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Medicamentos interferentes em exames laboratoriais

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Semipresencial – Medicamentos como interferentes em exames laboratoriais
Jocelaine de Quadros
Bioquímica Clínica
Mara Fantinel
Carazinho, agosto de 2015.
Propranolol
O propranolol é um medicamento utilizado no controle da hipertensão. É um bloqueador beta adrenérgico. Segundo o Hiperdia, “O mecanismo anti-hipertensivo é complexo e envolve diminuição do débito cardíaco, redução da secreção de renina, readaptação dos baroreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas.”
Por sofrer metabolismo hepático de primeira passagem, pode causar alterações nas dosagens das enzinas hepáticas, como alanina aminotransferase (AST) e aspartato aminotransferase (AST) e desidrogenase lática (LDH). O propranolol pode, ainda, alterar os níveis de HDL (colesterol de alta densidade), triglicerídeos, ácido úrico e ureia. 
Corticoides
Os corticoides são um grupo de hormônios esteroides produzidos pelas glândulas suprarrenais. Exercem importantes funções no organismo, como assimilação das proteínas, carboidratos, gorduras e minerais, além de terem ações anti-inflamatórias e imunossupressoras e exercerem estimulação cerebral. Porém o excesso destes hormônios pode gerar graves reações. 
Uma das reações que os corticoides provocam é um estado de intolerância à glicose, resistência à insulina e consequentemente uma hiperglicemia. A resistência à insulina se dá pela diminuição da capacidade celular em elevar o transporte e/ou utilização de glicose em resposta à ação da insulina. Sendo assim o menor consumo de glicose faz que seus níveis séricos tendam a se elevar, promovendo um quadro de intolerância à glicose.
Pesquisas experimentais mostraram que o excesso de glicocorticoides é capaz de provocar uma redução de captação e de oxidação de glicose no músculo. Ainda, demonstraram que os glicocorticoides diminuem a proporção de transporte da glicose estimulada por insulina.
Deste modo o paciente irá apresentar quadro hiperglicêmico (curva GTT aumentada) devido à intolerância à glicose, podendo também ocasionar resistência à insulina e, consequentemente, uma hiperinsulinemia quando ao uso em excesso de glicocorticoides. A evolução do quadro pode se assemelhar ao diabetes 
Paracetamol
O paracetamol (Tylenol®, da Johnson & Johnson) é um agente analgésico e antipirético, utilizado para dores fracas a moderadas tais como dores associadas a estados gripais, dores de cabeça, dor nas costas. O mecanismo de ação analgésica não está totalmente determinado. O paracetamol pode atuar predominantemente inibindo a síntese de prostaglandinas ao nível do SNC e em menor grau bloqueando a geração do impulso doloroso ao nível periférico. A ação periférica pode ser decorrente também da inibição da síntese de prostaglandinas ou da síntese de outras substâncias que sensibilizam os nociceptores. O paracetamol também produz a antipirese atuando ao nível central sobre o centro hipotalâmico regulador da temperatura para produzir uma vasodilatação periférica que dá lugar a um aumento do fluxo de sangue na pele, sudorese e consequente perda de calor. A ação ao nível central provavelmente está relacionada com a inibição da síntese das prostaglandinas no hipotálamo. 
Interferência em exames laboratoriais: 
(1) Determinação de glicose no sangue: o paracetamol pode interferir com os sistemas de medida da glicemia em fitas reagentes diminuindo em até 20% os valores médios de glicose; quando a glicemia é realizada pelo método da glicose oxidase/peroxidase, podem aparecer valores falsamente diminuídos, porém provavelmente isto não ocorra com o método da hexoquinase/glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). Isso provavelmente ocorre devido ao aumento da sensibilidade tissular periférica da glicose. (2) Provas da função pancreática: a administração de paracetamol antes de se realizar as provas com bentiromida pode invalidar os resultados, porque o paracetamol também se metaboliza a uma arilamina e, desta maneira, aumenta a quantidade aparente de ácido p-aminobenzoico (PABA) recuperada. (3) Determinações de ácido úrico sérico: quando se utiliza o método do fosfotungstato para a determinação do ácido úrico, podem aparecer valores falsamente aumentados. (4) Determinações do ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA) na urina: as provas qualitativas diagnósticas de detecção que utilizam nitrosonaftol como reativo, podem produzir resultados falsamente positivos; as provas quantitativas não apresentam resultados alterados. (5) Tempo de protrombina, concentrações séricas de bilirrubina, de láctico-desidrogenase e transaminases: como paracetamol é hepatotóxico, se ingeridas doses altas (tóxicas) de paracetamol (superiores a 8 g) ou com o uso prolongado de doses mais baixas (3 a 5 g/dia), podem aparecer valores aumentados, especialmente em pacientes alcoólicos crônicos, naqueles que tomam outros indutores das enzimas hepáticas ou naqueles com uma enfermidade hepática pré-existente. O paracetamol pode, ainda, causar valores falsamente reduzidos de sódio, bicarbonato e cálcio e falsamente elevados de cloro.
AAS
O AAS (Aspirina®, da Bayer) é um fármaco que, devido às suas características, pertence originalmente à classe dos AINES (silicilatos): grupo de fármacos que tem por objetivo controlar a inflamação, analgesia e hipertermia e tem por característica inibir a atividade de alguns subtipos de ciclooxigenases. Mesmo assim, o poder anti-inflamatório do AAS é baixo, sendo usado principalmente como analgésico. A absorção do fármaco tende a ser rápida e completa após a administração oral, une-se altamente às proteínas (albumina). A excreção completa do fármaco e de seus metabólicos é feita principalmente pela urina, podendo também ser excretada pelo leite materno em alta concentração. 
Interferência em exames laboratoriais: 
Função plaquetária: Todos os AINES atuam nas plaquetas, eles tendem a diminuir a atividade delas. O AAS é o fármaco que mais inibe essa função. Ele bloqueia a síntese do tromboxano A2 (plaquetas ativas que estimulam a ativação de outras plaquetas, aumentando a agregação plaquetária) nas plaquetas, e age no sistema de coagulação, apenas como antiagregante. Exames hormonais: O AAS administrado em altas doses pode diminuir os valores da tiroxina total ou T4. Testes de coagulação: pode causar interferência em alguns testes de coagulação tais como: tempo de sangramento, prova do laço, retração do coágulo e agregação plaquetária. O AAS não interfere no TP (tempo de protrombina) porque age somente como antiagregante plaquetário e não nos fatores de coagulação que são avaliados através deste teste.

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