotação Floculação Corrosão Eletroquímica S + L1 + G ���� L2 S1 + L1 + G ���� S2 + L2 Deve observar-se, no quadro anterior, que praticamente todas as áreas importantes 10 do processamento de minerais e minérios por métodos metalúrgicos o de concentração envolvem reações de caráter heterogêneo. Assim pode-se encontrar reações em meios aquosos, reações no estado de vapor, reações pirometalúrgicas que compreendem interações entre sólidos, gases e banhos metálicos, e também reações de caráter eletroquímico como são os processos de corrosão, eletrorefino e eletrorecuperação. Observa-se também que os sistemas heterogêneos apresentam maior ou menor complexidade dependendo do número de fases envolvidas. Neste contexto são ressaltados os processos de flotação e corrosão eletroquímica, como sendo os sistemas mais complexos visto que além das fases sólida e gasosa, podem coexistir uma fase formada por um líquido orgânico e outra por um líquido inorgânico. 1-4. Objetivos e Alcance deste Estudo Este texto envolve basicamente o estudo dos conceitos e fundamentos da cinética química e a sua aplicação específica às reações químicas que ocorrem em sistemas metalúrgicos extrativos. Serão também estudados, nos últimos capítulos, os conceitos dos processos heterogêneos de forma introdutória. Decorrente do que foi discutido nos anteriores itens, os seguintes dois tipos de reações serão considerados: Reações Homogêneas: que são aquelas que se processam em apenas uma fase, por exemplo, as reações entre moléculas de gases para dar produtos gasosos, ou reações numa solução aquosa onde os reagentes e os produtos permanecem dissolvidos em água. Reações Heterogêneas : que envolvem sistemas de mais de uma fase; no âmbito metalúrgico, por exemplo, a transferência de umasubstância da escória líquida para o banho metálico num processo de fusão redutora, ou a reação entre um gás oxidante e uma superfície metálica para formar uma película de óxido. Os mecanismos das reações homogêneas são, de forma geral, menos complicados do que os de reações heterogêneas; por esta razão, na primeira parte deste estudo será focalizado o tratamento e estudo das reações e mecanismos homogêneos. Dentro deste contexto será estudada a aplicação especifica dos princípios cinéticos a sistemas metalúrgicos reais enfocando-se tanto a definição dos mecanismos quanto à determinação de parâmetros que permitiram eventualmente chegar ao projeto de reatores metalúrgicos. 11 No decorrer dos diferentes capítulos o estudo dos diferentes conceitos cinéticos será ilustrado com aplicações no campo da metalurgia. Na maior parte dos casos serão estudados especificamente os aspectos cinéticos de processos típicos da metalurgia extrativa. Uma introdução aos modelos heterogêneos aplicáveis a processos metalúrgicos será também elaborada na segunda parte do estudo. 12 CAPÍTULO 2 – MÉTODOS E TÉCNICAS EXPERIMENTAIS O estudo da cinética de reações envolve a análise da influência de variáveis do sistema sobre as velocidades com as quais se processam estas reações. Além das variáveis que determinam o sentido e extensão das reações, existem outros fatores que afetam a cinética global dos processos. Entre estes podem ser citados a forma e natureza dos reagentes e produtos de reação, a presença de interfaces, a presença de substâncias catalisadoras ou inibidoras das reações e a presença de um determinado quantum de energia o qual permite iniciar e acelerar uma reação. Os parâmetros que influenciam a cinética dos processos heterogêneos são freqüentemente diferentes dos que controlam as reações homogêneas. Isto está relacionado com o fato de que, muitas vezes, os processos heterogêneos são controlados por reações que ocorrem nas interfaces. Devido à existência desta diferença marcada, é conveniente definir a "cinética metalúrgica" corno sendo a parte da cinética que estuda as reações metalúrgicas principalmente de natureza heterogênea. Este campo da metalurgia possui modelos cinético-matemáticos que são especificamente aplicáveis aos processamentos existentes na metalurgia extrativa. Dentro do anterior contexto, a "cinética química" será aqui definida como o campo de estudo dos princípios e fundamentos aplicados a todas as reações químicas em geral e às reações homogêneas em particular. 2.1. Métodos Experimentais da Cinética Química Considerando reações homogêneas em geral, as variáveis importantes que afetam estes sistemas são a concentração das substâncias reagentes e a temperatura. A inter-relação existente entre estes dois parâmetros e a velocidade de uma reação homogênea é representada pela equação de velocidade de reação ou taxa de reação. Para determinar a dependência da velocidade de reação da concentração de reagentes no sistema, será necessário realizar experiências isotérmicas onde pode-ser � Métodos experimentais da Cinética Química � Métodos experimentais da Cinética Metalúrgica 13 acompanhada a variação de uma ou mais propriedades físicas do sistema em função do tempo. A partir destas medidas pode-se determinar a variação da concentração das espécies e a maneira como esta afeta a cinética global do sistema. Qualquer propriedade física pode ser medida com a condição de que esta varie em concordância com as mudanças da mistura de reação durante a conversão de reagentes em produtos. Assim por exemplo durante uma reação gasosa que procede a volume constante, a velocidade de reação pode ser obtida a partir do acompanhamento das mudanças de pressão no sistema ou também as variações de volume para um sistema a pressão constante. Para reações homogêneas em solução, é comum a medição de variações nos índices de refração e/ ou rotação ótica em substâncias que exibem atividade ótica. Entretanto, na maior parte dos casos é aconselhável fazer medições diretas da concentração das substâncias em solução em função do tempo. Observe, por exemplo, a reação de uma substância A contida numa solução líquida, para dar um produto R, expressa por: A (sol) → R(sol) (2-1) Tendo como 0AC ≡ concentração inicial de A em mol/cm 3, a evolução da reação pode ser acompanhada num diagrama C Vs. t tal como mostrado na seguinte figura: FIGURA 2.1. Curva de Evolução do consumo de A segundo a reação 2-1 Observe, na figura acima, que a velocidade instantânea de consumo de A, num tempo tA, pode ser calculada através da inclinação da tangente no ponto CA. Observa-se que a evolução da reação pode ser também acompanhada através da formação de R em função do tempo. C 0 AC 0 t A R ���� AdC dt − CA tA 14 Para a determinação da influência da variação da temperatura, as experiências anteriores podem ser repetidas a várias temperaturas é determinar a variação da velocidade de reação em cada caso. Nestas experiências isotérmicas será sempre observada a variação das concentrações em função do tempo. 2.2. Métodos Experimentais da Cinética Metalúrgica De forma geral, a maior parte dos métodos e técnicas usados para a obtenção de dados experimentais em processos metalúrgicos, envolvem adaptações ou modificações dos procedimentos da cinética química. Todas as técnicas objetivam a determinação das dependências existentes entre as velocidades de reação e a temperatura e concentração das substâncias presentes. Estas são adaptáveis em maior extensão para reações hidro e eletrometalúrgicas. No entanto, visto que em processos pirometalúrgicos, é necessário simular reações em temperaturas elevadas, são usados sofisticados esquemas de levantamento de dados experimentais normalmente constituídos de fornos piloto e de laboratório dotados de sistemas on-line para a captação de dados cinéticos. O procedimento usual envolve a medição das variações isotérmicas de concentração, pressão ou volume de fluidos ou substâncias em solução, e o acompanhamento do desaparecimento/ acumulação de substâncias sólidas em função do tempo. A determinação da influência da variação de temperatura sobre a velocidade de reação é realizada através de séries de experiências mantendo-se a concentração constante nas quais é variada a temperatura. A seguir, a modo de ilustração, serão discutidos os esquemas experimentais usados em dois sistemas metalúrgicos importantes; os sistemas gás/sólido e metal líquido/escória. Sistema G/S- Método Termogravimétrico Muitas reações metalúrgicas se processam no sistema heterogêneo G/S. As reações mais comuns e importantes podem ser estudadas no anexo 7. Estas reações podem ser encontradas em diferentes campos da pirometalurgia extrativa, por exemplo: ♦ Reações de preparação de matérias para redução: processos de ustulação e calcinação ♦ Reações de redução com geração de produtos sólidos ♦ Reações de cloração, sulfatação, carbonatação, etc. Uma das técnicas mais usadas em trabalhos de laboratório, que é aplicada ao estudo da cinética do sistema gás/ sólido, é o método termogravimétrico-Figura 2.2. 15FIGURA 3-1. Aparelho Termogravimétrico para medidas no Sistema G/S FIGURA 2.2. Representação esquemática do Aparelho Termogravimétrico A técnica termogravimétrica consiste na medição da variação de peso de uma amostra exposta à reação, em função do tempo a pressão e temperatura constantes e a velocidade de reação é obtida como a taxa de variação da massa dos sólidos em função do tempo, isto é: -1S G dW f (C , T) |g t | dt − = (2-2) Como medidas complementares são realizadas tomadas continuas dos produtos gasosos para acompanhar as variações de concentração na fase gasosa, isto é: -3 -1G G dC f (C , T) |mol cm t | dt = (2-3) A expressão cinética correspondente a cada sistema é definida por uma energia de ativação característica determinada através de técnicas experimentais nas quais são realizadas séries de experiências de laboratório variando a temperatura. Gás 10 Balança Digital FORNO GÁS Sistema de captura de gases •••• � Computador ON-LINE Amostra 16 Sistema Metal-líquido / Escória Um sistema que, devido a sua alta eficiência e precisão, tem sido utilizado extensamente nos últimos anos, envolve a célula de difusão em altas temperaturas que comporta banhos e escórias líquidos. Este sistema tem sido principalmente aproveitado em estudos e pesquisas na indústria siderúrgica para o desenvolvimento de novos processos e aços industriais. Nestes estudos são de particular interesse, dentro da cinética correspondente a este sistema, os aspectos que definem as influencias das variações de temperatura e composição dos metais e escórias líquidos, sobre as velocidades de transferência de elementos dissolvidos nos aços líquidos, que formam as impurezas do sistema. É conhecido que processos de refino em reatores de aciaria são integrados ao processo produtivo precisamente para eliminar essas impurezas tais como S, C, P, Mn, etc. Neste contexto, os estudos cinéticos tem como objetivo principal a determinação das velocidades de transferência das impurezas do banho metálico para a escória seguindo a trajetória banho metálico → interface ML/Escória → escória. A função matemática que define as taxas de transferência é expressa de duas formas: 1. Variação da concentração da impureza i, tanto no ML como na escória, em função do tempo para várias temperaturas, ou seja: -3 -1i i MLdC ( ) f (C , T) |mg cm t | dt = (2-4) 2. Variação no % da impureza presente na fase, i.e., -1i i d(%) f (C , T) |% t | dt = (2-5) Outro aspecto importante dos estudos cinéticos neste sistema é a determinação do mecanismo ou mecanismos da reações que ocorrem nas interfaces e o estabelecimento do passo mais lento do processo, o qual define o mecanismo controlador da cinética global. Em muitos casos este mecanismo está ainda rodeado de várias incógnitas. A Figura 2-3 mostra um esquema simplificado da “Célula de Difusão em Altas Temperaturas”. 17 FIGURA 2-3. Célula de Difusão para Estudos Cinéticos no Sistema Metal-Líquido / Escória ESCÓRIA METAL LÍQUIDO h Amostradores FORNO Cadinho de Cerâmica 18 CAPÍTULO 3 -FUNDAMENTOS DE CINÉTICA QUÍMICA APLICADA 3.1. Classificação Cinética das Reações Químicas Existem vários critérios para classificar as reações químicas do ponto de vista cinético. Como já foi visto, reações homogêneas e heterogêneas são aquelas que ocorrem em sistemas que envolvem uma fase e sistemas que envolvem mais de uma fase de diferentes propriedades, respectivamente. Tanto as reações homogêneas quanto as heterogêneas podem ser sub-classificadas em reações catalisadas e não-catalisadas. Uma reação catalisada e aquela cuja velocidade e acelerada pela presença de certas substâncias chamadas catalisadores. Os catalisadores geralmente não se usam em grandes quantidades e eles não participam ativamente do mecanismo de reação química como reagentes. Um efeito contrário ao do catalisador é produzido por um inibidor cuja presença decresce a velocidade de reação ou paralisa o processo de reação química. Uma outra classificação importante diferencia as reações simples ou elementares das reações complexas. Uma reação simples ou elementar é aquela que envolve só uma etapa de reação, por exemplo, a dissociação direta de uma molécula nos seus componentes; A2B → 2A + B (3-1) ou a reação de duas substâncias para formar um produto final A + B → AB (3-2) Uma reação complexa é formada por duas ou mais reações elementares. As reações complexas usualmente procedem devido à ocorrência de sub-reações intermediárias � Classificação cinética das reações químicas � Classificação das reações complexas � Expressões da velocidade de reação para sistemas homogêneos e heterogêneos � Definições de velocidade de reação � Conversão de formas de velocidade de reação � Variáveis que afetam a velocidade de reação 19 ou à produção de espécies intermediárias que estabelecem um mecanismo de transição para a formação dos produtos finais. Por exemplo a reação complexa; A + 2B → AB2 (3-3) na realidade pode ocorrer através do seguinte mecanismo: A + B → AB* (3-3a) AB* + B → AB2 (3-3b) onde AB* ≡ espécie intermediária metaestável. 3.2. Classificação das Reações Complexas As reações complexas são sub-classificadas em: a) Reações Reversíveis A + B C + D (3-4) formadas por duas reações simples, uma direta e uma inversa. Este tipo de reação deve ser estudado com atenção visto que muitos processos metalúrgicos procedem de maneira reversível. A caracterização de reações complexas será estudada no capítulo 6. b) Reações Paralelas A → B (3-5a) A → C (3-5b) onde o mesmo reagente forma dois produtos diferentes, ou dois reagentes formam o mesmo produto. c) Reações Paralelas Catalisadas A → B (3-6a) A + C → B + C (3-6b) Onde C ≡ catalisador. Observar que o catalisador não reage quimicamente com os reagentes do sistema. Ele, por um mecanismo de nucleação acelerada, aumenta as taxas de reação. →→→→ ←←←← 20 d) Reações Consecutivas ou em Série. A → B → C (3-7) onde o componente B é uma espécie intermediária. e) Reações mistas: formadas por diversas combinações dos casos anteriores, por exemplo: A + B AB (3-8) AB + A → A2B 3-3. Formas de Expressão da Velocidade de Reação Existe uma grande variedade de formas de expressão quantitativa da velocidade de uma reação. Para ilustrar este fato observa-se, por exemplo as seguintes formas: � Em reações gasosas: a quantidade de gás consumido ou produzido por unidade de tempo indicada pela variação da pressão parcial; � Em reações líquidas: a quantidade de líquido consumido ou reagido expressa pela variação do volume do sistema; � Em reações que envolvem sólidos: a quantidade de sólido que reage expressapela variação da área superficial inicial do sólido; � Em processos de análise química: a quantidade de titulador gasto por unidade de tempo. Pode-se observar que todas as situações acima envolvem a variação de uma propriedade quantitativa do sistema em função do tempo. E isto é o que define a velocidade de reação – a variação periódica das propriedades do sistema em função do tempo - Deve ser observado também que algumas propriedades são específicas dos gases, outras dos líquidos e outras dos sólidos; por exemplo não é possível expressar o consumo de um gás através da variação de uma área superficial. Porém o progresso da extensão de uma reação qualquer pode ser expresso de forma geral usando a variação do número de moles segundo o seguinte esquema: →→→→ ←←←← 21 FIG. 3.1 - Diversas Possibilidades de Extensão de uma Reação Observa-se que, se o elemento “tempo” é introduzido no diagrama da figura 3-1, o progresso das reações (extensão) poderá ser expresso, de forma genérica, em termos da variação do número de moles em função do tempo. Observe que para reações reversíveis o limite de reação está marcado pela condição de equilíbrio do sistema, i.e.,NA=N eq ou αA=αeq. Por outro lado, processos irreversíveis são caracterizados por uma extensão de reação completa, ou seja NA =0 ou αA= αT. 3.4. Definições de “Velocidade de Reação” De forma genérica a velocidade de reação é definida como "a variação do número de moles de uma substância envolvida na reação, em função do tempo". Assim para uma reação geral do tipo: A + B = C (3-9) a velocidade extensiva de reação, R, é matematicamente expressa como: R CA B dNdN dN - - = dt dt dt = = (3-10) onde R é uma propriedade extensiva do sistema, i.e, dependente da massa total presente, N é o número de moles e t é o tempo. R é expressa em moles/ unidade de tempo. Para uma reação não equimolar se terá que RA ≠ RB ≠ RC. Observe que o sinal negativo expressa consumo de reagentes e o positivo acumulação ou formação de produtos. Deve-se ressaltar que a equação 3-10 expressa as velocidades de consumo ou produção instantâneas de A,B ou C descritas graficamente pelas tangentes das respectivas curvas de consumo ou produção, tal NA = N o A NA = N o A - ννννA ααααA NA = NeqA NA = 0 No de Moles αααα=Extensão da reação ααααo = 0 ααααA ααααeq = ααααmax ααααT 22 como mostrado na seguinte Figura: FIGURA 3-1. Velocidade instantânea de consumo de A e produção de C Geralmente é conveniente expressar a velocidade de reação de forma intensiva, i.e, independente da massa do sistema. Neste caso deve ser escolhida uma variável de referência,Q, que normalmente é uma propriedade do sistema . Desta forma a velocidade intensiva pode ser escrita como: Ar A1 dN - Q dt = (3-11) A variável de referência Q depende da natureza do sistema sendo diferente para sistemas homogêneos e heterogêneos como será estudado a seguir. 3.4.1. Velocidade de uma Reação Homogênea Em processos homogêneos a variável de referência é usualmente o volume do fluido,V,ou o volume do reator, VR. Neste caso a velocidade intensiva de reação, r, será expressa como: Ar A1 dN - V dt = (3-12) onde , rA = velocidade intensiva de reação dada em moles t -1 V-1. Para um reator homogêneo de volume V = constante, pode-se anotar: NA = CA x V (3-13) N No 0 t A B C ���� ���� AdN dt − CdN dt 23 Onde CA ≡ concentração do reagente A em moles/cm 3. Combinando 3-12 e 3-13 se obtém: Ar | -3 -1AdC - |mol cm t dt = (3-14) Para um reator homogêneo a volume variável se tem: A A A d(C V) dC C dV dt dt V dt A1 dN 1 = V dt V = + (3-15) 3.4.2. Velocidade de uma Reação Heterogênea Em reações heterogêneas a variável de referência usada é geralmente a área interfacial de contato entre duas fases distintas. Assim num sistema sólido/fluído teremos a área superficial do sólido, AS e num sistema de duas fases liquidas de diferente densidade (metal líquido/escória por exemplo) se terá a área interfacial Ai. A velocidade intensiva de reação para um reagente sólido A, será expressa como: Ar | -2 -1A S 1 dN - |mol cm t A dt = (3-16) Freqüentemente ê mais conveniente definir a velocidade de uma reação heterogênea, em termos da variação de algum outro parâmetro do sistema, como a massa, o volume do sólido ou até a taxa de avanço das interfaces. Independente de qual seja a forma da equação de velocidade de reação usada, as relações funcionais permanecem as mesmas. Também outras variáveis de referência podem ser consideradas, como por exemplo a massa ou volume do sólido. 3.4.3. Relação entre as Velocidades de Reação de Diversos Componentes de um Sistema Considerar uma reação da forma geral: aA + bB → cC + dD As relações de consumo e produção dos diversos componentes da reação são as seguintes : A B C dR R R R a b c d = = − = − 1 1 1 1 (3-17) 24 Para sistemas heterogêneos, a relação 3-17 é válida só na modalidade de velocidades extensivas, visto que as variáveis de referência são diferentes para as diferentes fases componentes do sistema. As seguintes relações podem ser obtidas da equação 3-17: A B C d a c R R R R b d , = = (3-18) 3.5. Conversão de Formas de Velocidade de Reação A transformação de uma forma de velocidade de reação em outra é realizada através do uso de parâmetros físicos do sistema que são usados como coeficientes de transformação. Para tal são previamente necessárias uma série de informações não só quanto às propriedades do sistema, porém também quanto às quantidades dos materiais, dimensões do sistema e condições de operação atuantes. Assim mesmo, quaisquer informações cinéticas previamente existentes sobre os sistemas são extremamente úteis. Usualmente os tipos de informação necessários podem ser agrupados nos seguintes grupos: 1. Equações químicas estequiométricas, devidamente balanceadas, 2. Equações das diversas formas geométricas. Cálculo de volumes, área superficial, etc., para formas tais como chapas, esferas, discos,cilindros, etc., 3. Propriedades físicas dos componentes dos sistemas. Pesos atômicos, moleculares, densidades de líquidos e gases, pesos específicos de sólidos, etc., 4. Condições de operação, principalmente pressão, temperatura e concentração dos componentes, 5. Dimensões dos sistemas; volume dos reatores e as soluções , peso e área superficial dos leitos minerais, tamanho (diâmetro) das partículas, etc. Nos problemas de conversão usualmente aparecem diferentes situações que podem ser agrupadas nos seguintes casos: Caso 1: Conversão de taxas intensivas em extensivas e vice-versa, para um mesmo componente do sistema. Considerar, por exemplo, a reação geral: A(s) + B(g) → Produtos (3-19) Converter: RB |mol min -1| → rB |mol cm -3 h-1| 25 Problema Exemplo 3.1 Uma esfera de cobre de 2,6 cm de diâmetro ê oxidada em ar a uma temperatura de 250 oC. A taxade aumento de peso é 0,032 moles/min. Deseja-se calcular a taxa intensiva de formação de óxido usando a área superficial como variável de referência. SOLUÇÃO A reação de oxidação do cobre em ar é a seguinte: Cu(s) + ½ O2(g) → CuO(s) (a) Pode-se observar que a taxa de aumento de peso da esfera é a taxa de formação de óxido e é da forma: -1CuOdN = 0,032 mol min dt (b) Para expressar a taxa intensiva de aumento de peso em moles cm-2 min-1 divide-se a relação b pela área superficial, ou seja: -2 -1CuO S S dN 0,032 = |mol cm min | A dt A 1 (c) onde AS = 4pir 2 = 4 x pi x (1,3)2 = 21,24 cm2, logo, (d) Caso 2: Conversão de formas de velocidade de reação para um mesmo componente do sistema, por exemplo, usando o sistema do problema 3-1 calcular a taxa de oxidação em g m-2 s-1. SOLUÇÃO Para encontrar-se a taxa intensiva em g cm-2 min-1, pode utilizar-se a relação: CuOCuO W N PM(CuO) = (e) -2 -1CuO S dN 0,032 = = 1,51 mol cm min A dt 21,24 −× 3 1 10 26 onde: WCuO ≡ peso do CuO |g| e PM(CuO) ≡ peso molecular do CuO = 79,54 g/mol. Logo, substituindo e na equação d se obtém: -2 -1 -1CuO S dW = 1,51 |mol cm min | 79,54 |g mol | A dt −× ×3 1 10 -2 -1 4 2 -2 -1CuO S dW 1 = 0,12 |g cm min | 10 |cm m | | min s | A dt 60 × × 1 Caso 3 : Conversão de formas de velocidade de reação de um componente para outro do sistema, por exemplo, usando o sistema do problema 3-1 calcular a taxa de consumo de ar em L/h. SOLUÇÃO Visto que o ar e o óxido formam duas fases diferentes do sistema, com variáveis de referência diferentes, esta conversão deve ser feita somente na modalidade de velocidade extensiva, ou seja dN/dt. Pela estequiometria da reação a observar-se que: O -1CuO dN dN 0,032 = = 0,016 mol min dt dt 2 − =2 1 2 (f) Considerando que o oxigênio se comporta como gás ideal nas condições dadas se tem: 2 O O O p V N RT × = 2 2 (g) e para pressão de oxigênio no ar = constante , substituindo g em f se tem: O -1 O dV RT 0,016 |mol min | dt p − = ×2 2 (h) e usando os seguintes valores: pO2 = 0,21 atm. -2 -1CuO S dW = 20 g m s A dt 1 27 T= 523 K R= 0,082 L atm mol-1 K-1 em h, obtém-se: O -1 2 dV 3,27 L(O ) min dt − =2 , ou O -1 -1 dV , , L(Ar) m in | m in h | dt , = = ×2 3 27 15 6 60 0 21 Logo: 3.6. Variáveis que afetam a Velocidade de Reação A velocidade de reação é uma propriedade cinética a qual depende fundamentalmente das variáveis do sistema em consideração. Sendo assim as reações que correspondem a sistemas homogêneos e heterogêneos devem ser analisadas separadamente. 3.6.1. Sistemas Homogêneos Para um processo homogêneo, a velocidade intensiva de reação pode ser descrita pela seguinte relação funcional: ri = f ( Cn , T , P ) (3-20) onde: T ≡ temperatura , P ≡ pressão total , Cn ≡ concentração dos componentes da reação onde n = A,B, etc. Considerando-se a interdependência existente entre P e T, i.e., P=f(T), a relação 3-21 pode ser expressa como: (3-21) ri = f ( Cn , T ) -1ARdV L (Ar) h d t − = 936 28 3.5.2. Sistemas Heterogêneos Devido à existência de várias fases e interfaces os sistemas heterogêneos são de natureza mais complexa. Assim durante um processo heterogêneo, os materiais são geralmente movimentados e transportados entre as diferentes fases, dai que a velocidade de transporte de massa se torna um fator importante. Outro fator importante é a transferência de calor que ocorre entre as diferentes fases presentes e muitas vezes entre os materiais tratados e as paredes e/ou teto dos reatores. Um exemplo típico é a reação exotérmica que ocorre no interior de uma pelota porosa de um catalisador durante um processo de conversão. Por outro lado existem propriedades das superfícies que afetam, de forma secundária, as taxas de reação; entre estas as mais importantes são a viscosidade, a tensão superficial, a catálise na superfície e a radiação. Levando em conta as considerações expostas acima, a relação funcional 3-21, quando aplicada a sistemas heterogêneos, poderá ser estendida para a seguinte forma: (3-22) onde: Tm ≡ transporte de massa Tc ≡ transferência de calor ES ≡ efeitos de superfície ri = f ( Cn, T, Tm, Tc, ES ) 29 A N E X O S AANNEEXXOO 33..11. Cálculo da Velocidade de Avanço de uma Interface Sólida Quando as interfaces sólidas reagem em presença de fluídos (gases ou líquidos) freqüentemente as taxas de reação podem ser expressas em termos da velocidade de avanço das superfícies à medida que ocorre o progresso da reação. Estas são taxas lineares expressas normalmente em cm t-1. As taxas de avanço de interfaces planas ou esféricas podem ser descritas como mostrado na seguinte figura: Para encontrar-se a taxa de avanço da interface, geralmente usa-se as taxas extensivas ou intensivas de reação do sólido como ponto de partida. Para o cálculo efetivo será necessário utilizar as propriedades do sistema. Por exemplo se é conhecida a taxa intensiva de consumo de uma esfera metálica de um composto A, em mol cm-2 min-1, uma forma prática de realizar os cálculos é usar análise dimensional que pode ser equacionado como segue: A dNdr 1 X dt A dt = (a) onde X ≡ fator de transformação. Logo, por análise dimensional: | cm min-1| = | X | |mol cm-2 min-1| Logo, pode-se deduzir que as dimensões de X serão: | X | = | cm3 mol-1| o que indica que o fator de transformação,X, é volume molar do sólido calculado pela SÓLIDO GÁS OU LÍQUIDO Interface Plana -1dL | cm t | dt Interface Esférica ro -1dr | cm t | dt 30 relação: -1 -1 M -3 A PM(A) | g mol | V | cm mol | | g cm | = ρ 3 (b) onde VM ≡ volume molar de A , ρA ≡ peso específico de A. Substituindo b em a, obtém-se: (3-23) AANNEEXXOO 33..22. Cálculo da Área Útil de um leito de Partículas Sólidas Considerar um leito de partículas sólidas aproximadamente esféricas de um material A que reage com um gás B segundo o seguinte esquema: A(s) + B(g) → Produtos A área superficial útil do leito é calculada usando a seguinte relação: (3-24) onde: AL ≡ Área útil do leito Ap ≡ área superficial média das partículas no leito Nop ≡ número de partículas no leito fsp ≡ fator de superfície (fator que compensa pelos vazios no leito) fesf ≡ fator de esfericidade (devido à esfericidade irregular das partículas) Adr dN| cm | | mol | dt dt = ×-1 3 -1 -2 -1M 1 min V |cm mol | cm min A o -1 L p p sp esfA A N f f= × × × GÁS B θθθθp WL 31 O número de partículas é calculado usando a relação:o L Lp p p A W | g | W N = W | g | V ρρρρ = × (3-25) onde: WL ≡ massa total do leito Wp ≡ massa média das partículas Vp ≡ volume da partícula |cm 3| ρA ≡ peso específico do sólido A |g cm -3| 32 P r o b l e m a s Capítulo 3 3.1. A velocidade de reação de uma reação na fase líquida é 2 moles L-1 h-1. O peso molecular do reagente A é 40 g/mol, o volume do reator é 15 L e a massa total do sistema é 1 kg. Determinar a velocidade de reação em termos da relação gramas do reagente convertido por gramas do sistema por hora. R: 1,2 g (A) / g (sistema) x h 3.2. Uma esfera de um óxido, M2O, de 5 cm de diâmetro é reduzida com gás H2 formando uma camada concêntrica de metal poroso, M. Após um determinado tempo de reação, a velocidade média de redução é 5,2x10-3 moles(M2O) cm -2 min-1. Com estes dados deseja-se calcular : a) A velocidade de avanço da interface de reação em mm h-1. b) A taxa de produção de M em g m-2 s-1 c) A taxa de produção intensiva de vapor de água em cm3 g -1(M2O) min -1 D A D O S M= 60 g\mol , ρ(M2O)= 7,0 g\cm 3, VR = 4,5 L , T=500 oC , P= 1 atm. R: a) ≈≈≈≈ 60 mm h-1 , b) 104 g m-2 s-1 , c) 54 cm3 g-1 min-1 3.3. O processo de absorção de O2 em Cu líquido é estudado em laboratório usando-se um forno de indução, o qual contêm um cadinho cilíndrico de 10 cm de altura x 5 cm de diâmetro. Durante um experimento, em que se usa um gás contendo 40%O2-60%N2 a 1200°C e PT = 1 atm., pode-se verificar que o metal líquido ocupa 2/3 do volume do cadinho. Observa-se que, nas condições anteriores, a velocidade de absorção de O2 pré- aquecido é 6x10-4 moles min-1. Expressar: a) A velocidade de absorção de O2 em cm 3 s-1 b) A velocidade de absorção de O2 em atm s -1 c) A velocidade intensiva da absorção de O2 por unidade de superfície interfacial (interface Cu(L)/gás) em g (O2) cm -2 h-1. 33 R: a) 3,02 cm3 s-1 b) 0,018 atm s-1 c) 0,059 g (O2) cm -2 h-1 3.4. A oxidação de peças de Ni metálico em um ambiente de H2O-H2 a 250°C segue uma lei cinética parabólica. Num determinado período de tempo, a média de aumento de peso é dado como 0,26 g/s. A forma das peças metálicas é ilustrada na figura seguinte: 7 cm 10 cm 15 cm 25 cm 7 cm Determinar: a) A forma e valor da velocidade extensiva de oxidação usada em escala de laboratório b) A formas e valor da velocidade intensiva de oxidação usada em reatores comerciais R: a) ≈≈≈≈ 3,5x10-3 moles (NiO) s-1 b) 0,08 Kg-mol (NiO) m-2 h-1 3.5. É estudada a transferência de P em um aço líquido formado por 24%Cr-76%Fe, num cadinho de 10 x 2,5 cm. O banho líquido ocupa 65% do volume do cadinho. Numa série de experiências a 1600 oC, determina-se que a taxa de transferência de P é 0,32 moles cm-2 h-1. Deseja-se calcular: a) A taxa extensiva de transferência em g(P) s-1 R: 0,0135 g s-1 b) A taxa intensiva em g(P) g-1(aço) min-1 R: 3,33 x 10-3 g(P) g-1(Aço) min-1 DADOS : δAço = 7,63 g/cm 3 3.6. Está-se estudando a cinética de lixiviação de discos de Fe2O3 de 4,5 cm de diâmetro e 1,5 cm de altura usando a técnica de disco rotativo. Para tal objetivo, utiliza-se uma solução que contém 120 g/l de H2SO4 em um reator fechado, com 34 um volume de 2 litros. A velocidade inicial de dissolução é registrada como 3,82x10-2 moles s-1. Pede-se calcular: a) A velocidade intensiva de dissolução em moles cm-3 min-1 b) A velocidade de dissolução em g cm-2 h-1 com referência à área superficial da amostra c) A velocidade de dissolução em g g-1 s-1 com referência à massa total da solução R: a) 1,15x10-3 mol cm-3 min-1 b) 415 g cm-2 h-1 c) 0,025 g (Fe2O3) g -1(sol) s-1 3.7. Uma superfície metálica se oxida formando uma camada compacta de óxido cuja espessura vai aumentando linearmente com o tempo de reação segundo é mostrado no seguinte esquema gráfico: Observa-se que num determinado momento a velocidade de formação de óxido é 0,37 moles cm-2 por minuto. Com este dado deseja-se calcular a velocidade linear de oxidação (velocidade de avanço da superfície oxidada), dL/dt |mm s-1|. DADOS: Peso At. do metal = 40 g/mol , ρóxido= 4,5 g/cm 3 R: 0,767 mm s-1 3.8. Durante o refino de mate de cobre líquido em um convertedor Pierce-Smith obtém- se uma lei cinética de transferência de Fe à fase escória cujo valor médio durante certo tempo é de 0,22 kg-mol por minuto. O diâmetro do convertedor é de 2,75 m e seu comprimento é de 5,60 m. A composição inicial do mate é de 64%Cu2S-36%FeS e verifica-se que o banho ocupa 60% do volume do reator a 1250°C. Deseja-se encontrar: a) A velocidade extensiva de transferência de Fe em kg h-1 METAL ÓXIDO L 35 b) A velocidade intensiva da transferência (kg mC -3 min-1) c) A velocidade de transferência (lb ft-3 h-1) com referência ao volume inicial de mate d) A velocidade intensiva de transferência (kg-mol m-2 h-1) com relação à superfície interfacial, quando 50% do Fe foi transferido para a escória e) A velocidade intensiva de transferência (lb-mol kg-1h-1) com relação à massa inicial de mate. Para os cálculos assumir a densidade do banho como aproximadamente constante usando os seguintes dados. δFeS (L)=4,6 g/cm 3 , δCu2S (L)=5,7 g/cm 3 R: a) 739 kg h-1 b) 0,37 kg m-3 min-1 c) 2,3 lb ft-3 h-1 d) 2,22 kg-mol m-2 h-1 e) 2,75 x 10-4 lb-mol kg-1 h-1 3.9. A produção de tetracloreto de Ti líquido puro é realizada segundo a reação irreversível: FeTiO3(s) + 2Cl2(g) = FeO(s) + TiCl4(L) + O2(g) Durante uma experiência de laboratório é colocado dentro de um forno de 150 L um leito de FeTiO3 que pesa 2,3 kg. Calcular a área superficial útil do leito considerando que o diâmetro médio das partículas é 1,5 cm. DADOS: ρ(FeTiO3) = 5,0 g/cm 3 , fsp = 0,86 , fesf = 0,72 R: AL = 2174 cm 2 3.10. Com referência ao problema 3-9, registra-se que o leito reage com uma velocidade inicial de perda de massa igual a 0,42 mg cm-2 s-1. Nestas condições deseja-se calcular a taxa de consumo de Cl2 em L por kg(FeTiO3) por hora quando é usada uma mistura gasosa que contém 25%Cl2 num forno que opera a 760 oC e 3,5 atm. de pressão. R: 1818 L(Cl2) kg-1(FeTiO3) h-1 36 CAPÍTULO 4 – CARACTERIZAÇÃO CINÉTICA DE REAÇÕES METALÚRGICAS 4.1. Modelamento Matemático de Reações Elementares Para uma reação elementar da forma: aA + bB → cC + dD (4-1) a lei de "ação das massas" indica que a velocidade intensiva de reação, num momento determinado, t, é proporcional à concentração das substâncias reagentes presentes. Se este conceito é aplicado ao instante inicial da reação, pode-se indicar que a velocidade de reação é proporcional à concentração inicial dos reagentes no momento t =0. A velocidade de reação pode ser expressa em termos do consumo de reagentes ou acumulação de produtos. Assim a expressão matemática da lei de ação das massas para o consumo do reagente A é dada como:b A Br C aA A 1 dN - C V dt = α (4-2) onde: rA ≡ Velocidade intensiva de consumo de A CA , CB ≡ concentração dos reagentes A e B Usando uma constante de proporcionalidade, kA , pode-se escrever: b A Br C t | a -3A A A 1 dN - = k C |mol cm V dt −= 1 (4-3) Da mesma maneira pode ser expressa a taxa extensiva de acumulação de um produto, por exemplo C : b C BR C t | a C A= k C |mol −1 (4-4) � Modelamento matemático de reações elementares � Componentes de uma equação cinética � Caracterização cinética de sistemas metalúrgicos � Análise de reações complexas. 37 Como foi estudado no capítulo 3, observe que, para uma reação elementar, tanto as velocidades de consumo de reagentes/ acumulação de produtos, quanto as respectivas constantes cinéticas conservam uma relação determinada pelos correspondentes coeficientes estequiométricos da reação (vide equação 3-17); assim para a reação em consideração se terá: A B C dR R R R a b c d = = − = − 1 1 1 1 (4-5) e também: A B C dk k k k a b c d = = = 1 1 1 1 (4-6) No caso de uma reação equimolar se terá que: A B C dk k k k= = = Problema Exemplo 4.1 Dez moles de CO(g) reagem com ar de forma elementar num reator de 45 litros a pressão atmosférica a 600°C. O valor de kCO; nestas condições é 0,73. A) Escrever as velocidades intensivas de consumo de CO e Ar, e produção de CO2(g) B) Determinar quais são as unidades de kCO para |t|= min . C) Calcular os valores de O COk k e 2 2 SOLUÇÃO A reação homogênea entre CO e o oxigênio do ar é a seguinte: CO(g) + ½ O2(g) → CO2(g) (a) A) Sendo a reação a elementar, a velocidade intensiva de consumo de CO é escrita como: / CO Or C min | -1CO CO CO dN1 - = k C |mol L V dt −= 2 1 2 1 (b) e de consumo de O2 / O Or C min |2 -1 O CO k C |mol L −= 2 2 1 2 1 (c) sendo a fração molar de oxigênio no ar igual a 21%, pode-se escrever: 38 / Arr min | 2 2O CO O -1 k C C |mol L 0,21 −= 1 2 1 (d) e a velocidade de produção de CO2 é escrita como: / CO Or C min |2 -1 CO CO k C |mol L −= 2 2 1 2 1 (e) B) Observe que na equação b: |r| = mol L-1min-1 e |C|= mol L-1, logo: /CO / mol | k | | | | 2 CO CO O -1 -1 mol L min -1 -1 L mol L r | | C C | = × 1 21 2 logo: C) Observando a estequiometria da reação a, pode-se escrever: 4.2. Componentes de uma Equação Cinética Considerar uma equação cinética simples da forma: b B a AAA C C k r = (4-7) que representa a reação entre duas moléculas A e B. Os expoentes a e b caracterizam a forma da dependência entre a velocidade de reação e a concentração dos reagentes A e B. Neste caso a e b são conhecidos como a ordem da reação com respeito de A e B respectivamente sendo que, n = a + b = ordem total de reação. Observe que: 1/2 -1/2 -1 CO| k | L mol min==== CO CO O k k k 1/2 -1/2 -1 1/2 -1/2 -1 CO 0,73 L mol min = 1/2 k = 0,365 L mol min = = 2 2 Para reações elementares, a ordem da reação é dada diretamente pelos coeficientes estequiométricos da reação química, podendo ser um número inteiro ou fracionário. 39 O elemento k é chamado de constante cinética ou constante de velocidade de reação. k é uma função da temperatura e é através deste índice que se estabelece a dependência entre a velocidade de reação e esta variável. O valor e unidades de k variam dependendo do componente usado como variável referência, da ordem de reação e das unidades de concentração usadas. Por exemplo se na expressão 4-7 se faz a = 1 e b = 0 tem-se: C k r AAA = (4-8) e a reação é chamada de primeira ordem. Logo para esta reação, a volume constante, obtém-se: C k dt dC r AA A A =−= (4-9) onde: |rA | ≡ |mol V -1 t-1| e |CA | ≡ |mol V -1|; logo substituindo em 4-9: |kA| = |rA | / |CA | = |mol V -1 t-1| / |mol V-1| = |t-1| Se, por outro lado, para a expressão 4-7 se tem a = 1 e b = 1 , (reação de segunda ordem) teremos por cálculos análogos que: A| k | -1 -1 | C t |= (4-10) e para reações de terceira ordem onde a=2 e b=1 → n=3, obtém-se: A| k | -2 -1 | C t |= (4-11) Observando estes resultados, as unidades de k, para reações elementares podem ser generalizadas numa expressão da forma: )| k | i(1--1 | tempo concentração |Σα= × (4-12) onde: Σαi ≡ somatória dos coeficientes estequiométricos dos reagentes 4.3. Caracterização Cinética de Sistemas Metalúrgicos Caracterização cinética significa definir o estado cinético de um sistema ou um processo. A caracterização cinética de sistemas metalúrgicos é realizada através do 40 cálculo das taxas de reação nas condições às quais o sistema é submetido. Para isto são necessárias uma série de informações de diferente natureza. Estas são classificadas em 5 grupos: 1. Natureza e estado físico dos reagentes e produtos do sistema 2. Reações químicas 3. Condições de operação 4. Características cinéticas dos processos 5. Características dos sistemas 1. Natureza e estado físico dos reagentes e produtos do sistema: As seguintes informações devem ser incluídas: ♦ Estado físico dos reagentes e produtos ♦ Volumes e massas dos materiais ♦ Dimensões das amostras ou espécimes em reação ♦ Densidades de soluções líquidas ou banhos metálicos ♦ Peso específico dos compostos sólidos ♦ Variações das propriedades dos materiais em função das variáveis de operação 2. Reações químicas no sistema : Quando a cinética é processada através de reações elementares é necessário especificar a reação estequiométrica em consideração. Em processos não –elementares apenas deve ser especificado o estado dos reagentes. 3. Condições de operação : As condições de operação afetam principalmente as propriedades dos componentes gasosos. Devem ser especificadas a pressão, a temperatura, a composição das misturas gasosas e soluções, e as vazões de líquidos e gases. As propriedades de soluções aquosas e banhos metálicos são também afetadas por variações nas condições de operação 4. Características cinéticas dos processos : Do ponto de vista cinético para caracterizar um processo químico é necessário definir: ♦ A função elementar das reações ♦ As relações estequiométricas dos processos ♦ Os valores e unidades das constantes cinéticas ♦ A forma de dependência entre a velocidade de reação e as concentrações dos componentes das reações – ordens de reação ♦ As energias de ativação características 41 5. Características do Sistema: Neste grupo devem ser especificadas as dimensões dos reatores, frações ocupadas pelos reagentes, características de empacotamento e área superficial útil de leitos sólidos, tamanho e distribuição das partículas, etc. Os seguintes parâmetros de sistema são importantes em sistemas metalúrgicos: ♦ Densidade de ligas metálicas líquidas em função da temperatura - δL ♦ Densidade de soluções aquosas - δsol ♦ Coeficientes de compactação de leitos empacotados - fc ♦ Fator de superfície útil em leitos de partículas sólidas - fsp ♦ Coeficientesde esfericidade de partículas minerais - fe ♦ Coeficientes de elutriação em reatores de leito fluidizado - fel Os anteriores parâmetros são determinados experimentalmente para cada sistema dependendo do tipo de reator usado para processar as reações metalúrgicas. Procedimento quando existe uma equação cinética experimental Procedimento quando existe uma equação cinética experimental Procedimento quando existe uma equação cinética experimental Procedimento quando existe uma equação cinética experimental Neste caso deverão ser observadas as condições limitantes do processo e logo usar valores para os quais essas condições são aplicáveis. Substituindo-se esses valores na expressão experimental usualmente poderá ser calculada uma forma de velocidade de reação e logo ser transformada em outras formas tal como ilustrado no seguinte problema: Problema Exemplo 4.2 Um cubo de Fe de 6 cm de diâmetro facial é oxidado em ar segundo a seguinte lei cinética experimental com t = | s | : 2O Fe p35,2 dt dN ×=− Onde: PO2 = pressão parcial de oxigênio, em atm., válida entre 0,1 e 0,5 atm na temperatura ambiental. Deseja-se determinar o valor da velocidade intensiva de reação em g (Fe) por cm2 de material por minuto de exposição. SOLUÇÃO Passo 1 - Substituir a pressão parcial de O2 no ar = 0,21 atm., na equação dada: 42 1-Fe s mol 49,021,035,2 dt dN =×=− Passo 2 – Cálculo da área do cubo 2 2 2 cubo cm 108 2 366 2 d 6L6A = × === Passo 3 - Cálculo da velocidade intensiva em mol cm-2 min-1 12-3-21-Fe S scm mol 10 4,54 cm 108 / s mol 49,0 dt dN A 1 −×==− mincm mol 0,27 min s 60 scm mol 10 4,54 dt dN A 1 1-2-1-12-3-Fe S =××=− − Passo 4- Cálculo da velocidade em g cm-2 min-1 Procedimento em ausência de uma equação cinética experimentalProcedimento em ausência de uma equação cinética experimentalProcedimento em ausência de uma equação cinética experimentalProcedimento em ausência de uma equação cinética experimental O seguinte procedimento pode ser adotado para efetuar a caracterização cinética de um sistema metalúrgico neste segundo caso: 1. Se a cinética do processo não é elementar, escrever a reação química estequiométrica usando o menor número de moles admissível na reação, 2. Identificar um dado cinético do sistema que permita postular a forma de velocidade de reação. Este dado é geralmente obtido de forma experimental e pode ser a constante de velocidade de reação ou uma taxa de reação em condições específicas, 3. Postular uma equação cinética para o processo caracterizado pela reação escolhida, 4. Definir as unidades da constante cinética se estas não foram disponibilizadas, 5. Fazer os cálculos das concentrações dos reagentes, 6. Substituir valores na equação cinética 7. Fazer as transformações de forma de velocidade de reação se necessário. 6 cm L 1-2-1-1-2- min cm g mol g 55,85 min cm mol 0,27 15 dt dW A 1 Fe S =×=− 43 Problema Exemplo 4.3 A produção de cloretos de Ni é realizada passando um gás que contem 25% HCl através de um leito formado por partículas de NiO de 0,8 cm de diâmetro médio. A cinética elementar é expressa pela seguinte reação: NiO(s) + 2HCl(g) = NiCl2(s) + H2O(g) A cloração é realizada a uma temperatura de 400 oC num forno aberto que tem um volume de 250 L passando uma quantidade constante da mistura gasosa. Deseja-se: a) Definir as unidades da constante de velocidade de reação kHCl b) Calcular a taxa intensiva inicial de produção do cloreto em kg cm-2(leito) h-1 DADOS W(leito) = 1200 g , kHCl = 7,2x10 6 .t| s | , fsp = 0,87 SOLUÇÃO a) Definir as unidades da constante de velocidade de reação kHCl Passo 1 - Definir a reação estequiométrica NiO(s) + 2HCl(g) = NiCl2(s) + H2O(g) Passo 2 – Estabelecer a equação cinética (Observar a referência do k) [ ] HClHClHClHCl rNiOCkdt dC ==− 2)( (a-1) Passo 3a – Definir as unidades dos componentes do sistema |rHCl| = |mol cm -3 s-1| , |CHCl| = |mol cm -3| , |[NiO]|=|mol cm-2| Passo 3b – Definir as unidades de k [ ] 2-3- -1-3 HCl HCl HCl cm mol )cm mol( scm mol NiO)C( r k 22 == Logo: | kHCl | = | cm 5 mol-2 s-1 | 44 b) Calcular a taxa intensiva inicial de produção do cloreto em kg cm-2(leito) h-1 A taxa de reação é dada por: [ ] mol HCl 132HCl6HCl scmNiO)C(10x2,7 dt dC −−=− (b-1) Passo 4 – Cálculo das concentrações dos reagentes As seguintes propriedades do sistema serão usadas para o cálculo das concentrações: Logo: 3-THClHClHCl cm molx,x ,x RT PX RT p C 610534 67382 2501 −==== (b-2) [ ] 2 sNiO NiO s NiO cm 0,014 cm)L(Amol/gPM gW )Leito(A N NiO === 2 (b-3) Passo 5- Substituindo valores na equação cinética : b-2 e b-3 em b-1, obtém- se: 16102 −−=− scm mol x dt dC 3-HCl Passo 6 – Realizar transformações de velocidade de reação: 13-6HCl scm mol 10x2 dt dN V 1 −−=− ou 1-3HCl HCl smol ,cm250.000 x scmmol x dt dN 5170102 136 ==− −−− Observando a estequiometria da reação podemos anotar: WL= 1200 g , ρNiO=6,67 g cm -3 , PMNiO=74,7 g/mol PMNiCl2=129,6 g/mol , Vp= (4/3)pir 3=0,27 cm3 Wp=Vpx ρNiO=1,8 g , Ap=4pir 2=2 cm2, Nop= WL/Wp=667 p 45 1-HClNiCl smol 0,258 dt dN dt dN == 2 1 2 ou 1-1-1-3-1-1-NiCl h kg ,h s 3600 x g kg10 x mol g 129,6 x smol 0,258 dt dW 41202 == logo: Problema Exemplo 4.4 A limpeza da oxidação superficial de um cilindro de Zn de 24 cm de altura e 6 cm de diâmetro, é realizada utilizando uma solução de decapagem que contem 50 g/L de HCl num reator de 2 L. Observando as seguintes características do processo : ♦ A cinética do processo, nas condições dadas é de natureza elementar ♦ A espessura da camada de óxido é 5 mm ♦ A concentração do ácido na solução é mantida constante e esta ocupa ¾ partes do reator. ♦ Observa-se que após 20 minutos de decapagem, a extensão do processo é aproximadamente 80%. ♦ Para este sistema, na temperatura ambiental obtém-se um valor experimental de kZnO= 1,78 x 10 7 cm8 mol-2 min-1. Calcular a taxa de consumo de HCl em g cm-3(sol) h-1 após os 20 minutos de reação. SOLUÇÃO O problema envolve o esquema mostrado na seguinte figura: 121 −== hcmkg 0,104 cm 1160,7 hkg 120,4 dt dW )Leito(A 2- 2 -1 NiCl s Vsol=1500 cm 3 6 cm 24 cm Sol =50 g/L HCl Zn ZnO 46 1) A reação de decapagem mais simples do sistema elementar é: ZnO(s) + 2H+(aq) = Zn++(sol) + H2O(L) (1) 2) Observando a referência em k a equação cinética pode ser escrita como [ ]ZnO)C(kR 2 HZnOZnO + = (2) Para definir a forma de RZnO devem ser observadas as unidades dos componentes da equação, isto é: |kZnO| = |cm 8 mol-2 min-1| , |CH +| = |mol cm-3| , |[ZnO]| = |mol cm-2| logo: |RZnO| = |mol min -1| , ou dt dN R ZnOZnO −= 3)Para calcular os valores das concentrações dos componentes observar as propriedades do sistema : Logo: Considerando a dissociação do HCl como: HCl(aq) = H+(aq) + Cl-(aq), tem-se que: 1037,1L mol 37,1 g/mol36,5 g/L 50 331- −−==== + cmmolxCC HHCl e [ ] 2- 2 33 cm mol 03,0 509/4,81 /6,5227 )( ==== cmxmolg cmgxcm xAPM xV cilA N ZnO SZnO ZnOZnO S ZnO ρ e para 20 minutos de reação ( α=80%): [ZnO]= 0,03 x 0,2 = 6 x 10-3 mol cm-2. Logo substituindo valores na equação 2: [ ] 132372 minmol 2,0106)1037,1(1078,1)( −−− ===− + xxxxxZnOCk dt dN HZnO ZnO Observando a estequiometria da reação se tem que: ρZnO = 5,6 g/cm 3 , PMZnO = 81,4 g/mol , PMHCl=36,5 g/mol As(cil)=2pir(r + h) = 509 cm 2 , VZnO=V1-V2= 3 2pix24 - (2,5)2pix23 = 227 cm3 47 dt dN dt dN dt dN HClZnOH === − + 1minmol 4,02 ou CASO ESPECIAL CASO ESPECIAL CASO ESPECIAL CASO ESPECIAL ---- Caracterização Cinética de Sistemas no Estado de Caracterização Cinética de Sistemas no Estado de Caracterização Cinética de Sistemas no Estado de Caracterização Cinética de Sistemas no Estado de Equilíbrio Equilíbrio Equilíbrio Equilíbrio Em determinadas situações é desejável a caracterização de um sistema quando a reação atinge o estado de equilíbrio termodinâmico. Neste caso será necessário o cálculo das condições de equilíbrio para a reação nas condições de operação especificadas. Isto é realizado a partir da constante de equilíbrio que deve ser calculada a partir de informações termodinâmicas da energia livre padrão para a reação. Esta situação aparece freqüentemente em processos metalúrgicos que envolvem os sistemas S/L e S/G. Por exemplo, o modelamento para a caracterização de uma reação S/G, no equilíbrio, envolve a seguinte análise: Considerar a reação irreversível entre um sólido, S, e um gás, G, da forma geral seguinte: S(s) + G(g) → Produtos (4-13) a velocidade extensiva de consumo do sólido, no equilíbrio, pode ser escrita como: SR | eq -1S S eq G dN - = k [S] C |mol t dt = (4-14) logo, para caracterizar o sistema devem ser calculadas as concentrações do sólido e dos gás no estado de equilíbrio. Isto deve ser realizado a partir dos valores obtidos para a constante de equilíbrio nas condições de operação consideradas. Em processamentos metalúrgicos geralmente um dos reagentes é usado em excesso permanecendo sua concentração constante, acompanhando-se a variação do outro para definir a cinética do sistema. Neste caso a equação 4-14 é simplificada para assumir as seguintes formas: A) Para G = constante: → SR | -1S S eq G dN - = k [S] C |mol t dt = (4-15) -13-3 3 min )(cm g 1073,9 1500 /5,36min/4,01 solx cm molgxmol dt dW V HCl sol −−−−========−−−− 48 Neste caso deverá ser calculada a fração convertida da reação, quando o sistema atinge o estado de equilíbrio e a concentração de equilíbrio do sólido poderá ser calculada usando a expressão : |× -2eq 0 eq[S] = [S] (1-F ) |mol cm (4-16) onde: [S]0 ≡ concentração inicial de S , Feq ≡ fração convertida no equilíbrio B) Para S=constante → SR | eq -1S S 0 G dN - = k [S] C |mol t dt = (4-17) Problema Exemplo 4.5 Uma esfera de cobre de 2,6 cm de diâmetro é oxidada em excesso de ar a 1 atm. e 250 oC , com um valor típico de kCuO= 0,265 cm 2 min-1. Deseja-se calcular a velocidade extensiva de oxidação em g h-1, quando o sistema está no estado de equilíbrio. SOLUÇÃO A reação de oxidação do cobre é: Cu(s) + ½ O2(g) → CuO(s) (a) Para esse sistema no equilíbrio pode-se anotar: A) 2 1/2 -1 Cu Cu eq OR k [Cu] C |mol min |= (b) onde: 2 7/2 1/2 1/2 1/2 -1 - -1Cu Cu -2 -3 eq O R | mol min | | k | = cm mol min [Cu] |mol cm | C |mol cm | = segundo a reação : kCu = kCuO = 0,265 cm 2 min-1 , logo o valor do kCu a ser usados na equação b será: 2 1/2 1/2 2 -1 Cu -3 O 0,265 | cm min | k | C |mol cm | = onde: 2 2 1/2 1/ 2 1/2 1/2 3/ 2 O O C = (p / RT) = (0,21/82 523) 0,0022 mol cm −× = (c) logo: 7/2 1/2- -1 Cuk 120 cm mol min= 49 B) Por outro lado: [Cu]eq=[Cu]0 x (1- Feq) (d) Onde : [Cu]0 = NCu / AS ou 3 3 esf Cu 0 3 -1 2 2 Cu Cu CuM S V |cm | r1 (4 / 3) r 1 [Cu] (PA) / 3(PA) V |cm mol | A | cm | 4 r ×ρpi = × = × = ρ pi Usando os valores: r=1,3 cm , (PA)Cu= 63,5 g/mol , ρCu= 8,96 g/cm 3 , se obtém: [Cu]0 = 0,061 mol cm -2 C) Para o cálculo de Feq será necessário calcular a fração de equilíbrio de oxigênio e usar a relação : 2 22 2 2 2 o eq o eq O OO O eq o o O O N N X X F = N X − − = (e) Observando que para a reação a → ∆Go = -36668 + 20,65T, para T= 523 K se obtém: ∆Go = - 25868 cal/mol e Keq = 6,5 x 10 10. Logo para a reação se processando na pressão total de 1 atm. , se tem: 2 10 eq eq 1/ 2 O 1 K = 6,5 10 (X ) = × ou: 2 eq -22 O X = 2,37 10 × Substituindo em e: 22 eq 0,21 2,37 10 F 0,999 0,21 � −− × = Logo, da relação d : [Cu]eq= 0,001 [Cu]0 = 0,001 x 0,061 = 6 x 10 -5 mol/cm2 D) Logo, substituindo valores na relação b: 7/2 1/2 -1 -5 -2 1/2 3 / 2- CuR = 120|cm mol min | 6 10 | mol cm | 0,0022 |mol cm | −× logo: RCu = 1,6 x 10 -5 mol min-1 ou : -5 -1 -1 -1 CuR = 1,6 10 | mol min | 63,5 |g mol | 60|min h |× × × 50 e : → NOTA : Em relação ao cálculo de Feq (equação e), observa-se que para processos metalúrgicos que envolvem a decomposição térmica de sólidos, sem participação de reagentes gasosos, porém com a produção de um gás, A, a equação aplicável é da forma: eq o AA eq T o A A N N F N - N − = (4-18) onde : T o AN N de moles de A produzidos pela reação total do sólido = 4.4. Análise de Reações Complexas Nas reações complexas não existe correspondência entre a ordem de reação e os coeficientes estequiométricos da equação química. A ordem total de reação pode ser um número inteiro, fracionário, zero, ou indefinido. Uma reação complexa pode ser aparentemente representada por uma reação química simples, no entanto podem existir reações intermediárias que alterem as concentrações de reagentes e produtos. A equação cinética que representa uma reação complexa é obtida de forma experimental. Daqui que se é desejado representar uma reação química conhecida, porém controlada por um mecanismo não–elementar, não é necessário considerar os coeficientes estequiométricos da reação. Por exemplo para a reação complexa. A + 2B = C (4-19) A velocidade de reação poderá ser representada como: b B a AAA C C k r = (4-20) onde kA, a e b deverão ser determinados experimentalmente usando métodos que serão estudados em próximos capítulos. Observa-se por outro lado, que muitas vezes a equação cinética experimental pode -1 Cu CuOR = R = 0,06 g h 51 assumir uma forma mais complexa do que a equação 4-20 envolvendo as constantes de velocidade de reações intermediárias. Por exemplo para a seguinte reação
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