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DIREITO CIVIL Teoria Geral do Direito Civil Princípios Conteúdo do direito civil Objeto e função da parte geral Lei de introdução as normas do direito brasileiro DIREITO CIVIL – Teoria Geral do Direito Civil Conceito de direito civil: é, pois, o ramo do direito privado destinado a reger relações famílias, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos encarados como tais, ou seja, enquanto membros da sociedade. O código civil brasileiro é dividido em duas partes: Parte geral – art. 1º ao 232. (normas sobre pessoas, bens e fatos jurídicos) Parte especial – art. 233 ao 2.046. (regula direito das obrigações, empresarial, coisas, família e sucessões) Princípios Personalidade: todo ser humano é sujeito de direitos e obrigações, pelo simples fato de ser homem; Autonomia da vontade: a capacidade jurídica da pessoa humana lhe confere o poder de praticar ou abster-se de certos atos, conforme sua vontade; Liberdade de estipulação negocial: permissão de outorgar direitos e de aceitar deveres, nos limites legais, dando origem a negócios jurídicos; Propriedade individual: o homem pelo seu trabalho ou pelas formas admitidas em lei pode exteriorizar a sua personalidade em bens móveis ou imóveis que passam a constituir o seu patrimônio; Intangibilidade familiar: reconhece a família como uma expressão imediata de seu ser pessoal; Legitimidade da herança e do direito de testar: os poderes que as pessoas têm sobre seus bens, se inclui o de poder transmiti-los, total ou parcialmente, a seus herdeiros; Solidariedade social: função social da propriedade e dos negócios jurídicos, a fim de conciliar as exigências da coletividade com os interesses particulares. Função: 1) fixar, para serem aplicados, conceitos, categorias e princípios que produzem reflexos em todo o ordenamento jurídico. 2) Conter normas relativas ao sujeito, ao objeto e à forma de criar, modificar e extinguir direitos, tornando possível a aplicação da Parte Especial do Código Civil. 3) Dar a certeza e estabilidade aos seus preceitos, por regular, de modo cogente, não só os elementos da relação jurídica, mas também os pressupostos de sua validade, existência, modificação e extinção. LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO L 1 376 de 10 de dezembro de 2010. ei 2 . Antes era LICC – Lei de introdução ao código civil (Decreto Lei nº 4.676 de 1942); Legislação anexa ao Código Civil, mas autônoma; Aplica-se a todos os ramos do direito, salvo naquilo que for regulado de forma diferente na legislação específica; Normas sobre normas, disciplina as próprias normas jurídicas, determinando o seu modo de aplicação e entendimento no tempo e no espaço. Não rege, portanto, as relações da vida, mas sim as normas, indicando como aplicá-las, determinando-lhes a vigência e eficácia, suas dimensões espaciotemporais, assinalando suas projeções nas situações conflitivas de ordenamentos jurídicos nacionais e alienígenas, evidenciando os respectivos elementos de conexão determinantes das normas substantivas, deste ou daquele outro ordenamento jurídico, aplicáveis no caso de haver conflito de leis no espaço. DIREITO CIVIL – Teoria Geral do Direito Civil A LEI A lei é um ato do poder legislativo que estabelece normas de comportamento social. Para entrar em vigor, deve ser promulgada e publicada no Diário Oficial. É, portanto, um conjunto ordenado de regras que se apresenta como um texto escrito. DIREITO CIVIL – Teoria Geral do Direito Civil A LEI Principais características: Generalidade: dirige-se a todos os cidadãos, indistintamente; Imperatividade: impõe um dever, uma conduta aos indivíduos; Autorizamento: é o fato de ser autorizante; Permanência: a lei não se exaure numa só aplicação, pois deve perdurar até ser revogada por outra lei; Emanação de autoridade competente, de acordo com as competências legislativas previstas na Constituição Federal. DIREITO CIVIL – Teoria Geral do Direito Civil Subsunção: aplicação da norma abstrata ao caso concreto. Perfeita adequação da tipificação com o fato ocorrido. Na determinação do direito que deve prevalecer no caso concreto, o juiz deve verificar se o direito existe, qual o sentido exato da norma aplicável e se esta norma aplica-se ao fato sub judice. Portanto, para a subsunção é necessária uma correta interpretação para determinar a qualificação jurídica da matéria fática sobre a qual deve incidir uma norma geral. DIREITO CIVIL – Teoria Geral do Direito Civil consistir na Quando, ao aplicar a norma ao caso, o juiz não encontra norma que a este seja aplicável, não podendo subsumir o fato a nenhuma norma, porque há falta de conhecimento sobre um status jurídico de um certo comportamento, devido a um defeito da ordem normativa que pode na ausência de uma solução, estamos diante do problema da lacu . Daí a importante missão do art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que dá ao magistrado, impedido de furtar-se a uma decisão, a possibilidade de integrar a lacuna, de forma que possa chegar a uma solução adequada. Trata-se do fenômeno da integração normativa. A interpretação das normas A parêmia latina in Claris cessat interpretatio não tem qualquer aplicabilidade, pois tanto as leis claras como as ambíguas comportam interpretação. Interpretar é extrair da norma tudo o que nela se contém. A interpretação das normas Métodos de interpretação: Gramatical: linguística, examina o aplicador cada termo do texto normativo, isolada ou sintaticamente; Lógica: desvendar o sentido e o alcance da norma, mediante seu estudo, por meio de raciocínios lógico analisando os períodos da lei e combinando-os entre si. Sistemática: considera o sistema em que se insere a norma, relacionando- -a com outras concernentes ao mesmo objeto. A interpretação das normas Métodos de interpretação: Histórica: averiguação dos antecedentes da norma; Sociológica ou teleológica: adaptar o sentido ou finalidade da norma às novas exigências sociais, adaptação está prevista pelo art. 5º da Lei de Introdução, que assim reza: "na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum“. A interpretação das normas Interpretação extensiva: Essa interpretação ultrapassa o núcleo do sentido da norma, avançando até o sentido literal possível desta, concluindo que o alcance da lei é mais amplo do que indicam seus termos. Interpretação restritiva: que restringe o sentido normativo, com o escopo de dar àquela norma aplicação razoável e justa. Interpretação declarativa: Tal ocorre porque o sentido da norma condiz com a sua letra, de modo que o intérprete e o aplicador tão somente declaram que o enunciado normativo contém apenas aqueles parâmetros que se depreendem de sua letra. A integração das normas Previsão legal: arts. 4º da Lei de Introdução e 126 do Código de Processo Civil. Analogia: consiste em aplicar a um caso não previsto de modo direto ou específico por uma norma jurídica uma norma prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não contemplado. A integração das normas Os autores costumam distinguir a analogia legis da analogia juris. A analogia legis consiste na aplicação de uma norma existente, destinada a reger caso semelhante ao previsto. E a juris estriba-se num conjunto de normas, para extrair elementos que possibilitem sua aplicabilidade ao caso concreto não previsto, mas similar. A integração das normas Costumes: o art. 4º da atual Lei de Introdução, situa-se o costume imediatamente abaixo da lei, pois o magistrado só poderá recorrer a ele, quando se esgotarem todas as potencialidades legais para preencher a lacuna. O costume é uma fonte jurídica, porém em plano secundário. A integração das normas Costumes São condições para a vigência do costume: sua continuidade, sua uniformidade, sua diuturnidade, sua moralidade e sua obrigatoriedade. De modo que o magistrado, de ofício, pode aplicá-lo se for notórioou de seu conhecimento, invocando-o, quando admitido, como qualquer norma jurídica, mas, se o desconhece, lícito lhe é exigir, de quem o alega, que o prove e de qualquer modo; à parte interessada é permitido, sem aguardar a exigência do juiz ou a contestação do adversário, produzir essa prova, por todos os meios permitidos em direito A integração das normas Costumes A integração das normas Costumes O secundum legem, previsto na lei, que reconhece sua eficácia obrigatória, p. ex., Código Civil, arts. 1.297, § I; 569, II; 596; 597; 615; 965, I. O praeter legem, quando se reveste de caráter supletivo, suprindo a lei nos casos omissos. Ex.: Cheque pré-datado O contra legem, que se forma em sentido contrário ao da lei. A integração das normas Costumes Vale dizer que, por exigência legal, sempre que a parte fizer menção a costumes deverá prova-los. É a regra imposta pelo artigo 337, do CPC, in verbis : Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz . A integração das normas Os princípios gerais de direito São estes constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não escritas. Tais regras, de caráter genérico, orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração, estejam ou não incluídas no direito positivo. A integração das normas A equidade É empregada quando a própria lei cria espaços ou lacunas para o juiz formular a norma mais adequada ao caso. A equidade não constitui meio supletivo de lacuna da lei, sendo mero recurso auxiliar da aplicação desta. Prescreve o art. 127 do Código de Processo Civil que o “juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”. Art. 1.740, II, que permite ao tutor reclamar do juiz que providencie, “como houver por bem”, quando o menor tutelado haja mister correção, dentre outros. Antinomia é o conflito entre duas normas, dois princípios, ou de uma norma e um princípio geral de direito em sua aplicação prática a um caso particular. É a presença de duas normas conflitantes, sem que se possa saber qual delas deverá ser aplicada ao caso singular. a. critério cronológico (a norma posterior prevalece sobre a anterior); b. critério da especialidade (a norma especial prevalece sobre a geral); c. critério hierárquico (a norma superior prevalece sobre a inferior). A vigência da norma de direito no tempo e no espaço As normas jurídicas têm vida própria, pois nascem, existem e morrem. Esses momentos dizem respeito à determinação do início de sua vigência, à continuidade de sua vigência e à cessação da sua vigência. As normas nascem com a promulgação, mas só começam a vigorar com sua publicação no Diário Oficial. De forma que a promulgação atesta a sua existência, e a publicação, sua obrigatoriedade, visto que ninguém pode furtar-se a sua observância, alegando que não a conhece (LINDB art. 3º). Efeito imediato e geral da lei O art. 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro preceitua que a lei em vigor “terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. A norma entra em vigor, não havendo estipulação de prazo, a um só tempo em todo o País, 45 dias após sua publicação, conforme dispõe supletivamente a atual Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro em seu art. 1º. Vacatio legis: intervalo entre a data da sua publicação e sua entrada em vigor da lei. No que concerne à obrigatoriedade da norma brasileira no exterior, faltando estipulação legal do prazo de entrada em vigor, tal prazo é de 3 meses depois de oficialmente publicada (LINDB, art. 1º, § 1). "A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral" Se, durante a vacatio legis, vier a norma a ser corrigida em seu texto, que contém erros materiais ou falhas de ortografia, ensejando nova publicação, os prazos mencionados de 45 dias e 3 meses começam a correr da nova publicação (LINDB, art. 1º, § 3º). As emendas ou correções a lei que já tenha entrado em vigor são consideradas lei nova (LINDB, art. I a, § 4º), a cujo começo de obrigatoriedade se aplica a regra geral da vacatio legis. Cessação da norma A norma jurídica pode ter vigência temporária, pelo simples fato de que o seu elaborador já fixou o tempo de sua duração. A norma de direito pode ter vigência para o futuro sem prazo determinado, durando até que seja modificada ou revogada por outra. Trata-se do princípio de continuidade, que assim se enuncia: não se destinando a vigência temporária, a norma estará em vigor enquanto não surgir outra que a altere ou revogue (LINDB, art. 2º). Cessação da norma Revogação - extinção da norma. Pode ser de dois tipos: Ab-rogação: é a supressão total da norma anterior. Derrogação: toma sem efeito uma parte da norma. Expressa: quando o elaborador da norma declarar a lei velha extinta em todos os seus dispositivos ou apontar os artigos que pretende retirar. Tácita: quando houver incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, pelo fato de que a nova passa a regular inteiramente a matéria tratada pela anterior. Efeito repristinatório Preceitua, com efeito, o § 3º do art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro que, “salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Não há, portanto, o efeito repristinatório, restaurador, da primeira lei revogada, salvo quando houver pronunciamento expresso do legislador nesse sentido. Eficácia no espaço Sabemos que, em razão da soberania estatal, a norma aplica-se no espaço delimitado pelas fronteiras do Estado. Todavia esse princípio da territorialidade não pode ser aplicado de modo absoluto, ante o fato de a comunidade humana alargar-se no espaço, relacionando-se com pessoas de outros Estados. Sem comprometer a soberania nacional e a ordem internacional, os Estados modernos têm permitido que, em seu território, se apliquem, em determinadas hipóteses, normas estrangeiras, admitindo assim o sistema da extraterritorialidade, para tomar mais fáceis as relações internacionais, possibilitando conciliar duas ou mais ordens jurídicas pela adoção de uma norma que dê solução mais justa. Eficácia no espaço O Brasil adotou a doutrina da territorialidade moderada. Eficácia no espaço O Brasil adotou a doutrina da territorialidade moderada.
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