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Tribulus Terrestris: Atividades Biológicas e Alterações Hormonais em Homens

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Prévia do material em texto

ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LUTERANA BOM JESUS/IELUSC 
CURSO DE NUTRIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDI MARCELO DOS SANTOS LACORTT 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRIBULUS TERRESTRIS: REVISÃO DA LITERATURA SOBRE SUAS 
ATIVIDADES BIOLÓGICAS COM ÊNFASE EM ALTERAÇÕES NOS NÍVEIS 
HORMONAIS ANDROGÊNICOS EM HOMENS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOINVILLE/SC 
2015 
 
EDI MARCELO DOS SANTOS LACORTT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRIBULUS TERRESTRIS: REVISÃO DA LITERATURA SOBRE SUAS 
ATIVIDADES BIOLÓGICAS COM ÊNFASE EM ALTERAÇÕES NOS NÍVEIS 
HORMONAIS ANDROGÊNICOS EM HOMENS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à banca de defesa do Curso 
de Nutrição da Associação Educacional 
Luterana BOM JESUS/IELUSC como 
requisito para obtenção do grau de 
Nutricionista sob orientação da 
Professora Ma Juliana Strapazzon. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOINVILLE 
 2015 
 
 
 
 
 
EDI MARCELO DOS SANTOS LACORTT 
 
 
 
 
 
 
TRIBULUS TERRESTRIS: REVISÃO DA LITERATURA SOBRE SUAS 
ATIVIDADES BIOLÓGICAS COM ÊNFASE EM ALTERAÇÕES NOS NÍVEIS 
HORMONAIS ANDROGÊNICOS EM HOMENS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca de defesa do Curso de 
Nutrição da Associação Educacional Luterana BOM JESUS/IELUSC como requisito 
para obtenção do grau de Nutricionista aprovado pela banca de avaliadores: 
 
 
Aprovado em 29 de fevereiro de 2016. 
 
___________________________________________________________ 
 Professora Ma. Marcia Schneider 
 Coordenadora do Curso de Nutrição BOM JESUS/IELUSC 
Nutricionista e Mestre em Saúde e Meio Ambiente - UNIVILLE 
 
 
___________________________________________________________ 
Professora Ma. Juliana Strapazzon 
Orientadora e membro avaliador externo 
 Mestre em Farmácia - UFSC 
 
___________________________________________________________ 
Professora Dra. Dra. Erika Dantas de Medeiros Rocha 
Co-orientadora Membro avaliador interno 
Nutricionista e Doutora em Ciências da Saúde - UFRN 
 
 
___________________________________________________________ 
Professora Ma Priscila Hália Pires dos Santos Oliveira 
Membro Avaliador Interno 
Bioquímica e Mestre em Metodologia Biomolecular - UFPR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Que sorte para os ditadores que os homens não pensem.” 
Adolf Hitler 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha mãe pelo apoio e compreensão por toda a minha vida. 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao governo federal, pelo Programa Universidade para Todos (PROUNI) que 
tornou essa graduação possível. 
À minha orientadora, Ma Juliana Strapazzon pela paciência e flexibilidade 
que foram extremas durante nossa jornada. Além de sua contribuição intelectual é 
claro, que tornou esse trabalho possível. 
À Associação Educacional Luterana Bom Jesus IELUSC, minha instituição de 
ensino superior, que me recebeu e deu suporte sempre que houve necessidade. 
À coordenadora do curso Prof° Márcia Schneider, pelo apoio e incentivo, que 
além de desempenhar seu trabalho com excelência, figura uma importante base 
emocional para todos os alunos do curso de nutrição. 
À Prof° Esp Ana Lúcia Pereira, supervisora de estágio clínico, cuja 
sensibilidade e caráter me inspiram à ser uma pessoa melhor e mais justa. 
Aos amigos, colegas, familiares e demais professores com quem sempre tive 
oportunidade de aprender algo. 
 
 
 
RESUMO 
 
A Tribulus terrestris (Família Zygophyllaceae) é uma planta comum dos locais de 
clima típico, mediterrâneo, subtropical e desértico, estando portanto bem distribuída 
por várias regiões do globo como Índia, China, oriente médio, Oceania, Europa, 
América do Norte. Esta planta tem supostas faculdades medicinais que são 
utilizadas há vários séculos na medicina Ayurveda, na medicina tradicional Chinesa 
e por outras linhas medicinais até hoje. Dentre seus componentes químicos 
estudados estão: alcalóides, flavonóides e saponinas. À planta são atribuídas entre 
outras tais atividades biológicas: antihelmíntica, antibactericida, anticancerígena, 
analgésica, anti-inflamatória, antiespasmódica, larvicida, anticariogênica, 
hepatoprotetora, cardiotônica, hipolipidêmica, melhora a absorção de fármacos, 
imunomodulatória, antidiabética, diurética, aintiurolítica e afrodisíaca. No meio 
desportista são atribuídas propriedades pró-androgênicas, segundo sua atuação na 
melhora da produção de testosterona e derivados ou estimulantes. O objetivo do 
presente trabalho é esclarecer a literatura a cerca de suas atividades biológicas e 
elucidar sua participação nas alterações hormonais em homens. 
 
Palavras-chave: tribulus, suplementação, androgênico, testosterona, fitoterápico. 
 
ABSTRACT 
 
The Tribulus terrestris (Family Zygophyllaceae) is a common plant of the typical 
climates, mediterranean, subtropical and desert and is therefore well distributed over 
various regions of the world such as India, China, Middle East, Oceania, Europe and 
North America. This plant has alleged medicinal powers that have been used for 
centuries in Ayurvedic medicine, traditional Chinese medicine and other medical 
lines today. Among its chemical components studied are: alkaloids, flavonoids and 
saponins. In the plant they are assigned and other such biological activities: 
anthelmintic, antibacterial, anticancer, analgesic, anti-inflammatory, antispasmodic, 
larvicide, anticariogenic, hepatoprotective, cardiotonic, hypolipidemic, improves the 
absorption of drugs, immunomodulatory, antidiabetic, diuretic, aintiurolítica and 
aphrodisiac. Amid sportsman pro-androgenic properties are assigned according to 
their performance in improving the production of testosterone and derivatives or 
stimulants. The objective of this study is to clarify the literature about their biological 
activities and clarify their involvement in hormonal changes in men. 
 
Keywords: tribulus, supplementation, androgenic, testosteron, phytoterapy. 
 
 
1 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
11- KT - 11-cetotestosterona 
 
A/E - Androstenadiona/Epitestosterona 
 
AAS – Ácido Acetil Salicílico 
 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
 
ADP – Adenosina Difosfato 
 
AGi – Ácidos Graxos insaturados 
 
ANVISA – Agência Nacional de Vigilãncia Sanitária 
 
ASADA - Australian Sports Anti-dopind Authority 
 
AST – Aspartato aminotransferase 
 
ATP – Adenosina Trifosfato 
 
BCS – Biopharmaceutical classification system – em português, sistema de 
classificação biofarmacêutico 
 
BF – Bodyfat – Gordura Corporal 
 
CaOx – Oxalato de Cálcio 
 
CJC-1295 – Nomenclatura dada ao peptídeo glicoconjugado. Vide GHRP 
 
CK – creatina kinase 
 
COI - Comitê Olímpico Internacional 
 
COX – 2 - ciclooxigenase-2 
 
CP – Fosfato de Creatina 
 
DPP-IV - dipeptidylaminopeptidase IV 
 
DHEA – Dehidroepiandrosterona 
 
DHT – Diidrotestosterona 
 
DMBA - 7,12-Dimethylbenz(a)anthracene – potente indutor de carcinogênse 
 
DMD – distrofia muscular Duchenne 
 
DNA – Em inglês: desoxyribonucleic acid, em português - ácido desoxirribonucléico 
(ADN) 
 
EAA – Esteróides anabólicos androgênicos 
 
EUA – Estados Unidos da América 
 
FDA – Foods and Drugs administration 
 
FSH – Hormônio folículo estimulante 
 
GHRH3-29 – Nomenclatura dada à forma Inativa de GHRH 
 
GHRP – Growth Hormone Releasing Peptide 
 
GnRH – Hormônio liberadordo hormônio do crescimento 
 
GOX – Glicolato Oxidase 
 
HGh – Hormônio do crescimento 
 
HIV – Imunodeficiência adquirida 
 
IL-4 – interleucina 4 
 
IMC – Índice de Massa Corpórea 
 
iNOS - Óxido nítrico sintetase induzível 
 
IM – Intra muscular 
 
Kda – Quilodalton 
 
Ldl – low density lipoprotein – em português, Lipoproteína de baixa densidade 
 
LDH – lactato desidrogenase 
 
LH – Hormônio Luteinizante 
 
MAO – Monoamina oxidase 
 
MDA – malondialdeído 
 
MLG – Massa Livre de Gordura 
 
MO – Medula óssea 
 
MP – Membrana plasmática 
 
MTT - (3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil brometo de tetrazolina) é um teste usado 
para avaliar viabilidade celular. 
 
NF-kappaB - fator nuclear kappa B 
 
Ng/dL – Nanograma/decilitro 
 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
 
S-DHEA - sulfato de dehidroepiandrosterona 
 
SHGB – Sex hormone globulin 
 
SNC – Sistema Nervoso Central 
 
SOD – Superóxido dismutase 
 
T:E - Testosterona:Epitestosterona 
 
TC – Total colesterol – em português, Colesterol total 
 
TNF – Alfa - fator de necrose tumoral alfa 
 
TPC – Terapia pós ciclo 
 
TT – Tribulus terrestris 
 
VLDL – Very low density lipoprotein – em português, Lipoproteína de muito baixa 
densidade 
 
WADA - World Anti-Doping Agency 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................. 9 
 
 
2 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16 
3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 18 
3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 18 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................ 18 
4 METODOLOGIA ................................................................................................ 19 
4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS .................................................................... 19 
4.2 POPULAÇÃO, AMOSTRA E ANÁLISE DE RESULTADOS ........................ 20 
4.3 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................... 20 
5 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 21 
5.1 ETIMOLOGIA, SINÔNIMOS E ASPECTOS GEOGRÁFICOS FAVORÁVEIS 
À Tribulus terrestris (TT) ........................................................................................ 21 
5.2 CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS E TAXONÔMICAS DA Tribulus 
terrestris................................................................................................................. 22 
5.2.1 Classificação Taxonômica ..................................................................... 22 
5.2.2 Descrição Botânica da Tribulus terrestris .............................................. 22 
5.3 PROPRIEDADES QUÍMICAS DA Tribulus terrestris ................................... 23 
5.4 USOS COMUNS .......................................................................................... 26 
5.5 ATIVIDADES BIOLÓGICAS ........................................................................ 27 
5.5.1 Atividade Geniturinária e no fígado ....................................................... 27 
5.5.2 Atividade Sinérgica com o sistema imune, cardiotônica, no Diabetes 
Mellitus e hipolipidêmica .................................................................................... 29 
5.5.3 Atividade antibiótica .............................................................................. 31 
5.5.4 Sinergia na absorção de fármacos e no Sistema Nervoso Central (SNC)
 32 
5.5.5 Inibidor da ciclooxigenase-2 (COX-2) e como antiespasmódico ........... 32 
5.5.6 Atividade antineoplásica e radioprotetora ............................................. 33 
5.5.7 Atividade Afrodisíaca............................................................................. 35 
5.6 TESTOSTERONA E ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS ..... 36 
5.6.1 Anatomia e fisiologia do sistema reprodutor masculino ........................ 36 
5.6.2 Síntese e Função da Testosterona ....................................................... 39 
5.6.3 Estrutura química, farmacodinâmica e farmacocinética dos Esteróides 
Anabólicos Androgênicos (EAA) ........................................................................ 41 
5.6.4 O emprego terapêutico dos Esteróides androgênicos anabolizantes. .. 43 
5.6.5 Agentes de dopagem ............................................................................ 43 
5.6.6 Reações adversas do uso de Esteróides Androgênicos Anabolizantes.
 45 
5.6.7 A Tribulus terrestris e os efeitos sobre os níveis séricos de hormônios 
androgênicos em homens .................................................................................. 46 
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 49 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 57 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 59 
 
 
 
 
 
16 
 
 
2 INTRODUÇÃO 
 
As florestas tropicais e subtropicais do planeta oferecem uma enorme 
quantidade de espécies vegetais com perfil no mínimo, interessante, do ponto de 
vista científico em relação aos seus constituintes químicos. A utilização de vegetais 
na profilaxia e cura de patologias apresenta registros há mais de 4000 anos na 
Ayurveda, na Índia; no Egito há cerca de 3300 anos a.C.; Na dinastia Ming, na China 
há 1500 anos d.C, todavia existem relatos de sua utilização pelo ―divino agricultor‖ 
Shennong, que foi imperador da China 3000 a.C; com determinadas práticas que 
vêm sendo realizadas e aprimoradas até hoje; Os princípios mais característicos da 
fitoterapia são repassados pelas diversas culturas sofrendo adaptações. Um deles é 
o conceito dos elementos: terra, ar, água e fogo que regem a metodologia de 
preparações e o outro é de que o indivíduo adoece e pode ser curado de quatro 
maneiras – pelos alimentos, pelos pensamentos, pelos movimentos e pela pele 
(MILLS et al, 2000). 
Embora nos últimos anos tenha crescido o interesse científico pelas plantas 
outra preocupação nos afeta indiretamente, a de manter a biodiversidade. É sabido 
que inúmeras florestas tiveram espécies extintas sem que nem tenham sido 
botanicamente identificadas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda as 
nações, o desenvolvimento de pesquisas visando a utilização da flora para fins 
terapêuticos. A OMS mantém um registro de cerca de vinte mil espécies de plantas 
com faculdades medicinais, distribuídas em 73 países, o Brasil possui 332 
catalogadas no acervo (PENSO, 1978). 
O uso indiscriminado de plantas sem qualquer razão científica é muito 
preocupante. De fato, Isso sempre aconteceu com a maioria das espécies vegetais, 
no entanto, hoje temos a possibilidade de realizar a identificação botânica e 
taxonômica e padronizar a forma de uso, a forma de cultivo, a posologia e controle 
de qualidade. Tendo em vista o tamanho da flora nativa, ainda há muito para ser 
explorado (ALICE, 1995). 
Como se não bastasse a escassez de fontes medicinais, as pessoas vivem 
um caos social, cada vez mais comprometidas com outras questões que acabam 
17 
 
deixando de lado os cuidados básicos com a saúde. O desfecho é o esperado. 
Situações de estresse e condições de má alimentação que desenvolvem outros 
problemas psicológicos, comos colaterais mais diversos. Um bom exemplo seria a 
disfunção erétil que tem relação direta com estresse e ansiedade. 
Apesar da baixa quantidade de pesquisa científica a respeito das espécies 
vegetais, muitas fontes de informação de fácil acesso pela população e latentes, por 
vezes motivadas por lucros, veiculam suposições a respeito das plantas e do seu 
potencial. Além das questões fisiopatológicas, as pessoas procuram nas plantas e 
seus extratos, auxílio para aperfeiçoamentos estéticos. No caso da planta estudada 
na presente revisão, a Tribulus terrestris, muitas suposições tem sido feitas a partir 
de seus efeitos sob hormônios androgênicos e que de algum modo auxiliam no 
desenvolvimento muscular. É um nome bastante comum nas academias, lojas de 
produtos naturais, blogs, sites de fisiculturismo rotineiramente acessados por atletas 
e simpatizantes. 
Essa planta tem seu crescimento prostrado com hastes de até dois metros de 
comprimento, todavia não atingem mais do que 60 centímetros de altura. Natural da 
região da Índia, China e Oriente Médio, por sua facilidade de adaptação à climas 
desérticos, mediterrânicos e subtropicais hoje é facilmente encontrada na Oceania, 
Estado Unidos da América, México e leste europeu (TREASE;EVANS, 2002). 
A Tribulus terrestris é uma planta com supostas propriedades medicinais 
utilizadas há mais de 4.000 anos por diversas culturas como a ayurveda, a unani 
árabe, a medicina tradicional chinesa e para diversos tratamentos, de forma isolada 
ou como parte de fórmulas compostas com substâncias para o mesmo fim. Na 
bibliografia consultada houve indicações do extrato das partes de Tribulus terrestris 
para tratar desordens como, infecções, inflamações, problemas hepáticos, renais e 
do trato urinário principalmente, para disfunção erétil, disfunções do trato 
respiratório, disfunções do sistema cardiovascular, do sistema nervoso, no sistema 
imune, com propriedades anticarcinogênicas, antiulcerogênicas, radioprotetoras, 
antihelmínticas, antibióticas e anticariogênicas. 
Os próximos capítulos falam sobre a metodologia para encontrar a bibliografia 
utilizada bem como das atividades biológicas dos diferentes extratos da Tribulus 
terrestris, avaliados in vitro e in vivo. No capítulo de resultados e discussão, uma 
ênfase é dada ao efeito causado pela planta nos níveis de hormônios androgênicos. 
18 
 
3 OBJETIVOS 
3.1 OBJETIVO GERAL 
Realizar um estudo de revisão sobre a composição química do Tribulus 
terrestris e suas atividades farmacológicas bem como elucidar o efeito do extrato 
nas taxas de hormônios andrógenos em homens. 
 
 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
● Contextualizar sobre a história da Tribulus terrestris; 
● Abordar as características botânicas e taxonômicas da Tribulus terrestris; 
● Identificar a composição química da Tribulus terrestris; 
● Descrever as atividades biológicas da Tribulus terrestris; 
● Analisar os estudos acerca da atividade androgênica da Tribulus terrestris 
em homens. 
 
 
19 
 
4 METODOLOGIA 
 
Conforme abordado por Trentini e Paim (1999), a revisão de literatura 
narrativa, é a análise aprofundada em determinado tema, de caráter crítico com 
coerência na argumentação em área de afinidade escolhida pelo autor. 
A revisão da bibliografia tem por fundamento explicar e discutir determinado 
tema com base teórica publicada em diversas fontes como livros base ou 
complementares, periódicos, artigos, revistas e jornais de forma que apresente 
cunho analítico. Artigos podem ser indexados para enriquecer o trabalho (MARTINS, 
2011) 
Segundo Marconi e Lakatos (2007) esse tipo de pesquisa tem a finalidade de 
inserir o pesquisador num ambiente aprofundado nas publicações sobre o assunto. 
Pelas razões expostas pelos autores citados anteriormente, pode-se afirmar que a 
pesquisa bibliográfica não é uma básica repetição do que já foi escrito, mas tem 
contribuição com conclusões sobre novo enfoque. A idéia é induzir o aluno a ter 
contato com o assunto exposto a fim de que, o mesmo possa desenvolver sua 
própria interpretação pelas noções adquiridas. 
Complementando com Silva et al (2002), a revisão narrativa não é imparcial 
pois permite a abordagem do pesquisador sobre métodos de desenvolvimento de 
outras publicações. Na elaboração do presente documento foi realizada uma revisão 
bibliográfica sobre a planta Tribulus terrestris com enfoque em sua composição 
química e nas suposições de suas atividades farmacológicas e alterações no 
metabolismo de hormônios androgênicos. 
 
 
4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS 
Foram consultadas as bases de dados: pelo recurso público gratuito 
desenvolvido e mantido pela biblioteca nacional de medicina (NLM) dos EUA - 
PUBMED foi acessado o MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrievel 
System Online), LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências 
Sociais e da Saúde) Scielo (Scientific Eletronic Library Online) além de fontes 
complementares acessada pela ferramenta gratuita Google Scholar. 
20 
 
Pelos seguintes descritores: Tribulus terrestris; Suplementação; Tribulus 
terrestris em homens; Tribulus terrestris em animais; Atividades farmacológicas da 
Tribulus terrestris. Além dos descritores para fundamentação da discussão, 
argumentação e considerações finais: esteróides androgênicos anabolizantes: 
farmacodinâmica, farmacocinética, efeitos colaterais, agentes de dopagem, 
testosterona e derivados. 
Foram acessadas outras fontes de informação como sites oficiais e 
governamentais e de organizações não governamentais, com algumas 
complementações de sites de caráter informativo como web jornais. 
 
 
4.2 POPULAÇÃO, AMOSTRA E ANÁLISE DE RESULTADOS 
Composta pela literatura relacionada com o tema e a partir bases de dados e 
dos critérios descritos no item 4.1 foram selecionados 167 artigos. A análise foi 
realizada com uma leitura breve e superficial seguida de outra mais analítica em 
fontes mais relacionadas com o tema de interesse. Foram incluídas publicações de 
diversos períodos nos idiomas: inglês, espanhol e português. 
 
4.3 ASPECTOS ÉTICOS 
Em se tratando de uma revisão de literatura narrativa, o comprometimento 
ético esta em não ferir valores sociais e em prestar informações a respeito das 
referências utilizadas. Neste trabalho toda referência utilizada esta como indica a 
norma brasileira regulamentadora (NBR 6023) de 2002, da Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT). Todas as informações tiveram apenas caráter científico. 
 
 
21 
 
5 REVISÃO DA LITERATURA 
5.1 ETIMOLOGIA, SINÔNIMOS E ASPECTOS GEOGRÁFICOS FAVORÁVEIS 
À Tribulus terrestris (TT) 
TT em sânscrito (conjunto de línguas indo-árico) é comumente conhecido 
como Gokshur; Em Hindi é chamado de Gokharu; Bethagokharu ou Nanagokharu 
(Gujarathi); Nerinjil (Tamil); e Khar-e-khusak Khurd (Urdu); Na China são chamados 
de ―chih-hsing‖ ou Bai Ji Li (Medicina Tradicional Chinesa - MTC) e ―goat‘s head‖ nos 
EUA. O fruto espinhoso parece com o casco fendido de uma vaca e, é conhecido na 
Índia como ―go-khura‖ que quer dizer, caltrops (abrolhos). Videira da punctura, ―land 
caltrops‖ ou ―small caltrops‖ são denominações em Inglês para Abrolhos (abre-
olhos), nomenclaturas designadas a partir da forma do fruto que lembra as máquinas 
de guerra utilizadas para obstruir as cavalarias inimigas. Além desses, são 
sinônimos conhecidos: cat‘s head, devil‘s thorn, puncture vine, bindii, bullhead, 
devil‘s eyelashes e tackweed. 
Seu uso surgiu na medicina ayurveda e sua popularidade aumentou no leste 
europeu na década de 70, após a publicação de estudos avaliando a utilização da 
erva por atletas de levantamento olímpico daBulgária, e cresceu ainda mais a partir 
de resultados obtidos com animais e humanos em estudos posteriores. A TT é uma 
planta nativa de lugares arenosos da europa como Bulgária e Espanha. É altamente 
conhecida e utilizada em Barbados, Senegal, Ilhas Maurício e Bahrein. Em terras 
aráveis, é um tanto problemática para o gado, pelo fruto ser espinhoso e rasteiro 
(DON, 1834). 
É um arbusto comum durante o ano todo em regiões com climas desértico, 
mediterrânico e subtropical em todo o mundo, principalmente Índia, China e México. 
Pode ser encontrada em toda a Índia distribuída ao longo de um amplo perímetro 
geográfico, até 11.000 pés (3352,8 metros de altitude) em Kashmir, Ceilão, incluindo 
Oeste, em Rajastão e Gujarat e todas as regiões de clima favorável de ambos os 
hemisférios (NADKARNI, 1927; PUBLICATIONS..., 1972). No sudeste dos EUA, a 
planta é comum nas pastagens da beira da estrada e outras regiões quentes, secas 
e arenosas (KOKATE; PUROHIT; GOKHALE, 2007). 
 
 
22 
 
5.2 CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS E TAXONÔMICAS DA Tribulus terrestris. 
5.2.1 Classificação Taxonômica 
 
Reino: Plantae 
Divisão: Fanerógama 
Subdivisão: Angiosperma 
Classe: Dicotiledônea 
Subclasse: Polypetalae 
Série: Disciflorae 
Ordem: Giraniales 
Família: Zygophyllaceae 
Gênero: Tribulus 
Espécie: Linn terrestris 
 
 O gênero Tribulus, pertence a família Zygophyllaceae, compreende quase 
vinte espécies no mundo, das quais três espécies são mais conhecidas, Tribulus 
cistoides, Tribulus terrestris e Tribulus alatus (TREASE; EVANS, 2002). A T.terrestris 
(TT) é uma erva muito utilizada por herbalistas modernos assim como pelos adeptos 
da Ayurveda, nome dado ao conhecimento médico desenvolvido na Índia ao longo 
de cerca de sete mil anos. A planta é utilizada individualmente como um único 
agente terapêutico, como componente principal ou subordinado de muitas 
formulações de compostos e suplementos alimentares, dentre suas indicações é 
popularmente utilizado na disfunção erétil e problemas associados ao trato 
geniturinário (DUKE; DUKE; CELLIER, 2002). 
 
 
5.2.2 Descrição Botânica da Tribulus terrestris 
 
 Enquanto adulto, o arbusto tem um desenvolvimento prostrado com hastes 
até dois metros de comprimento. As folhas são opostas, cada uma consistindo de 
quatro à oito pares de folhetos em forma de lança. Há longos pêlos nas margens da 
23 
 
folha e menores na superfície. As hastes são redondas e peludas e as flores são 
amarelas. 
Suas sementes são fechadas, produzidas por angiospermas, seus óvulos são 
delimitados por uma estrutura dentro da flor, o ovário, que a medida que a semente 
cresce, se alarga formando uma fruta para garantir alguma proteção ao 
desenvolvimento da semente. Possui estrutura em forma de estrela lenhosa, com 
cinco a sete milímetros de comprimento e cinco a seis de largura (carpelo). Até cinco 
sementes são abrigadas em cada carpelo. Cada semente mede de um milímetro e 
meio a três de comprimento e possui cor amarelada. Cada planta tem no mínimo 
2000 sementes. 
 As plântulas ou mudas são cotiledôneas estreitas e ovais, o vértice é redondo 
e sem pêlos. Plantas imaturas têm folhas divididas em pares de folíolos ovais, 
peludos e com ápices pontiagudos. As flores têm cinco pétalas e medem de oito a 
quinze milímetros de diâmetro. 
O fruto tem cerca de 1 cm de diâmetro, com espinhos afiados de seis 
milímetros de comprimento. Tem rebarbas que consistem em cinco segmentos em 
forma de cunha. Cada segmento tem 2 pares desiguais de espinhos. São amarelos 
levemente esverdeados, globosos com cinco glóbulos, quase glabros, muriculados, 
em forma de cunha, cada um com dois pares de espinhos afiados e rígidos, um par 
maior do que o outro. Os espinhos quase se encontram em pares juntos formando 
estrutura pentagonal em torno da fruta. Superfície externa do esquizocarpo é 
áspera. Odor dos frutos é suave e o sabor é ligeiramente picante (DUKE; DUKE; 
CELLIER, 2002). 
 
5.3 PROPRIEDADES QUÍMICAS DA Tribulus terrestris 
Usman et al (2007) em estudos fitoquímicos preliminares, através do extrato 
metanólico das folhas de TT crescidas obtidas de amostras da Nigéria, conseguiram 
demonstrar a presença de saponinas, flavonóides, glicosídeos cardiotônicos, 
alcalóides e taninos. 
A etiologia das saponinas vêm do latim sapo = sabão. Constituem um amplo 
grupo de glicosídeos de esteróides ou de terpenos policíclicos, definido por um 
caráter tensoativo apresentando ações emulsificantes e detergentes. Tem a 
24 
 
capacidade de desestabilizar membranas e de reduzir a tensão superficial da água 
(WALLER; YAMASAKI, 2013). 
 Hernández et al (2005) descobriram as saponinas podem apresentar 
propriedades tóxicas para moluscos por possuir atividade inibidora da biogênese 
dessa espécie. Quando em contato com solução aquosa, ocorre a dispersão do gás 
em líquido, formando uma espuma persistente e abundante. Expressam elevada 
solubilidade, complexam com esteróides e têm grande interesse farmacêutico como 
matérias-primas para hemi-sínteses ou como coadjuvantes em formulações. 
Quimicamente podem ser classificadas pela genina (sapogenina) em esteroidais ou 
triterpênicas (QUIÑONES, 2007). Classificações menos utilizadas pelos autores 
ainda referem quanto ao caráter ácido, básico e neutro ou pela glicona; em 
monodesmosídicas ou bidesmosídicas. 
 Saponinas esteroidais possuem esqueleto com 27 carbonos organizadas em 
um sistema tetracíclico. Mais difíceis de se encontrar na natureza que as 
triterpênicas e apresentam diversas variações estruturais, entre elas a furostano e 
espirostano (KINTIA et al, 1987). Saponinas triterpênicas possuem esqueleto com 
30 carbonos, organizados num sistema pentacíclico divididas em três grupos 
principais: alfa-amirina, beta-amirina e lupeol (QUIÑONES, 2007). 
Benavides et al (2011) realizaram um estudo para saber se a quantidade de 
saponinas era maior no suco fresco ou fermentado do fruto de Furcraea gigantea. O 
suco da planta que foi separado, ficou fermentando durante, 2, 4 e 6 dias a 33ºC. 
Por hidrólise ácida se obteve o extrato de saponinas cuja presença era maior na 
solução fermentada, determinando esse processo como preferencial para maior 
obtenção de saponinas. 
De acordo com a literatura, a composição de saponinas bem como suas 
quantidades variam de acordo com a região geográfica da TT (KOSTOVA et al, 
2005). Estudos prévios dos mesmos autores sobre as atividades químicas e 
biológicas das saponinas da TT, revelaram que as saponinas do tipo furostanol e 
pirostanol são frequentemente encontradas distribuídas pelas várias partes da 
planta. Foram encontrados derivados de tigogeninas, neotigogeninas, gitogeninas, 
neogitogeninas, hecogeninas, neohecogeninas, disogeninas, clorogeninas, 
ruscogeninas e sarsasapogeninas nesta planta. Além disso, quatro saponinas 
sulfatadas do tipo tigogenina e diosgenina também foram isoladas. A maioria 
presente nas amostras da planta utilizada, são do tipo glicosídeo furostanol incluindo 
25 
 
protodioscina e protogracilina, dentre as quais a protosdioscina é a saponina 
dominante. Do tipo glicosídeo espirostanol estão em menor quantidade na TT. Em 
2010, Xu et al isolaram dois novos glicosídeos furostanol nomeados tribufurosideos 
I(1) e J (2) a partir dos frutos de TT por uma combinação de químicos e método de 
espectrometria. 
Também presentes, os flavonóides compõe uma ampla classe de substâncias 
que possuem propriedades farmacológicas sobre diversos sistemas biológicos. Já 
existem mais de quatro mil substâncias de origem natural pertencentes ao grupo. 
Todavia, sua síntese não ocorre na espécie humana (PETERSON; DWIER, 1998).Ratty e Das (1998) contribuem lembrando que algumas propriedades já haviam sido 
anunciadas por Szent-Gyorgi em 1936 como os efeitos antioxidantes, 
antiinflamatórios, anti-histamínicos, antitumoral, hepato-protetores, 
antiulcerogênicos, antiplaquetários, antimicrobianos e antivirais que também foram 
relatados por Lin et al (1997), com declarações importantes acerca da inibição de 
replicação de agentes etiológicos da Imunodeficiência Humana (HIV). Suas 
atividades farmacológicas ainda incluem, inibir vários estágios relacionados com a 
fisiopatologia da aterosclerose, como a adesão, agregação e secreção de plaquetas 
e a ativação de leucócitos (HLADOVEC, 1986), efeitos hipolipidêmicos (LIN et al, 
1986) e por apresentar sinergia com receptores celulares de lipoproteínas de baixa 
densidade, cuja sigla (LDL) refere à nomenclatura em inglês low density lipoprotein 
(KIRK et al, 1998). 
Na Figura 1, pode se observar as principais classes de flavonóides com 
descrições básicas. 
 
Figura 1: Tabela das principais classes de flavonóides citadas na literatura. 
 
Fonte: Adaptado de Peterson e Dwyer, 1998 
26 
 
Wu et al (1999) relataram que a quantidade de flavonóides é em média 1,5 
vezes maior que a quantidade de saponinas. Isso indica que os flavonóides da TT 
poderiam ser estudados, desenvolvidos e posteriormente utilizados. Bhutani et al 
(1969) isolaram o kaempferol, kaempfero-3-glucosídeo, kaempfero-3-rutinosídeo, e 
tribulosideos [kaempferol-3-beta-d- (6‖ - p - coumaroyl) glucosídeo] das folhas, bem 
como das frutas. Louveaux et al (1998) detectaram 18 flavonóides (derivados de 
caffeoyl, glicosídeo quercetina incluindo rutina e glicosídeo kaempferol) usando 
cromatografia líquida de alta performance (HPLC) no extrato de folhas de quatro 
espécies de Tribulus. 
Alavia et al (2008) isolaram três glicosídeos flavonóides, quercetina 3-O- 
glycosídeo, quercetina 3-O- rutinosídeo e kaempferol 3-O- glicosídeo das partes 
aéreas de uma variação oriental de TT do nordeste do Irã. 
Raj e Venkataraman (2008) a partir do extrato etílico e clorofórmico, 
identificaram flavonóides em extratos de frutas frescas de TT da região da Índia 
usando acetato de etila: sistema de solvente benzeno (1:9). Consequentemente, a 
presença de tais constituintes fitoquímicos pode ser usada como uma ferramenta de 
identificação das espécies e no estudo de contaminação/adulteração de produtos 
obtidos a partir destes substratos, já que os resultados demonstraram diferenças de 
componentes conforme disposição geográfica da planta (MITRA et al, 2012). 
Os alcalóides presentes são harmano e norharmano. O alcalóide beta-
carboline, tribulusterino, esta presente em menor quantidade nos frutos (BREMNER 
et al, 2003). A cromatografia líquida de alta performance (HPLC), do extrato da 
planta de TT revelou a presença de um triterpeno pentacíclico relativamente atóxico 
com atividade antiinflamatória e citoprotetora, denominado alfa-amirina como o 
maior constituinte. Além desse, existem sete constituintes em menor quantidade, 
incluindo ácidos esteróis como beta-sitosterol e estigmasteróis também foram 
encontrados (ABIRAMI; RAJENDRAN, 2004). 
 
 
5.4 USOS COMUNS 
TT é utilizado pela medicina popular como tônico, afrodisíaco, calmante 
paliativo, anti-hipertensivo, diurético, litotríptico, antisséptico. A secagem da fruta e 
27 
 
das partes aéreas são indicadas para o tratamento nas doenças do trato 
geniturinário. É um constituinte vital do Gokshuradi Guggul, uma técnica de uso da 
medicina Ayurvedica, para dar suporte ao bom funcionamento do trato geniturinário 
e para remoção de pedras do trato urinário. A TT tem sido usada por séculos pela 
medicina ayurvédica para tratar impotência, doenças venéreas e debilidade sexual. 
Na Bulgária, a planta é usada na medicina popular para tratar impotência. Além 
dessas aplicações a farmacopéia ayurvédica atribui propriedades cardiotônicas às 
partes aéreas e ao fruto. 
Na medicina tradicional chinesa, as frutas foram utilizadas para complicações 
oculares, edema, distensão abdominal, aumento na contagem de esperma, 
leucorréia mórbida e disfunção sexual. Na medicina unani, TT é usada como 
diurético, laxativo leve e tônico geral. TT é descrito como uma droga de alto valor na 
Farmacopéia de Shen-Nong que possui dados de 3000 a.C (Shen-Nong é conhecido 
como divino agricultor ou imperador vermelho, foi um dos três soberanos, 
governantes heróis da China, na história também conhecidos como Três Augustos, 
supostamente responsável pelas bases da agricultura e da fitoterapia chinesa) na 
restauração de funções hepáticas, no tratamento de plenitude torácica (sintoma de 
―respiração curta‖ relacionado a doenças obstrutivas pulmonares), mastite, 
flatulências, conjuntivite aguda, dor de cabeça e vitiligo (WU et al, 1999). 
 
 
5.5 ATIVIDADES BIOLÓGICAS 
5.5.1 Atividade Geniturinária e no fígado 
 
As propriedades diuréticas da TT são devido a sua grande quantidade de 
nitratos e óleos essenciais presentes nas frutas e nas sementes. Pode também ser 
atribuída à alta concentração de sais de potássio. Testes a partir do extrato aquoso 
obtido das folhas e dos frutos, com o objetivo de observar a ação dos componentes 
da TT na diurese foram realizados em ratos como modelos diuréticos. Para o teste 
de contratilidade da musculatura lisa, utilizaram tiras isoladas do íleo de porcos 
Guinea (Cavia porcellus). O extrato aquoso em dose oral de 5g/kg, encontrou 
diurese positiva, que foi levemente maior que a atividade da furosemida. 
28 
 
Concentrações de sódio e cloro foram aumentadas na urina. A tonicidade 
aumentada nos músculos lisos, produzida pelo extrato de TT, em conjunto com o 
aumento da atividade diurética, facilitou a expulsão de pedras através do trato 
urinário (AL-ALI et al, 2003). 
Outras avaliações dos diferentes extratos etanólicos de quatro frutos de 
espécies do gênero Tribulus utilizadas na prática Ayurveda foram realizados para 
observar a atividade diurética em ratos. Os experimentos mostraram atividade 
diurética semelhante ao padrão furosemida com adicional da vantagem de 
―poupador de potássio‖ (SAURABH et al, 2012). A ação diurética da TT faz dele um 
útil agente hipertensivo. 
Um extrato etanólico das frutas de TT foi testado em urolitíase induzida por 
pérolas de vidro em ratos albinos. O estrato exibiu proteção significativa dose 
dependente contra a deposição de material calculogênico em torno do cordão de 
vidro, também com efeitos positivos na leucocitose, e na elevação dos níveis de 
ureia sérica. O fracionamento subsequente do extrato de etanol, levou à diminuição 
da atividade (ANAND et al, 1994). Vários outros parâmetros bioquímicos na urina, 
soro, e a histopatologia da bexiga urinária, foram restaurados de forma dose 
dependente. 
Uma nova proteína antilítica, com potencial citoprotetor e de peso molecular ~ 
60 kDa foi purificada a partir da planta TT (AGGARWAL et al, 1994). Os mesmos 
autores testaram a atividade de TT sobre a nucleação e crescimento de cristais de 
oxalato de cálcio (CaOx), assim como a lesão celular induzida por oxalato nas 
células sintéticas NRK 52E idênticas as células do epitélio renal. Os experimentos 
revelaram que o extrato de TT não só tem potencial para inibir a nucleação e o 
crescimento desses cristais, mas também tem um papel citoprotector. Num outro 
estudo em ratos, foi encontrado o potencial da TT para inibir a formação de pedra 
nos várias vias de urolitíase usando glicolato de sódio e etileno-glicol (SANGEETA et 
al, 1994). A Glicolato oxidase (GOX) é uma das principais enzimas envolvidas na via 
de síntese de oxalato convertendo glicolato para glioxilato por oxidação e,finalmente, para oxalato. A atividade antiurolítica de TT é atribuída à sua inibição da 
GOX. A quercetina e kaempferol, os componentes ativos de TT, foram descobertos 
como sendo inibidores competitivos e não-competitivos de GOX, respectivamente 
(SHIRFULE et al, 1994). 
29 
 
 O extrato de TT (250mg/kg) mostrou notável atividade hepatoprotetora contra 
hepatotoxicidade induzida por acetaminofeno em peixes Oreochromis mossambicus. 
Os elevados parâmetros bioquímicos e a diminuição das enzimas glutationa 
redutase foram normalizados pelo tratamento com o extrato (KHAVITA et al, 2011) 
 
 
5.5.2 Atividade Sinérgica com o sistema imune, cardiotônica, no Diabetes Mellitus 
e hipolipidêmica 
 
 Um estudo com objetivo de avaliar as propriedades imunomodulatórias de 
cinco tipos de plantas medicinais usadas comumente pelo sistema de medicina 
Indiano Ayurveda, isolou saponinas dos frutos de TT. A pesquisa utilizou o extrato 
composto das plantas Tribulus terrestris, Cassia tora, Achyranthes aspera, Mucuna 
pruriens e Abrus precatorius, administrado via acesso intraperitonenal, em ratos 
Winstar durante sete dias subsequentes. As atividades foram investigadas por 
carbon clearence test e teste de hipersensibilidade tipo titre and delayed. Todas as 
plantas foram consideradas imunomodulatórias, todavia a TT demonstrou o aumento 
da fagocitose, indicando estimulação não específica da resposta imune. Os autores 
concluíram que todas as plantas tinham atividades imunomodulatórias, a TT também 
demonstrou maior potencial no aumento da resposta imune específica (TILWARI et 
al, 2013). 
O estudo de Zhang et al (2010), demonstrou efeito significante com TT no 
tratamento de várias doenças cardíacas incluindo doença coronária, infarto agudo 
do miocárdio (IAM), aterosclerose cerebral e no combate à sequelas de trombose 
cerebral. Ele avaliou o efeito protetivo da tribulosina da TT contra lesão de 
isquemia/reperfusão em ratos. As cobaias tiveram infarto induzido por 
malondialdeído (MDA), aspartato aminotransferase (AST) e lactato desidrogenase 
(LDH) além de avaliar o comportamento da enzima superóxido dismutase (SOD) e 
da creatina quinase (CK). 
A tribulosina reduziu apoptose cardiomiócita, através da ativação epsilon da 
proteina C reativa (ZHANG et al, 2010). O resultado do tratamento com a tribulosina 
foi mais significante em lesões por MDA, AST, reduziu a atividade de CK, a atividade 
LDH e aumentou a atividade da SOD. Frações brutas de saponinas desta planta 
30 
 
mostraram efeito no tratamento de várias doenças cardíacas incluindo hipertensão, 
doença coronária cardíaca, infarto do miocárdio, aterosclerose e trombose cerebral 
(PHILLIPS et al, 2006). O extrato aquoso das frutas de TT mostraram inibição 
significativa da acetilcolinesterase in vitro. Outro estudo de Zhang et al (2010b), em 
comparação com a adriamicina, demonstrou que o extrato metanólico e aquoso de 
TT exerce significante atividade anti-hipertensiva por relaxamento arterial da 
musculatura lisa e hiperpolarização de membrana em ratos hipertensos. TT também 
parece proteger as células do coração e pode até melhorar a função cardíaca após 
um ataque cardíaco. 
Saponinas da TT possuem atividades hipoglicêmicas (LI et al, 2002). TT 
reduziu significativamente a glicose sérica, colesterol sérico e triglicerídeos séricos, 
enquanto potencializou a atividade da superóxido dismutase (SOD) em ratos com 
diabetes induzido por Alloxan. A decocção de TT demonstrou diminuição da 
gliconeogênese em ratos (LI et al, 2001; AMIN et al, 2006). O extrato etanólico de TT 
a 2g/kg de peso produziu efeito inibidor de estresse oxidativo em ratos com diabetes 
induzido por estreptozocin. O extrato etanólico de TT exibiu 70% de inibição de alfa-
glucosidase a 500mcg/ml usando maltose como substrato e 100% de inibição de 
aldose redutase na dose de 30mcg/ml usando dl-gliceraldeído como substrato 
(LAMBA et al, 2011). 
Uma significante diminuição da glicose pós-prandial em ratos foi encontrada 
após administração de saponinas de TT. O efeito foi produzir vasodilatação na 
artéria coronariana sendo utilizada na medicina ayurvédica para tratamento de 
angina de peito e outras complicações cardíacas causadas pelo diabetes. Assim, a 
TT pode ser benéfica no tratamento do diabetes através da redução da glicose 
sanguínea, níveis de lipídios e pelo seu mecanismo antioxidante. 
O extrato aquoso de TT foi avaliado pela sua atividade hipolipidêmica em 
ratos albinos winstar. Uma dose do extrato de 580mg/kg de peso encontrou 
diminuição do colesterol-indutor de hiperlipidemia, com diminuição no colesterol 
total, triglicérides, LDL, VLDL e Índice aterogênico, e aumentou os niveis de HDL no 
sangue. A atividade hipolipidêmica pode ser devido aos componentes fenólicos 
promovendo um aumento das lipases lipoproteicas no tecido muscular e diminuindo 
a atividade do tecido adiposo, indicando assim utilização dos triglicérides 
sanguíneos como energia e não como estoque no tecido adiposo (KHAN et al, 
2011). O efeito pleiotrópico de TT, ficou evidenciado em uma pesquisa na Nova 
31 
 
Zelândia que avaliou o perfil lipídico e do endotélio da aorta abdominal durante o 
tratamento, que consistiu na administração do extrato a 5mg/kg por dia durante 8 
semanas em coelhos com dieta rica em colesterol. Foi encontrado que a ingestão 
dietética diminuiu o perfil lipídico sérico, diminuiu os danos endoteliais da superfície 
celular, bem como rupturas e reparou parcialmente a disfunção endotelial resultante 
da hiperlipidemia (TUNCER et al, 2009). 
O efeito preventivo e terapêutico das saponinas de TT foi estudado em ratos 
sob uma dieta hiperlipidêmica. Ficou evidenciada a diminuição do colesterol total e 
do LDL. Também reduziu o colesterol total (TC) sérico e hepático e triglicerídeos 
(TGL) hepáticos e aumentou a atividade da SOD. O efeito terapêutico esta 
demonstrado pela diminuição do TC sérico (CHU et al, 2003). 
 
 
5.5.3 Atividade antibiótica 
 
 Todas as partes (frutas, caules, folhas e raízes) de amostras de TT turcas e 
iranianas mostraram atividade antibacteriana contra Enterococcus faecalis, 
Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa, em contraste 
com as partes aéreas de TT iemenita que não tinha nenhuma atividade 
antibacteriana detectável contra estas bactérias. Em contrapartida, nas amostras de 
TT da Índia, somente os frutos e folhas estavam ativos exclusivamente contra E. coli 
e S. aureus. 
Estes resultados diferentes relacionados à atividade antibacteriana da TT, são 
devido à utilização de diferentes fontes geográficas da planta, os tipos de linhagem, 
e os métodos de ensaio. O extrato metanólico dos frutos de TT demonstrou ser mais 
ativo contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, enquanto que uma atividade 
moderada foi observada no seu extrato de éter e de clorofórmio (AL-BAYATI & AL-
MOLA, 2008; MOHAMMED 2008). 
 O extrato metanólico de TT também demonstrou ser mais eficaz do que o éter 
de petróleo, clorofórmio, e os extratos de água para a atividade anti-helmíntica in 
vitro sobre o nematodo Caenorhabditis elegans (KIRAN et al, 2011; DEEPAK et al, 
2002). 
32 
 
O extrato de éter de petróleo das folhas de TT exibiu melhor atividade 
larvicida contra larvas e mosquitos Aedes aegypti, que é o vetor da febre amarela e 
da dengue (EL-SHEIKH et al, 2012; SINGH et al, 2008). 
O extrato etanólico dos frutos de TT (0,1-0,5 mg / ml) possui atividade 
significativa contra Streptococcus mutans, o patógeno responsável pela cárie dental. 
Tal atividade anticariogênica foi encontrada quando Oh et al (2001), observaram que 
o crescimento, produção de ácido, adesão e a síntesede glucano insolúvel em água 
de S. mutans foram significativamente inibidas na presença de extrato de etanol de 
TT, porém os autores sugerem que mais estudos são necessários para elucidar os 
constituintes ativos de TT responsáveis por tais atividades. 
 
 
5.5.4 Sinergia na absorção de fármacos e no Sistema Nervoso Central (SNC) 
 
Conforme cita o autor, a presença das propriedades tensoativas de saponinas 
no extrato etanólico de TT causou o aumento da absorção do cloridrato de 
metformina, uma droga classificada como nível III pelo sistema de classificação 
biofarmacêutica (BCS), no método do saco intestinal invertido, (técnica usada para 
estudar o transporte de açúcares e aminoácidos) que nesse estudo, foi desenvolvido 
usando o segmento do epitélio do intestino de uma cabra (AYYANNA et al, 2012). 
Um estudo com ratos suíços albinos, demonstrou atividade ansiolítica e 
antidepressiva mediante administração de 260mg/kg de um tablete composto em 
quantidade iguais, de três plantas consideradas potentes estabilizadores e 
rejuvenecedores: Rasayana Ghana (formulação ayurvedica), às plantas: Tinospora 
cordifolia (galhos), Emblica officinalis (fruto), e TT (fruto e partes aéreas). Sugere-se 
que a harmina, um dos principais constituintes de TT (alcalóide β-carboline), seja 
responsável pelas atividades citadas. Harmina é um inibidor da monoamina oxidase 
(MAO) que ajuda a aumentar os níveis de dopamina cerebral (DEOLE et al, 2011). 
 
 
5.5.5 Inibidor da ciclooxigenase-2 (COX-2) e como antiespasmódico 
 
33 
 
O extrato etanólico de TT inibiu a expressão de ciclooxigenase-2 (cox-2) e 
induziu a oxido nítrico sintase (iNOS) em células sintéticas de lipopolissacarídeos 
(RAW264.7). Este também suprimiu a expressão de citoquinas pro inflamatorias 
como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e interleucina (IL)-4 em células da 
linhagem dos macrófagos. Assim, o extrato etanólico de TT inibiu a expressão de 
mediadores relacionados com a inflamação e expressão de citocinas, que tem um 
efeito benéfico em várias condições inflamatórias (OH et al, 2012). O extrato 
metanólico de TT mostrou supressão de TNF-alfa e IL-4, dose-dependente, em um 
processo inflamatório induzido por solução com carrageno na pata de ratos Winstar 
(BABURAO et al, 2009). 
 Atividades analgésicas do TT foram estudados em ratos machos utilizando o 
teste com formalina em esfregaços obtidos do sangue capilar da ponta da cauda. O 
estudo utilizou uma dose de 100mg/kg produzindo efeito analgésico, mediado 
central ou perifericamente, seu efeito foi menor que o da morfina mas superior ao do 
ácido acetil salicílico (AAS) em ambos os testes. O pré-tratamento de animais com 
antagonista de receptor opióide, naxolona, não alterou o efeito analgésico do extrato 
em ambos os testes. Por esse motivo o envolvimento de receptores opióides no 
efeito analgésico de TT é nulo. Porém, outros mecanismos responsáveis pela 
atividade analgésica de TT necessitam ser pesquisados. Os resultados dos estudos 
sobre ulcerogênicidade indicam que a ulcerogênse gástrica de TT é menor 
comparada a gerada pelo extrato de Indometacina no estômago de mamíferos 
(HEIDARI et al, 2007). 
Uma mistura de saponinas liofilizadas da planta exibiu uma diminuição 
significativa do peristaltismo no jejuno de coelhos, de uma maneira dose-
dependente. O resultado mostrou que a mistura das saponinas podem ser úteis para 
cólicas que produzem espasmos musculares na musculatura lisa (ARCASOY et al, 
1998). 
5.5.6 Atividade antineoplásica e radioprotetora 
 
O extrato aquoso de TT seria benéfico no tratamento de hepatocarcinoma: 
Sua atuação inibiu um complexo protéico que desempenha funções na transcrição, o 
NF-kappaB (fator nuclear kappa B), consequentemente regulou proliferação celular e 
34 
 
capacidade de migração celular, enquanto aumentou a apoptose celular (KIM et al, 
2011). 
Neychev et al (2007) pesquisaram a influência das saponinas isoladas das 
partes aéreas de TT, quanto à sua atividade citostática, citotóxica em fibroblastos de 
humanos. A proliferação e a síntese de DNA foram medidas usando o método de 
incorporação de [3H]-timidina, espectrofotometria (MTT) e um ensaio 
imunoenzimático (immunoblotting). Na análise as saponinas demonstraram, através 
de um mecanismo de ação que envolve a ativação de poliaminas, regulação da 
informação da transcrição genética reestabelecendo a homeostase. Ao regular a 
transcrição, a célula bloqueia a ação neoplásica através da supressão da 
proliferação celular e a indução de apoptose. De acordo com os resultados obtidos o 
tratamento com TT é menos tóxico para os fibroblastos da pele humana do que 
outras linhas sendo pesquisadas nessa área científica (NEYCHEV et al, 2007). 
 Kumar et al (2005) avaliaram o potencial quimiopreventivo de TT (extrato 
aquoso de frutos e partes aéreas) na papilomagênese induzida por Dimetilbenz (a) 
Antraceno (DMBA) em ratos suícos albinos (Rodentia muridae). O grupo controle foi 
tratado com óleo de cróton e DMBA (carcinogênicos). Ao final do tratamento foi 
encontrada uma redução significante do crescimento do tumor, da carga tumoral e 
do número cumulativo de papilomas. Ao mesmo tempo que, um aumento do período 
de latência médio ocorreu (mais tempo em estágios iniciais). O tratamento que durou 
sete dias, resultou num aumento significativo de glutationa reduzida no fígado e, em 
contrapartida, diminuição significativa da peroxidação lipídica. Em ambos os extratos 
da planta, os resultados foram semelhantes bem como esses achados tem 
significância estatística muito alta com índice P>0,001 (MIDDLETON, 1960) para os 
dois desfechos. 
Ainda com os mesmos autores em 2009, vale citar o efeito radiomodulador 
observado mediante radiação induzida in vivo em ratos Winstar. A administração 
oral de 800mg/kg antes da irradiação que afetou todo o corpo das cobaias, 
demonstrou proteção significativa em relação aos parâmetros analisados: 
hematológicos, bioquímicos e citogenéticos. No grupo controle que não foi tratado 
com TT, autópsias realizadas 6 e 24horas após a radiação apresentaram declínio 
em glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, hemoglobina e hematócrito. A diminuição 
da glutationa hepática reduzida e o aumento da peroxidação lipídica também 
também também foram relevantes. Uma significante diminuição nas aberrações 
35 
 
cromossomiais e micronucleares foram observados no grupo tratado com TT. Os 
resultados desse estudo sugerem que o extrato das partes aéreas de TT protegeu 
células tronco-hematopoiéticas (KUMAR et al, 2009). 
 
 
5.5.7 Atividade Afrodisíaca 
 
 Adaikan et al (2000), descobriram que o extrato de TT exibiu efeito pro erétil 
na musculatura lisa dos corpos cavernosos de coelhos ex vivo depois de um 
tratamento oral de 2,5, 5 e 10mg/kg de peso durante 8 semanas. Um relaxamento 
dos corpos cavernosos de 24% foi observado com nitroglicerina no tecido. 
Similarmente, um relaxamento de 10% foi observado com ambos, acetilcolina e 
estimulação elétrica de campo, respectivamente seguido do tratamento com o 
extrato de TT. O efeito relaxante reforçado que pode ser observado é devido ao 
aumento na liberação de óxido nítrico do endotélio e terminações nervosas 
nitrérgicas, que podem ser responsáveis pelo efeito afrodisíaco da planta. Singh et al 
(2012), avaliaram a administração de uma dose crônica e outra aguda do extrato 
seco liofilizado aquoso dos frutos de TT em doses de 50 e 100 mg / kg de peso 
corporal como um estimulante sexual na gestão da disfunção sexual em ratos do 
sexo masculino. Pode ser obervado um aumento significativo nos níveis de 
testosterona no soro. Estes resultados confirmam a utilizaçãotradicional de TT como 
potencializador da libído no tratamento da disfunção sexual em machos. 
O extrato etanólico de TT apresentou efeito protetor contra danos testiculares 
induzidos por cádmio. Os autores do estudo concluíram que o efeito protetor parece 
ser mediado diretamente, quer através da inibição da peroxidação de tecido 
testicular por atividade antioxidante e quelante de metal ou por estimulação da 
produção de testosterona a partir das células de Leydig (RAJENDAR et al, 2011). O 
tratamento com extrato de TT (100-300 mg / l) demonstrou eficácia no aumento da 
proporção de machos na população de uma colônia de peixes. Kavitha et al, (2012) 
provocou a androgenização de peixes da espécie Poecilia latipinna. Após 
administrar durante dois meses, concentrações diversas do extrato de TT numa 
colônia, obteve aumento da população de machos. O teste histológico revelou 
aumento da espermatogênese. Os dois componentes principais das saponinas 
36 
 
presentes na TT foram os responsáveis pela atividade biológica afrodisíaca 
(ADAINKAN et al, 2001). Sugere-se que a protodioscina trabalha aumentando a 
conversão de testosterona (T) ou 11-cetotestosterona (11- KT; principal andrógeno 
dos peixes em níveis plasmáticos e de ativação de receptores) em 
diidrotestosterona, que estimula não somente o aumento do desejo sexual mas 
também a produção das células vermelhas da medula óssea, estimulando o 
desenvolvimento muscular, aumentando a circulação sanguínea e sistema de 
oxigenação celular, melhorando os estágios da espermatogênese. 
 
 
5.6 TESTOSTERONA E ESTERÓIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS 
5.6.1 Anatomia e fisiologia do sistema reprodutor masculino 
 
 O sistema reprodutor masculino é composto por: 
● Testículos - gônadas masculinas; 
● Vias espermáticas: epidídimo, canal deferente, uretra; 
● Pênis; 
● Escroto - saco escrotal; 
● Glândulas anexas: próstata, vesículas seminais, glândulas bulbouretrais. 
 
Testículos são as gônadas masculinas. Os ductos seminíferos compõe cada 
testículo em um emaranhado de tubos. Esses são originados a partir das células de 
Sertoli em conjunto com o epitélio germinativo, acarretando na formação dos 
espermatozóides (SMOK SOTO, 2009). As células intersticiais (também conhecidas 
como células de Leydig) produzem os hormônios sexuais masculinos. Estão 
localizadas em meio aos túbulos seminíferos e são responsáveis sobretudo pela 
produção de testosterona, que por sua vez, é responsável pelo desenvolvimento 
testicular e das características masculinas secundárias (FATTINI et al, 1998). 
Dentre essas características estão a estimulação dos folículos pilosos para 
crescimento da barba masculina e dos pelos pubianos. Estimulação do crescimento 
das glândulas sebáceas e a elaboração do sebo. O aumento de massa muscular 
nas crianças durante a puberdade, pela hipertrofia das fibras musculares. Ampliação 
37 
 
da laringe que torna a voz mais grave e também fazem com que o desenvolvimento 
da massa óssea seja maior, diminuindo a incidência de osteoporose (HAYASHI et al, 
1988). 
 Os epidídimos são dois tubos enovelados que saem dos testículos, onde 
acontece a coleta e o armazenamento dos espermatozóides. Está posterior ao 
testículo, dentro do saco escrotal e desemboca na base do ducto deferente. Têm 
forma de C e em adultos um comprimento de 5 a 7 centímetros. Se não estivesse 
compactado poderia chegar ao tamanho de 6 metros de comprimento (TANAGHO & 
MCANINCH, 2010). 
Canais ou ductos deferentes são dois tubos com tamanho entre 30 e 40 
centímetros, divididos em partes: testicular, funicular, pélvica e inguinal além da 
ampola do ducto deferente que se une com o ducto excretor da vesícula seminal 
para a formação inicial do ducto ejaculatório. Eles representam uma continuação 
direta da cauda do epidídimo, aqui é realizado o processo de contracepção 
masculina, conhecido como vasectomia (MOREIRA et al, 2012). Ainda circundam a 
bexiga urinária e desembocam nas vesículas seminais que são responsáveis pelo 
líquido seminal, que será liberado no ducto ejaculatório juntamente com o líquido 
prostático e espermatozóides para formar o sêmen. 
O líquido das vesículas seminais (ou vesiculares) é um líquido viscoso, 
alcalino. Age como fonte de energia para os espermatozóides e é constituído por 
frutose, fosfatos, nitrogênio não protéico, cloretos, colina e prostaglandinas 
(hormônios produzidos diversos tecidos), formados a partir de ácidos graxos 
insaturados (AGi) e podem ter a sua síntese interrompida por fármacos analgésicos 
assim como antiinflamatórios. Esse líquido além de nutrir os espermatozóides 
também facilita mobilidade (FRANDSON et al, 2009). 
A próstata é uma glândula exócrina, localizada abaixo da bexiga, responsável 
por secretar substâncias que alcalinizam o pH da urina e ativam os 
espermatozóides. Ela produz de 10 a 30% do fluído seminal formador do sêmen. 
Glândula bulbouretral (ou de Cowper) é a responsável pela secreção de um 
líquido transparente de caráter lubrificante que é lançado para esterelizar a uretra, 
preparando-a para a passagem dos espermatozóides para que não sejam 
contaminados. Também tem importante papel de lubrificação e limpeza durante o 
ato sexual (FERNANDEZ et al, 2010). 
38 
 
A uretra é um canal condutor da urina e que também leva o sêmen para fora 
do corpo humano, durante a ejaculação os músculos na entrada da bexiga se 
contraem para que não haja contaminação entre urina e sêmen, em adição para que 
o contrário também não aconteça (nenhum sêmen entre na bexiga). O corpo 
reabsorve os espermatozóides que não foram ejaculados após algum tempo. No 
homem a uretra tem três regiões, conhecidas como porção prostática onde a uretra 
recebe o conteúdo dos canais deferentes, próstata e vesículas seminais; porção 
membranosa acompanhado nas laterais pelas glândulas bulbouretrais, com uma 
camada de músculo esquelético que constitui o esfíncter externo uretral de controle 
voluntário; e a porção cavernosa, que é mais longa e permanece enquanto durar o 
comprimento do corpo esponjoso do pênis, onde estão localizadas as glândulas de 
Littré que secreta muco lubrificante. Na glande peniana a uretra se dilata formando a 
fossa navicular (BUJONS et al, 2006). 
O pênis é considerado o principal órgão do aparelho sexual masculino, 
formado por um corpo esponjoso que envolve e protege a uretra e por dois tecidos 
cilíndricos chamados de corpos cavernosos. Na extremidade encontra-se a glande ( 
cabeça do pênis) onde visualizar-se-á a abertura (e término) da uretra. O estímulo 
erótico acompanhado da manipulação do prepúcio (pele que envolve o corpo do 
pênis) preconiza o relaxamento celular dos corpos cavernosos e esponjoso, 
propiciando o aumento da perfusão tecidual do sangue, tornando-o rijo, com 
considerável aumento do tamanho no processo denominado de ereção peniana. A 
patologia fimose ocorre quando a glande não consegue ser exposta devido ao 
estreitamento do prepúcio. Tem em sua etiologia causas como a má higienização do 
prepúcio que deve ser puxado e limpo a fim de se retirar o esmegma, uma secreção 
sebácea espessa e esbranquiçada, com forte odor, que consiste principalmente em 
células epiteliais descamadas que se acumulam debaixo do prepúcio (PEREIMA et 
al, 1999). 
Já o saco ou bolsa escrotal ou ainda escroto, é onde os testículos se 
encontram no final da parede abdominal, em local extra corpóreo para se aproximar 
ou se afastar do corpo exercendo a função conhecida por termorregulação. Uma vez 
que um espermatozóide leva em média setenta dias para ser produzido e não 
consegue se desenvolver adequadamente na temperatura corporal habitual de 
36,5°C. Essa função mantém os espermatozóidesa uma temperatura geralmente 
39 
 
em torno de 1 a 3 °C abaixo da temperatura corporal (CASTRO et al, 1997). 
 
Figura 2 – Anatomia do sistema reprodutor masculino. 
 
 
Fonte: (GOWDAK; GOWDAK, 1989) 
 
 
5.6.2 Síntese e Função da Testosterona 
 
Em 1935, a forma molecular desse hormônio androgênico foi elucidada. 
Após essa descoberta diversos estudos têm demonstrado sua utilização pelo 
corpo e a rápida metabolização realizada pelo fígado, mesmo de fontes exógenas 
40 
 
o que configura um fármaco de meia-vida muito curta, dependendo da sua 
apresentação farmacológica (SCHANZER, 1996). 
Em concordância com Smith et al, (1985) a testosterona é, de fato o 
hormônio masculino mais importante sendo produzida pelas células de Leydig, nos 
homens, e nas mulheres, em menor quantidade pelos ovários além da glândula 
supra-renal, que sintetiza testosterona em ambos os sexos. Essa proporção de 
síntese fica em 95% pelos testículos e apenas 5% pelas supra-renais. A partir do 
colesterol, segundo Handlesman (2001) que é metabolizado à 
deidroepiandrosterona (DHEA) e androstenadiona, posteriormente convertido à 
testosterona pelo fígado. 
São responsabilidades desses hormônios o desenvolvimento e manutenção 
do aparelho reprodutor masculino. Quando adulto, a testosterona é secretada e 
controlada pelo sistema nervoso central (SNC), através da hipófise anterior, que 
também regula a atividade de glândulas endócrinas do sistema reprodutor, via eixo 
hipotálamo-hipófise-gonadal. O campo cerebral denominado hipotálamo, através 
do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), modula a síntese e liberação do 
hormônio folículo estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH). A síntese e o 
nível plasmático de testosterona são mediados por ação dos hormônios 
gonadotróficos da hipófise, o FSH e o LH. O FSH, atuante nas células de Sertoli, é 
responsável pela gametogênese e o LH, que atua nas células de Leydig, pela 
secreção da testosterona (RANG et al, 1997). 
A testosterona e seus derivados, a diidrotestosterona (DHT) e o estradiol, 
são responsáveis por alterações anatômicas em indivíduos do sexo masculino, 
nas diferentes etapas do desenvolvimento humano: é responsável pela 
diferenciação e o desenvolvimento da vesícula seminal no período fetal, ductos 
deferentes e epidídimo; e a diidrotestosterona por desenvolver a próstata, pênis e 
saco escrotal e por fim o estradiol é responsável por desenvolver as estruturas do 
SNC. Na puberdade, os androgênios exercem o crescimento do tecido escrotal, do 
pênis e dos pêlos corporais, além da secreção de sebo. Ainda segundo Hardman 
et al (1996) na fase adulta, esses hormônios realizam a manutenção das 
características sexuais secundárias, síntese de espermatozóides, hemopoiese dos 
tecidos osteomusculares, além do comportamento sexual. 
Como a testosterona apresenta uma meia-vida curta no plasma, 
modificações químicas diversas na sua estrutura foram realizadas, afim de se 
41 
 
encontrar derivados sintéticos que permaneçam mais tempo a níveis séricos e que 
exerçam atividade biológica superior (BHASIN et al., 1996). 
 
 
5.6.3 Estrutura química, farmacodinâmica e farmacocinética dos Esteróides 
Anabólicos Androgênicos (EAA) 
 
Segundo Kennedy (2000) a testosterona de administração oral é absorvida 
de forma muito rápida, todavia, sua metabolização hepática é extensa antes que 
alcance a circulação sistêmica, esta é uma afirmação compartilhada por Serrano e 
colaboradores (2007). 
Apesar de não aumentar a taxa anabólica, a esterificação de EAA tem sido 
muito adotada por laboratórios a fim de prolongar a meia vida biológica e 
consequentemente a atividade do fármaco no organismo. A velocidade da 
liberação dos esterificados administrados via parenteral em solução oleosa, 
depende do comprimento da cadeia carbônica do ácido carboxílico utilizado para 
esterificação do 17beta-hidroxila. No procedimento o EAA tem suas atividades 
lipofílicas apuradas permitindo uma maior aderência aos tecidos adiposos 
(HAUPT; ROVERE, 1984). 
Valendo-me da afirmativa de Mottram e George (2000), de que a 
testosterona é encontrada de formas: ou ligada à globulinas, ficando livre (cerca 
de 2%) durante cerca de 20 a 30 minutos na circulação sanguínea e isso é 
unanimidade na literatura; ou ligadas de forma não disponível, onde segundo 
Karila (2003) cerca de 44% da testosterona sérica esta ligada a globulinas ligantes 
de hormônios sexuais do inglês sex-hormone globulina (SHBG) e 54% à proteína 
carreadora albumina. Em relação a isso Hardman et al. (1996) cita que no 
indivíduo adulto, a concetração plasmática hormônio vai de 300 a 1000 ng/dL 
(nanograma/decilitro) e a produção diária esta em uma taxa mínima de 2,5mg e 
máxima de 11mg. 
A testosterona é metabolizada hepaticamente de forma rápida e cerca de 
90% dos metabólitos são excretados via diurese (SMITH et al, 1985; RANG et al, 
1997; CORRIGAN, 1999; KENNEDY, 2000, SERRANO et al, 2007). 
No entendimento de Smith et al (1985) é nos tecidos periféricos que ocorre 
42 
 
o metabolismo da testosterona, aqui a enzima 5-alfa-redutase realiza a conversão 
em DHT. Por sua vez o derivado DHT vai realizar atividade andrógena no meio 
intracelular. Valendo-me dos estudos de Kennedy (2000) é correto afirmar que 
este metabólito é o andrógeno ativo mais encontrado em diversos tecidos - alvo, 
tão potente quanto a testosterona pois possui maior afinidade pelo receptor celular 
androgênico formando rapidamente o complexo hormônio–receptor com 
dissociação mais lenta do que o complexo formado pela testosterona. 
É no tecido adiposo, fígado, saco escrotal (células de Leydig) e no 
hipotálamo onde a citocromo p450 converte a testosterona em estradiol, que por 
sua vez, controla funções gonadais. Convém observar que segundo Karila (2003), 
a redução da testosterona via hepática leva a produção de metabólitos inativos 
(17-cetoesteróides neutros totais), como a etiocolanolona e androsterona. 
Os EAAs (assim como a testosterona) são moléculas lipofílicas que sem 
dificuldade atravessam a MP, com alta especificidade a receptores citoplasmáticos 
para esteróides, formam complexo droga- receptor. Por sua vez o complexo se 
dirige ao núcleo, e em contato com o DNA nuclear promove a transcrição de 
RNAm.Esse processo determina a síntese de proteínas, promovendo ação 
anabólica de proteínas Esse é o desenho farmacocinético dos EAAs segundo 
Roskoski (1997). 
 Segundo Thein et al, 1985 são consequências desse processo o aumento 
da força contrátil muscular pelo armazenamento de (CP) fosfato de creatina: um 
auxiliar na conversão de ADP (adenosina difosfato) em ATP (adenosina trifosfato); 
O balanço nitrogenado positivo é um marcador da atividade de síntese protéica em 
um organismo. Mantê-lo positivo resulta em aumento da força e crescimento 
muscular, maior armazenamento da fonte secundária de energia para o músculo, 
o glicogênio muscular, o que aumenta o volume muscular; maior captação de 
aminoácidos pela célula, o que abastece o pool de aminoácidos independente de 
insulina; bloqueio do cortisol (hormônio que por vezes desempenha funções 
musculares catabólicas afim de reestabelecer a homeostase amino-sérica) que é 
regulado pela condição de estresse físico/psicológico em que o organismo se 
encontra. Esse é um hormônio antagonista à testosterona e pode suprimir a sua 
produção bem como os mecanismos do sistema imune do organismo. 
 
 
43 
 
5.6.4 O emprego terapêutico dos Esteróides Androgênicos Anabolizantes. 
 
Nos EUA (Estados Unidos da América) o FDA (Foods and Drugs 
Administration) órgão responsável pela regulamentação de alimentos e 
medicamentosno país, libera sob supervisão médica, a utilização de EAAs. Esses 
fármacos têm sido utilizados no tratamento de hipogonadismo e osteoporose como 
citam De Rose e Nóbrega (1999); nanismo conforme elucida Schroor et al (1995); 
a obesidade (em casos específicos) como afirma Corrigan (1999); o câncer de 
mama avançado segundo Eberling et al, (1994). Conforme Conway et al (2000), 
com EAA podem ser tratados a anemia causada por disfunções renais ou na 
medula óssea (MO), em casos de micropênis em neonatos, na deficiência 
androgênica secundária ou parcial em idosos, nas doenças crônicas e na 
contracepção hormonal masculina. 
Os EAAs têm sido utilizados no tratamento da sarcopenia em queimados 
(DOBS, 1999) e que também aflige indivíduos HIV (+). Também contra fadiga em 
pacientes renais crônicos que realizam hemodiálise (JOHANSEN et al, 1999); em 
hipogonadismo (RABKIN et al, 2000) e eugonadismo (GRINSPOON et al, 2000). 
Segundo Rosenfeld et al, (1992) no tratamento da baixa estatura devida à 
Síndrome de Turner que ocorre somente em pessoas do sexo feminino, os 
esteróides anabolizantes têm demonstrado efeito benéfico. 
Em 2001, Fenichel et al apresentaram os efeitos da administração de EAAs 
que propiciou a aceleração do crescimento linear e retardo da fraqueza, em 
pacientes com um grupo de doenças musculares hereditárias e progressivas que 
têm como principal característica a degeneração da membrana que envolve a 
célula muscular, conhecidas como Distrofia Muscular Duchenne ou DMD. 
 
 
5.6.5 Agentes de dopagem 
 
Conforme ilustra Goldberg (1996) uma vez que o uso dos EAAs aumenta a 
força e a massa muscular livre de gordura, a agressividade, além do aumento da 
síntese protéica e diminuição do tempo de recuperação muscular entre treinos, 
44 
 
seu uso se tornou praticamente comum entre atletas profissionais. 
Além disso, em concordância com Lukas et al (1996), não-atletas tem 
usado de forma abusiva esteróides anabolizantes em busca de um corpo 
esteticamente ―perfeito‖. Comumente seu uso esta concomitante ao consumo de 
álcool e dietas não balanceadas, além do uso de drogas ilícitas como cocaína 
utilizada para potencializar os efeitos (SCOTT, 1996). Práticas como essas expõe 
o organismo a um risco não conhecido ou ignorado pelos usuários de EAAs. 
Métodos comuns de administração incluem: via oral e injetável intra-
muscular (IM). Normalmente as doses utilizadas por atletas são até cem vezes 
maiores que a dose de uso terapêutico. Segundo Goldwire (1995) entre as 
técnicas incorretas de administração estão: método empilhamento (Stacking): 
combinação de drogas e de formas de administração; método pirâmide: inicia em 
doses baixas, chega a administração de até cem vezes o valor inicial e 
posteriormente retorna a doses baixas; método de ciclos (cycling): caracterizado 
pelo uso, período ON (período de uso) que vai de 6 a 12 semanas, com período 
OFF (período de não uso) que vai de 3 a 4 semanas seguido de novo período ON; 
e método Misto: combinação dos esquemas anteriormente citados. 
Na concepção de Guezennec (1995) os EAA são utilizados com outras 
substâncias a fim de mascarar ou amenizar os efeitos colaterais, bem como 
potencializar o efeito da droga. 
Em virtude da metodologia parcialmente deficiente utilizada em estudos 
para mensurar massa muscular e força, obtidos através do uso de EAA, a 
literatura expressa inconclusividade (KENNEDY, 1997). Um estudo na década de 
setenta demonstrou que atletas obtiveram aumento da massa e do volume 
muscular quando submetidos a 100 mg diários de metandrostenolona, durante 
seis semanas (HERVEY et al, 1976). No grupo placebo a força e a performance 
melhoraram ao mesmo tempo. Outro estudo na década de noventa, que 
administrou testosterona semanalmente, durante dez semanas demonstrou 
hipertrofia muscular bem como aumento da força em homens saudáveis. A dose 
semanal era de 600mg combinada com exercícios de força. (BHASIN et al., 
1996). Em consonância com isso, Corrigan et al (1999) verificaram que atletas 
profissionais australianos utilizavam DHEA como agente anabólico visando o 
aumento das concentrações utilizáveis de testosterona e androstenadiona. No 
45 
 
mesmo ano em conflito com o estudo de Corrigan et al, King et al (1999) verificou 
nenhuma alteração nas concentrações séricas de testosterona mediante 
suplementação de androstenadiona via oral em atletas com treinamento de 
resistência. 
 
 
5.6.6 Reações adversas do uso de Esteróides Androgênicos Anabolizantes. 
 
 Os colaterais do uso de EAA, são variáveis, dependendo da droga, da via de 
administração e da quantidade administrada bem como, podem ser a curto ou longo 
prazo. 
Segundo Copelando et al (2000), o uso abusivo de EAA esta relacionado a 
síndrome de abstinência por causar dependência, o que altera o comportamento 
do atleta dentro e fora da sua área de atuação. Isto esta certamente esta ligado à 
utilização de drogas de uso veterinário, além da super dosagem que pode ser 
alcançada via oral ou injetável via intramuscular. Em adição, vale lembrar que não 
raras são as vezes que seus usuários se deparam com drogas falsificadas em 
virtude da facilidade de aquisição e/ou de preços baixos (HAUPT & ROVERED, 
1984). 
Como a administração dos EAA aumenta a concentração desses 
hormônios, interfere no sistema de ―feedback‖ negativo, mediado pela hipófise e 
hipotálamo tornando o hipogonadismo induzido um efeito colateral não muito raro. 
Por sua vez LH e FSH tem sua liberação diminuída, que também, diminui a 
produção de testosterona endógena, provocando atrofia testicular e prejudicando 
os estágios da espermatogênese, levando a oligoospermia ou até azoospermia. 
Torres-Calleja et al ( 2000) afirmam que estes são efeitos reversíveis com a 
descontinuação dos medicamentos e/ou a realização da TPC (terapia pós-ciclo) 
utilizada e indicada por muitos atletas de fisiculturismo. Outros efeitos podem 
ocorrer como acne, calvície precoce, alteração da libido e ginecomastia que pode 
ser permanente. 
A função hepática é também alterada pela administração de EAA e esta 
associada ao uso de esteróides orais. Segundo os testes de Pertusi et al (2001) a 
função hepática é restaurada após o cessar da exposição aos EAA. Se não 
46 
 
descontinuado no caso de lesão hepática comprovado pode haver ocorrer hepatite 
colestática, peliose hepática, hiperplasia e adenomas hepatocelulares. O nível da 
enzima creatina quinase (CK), indicadora de dano muscular, também aumenta 
consideravelmente. 
Exames laboratoriais demonstram alterações relacionados á fatores de 
risco cardiovasculares (O‘SULIVANN et al., 2000), como diminuição da fibrinólise , 
predisposição ao mecanismo de hipercoagulabilidade e o aumento da agregação 
plaquetária (FALKENBERG et al., 1997). Contudo, apesar da preservação das 
funções diastólicas e sistólicas, fora observado por Di Belo et al (1999) a 
hipertrofia da parede ventricular esquerda, aumento do índice de massa do 
ventrículo esquerdo e da espessura do septo interventricular, trombose ventricular 
e embolismo sistêmico. Ainda acrescentam Ferrera et al (1997) e McCarthy et al. 
(2000), podem ocorrer a cardiomiopatia dilatada, oclusão da artéria descendente 
anterior resultando em IAM e morte súbita causada através da hipertrofia 
ventricular esquerda. 
A dislipidemia é uma alteração metabólica importante causada pelo uso de 
EAA o que configura uma preocupação constante com o uso indevidos dessas 
drogas pois o metabolismo dos lipídeos é tema central em se tratando do risco 
para doenças ateroscleróticas. O aumento significativo nas concentrações de 
colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), grande

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