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HISTÓRICO – DIREITO ROMANO. A ideia de contumácia ou rebeldia. Está muito ligada à estrutura primitiva do processo civil que era concebido como uma relação contratual sui generis aonde deveria aderir o demandado. Sob esse aspecto, o direito processual romano passou por três fases para que a revelia se desenvolvesse, e chegasse ao estágio em que é conhecida. A primeira fase, ou das Ações da Lei, teve vigência desde a fundação de Roma até o século VII. A fase seguinte, ou do Processo Formular, teve vigência nos três primeiros séculos do Império Romano. A última fase, conhecida como a do Processo Extraordinário perdurou no período imperial do Baixo Império. O processo na fase das Ações da Lei, ou legis actiones, era dividido em dois momentos: processo in iure, perante o magistrado, e processo in iudicio perante o juiz singular. Nessa fase, o demandado era obrigado a atender ao chamamento judicial, seja espontaneamente ou coagido pelo demandado, razão pela qual não havia possibilidade de ocorrer à revelia. Nos primeiros tempos de Roma não se conheceu o processo de revelia. Resultado de uma convenção, a litiscontestatio exigia a presença das partes litigantes, pelo que se conferia ao autor o poder de obrigar o réu a vir a juízo, mediante o emprego da força ( manus injectio), salvo se apresentasse um garante, o vindex, que, segundo parece, se obrigava a assegurá-la. (PASSOS, 1998, p. 331). Na fase do Processo Formular a jurisdição também era dividida em in iuri e in iudicio, e na lição de Francisco Antonio de Oliveira (op. cit., p. 33) “foi consequência do repúdio que se intensificou contra o exagerado formalismo contido nas legis actiones, em que pequenas falhas ou uso de palavras de conteúdos assemelhados determinavam a perda da causa” . A partir deste momento histórico, alguns acreditam que a revelia já passa a ser concebida como instituto processual, mas há divergência doutrinária quanto a seu surgimento nesta oportunidade. A manus injectio foi substituída por multa pecuniária, admitindo-se também a coação indireta da imissão nos bens do demandado ao comparecente, a qual, em certas hipóteses, era dada não somente com o caráter provisório e coercitivo, mas também com transferência ao comparecente do poder de alienação constritos. Nesta fase se prescreveu, para garantia do réu, a reiteração da citação, com tríplice denuntiatio ou aprovação de uma intimação por meio de edito peremptório do magistrado. Se, não obstante isso, o réu permanecia contumaz e o juiz pronunciava contra ele a sentença. (PASSOS, op. cit., p. 331). A última fase, do processo extraordinário, se caracteriza pelo fato de não mais se desenvolver in iuri e in iuditio. A ação passa a ter início e fim perante um magistrado. Neste período à revelia já passa a ser tratada como é conhecida hoje em dia. Segundo Silvio Meira, (1971, p. 738 apud OLIVEIRA, op. cit., p. 38), “No dia da audiência, devem as partes estar presentes. Se faltar o autor, não prossegue a ação, podendo ainda ser condenado a pagar indenização ao réu. Se faltar o réu, torna-se a litis deserta e a causa é julgada à revelia, sujeita, porém, a um recurso próprio”. TEORIAS DA NATUREZA JURÍDICA DA REVELIA. Existem, na doutrina, várias teorias que buscam explicar e definir a natureza jurídica da revelia. São elas: 1) teoria da rebelião ao poder do juiz; 2) teoria da renúncia ao direito de defesa; 3) teoria do não exercício do direito de agir ou da autodeterminação; e 4) teoria da inatividade. Teoria da rebelião ao poder do juiz. A primeira teoria acerca da natureza jurídica da revelia a considerava como uma rebelião ao poder do juiz, podendo o revel ser punido pelo simples fato de não obedecer a uma determinação judicial. O mestre Calmon de Passos (op. cit., p. 342), todavia, critica este entendimento, pois, “quando se dá ao processo cunho publicístico e se faz possível o procedimento sem a presença do demandado. Se a presença do réu não é fundamental para a composição da lide, é inadequado falar em rebeldia” . Teoria da renúncia do direito de defesa. Revelia terça-feira, 26 de abril de 2016 08:58 Página 1 de trabalho procedimento sem a presença do demandado. Se a presença do réu não é fundamental para a composição da lide, é inadequado falar em rebeldia” . Teoria da renúncia do direito de defesa. Por outro lado, tem-se a teoria da renúncia ao direito de defesa, consubstanciando -se no fato de que se não há obrigação de produzir sua defesa em juízo, o réu poderia dispor livremente do seu direito de apresentar contestação à pretensão do autor. Alguns consideravam que o réu apenas perderia o direito processual, não ficando prejudicado o direito material em discussão. O processo teria seu curso normal, podendo, inclusive, a sentença ser favorável ao revel. Outros, contudo, consideravam “que quem renuncia ao direito de defesa ou aos meios de defesa não pode comparecer posteriormente no processo e renovar sua presumida declaração de vontade, salvo se surgir motivo justo ou legítimo impedimento” . Ou seja, fica presumido que os fatos articulados pelo autor são verdadeiros, o que implica também na perda do direito em discussão. (GIANESINI, 1977, p. 44/45 apud OLIVEIRA, op. cit., p. 53). Em verdade, a ausência de defesa não significa renúncia ao direito de defesa. Além do mais, o juiz da ação tem o dever de ofício de analisar os fatos e julgar de conformidade com a lei, ajustada ao caso concreto. E isso em todos os casos e não somente naqueles em que não haja revelia. Ao propor uma ação, via de regra, faz-se a petição inicial. Estando a petição de acordo com o artigo 282, o Juiz a despachará ou mandará emendá-la e depois de emendada a despachará, assim o réu será citado para que se defenda da acusação contida na petição inicial. A citação, então é o chamamento do réu a juízo para defender -se ante o princípio constitucional amplamente consagrado do contraditório. Assim, o juiz antes de decidir tem que dar oportunidade para o réu, querendo, se defender. Com a citação completa -se a relação jurídico-processual. Com a citação o réu é chamado a tomar conhecimento da petição inicial. A citação é ato do Juiz. Pelo fato da citação ser indispensável para a formação da relação processual e atuação do princípio do contraditório, caso ela não seja feita ou seja feita de forma ineficaz, isso pode acarretar a nulidade do processo. Assim, mesmo que haja sentença de mérito, esta pode ser desconstituída por meio de ação rescisória. Então mesmo depois da sentença transitada em julgado é possível atacar a sentença por falta ou vício na citação por meio da ação rescisória. Proposta a ação, o réu, tem o prazo de 15 dias para responder fazendo sua defesa. Esta defesa pode ser contra o processo ou contra o mérito. A defesa contra o processo pode ser direta ou indireta. A defesa direta refere-se diretamente ao processo tentando declarar a nulidade ou a carência de ação (falta de pressupostos processuais e condições da ação). E a defesa processual indireta é a que se faz por meio das exceções processuais. A defesa contra o mérito tem como objetivo desfazer a pretensão do autor para que a providência jurisdicional não atenda ao seu pedido. Como a defesa contra o processo, a defesa contra o mérito também pode ser direta ou indireta. A direta se dirige contra o pedido formulado pelo autor, nos seus fundamentos de fato e de direito, desta forma pode ser a negação dos fatos jurídicos afirmados pelo autor como fundamento do seu pedido ou a admissão dos fatos alegados pelo autor, mas também a negação das consequências jurídicas que lhes são atribuídas. E a defesa de mérito indireta será quando o réu admitir os fatos constitutivos , alegados pelo autor, mas, ao mesmo tempo afirma fatos impeditivos, extintivos ou modificativos. E ainda pode consistir na alegação de outros fatos que, contém um direito do réu, obstamaos efeitos jurídicos afirmados pelo autor. Uma vez provocada a jurisdição, o processo segue sob direção do juiz mas precisa da ajuda das partes. A inatividade seja do réu, seja do autor chama-se contumácia. O Código verificou o que havia de mais rigoroso com relação ao revel, somou tudo e disciplinou o instituto da revelia. Ficou com a imposição da verdade dos fatos do autor, mas teve cuidado de dar ao revel um recurso especial em decorrência da revelia. Conta com o julgamento imediato do mérito por não precisar da instrução probatória, mas não deixa que o réu seja intimado pessoalmente da sentença. A revelia consiste, latu sensu, no não comparecimento do réu a juízo, e, strictu sensu, é o descumprimento da ordem contida na citação pelo réu, deixando assim, de apresentar a sua defesa no prazo legal. Não apresentada a contestação no prazo legal, como consequência de sua inatividade, Página 2 de trabalho descumprimento da ordem contida na citação pelo réu, deixando assim, de apresentar a sua defesa no prazo legal. Não apresentada a contestação no prazo legal, como consequência de sua inatividade, todos os atos processuais passam a ser praticados sem intimação ou ciência do réu e o processo vai correr à revelia, indo de encontro ao princípio do contraditório, constitucionalmente consagrado. Por conseguinte, a esta quebra do princípio do contraditório, todos os prazos correrão contra o revel, sem intimação, inclusive prazo para recursos. Apesar de não apresentar defesa, é assegurado ao réu o direito de intervir no processo em qualquer fase sem prejuízo dos atos já praticados na sua ausência. A consequência mais importante da decretação da revelia é, indubitavelmente, a reputação como verdadeiros os fatos afirmados pelo autor, portanto é necessária prova dos fatos em que se baseou o pedido, permitindo assim o julgamento antecipado da lide. Apesar da legalidade e justiça da aplicação da revelia, em algumas hipóteses se prevê que não se presumem verdadeiros os fatos afirmados pelo autor, quais sejam: havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; o litígio versar sobre direitos indisponíveis, e quando a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considere indispensável à prova do ato. Talvez a mais importante crítica que se deva fazer a revelia seja mesmo no que tange a sua justiça. Será que pode ser chamada de justa esta presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor, no caso de inatividade do réu? A decretação da revelia visa, antes de mais nada fazer com que o réu se apresente a justiça, ou apresente sua defesa para contestar o que o autor disse a seu respeito, ou a respeito de seu direito. O direito pátrio tomou o caminho de fingir presente o ausente, presumir sua confissão com fundamento na sua ausência, e assim o autor, sempre que oferecesse reais e suficientes elementos de convicção ao juiz vencia a lide força dessa presunção de confissão. Talvez a explicação mais plausível para esta seja a proteção que o Estado -juiz tem que dar a quem busca sua prestação jurisdicional. O Judiciário não poderia ficar esperando ad eternum, que o réu se dignifique a vir a juízo prestar esclarecimentos quanto a verdade fática da lide. Por outro lado, não se pode esquecer aqueles excluídos do sistema. A outra explicação estaria na má-fé do réu, caso não se aplicasse o instituto da revelia, em protelar, até que o autor desistisse da ação. Ora, a Justiça, como perseguidora do justo e do bem comum, não poderia beneficiar este réu que está cheio de má intenções quanto a lide. Página 3 de trabalho
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