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1 ELIANA GALUPPO RODRIGUES LIMA ELIZABETH REZENDE BARRA DIREITO ELEITORAL PARA CONCURSOS 1ª Edição Belo Horizonte Editora Educar LTDA. 2011 2 A Editora Educar compõe o grupo especializado em ensino a distância Educar Virtual. Os cursos virtuais estão disponibilizados no site www.educarvirtual.com.br, inclusive aulas ministradas pela autora Eliana Galuppo Rodrigues Lima. Aproveite mais esta oportunidade para melhorar sua capacitação e adquirir o conhecimento exigido pelos editais para concursos públicos. Bons Estudos! 3 APRESENTAÇÃO Com a intenção de contribuir com aqueles que pretendem prestar concurso para ingresso na Justiça Eleitoral, elaboramos a versão virtual da 1ª edição da Apostila ―DIREITO ELEITORAL PARA CONCURSOS‖. Como servidoras do quadro do TRE de Minas Gerais há mais de trinta anos e professoras na matéria de Direito Eleitoral em vários cursos preparatórios para concurso público, na capital do Estado de Minas Gerais, procuramos elaborar um material de forma didática, de fácil compreensão, objetivo, abordando os principais temas, possibilitando um estudo completo àqueles que se estão se preparando para ingresso nos quadros da Justiça Eleitoral, para o nível superior ou para o 2º grau, e em qualquer um dos Tribunais Eleitorais do País, Elaborada em conjunto, a apostila contém, além da legislação atualizada até novembro de 2011, sínteses para estudo, exercícios, fluxogramas, quadros explicativos e comentários sobre temas como: princípios constitucionais de Direito Eleitoral; organização e competência da Justiça Eleitoral;alistamento eleitoral e serviços eleitorais mediante processamento eletrônico; sistema eleitoral e atos preparatórios; Lei das Eleições, dos Partidos Políticos, de Alimentação e Transporte de Eleitores, das Inelegibilidades e, ainda, ações e recursos eleitorais; disposições penais e procedimento penal eleitoral. E para tornar menos cansativo o estudo entremeamos a legislação com comentários. Eliana Galuppo Rodrigues Lima, Elizabeth Rezende Barra 4 Rua Timbiras, 1940 - salas 807 / 1513 Lourdes - Belo Horizonte / MG CEP: 30140-061 Telefone: (31) 3271-4428 Email: sac@educarvirtual.com.br www.educarvirtual.com.br Diretor Editorial: Roberto de Carvalho Santos Gerente de Produção Editorial: Jaqueline Pio Fernandes Revisor: José Maria Do Rosário Campos Preparação de originais, arte, diagramação: Suelen Karoline Corrêa Capa: Suelen Karoline Corrêa LIMA, Eliana Galuppo Rodrigues e BARRA, Elizabeth Rezende - Direito Eleitoral para Concursos - Belo Horizonte : Editora Educar, 2011. ISBN: 978-85-65728-00-3 1.Direito Eleitoral 2. Legislação 3.Brasil Índice para catálogo sistemático: 1.Brasil: Direito Eleitoral 5 DIREITO ELEITORAL PARA CONCURSOS SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 6 CAPÍTULO I................................................................................................................................ 7 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO ELEITORAL ................................... 7 EXERCÍCIOS 01 ......................................................................................................................... 26 GABARITO............................................................................................................................. 37 CAPÍTULO II .............................................................................................................................. 39 ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL .................................... 39 CAPÍTULO III............................................................................................................................. 58 ALISTAMENTO ELEITORAL .............................................................................................. 58 EXERCÍCIOS 02 ..................................................................................................................... 87 GABARITO......................................................................................................................... 92 CAPÍTULO IV ............................................................................................................................ 92 SISTEMA ELEITORAL E ATOS PREPARATÓRIOS ......................................................... 92 EXERCÍCIOS 03 ................................................................................................................... 119 GABARITO....................................................................................................................... 132 CAPÍTULO V........................................................................................................................... 133 LEI DAS ELEIÇÕES - LEI N. 9.504/97............................................................................... 133 EXERCÍCIOS 04 ................................................................................................................... 188 GABARITO....................................................................................................................... 201 CAPÍTULO VI .......................................................................................................................... 202 LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS ...................................................................................... 202 CAPÍTULO VII ........................................................................................................................ 223 LEI DAS INELEGIBILIDADES .......................................................................................... 223 EXERCÍCIOS 05 ................................................................................................................... 235 GABARITO....................................................................................................................... 248 CAPÍTULO VIII........................................................................................................................ 249 LEI DE ALIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE ELEITORES.......................................... 249 CAPÍTULO IX .......................................................................................................................... 253 AÇÕES E RECURSOS ELEITORAIS ................................................................................. 253 CAPÍTULO X........................................................................................................................... 274 DISPOSIÇÕES PENAIS ....................................................................................................... 274 EXERCÍCIOS 06 ................................................................................................................... 289 GABARITO....................................................................................................................... 297 CÓDIGO ELEITORAL ............................................................................................................. 298 6 INTRODUÇÃO Ao iniciar o estudo dodireito eleitoral, é necessário esclarecer o que é esse ramo do direito e qual a sua abrangência. No Brasil, é o ramo autônomo do direito público, encarregado de regulamentar os direitos políticos dos cidadãos e o processo eleitoral. É o direito eleitoral que regulamenta a capacidade eleitoral ativa, que é o direito de votar – que é a maior expressão do exercício da cidadania, e a capacidade eleitoral passiva – quem tem o direito de ser votado. O Direito Eleitoral é um dos poucos ramos do Direito que, em nosso estado, dispõe de uma justiça especializada, a Justiça Eleitoral. Surgiu diante da necessidade da existência de normas de modo a garantir a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo. O seu estudo fascina na medida em que propicia à nação exerci tar a soberania popular, por meio do exercício do voto, na escolha de seus representantes no Poder Executivo e no Legislativo. As regras de direito eleitoral organizam, principalmente, o corpo de eleitores, agrupando-os em circunscrições eleitorais, fixando condições e disciplinando o alistamento para que o nacional se inscreva como eleitor. Cabe ainda ao direito eleitoral traçar as normas e os procedimentos que organizam e disciplina o voto popular, os sistemas eleitorais, o processo de registro de candidaturas, as regras para a campanha eleitoral, a participação dos partidos na fiscalização das eleições, o financiamento de campanha, as garantias eleitorais, os recursos e crimes eleitorais e, principalmente, as condições de elegibilidade e de inelegibilidade. O objetivo desse compêndio é fornecer a todos que se interessam pelo estudo do direito eleitoral um material didático e de fácil compreensão acerca da legislação eleitoral. Breve histórico da Justiça Eleitoral A Justiça Eleitoral no Brasil foi instaurada em consequência e após a Revolução de 1930. Até então, o processo eleitoral no País servia apenas para manter o poder das oligarquias, o governo de poucas pessoas. Para votar os cidadãos passaram por diversas fases. Na época do Império só podiam votar aqueles que possuíam bens (100 mil réis). Escravos e mulheres não podiam votar nem ser_ eleitos. Apenas 1% da população era composta de homens livres. O Código Eleitoral de 1932 estabeleceu a criação da Justiça Eleitoral, retirando do Poder Legislativo o processo de renovação da Casa Legislativa, introduziu o voto feminino e o voto secreto. Foi em 1935 que as mulheres votaram pela primeira vez. Pouco tempo depois, Getúlio Vargas fechou o Congresso e as eleições foram abolidas. O Código Eleitoral de 1945 trouxe como grande novidade a exclusividade dos partidos políticos na apresentação dos candidatos e foi a partir do Código de 1950 que foi adotada a cédula única de votação, contribuindo para a liberdade e o sigilo do voto. 7 De 1960a 1989 o povo brasileiro não pôde votar diretamente para presidente e somente com a Emenda Constitucional n. 25/1985 as eleições diretas para presidente e vice-presidente da República foram restabelecidas, entre outros cargos a serem definidos pelos eleitores. O processo democrático, no entanto, só foi consolidado com a instauração da Justiça Eleitoral que regularizou, em todo o país, o alistamento eleitoral e as eleições. CAPÍTULO I PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO ELEITORAL É na Constituição Federal que se encontram os princípios fundamentais do Direito Eleitoral. O sentido democrático proclamado na Carta Magna, de que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, consiste em que a titularidade dos mandatos – executivo ou legislativo – somente se materializa mediante um ato concreto de expressão popular. O inciso I do art. 22 da Constituição Federal dispõe que a norma elei toral é criada pela União. No entanto, em seu parágrafo único, prevê a hipótese de lei complementar que autorize os Estados a legislar sobre matéria eleitoral. Como até hoje o Congresso não aprovou nenhuma, prevalece a regra geral de que somente a União pode legislar sobre matéria eleitoral. A despeito do tempo, outras normas foram elaboradas e ainda vigoram como é o caso do arcaico Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65) e a Lei de Alimentação e Transporte de Eleitores (Lei n. 6.091/71). Juntamente com institutos tão antigos, temos a Lei Complementar n. 64/90 – Lei das Inelegibilidades, recentemente alterada pela Lei Complementar n. 135, de 4.6.2010, denominada popularmente de ―Lei da Ficha Limpa‖; a Lei n. 9504/97 - Lei das Eleições; a Lei n. 9096/95 – Lei dos Partidos Políticos, que também tiveram seus dispositivos modificados recentemente pela Lei n. 12.034/2009. Estado e Nação Estado e Nação são conceitos que se relacionam, mas não se misturam. Ensina o grande jurista Dalmo de Abreu Dallari: “Estado é a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território”. Analisando esse conceito, podemos concluir que três elementos devem estar presentes no Estado: soberania, povo e território. “Nação resulta da associação de indivíduos de igual origem étnica, que falam a mesma língua, vinculam-se aos mesmos precedentes históricos, cultivam e preservam os usos, os costumes, as peculiaridades, as tradições e os sentimentos religiosos e ideológicos comuns”. Na nação não temos um dos requisitos básicos de formação do Estado, que é a soberania. Portanto, não há que se falar em nação soberana, pois quem detém a soberania é o Estado. 8 As pessoas que pertencem a um determinado Estado são unidas por um vínculo jurídico, ao passo que_ o vínculo entre as pessoas de uma mesma nação é o resultado de características comuns, ou seja, é um vínculo sociológico-cultural. Povo e população Além do território e da soberania, o povo é um dos elementos essenciais à constituição do Estado, pois é para ele que o Estado se forma. Povo é a expressão utilizada para indicar o conjunto de pessoas que possuem um vínculo jurídico com o Estado, e que estão submetidos a uma ordem jurídica soberana onde quer que se encontrem. Logo, não se pode confundir povo com população. Esta é a quantidade de pessoas que habitam o território do Estado num determinado momento, incluindo-se nacionais e estrangeiros. Trata-se de mera estatística e não deve ser usada como sinônimo de povo. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] V – o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. [...] CAPÍTULO III DA NACIONALIDADE Art. 12. São brasileiros: I – natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasi l; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; . Alínea com redação dada pelo art. 1º da EC no 54/2007. II – naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano in interrupto e idoneidademoral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. . Alínea com redação dada pela ECR no 3/94. § 1º - Aos portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. . Parágrafo com redação dada pela ECR no 3/94. § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I – de Presidente e Vice-Presidente da República; II – de Presidente da Câmara dos Deputados; III – de Presidente do Senado Federal; IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 9 V – da carreira diplomática; VI – de oficial das Forças Armadas; VII – de Ministro de Estado da Defesa. . Inciso acrescido pela EC no 23/99. § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: . Inciso com redação dada pela ECR no 3/94. a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para exercício de direitos civis. Alíneas a e b acrescidas pela ECR no 3/94. C O M E N TÁ R I O Nacionalidade Nacionalidade ―exprime a qualidade ou condição de nacional, atribuída a uma pessoa ou coisa, em virtude do que se mostram vinculadas à Nação, ou ao Estado, a que pertencem ou de onde se originaram.” Maria Helena Diniz define nacionalidade como sendo ―o liame jurídico que prende o indivíduo a um Estado em razão do ius soli ou de ius sanguinis; o vínculo existente entre uma pessoa e um país em virtude de naturalização; o caráter jurídico que possuem os cidadãos de um Estado; o vínculo jurídico que liga o indivíduo ao Estado em razão do local de nascimento, da ascendência paterna ou da manifestação de vontade do interessado; o vínculo jurídico-político de direito público interno que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado.‖Desse vínculo nascem direitos e deveres. Nacional é o indivíduo que faz parte do povo de um Estado, integrando-o, e mantendo com ele vínculo jurídico e político.Não se deve confundir nacionalidade com cidadania. Cidadania indica, desde a época da Roma antiga, a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa possuía ou podia exercer. Somente aquele indivíduo que atende aos requisitos estabelecidos pelo Estado é cidadão. Ausente algum desses requisitos o cidadão poderá perder ou ter reduzido os atributos da cidadania, sem, contudo, perder a nacionalidade. O inciso XIII do art. 22 da Constituição Federal também diferenciou nacionalidade de cidadania, estabelecendo a competência da União para legislar sobre nacionalidade, cidadania e naturalização. Esta regra é prova concreta de que o legislador constituinte quis diferenciar os conceitos. Cidadania é um conjunto de prerrogativas constitucionalmente asseguradas e exercidas pelos nacionais dentro de um determinado Estado.No Brasil, a cidadania pressupõe a condição de nacional e ainda exige que a pessoa obtenha, por meio do alistamento eleitoral, a qualidade de eleitor. Logo, os direitos de cidadania se adquirem mediante a obtenção da inscrição eleitoral, na forma da Constituição e do Código Eleitoral. Ser nacional é, portanto, um requisito para que o indivíduo possa ser cidadão. Cidadania, sob o ponto de vista jurídico, pode ser definida como o uso e gozo dos direitos políticos, distinguindo-se, assim, do conceito de nacionalidade. A cidadania representa um status do ser humano, um direito fundamental das pessoas e, no sentido lato, qualifica os 10 participantes da vida do Estado. Para o Direito Eleitoral, os termos cidadania e cidadãose restringem tão-somente ao jus sufragi e ao jus honorum, qual seja, os direitos de votar e ser votado. O texto constitucional conferiu ao cidadão, e não apenas ao nacional, a legitimidade para a prática de alguns atos, como a propositura de ação popular (art. 5º, LXXIII) e a iniciativa popular (art. 61). Assim temos que, privada dos direitos políticos, a pessoa não pode ingressar em juízo com uma ação popular. O instituto da nacionalidade é matéria regulada pelo direito interno, em especial pela Constituição. O direito à nacionalidade é direito fundamental: toda pessoa pelo simples fato de existir deve ter o direito a uma nacionalidade. A Constituição Federal de 1988 classifica a nacionalidade em: a) originária: aquela que se alcança pelo nascimento (jus soli ou jus sanguinis); b) derivada ou adquirida: aquela alcançada pela naturalização. São brasileiros natos: a) aqueles nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país.Como nascido na República Federativa do Brasil, deve - se entender toda pessoa nascida no território brasileiro, que compreende a terra firme, o subsolo, as ilhas, o território fluvial, lacustre, marítimo (águas territoriais), plataforma continental, navios, espaço aéreo, navios e aeronaves brasileiras de guerra, onde quer que se encontrem e os navios mercantes brasileiros em alto mar ou de passagem em mar territorial estrangeiro; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer destes esteja a serviço da República Federativa do Brasil. A Constituição Federal exige que apenas um dos pais seja brasileiro. A expressão constitucional "a serviço da República Federativa do Brasil" tem sentido muito abrangente, compreendendo: serviço diplomático; serviço consular; serviço público de natureza diferente prestado aos órgãos da administração centralizada e descentralizada (autarquias, sociedades de economia mista e empresas públicas) da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal; c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. (Redação da Emenda Constitucional nº 54, de 20.9.2007). Com a alteração da redação da alínea ―c‖ do inciso I do art. 12 da CF , volta a vigorar a antiga regra estabelecida antes da Revisão de 1994. Os brasileiros nascidos no exterior, fi lhos de pai ou mãe brasileira, já podem ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira, sendo considerados brasileiros natos, sem precisar residir no Brasil. Pela nova redação são duas as possibilidades para que fi lhos de brasileiros, nascidos no exterior, sejam considerados brasileiros natos: 1ª) efetuando o registro do filho em repartição consular brasileira, a fim de que ele adquira a condição de brasileiro nato, mesmo que não venha a residir no Brasil; 2ª) para aqueles que, por qualquer motivo, não tiveram seu registro consular efetuado no exterior, mas que venham a residir no Brasil, antes ou depois de atingida a maioridade, fazendo a opção, em qualquer tempo, pe la nacionalidade brasileira. Essa opção, entretanto, somente poderá operar-se depois de atingida a maioridade. A opção 11 deverá ser manifestada junto ao Juiz Federal de primeira instância (art. 109, X, da CF/1988). Naturalização O brasileiro naturalizado é aquele que adquire a nacionalidadebrasileira de forma secundária, ou seja, não pela ocorrência de um fato natural, mas por um ato voluntário. O processo de naturalização obedece a requisitos previstos no Estatuto do Estrangeiro (Lei Federal n. 6815/80). Não existe direito público subjetivo à obtenção da naturalização. Não há obrigatoriedade de concessão da naturalização pelo Poder Executivo, mesmo se satisfeitos os requisitos necessários à sua obtenção que, em regra, é feita discricionariamente pelo Estado, de acordo com a conveniência.O processo de naturalização deve respeitar os requisitos legais e apresenta características administrativas, uma vez que todo o procedimento até a decisão final do Presidente da República ocorre perante o Ministério da Justiça, porém com uma formalidade final de caráter jurisdicional, junto à Justiça Federal (art. 109, X CF/88). A entrega do certificado de naturalização ao estrangeiro que pretende naturalizar-se brasileiro constitui o momento de efetiva aquisição da nacionalidade brasileira.Esse certificado deve ser entregue pelo magistrado da Justiça Federal. Enquanto não ocorrer tal entrega, o estrangeiro ainda não é brasileiro, podendo, inclusive, ser excluído do território nacional. A Constituição de 1988 não contempla a hipótese de naturalização tácita, apenas a expressa, que exige a manifestação de vontade do naturalizando. São brasileiros naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa, apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. O Estatuto do Estrangeiro, em seu art. 112, enumera uma série de exigências para aqueles que desejam naturalizar-se como, por exemplo, possuir visto permanente; saber ler e escrever em português; exercício de profissão ou possuir bens suficientes à manutenção própria e da família,etc. Portugueses equiparados Os portugueses têm privilégios em relação a outros estrangeiros. O texto Constitucional de 1988 dispõe que aos portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes aos brasileiros, à exceção daquelas atividades atribuídas exclusivamente aos brasileiros natos. Darlan Airton Dias, em sua obra ―Condição jurídica do português no Brasil”, define o princípio da reciprocidade como sendo a ―garantia recíproca que um Estado recebe do outro quanto ao tratamento aos respectivos nacionais.‖O que o constituinte quis dizer é que ambas as partes deverão ter o mesmo tratamento: deve ser dispensado ao português, no Brasil, o mesmo tratamento que o brasileiro recebe em Portugal. A norma constitucional baseou-se no tratado internacional denominado Estatuto de Igualdade. 12 Importante ressaltar que a pessoa não perde a sua nacionalidade portuguesa, mas, também, não se trata de um processo de naturalização e nem de dupla cidadania, pois a este não será outorgada a nacionalidade brasileira. São denominados portugueses equiparados. A reciprocidade entre Brasil e Portugal, no que diz respeito à Igualdade de Direitos e Obrigações Civis e ao Gozo dos Direitos Políticos, encontra respaldo no Decreto 3927/2001, que promulgou o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre os referidos países, celebrado em 22 de abril de 2000. O órgão encarregado de reconhecer a igualdade de direitos e deveres entre brasileiros e portugueses é o Ministério da Justiça, que a concederá desde que sejam civilmente capazes e possuam residência permanente no Brasil. Cargos privativos de brasileiros natos O texto Constitucional (art. 12, § 3º.) enumera os cargos que devem ser exercidos exclusivamente por brasileiros natos, estando deles excluídos os estrangeiros, brasileiros naturalizados e portugueses equiparados. É interessante acrescentar que os cargos de Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, órgão máximo da Justiça Eleitoral , apesar de não estarem relacionados no dispositivo constitucional, também são privativos de brasileiro nato. Isso porque o Presidente e Vice-Presidente do mais elevado órgão da Justiça Eleitoral, o TSE, serão sempre eleitos dentre os Ministros que compõem o Supremo Tribunal Federal, cujos cargos são privativos de brasileiro nato. Perda da Nacionalidade É da Justiça Federal a competência para apreciar as causas referentes à nacionalidade e à naturalização, tanto para aquisição quanto para julgar o processo de cancelamento da naturalização (artigo 109, X da CF/88). A perda da nacionalidade só pode ocorrer nos casos previstos no § 4º do art. 12 da CF/88, quais sejam: 1ª) quando há o cancelamento da naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. Não há previsão legal de quais seriam as condutas que aí se enquadram. Citamos, a título de exemplos, a prática de terrorismo e o tráfico de drogas. Tal perda é denominada _ perda necessária ou perda-punição. Quem a decreta é o Poder Judiciário, por meio de processo judicial. A legitimidade ativa da ação é do Ministério Público Federal. (CF, art. 109, X). A decisão de cancelar a naturalização, declarando a perda da nacionalidade brasileira, produz efeitos ex nunc, ou seja, o naturalizado somente perde a nacionalidade após o trânsito em julgado da decisão; 2ª)quando há aquisição de outra nacionalidade por vontade própria, seja pelo brasileiro nato sej apelo naturalizado. Denominamos essa situação perda voluntária. Quem a decreta é o Presidente da República, por meio de processo administrativo, junto ao Ministério da Justiça, assegurada a ampla defesa. Para o constitucionalista Alexandre de Moraes, somente por ação rescisória é possível readquirir a nacionalidade, e nunca por novo procedimento de naturalização. 13 A Revisão Constitucional de 1994 acrescentou duas exceções à perda de nacionalidade voluntária: a) quando há o reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) em caso de naturalização imposta pela norma estrangeira. Nesses dois casos o brasileiro não perderá a sua nacionalidade, ainda que venha a obter outra, podendo exercer a sua cidadania plenamente. O brasileiro nato que perde a sua qualidade de brasileiro pode readquiri-la, porém, somente mediante processo de naturalização. Via de conseqüência, não mais será brasileiro nato, mas sim naturalizado. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL TÍTULO II CAPÍTULO IV DOS DIREITOS POLÍTICOS Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular. § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II – facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. § 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: I – a nacionalidade brasileira; II – o pleno exercício dos direitos políticos; III – o alistamento eleitoral; IV – o domicílio eleitoral na circunscrição; V – a filiação partidária; VI – a idade mínima de: . Lei no 9.504/97, art. 11, § 2o: ―A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse‖. a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente daRepública e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz; d) dezoito anos para Vereador. § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. § 5º - O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houverem sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente. . Parágrafo com redação dada pela EC no 16/97. § 6º - a concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. . LC no 64/90, art. 1o, § 2o: ―O vice-presidente, o vice-governador e o vice- prefeitopoderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular‖. § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: 14 . CE/65, arts. 5o, p. único, e 98. . V. art. 142, § 3o, V, da Constituição. I – se contar menos de dez anos de serviço deverá afastar-se da atividade; II – se contar mais de dez anos de serviço será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. § 9º - Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta . Parágrafo com redação dada pela ECR no 4/94. § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II – incapacidade civil absoluta; III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5o, VIII; V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4o. Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. .Artigo com redação dada pela EC no 4/93. C O M E N T Á R I O Direitos Políticos Direitos políticos são o conjunto dos direitos atribuídos ao cidadão, que lhe permitem, por meio do voto e do exercício de cargos públicos, participar e influenciar efetivamente nas atividades de governo. São as prerrogativas e os deveres inerentes à cidadania. A nacionalidade é pressuposto da cidadania. Todo cidadão é um nacional, porém, nem todo nacional é cidadão. Só é cidadão aquele que é titular de direitos políticos (direito de votar e de ser votado). Um menor de 16 anos, nascido em território brasileiro e filho de pais brasileiros, é nacional. Porém, não é cidadão, pois lhe falta a aquisição de seus direitos políticos, o que se dá por meio do alistamento eleitoral. Para o jurista e um dos maiores constitucionalistas brasileiros da atualidade, José Afonso da Silva, ―a cidadania é um atributo jurídico-político que o nacional obtém desde o momento em que se torna eleitor.‖ Podemos classificar os direitos políticos em: a) ativos: consistem na capacidade eleitoral de votar e, b) passivos: consistem na capacidade eleitoral de ser votado. Concluindo, podemos afirmar que aquele que não estiver no gozo de seus direitos políticos não pode alistar-se e nem escolher seus governantes pelo voto. Sufrágio Universal A Constituição estabelece que o sufrágio seja universal, e o voto seja direto e secreto. Enquanto aquele é um direito público subjetivo, o voto é o exercício daquele direito 15 e um dos mais importantes instrumentos da democracia. Sufrágio significa aprovação, concordância, manifestação de vontade. A Constituição de 1988, em seu art. 14, consagra que o sufrágio universal é o direito de exercer a soberania popular por meio do voto direto e secreto e introduziu, ainda, três mecanismos de democracia semi-direta: referendo, plebiscito e iniciativa popular. Esses institutos, mecanismos de intervenção direta dos cidadãos, situam-se no campo da participação política como orientadores dos princípios fundamentais e compõem o binômio representação-participação, também denominado princípio democrático, modelo consagrado na Carta Magna, em seu artigo 1º, parágrafo único: ―Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição‖. Devemos nos lembrar que a Ação Popular também é uma forma de exercício do sufrágio universal. A participação popular visa estabelecer parcerias entre Estado e sociedade civil_ para que, juntos, possam atingir o objetivo desejado por todos, que é a melhoria das condições de vida de toda a população. A lei nº. 9.709/98 regulamentou a execução do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular. Vejamos, pois, o conceito de cada um desses mecanismos: a) Plebiscito: é uma consulta à nação, que se manifesta a favor de ou contra antes do ato legislativo ou administrativo que se pretenda colocar em prática. Assim, sempre que nos referimos a plebiscito, temos que deixar claro que ele deve ocorrer antes da medida que se pretende adotar, conforme consolidado pelo artigo 2°, da Lei n° 9.709, de 1998, que disciplinou os incisos da democracia semidireta, na forma do artigo 14, da Constituição Federal.Em 1993 o povo decidiu a forma (República ou Monarquia Constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo). Venceu a forma Republicana e o sistema Presidencialista. b) Referendo: é também uma modalidade de manifestação do voto, no qual primeiro ocorre a prática de uma medida, cabendo ao povo a respectiva rati ficação ou rejeição de emendas constitucionais ou até sanção de leis ordinárias.Para Darcy Azambuja, o referendo ―é o que mais aproxima o Governo da democracia pura, mas também é o mais complexo, tanto por sua intimidade com outros instrumentos, como o plebiscito e o veto popular, como pelas diferentes classificações que abriga” (AZAMBUJA, Darcy. Teoria geral do Estado. 27. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1988. p. 228 apud OLIVEIRA, Régis Fernandes de; FERREIRA, José Rodrigues, 1996, p. 97). A título de referência, lembramos que, em 23 de outubro de 2005, ocorreu o referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, que não permitiu que o artigo 35 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) entrasse em vigor. c) Iniciativa Popular: consagrada como instrumento de soberania popular, é a possibilidade de o povo propor projeto de lei à Câmara dos Deputados, por meio de petiçãosubscrita por um número mínimo de eleitores. A Lei Maior, em seu artigo 61, § 2o, disciplina o processo da Iniciativa Popular, a saber: ―Art. 61. (...) § 2 - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado 16 nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.‖ De todos os institutos da democracia, a iniciativa popular é a que mais representa um modelo que confere ao cidadão maiores condições para participar ativamente do processo legislativo, ao lado de outros agentes políticos. No Direito Eleitoral, duas foram as leis aprovadas pelo Congresso Nacional por meio de iniciativa popular: a Lei n. 9.804/99, que introduziu a captação ilícita de sufrágio ao inserir o art. 41-A na Lei n. 9.504/97, denominada Lei das Eleições, com objetivo de combater a compra de votos e todo tipo de corrupção eleitoral e a recente Lei n. 135/2010, capitaneada por entidades representativas da sociedade civil, denominada popularmente de Lei da Ficha Limpa, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 64/90 e já com aplicação nas eleições de 2010. Alistamento Eleitoral O alistamento constitui a primeira etapa do processo eleitoral. É um procedimento administrativo cartorário e compreende dois atos: a qualificação e a inscrição. A qualificação é a prova de que o cidadão satisfaz as exigências legais para exercer o direito de voto, enquanto que a inscrição faz com que o mesmo cidadão passe a integrar o Cadastro Nacional de Eleitores da Justiça Eleitoral. O Código Eleitoral regulamenta o alistamento, enumerando as exigências para que uma pessoa possa obter seu título de eleitor,distinguindo, ainda, o alistamento obrigatório, o facultativo e os casos de inalistabilidade. É por meio do Alistamento Eleitoral que o nacional se torna cidadão passando a usufruir de seus direitos políticos por conquistar o direito de votar, participando desse modo da vida política do País. A Constituição Federal dispõe que o alistamento é ato jurídico obrigatório para os maiores de dezoito anos e facultativo, tanto o alistamento quanto o voto,para: os analfabetos; maiores de 70 anos; maiores de 16 e menores de 18 anos (art. 14, § 1º, I e II. Para se tornar eleitor é necessário preencher os seguintes requisitos: nacionalidade brasileira (originária, adquirida, ou equiparação); idade mínima de dezesseis anos e alistamento. Os inalistáveis são aqueles que não reúnem condições para ser eleitores e,conforme reza o art. 14, § 2º, da CF, não podem alistar-se os estrangeiros e os conscritos, também conhecidos como ―Praça de Pré‖. Segundo o Regulamento da Lei do Serviço Militar, os conscritos são definidos como ―brasileiros que compõem a classe chamada para a seleção, tendo em vista a prestação do Serviço Militar inicial‖. Se já inscrito como eleitor, a inscrição ficará suspensa ao ser incorporado para a prestação de serviço militar obrigatório, após comunicação da unidade militar à Justiça Eleitoral e até comprovada a cessação do impedimento.São inalistáveis, também, os que estejam privados, temporária ou definitivamente, dos direitos políticos. O art. 6º., II, do Código Eleitoral (Lei n. 4737/65) afasta a obrigatoriedade do voto nos seguintes casos: (a) motivo de doença; (b) ausência do domicílio eleitoral; (c) funcionários públicos, por razões funcionais_ que os impossibilitem de votar. 17 É necessário lembrar que o descumprimento dos deveres do voto gera algumas restrições previstas no próprio Código Eleitoral (art. 7o, § 1o), exceto se ocorrer a justificativa no prazo legal ou o pagamento de multa. A título de esclarecimento, uma vez que não há na legislação eleitoral nenhum dispositivo acerca do alistamento dos índios, os indígenas integrados estão obrigados ao alistamento eleitoral e ao voto, sendo observada a facultatividade quanto aos ana lfabetos, aos maiores de 70 anos e aos menores de 18 e maiores de 16 anos. Pensar contrariamente é ato discriminador, que viola o principio da igualdade, razoabilidade e principalmente o da dignidade da pessoa humana, impedindo sua participação nas decisões políticas do país, que certamente envolverão seus interesses e direitos fundamentais. Assim, em conformidade com o texto constitucional, a Justiça Eleitoral recepciona os eleitores indígenas da mesma forma que os demais cidadãos (Resolução TSE nº 20.806/01). Quanto ao eleitor de origem cigana, também a título de ilustração, mister se faz mencionar que aquele que não possua moradia ou residência fixa deverá fazer o alistamento no domicílio em que se encontrar, a teor do disposto no art. 42, parágrafo único, do Código Eleitoral. O ato de alistamento é feito por meio de processamento eletrônico (Lei n. 7.444/85) e se perfaz pelo preenchimento do requerimento de alistamento eleitoral (RAE), na forma da resolução do TSE n. 21.538/2003 e da legislação eleitoral. O pedido de inscrição será analisado pelo Juiz Eleitoral e, cumpridos os requisitos legais, o pedido será deferido. Essa matéria será tratada com detalhes em capítulo próprio. Elegibilidade Para ser candidato não basta ser eleitor, é preciso que a pessoa reúna uma série de outros requisitos, relacionados no art. 14, § 3º, da CF/88 e pelo art. 9º da Lei das Eleições, dentro de prazos fixados na legislação. A esse conjunto de exigências chamamos ―condições de elegibilidade‖. A elegibilidade é, portanto, a capacidade eleitoral passiva, definida na possibilidade de o cidadão ser votado, disputar um cargo eletivo. São condições de elegibilidade: 1º) A nacionalidade brasileira (originária ou adquirida, ou _equiparação), lembrando as exceções previstas na Constituição. 2º) O pleno exercício dos direitos políticos - pleno exercício da cidadania, adquirida com o alistamento eleitoral. 3º) O alistamento eleitoral - forma de obtenção do pleno exercício dos direitos políticos. 4º) O domicílio eleitoral na circunscrição - a pessoa tem que ser eleitora na localidade em que pretenda se candidatar, no prazo previsto na legislação. A Lei n. 9504/97, que estabelece normas para as eleições, prevê o prazo de um ano antes do pleito. 5º) A filiação partidária - não há candidaturas avulsas, mas somente aquelas vinculadas a um Partido Político. A Lei n. 9504/97 prevê o prazo de um ano antes da eleição para a filiação partidária 18 6º) A idade mínima de acordo com o tipo de cargo que se pretende disputar, conforme discriminado no texto constitucional. Chamamos atenção para o art.11, § 2º, da Lei n. 9504/97, que estabelece que a idade mínima exigida deve ter como referência a data da posse e não a data da eleição. A essas condições de elegibilidade, Adriano Soares da Costa denomina-as de próprias, explicitamente enumeradas pela CF/88, no § 3º do seu art.14. Entretanto, há outras condições de elegibilidade previstas na própria Carta e em normas infraconstitucionais como, por exemplo, a alfabetização e a desincompatibilização, denominadas pelo grande advogado alagoano de impróprias. Entende Adriano da Costa que todas as condições de elegibilidade são, na verdade, condições de registrabilidade, contrariando o pensamento de vários outros doutrinadores, que consideram estas como sendo aquelas exigências fixadas na legislação eleitoral quando da apresentação do pedido de registro, como apresentação de toda a documentação, que será averiguada pela Justiça Eleitoral. Inelegibilidade A inelegibilidade é um impedimento ao exercício do jus honorum, de ser votado, podendo se apresentar, também, sob o enfoque de sanção. Para PedroHenrique Távora Niess, ―a inelegibilidade consiste no obstáculo posto pela constituição Federal ou por lei complementar ao exercício da cidadania passiva, por certas pessoas, em razão de sua condição ou em face de certas circunstâncias‖. São inelegíveis, ou seja, não reúnem condições de elegibilidade, os inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e os analfabetos. A inelegibilidade comum a todos os nacionais, decorrente da ausência de elegibilidade, chama-se inelegibilidade inata; e há a inelegibilidade cominada, que é uma sanção pela ocorrência de algum fato injurídico, não necessariamente de natureza eleitoral, importando no impedimento ou perda da elegibilidade. A inelegibilidade cominada pode ser aplicável na eleição em que o fato ilícito se deu, implicando a perda ou impossibilidade da elegibilidade para essa eleição; ou pode ser para eleições futuras, a ocorrerem dentro do tempo fixado para a sua duração. Ao analfabeto foi dado o direito de ser eleitor e de votar. É direito e não dever, tendo em vista que é uma faculdade e não uma obrigação. No entanto, mesmo quando eleitor, o analfabeto só pode votar. Jamais será votado, uma vez que é inelegível. Possui apenas a capacidade eleitoral ativa. O militar, desde que alistável, é também elegível. Entretanto, o art. 142, § 3o, inciso V, da CF de 1988 (parágrafo e inciso acrescidos pela EC nº 18/98) estabelece que o militar, enquanto em efetivo serviço, não pode estar filiado a Partido Político. Sua elegibilidade deve obedecer às condições previstas no § 8º.do art. 14, da Constituição Federal. As praças sem estabilidade e os oficiais com menos de dez anos, para candidatura, deverão afastar-se da atividade militar, efetivado pela exclusão do serviço ativo mediante demissão ou licenciamento ex officio, conforme regulamenta o artigo 52, parágrafo único, a, do Estatuto dos Militares. Demissão é o ato de exclusão de oficiais das forças armadas, com a conseqüente transferência para reserva não remunerada no mesmo posto que tinha no serviço ativo (art. 94, § 1º, 116 § 3º e analogia ao artigo 117, Estatuto dos Militares). Licenciamento ex offício é o ato de exclusão das praças sem estabilidade e aos oficiais da reserva convocados e que importa na inclusão ou reinclusão na reserva não remunerada (artigo 121, § 4º, Estatuto dos Militares). 19 Numa outra situação figuram os oficiais com mais de dez anos de carreira e as praças estáveis que deverão ser agregados pela autoridade superior para candidatura. Agregação consiste na situação temporária na qual o militar da ativa deixa de ocupar a escala hierárquica, nela permanecendo, sem número, no lugar que ocupava e ficando adido para efeito de remuneração e sujeito às obrigações disciplinares (artigo 80, 82, XIV, § 4º, 83 e 84, 98, XVI, Estatuto dos Militares). O Superior Tribunal de Justiça pacificou que ―o militar que conta com mais de dez anos de efetivo serviço, candidato a cargo eletivo, será agregado pela autoridade superior, pelo que tem direito à remuneração pertinente até a sua diplomação‖. Em síntese, a partir da escolha em convenção partidária, o militar candidato passará para a inatividade por meio da agregação, demissão ou licenciamento e, por fim, tempestivamente desincompatibilizado, efetuará o registro da candidatura. Alguns conceitos são importantes para a continuidade dos nossos estudos, como: a) inalistabilidade - impedimento ao direito de ser eleitor, impedimento à capacidade eleitoral ativa ou de votar. Assim, o menor de dezesseis anos é inalistável, não é eleitor, não é cidadão. b) incompatibilidade -impedimento posterior à eleição ou ao exercício do mandato. c) desincompatibilização - faculdade dada ao cidadão para que se desvincule do cargo de que é titular, no prazo legal, com o fim de viabilizar sua candidatura. Em algumas hipóteses, a desincompatibilização só é possível com o afastamento definitivo do cargo, por renúncia ou exoneração. Em outros casos, basta simples licenciamento. As incompatibilidades advindas, quer do exercício de determinados cargos públicos ou provenientes da existência de grau de parentesco com ocupantes de cargos eletivos, para fins de candidatura, têm como objetivo promover a isonomia da disputa entre os concorrentes, não permitindo que alguns candidatos possam utilizar-se da influência em razão da posição que ocupam ou do cargo que exercem. d) inelegibilidade - impedimento ao direito de ser votado, isto é, à capacidade eleitoral passiva. As inelegibilidades estão previstas nos §§ 4o, 6o e 7o do art. 14, da Constituição e na Lei Complementar no 64/90, recentemente alterada pela Lei Complementar nº 135, de 4.6.2010, – ficha limpa, que será abordada em capítulo à parte. A Constituição permite aos ocupantes de cargos executivos concorrerem a outros cargos, desde que renunciem aos respectivos mandatos até seis meses antes da eleição (art.14, § 6o). A renúncia importa em afastamento definitivo do cargo. A inelegibilidade aqui é temporal e transitória, auferida em cada eleição. O § 7o do art. 14 da Constituição disciplina a inelegibilidade, no território de jurisdição do titular, dos parentes consangüíneos ou afins, até o 2º. grau, ou por adoção, de titulares de cargos executivos ou de quem os haja substituído nos seis meses anteriores ao pleito, ressalvados os que já exercem mandato eletivo. Podemos notar, aqui, a 20 inelegibilidade limitada a uma circunscrição eleitoral e estendida a parentes de ocupantes de funções públicas, não ficando, portanto, restrita apenas a determinada pessoa. Cabe bem aqui conceituar a palavra parentesco, que é a relação ou ligação jurídica existente entre pessoas unidas pelo nascimento, casamento ou adoção. E pode ser: a) consangüíneo: que deriva do sangue (pai, irmão, avô...) b) afim: que surge da aliança entre os parentes de um cônjuge com o outro cônjuge. É a relação que liga um dos cônjuges aos parentes do outro cônjuge, no mesmo grau em que este a eles está ligado pela consangüinidade. E mais: Grau é a distância, contada por geração, que separa um parente do outro. Linha é a série de pessoas provindas do mesmo tronco. Linha reta é a que se forma de procedência direta ou descendência, que se estabelece entre procriadores e procriados, seja subindo, seja descendo. Linha colateral é a que decorre da relação de parentesco entre várias pessoas que não se geraram sucessivamente, mas procedem de um tronco comum. Exemplos: a) parentesco consangüíneo - linha reta: 1º grau - pai e filhos; 2º grau - avô e neto; 3º grau - bisavô e bisneto; b) parentesco consangüíneo - linha colateral: (para achar o grau, subir até o tronco comum e descer até a pessoa cujo parentesco se quer graduar): 2º grau - irmãos; 3º grau - sobrinhos e tios; 4º grau - primos (vulgarmente chamados primos primeiros); c) parentesco por afinidade: 1º grau - sogro e genro; 2º grau - cunhados 3º grau - eu e o tio de minha mulher 4º grau - eu e o primo de minha mulher. As inelegibilidades são classificadas pelos doutrinadores, em sua maioria, quanto a sua origem, abrangência, duração e conteúdo. Outros ainda as classificam também pela dimensão, aplicação e momento. E há, ainda, diversos autores que preferem classificá-las em: constitucionais e infraconstitucionais; temporárias ou duradouras; gerais ou especiais; genéricas ou específicas; perenes, plenas ou limitadas etc. Reeleição A Emenda Constitucional nº 16/97 alterou a redação do § 5º do art. 14 da CF/88, permitindo a reeleição do Presidente da República, Governadores e Prefeitos, e de quem os houver substituído no curso dos mandatos, por um único período subseqüente. Impende registrar que, para os mandatosdo legislativo, nunca houve qualquer restrição. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo A Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) está prevista no art. 14, § 10, da Constituição Federal e tem por fim desconstituir a diplomação do candidato eleito em 21 razão de ter sido a eleição, o mandato popular, obtido com vícios que o levam à nulidade seja por abuso do poder econômico, corrupção ou fraude eleitoral. Para a configuração do abuso de poder exige-se que os atos ilícitos perpetrados considerados abusivos tenham potencialidade suficiente para lesar a normalidade ou a legitimidade das eleições.Também encontra respaldo na lei e na jurisprudência o entendimento de que, em sede de AIME, não há cabimento para análise de conduta vedada ou abuso do poder político. Igualmente, está assentado na atual jurisprudência do TSE que, em ação de impugnação de mandato eletivo, havendo a anulação de mais de cinquenta por cento dos votos, deve-se realizar nova eleição (MS nº 3649/GO, rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 10.3.2008, e REspe nº 28.391/CE, rel. Min. José Delgado, DJ de 14.4.2008). Posicionamento também já assentado é o de que não se está mais exigindo a comprovação do nexo de causalidade entre os atos praticados e o comprometimento da lisura das eleições. O que importa é a existência objetiva dos eventos e a pro va de sua potencial lesividade ao pleito, não estando necessariamente atrelada ao resultado de votos obtidos nas urnas.Dessa forma, deve o Juiz verificar se está devidamente provado nos autos se as práticas constituem abuso de poder político ou econômico, corrupção ou fraude e se foram hábeis para comprometer o prélio eleitoral. A prova deve ser robusta. Não se pode cassar mandato por mera presunção. A AIME visa proteger a legitimidade das eleições. O prazo para ajuizamento da ação é de quinze dias a contar da diplomação, sendo que a competência para o seu julgamento é determinada pela natureza das eleições: se municipal (prefeito e vereadores) será competente o Juiz Eleitoral; estadual (governador e vice, senador, deputado federal e deputado estadual) a competência será do Tribunal Regional Eleitoral específico e, se disser respeito a mandato presidencial, competente o Tribunal Superior Eleitoral. A ação tramita perante a Justiça Eleitoral e em segredo de justiça, quer dizer, somente as partes e os seus advogados terão acesso às informações sobre o andamento do processo, preservando-se assim os fatos suscitados nos autos. Entretanto, o julgamento é público. Se a ação proposta for destituída de fundamentos razoáveis de convicção, acionada apenas por má-fé e desejo de incomodar o adversário político, o autor responderá por isso na forma da lei. Antigamente adotava-se o rito da ação civil pública para a AIME. Mais recentemente o Tribunal Superior Eleitoral determinou a adoção do mesmo rito aplicável a AIRC – Ação de impugnação de Registro de Candidatura, previsto na Lei Complementar 64/90. Cassação de Direitos Políticos Ao contrário do regime autoritário, no qual era comum a cassação dos direitos políticos (Ato Institucional no. 5), a atual Constituição veda a cassação indiscriminada dos direitos políticos, em defesa do regime democrático, só permitindo que ela ocorra nos seguintes casos, nos quais haverá a privação absoluta (perda) ou relativa (suspensão) dos direitos políticos, a ser determinada por decisão judicial: I - Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; 22 II - Incapacidade civil absoluta - os loucos de qualquer gênero, os ausentes e os menores de 16 anos; III - Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - Recusa em cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º., VIII. Este inciso diz respeito à liberdade de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política. Ninguém será privado de direitos por esses motivos, salvo se os invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta (ex.: serviço militar, alistamento, júri) e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Entende-se por prestação alternativa o exercício de atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico, em substituição às atividades de caráter obrigatório. V - Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. da CF de 1988. Os atos de improbidade administrativa acarretam a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL TÍTULO II CAPÍTULO V DOS PARTIDOS POLÍTICOS Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: . Lei no 9.096/95: ―Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta os arts. 17 e 14, § 3o, inciso V, da Constituição Federal‖. I – caráter nacional; II – proibição de recebimento de recursos financeiros de entidades ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III – prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV – funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º - É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. . Parágrafo com redação dada pelo art. 1o da EC no 52/2006. § 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do Fundo Partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. § 4o É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. C O M E N T Á R I O Partidos Políticos O Estado Democrático é um Estado de partidos, refletindo as variadas tendências da opinião pública, que também se espelham nos Parlamentos e Congressos. Os Partidos Políticos são pessoas jurídicas de direito privado. Adquirem personalidade jurídica na forma da lei civil, tendo, ainda, a obrigação de registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. 23 A Constituição Federal prega a liberdade de criação das agremiações partidárias. No entanto, os Partidos devem seguir os critérios estabelecidos na Lei n. 9096, de 19.09.95, que foi criada para regulamentar os arts. 17 e 14, §3º, inciso V, da Constituição Federal. Com a Emenda Constitucional 52/2006, foi introduzida a liberdade total também de celebrar coligações, não mais tendo que obedecer às regras da Verticalização, instituída pelo Tribunal Superior Eleitoral. Os Partidos Políticos têm o monopólio das candidaturas, uma vez que inexistem no Brasil candidaturas extrapartidárias. Somente podem concorrer às eleições pessoas devidamente filiadas às Agremiações Políticas, no prazo legal. O § 1o do art. 17 estabelece que os estatutos partidários devem conter normas de fidelidade e disciplina partidárias. É o retorno do instituto da fidelidade partidária, previsto na Constituição de 1967, porém_ abolido pela Emenda Constitucional no 25/85. Os Partidos Políticos recebem recursos financeiros do Fundo Partidário, devendo prestar contas à Justiça Eleitoral. Têm também acesso gratuito ao rádio e à televisão, nos termos da lei, quelhes permite a propaganda de seus ideais e de seus candidatos. É vedada a organização paramilitar aos Partidos. A Constituição consagra o caráter nacional dos Partidos Políticos. A Lei n. 9096/95 é que regulamenta os partidos políticos e será abordada mais à frente. S Í N T E S E DIREITO ELEITORAL - Normatiza o exercício do sufrágio com vistas à concretização da soberania popular. - É ramo autônomo do direito público. - Regulamenta os direitos políticos dos cidadãos e o processo eleitoral. - A norma eleitoral é criada pela União (art. 22, I, CF). - Art. 22, parágrafo único, CF: hipótese de lei complementar que autorize os Estados a legislar sobre matéria eleitoral. NACIONALIDADE (Art. 12, CF) - Vínculo jurídico que liga o indivíduo ao Estado, em razão do local de nascimento. - Pode ser: originária (brasileiros natos) ou adquirida (brasileiros naturalizados). PERDA DA NACIONALIDADE (art. 12, § 4º, CF) - Necessária: naturalização cancelada por sentença judicial, em razão de ato nocivo ao interesse nacional. - Voluntária: quando adquirir outra nacionalidade (Exceções: quando há o reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira e quando a naturalização for imposta pela norma estrangeira). Consequências: - privação dos direitos políticos (direito de votar e de ser votado) - para readquirir a qualidade de brasileiro somente através de processo de naturalização 24 BRASILEIROS NATOS (art. 12, I, CF) Todos nascidos no Brasil (exceção para os filhos de estrangeiros cujos pais estejam no Brasil a serviço do seu país); - filho(a) de brasileiro(a) nascido no estrangeiro, desde que um deles esteja a serviço do Brasil; - filho(a) de brasileiro(a) nascido no estrangeiro, desde que seja registrado em repartição brasileira competente; - filho(a) de brasileiro(a) nascido no estrangeiro, que venha a residir no Brasil e opte, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. NATURALIZAÇÃO - O processo de naturalização é disciplinado pelo Estatuto do Estrangeiro. - A naturalização pode ser: expressa (voluntária/ requerida) ou tácita. NATURALIZADOS (art. 12, II, CF) - Estrangeiros que, na forma da lei, adquirem a nacionalidade brasileira. - Há perda da nacionalidade anterior. Exigências: - aos nascidos em países de língua portuguesa: residência no Brasil por um ano, sem interrupção, e idoneidade moral; - aos estrangeiros: residência no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos, sem condenação penal. PORTUGUESES EQUIPARADOS(art. 12, II, § 1º, CF) Não é um processo de naturalização; apenas uma equiparação de direitos. Exigências: - residência permanente no país e - reciprocidade de tratamento em favor de brasileiros. Privilégios: - não perdem a nacionalidade de origem e - usufruem dos direitos inerentes aos brasileiros, com exceção dos direitos privativos. DIREITOS POLÍTICOS (Capítulo IV, Título II, da CF) - Prerrogativas e deveres inerentes à cidadania. - Conjunto dos direitos atribuídos ao cidadão. - Cidadão: a pessoa titular de direitos políticos (direito de votar e direito de ser votado). SUFRÁGIO(art. 14, CF) - Direito público subjetivo e o voto é o exercício desse direito. Modalidades: - plebiscito: consulta ao povo - referendo: necessária a aprovação para validar uma medida - iniciativa popular: o povo propõe projeto de lei ALISTAMENTO (art. 14, §§ 1º e 2º, CF) - Ato jurídico obrigatório do qual nasce o direito de votar (capacidade eleitoral ativa). Condições para o alistamento(qualificação e a inscrição): - nacionalidade brasileira e - idade mínima de 16 anos - É obrigatório para os maiores de 18 anos. 25 - É facultativo, tanto o alistamento quanto o voto: para os analfabetos; os maiores de 70 anos e para os maiores de 16 e menores de 18 anos. - São inalistáveis: os estrangeiros; os conscritos e os que estejam privados, temporária ou definitivamente, dos direitos políticos. ELEGiBILIDADE (art. 14, § 3º, CF) - Aptidão de ser eleito; capacidade eleitoral passiva do cidadão. - Condições de elegibilidade: nacionalidade brasileira; pleno exercício dos direitos políticos; alistamento eleitoral; domicílio eleitoral na circunscrição do pleito; filiação partidária e idade mínima. Elegibilidade do militar: - menos de 10 anos: afasta-se; - mais de 10 anos: será agregado e, se eleito, passa para a inatividade no ato da diplomação. * Atenção para o art. 142, § 3º, inciso V, CF: militar em efetivo exercício não pode estar filiado a partido político. INELEGIBILIDADE (art. 14, § 4º ao 7º, CF) - Impedimento ao direito de ser votado. - Inelegibilidade inata: comum a todos os nacionais. - Inelegibilidade cominada: sanção que importa no impedimento ou perda da elegibilidade. - Lei Complementar nº 64/90 estabelece outros casos de inelegibilidade (art. 14, § 9º, CF) DESINCOMPATIBILIZAÇÃO - Afastamento, provisório ou definitivo, de funções ou cargos, para concorrer a cargos eletivos. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (Art. 14, §§ 10 E 11 , CF) - Prazo para propositura:15 (quinze) dias contados da diplomação. - Finalidade da ação: cassação do mandato eletivo. - A ação deve ser instruída com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. - Tramita em segredo de justiça. - Rito: o mesmo da Ação de Impugnação de Registro de Candidatura (arts . 2º ao art. 15 da LC 64/90) CASSAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS(Art. 15, CF) - É vedada a cassação dos direitos políticos. Exceção (perda ou suspensão nos casos de cancelamento da naturalização por sentença transitada; incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada enquanto durarem seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa e improbidade administrativa). - Perda: privação absoluta - Suspensão: privação relativa PROCESSO ELEITORAL (art. 16, CF) A lei que altera o processo eleitoral não se aplica à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. PARTIDOS POLÍTICOS (art. 17, CF) - Pessoa jurídica de direito privado. 26 - Autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento (Estatuto Partidário). - Detém o monopólio das candidaturas. - Não há interferência da Justiça Eleitoral: as questões jurídicas matéria interna corporissão decididas na Justiça Comum. Exceção: questões que refletem no processo eleitoral, que são decididas pela Justiça Eleitoral. - Fundo Partidário (Fundo de Assistência Financeira aos Partidos Políticos) EXERCÍCIOS 01 DISPOSIÇÕES ELEITORAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL 1. TRE – AC – Analista Judiciário – área judiciária – FCC 2010 A respeito da composição dos órgãos da Justiça Eleitoral, é correto afirmar que: a) um terço dos cargos do Tribunal Superior Eleitoral será reservado para advogados e membros do Ministério Público Federal. b) os Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados poderão integrar o Tribunal Superior Eleitoral no cargo de livre nomeação do Presidente da República. c) integram o Tribunal Superior Eleitoral três juízes nomeados pelo Presidente da República dentre Ministros do Superior Tribunal de Justiça. d) integram o Tribunal Superior Eleitoral três juízes dentre Ministros do Supremo Tribunal Federal, escolhidos mediante eleição e pelo voto secreto. e) o Corregedor Eleitoral será nomeado pelo Presidente da República dentre os membros do Tribunal Superior Eleitoral. 2. TRE – TO – Analista Judiciário – área judiciária – FCC 2011 De acordo com a Constituição Federal podem vir a integrar tanto o Tribunal Superior Eleitoralcomo o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Tocantins: a)Advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral militantes no Estado do Tocantins. b) Ministros do Supremo Tribunal Federal. c) Ministros do Superior Tribunal Justiça. d) Desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de Tocantins. e) Juízes de Direito da Justiça Estadual do Estado de Tocantins.. 3. Com relação à atual organização e competência da justiça eleitoral, julgue os itens a seguir: (certo ou errado) a)Deve haver um TRE na capital de cada estado e no Distrito Federal, em cada um deles é obrigatória a participação de dois juízes escolhidos entre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo tribunal de justiça, para nomeação pelo presidente da República. b) Compõem a justiça eleitoral os TREs, os procuradores regionais eleitorais, os juízes eleitorais e as juntas eleitorais. c) Para a ampliação da atual composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prevista na Constituição da República, não se prescinde de emenda à Constituição. d) Compete aos tribunais regionais eleitorais (TREs) processar e julgar originariamente o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a prefeito e vereador. 27 e) O TSE elegerá seu presidente entre os ministros do Supremo Tribunal Federal, e seu vice-presidente e o corregedor eleitoral entre os ministros do Superior Tribunal de Justiça. 4. Assinale a frase ERRADA: Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: a) ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; b) forem proferidos contra expressa disposição constitucional ou de lei; c) anularem diplomas ou decretarem a perda de mandato eletivo federal ou estadual; d) denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção; e) anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos dos Juízes de Paz. 5. TRE – SE – Analista judiciário – área judiciária – FCC2007 Os Tribunais Regionais Eleitorais, dentre outras situações: a) são compostos por juízes escolhidos pelo Presidente da República dentre Desembargadores do Tribunal de Justiça do respectivo Estado e advogados. b) não têm caráter permanente e só são compostos por ocasião de cada eleição. c) têm atribuição de diplomar os Prefeitos Municipais e Vereadores eleitos dentro dos respectivos Estados. d) elegerão seu Presidente e Vice-Presidente dentre os Desembargadores que o compõem. e) têm sede na capital de cada Região da Federação, podendo existir mais de um para cada Estado e para o Distrito Federal. 6.TRE/SC – analista judiciário – área administrativa – FAPEU 2005 Assinale a alternativa CORRETA. O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral: a) são eleitos pelo próprio Tribunal Regional Eleitoral dentre os desembargadores que o compõem. b)são eleitos pelo Tribunal de Justiça do respectivo Estado dentre os desembargadores que o compõem. c)são eleitos pelo próprio Tribunal Regional Eleitoral dentre os desembargadores e os juízes que o compõem. d)são eleitos pelo próprio Tribunal Regional Eleitoral dentre os membros que o compõem. 7. TRE/AP – Técnico Judiciário – Programação Sistemas – CESPE – 2007 Acerca do tratamento constitucional aos tribunais e juízeseleitorais, assinale a opção correta. Os membros dos tribunais regionais eleitorais (TREs) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) serão nomeados pelo presidente da República. b) Cabe recurso das decisões dos TREs quando elas anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais, estaduais ou municipais. c)Os tribunais eleitorais devem se dividir em turmas ou câmaras. d) À justiça eleitoral aplica-se o princípio da temporariedade, segundo o qual nenhum magistrado tem vinculação permanente com a justiça eleitoral, integrando -a sempre por prazo determinado. e) A Constituição determina que em cada estado da federação deve haver um TRE, visando, dessa forma, assegurar ampla autonomia a cada entidade federativa. Por isso, cada TRE deve ser composto exclusivamente de autoridades locais. 28 8. TRE/AP- Técnico judiciário - programação de sistemas – CESP– 2007 Ainda acerca do tratamento constitucional aos tribunais e juízes eleitorais, assinale a opção correta: a) Ressalvados os embargos de declaração, todas as decisões proferidas pelo TSE são irrecorríveis. b)O cargo de corregedor eleitoral, no âmbito do TSE, deve ser exercido por um dos ministros oriundos do Superior Tribunal de Justiça, após eleição no âmbito daquele tribunal. c) Os substitutos dos membros da justiça federal deverão ser escolhidos pelos próprios TREs. d)Quando os TREs proferirem decisões contra disposição expressa na Constituição Federal ou em lei, não caberá recurso ao TSE, mas sim ao Supremo Tribunal Federal. e) Embora a organização e a competência da justiça eleitoral encontrem-se previstas taxativamente no texto constitucional, lei ordinária pode dispor sobre a matéria, de forma a ampliá-la ou reduzi-la. 9.José, primo de João, é advogado em Minas Gerais e foi nomeado pelo Presidente da República para compor o Tribunal Regional Eleitoral mineiro na classe dos advogados. Seu primo João integra a mesma Corte Eleitoral como Juiz Direito. Sobre essa situação é correto afirmar que: a) José não poderá assumir o cargo de Juiz, uma vez que é parente até o 4º grau de João, que já está no exercício de seu mandato, e o Código Eleitoral não permite a participação de parentes, entre si, até o 4º grau, inclusive, no TRE. b) João terá que se afastar do cargo de Juiz do TRE, uma vez que seu primo foi indicado para o mesmo Colegiado e há impedimento previsto no Código Eleitoral. c) Nenhum problema há na participação dos dois Juízes, uma vez que os impedimentos em matéria eleitoral atingem, na sua maioria, apenas os parentes até o 2º grau, inclusive. c) José poderá assumir o mandato desde que faltem menos de 6 meses para o término do biênio de seu primo João. 10. TRE/TO – Analista Administrativo – área administrativa – CESPE 2005 – Considere que, em agosto de 2004, o tribunal de justiça de um estado-membro da Federação tenha editado resolução, por meio da qual definiu o processo de escolha dos juízes de direito para compor o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e estabeleceu que nenhum juiz de direito daquele estado-membro poderia voltar a integrar o TRE, na mesma classe ou em classe diversa, por dois biênios consecutivos. Ante essa situação hipotética, assinale a opção incorreta. A Constituição Federal estabelece que haverá, na capital de cada estado-membro da Federação, um TRE, cuja composição inclui dois juízes de direito, escolhidos pelo tribunal de justiça daquele estado-membro. A resolução do tribunal de justiça, de que cuida a hipótese considerada, padece de vício de inconstitucionalidade material, uma vez que proíbe ao juiz, quando a Constituição Federal lhe faculta, servir no TRE por dois biênios consecutivos. A inconstitucionalidade da referida resolução pode ser argüida perante o Supremo Tribunal Federal (STF), órgão que detém a competência precípua para a guarda da Constituição Federal e que tem, entre outras atribuições, a competência para processar e julgar ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual questionado perante a Constituição Federal. 29 Caso a referida resolução esteja simultaneamente em conflito com a Constituição estadual, fica afastada, por disposição expressa da Constituição Federal, a competência do tribunal de justiça para processar e julgar eventual representação de inconstitucionalidade
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