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Direito Penal. TEORIA GERAL PARTE I

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Direito Penal 
Prof. Jardiel Oliveira 
Conceito de Direito Penal sob três aspectos: 
a) Aspecto formal / estático: Direito Penal é o conjunto de normas 
que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, 
define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes aplicadas. 
 
b) Aspecto material: O Direito Penal refere-se a comportamentos 
considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, 
afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e 
progresso da sociedade. 
 
c) Aspecto Sociológico/ dinâmico: Direito Penal é mais um 
instrumento de controle social visando assegurar a necessária 
disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade. 
 
O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de consequência 
jurídica (pena privativa de liberdade). 
ATENÇÃO!! 
IMPORTANTE DIFERENCIAR 
Direito Penal Criminologia 
(Ciência Penal) 
Política Criminal 
(Ciência Penal) 
Análise dos fatos 
humanos indesejados 
quais devem ser 
rotulados como crime ou 
contravenção, 
anunciando as penas. 
Ciência empírica 
que estuda o crime, 
o criminoso, a 
vítima e o 
comportamento da 
sociedade. 
Trabalha as 
estratégias de 
controle social da 
criminalidade. 
Ocupa-se do crime 
enquanto norma. 
Ocupa-se do crime 
enquanto fato. 
Ocupa-se do crime 
enquanto valor. 
Exemplo: define como 
crime lesão no ambiente 
doméstico familiar. 
Exemplo: quais 
fatores contribuem 
par a violência 
doméstica. 
Exemplo: estuda como 
diminuir a violência 
doméstica familiar. 
 
Missão do Direito Penal 
 
Na atualidade, a doutrina divide a missão do Direito Penal em: 
1- Missão mediata: 
a) controle social e b)limitação do poder de punir do Estado. 
Obs.:Se de um lado o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites, 
de outro lado é necessário também limitar seu próprio poder de 
controle, evitando excessos. (hipertrofia da punição) 
 
2- Missão imediata: 
1ª corrente: a missão imediata do Direito Penal é proteger bens 
jurídicos mais importantes para convivência em sociedade. (Roxin- 
funcionalismo teleológico)- Corrente que prevalece no Brasil hoje. 
 
2ª corrente: a missão imediata do Direito Penal é assegurar o 
ordenamento jurídico, a vigência da norma. (Jakobs- funcionalismo 
sistêmico) 
 
Direito Penal Classificação Doutrinária 
1- Direito Penal Substantivo x Direito Penal Adjetivo 
Direito Penal Substantivo Direito Penal Adjetivo 
Corresponde ao Direito Penal 
Material. (crime e pena) 
Corresponde ao Direito 
Processual Penal. (processo/ 
procedimento) 
 
2- Direito Penal Objetivo x Direito Penal Subjetivo 
Direito Penal Objetivo Direito Penal Subjetivo 
Traduz o conjunto de leis 
penais em vigor no país. 
(Código Penal) 
Traduz o direito do punir do Estado. 
Direito Penal 
subjetivo 
positivo 
Direito Penal 
subjetivo negativo 
É a capacidade de 
criar e executar 
normas penais. 
É o poder de derrogar 
preceitos penais ou 
restringir seu 
alcance. (STF- no seu 
controle de 
constitucionalidade) 
 
CUIDADO! Há um caso que o Estado tolera a punição privada paralela 
à punição estatal: ABRIR O ESTATUTO DO ÍNDIO (art; 57 da Lei n. 
6001/73). 
“Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo 
com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra 
os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, 
proibida em qualquer caso a pena de morte.” 
 
O que significa criminalização primária? E secundária? 
Criminalização primária: diz respeito ao poder de criar a lei penal e 
introduzir no ordenamento jurídico a tipificação criminal de 
determinada conduta. 
Criminalização secundária: atrela-se ao poder estatal para aplicar a 
lei penal introduzida no ordenamento com a finalidade de coibir 
determinados comportamentos antissociais. 
AULA 02 
FONTES DO DIREITO PENAL 
 
Lugar de onde vem e como se exterioriza o Direito Penal. 
1- Fonte material.- de onde vem o Direito Penal- fábrica) 
2- Fonte formal. (como se exterioriza o Direito Penal- como se 
propaga o produto fabricado) 
 
Fonte material (fabrica): é a fonte de produção da norma, órgão 
encarregado de criar a lei penal. 
Órgão encarregado de criar lei penal, União. (art. 22, I, CF) 
IMPORTANTE: Lei Complementar pode autorizar o Estado a legislar sobre 
Direito Penal incriminador no seu âmbito. “Art. 22, parágrafo único. 
Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste artigo.” 
 
Fonte formal (propagar o produto fabricado): É o instrumento de 
exteriorização do Direito Penal. O modo como as regras são reveladas. 
Fonte de conhecimento ou cognição. 
 
QUADRO COMPARATIVO 
FONTE FORMAL 
(Doutrina clássica) 
FONTE FORMAL 
(Doutrina moderna) 
Imediata: Lei Imediata: 
I- Lei-única fonte 
incriminadora 
II- Constituição Federal 
III- Tratados Internacionais de 
Direitos Humanos 
IV- Jurisprudência 
V- Princípios 
VI- Atos Administrativos 
Mediatas: Costumes e Princípios 
Gerais do Direito 
Mediata: Doutrina 
 
Fonte formal imediata (doutrina moderna): 
I- Lei: fonte formal imediata; único instrumento normativo capaz de 
criar crimes e cominar penas. 
II- Constituição Federal: fonte formal imediata; não cria crime nem 
comina penas. 
 
Se a C.F. é superir à lei, porque ela não pode criar infrações penais 
ou cominar sanções? 
R: Em razão de seu processo moroso e rígido de alteração. 
Muito embora não possa criar infrações penais ou cominar sanções, a 
C.F. nos revela o Direito Penal estabelecendo patamares mínimos 
(mandado constitucional de criminalização) abaixo dos quais a 
intervenção penal não se pode reduzir. 
Exemplo de mandado constitucional de criminalização: “Art. 5º, XLII, 
C.F.- A prática do racismo constitui crime inafiançável e 
imprescritível, sujeito à pena de reclusão (patamares mínimos), nos 
termos da lei; (a lei é quem cria o crime de racismo e comina sua 
pena).” 
 
Tratados Internacionais de Direitos Humanos: Fonte formal imediata. 
Podem ingressar no nosso ordenamento jurídico de duas formas: 
- Com status constitucional se aprovados com o quorum de Emenda 
-Com status infraconstitucional, porém supralegal quando aprovados com 
o quorum comum. .-STF adota essa corrente. 
Respeitável corrente doutrinária se posiciona no sentido de que os 
tratados, versando sobre direitos humanos (e somente eles), uma vez 
subscritos pelo Brasil, se incorporam automaticamente e possuem 
(sempre) caráter constitucional, a teor do disposto nos §§1º e 2º, do 
art. 5º, da C.F. (Flavia Piovesan). 
Importante esclarecer que os tratados e convenções internacionais não 
são instrumentos hábeis à criação de crimes ou cominação de penas para 
o direito interno (apenas par ao direito internacional). Assim, antes 
do advento das Leis 12.694/12 e 12.850.13 (que definiram, 
sucessivamente, organização criminosa), o STF manifestou-se pela 
inadmissibilidade da utilização do conceito de organização criminosa 
dado pela Convenção de Palermo, trancando a ação penal que deu origem 
à impetração, em face da atipicidade da conduta (HC n. 96007). 
Jurisprudência: fonte formal imediata. Revela direito penal, podendo 
eventualmente ser vinculante. 
Ex: “Art. 71 C.P. – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas 
condições de tempo (jurisprudência propõe 30 dias), lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes serhavidos como 
continuação do primeiro, aplicando-se-lhe a pena de um só dos crimes, 
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto a dois terços”. 
Princípios: fonte formal imediata. Não raramente os tribunais absolvem 
ou reduzem pelos fundamentos em princípios. Ex. princípio da 
insignificância. 
Atos administrativos: fonte formal imediata quando complementam norma 
penal em branco. 
Fonte mediata para a doutrina moderna: Doutrina. 
E os costumes? Costumes são classificados como fontes informais do 
Direito Penal. 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
 
O ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, 
empregando determinado modo, chega a um resultado. 
INTERPRETAÇÃO: 
I- Quanto ao sujeito 
II- Quanto ao modo 
III- Quanto ao resultado 
 
1- Interpretação quando o SUJEITO (origem) 
a) Interpretação autêntica (ou legislativa) – é aquela fornecida 
pela própria lei. Ex.: Art. 327 do Código Penal, conceito de 
funcionário Público. 
A interpretação autentica ou legislativa fornecida pela própria lei, 
subdivide-se em: 
(i) Contextual: Editada conjuntamente com a norma penal que 
conceitua. 
(ii) Posterior: Lei distinta e posterior conceitua o objeto da 
interpretação. (comum em norma penal em branco) 
b) Interpretação doutrinária (ou científica): é a interpretação 
feita pelos estudiosos. Ex: um livro de doutrina. 
a. Interpretação jurisprudencial: É o significado dado as leis pelos 
tribunais. Pode ter caráter vinculante. 
 
2- Interpretação quanto ao MODO 
a) Gramatical/ Filológica/ Literal: o interprete considera o sentido 
literal das palavras. 
b) Teleológica: o interprete perquiri a intenção objetivada na lei. 
Ex: Art. 319-A e o Art. 349-A, Código Penal. 
c) Histórica: o interprete indaga a origem da lei. 
d) Sistemática: interpretação em conjunto com a legislação em vigor 
e com os princípios gerais do direito. 
e) Progressiva (ou evolutiva): busca o significado legal de acordo 
com o progresso da ciência. 
 
3- Interpretação quanto ao RESULTADO 
a) Declarativa/ Declaratória: é aquela em que a letra da lei 
corresponde exatamente aquilo que o legislador quis dizer. 
b) Restritiva: a interpretação reduz o alcance das palavras da lei 
para corresponder a vontade do texto. 
c) Extensiva: amplia-se o alcance das palavras para que corresponda 
a vontade do texto. 
 
 
 
Interpretação quanto ao 
SUJEITO 
Interpretação quanto 
ao MODO 
Interpretação quando 
ao RESULTADO 
1- Autêntica 
2- Doutrinária 
3- Jurisprudencial 
1- Literal 
2- Teleológica 
3- Histórica 
4- Sistemática 
5- Progressiva 
1- Declarativa 
2- Restritiva 
3- Extensiva 
Interpretação extensiva- aprofundamento. 
Admite-se interpretação extensiva contra o réu? 
1ª Corrente (Nucci e Luiz Regis Prado): É indiferente se a 
interpretação extensiva beneficia ou prejudica o réu (a tarefa do 
intérprete é evitar injustiças). A C.F não proíbe sequer implicitamente 
a interpretação extensiva contra o réu. 
2ª Corrente (Luiz Flávio Gomes/ Defensoria Pública): Socorrendo-se do 
Princípio in dúbio pro reo, não admite interpretação extensiva contra 
o réu (na dúvida, o juiz de interpretar em seu benefício). Esta 
corrente ganhou importante aliado, o Estatuto de Roma, art. 22. 2 “em 
caso de ambiguidade, a norma será interpretada a favor da pessoa objeto 
do inquérito acusada ou condenada. 
3ª Corrente (Zaffaroni): Em regra, não cabe interpretação extensiva 
contra o réu, salvo quanto interpretação diversa resultar num escândalo 
por sua notória irracionalidade. Corrente do STF e STJ. 
Ex.: Art. 157, 2º, II, C.P.- Roubo majorado pelo uso de arma. 
O que é arma? 
 1ª corrente, abrange somente instrumentos fabricados com finalidade 
bélica. (sentido próprio/ sentido restrito). 
2ª corrente, arma é qualquer instrumento capaz de servir ao ataque, 
mesmo que não tenha sido fabricado com sentido bélico. (arma no sentido 
impróprio/ interpretação extensiva). Os tribunais tem adota essa 
segunda corrente. STF e STJ. 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
1º 
Princípios 
relacionados 
à MISSÃO 
FUNDAMENTAL 
DO DIREITO 
PENAL 
2º Princípios 
relacionados 
como FATO DO 
AGENTE 
3º Princípios 
relacionados ao 
AGENTE DO FATO 
4º Princípios 
relacionados com a 
PENA 
1.1 
Princípios 
da exclusiva 
proteção dos 
bens 
jurídicos 
2.1 Princípio 
da 
exteriorização 
ou 
materialização 
do fato 
3.1 Princípio da 
responsabilidade 
pessoal 
4.1 Princípio da 
dignidade da pessoa 
humana 
1.2 
Princípio da 
intervenção 
mínima 
2.2 Princípio 
da legalidade 
3.2 Princípio da 
responsabilidade 
subjetiva 
4.2 Princípio da 
individualização da 
pena 
 2.3 Princípio 
da 
ofensividade/ 
lesividade 
3.3 Princípio da 
culpabilidade 
4.3 Princípio da 
proporcionalidade 
 3.4 Princípio da 
isonomia 
4.4 Principio da 
pessoalidade 
 3.5 Princípio da 
presunção de 
inocência 
4.5 Princípio da 
vedação do bis in 
idem 
 
1º Princípios relacionados com a missão fundamental do Direito Penal 
1.1- Princípio da Exclusiva Proteção dos Bens Jurídicos: O Direito 
Penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes para 
a convivência humana. 
Conceito de BEM JURÍDICO: é um bem material ou imaterial, haurido do 
contexto social, de titularidade individual ou metaindividual, 
reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do 
homem em sociedade. 
1.2 Princípio da Intervenção Mínima: O Direito Penal só deve ser 
aplicado quanto estritamente necessário, de modo que sua intervenção 
fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter 
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo 
de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário). 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: é um principio limitador do Direito Penal 
É causa de atipicidade material de comportamento. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA DE ACORDO COM OS TRIBUNAIS SUPERIORES 
(STF/STJ) 
- Requistos: 
I- Ausência de periculosidade social da ação. 
I- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. 
II- Mínima ofensividade da conduta do agente. 
III- Inexpressividade da lesão jurídica causada. 
 
2º Princípios relacionados com o FATO do agente. 
2.1- Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato: O Estado 
só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, FATOS. 
Atenção! Veda-se o Direito Penal do autor: Consistente na punição do 
indivíduo baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida. 
Conclusão: O Direito Penal brasileiro é um Direito Penal do Fato. 
Exemplo: “Art. 2º, C.P. – ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória.”. 
No Brasil vadiagem ainda é contravenção penal, num clássico exemplo 
de Direito Penal do Autor ainda vigente no país. 
O nosso ordenamento penal, de forma legítima, adotou o Direito Penal 
do fato, mas que considera circunstancia relacionadas ao autor, 
especificamente quando da análise da pena. 
2.2 Princípio da ofensividade/ lesividade: exige que o fato praticado 
ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
- Crime de dano: exige efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio. 
-Crime de perigo: contenta-se com o risco de lesão ao bem jurídico. 
Ex: abandono de capaz. 
a) perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por 
lei. 
b) perigo concreto: o riscode lesão deve ser demonstrado. 
 
Temos doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é 
inconstitucional. Presumir prévia e abstratamente o perigo significa, 
em ultima análise, que o perigo não existe. (para essa corrente, o 
crime de perigo abstrato viola o princípio da lesividade e da ampla 
defesa.) 
 
Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no STF. No HC 104.410, o 
Supremo decidiu que a criação de crimes de perigo abstrato não 
representa, por si só, comportamento inconstitucional, mas proteção 
eficiente do Estado. 
Ex: Embriaguez ao volante- STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir 
de forma anormal para configurar crime- bastando estar embriagado 
(crime de perigo abstrato). 
Ex: Arma desmuniciada- STF- jurisprudência atual- crime de perigo 
abstrato- demanda efetiva proteção do Estado. 
2.3. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE- 2º Princípios relacionados com o FATO 
do agente. 
1- Introdução 
Art. 5 º, II, C.F.- “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei;” 
Art. 5º, XXXIX, C.F.- “não há crime sem lei anterior que o defina nem 
pena sem prévia cominação legal;” 
Art. 1º, C.P.- “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há 
pena sem prévia cominação legal.” 
 
Quais documentos internacionais tratam do princípio da legalidade? 
a) Convênio para a Proteção dos Direitos Humanos e Liberdades 
Fundamentais (Roma, 1950). 
b) Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São Jose da 
Costa Rica, 1969). 
c) Estatuto de Roma que criou o TPI. (1998). 
 
Obs.: O Princípio da Legalidade está previsto também na Bíblia. 
 
2- Conceito: Real limitação do poder estatal de interferir na esfera 
das liberdades individuais. 
Obs.: Daí sua inclusão na C.F. (garantias do individuo) e nos tratados 
Internacionais de Direitos Humanos. 
Legalidade = reserva legal + anterioridade. 
 
3- Fundamentos do Princípio da Legalidade 
3.1 Fundamento político: vincula o poder executivo e o judiciário a 
leis formuladas de forma abstrata (impede o poder punitivo arbitrário) 
3.2 Fundamento Democrático: representa o respeito ao princípio da 
divisão de poderes ou separação de poderes. Compete ao Parlamento a 
missão de elaborar leis. 
3.3 Fundamento Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante 
efeito intimidativo. 
 
Art. 1º C.P.- “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena 
sem previa cominação legal. 
Crime: abrange contravenção penal? Não há infração penal sem lei 
anterior. 
Pena: abrange medidas de segurança? Não há sanção penal sem lei 
anterior. 
Conclusão: Não há infração penal (crime + contravenção penal) ou sanção 
penal (pena + medida de segurança) sem lei anterior. 
 
O artigo 3º do Código Penal Militar dispõe: “As medidas de segurança 
regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo, 
entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.”. 
No tocante à reserva legal o artigo respeita quando prevê que as 
medidas de segurança regem-se pela lei, porém a anterioridade não é 
respeitada. 
Com isso, esse artigo não foi recepcionado pela C.F. , pois para que 
se respeite o princípio da legalidade, se faz mister o respeito à 
reserva legal e à anterioridade da lei. 
 
3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO 
 
3.1- Princípio da Responsabilidade Pessoal: proíbe-se o castigo pelo 
fato de outrem. Está vedada a responsabilidade coletiva. 
Obs.: parcela da doutrina utiliza este princípio parra negar a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais. 
Desdobramentos: 
a) Obrigatoriedade da individualização da acusação: é proibida a 
denuncia genérica, vaga, ou evasiva. O MP deve individualizar os 
comportamentos na peça acusatória. 
b) Obrigatoriedade da individualização da pena: o juiz na sentença 
deve individualizar a pena dos vários concorrentes do crime. 
 
3.2- Princípio da Responsabilidade Subjetiva: não basta que o fato 
seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua responsabilidade 
condicionada à existência da voluntariedade (dolo/culpa). Em resumo: 
está proibida a responsabilidade penal objetiva. Para parcela da 
doutrina trata-se de mais um empecilho à responsabilidade penal da 
pessoa jurídica. 
 
 
3.3- Princípio da CULPABILIDADE: é um postulado do Direito Penal. 
Significa que só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável 
(penalmente capaz) com potencial consciência da ilicitude 
(possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento) quando 
dele exigível conduta diversa. (podendo agir de outra forma). 
 
3.4- Princípio da ISONOMIA: “Art. 5º, caput C.F.: todos são iguais 
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:” 
Isonomia substancial (e não formal): deve-se tratar de forma igual o 
que é igual e desigualmente o que é desigual. 
Com base nesse princípio o STF, no julgamento da ADC n. 19, afirmou a 
constitucionalidade da Lei Maria da Penha. 
 
3.5- Princípio da Presunção de Inocência: 
Previsto no Artigo 8º, 2 da Convenção Americana de Direitos Humanos: 
“Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua 
inocência, enquanto for legalmente comprovada sua culpa. Durante o 
processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes 
garantias mínimas:” 
 
Art. 5º, LVII, C.F.- “ninguém será considerado culpado até o transito 
em julgado de sentença penal condenatória;” 
 
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIODA PRESUNÇÃO DE INOCENCIA OU DE NÃO CULPA. 
a) Qualquer restrição à liberdade do agente somente se admite após 
a condenação definitiva. 
Obs.: a prisão provisória (temporária) é cabível quando 
imprescindível. 
Prisão provisória= imprescindibilidade. 
 
Medida Provisória pode criar crime? 
R: não sendo lei, mas ato do poder executivo, com força normativa, a 
medida provisória não cria crime, não comina pena. 
 
É possível Medida Provisória versando sobre Direito Penal não 
incriminador? Medida Provisória pode extinguir a punibilidade? 
 
Lembrando: o Art. 63, § 1º, I, b, C.F. proíbe Medida Provisória 
versando sobre Direito Penal (matéria incluída pela EC 32/01). 
“Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República 
poderá adotar medidas provisória, com força de lei, devendo submetê-
las de imediato ao Congresso Nacional. 
§1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
I- Relativa a: 
a) Direito penal, processual penal e processo civil;”. 
A doutrina diverge: 
1ª corrente: Com o advento da EC 32/01, ficou claro que a Medida 
Provisória não pode versar sobre Direito Penal (incriminador ou não 
incriminador).-Prevalece entre os constitucionalistas. 
 
2ª corrente: A EC32/01 reforça a proibição da Medida Provisória sobre 
Direito Penal incriminador, permitindo (implicitamente) matéria de 
Direito Penal não incriminador. 
Posição do STF. 
 
Antes da EC 32/01 o STF admitiu MP versando sobre Direito Penal não 
incriminador (MP 1571/97), norma que extinguia a punibilidade de crimes 
tributários e previdenciários mediante a reparação do dano. 
 
Após a EC 32/01, o STF voltou a admitir MP versando sobre Direito Penal 
não incriminador (MP 417/08), que impediu a tipificação de determinados 
delitos no Estatuto do Desarmamento. 
 
Costume pode revogar infração penal? Discute-se essa questão na 
contravenção penal do jogo do bicho. 
1ª corrente: Admite-se o costume abolicionista ou revogador da lei nos 
casosem que a infração penal não mais contraria o interesse social 
deixando de repercutir negativamente na sociedade. 
Conclusão: jogo do bicho não deve ser punido, pois a contravenção foi 
formal e materialmente revogada pelo costume. 
 
2ª corrente: Não é possível o costume abolicionista. Entretanto, quando 
o fato já não é mais indesejado pelo meio social, a lei não deve ser 
aplicada pelo magistrado. 
Conclusão: Jogo do bicho apesar de formalmente contravenção, não serve 
para punir o contraventor, pois a infração foi materialmente abolida. 
(Princípio da adequação social). 
 
3ª corrente (prevalece): Somente a lei pode revogar outra lei. Não 
existe costume abolicionista. 
Conclusão: jogo do bicho permanece infração penal, servindo a lei para 
punir os contraventores enquanto não revogada por outra lei. 
 
 
LEI PENAL 
Lei Penal- Classificação 
1- Lei Penal Completa: é aquela que dispensa complemento valorativo 
(dado pelo juiz) ou normativo (dado por outra norma). 
Ex.: art. 121, C.P. (“matar alguém”). 
2- Lei Penal Incompleta: é a norma que depende de complemento 
valorativo (tipo aberto) ou normativo (norma penal em branco). 
 
a) Tipo aberto: espécie de lei penal incompleta. Depende de 
complemento valorativo, dado pelo juiz na análise do caso concreto. 
Ex.: crimes culposos. São descritos em tipos abertos, uma vez que o 
legislador não anuncia a formas de negligência, ficando a critério do 
juiz na análise do caso concreto. 
ATENÇÃO: o tipo aberto para não violar o princípio da legalidade deve 
ser redigido com o mínimo de determinação. Ex.: homicídio culposo. 
 
Receptação 
Art. 180, § 3º- Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou 
pela desproporção entre valor e o preço, ou pela condição de quem a 
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: 
Pena- detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. 
 
Excepcionalmente, o legislador descreveu a negligencia (em sentido 
amplo), subtraindo do juiz, de forma legítima, a sua valoração no caso 
concreto. 
 
b) Norma penal em branco: espécie de lei penal incompleta. Depende 
de complemento normativo, dado por outra norma. 
Espécies de norma penal em branco: 
- norma penal em branco em sentido estrito/ própria ou heterogênea: o 
complemento normativo não emana do legislador, mas sim de fonte 
normativa diversa. Não viola o princípio da legalidade. 
Ex.: Lei complementada por uma portaria do Poder Executivo. Lei 
11.343/06 – Lei de Drogas. 
“Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas 
sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso 
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de 
drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e 
ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. 
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as 
substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim 
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas 
periodicamente pelo Poder Executivo da União.” 
 
- norma penal em branco em sentido amplo/ imprópria/ homogênea: o 
complemento normativo emana do legislador. 
Em caso de lei penal complementar, é chamada de homovitelina. 
Se a lei complementadora for diversa da lei penal (extrapenal) é 
chamada de heterovitelina. 
 
 
NORMA PENAL EM BRANCO IMPRÓPRIA 
Homovitelina/ homóloga Heterovitelina/Heteróloga 
 
Complementada 
Lei penal Lei Penal 
 
 
Complementada 
Lei penal Lei 
extrapenal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 
Introdução 
Como decorrência do principio da legalidade, aplica-se, em regra, a 
lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso (tempus 
regit actum) 
Excepcionalmente, no entanto, será permitida a retroatividade da lei 
penal para alcançar os fatos passados, desde que benéfica ao réu. É 
possível que a lei penal se movimente no tempo: extra-atividade da lei 
penal. 
 
Extra-atividade da Lei Penal no Tempo, espécies: 
 
- Ultra-atividade: A lei “a” continua sendo aplicada para os fatos 
praticados na sua vigência, evitando a retroatividade maléfica da Lei 
“b”. 
 
-Retroatividade: A lei “b” retroage para alcançar os fatos passados, 
pois mais benéfica do que a Lei “a”. 
 
TEMPO DO CRIME 
Quando no tempo um crime se considera praticado? 
 
Ex: Peculato (art. 312, CP)- A 
expressão “funcionário público” 
é esclarecida pelo art. 327, 
C.P. 
 
 
 
 
 
Ex: Ocultação de impedimento 
para casamento (art. 237, 
C.P.)- A expressão 
“impedimento” está no Código 
Civil. 
 
 
1- Teoria da atividade: o crime considera-se praticado no momento da 
conduta.- Adotada na Brasil. (ART. 4º, C.P.) 
 
2- Teoria do resultado: o crime considera-se praticado no momento do 
resultado. 
3- Teoria mista/ubiquidade: o crime considera-se praticado no 
momento da conduta ou do resultado. 
 
Obs.: 1: Princípio da coincidência/ congruência/ simultaneidade: todos 
os elementos do crime (fato típico/ ilicitude/ culpabilidade) devem 
estar presentes no momento em que o delito é praticado. (no momento 
da conduta). 
Ex.: Agente menor de 18 anos dispara arma de fogo com vítima, porém, 
a morte da vítima ocorre quando o agente completa 18 anos. Neste caso, 
considerando a teoria da atividade adotada no Brasil, o agente 
responderá perante o ECA, vez que a no momento da conduta ele era menor 
de idade. 
 
Obs.: O tempo do crime, EM REGRA, marca a lei que vai reger o caso 
concreto. No momento da conduta que se analisa qual lei vai reger o 
caso concreto até o final. 
 
SEUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO 
A regra geral é a irretroatividade da lei penal, excetuada somente 
quando a lei posterior for mais benéfica (retroatividade). 
 
 Tempo da 
Conduta 
Lei Posterior (IR) 
Retroatividade 
1 Fato atípico Fato Típico IRREtroatividade 
(art. 1º, C.P.) 
2 Fato típico Aumento de pena, 
por ex. 
IRREtroatividade 
(art. 1º, C.P.) 
3 Fato típico Supressão da 
figura típica 
REtroatividade 
(art. 2º, caput, 
C.P.) 
4 Fato típico Diminuição de 
pena, por ex. 
REtroatividade 
(art. 2º, p. 
único, C.P.) 
5 Fato típico Migra o conteúdo 
criminoso para 
outro tipo penal 
Principio da 
continuidade 
normativo-típica 
(a retroatividade 
ou 
irretroatividade 
vai depender do 
caso concreto). 
 
1- Sucessão de lei incriminadora (novatio legis incriminadora) 
 Tempo da conduta Lei 
posterior 
(IR) 
Retroatividade 
1 Fato atípico Fato 
típico 
IRREtroatividade 
(art. 1º, C.P.) 
 
“Art. 1º C.P.- Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena 
sem previa cominação legal.” 
 
Ex. 
Lei n. 12.550/11 
Antes Depois 
Cola Eletrônica era fato 
atípico (STF/STJ) 
Cola eletrônica: pode 
caracterizar o art.311-A, 
C.P.- neocriminalização. 
 
2- Novaio legis in pejus/ Lex gravior 
 
 Tempo da 
conduta 
Lei Posterior (IR)Retroatividade 
2 Fato típico 
(ultra-ativa) 
Aumento da pena IRREtroatividade 
(art. 1º, C.P.) 
 
Lei nova que de qualquer modo prejudica o réu. 
“Art. 1º C.P.- não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena 
sem previa cominação legal. 
 
Ex.: 
Lei n. 12.234/10 
Antes Depois 
O prazo prescricional para 
crimes com pena inferior a 
1 ano = 2 anos 
O prazo prescricional 
para crimes com pena 
inferior a 1 ano = 3 anos 
Obs.:lei revogada é ulta-
ativa para os fatos 
praticados na sua vigência. 
Obs.: lei revogadora 
(posterior) éirretroativa, pois 
maléfica. 
 
Obs.: Sucessão de leis mais grave no crime continuado e no crime 
permanente 
Súmula 711 STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado 
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da 
continuidade ou da permanência”. 
Conclusão: Aplica-se a lei vigente no momento em que cessar a 
continuidade ou a permanência, ainda que mais grave. 
 
3- Abolitio criminis 
 Tempo da 
conduta 
Lei posterior (IR) 
Retroatividade 
3 Fato típico Supressão da 
figura criminosa 
Retroatividade 
(art. 2º, caput, 
C.P.) 
 
Revogação de um tipo penal pela superveniência de lei 
descriminalizadora. 
 
“Art. 2º, C.P.- Ninguém pode ser punido por fato que leis posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os 
efeitos penais da sentença condenatória”. 
Atenção! Trata-se de desdobramento lógico do princípio da intervenção 
mínima. 
O princípio da intervenção mínima possui duas faces: 
a) Orienta onde e quando o Direito Penal deve intervir 
(neocriminalização) 
b) Orienta onde e quando o Direito Penal deve deixar de intervir 
(abolitio criminis) 
 
Ex.: 
Lei n. 11.106/05 
Antes Depois 
Art. 240, C.P.: 
adultério (era crime) 
Art. 240, C.P. (Não é mais 
crime) 
Aboliu-se a figura 
criminosa- lei 
retroativa. 
 
Natureza jurídica da abolitio criminis 
1ª corrente:causa extintiva excludentes da tipicidade. (Flavio 
Monteiro de Barros). 
2ª corrente: causa extintiva da punibilidade. Prevalece essa corrente. 
(Art. 107, III, C.P.) 
 
Consequências da Abolitio criminis 
a) Faz cessar a execução penal: Lei abolicionista não respeita coisa 
julgada. 
 
E o artigo 5º, XXXVI, C.F./88? 
“Art. 5º, XXXVI, C.F.- a lei não prejudicará o direito adquirido, o 
ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
R: o artigo 5º é uma garantia do individuo contra o Estado e não do 
Estado contra o indivíduo. 
 
b) Faz cessar os efeitos penais da condenação: Os efeitos extrapenais 
são mantidos. (art..91e 92, C.P.) 
Ex.1: Reincidência? Trata-se penal que desaparece com a abolitio 
criminis. 
Ex. 2: Reparação do dano? Sentença penal como titulo executivo judicial 
no civil. Trata-se de efeito extrapenal, não desaparecendo com a 
abolitio criminis. 
 
 
4- NOVATIO LEGIS IN MELLIUS/ LEX MITIOR 
 
 Tempo da 
conduta 
Lei posterior (IR) 
Retroatividade 
4 Fato típico Diminuição de 
pena 
REtroatividade 
(art. 2º, p. 
único, C.P.) 
 
Lei que de qualquer modo favorece o réu. 
“Art. 2º, parágrafo único, C.P.- A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos 
por sentença condenatória transitada em julgado”. – Também não respeita 
a coisa julgada. 
 
Ex.: 
Lei n. 11.343/06 
ANTES Depois 
Posse de drogas para uso 
próprio configurava o art. 
16 da Lei 6.368/76, punida 
com detenção de 6m a 2 nos. 
Posse de drogas para uso 
próprio passou a configurar 
o art. 28 da Lei 11.343/06, 
punida com penas não 
privativas de liberdade. 
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PENAS RESTRITIVAS DE 
DIREITO 
 
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA 
 
Art. 3º, C.P.- “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o 
período de sua duração ou cessadas as circunstancias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência”. 
 
Lei temporária: é aquela instituída por um prazo determinado. Tem 
prefixado lapso de duração. 
Ex: Lei “a” com vigência ate 1/1/2016 
 
Lei excepcional: aquela edita em função de algum evento transitório. 
(guerra, calamidade pública, epidemia, etc.). Perdura enquanto existir 
o estado de emergência, 
Ex: Lei “a” com vigência até o fim da crise hídrica. 
 
Características: leis temporária e excepcional 
1- Autorrevogabilidade 
São leis autorrevogáveis (leis intermitentes) 
Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado 
(temporária) ou cessada a situação de anormalidade (excepcional). 
 
2- Ultra-atividade 
São leis ultra-ativas (alcançam os fatos praticados durante a sua 
vigência, ainda que revogadas). 
ATENÇÃO! Nesse caso, há a excepcionalidade da ultra-atividade 
maléfica! 
Ex.: Lei n. 12.663/12 (Lei da Copa) Os fatos praticados antes da 
revogação dessa lei continuam sendo punidos. (trata-se te lei 
temporária ultra-ativa para os fatos praticados na sua vigência) 
A doutrina observa que, por serem de curta duração, se não tivessem a 
característica da ultra-atividade, perderiam sua força intimidadora. 
ATENÇÃO! A revogação das leis temporárias e excepcionais não implicam 
abolitio criminis. 
LEI INTERMEDIÁRIA 
A lei intermediária tem duplo efeito: 
a) Retroage para alcançar fatos praticados na vigência da lei 
revogada. 
b) É ultra-ativa para impedir a retroatividade maléfica da lei 
revogadora. 
 
 
Retroatividade da Jurisprudência 
 
Outubro de 2001 
Antes Depois 
Súmula 174 STJ: “No crime de 
roubo, a intimidação feita 
com arma de brinquedo 
autoriza o aumento de pena.”. 
Cancelou a Súmula 174 (arma de 
brinquedo não majora a pena do 
roubo- mas serve para 
configurar o roubo). 
 
Retroage? 
 
A C.F., se refere somente à retroatividade da lei (proibindo-a quando 
maléfica e incentivando-a quando benéfica). 
O C.P. também só disciplina a retroatividade da lei (não de 
jurisprudência). 
O entendimento que prevalece é o de que a extra-atividade só se refere 
à lei, não se estendendo à jurisprudência. 
 
Atenção! Paulo Queiroz diz que deve ser proibida a retroatividade 
desfavorável da jurisprudência e aplicada a retroatividade benéfica, 
autorizando revisão criminal. 
Cuidado! Não se pode negar a retroatividade da jurisprudência quando 
dotada de efeitos vinculantes (Súmula vinculante, ADI, ADC, ADPF). 
 
 
Eficácia da lei penal no espaço 
Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses 
de dois ou mais Estado igualmente soberanos, gerando, nesses casos, 
um conflito internacional de jurisdição, o estudo da lei penal no 
espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional. 
 
Princípios aplicáveis na solução do aparente conflito 
1- Princípio da Territorialidade: aplica-se a lei penal do local do 
crime. 
Obs. Não importa a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem 
jurídico tutelado. 
2- Princípio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei penal da 
nacionalidade do agente. 
Obs. Não importa o local do crime, a nacionalidade da vítima ou do bem 
jurídico. 
3- Princípio da nacionalidade passiva: a doutrina diverge. 
1ª corrente*** 2ª corrente 
Aplica-se a lei da 
nacionalidade da vítima. 
Aplica-se a lei da 
nacionalidade do agente 
quando ofender concidadão. 
Não importa a nacionalidade 
do agente, do bem jurídico ou 
o local do crime. 
Não importa o bem jurídico ou 
o local do crime. 
-Bitencourt. 
- Hoje prevalece 
- Capez 
 
4- Princípio da defesa (ou real): aplica-se a lei penal da 
nacionalidade do bem jurídico lesado. 
Obs. Não importa o local do crime ou a nacionalidade dos sujeitos. 
 
5- Princípio da justiça penal universa: o agente fica sujeito à lei 
penal do país que ele for encontrado. 
Obs :não importa o local do crime, a nacionalidade dos sujeitos ou do 
bem jurídico. Este princípio está normalmente presente nos tratados 
internacionais de cooperação e repressão a determinados delitos de 
alcance transnacional. 
 
6- Princípio da representação (do pavilhão, da bandeira, da 
substituição ou da subsidiariedade): a leipenal aplica-se aos crimes 
cometidos em aeronaves e embarcações privadas quando praticados no 
estrangeiro e ai não sejam julgados (inércia do país estrangeiro). 
Obs.: não importa a nacionalidade dos sujeitos, do bem jurídico ou do 
bem, basta que tenha ocorrido no estrangeiro. 
 
Cuidado! O Brasil adotou como princípio a regra da Territorialidade 
(art. 5º, C.P.) 
Art. 5º, C.P.- “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional.” 
Trata-se de Territorialidade Temperada 
-É possível, por conta de regras internacionais, que um crime cometido 
no Brasil, não sofra as consequências da lei brasileira. 
 
Territorialidad
e 
Extraterritorialidad
e 
Intraterritorialidad
e 
Local do crime: 
Brasil 
Local do crime: 
estrangeiro 
Local do crime: 
estrangeiro 
Lei aplicável: 
brasileira 
Lei aplicável: 
brasileira 
Lei aplicável: 
estrangeira 
Ex. imunidade 
diplomática. 
 
 
O que é território nacional? 
Espaço geográfico + espaço jurídico (por ficção, equiparação) 
 
Espaço jurídico: art.5º, § 1º - “Para efeitos penais, consideram-se 
como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro 
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar” 
 
LUGAR DO CRIME 
Quando o crime se considera praticado no nosso território? 
Temos três teorias discutindo o assunto. 
1- Teoria da atividade: o crime considera-se praticado no lugar da 
conduta. 
2- Teoria do resultado/ do evento: o crime considera-se praticado no 
lugar do resultado. 
3- Teoria mista/ ubiquidade: o crime considera-se praticado no lugar 
da conduta ou do resultado. – Adotada no Brasil. 
Art. 6º, C.P.- Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu 
a ação ou omissão no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado. 
 
Obs: se no Brasil ocorre somente o planejamento e/ou preparação do 
crime, o fato, em regra, não interessa ao direito brasileiro, salvo 
quando a preparação por si só, caracterizar crime (ex. associação 
criminosa). 
 
 
Crime à distancia/ de 
espaço máximo 
Crime de transito Crime plurilocal- 
local- território 
nacional 
O crime percorre 
territórios de 2 
países soberanos. 
Ex: Brasil e 
Argentina. 
O crime percorre 
território de + de 2 
países soberanos. 
Ex: Brasil, Argentina 
e Uruguai. 
O crime percorre 2 ou 
+ territórios do mesmo 
país. 
Ex: SP, BH e RJ. 
Conflito 
internacional de 
jurisdição (a lei de 
qual país será 
aplicada?) 
Conflito 
internacional de 
jurisdição (a lei de 
qual país será 
aplicada?) 
Conflito interno de 
jurisdição (qual juízo 
aplicará a lei?) 
Resolve-se pelo art. 
6º C.P.- teoria da 
ubiquidade 
Resolve-se pelo art. 
6º, C.P.- teoria da 
ubiquidade 
Art. 70 CPP (regra)- 
teoria do resultado 
Art. 70 CPP- A 
competência será, de 
regra determinada pelo 
 
 
EXTRATERRITORIALIDADE 
 Em casos excepcionais, a nossa lei poderá extrapolar os limites 
do território, alcançando crimes cometidos exclusivamente no 
estrangeiro. 
Art.7º, I, C.P 
Extraterritorialidade 
Incondicionada (§1º) 
a) Crime contra a vida ou a liberdade 
do Presidente da República. (princípio da 
defesa) 
b) Crime contra o patrimônio público 
brasileiro. (princípio da defesa) 
c) Crime contra a administração 
publica. (princípio da defesa) 
d) Genocídio. (princípio da justiça 
universal) 
Art. 7º, II, CP 
Extraterritorialidade 
Condicionada (§2º) 
MAIS CAI EM CONCURSO “B” 
a) Crimes que, por tratado ou convenção, 
o Brasil se obrigou a reprimir. (princípio 
da justiça universal) 
b) Crimes praticados por brasileiro. 
(princípio da nacionalidade ativa) 
c) Crimes praticados em aeronaves ou 
embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada quando em território 
estrangeiro e ai não sejam julgados. 
(princípio da representação) 
Art. 7º, CP 
Extraterritorialidade 
Hipercondicionada (§3º) 
Crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil. (princípio da 
nacionalidade passiva) 
 
Extraterritorialidade condicionada 
Nos caos do art. 7º, inciso II, do CP, para que a nossa lei possa ser 
aplicada, é necessário e concurso das seguintes condições: 
lugar em que se 
consumar a infração. 
a) Entrar o agente no território nacional 
Obs 1: entrar não significa permanecer. 
Obs 2: território nacional: espaço geográfico e especo jurídico. 
 
b) Ser o fato também punível também no país em que foi praticado 
c) Estar esse crime incluído entre aqueles pelos quais a lei autoriza 
a extradição 
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter ai 
cumprido a pena. 
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro 
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
 
A lei penal se aplica a todos, por igual,não existindo privilégios 
pessoais. Há, no entanto, pessoas que, em virtude das suas funções ou 
em razão de regras internacionais, desfrutam de imunidades. Longe de 
uma garantia pessoal, trata-se de necessária prerrogativa funcional. 
 
PRIVILÉGIO PRERROGATIVA 
Exceção da lei comum deduzida da 
situação de superioridade das 
pessoas que a desfrutam. 
Conjunto de precauções que 
rodeiam a função. 
Subjetivo e anterior à lei Objetiva e deriva da lei 
Tem essência pessoal Anexo à qualidade do órgão 
Poder frente à lei Conduto para que a lei se cumpra 
Aristocracias das ordens sociais Aristocracias das instituições 
governamentais 
 
 
IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS 
 
Trata-se de prerrogativa de direito público internacional de que 
desfrutam: 
a) Chefes de governo estrangeiro ou chefes de Estado, sua família e 
membros da comitiva. 
b) Embaixador e sua família. 
c) Funcionários do corpo diplomático. 
d) Funcionários das organizações internacionais. (ex: ONU) 
 
Convenção de Viena sobre relações diplomáticas (art. 31 e seguintes). 
 
Natureza jurídica da imunidade diplomática: 
1ª corrente- trata-se de causa pessoal de isenção de pena. ( prevalece 
essa corrente) 
2ª corrente- trata-se de causa impeditiva de punibilidade. 
 
O diplomata deve obediência à nossa lei? 
Por força da característica da generalidade da lei penal, os agentes 
diplomáticos devem obediência ao preceito primário do país em que se 
encontram. 
Escapam, no entanto, da sua consequência jurídica (punição-preceito 
secundário), permanecendo sob a eficácia da lei penal do Estado a que 
pertencem (intraterritorialidade). 
Ex: art. 121 CP: Matar alguém (diplomata deve obediência) Pena: 6- 20 
anos (punido de acordo com a lei de seu Estado). 
 
Os agentes consulares tem imunidade diplomática? Os agentes consulares 
tem imunidade funcional. (relativa) ficando imunes aos crimes 
praticados no exercício da função. 
 
A imunidade é irrenunciável. 
É vedado ao seu destinatário abdicar da prerrogativa (pois esta é do 
cargo e não da pessoa). 
Atenção: de acordo com a Convenção de Viena poderá haver renúncia por 
parte do Estado de origem, ficando o diplomata sujeito à lei do país 
em que ocorreu o crime. 
 
IMUNIDADES PARALMENTARES 
As imunidades parlamentares encontram previsão na Constituição 
Federal. Tal e qualas diplomáticas, as imunidade parlamentares não 
configuram “privilégios”, mas “prerrogativas” necessárias ao 
desempenho independente da atividade do parlamentar e à efetividade 
do Estado Democrático de Direito, mascado pela representatividade dos 
cidadãos eleitores. 
Obs: As imunidades classificam-se em: 
a) Absolutas 
b) Relativas 
 
A Imunidade Parlamentar Absoluta é conhecida como freedon of speech 
Sinônimos: imunidade substancial; imunidade material; imunidade real; 
inviolabilidade; indenidade. 
 
Está prevista no artigo 53, caput, da CF/88, nos seguintes termos: 
“Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. 
 
 Atenção, parte da doutrina ensina que inviolabilidade 
não exclui apenas as responsabilidades civil e penal, mas também a 
administrativa e política. 
 
 A natureza jurídica da imunidade absoluta é questão 
controvertida. 
a) Pontes de Miranda, Nelson Hungria e Jose Afonso da Silva entendem 
ser causa excludente de crime; 
b) Basileu Garcia considera a imunidade absoluta causa que se opõe 
à formação do crime; 
c) Anibal Bruno considera-a causa pessoa (funcional) de isenção de 
pena; 
d) Magalhães Noranha entende ser causa de irresponsabilidade; 
e) Jose Frederico Marques, por sua vez, ensina tratar-se de causa de 
incapacidade pessoal penal por razões políticas; 
f) Por fim, para Luis Flavio Gomes (seguido pelo STF), a imunidade 
parlamentar absoluta torna o fato atípico. 
 
Cuidado, adota a tese do STF, também não se pune eventuais partícipes 
(teoria de acessoriedade limitada)- a punibilidade do partícipe 
depende de fato principal típico e ilícito. 
 
 Quais os limites da liberdade parlamentar material? 
Deve haver vínculo, conexão entre as palavras e/ou opiniões do 
parlamentar e o exercício da sua função. 
 
Conclusão: estando o parlamentar nas dependências do parlamento, 
presume-se, de forma absoluta a conexão com o exercício da função. 
 Estando fora das dependências do parlamento, a conexão deve 
ser demonstrada. 
 
“1. A imunidade parlamentar material, que confere inviolabilidade, na 
esfera civil e penal, a opiniões, palavras e voto manifestados pelo 
congressista (CF, art. 53, caput), incide de forma absoluta quanto às 
declarações proferidas no recinto do Parlamento. 2. Os atos praticados 
em local distinto escapam à proteção absoluta da imunidade, que abarca 
apenas manifestações que guardem pertinência, por um nexo de 
causalidade, com o desempenho das funções do mandato parlamentar” (STF- 
Tribunal Pleno- Inq. 2.813- Rel. Min. Marco Aurélio0 DJe 24/5/2011). 
 
Atenção! Na hipótese de meios eletrônico (Facebook, Twitter, e-mails 
...) ara divulgar mensagens ofensivas à honra de alguém, deve haver 
vinculação com o exercício parlamentar para que seja afastada a 
responsabilidade, ainda que a mensagem tenha sido gerada dentro do 
gabinete. Entendimento diverso daria margem ao exercício abusivo desta 
prerrogativa que, como destacado, é de instituição e não do 
parlamentar. 
 
Imunidade parlamentar relativa: artigo 53, § 1º ao § 8º, CF. 
SINONIMOS: imunidade parlamentar formal, processual, adjetiva. 
 
Relativa ao foro: Nos termos do artigo 53, § 1º da CF, “Os deputados 
e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a 
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal”, 
Obs: trata-se de foto por prerrogativa de função, competindo ao STF o 
processo e julgamento dos parlamentares por infrações penais cometidas 
antes ou depois do inicio do mandato. 
ATENÇÃO: De acordo com a maioria o foro especial não se estende ao 
concorrente sem imunidade, gerando neste caso, separação de processos, 
sendo o corréu não imune processado no seu juízo natural. 
 
Da simples leitura do parágrafo, percebe-se que o foro especial se 
estende da diplomação e não da posse até o fim do mandato. 
Cuidado: justamente por configurar prerrogativa e não privilégio, o 
fim do mandato implica na remessa dos autos para o juiz natural. 
Obs: a Súmula 394 do STF foi cancelada. 
 
Imaginemos um parlamentar (Deputado Federal ou Senador) que, 
percebendo que seu processo-crime foi colocado em pauta para final 
julgamento no STF, buscando procrastinar a decisão final, renuncia na 
véspera para que o feito seja remetido para o juiz de 1º grau: 
Essa escoteira opção retira do STF a competência para julgá-lo? 
Por 8 votos a 1, o plenário do STF decidiu em questão de ordem, que a 
renuncia do parlamentar nesse caso não retira a competência do STF 
quando marcada a data do julgamento. 
Imunidade relativa à prisão: também denominada pelo Supremo Tribunal 
Federal de “incoercibilidade pessoal dos congressistas (freedom from 
arrest)”, está prevista no artigo 53, § 2º, da CF, que anuncia: 
“Desde a expedição do diploma, os membro do Congresso Nacional não 
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse 
caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa 
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva 
sobre a prisão”. 
 
A garantia, portanto, presente desde a diplomação (e não da posse), 
recai sobre prisão provisória, excepcionada apenas a prisão em 
flagrante decorrente de prática de crime inafiançável (ex. racismo). 
Realizada prisão em flagrante por crime inafiançável, os autos serão 
remetidos no prazo de vinte e quatro horas para a Casa respectiva, que 
deliberará, por maioria de votos, sobre a prisão. A deliberação sobre 
a prisão terá caráter eminentemente político (conveniência e 
oportunidade) e não técnico. 
Cuidado: A prisão decorrente de sentença definitiva é cabível, não 
estando abrangida pela imunidade. (STF Inq. 510) 
Imunidade só abrange prisão provisória: Flagrante (crimes 
afiançáveis); prisão preventiva e prisão temporária. 
 
Cabe prisão civil conta o Congressista devedor de alimento? 
1ª corrente: é cabível prisão civil do congressista devedor de 
alimentos. 
2ª corrente: a imunidade abarca qualquer ato da privação de liberdade, 
ou seja, prisão extrapenal. 
3ª corrente: em se tratando de alimentos provisórios ou provisionais, 
não cabe execução com risco de prisão; ao revés, sendo alimentos 
definitivos, cabe execução com risco de prisão. 
 
Imunidade relativa ao processo: está disciplinada no artigo 53, §§ 3º 
ao 5º da CF, alcançando os crimes praticados pelos congressistas após 
a diplomação. Nesses casos, permite-se à Casa Legislativa respectiva 
sustar, a pedido de partido político com representação do Legislativo 
Federal, o andamento da ação penal pelo voto ostensivo e nominal da 
maioria absoluta de seus membros. A suspensão da ação penal devera ser 
apreciada no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias, e caso se 
entenda pela sustação, ela persistirá enquanto durar o mandato, 
acarretando, igualmente, a suspensão da prescrição. 
Atenção: não haverá imunidade processual em relação aos crimes 
cometidos antes da diplomação. 
Cuidado: a imunidade dos §§ 3º a 5º da CF, não se estende nem alcança 
inquéritos instaurados contra o congressista. 
 
Imunidade relativa à condição de testemunha: a regra é que os 
parlamentares são obrigados a testemunhar, prestando compromisso, 
salvo nas duas hipóteses previstas no artigo 53, § 6º da CF: 
a) Sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do 
mandato; e 
b) Sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam 
informações. 
 
Embora a testemunha tenha o dever de comparecer quando intimados pelo 
juízo para prestar seus depoimento, o artigo 221 do Código de Processo 
Penal estabelece que os deputadose senadores terão a prerrogativa de 
ajustar dia, horário e local com essa finalidade. 
Cuidado: a prerrogativa é exclusiva servir como testemunha, não se 
aplicando ao parlamentar investigado ou acusado. 
 
Imunidades parlamentares e o estado de sítio 
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o 
estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois 
terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados 
fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a 
execução da medida. 
 
Conclusão: as imunidades subsistem ainda que durante o estado de sítio. 
Nos termos do artigo 53, § 8º da CF, as imunidades de deputados e 
senadores somente serão suspensas se houver votação da Casa respectiva, 
com votação de dois terços pela suspensão. 
Obs.: de todo modo, ainda nessa hipótese somente os atos praticados 
fora do congresso e que sejam incompatíveis com a execução da medida 
e que estarão desprotegidos da imunidade. 
 
Imunidades do parlamentar licenciado: Caso o parlamentar se licencie 
do cargo para qual foi eleito com o objetivo de exercer outro, por 
exemplo, Ministro de Estado, não manterá sua imunidade (que não é 
pessoal, mas da função), salvo no que toca ao foro especial. 
 
A 1º Turma concedeu habeas corpus para cassar decreto de prisão 
expedido por juiz de direito contra deputado estadual. Entendeu-se 
que, ante a prerrogativa de foro, a vara criminal seria incompetente 
para determinar a constrição do paciente, ainda que afastado do 
exercício parlamentar”. (STF- Info n. 628- HC 9548- Rel. Min. Marco 
Aurélio – Dje 24/5/2011) 
 
Imunidades dos deputados estaduais 
As imunidades estudadas, por força do mandamento insculpido no artigo 
27, § 1º, CF, também devem ser aplicadas aos deputados estaduais. 
Obs: consagra-se o princípio da simetria. As mesmas imunidades dos 
parlamentares federais aplicam-se aos deputados estaduais. 
Obs: está superada a súmula 3 do STF. 
 
Parlamentares Federais Parlamentares Estaduais 
Imunidade Absoluta Imunidade Absoluta 
Imunidade Relativa Imunidade Relativa 
a) Foro (STF) 
b) Prisão 
c) Processo 
d) Condição de testemunha 
a) Foro (TJ, TRF/TRE) 
b) Prisão 
c) Processo 
d) Condição de testemunha 
 
 
Imunidades dos vereadores: por força do artigo 29, VIII, CF, desfrutam 
somente de imunidade absoluta, desde que suas opiniões, palavras e 
votos sejam proferidos no exercício do mandato (nexo material) e na 
circunscrição do Município (critério territorial). 
Atenção: a constituição estadual pode prover foro por prerrogativa de 
função para processo e julgamento de infrações penais. 
 
Foro por prerrogativa de função X Tribunal do Júri: o foro por 
prerrogativa de função, previsto na CF, prevalece sobre a competência 
constitucional do Tribunal do Júri (é a Carta Maior excepcionando-se 
a si mesma). Dentro desse espírito, caso pratique crime doloso conta 
a vida, o congressista será julgado perante o STF, enquanto que o 
parlamentar estadual, pelo Tribunal de Justiça (ou Tribunal Regional 
Federal, se o caso). 
 
CUIDADO: se o foro especial está previsto apenas na constituição 
estadual, e esse é o caso dos vereadores do Rio de Janeiro, por exemplo, 
o foro não prevalece sobre o Tribunal do Júri, que está previsto na 
CF/88. 
 
SÚMULA 721-STF 
A COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI PREVALECE SOBRE O 
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ESTABELECIDO EXCLUSIVAMENTE PELA 
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. 
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