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CAPÍTULO 1 EAD: AspEctos Históricos E sociAis A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Compreender o desenvolvimento histórico da educação a distância. 3 Utilizar, em benefício do autoaprendizado, os recursos pedagógicos da educação a distância de mediação e interação. 10 Educação a Distância e Métodos de Autoaprendizado 11 EAD: AspEctos Históricos E sociAis Capítulo 1 contExtuAlizAção Este é o seu primeiro curso a distância? Já fez a graduação na modalidade EAD? Já fez algum curso de capacitação ou aperfeiçoamento em EAD? Conhece alguém que já estudou na modalidade a distância? Conhece ou trabalha em uma empresa que capacita seus colaboradores a partir dos recursos da educação a distância? É muito provável que você tenha dito sim a uma destas perguntas. Além disso, atualmente, é cada vez mais comum que várias pessoas respondam sim a várias destas indagações. Só no ano de 2007, foram mais de 2,5 milhões de brasileiros que estudaram em cursos com metodologias a distância. Este dado é fruto de um levantamento feito pelo Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD) e publicado em sua edição 2008 (SANCHEZ, 2008). Neste mesmo anuário, encontramos outros dados significativos sobre a educação a distância em 2007: • 582.985 pessoas obtiveram formação dentro das próprias empresas; • 972.826 pessoas inscritas em cursos ofertados por instituições credenciadas e em cursos autorizados pelo Sistema de Ensino para EAD (Educação de Jovens e Adultos (EJA), Fundamental, Médio, Técnico, Graduação, Pós-Graduação); • 218.575 pessoas participaram de cursos para empreendedores. (SANCHEZ, 2008). Assim segue a lista, até somar 2,5 milhões de pessoas. A parte que aqui destacamos ajuda a pensar sobre o nosso contexto educacional, que é marcado por um período de grandes transições. Transições que geram algumas inquietações: No que isso vai dar? Que impacto social te(re)mos? As pessoas aprenderão tanto quanto nas modalidades tradicionais? Qual é a legitimidade destes processos? O tempo nos dirá! Ou o tempo já nos diz? Na verdade, já nos diz muito, não é mesmo!? Então, vamos estudar mais a história da EAD. Para tanto, organizamos este capítulo para que você possa conhecer a história da EAD em suas três gerações, a característica do modelo EAD da UNIASSELVI para a pós- graduação e, finalmente, os conceitos e oportunidades promovidos pela EAD. A EAD Será que a história da educação a distância é tão recente quanto parece? É possível que você se lembre dos cursinhos técnicos disponíveis no correio, 12 Educação a Distância e Métodos de Autoaprendizado sempre muito simpáticos e convidativos. Era possível, e ainda é, fazer um curso de mecânica, desenho técnico, elétrica automotiva e tantos outros, tudo por correspondência. Lembrou? Será este o marco de início da EAD? Alguns autores afirmam que, na verdade, a educação a distância remonta aos tempos da escrita. Podemos imaginar a revolução que este invento proporcionou. O que antes só poderia ser transmitido oralmente, a partir da escrita, pôde ser comunicado sem a necessidade de um narrador presente. Outros autores preferem dizer que o ensino a distância só se tornou possível com a invenção da imprensa, no século XV. Estes autores destacam que a imprensa permitiu maior acesso à informação, facilitou o processo de divulgação de ideias, democratizou o conhecimento, potencializou reformas e revoluções. Enfim, outorga-se o início da EAD a partir deste marco. Extra, extra! JOHANN GUTEMBERG inventou a imprensa, ou melhor, inventou o primeiro mecanismo de impressão. Analistas afirmam que este invento barateou o livro, tornando a cultura acessível a um maior número de pessoas, e revolucionou a comunicação. Antes de sua invenção, os livros eram reproduzidos manualmente por copistas, o que tornava o processo demorado, caro e acessível a poucos privilegiados. Entretanto, o consenso mais comum é de que a educação a distância se desdobra em três gerações, a começar pelos cursos de correspondência que datam do século XIX. Vamos ver um pouco mais sobre cada geração. primEirA GErAção: corrEsponDênciA A referência mais concreta para o início da EAD está no século XIX, século em que se combinaram vários fatores: a melhoria das técnicas de impressão, o desenvolvimento dos meios de transporte e os mecanismos de comunicação. Isto permitiu uma primeira experiência com o ensino por correspondência que contava com materiais impressos e atividades que eram enviadas pelo correio. Na primeira geração da EAD, os materiais eram autoinstrutivos e permitiam um bom aproveitamento do cursista que fazia sua própria “caminhada”. Nesse contexto, foram aprofundadas as discussões sobre o processo de autoaprendizado e sobre a necessidade de disciplina e de autonomia do estudante. O consenso mais comum é de que a educação a distância se desdobra em três gerações. Na primeira geração, os materiais eram autoinstrutivos e permitiam um bom aproveitamento do cursista que fazia sua própria “caminhada”. 13 EAD: AspEctos Históricos E sociAis Capítulo 1 sEGunDA GErAção: novAs míDiAs Com o desenvolvimento de novas mídias, como a televisão, o rádio e o telefone, tivemos uma segunda geração de EAD. Acompanhe a ideia que transcrevemos a seguir, de Maia e Mattar (2007, p. 22): Um momento importante é a criação das universidades abertas de ensino a distância, influenciadas pelo modelo da Open University britânica, fundada em 1969, que se utilizam intensamente de rádio, TV, vídeos, fitas cassetes e centros de estudo, e em que se realizaram diversas experiências pedagógicas. Com base nessas experiências, teria crescido o interesse pela EaD. Surgiram assim as megauniversidades abertas a distância, em geral as maiores, em número de alunos, de seus respectivos países [...]. Essas experiências têm servido para repensarmos a função das universidades no futuro e modificar a educação de diversas maneiras, mas apenas na década de 1990 as universidades tradicionais, as agências governamentais e as empresas privadas teriam começado a se interessar por elas. Esta segunda geração, como podemos analisar, contou com o auxílio de novas tecnologias que enriqueceram o processo de aprendizagem, favoreceram a ampla difusão da informação, permitiram uma comunicação sincrônica e, por fim, contribuíram para confirmar a viabilidade do ensino a distância. Um lema se definiu: tecnologia a serviço da educação. Foi assim que chegamos à terceira geração, como veremos na sequência. A comunicação sincrônica se dá quando duas ou mais pessoas estão em contato, em espaços diferentes, mas em tempo real. Veremos mais sobre este conceito no capítulo que tratará dos “Novos conceitos, papéis e oportunidades”. tErcEirA GErAção: On-Line Após o avanço das telecomunicações e com uma maior flexibilização dos processos informacionais e comunicativos, chegamos a uma terceira geração em EAD que passou a contar com um novo recurso tecnológico: computadores ligados em rede. Isto se deu principalmente a partir de 1995, com o grande Com o desenvolvimento de novas mídias, como a televisão, o rádio e o telefone, tivemos uma segunda geração de EAD. 14 Educação a Distância e Métodos de Autoaprendizado crescimento da internet, momento em que se configurou um novo espaço de interação, um espaço virtual. Concordamos com Maia e Mattar (2007, p. 22), quando afirmam que, “em relação à geração anterior, não temos mais uma diversidade de mídias que se relacionam, mas uma verdadeira integração delas, que convergem para as tecnologias de multimídia eo computador”. Além disso, podemos destacar que essa geração disponibilizou vários recursos na própria residência do aluno, também chamado de aluno virtual. Vale ressaltar que uma geração não excluiu a outra, mas complementou, tanto pela experiência e estudo que promoveu, como pelo aperfeiçoamento dos materiais que foram desenvolvidos. Neste sentido, você pode observar que cada instituição apresenta cursos na modalidade de EAD em formatos diferentes. Isto se dá pela forma como cada instituição combina os recursos e estratégias. Por isso, vemos cursos on-line, cursos por correspondência, cursos semipresenciais, cursos totalmente a distância, cursos mistos etc. Maia e Mattar (2007, p. 53) nos sustentam em nossa constatação ao afirmarem que “A dose de multimídia é um dos fatores determinantes na diferenciação entre os modelos de EaD” e que, “De um lado, é possível conduzir um curso a distância utilizando apenas material impresso, inclusive sem computador”. Como exemplo desse modelo, temos os cursos ofertados pelo Instituto Monitor. Atividade de Estudo Neste contexto, você deve estar se perguntando: Qual o modelo utilizado pelo programa de pós-graduação a distância da UNIASSELVI? A seguir, vamos saber um pouco mais. Entretanto, antes disso, que tal fazermos um exercício? Analise as afirmações da coluna à esquerda e associe-as à coluna à direita: Após o avanço das telecomunicações e com uma maior flexibilização dos processos informacionais e comunicativos, chegamos a uma terceira geração em EAD. A televisão possibilitou um novo recurso de comunicação. Foram inaugurados os recursos virtuais. As atividades de estudo eram essencialmente individualizadas. Surgiram os recursos de interação on-line. • Primeira Geração • Segunda Geração • Terceira Geração Material instrutivo era enviado por correspondência. Passou a contar com atividades síncronas. 15 EAD: AspEctos Históricos E sociAis Capítulo 1 A propostA uniAssElvi pArA A pós EAD A proposta da UNIASSELVI, para o programa de pós-graduação na modalidade a distância, contempla diferentes características da EAD que potencializam o processo de ensino e de aprendizagem. São características que combinam as estratégias que deram bons resultados nas três gerações que acabamos de ver. Por isso, conta com a seguinte estrutura: • material autoinstrutivo; • tutoria; • plataforma virtual de aprendizagem; • vídeoaula; • 0800-723-9000. Esta estrutura, combinada com algumas estratégias, contribui para a formação de um programa que pretende trazer bons resultados aos estudantes. Dentre as estratégias adotadas, podemos pontuar: • escrita do material em estilo dialógico e conteúdo autoinstrutivo (o capítulo 3 descreve como você poderá aproveitar todas as vantagens deste material); • desenvolvimento de momentos presenciais; • mediação on-line pró-ativa, desenvolvida por tutores com formação na área do curso, para estudo e troca de ideias; • recursos virtuais de interação e aprendizagem colaborativa; • central de atendimento (0800-723-9000) para ampliar e agilizar o contato do estudante com a tutoria e outros setores da instiruição; • videoaula para enriquecimento dos conteúdos. Observe que o papel do tutor é uma das variáveis que, combinada com os recursos multimídia, define a identidade dos cursos de pós-graduação da UNIASSELVI. Mas, na verdade, o mais importante não é o conteúdo do curso ou a tecnologia empregada. O fundamental ocorre no processo de construção do conhecimento pela interação de uma comunidade de aprendizagem. É importante lembrar que “A mediação tecnológica não pode eliminar ou querer se colocar no lugar da mediação humana”. (PRETTI, 2005, p. 25). Por isso, todos os participantes deste projeto (cursistas, coordenadores, professores- autores, tutores...) são convocados à implementação e à melhoria contínua de recursos de participação, interação e diálogo. Veja, a seguir, nosso modelo de mediação pedagógica: “A mediação tecnológica não pode eliminar ou querer se colocar no lugar da mediação humana.” (PRETTI, 2005, p. 25). 16 Educação a Distância e Métodos de Autoaprendizado No capítulo 4, você terá maiores esclarecimentos sobre o programa de pós EAD da UNIASSELVI. Neste momento, observe as relações existentes entre as diferentes gerações de EAD e o modelo utilizado pela UNIASSELVI. O que fica visível aqui é que esse formato de mediação não está sustentado no individualismo e na formação solitária do cursista. Você pode notar que o programa de pós-graduação da UNIASSELVI conta com uma estrutura de interações que é otimizada com a tutoria e com a Central de Atendimento, que promovem o sentimento de estar junto, de coletividade, de sociedade e de coleguismo, indispensáveis para o processo de aprender e de ensinar. São aspectos sociais do processo educativo que sempre foram e sempre serão fundamentais. Por isso, na sequência, vamos discutir um pouco mais como isto se caracteriza na educação a distância. AspEctos sociAis DA EDucAção A DistânciA Sob o aspecto social, podemos afirmar que a EAD causou grandes impactos. Novos conceitos, papéis e oportunidades se estabeleceram e influenciam nossa organização social, econômica e política. Que tal alguns exemplos sobre estas afirmações? Veja as manchetes que são cada vez mais comuns: • cursos da rede EAD chegam até os alunos soldados da PM • educação a distância mais próxima da população Videoaula Central de Atendimento Tutor Professor- Autor Material Autoinstrutivo Cursista Plataforma Virtual de Aprendizagem 17 EAD: AspEctos Históricos E sociAis Capítulo 1 • telecentros auxiliam os profissionais da segurança em capacitação ... • qualificação a distância para o desenvolvimento do turismo ... • desenvolvimento agrário lança inclusão digital no meio rural Atividade de Estudo: Você se lembrou de alguma notícia relacionada à EAD? Anote aqui: _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Veja que a EAD tem auxiliado no desenvolvimento de pessoas e organizações que atuam nas mais diferentes áreas. Da PM ao meio rural, vemos a presença da EAD e logo percebemos que esta modalidade não se restringe à formação direcionada à graduação ou pós-graduação. O mundo corporativo também se beneficia desta modalidade. Se você gosta de estatísticas, observe o levantamento feito pela AbraEAD: Os métodos de Ensino a Distância são um fenômeno crescente na educação corporativa brasileira, e os números referentes aos investimentos no ano de 2007 mostram que, embora sejam majoritariamente presenciais, os projetos de educação de funcionários, colaboradores e prestadores de serviços abrem cada vez mais espaço para a EaD. As 41 empresas ouvidas na pesquisa da edição 2008 do AbraEAD indicam que um quarto (25,6%) de seus investimentos em educação corporativa foi aplicado no uso do conjunto de metodologias a distância. Nos dois anos anteriores, esse porcentual não havia chegado nem a um terço disso. (SANCHEZ, 2008, p. 99). Esta pesquisa, somada às manchetes que vimos antes, é apenas um indício de que nosso modelo de educação está em transição, da mesma forma que as diversas instituições sociais. Estas mudanças estão intimamenteligadas à aplicação de novas tecnologias, principalmente da internet. Neste sentido, não é só na educação que ocorrem mudanças e oportunidades, mas em todas as áreas. “As 41 empresas ouvidas na pesquisa da edição 2008 do AbraEAD indicam que um quarto (25,6%) de seus investimentos em educação corporativa foi aplicado no uso do conjunto de metodologias a distância.” (SANCHEZ, 2008, p. 99) 18 Educação a Distância e Métodos de Autoaprendizado muDAnçAs E oportuniDADEs nA ErA DA informáticA Como você reage diante do “novo”? Você fica ansioso diante das mudanças? É comum encontrarmos pessoas que compartilham a ideia de que o novo desperta ansiedade, gera tensão e preocupação. Por trás disto estão a incerteza e a insegurança causadas pelo novo. Contudo, neste novo residem as oportunidades. Você concorda? Para avançar neste raciocínio, convidamos você a analisar um exemplo de mudança e oportunidade que as novas tecnologias estão trazendo para profissionais da área de comunicação. Para tal, enviamos um roteiro de questões para a jornalista Angèle Murad. Angèle Murad é jornalista, professora do Centro Universitário de Vila Velha-ES (UVV), mestre em Comunicação e Imagem pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e especialista em Comunicação Organizacional pela Universidade Federal do Espírito Santo. Analista de comunicação da Prefeitura Municipal de Vitória (ES). Veja como chegamos a ela: primeiro buscamos na internet um exemplo utilizando as seguintes palavras: mudança na era da informática. Dentre os conteúdos, encontramos um artigo que falava do “complexo mundo da comunicação”. Veja um trecho: A difusão das tecnologias digitais e a consequente convergência das áreas de comunicação, informática e telecomunicações está transformando a atividade jornalística. As mudanças atingem a pesquisa, a produção e a difusão da informação. Possibilitam outras formas de relacionamento entre leitor e jornalista, exigindo a redefinição de técnicas. O novo quadro demanda, assim, alteração no perfil do profissional de informação. (MURAD, 2008). A partir disto, entramos em contato, via e-mail, com a jornalista e realizamos a seguinte entrevista: 19 EAD: AspEctos Históricos E sociAis Capítulo 1 Que novas oportunidades a internet criou para sua profissão? Para os jornalistas, a internet possibilitou novas formas de obter informação (ex.: consulta à página pessoal das fontes envolvidas; entrevista por e-mail); novas formas de “tratar” a informação (ex.: construção de texto, integrando-o a áudio e vídeo); novas formas de difundir a informação (ex.: entrevistas on-line; “debates” virtuais). Que novos modelos de comunicação jornalística se inauguram com a internet? Atribui-se à internet a implementação do modelo todos-todos, no qual potencialmente todos são emissores e receptores. Uma das experiências que melhor traduz esse conceito é o jornalismo colaborativo, no qual o cidadão constrói a notícia, e ela é publicada. Os blogs também expressam essa relação dialógica. Podemos dizer também que a internet também tem espaço para fomentar os modelos um-um (e-mail, por exemplo, trocado entre jornalista e um internauta leitor) e um-todos (listas de discussão sobre assuntos pautados pelo veículo jornalístico). Quais os principais “medos” dos profissionais do jornalismo neste contexto da informatização? O novo assusta, mas é extremamente sedutor e desafiador. Veja, por exemplo, o caso das “novas formas de ler”. Pesquisas indicam que o internauta lê o texto como imagem, o que requer de nós, jornalistas, feeling para escrever de forma atrativa, utilizando recursos para “prender” o internauta no texto o maior tempo possível. Dizem que, no ambiente da internet, é preciso escrever textos curtos. Mas acho que não podemos nos esquecer da missão do jornalista e da sua responsabilidade social de contribuir para que as pessoas compreendam o mundo em que vivem. Este deveria ser o principal temor do profissional: escrever, escrever e sua fala não ajudar o outro a apreender o mundo. Quais as novas formas de relacionamento entre leitor e jornalista, inauguradas pela internet? Já falei de algumas iniciativas, como o jornalismo colaborativo e o blog. No primeiro, quase sempre há a mediação do jornalista. Já no segundo, é o cidadão escrevendo e postando suas ideias 20 Educação a Distância e Métodos de Autoaprendizado e notícias. Isso retira do jornalista a segurança de que ele é o único mediador social possível entre fatos e leitores. No mínimo, inquietante para uma profissão cujo pólo ideológico se constrói a partir de eixos, como verdade, isenção e a missão de ser “o relator” do real. Em um de seus artigos, você afirma que o novo quadro demanda alterações no perfil do profissional de informação. Que alterações são estas? Uma das principais exigências, creio, é quanto à nova linguagem. O jornalista precisa (re)aprender a escrever. Isso implica, de um lado, apropriar-se dos recursos multimídia. De outro, estabelecer uma nova “escrita”, hipertextual, na qual as informações são organizadas em camadas, visando a atender a receptores com diferentes graus de interesse. De fato, o jornalismo conta com novos recursos, o que gerou novas oportunidades de comunicação. Isto nos leva a considerar oportuno falar da mudança de paradigma pela qual as profissões e instituições estão passando. Paradigma é o modelo predominante entre as pessoas. “[...] os indivíduos pensam e agem, em conformidade com os paradigmas neles inscritos culturalmente. O paradigma instaura relações primordiais que constituem axiomas, determinam conceitos, comandam discursos e/ ou teorias.” (MORIN apud NEDER, 2005, p. 49). Segundo Neder (2005, p. 49), “o novo paradigma, que se estrutura em nosso contexto, enfatiza a totalidade indivisa e compreende que o todo só pode ser compreendido se relacionado às suas partes, às suas conexões”. Em outras palavras, a compreensão da realidade não é completa no fragmento isolado, mas na teia de sua organização. Neste sentido, na extensão desta reflexão, vamos falar dos dois principais modelos educativos. Porém, antes, que tal você responder à entrevista do nosso amigo Leo!? 21 EAD: AspEctos Históricos E sociAis Capítulo 1 Atividade de Estudo: Vimos, nesta seção, que as novas tecnologias, em especial a informática, favoreceram mudanças e oportunidades para as diferentes profissões e para a educação. Neste sentido, gostaríamos de saber sua opinião sobre as seguintes questões: 1) Qual sua profissão e quais as principais mudanças que ela vem passando diante das novas tecnologias? _______________________________________________________ _______________________________________________________ 2) Quais as novas oportunidades que a internet criou para sua profissão? _______________________________________________________ _______________________________________________________ 3) Como os modelos de educação poderiam ser mais úteis para o novo contexto da sua profissão? _______________________________________________________ _______________________________________________________ moDElos EDucAtivos Ao estudar a terceira geração da EAD, você percebeu que a internet surgiu e se tornou uma excelente ferramenta para desenvolver a educação on-line. Por sua vez, passamos a experimentar redes de aprendizagem e aprendizagens colaborativas, contexto que se transformou em palco de intensos debates: de um lado, os instrucionistas e, do outro, os construcionistas. Para os instrucionistas, manteve-se a ideia de que a aprendizagem era um processo de transmissão da informação. Para estes, bastava que o material didático fosse autoinstrucional. Do outrolado dos debates, os construcionistas, para quem a aprendizagem se desenvolve a partir de trocas, de interação e colaboração entre pessoas que utilizam redes de comunicação mediada por computador para aprender juntas. Será que as duas vertentes se excluem? Poderíamos considerá-las complementares? De forma geral, vemos que se instalou um debate extremista sobre as duas visões. De um lado, o discurso é entusiasmado e positivo A internet surgiu e se tornou uma excelente ferramenta para desenvolver a educação on-line. 22 Educação a Distância e Métodos de Autoaprendizado sobre as novas tecnologias, com comentários hostis em relação aos recursos chamados de tradicionais; do outro, o discurso de que as novas tecnologias e a EAD não são suficientes para garantir os mesmos resultados da educação presencial. Que tal ponderarmos sobre isto e identificarmos os pontos positivos que poderiam ser somados para a elaboração de um programa misto? Para ajudar na nossa investigação, veja o quadro a seguir. Nele, podemos visualizar os itens de cada vertente. Quadro 01 – Comparativo entre instrucionismo e construcionismo Fonte: Os autores (2008). Na primeira coluna do Quadro 01, vemos as características do modelo instrucionista, o qual, em síntese, pode ser identificado pelo modelo de estudo individualizado, e, na segunda coluna, o modelo construcionista que apresenta vários recursos de interação virtual. Porém, não são modelos excludentes. A partir da soma dessas características, podemos perfeitamente desenvolver um modelo misto e multidirecional. Instrucionista Material didático autoinstrutivo e impresso. Linguagem dialógica. Fácil de transportar e de ler em qualquer lugar. Permite acesso, de forma acadêmica, a conteúdos clássicos, atuais e universais com registro de procedência confiável. Permite escolher o melhor horário para estudo. Apresenta as informações fundamentais. Permite atividade assíncrona. Construcionista Material didático autoinstrutivo on-line. Linguagem interativa. Permite trocar ideias com outras pessoas (colegas de turma). Permite interagir com pessoas e conhecimentos do mundo inteiro. Permite escolher o melhor horário para estudo e interação. Permite buscar informações complementares. Permite atividades síncronas e assíncronas. 23 EAD: AspEctos Históricos E sociAis Capítulo 1 Atividade de Estudo Dentre as características e recursos para EAD apresentados a seguir, assinale 5 que você considera mais favoráveis para o seu estilo de estudo e aprendizagem: ( ) Material didático autoinstrutivo e impresso. ( ) Material didático autoinstrutivo on-line. ( ) Material impresso com linguagem dialógica. ( ) Material virtual com linguagem interativa. ( ) Videoaula. ( ) Atividades assíncronas (atividades que independem da presença simultânea de colegas ou tutores. Ex.: fórum, enquete etc.). ( ) Atividades síncronas (encontros virtuais com a presença simultânea dos colegas e tutores. Ex.: chat). ( ) Atividades on-line que permitem trocar ideias com outras pessoas (colegas de curso). ( ) Interação com pessoas e conhecimentos do mundo inteiro via internet. ( ) Estudos individualizados a partir do material autoinstrutivo. Outro: __________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ AlGumAs consiDErAçõEs Neste primeiro capítulo, estudamos um pouco da história da EAD e identificamos que ela é costumeiramente dividida em três gerações: a primeira geração que é identificada pelos cursos por correspondência; a segunda geração que aproveitou as novas mídias; e a terceira geração que passou a explorar os recursos da internet. Neste contexto, consideramos que o modelo de mediação pedagógica dos cursos de pós-graduação da UNIASSELVI reúne qualidades das diferentes gerações. Outro ponto que destacamos foi a repercussão social da EAD. Neste ponto, verificamos que proporcionou algumas facilidades ao processo de formação 24 Educação a Distância e Métodos de Autoaprendizado de diferentes pessoas e instituições. Vimos, também, que a EAD caminha em paralelo ao desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação que, por sua vez, igualmente criaram oportunidades e desafios às diferentes profissões do nosso tempo. A EAD é vista por muitos teóricos como uma forma de democratização do ensino. Entretanto, só se efetivará se for capaz de incorporar referências que superem os modelos arbitrários de transmissão de informações. Por isso, estimamos que você consiga fazer uso dos diferentes recursos disponíveis para seu curso e que, assim, consiga desenvolver um estilo de autoaprendizagem. Para tanto, é interessante estudarmos as diferentes metodologias de autoaprendizagem, pois cada um de nós tem um ritmo e um tempo diferentes para aprender, tem mais habilidade para calcular ou comunicar, enfim, tem uma habilidade mais saliente. O próximo capítulo ajuda a entender como esses aspectos agem sobre nosso aprendizado, especialmente na EAD. rEfErênciAs MAIA, Carmem; MATTAR, João. ABC da EaD. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. MURAD, Angèle. Oportunidades e desafios para o jornalismo na internet. Disponível em: <http://www.uff.br/mestcii/angele1.htm>. Acesso em: 1º out. 2008. PRETTI, Oreste (Org.). Educação a distância: sobre discursos e práticas. Brasília: Líber Livro, 2005. SANCHEZ, Fábio (Coord.). Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância. 4. ed. São Paulo: Instituto Monitor, 2008.
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