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A Fis Aluno: Parcer Pro Co siote EA ria entr ogra ontin C erapi AD - Ed re Port ma d uada Curso a nas ucação tal Educ de Ed a a D o de s Lom o a Distâ cação e duca istân mbal ância e Sites A ção ncia lgias Associa s ados E Este material dev Ate este mes des ve ser utilizado ap C enção: O ma e Programa smo. Os cré scritos nas R penas como parâ urso aterial deste de Educaçã éditos do co eferências B âmetro de estudo d o de F Lom M módulo está ão Continuad onteúdo aqu Bibliográficas 2 deste Programa. Fisio mbalg MÓDU á disponível da. É proibid ui contido s s. Os créditos deste terap gias ULO apenas com da qualquer ão dados a e conteúdo são da pia n I mo parâmetro forma de co aos seus res ados aos seus res as o de estudos omercializaç spectivos au spectivos autores s para ão do utores 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores SUMÁRIO MÓDULO I 1 MORFOLOGIA DA COLUNA LOMBAR 1.1 ESTRUTURA ÓSSEA DA COLUNA LOMBAR 1.2 DISCOS INTERVERTEBRAIS 1.3 LIGAMENTOS DA COLUNA LOMBAR 1.4 MÚSCULOS DA COLUNA LOMBAR 1.4.1 Músculos anteriores: flexores lombares 1.4.2 Grupo muscular posterior: extensores da coluna lombar 1.5 NERVOS ESPINHAIS 1.5.1 Plexo lombossacral 1.5.2 Dermátomos da coluna lombar 1.6 Vascularização da coluna lombar 2 BIOMECÂNICA DA COLUNA LOMBAR 2.1 MOVIMENTOS ARTICULARES DA COLUNA LOMBAR 2.2 BIOMECÂNICA DA POSTURA ERETA 2.3 BIOMECÂNICA DA POSTURA SENTADA MÓDULO II 3 A DOR 4 AS LOMBALGIAS 4.1 CONCEITUAÇÃO GERAL 4.2 INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA 4.3 FATORES CAUSAIS 4.4 CLASSIFICAÇÃO 4.5 MECANISMOS DE DESENCADEAMENTO DA LOMBALGIA 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 4.6 SINTOMATOLOGIA ASSOCIADA À LOMBALGIA 4.7 GENERALIDADES SOBRE AS PRINCIPAIS DISFUNÇÕES CAUSADORAS DE LOMBALGIAS 4.7.1 Disfunções mecânicas 4.7.2 Hérnia de disco lombar 4.7.3 Estreitamento do canal raquidiano 4.7.4 Doenças reumáticas inflamatórias MÓDULO III 5 AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL DA COLUNA LOMBAR 5.1 IDENTIFICAÇÃO 5.2 ANAMNESE 5.2.1 História profissional e de hábitos de vida 5.2.2 História clínica pregressa 5.2.3 História clínica atual 5.3 EXAME FÍSICO 5.3.1 Inspeção 5.3.2 Palpação 5.3.3 Avaliação movimentação da coluna lombar 5.3.3.1 Avaliação da flexibilidade geral da coluna lombar 5.3.3.2 Avaliação da mobilidade ativa da coluna lombar 5.3.3.3 Goniometria 5.3.4 Testes de força muscular 5.3.5 Avaliação da sensibilidade 5.3.6 Teste de reflexos 5.3.7 Testes especiais 5.3.7.1 Teste de Schober 5.3.7.2 Teste da elevação do membro inferior estendido (Sinal de Lasegue) 5.3.7.3 Sinal de Bonnet 5.4 EXAMES COMPLEMENTARES 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 5.4.1 Exames laboratoriais 5.4.2 Exame radiológico 5.4.3 Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) 5.4.4 Estudos eletrodiagnósticos 5.4.5 Outros exames 5.5 OBJETIVOS E CONDUTA TERAPÊUTICA MÓDULO IV 6 PRINCÍPIOS PARA O TRATAMENTO DA DOR LOMBAR 6.1 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO 6.2 USO DE COLETES (ÓRTESES DE POSICIONAMENTO) 6.3 TRATAMENTO CIRÚRGICO 6.4 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 6.5 ORIENTAÇÕES DE CUIDADOS GERAIS 6.6 ORIENTAÇÕES QUANTO AO REPOUSO 6.7 ELETROTERAPIA 6.7.1 Eletroanalgesia 6.7.1.1 TENS (estimulação elétrica nervosa transcutânea) 6.7.1.2 Corrente interferencial 6.7.2 Eletroestimulação russa 6.8 ULTRASSOM TERAPÊUTICO 6.9 TERMOTERAPIA 6.9.1 Termoterapia por subtração (crioterapia) 6.9.2 Termoterapia por adição 6.9.2.1 Calor superficial 6.9.2.2 Calor profundo 6.9.2.2.1 Micro-ondas 6.9.2.2.2 Ondas Curtas 6.9.3 Frio X Calor 6.10 RECURSOS MANUAIS 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 6.10.1 Massagem clássica 6.10.2 Massagem do tecido conjuntivo 6.10.3 Deslizamento miofascial 6.11 CINESIOTERAPIA 6.11.1 Exercícios passivos 6.11.2 Exercícios ativos 6.11.3 Alongamento terapêutico 6.12 TERAPIAS POSTURAIS 6.12.1 Reeducação postural global (RPG) 6.13 TERAPIAS MANIPULATIVAS 6.13.1 Quiropraxia 6.13.2 Osteopatia 6.13.3 Pompages 6.14 TRAÇÃO LOMBAR 6.15 ACUPUNTURA 6.16 HIDROTERAPIA 7 FASES DA ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA EM LOMBALGIAS 8 SÉRIES DE EXERCÍCIOS PARA A COLUNA LOMBAR E MUSCULATURA ADJACENTE GLOSSÁRIO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO I 1 MORFOLOGIA DA COLUNA LOMBAR A coluna vertebral (figura 01) é o principal eixo do corpo humano e exerce a importante função de sustentar o homem em posição ereta. Compreende todo o envoltório ósseo, os discos intervertebrais, os ligamentos e os músculos, que protegem um tecido muito delicado, a medula espinhal, por onde passam os impulsos nervosos provenientes do cérebro para o tronco e para os membros. Da medula saem estruturas chamadas raízes nervosas e os nervos que levam as informações sensitivas e motoras para os músculos, para a pele e para os órgãos internos (IGCCV, 2009). FIGURA 01 – A COLUNA VERTEBRAL FONTE: INEB, 2009. 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A coluna é composta por um conjunto de 33 ossos denominados vértebras: sete cervicais (C1-C7); doze torácicas (T1-T12); cinco lombares (L1-L5); cinco sacrais (S1-S5) e quatro coccígeas. As vértebras sacrais e coccígeas são denominadas vértebras falsas porque no adulto são fundidas para formar o sacro e o cóccix. As demais vértebras, cervicais, torácicas e lombares, são denominadas verdadeiras porque permanecem distintas por toda a vida (Rosa Filho, 2009). Em condições normais, a coluna vertebral possui três curvaturas, como se observa na ilustração a seguir (figura 02): Nas regiões, cervical (A) e lombar (C) ocorrem às chamadas lordoses (curvaturas com convexidade anterior) e na região torácica (B) ocorre à cifose (curvatura com concavidade anterior) (IGCCV, 2009). FIGURA 02 – CURVATURAS DA COLUNA VERTEBRAL FONTE: IGCCV, 2009. 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.1 ESTRUTURA ÓSSEA DA COLUNA LOMBAR A coluna lombar (figura 03) é composta por cinco vértebras, constituídas por corpo vertebral (parte anterior da vértebra, responsável pelo suporte da carga sobre o osso), arco vertebral (situado em posição posterior ao corpo; em conjunto com a face posterior do corpo vertebral, forma asparedes do forame vertebral que envolve e protege a medula) e processos vertebrais (proeminências ósseas) (Vasconcelos, 2004). . FIGURA 03 – A COLUNA LOMBAR FONTE: Netter, 2000. 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores As vértebras da coluna lombar possuem características peculiares que as diferenciam das vértebras das demais regiões da coluna vertebral (figura 04). Por ser uma região que precisa suportar grandes cargas, as vértebras lombares são maiores e mais achatadas e os processos espinhosos têm uma orientação mais horizontalizada em relação aos níveis acima onde eles apresentam uma inclinação para baixo. Os processos vertebrais são fortes e unem-se com a parte cranial do corpo, formando incisuras vertebrais inferiores. A quinta vértebra lombar (L5), tem o corpo mais baixo anteriormente para poder concordar com a articulação lombossacra (Luiza, 2009). FIGURA 04 – VÉRTEBRA LOMBAR FONTE: Netter, 2000. 1.2 DISCOS INTERVERTEBRAIS O apoio articular entre os corpos vertebrais é realizado por discos de cartilagem denominados discos intervertebrais (figura 05). Estão presentes desde a segunda vértebra cervical até a primeira vértebra sacral, resultando em um total de 23 discos (Vasconcelos, 2004). 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 05 – DISCO INTERVERTEBRAL FONTE: Salotti, 2009. Os discos intervertebrais amortecem cargas e pressões ao longo da coluna vertebral, diminuindo o risco de que traumas sobre a coluna provoquem fraturas de vértebras. O conjunto de discos intervertebrais é considerado um complexo sistema hidráulico que absorve choques, permite uma compressão transitória e em decorrência do deslocamento do líquido dentro do continente elástico, possibilita o movimento (figura 06). As superfícies superiores e inferiores do disco são as placas terminais dos corpos vertebrais, compostas por cartilagem hialina. Quando saudáveis, estas placas são superfícies firmes, planas, circulares e inflexíveis que formam as porções cefálicas e caudais do disco e sobre as quais está fixo o anel fibroso circundante (Valiati, 2001). 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 06 – SISTEMA FUNCIONAL DO DISCO INTERVERTEBRAL FONTE: Valiati, 2001. O disco intervertebral é formado por anéis concêntricos (ânulo fibroso) em sua porção externa e por um núcleo gelatinoso (núcleo pulposo) formado por substâncias hidrófilas que garantem a retenção de água, mantendo a capacidade de hidratação e flexibilidade do disco (figura 07) (Vasconcelos, 2004). 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 07 – COMPONENTES DO DISCO INTERVERTEBRAL FONTE: Salotti, 2009. O ânulo fibroso suporta as pressões submetidas à coluna vertebral, transmitida pelos corpos vertebrais. São suas principais funções: auxiliar na estabilização dos corpos vertebrais adjacentes, permitir o movimento entre os corpos vertebrais, atuar como ligamento acessório, reter o núcleo pulposo em sua posição e funcionar como amortecedor de forças (Vasconcelos, 2004). O núcleo pulposo, por meio do seu deslocamento, estimula o anel concêntrico na retenção das pressões e orienta o corpo quanto à posição da coluna vertebral. São suas principais funções: funcionar como mecanismo de absorção de forças, possibilitar a troca de líquidos entre o disco e os capilares vertebrais e atuar como um eixo vertical de movimento entre duas vértebras (Vasconcelos, 2004). Os dois últimos discos lombares (L4/L5 e L5/S1), em decorrência dos esforços e microtraumatismos a que são submetidos durante a vida, são os mais sujeitos a degeneração. Constituem a chamada charneira lombossacra (Vasconcelos, 2004). Os discos intervertebrais são avasculares, sendo nutridos por um processo de difusão dos tecidos vizinhos. Essa nutrição ocorre através das compressões e 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores descompressões alternadas que ocorrem nos discos e funcionam como uma bomba hidráulica. A contração prolongada do disco, como ocorre no posicionamento estático, é prejudicial, porque interrompe o processo nutricional dos discos e pode provocar a degeneração dos mesmos (Valiati, 2001). Há sempre uma pressão aproximada de 0,7c\kg/cm2 no interior dos discos intervertebrais, mesmo quando eles não estão sendo submetidos à carga (estado pré-tensional). Essa situação se dá pelo efeito compressivo dos ligamentos amarelos. Quando o disco é submetido a uma carga externa, como a do peso do corpo, por exemplo, essa pressão se eleva. Fatores como a posição do corpo (sentado, deitado ou em pé) ou o fato de um peso estar ou não sendo levantado influenciam na quantidade de pressão a ser exercida sobre o disco (Valiati, 2001). 1.3 LIGAMENTOS DA COLUNA LOMBAR Os ligamentos são estruturas fibrosas cuja função está relacionada à estabilidade intrínseca das vértebras na sua posição natural (figura 08). Os principais ligamentos da coluna lombar são (Vasconcelos, 2004): Ligamento longitudinal anterior: com formato laminar, inicia-se na base do crânio até o sacro. Reforça a estabilidade da coluna na sua porção anterior e encontra-se na linha média do corpo vertebral. Estabiliza a coluna desde a articulação atlantoccipital até a transição lombossacra. Ligamento interespinhal: localiza-se na região espinhosa e se inicia pelo ligamento da nuca, porção estabilizadora entre o osso occipital e as apófises cervicais, estendendo-se até as apófises sacras. 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Ligamentos amarelos: expansões ligamentares que conectam a face anterior da lâmina superior com a face posterior da lâmina vertebral adjacente inferior. Ligamento supraespinhal: conecta as pontas dos processos espinhosos de C7 até o sacro. E um forte cordão fibroso cujas fibras, dependendo da localização, podem transpor até quatro vértebras. Ligamento longitudinal posterior: ligamento laminar que se localiza dentro do canal vertebral justaposto à porção posterior dos corpos vertebrais. Ligamentos intertransversos: interligam as apófises transversais. Encontram-se lateralmente à coluna vertebral. Ligamentos iliolombares: conjunto de ligamentos fortes, dispostos de maneira a contribuir para a estabilidade lombossacral. Incluem: ligamento iliolombar superior, ligamento iliolombar inferior, ligamento iliolombar anterior e ligamento iliolombar posterior. 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 08 – LIGAMENTOS DA COLUNA LOMBAR FONTE: Vasconcelos, 2004. 1.4 MÚSCULOS DA COLUNA LOMBAR Os músculos que atuam sobrea coluna vertebral são bilaterais, embora funcionem de modo independente. Didaticamente, podem ser divididos em duas categorias: anteriores (responsáveis pela flexão da coluna vertebral) e posteriores (responsáveis pela extensão da coluna lombar) (Vasconcelos, 2004). 1.4.1 Músculos anteriores: flexores lombares O grupo de músculos responsáveis pela flexão lombar é geralmente referido como abdominais (figura 09). Os músculos abdominais não possuem nenhuma 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores conexão direta com a coluna vertebral. Alguns deles não possuem fixações ósseas em nenhuma das extremidades. São importantes na constrição da cavidade abdominal e seu conteúdo. Essa última função eleva a pressão intra-abdominal, que, além de estar associada à eliminação de resíduos (defecação, micção e vômito), também reduz as cargas sofridas pelas vértebras lombares durante determinadas atividades (Vasconcelos, 2004). FIGURA 09 – MUSCULATURA ANTERIOR DA COLUNA LOMBAR – MÚSCULOS ABDOMINAIS FONTE: adaptado de FMH, 2008. O músculo reto abdominal desce verticalmente no abdome e sua porção direita e esquerda é separada por uma linha branca tendínea (linha alba). Realiza a flexão da coluna lombar e a flexão lateral quando ativado apenas de um lado (Vasconcelos, 2004). Os músculos oblíquos, interno e externo do abdome cobrem as porções, anterior e lateral da parede abdominal entre o reto abdominal na frente e o músculo grande dorsal atrás. As fibras desses músculos seguem perpendicularmente umas às outras, uma característica que se reflete numa grande diferença em suas ações unilaterais. Quando um lado do músculo oblíquo externo se contrai, ocorre flexão da 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores coluna lombar, flexão lateral e rotação do tronco para o lado oposto. Com exceção da direção da rotação, o mesmo é válido para os oblíquos internos. Durante a contração unilateral desse músculo, o tronco roda para o lado oposto (Vasconcelos, 2004). O transverso do abdome é o músculo mais profundo desse grupo, não tem uma função associada à execução motora por causa de sua linha de tração e conexões tendíneas. No entanto, todos esses músculos têm uma conexão anatômica comum ou relação entre si, pois as bainhas, aponeuróticas dos oblíquos externo e interno e do transverso do abdome formam a bainha do reto do abdome (Vasconcelos, 2004). 1.4.2 Grupo muscular posterior: extensores da coluna lombar Os músculos posteriores da coluna lombar compreendem vários músculos dispostos em camadas mais superficiais e mais profundas. Superficialmente, situa-se o grande dorsal, que recobre a região lombar e realiza extensão, adução e rotação medial do braço. Mais profundamente situam-se os músculos do dorso propriamente dito (pós-vertebrais). Os músculos pós-vertebrais estão situados mais profundamente e formam duas grandes massas em relevo nos lados da coluna vertebral, facilmente palpáveis e compostas por três camadas de músculos (Rubinstein, 2009): Superficial; Intermediária; Profunda; Camada superficial – eretores espinhais (figura 10): a porção mais inferior origina-se no ílio, em vértebras lombares e em espessa aponeurose estendida nesse intervalo, de onde ascende lateralmente até a última costela. Nesse ponto a massa muscular alonga-se em três 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores colunas que sobem na parte posterior do tórax, onde se inserem nas costelas e vértebras. A coluna mais lateral, denominada iliocostal, é formada pelos músculos iliocostal lombar, torácico e cervical. A coluna intermédia, denominada músculo dorsal longo é subdividida nos músculos longuíssimo do tórax, longuíssimo do pescoço e longuíssimo da cabeça. As divisões da coluna média são os músculos espinhal do tórax, espinhal do pescoço e espinhal da cabeça. FIGURA 10 – CAMADA SUPERFICIAL DE MÚSCULOS PÓS-VERTEBRAIS FONTE: Netter, 2000. 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Camada intermediária (figura 11): cobrem os músculos profundos e tem disposição bastante complicada, com maior grau de fusão e alguns feixes saltando vários segmentos (complexo transverso-espinhal). Seus componentes são: o músculo multífido (que é mais espesso na região lombar e termina na região cervical), o músculo semiespinhal do tórax (situado nos dois terços craniais do segmento torácico, estendendo-se dos processos transversos das seis vértebras torácicas inferiores aos processos espinhosos das vértebras torácicas superiores e cervicais inferiores). FIGURA 11 – CAMADA MÉDIA DE MÚSCULOS PÓS-VERTEBRAIS FONTE: Netter, 2000. 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Camada profunda (figura 12): composta pelos músculos interespinhais (unem os processos espinhosos das regiões, cervical e lombar), músculos intertransversais (unem os processos transversos adjacentes das regiões, cervical e lombar), rotadores curtos (se originam nos processos transversos e se dirigem medial e superiormente para se fixarem na lâmina da vértebra suprajacente) e rotadores longos (tendo a mesma origem e trajeto, passam pela vértebra suprajacente e se inserem na lâmina da segunda vértebra acima). FIGURA 12 – CAMADA PROFUNDA DE MÚSCULOS PÓS-VERTEBRAIS FONTE: Netter, 2000. 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.5 NERVOS ESPINHAIS Os nervos espinhais (figura 13) têm origem na medula espinhal e saem do canal vertebral pelos forames intervertebrais. Após atravessar o forame intervertebral, o nervo espinhal se bifurca, formando um ramo ventral motor e um ramo dorsal sensitivo (figura 14). Os ramos ventrais dos nervos espinhais são mais calibrosos e longos e geralmente formam plexos (cervical e braquial, lombar, sacral e coccígeo) (Vasconcelos, 2004). FIGURA 13 – NERVOS ESPINHAIS FONTE: Werneck, 2009. 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 14 – RAMOS DOS NERVOS ESPINHAIS FONTE: Werneck, 2009. A coluna lombar possui cinco pares de nervos lombares derivados da medula espinhal localizados entre a nona vértebra torácica e a porção inferior da décima primeira (figura 15). Cada um se divide em um nervo espinhal típico. Os nervos primários posteriores ramificam-se em (Santos, 2009): Ramos mediais: inervam os músculos multífidos da espinha (os três inferiores enviam também pequenos ramos sensitivos para a pele e região sacral). Ramos laterais: os três superiores fornecem ramos para os músculos sacroespinhais adjacentes e se tornam os nervos glúteos superiores cutâneos. Os dois ramos laterais inferiores são pequenos e terminam nos músculos sacroespinhais.24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 15 – RAMO DORSAL DE UM NERVO ESPINHAL LOMBAR FONTE: Netter, 2000. 1.5.1 Plexo lombossacral O plexo lombar (figura 16), localizado no interior do músculo psoas, é a porção superior do plexo lombossacral. É geralmente formado pelas divisões anteriores dos três primeiros nervos lombares e parte do quarto, e em 50% dos casos ele recebe uma contribuição do último nervo torácico (Santos, 2009). Os nervos L1, L2 e L4 dividem-se em superior e inferior. O ramo superior de L1 forma os nervos ílio-hipogástrico e ílioinguinal. O ramo inferior de L1 une-se ao ramo superior de L2 para formar o nervo gênito-femoral. O ramo inferior de L4 une- se a L5 para formar o tronco lombossacral.O ramo inferior de L2, todos de L3 e o ramo superior de L4 dividem-se, cada um deles, em divisão anterior, menor, e divisão posterior. As três divisões anteriores unem-se para formar o nervo 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores obturatório. As três divisões posteriores unem-se para formar o nervo femoral, e as duas superiores fornecem ramos que formam o nervo cutâneo lateral da coxa. Os ramos motores colaterais inervam o músculo quadrado lombar a partir de L1 e L4, e o músculo psoas a partir de L2 e L3 (Santos, 2009). FIGURA 16 – PLEXO LOMBAR FONTE: Netter, 2000. O nervo femoral (figura 17) é o maior ramo do plexo lombar. Origina-se das três divisões posteriores do plexo, que são derivadas do segundo, terceiro e quarto nervos lombares. Os ramos motores inervam os músculos sartório, pectíneo e quadríceps femoral. Os ramos sensitivos compreendem os ramos cutâneos anteriores da coxa para a superfície anteromedial da coxa e o nervo safeno para o lado medial da perna e pé (Santos, 2009). 26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O nervo obturatório (figura 17) origina-se do plexo lombar por meio das três divisões anteriores do plexo, que são derivadas do segundo, terceiro e quarto nervos lombares. Os ramos motores inervam os músculos obturatório externo, adutor magno, adutor longo e curto e o músculo grácil. Os ramos sensitivos do ramo anterior fornecem inervação para a articulação do quadril e uma pequena área de pele sobre a parte interna média da coxa (Santos, 2009). FIGURA 17 – MÚSCULOS INERVADOS PELO PLEXO LOMBAR FONTE: Netter, 2000. Os nervos sacrais são cinco pares de nervos espinhais derivados de segmentos da medula espinhal, localizados em posição oposta aos corpos da 12ª vértebra torácica e primeira lombar. As quatro divisões primárias posteriores 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores superiores passam através dos forames sacrais posteriores, com a quinta divisão emergindo entre o sacro e o cóccix. As três superiores dividem-se em dois conjuntos de ramos: ramos mediais, que são distribuídos para os músculos multífidos, e ramos laterais, que se tornam nervos glúteos mediais e inervam a pele da parte medial do glúteo máximo (Santos, 2009). A porção sacral do plexo lombossacral (figura 18) localiza-se fazendo face ao músculo piriforme sobre a parede posterior da pelve. Em frente a ele estão o colo pélvico, os vasos hipogástricos e o ureter. Geralmente origina-se por meio de cinco raízes do plexo, formadas pelas divisões primárias anteriores do quinto nervo e parte do quarto nervo lombar (tronco lombossacral) e o primeiro, juntamente com partes do segundo e terceiro nervos sacrais. Um ramo terminal principal, que é o nervo isquiático, e vários ramos colaterais são formados pelo plexo. Cada uma das cinco raízes do plexo divide-se numa divisão anterior e posterior. As quatro divisões superiores posteriores juntam-se para formar o nervo fibular comum. As cinco divisões anteriores (L4, L5, S1, S2, S3) reúnem-se para formar o nervo tibial (Santos, 2009). 28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 18 – PLEXO SACRAL FONTE: Netter, 2000. O nervo glúteo superior passa acima do músculo piriforme, através do forame isquiático maior em direção às nádegas, onde inerva os músculos, glúteo médio e mínimo e o músculo tensor da fáscia lata. O nervo glúteo inferior passa abaixo do músculo piriforme, através do forame isquiático maior, em direção ao músculo piriforme e deixa fibras de S1 e S2. O nervo glúteo medial inferior atravessa o ligamento sacrotuberal e se distribui para a região glútea medial inferior (figura 19) (Santos, 2009). O nervo cutâneo posterior da coxa possui ramos perineais que se dirigem para a pele da superfície medial superior da coxa e para a pele do escroto ou lábio maior. Os nervos glúteos inferiores estendem-se para a região glútea lateral inferior, e os ramos cutâneos da coxa, para a porção posterior da coxa em direção ao lado medial (figura 19) (Santos, 2009). 29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O nervo isquiático (figura 19) é o maior nervo do corpo. Ele consiste em dois nervos reunidos por uma mesma bainha: o nervo fibular comum, que inerva a pele da superfície dorsal inferior da perna, o maléolo externo e o lado lateral do pé e do quinto dedo e o nervo tibial, maior componente do nervo isquiático na coxa, que inerva os músculos gastrocnêmio, plantar, sóleo, poplíteo, tibial posterior, flexor longo dos dedos do pé e flexor longo do hálux. O nervo isquiático é sede frequente de lesões que implicam em lombalgias (Santos, 2009). FIGURA 19 – MÚSCULOS INERVADOS PELO PLEXO SACRAL FONTE: Netter, 2000. 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.5.2 Dermátomos da coluna lombar Dermátomo é o território cutâneo inervado por uma única raiz nervosa dorsal. O dermátomo recebe o nome da raiz que o inerva (figura 20). Há uma considerável superposição entre dermátomos, de modo que os limites entre dermátomos adjacentes são imprecisos (Santos, 2009). FIGURA 20 – DERMÁTOMOS DO CORPO HUMANO FONTE: Damiani, 2009. 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A região lombar inerva a parte inferior do abdome, órgãos sexuais e membros inferiores (Rede Sarah) (figura 21). FIGURA 21 – DERMÁTOMOS DA COLUNA LOMBAR FONTE: Rede Sarah, 2009. 1.6 Vascularização da coluna lombar A vascularização da coluna vertebral não se dá de maneira regular, porém, há certo padrão comum de suprimento sanguíneo entre a segunda vértebra torácica e a quinta vértebra lombar. De uma artéria segmentar oriunda da aorta, cada vértebra recebe seu aporte nutricional dos ramos central anterior, central posterior, pré-laminar e pós-laminar. Os ramos centrais são derivadosde vasos externos à 32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores coluna vertebral, enquanto os ramos laminares são derivados de ramos espinhais que entram pelo forame intervertebral, fornecendo a maior parte da nutrição do corpo e do arco vertebral na região médio-vertebral (Santos, 2009). 2 BIOMECÂNICA DA COLUNA LOMBAR A função primária da coluna vertebral é mecânica: proporcionar ao corpo certa rigidez longitudinal, permitindo movimento entre suas partes. Secundariamente, constitui uma base firme para sustentação de estruturas anatômicas como costelas e músculos abdominais, permitindo a manutenção de cavidades corporais com forma e tamanho relativamente constantes, além de envolver a medula espinhal (Vasconcelos, 2004). O movimento entre duas vértebras envolve sempre três articulações: o disco intervertebral, na frente, e as duas articulações facetárias atrás. Esses movimentos são muito limitados, mas a soma da pequena mobilidade de cada segmento faz com que a coluna como um todo possa mover-se amplamente em todas as direções (Abreu, 2009). 2.1 MOVIMENTOS ARTICULARES DA COLUNA LOMBAR A coluna lombar em sua amplitude movimento normal realiza movimentos de (Hoppenfeld, 1987): Flexão lombar; Extensão lombar; Inclinação lateral à direita; Inclinação lateral à esquerda. 33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O movimento de flexão da coluna lombar (figura 22) ocorre no plano sagital. O músculo retoabdominal é o flexor primário do tronco, auxiliado pelos músculos oblíquo interno e externo do abdômen. Durante esse movimento a vértebra superior desliza anteriormente e o núcleo pulposo do disco intervertebral se desloca posteriormente, tensionando as fibras posteriores do anel fibroso. A amplitude articular de movimento normal vai de 0° a 90° (Hoppenfeld, 1987). FIGURA 22 – MOVIMENTO DE FLEXÃO DA COLUNA LOMBAR FONTE: Vasconcelos, 2004. O movimento de extensão da coluna lombar (figura 23) ocorre no plano sagital. Os extensores do tronco são os músculos eretores da espinha, que incluem o iliocostal torácico, o longuíssimo dorsal, o espinhal torácico e o iliocostal lombar. Durante esse movimento a vértebra superior desliza posteriormente e o núcleo pulposo do disco intervertebral se desloca anteriormente, tensionando as fibras anteriores do anel fibroso. A amplitude articular de movimento normal vai de 0° a 35° (Hoppenfeld, 1987). 34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 23 – MOVIMENTO DE EXTENSÃO DA COLUNA LOMBAR FONTE: Vasconcelos, 2004. O movimento de Inclinação lateral direita e esquerda da coluna lombar (figura 24) ocorre no plano frontal. Os músculos principais desse movimento são os oblíquos, interno e externo do abdome e o quadrado lombar do lado do movimento. Durante esse movimento a vértebra superior se inclina para o lado da concavidade, o núcleo pulposo se desloca levemente para o lado da convexidade. A amplitude articular de movimento normal vai de 0° a 40° (Hoppenfeld, 1987). FIGURA 24 – MOVIMENTO DE INCLINAÇÃO LATERAL DIREITA E ESQUERDA FONTE: Vasconcelos, 2004. 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O quadro I resume os principais movimentos, amplitudes articulares normais e músculos envolvidos na biomecânica da coluna lombar. Quadro I – Movimentos, amplitudes articulares e músculos da coluna lombar Movimento Descrição Amplitude articular Músculos envolvidos Flexão A vértebra superior desliza anteriormente e o núcleo pulposo se desloca posteriormente 0° a 90° Reto abdominal (principal) Oblíquo interno e externo do abdômen (acessórios) Extensão A vértebra superior desliza posteriormente e o núcleo pulposo se desloca anteriormente 0° a 35° Eretores da espinha (iliocostal torácico, longuíssimo dorsal, espinhal torácico e lombar). Inclinação lateral A vértebra superior se inclina para o lado da concavidade, o núcleo pulposo se desloca para o lado da convexidade 0° a 40° Oblíquo interno e externo do abdome Quadrado lombar do lado do movimento. FONTE: Própria, 2010. 2.2 BIOMECÂNICA DA POSTURA ERETA A postura ereta (em pé) (figura 25) é um posicionamento altamente fatigante, adotado pelos indivíduos em grande parte de sua jornada diária de vida. Se a coluna lombar permanece numa posição estática ereta por um longo período 36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores de tempo, os músculos do tronco começam a sofrer fadiga, a altura do disco intravertebral é reduzida e há uma tendência natural da coluna lombar no sentido da extensão (Hamill e Kuntzen, 1999). FIGURA 25 – POSIÇÃO ERETA FONTE: adaptado de João, 2009. Esse posicionamento impõe sobre os discos intervertebrais lombares uma carga de aproximadamente 60% do peso corporal do indivíduo (figura 26). Na posição ereta, grande parte do peso do corpo incide sobre a junção lombossacra, sendo essa sobrecarga tanto maior quanto mais obeso for o indivíduo. Muitas vezes, o indivíduo de pé exerce uma força com a musculatura dos membros superiores que pode levar ao aumento da pressão intra-abdominal e ao aumento de lesões intradiscais (Valiati, 2009). 37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 26 – PRESSÃO INTRADISCAL NA POSIÇÃO ERETA FONTE: Caillet apud Valiati, 2001. 2.3 BIOMECÂNICA DA POSTURA SENTADA A postura sentada (figura 27) requer menor gasto de energia e impõe menor carga sobre o membro inferior em comparação com a posição em pé. Porém, eleva para 70% a carga de peso do indivíduo sobre a coluna (figura 28). Sentar sem suporte é como ficar em pé, já que ocorre maior atividade na região torácica e pouca atividade nos músculos abdominais e psoas (Hamill e Kuntzen, 1999). 38 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FIGURA 27 – POSIÇÃO SENTADA FONTE: Schafer, 2009. FIGURA 28 – PRESSÃO INTRADISCAL NA POSIÇÃO SENTADA FONTE: Caillet apud Valiati, 2001. A posição sentada produz uma retificação acentuada da lordose lombar e provoca uma tensão nos ligamentos da porção posterior, bem como das fibras posteriores dos discos intervertebrais. Desse modo, o disco, a nível lombar, é deslocado e submetido à deformação. Já na porção anterior, os discos se encontram esmagados e essa compressão pode desencadear efeitos nocivos (Maffat e Vickery, 2002). -----------FIM DO MÓDULO I ----------- Curso de Fisioterapia nas Lombalgias MÓDULO II Atenção: O material deste móduloestá disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Referência Consultada. 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Módulo II As lombalgias SUMÁRIO 1. A dor ................................................................................................................ 03 2. As lombalgias ................................................................................................. 07 2.1 Conceituação geral ................................................................................. 07 2.2 Incidência e prevalência ......................................................................... 07 2.3 Fatores causais ....................................................................................... 08 2.4 Classificação ........................................................................................... 11 2.5 Mecanismos de desencadeamento da lombalgia ................................. 12 2.6 Sintomatologia associada à lombalgia .................................................. 16 2.7 Generalidades sobre disfunções causadores de lombalgias.............. 16 2.7.1 Disfunções mecânicas ................................................................... 16 2.7.2 Hérnia de disco lombar .................................................................. 17 2.7.3 Estreitamento do canal raquidiano ............................................... 21 2.7.4 Doenças reumáticas inflamatórias ................................................ 21 3. Glossário ......................................................................................................... 22 4. Bibliografia consultada .................................................................................. 27 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 1. A dor A dor é uma qualidade sensorial do ser humano com importante papel biológico. É qualificada como sendo uma sensação desagradável associada a um estado específico do corpo, que desencadeia em cada pessoa uma resposta particular. Sua importância se deve ao fato de que a dor sinaliza ao indivíduo que algum estímulo lesivo está atingindo seu organismo (Oliveira, 2009). A interpretação da intensidade e do tipo da sensação dolorosa envolve não apenas aspectos bioquímicos e físicos, mas também os componentes sócio-culturais dos indivíduos e as particularidades do ambiente onde o fenômeno doloroso é experimentado (Guyton e Hall, 2006). A sensação dolorosa é desencadeada pela transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação dolorosa. Os estímulos seguem das fibras nervosas periféricas para o sistema nervoso central. Os receptores dolorosos (nociceptores) são representados por terminações nervosas livres presentes nas fibras nervosas das estruturas superficiais e profundas do sistema tegumentar, parede das vísceras e dos vasos sanguíneos e fibras musculares correspondentes do sistema músculo-esquelético (figura 01) (Guyton e Hall, 2006). Figura 01 – Receptores da dor (terminações nervosas livres) Fonte: Stanford, 2009. 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores A atividade dos nociceptores é mediada pela ação de substâncias químicas denominadas algiogênicas. Entre elas estão: a acetilcolina, a prostaglandina, a histamina, o leucotrieno, a serotonina e a bradicinina. Essas substâncias, liberadas no interior dos mastócitos e de outros leucócitos, vasos sangüíneos e células traumatizadas, são responsáveis pela hiperalgesia termomecânica primária, e pela vasodilatação observada em lesões traumáticas, inflamatórias e isquêmicas (Silveira Jr, 2009). Os nociceptores transmitem as mensagens lesivas sob a forma de impulsos elétricos ao longo dos nervos até a medula espinhal e, em seguida, ao cérebro. Essa transmissão da medula espinhal para as estruturas encefálicas é realizada mediante sistemas neuronais que compõem o trato espinotalâmico (MSD, 2009) (figura 02). Figura 02 – Vias de condução da dor Fonte: Freudenrich, 2009. 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores De acordo com suas características principais, a dor pode ser classificada em aguda, crônica ou recorrente (Silveira Jr, 2009): Dor aguda: tem duração relativamente curta, de minutos a algumas semanas e decorre de lesões teciduais ou processos inflamatórios. Sua percepção atua como um sinal que induz o indivíduo a realizar atitudes que o afastam da dor. Manifesta-se no início de alguma doença ou durante a fase de agravamento de doenças crônicas acompanhada de alterações neurovegetativas. Dor crônica: dor que persiste além do tempo previsto para cura de uma lesão, representando a perpetuação da dor aguda. Não é acompanhada por alterações neurovegetativas pela adaptação dos sistemas envolvidos. A dor crônica não tem função biológica de alerta sendo desgastante e gerando stress físico e emocional. Dor recorrente: apresenta períodos de curta duração que, no entanto, se repetem com freqüência, podendo ocorrer durante toda a vida do indivíduo, mesmo sem estar associada a um processo específico. Um exemplo clássico deste tipo de dor é a enxaqueca. Em relação à fonte de origem da dor, podemos classificá-la em (Costa, 2009): Dor somática: ocorre quando os estímulos que desencadeiam a sensação de dor provêm da periferia do corpo (pele, músculos, periósteo, articulações) ou de tecidos de suporte do organismo. Dor visceral: ocorre quando os estímulos que desencadeiam a sensação de dor provêm das vísceras. É causada quase unicamente por distensão ou estiramento dos órgãos internos. 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Quanto ao local onde é sentida, a dor pode ser classificada em (Costa, 2009): Dor localizada: ocorre no local da lesão que está gerando o estímulo doloroso. Dor irradiada: dor superficial e profunda que ocorre em conseqüência da irritação direta de um nervo sensitivo ou misto. É sentida exatamente no território correspondente à raiz nervosa estimulada, como ocorre nas ciatalgias. Dor referida: projeção na superfície de uma dor visceral. Em relação ao caráter da dor, podemos classificá-la em (Costa, 2009): Dor em cólica: sensação de torcedura (ex: cólica menstrual). Dor em pontada: lembra a sensação desencadeada por um objeto pontiagudo (ex: dor pleurítica). Dor em queimação: lembra a sensação decorrente da estimulação por calor intenso (ex: dor da esofagite). Dor pulsátil: sua característica fundamental é ser pulsante (ex: enxaqueca). Dor surda: dor contínua e imprecisa, sem grande intensidade (ex: dor lombar). Dor constritiva: sensação de aperto ou constrição (ex: dor da angina). 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa.Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 2. As lombalgias São consideradas lombalgias as condições de dor localizada na região lombar (Meirelles, 2000). A lombalgia se constitui em uma grande causa de morbidade e incapacidade, sendo apenas superada pela cefaléia, na escala de distúrbios dolorosos que afetam o homem, custando ao mundo bilhões de dólares anuais em dias perdidos de trabalho, seguros e tratamentos de saúde (Cecin, 2000). 2.1 Conceituação geral A lombalgia pode ser conceituada como uma dor de característica mecânica, localizada entre a parte mais baixa do dorso (última costela) e a prega glútea, que aparece após força física excessiva em estruturas normais ou após ação de força física normal em estruturas lesadas. A lombociatalgia surge quando esta dor se irradia para as nádegas e um ou ambos os membros inferiores. A ciatalgia ou ciática é a dor originada na raiz da coxa, uni ou bilateralmente, ultrapassando o joelho, dependo da raiz nervosa acometida (Freire, 2004). 2.2 Incidência e prevalência A dor lombar apresenta alta prevalência. Cerca de 70% da população apresenta pelo menos um episódio de lombalgia durante a vida, na maioria das nações industrializadas. A população economicamente ativa é a faixa de maior incidência dessa patologia, que se tornou a primeira causa de afastamento do trabalho entre os segurados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e a segunda causa mundial de procura por serviços médicos (Antônio, 2002). Estudos atuais indicam que há uma correlação positiva entre o aparecimento das lombalgias e fatores de risco como o sedentarismo, o carregamento incorreto de pesos ou o levantamento de cargas excessivas, hábitos posturais inadequados e obesidade (Freire, 2004). 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 2.3 Fatores causais As dores lombares, em geral, possuem mais de um fator desencadeador. Como já foi dito anteriormente, inúmeras circunstâncias contribuem para o desencadeamento e a cronificação das síndromes dolorosas lombares como: insatisfação laboral, obesidade, realização de trabalhos pesados, sedentarismo, síndromes depressivas e hábitos posturais. Condições emocionais podem levar à dor lombar ou agravar as queixas resultantes de outras causas orgânicas preexistentes (Cecin, 2000). Em muitos casos de lombalgias, não é possível determinar com precisão a causa específica da dor, apesar do avanço dos métodos diagnósticos e de imagem O quadro I resume a distribuição aproximada das causas de lombalgias (Meirelles, 2000). Quadro I - Distribuição aproximada das causas de lombalgias Causas de dor lombar Distribuição percentual do total de lombalgias Disfunções degenerativas 45% Disfunções mecânicas 25% Desordens metabólicas 10% Transtornos miofasciais 10% Patologias inflamatórias 4% Causas viscerais 4% Causas infecciosas e neoplásicas 1% Outras causas 5% Fonte: adaptado de Meirelles, 2000. De acordo com o sexo, há uma prevalência específica de dor lombar causada por um tipo de fator desencadeador específico. Há um predomínio de dor lombar no sexo masculino decorrentes de espondiloartropatias, osteomielite, neoplasia, doença de Paget e desordens mecânicas profissionais. O predomínio é feminino para lombalgias decorrentes de fibromialgias e disfunções miofasciais, osteoporose e disfunções paratireoideanas. A prevalência é igual para ambos os sexos nas doenças infecciosas da coluna lombar (Antônio, 2002). 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores O quadro II resume as principais causas de lombalgias: Quadro II – Fatores causais da lombalgia Causas mecânicas e estruturais Entorse ou distensão lombossacra Alterações discais (hérnia de disco/discopatias) Causas degenerativas Osteoporose Síndrome de compressão medular ou radicular Síndrome do desfiladeiro cervical Arteriosclerose pélvica Síndrome da cauda eqüina Causas posturais Escoliose idiopática Hiperlordose lombar Sobrecargas posturais gestacionais Causas reumáticas Artrite reumatóide Espondilite anquilosante Psoríase Causas traumáticas Fraturas Luxações e contusões Causas congênitas Vértebras de transição lombar Spina bífida Fusões vertebrais Assimetrias ou agenesias articulares Estenose de canal vertebral Espondilólise ou espondilolistese Cifose de Scheuermann Doença de Paget Causas infecciosas Osteomielite Tuberculose Brucelose Síndrome de Grizel Infecção por fungos 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Causas viscerais Vasculares (aneurisma da aorta abdominal/obstruções vasculares) Genitourinárias (endometriose, gravidez tubária, cálculos renais, pielonefrite, nefrolitíase, prostatite, doença inflamatória intrapélvica, dismenorréia, prolapso ou retroversão uterina) Gatrointestinais (pancreatite, úlceras pépticas) Causas neoplásicas Osteoma e osteoblastoma Tumores primários de ossos e tecidos moles Tumores primários de cauda eqüina, medula e canal medular Tumores metastáticos de mama, próstata, pulmão, rim, tireóide e intestino Leucemias e linfomas Doenças metabólicas Hiperparatireoidismo Hipercortisonismo Diabetes Disfunções psicossociais Ansiedade crônica Estados depressivos Causas miofasciais Fibromialgia Dor miofascial e pontos gatilho no glúteo médio, quadrado lombar, piriforme Desequilíbrios musculares Fonte: Própria baseada em Meirelles, 2000. 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 2.4 Classificação As lombalgias e lombociatalgias são classificadas em (Antonio, 2002): Primárias: quando não há fatores de risco ou doenças adjacentes. A maioria dos casos deste grupo é de origem inespecífica e freqüentemente atribuída a fatores mecânicos. Forma anatomoclínica inicial de apresentação e a mais prevalente das causas de natureza mecânico-degenerativa. Secundárias: apresentam-se em pacientes com fatores de risco (idade de início acima de cinqüenta anos, história prévia de câncer, sintomas de doenças sistêmicas, ciatalgias ou danos neurológicos). As ciáticas ocorrem em cerca de 3% dos pacientes com lombalgia. Em relação ao tempo de duração, as lombalgias podem ser classificadas em (Freire, 2004): Aguda: duração de até sete dias. Normalmente tem início súbito e a dor é de alta intensidade, chegando em alguns casos a ser incapacitante, impedindo o indivíduo de realizar suas atividades rotineiras. Subaguda: de sete dias até três meses. Durante esse período podem haver períodos de remissão e retorno da dor. Crônica: quando os sintomas duram mais de três meses. Nos casos de lombalgia crônica a dor normalmente é de intensidade leve ou moderada, porém agravada aos esforços, o que dificulta as atividades laborativas dos portadores. 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 2.5 Mecanismos de desencadeamento da lombalgia Devido à complexidade das estruturas presentes naregião lombar, muitas vezes é difícil precisar exatamente a causa da lombalgia. A dor lombar pode ter origem no disco intervertebral, no corpo vertebral, nas facetas articulares ou nos músculos lombares. Cada um dos possíveis locais de origem da dor tem características específicas que oferecem várias explicações (Freire, 2004). O disco intervertebral é o local mais comum de dor lombar (figura 03). A degeneração discal inicia-se após a segunda década de vida e parece ser um fenômeno inevitável característico do envelhecimento intrínseco. Leva à diminuição do espaço discal, formação de osteófitos vertebrais com sobrecarga secundária nas articulações facetárias. A sobrecarga nas articulações facetárias resulta em desgaste da cartilagem articular, formação de osteófitos, hipertrofia cápsulo-ligamentar e instabilidade. Durante a ocorrência desses eventos pode haver aparecimento de sintomas decorrentes da inflamação das estruturas degeneradas ou da compressão nervosa (Leal, 2009). Figura 03 – Alterações diversas nos discos articulares Fonte: PRO TRAUMA, 2010. 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores As facetas articulares são o segundo local mais freqüente da dor lombar crônica. Alterações como hipertrofia sinovial e capsular, formação de tecidos cicatriciais, desgaste articular facetário e esclerose do osso adjacente podem gerar inflamação e dor. Essas alterações podem também estreitar o canal vertebral e o forâmen intervertebral, resultando em compressão nervosa. Nos níveis da coluna lombar, a progressão da degeneração pode resultar em instabilidade, com deslizamento de uma vértebra sobre outra. Esse fenômeno é mais comum em L3-L4 e principalmente L4-L5. Quando o deslizamento ocorre anteriormente, essa condição é conhecida como espondilolistese degenerativa (Leal, 2009). Os músculos lombares podem ser locais de origem da dor lombar. Quando ocorre uma hiperatividade do sistema nervoso simpático, como ocorre, por exemplo, na ansiedade crônica, os fusos musculares entram em espasmos, podendo resultar em tensão muscular e no aparecimento de nódulos que desencadeiam a dor ao serem estimulados. Em pessoas com distúrbios emocionais, são comuns dores musculares de múltiplas localizações e nódulos reativos (Leal, 2009). Como dito anteriormente, as lombalgias também podem ser desencadeadas por causas extrínsecas à coluna, por sobrecarga excessiva ou por disfunções posturais. Cita-se agora os principais mecanismos desencadeadores das dores lombares por estes fatores causais: Entre as causas de lombalgias extrínsecas à coluna lombar estão (Leal, 2009): Doenças gastrointestinais, gênito-urinárias e vasculares, freqüentemente iniciam-se com dor lombar. Os mecanismos são desconhecidos, mas podem estar relacionados à proximidade anatômica, inervação compartilhada ou origem embrionária comum. Doenças metabólicas como a diabetes mellitus podem afetar a coluna de diversas formas. A degeneração discal na diabetes é mais rápida, a nutrição do disco é pior e há maior incidência de espondilolistese, possivelmente relacionada à diminuição da integridade dos tecidos dos discos, das 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores articulações facetárias e dos tecidos periarticulares. Além disso, o paciente diabético ainda pode apresentar sintomas concomitantes da neuropatia periférica metabólica que pode simular uma radiculopatia compressiva. Os fatores psicossomáticos também desempenham um papel relevante no desencadeamento da dor lombar. Em estados crônicos de dor, o sistema nervoso central cria um circuito de padrão gerador que mantém a dor mesmo na ausência de um estímulo lesivo. A persistência desse circuito é influenciada pelas emoções. Muitos pacientes referem aparecimento ou agravamento da dor em períodos de instabilidade emocional, havendo associação de dor crônica com depressão, ansiedade e alcoolismo. A sobrecarga excessiva de peso pode afetar a coluna lombar de três modos básicos (Valiati, 2001): Esforço anormal em uma coluna normal: uma coluna normal é capaz de suportar um peso sobreposto durante um certo período de tempo. Porém, se o objeto que a pessoa deve segurar é pesado demais, a contração muscular pode ser insuficiente. Segurar um peso razoável a uma distância razoável do corpo, por um tempo demasiadamente longo, também causará fadiga ou exaustão. Esforço normal numa coluna anormal: um esforço normal em uma coluna alterada pode gerar efeitos lesivos, uma vez que as estruturas ósseas e cartilaginosas não estão preparadas para suportar nenhum tipo de sobrecarga, muitas vezes nem mesmo a movimentação em amplitude de movimento normal sem carga adicional. Esforço normal numa coluna normal, porém despreparada para este esforço: o terceiro conceito de disfunção mecânica que pode causar lombalgia é o esforço normal imposto a uma coluna normal, mas em um momento em que esta não está preparada para suportá-lo. Um movimento 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores súbito brusco pode exceder a amplitude movimento normal da articulação, resultando em lesão articular e de tecidos. Uma força muscular superior à necessária será usada pela pessoa impaciente para terminar uma tarefa ou que está distraída ou desatenta às exigências da tarefa. Estas pessoas se curvam rapidamente para terminar o que tem a fazer, sem dar aos músculos tempo de se preparar. São fatores de esforços excessivos causadores de lombalgias (Freire, 2004): Manuseio, levantamento e carregamento de cargas excessivamente pesadas. Manuseio de cargas que, embora não sejam tão pesadas, estão em posição biomecanicamente desfavorável. Manutenção de posturas incorretas durante o dia, com o conseqüente tensionamento da musculatura e dor, além da possibilidade de ocorrência de lesões em longo prazo dos discos da coluna. Efeitos diretos da vibração de todo o corpo sobre o indivíduo em atividades laborativas como o trabalho em tratores, por exemplo. A principal alteração postural desencadeadora de dores lombares é a entorse lombossacra. Sua fisiopatologia é explicada pêlos desvios da atitude postural ereta, causando alterações em estruturas ligamentares e articulares, responsáveis pelos quadros dolorosos. Esses defeitos podem acarretar: hiperlordose lombar, curvas de compensação, contraturas dos paravertebrais e limitação dos movimentos da coluna lombar (Freire, 2004). 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 2.6 Sintomatologia associada à lombalgia Pacientes com lombalgia podem referir outros sintomas que auxiliam o diagnóstico diferencial das dores lombares. Cita-se (Cecin, 2000): Dor em áreas adjacentes à coluna lombar como nádegas, pernas e pés Dor na região torácica da coluna vertebral Alterações de sensibilidade Diminuição da força muscular Limitação da amplitude de movimento Dor à movimentação ativa ou aos esforços de tossir ou defecar Alteração dos arcos reflexos Claudicação Disfunção vesical Ansiedade e depressão 2.7 Generalidades sobre as principais disfunções causadores de lombalgias 2.7.1 Disfunções mecânicasAs disfunções mecânicas constituem a forma mais comum de lombalgias. Neste tipo de alteração normalmente o quadro de dor é desencadeado por desequilíbrios musculares e há hipertonia e espasmos musculares presentes (Antônio, 2002). Geralmente a dor fica limitada a região lombar, raramente se irradiando para as coxas. Pode se manifestar subitamente pela manhã, quando o paciente levanta-se da cama, dando a sensação de que a coluna “saiu do lugar” ou surgir após movimentos bruscos da coluna, sobretudo em flexão (Cecin, 2000). O episódio doloroso é agudo e dura entre cinco e sete dias. Após esse período, os sintomas desaparecem. Em alguns casos, as crises se repetem em períodos de tempos alternados e quando os fatores precipitantes persistem a lombalgia pode tornar-se crônica (Cecin, 2000). 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 2.7.2 Hérnia de disco lombar A hérnia discal (figura 04) é o processo de protusão do núcleo do disco intervertebral através de rupturas em suas fibras. Pode causar compressão das raízes nervosas no canal vertebral ou gerar processos inflamatórios com alto poder lesivo às estruturas nervosas. A hérnia de disco surge como resultado de diversos pequenos traumas na coluna que lesam progressivamente as estruturas do disco intervertebral, ou pode acontecer como conseqüência de um único trauma maior (Freire, 2004). Figura 04 – Hérnia de disco lombar Fonte: Lhamby, 2009. Há várias situações que, isoladas ou associadas, podem favorecer o surgimento da hérnia discal: movimentos repetitivos inadequados (levantamento de peso, alterações posturais), traumatismos (esforço exagerado, movimentos bruscos ou acidentes que atingem a coluna), excesso de peso, sedentarismo, ansiedade (Cecin, 2000). O quadro sintomático da hérnia de disco é uma forte dor aguda na coluna lombar, que pode irradiar em direção à perna e pés. Além da dor, o paciente pode se queixar de formigamento e redução da força na perna afetada. A coluna pode ficar rígida, a curva lordótica lombar normal pode desaparecer, o espasmo muscular pode ser proeminente e a dor exarcerbar-se na extensão da coluna e ser aliviada em flexão lenta. A parestesia e a perda sensorial com fraqueza motora e a diminuição de reflexos são evidências de distúrbios neurológicos causados pela hérnia discal. Pode haver dor durante a palpação 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores sobre o nervo femoral na virilha ou sobre o nervo ciático na panturrilha, coxa ou glúteos (Freire, 2004). As hérnias discais lombares mais freqüentes estão localizadas entre a quarta e a quinta vértebra lombar (L4/L5) e a quinta vértebra lombar e a primeira sacra (L5/S1) que são os pontos de maior estresse e mobilidade da coluna vertebral. Pode haver irradiação para os dermátomos correspondentes às raízes nervosas afetadas (ciatalgia) (figura 05) (Freire, 2004). Figura 05 – Raízes nervosas da região lombar Fonte: Sena, 2009. 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores A partir da ruptura do disco intervertebral, a coluna passa a ter uma instabilidade segmentar progressiva. Com o rompimento da estrutura discal, o disco tende a extruir do espaço intervertebral ou pode perder o seu poder de retenção hídrica gerando um processo de desidratação progressiva. Este processo reduz a estrutura discal, ocasionando uma maior aproximação entre os corpos vertebrais adjacentes. Este mecanismo de pinçamento discal determina a formação do disco doloroso, que ocasiona crises álgicas lombares periódicas (Freire, 2004). Com o pinçamento discal estabelece-se uma desestruturação completa das vértebras e uma degeneração progressiva de todos os elementos que a cercam. A reação de defesa a este fenômeno de desmoronamento da coluna vertebral é realizada através da formação de osteófitos, que têm a finalidade de aumentar a base de sustentação vertebral, visando à melhor estabilidade do segmento lesado. As dores, que se manifestam periodicamente, são decorrentes dos processos inflamatórios cíclicos concernentes à evolução do dano vertebral (Cecin, 2000). Cada crise de dor gera uma contratura da musculatura paravertebral, cujo objetivo é imobilizar o segmento lesado. As contraturas musculares podem ser ofensivas (desenvolvem-se a partir da lesão discal instalada e a sua repetição é danosa à coluna lombar) ou defensivas (ocorrem durante os movimentos vertebrais para proteção das estruturas da coluna) (Freire, 2004). Após se estabelecer uma lesão numa das curvas da coluna vertebral, as outras, conseqüentemente, mudam a sua posição do eixo. Isto ocorre porque há uma relação íntima entre os segmentos da coluna. Se houver o desenvolvimento de uma hiperlordose lombar, acarretará num aumento da cifose dorsal e na retificação da coluna cervical (Freire, 2004). Os principais tipos de hérnia de disco são (Sena, 2009): Hérnia de disco protusa: neste tipo de hérnia há envolvimento apenas do anel fibroso, que migra posteriormente, ocasiona compressão e dor. Geralmente o tratamento é conservador com antiinflamatórios, relaxantes musculares, eventualmente colete lombossacral e fisioterapia (figura 06). 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Figura 06 – Hérnia de disco protusa Fonte: ITC, 2009. Hérnia de disco extrusa: neste tipo de hérnia há envolvimento do anel fibroso e núcleo pulposo, que migram posteriormente, ocasionando uma compressão intensa, provocando dor mais epicrítica e em maior tempo. Neste tipo de hérnia o tratamento é geralmente conservador com antiinflamatórios, relaxantes musculares, colete lombossacral e fisioterapia (figura 07). Figura 07 – Hérnia de disco extrusa Fonte: ITC, 2009. Hérnia de disco seqüestrada: neste outro tipo há um rompimento deste disco e este material rompido, migra para dentro do canal medular, que além da compressão provoca inflamação importante e compressão contínua. O paciente apresenta posição antálgica inclinando a coluna vertebral. Neste caso a melhora só é possível com uma intervenção cirúrgica. Representam a minoria das hérnias (figura 08). 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Figura 08 – Hérnia de disco seqüestrada Fonte: ITC, 2009. 2.7.3 Estreitamento do canal raquidiano O estreitamento do canal raquidiano leva a isquemia radicular e ao aumento da pressão do líquido cefalorraquidiano, que não flui normalmente pela cauda eqüina. O quadro clínico é de dor lombar, às vezes noturna, ciatalgia de intensidade moderada que melhora ao sentar. Acompanha-se usualmente por dor na panturrilha e claudicação. 2.7.4 Doenças reumáticas inflamatórias As doenças reumáticas inflamatórias como as espondilites anquilosantes, sacroileítes, artrites psoriáticas, entre outras, podem causar dores lombares com características peculiares: normalmente são exacerbadas no período matinal, persistindo por até três horas após o indivíduo se levantar. À tarde, o paciente está completamente normal. O paciente pode referir dor nos calcanhares, dor esternal e poliartrite.A dor não ultrapassa o joelho e alterna-se entre os membros inferiores (um dia em uma coxa, outro em outra) (Cecin, 2000). 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores 3. Glossário Agenesia: ausência completa de um órgão ou estrutura orgânica. Aneurisma: dilatação localizada e permanente da parede arterial maior do que 50% do seu diâmetro normal. Angina: dor ou desconforto no peito. Arco reflexo: reação involuntária rápida, consciente ou não, que visa uma proteção ou adaptação do organismo. Arterioesclerose: processo degenerativo do qual resulta o endurecimento e espessamento da parede das artérias. Artrite psoriática: artrite inflamatória, geralmente soronegativa para o fator reumatóide, associada à psoríase cutânea. Artrite reumatóide: doença crônica de causa desconhecida cuja característica principal é a inflamação articular persistente. Brucelose: doença infecciosa causada pelas bactérias do gênero Brucella que é principalmente transmitida entre animais. Em humanos pode causar sintomas similares ao da gripe. Pode também ocorrer infecção grave no sistema nervoso central ou no revestimento do coração. Também pode ocasionar sintomas crônicos que incluem febre recorrente, dor nas articulações e fadiga. Cálculo renal: formações endurecidas nos rins ou nas vias urinárias, resultantes do acúmulo de cristais existentes na urina. Sua presença pode passar despercebida, sem sintomas, mas pode também provocar dor em cólicas muito forte que começa nas costas e se irradia para o abdômen em direção da região inguinal. 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Cefaléia: termo médico que designa a dor de cabeça. É um dos sintomas mais comuns na medicina, é uma das queixas mais freqüentes de consultas a clínicos, e também um dos motivos mais comuns de falta ao trabalho. Cifose de Scheuermann: cifose de ordem juvenil, arqueada para frente e fixa por uma deformidade espondilar segmentada em cunha, com início na puberdade. Claudicação: sensação de cãibra nas pernas que se torna presente durante exercícios ou caminhadas. Contusão: batida em uma estrutura orgânica, sem fraturas. Disfunção vesical: alteração no mecanismo de continência urinária. Dismenorréia: cólica menstrual. Doença de Paget: distúrbio crônico do esqueleto, no qual áreas de ossos apresentam um crescimento anormal, aumentam de tamanho e tornam-se mais frágeis. Doença inflamatória intrapélvica: conjunto de doenças inflamatórias do trato genital feminino superior. Endometriose: doença caracterizada pela presença de tecido endometrial (tecido que reveste o útero internamente) fora da cavidade uterina. Enxaqueca: tipo especial de dor, que afeta apenas uma área limitada da cabeça. Em geral, é acompanhada de outros sintomas, como vômitos ou perturbações da visão. Escoliose: desvio da coluna vertebral para a esquerda ou direita, resultando em um formato de "S". É um desvio da coluna no plano frontal acompanhado de uma rotação e de uma gibosidade (corresponde a uma latero-flexão vertebral). 24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Esofagite: inflamação da mucosa esofágica causada, na maioria das vezes, por refluxo de conteúdo gástrico. Espasmo muscular: resposta motora involuntária que pode estimular os receptores de dor constantemente e causar isquemia local; portanto, o espasmo tem sido associado a uma possível causa da dor muscular tardia. Espondilite anquilosante: tipo de inflamação que afeta os tecidos conectivos, caracterizando-se pela inflamação das articulações da coluna. Espondiloartropatias: grupo de doenças que guardam certos aspectos em comum, como características epidemiológicas, patogenéticas, clínicas e patológicas. As entidades que compõem este grupo de doenças incluem a espondilite anquilosante, a síndrome de Reiter, a doença de Behcet, a artrite de Marie-Strumpell, a espondilite reumatóide, a artrite psoriásica, as enteroartropatias e as artrites reativas pós-infecciosas. São caracterizadas pelo envolvimento das articulações sacroilíacas, pelo desenvolvimento de artropatias inflamatórias periféricas e pesquisa de fator reumatóide negativo. Espondilólise: defeito anatômico que provoca a descontinuidade dos pares interarticulares, podendo ser unilateral ou bilateral e estar associada ou não a espondilolistese, apresentando graus variados de separação. Espondilolistese: deslizamento ou deslocamento anterior ou posterior de uma vértebra em relação à outra. Estenose: estreitamento do canal vertebral. Fibromialgia: síndrome dolorosa não-inflamatória, caracterizada por dores musculares difusas, fadiga, cansaço e dor em pontos dolorosos específicos sob pressão (pontos no corpo com sensibilidade aumentada ou tender-points). 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Gravidez tubária: gravidez que ocorre na cavidade tubária. Hipercortisonismo: aumento dos níveis de cortisona no organismo. Hiperlordose: aumento anormal da curvatura lordótica. Hipertonia muscular: aumento anormal do tónus muscular e da redução da sua capacidade de estiramento. Leucemia: doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos) de origem, na maioria das vezes, não conhecida. Linfoma: forma de câncer que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático. Luxação: deslocamento repentino e duradouro, parcial ou completo de um ou mais ossos de uma articulação. Nefrolitíase: condição na qual um ou mais cálculos estão presentes na pélvis ou nos cálices do rim ou na ureter. Neoplasia: crescimento celular descontrolado sem demanda fisiológica. Osteoblastoma: tipo de tumor ósseo. Osteoma: tipo de tumor ósseo. Osteomielite: inflamação da medula óssea e do tecido ósseo circundante devido à infecção. Osteoporose: redução de massa óssea sem alteração da composição do osso, podendo levar a fraturas patológicas. 26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Pancreatite: inflamação do pâncreas. Parestesia: alteração na sensibilidade de determinado local. Periósteo: membrana fibrosa que envolve a superfície externa dos ossos. Pielonefrite: infecção das vias urinárias superiores. Prostatite: inflamação das próstatas. Psoríase: doença inflamatória da pele, benigna e de caráter crônico. Sacroileíte: inflamação da articulação sacroiíaca. Sedentarismo: inatividade física. Síndrome de Grizel: subluxaçäo rotatória da articulaçäo atlantoaxial. Sistema nervoso central: conjunto do encéfalo e da medula espinhal dos vertebrados. Sistema tegumentar: pele, hipoderme e anexos cutâneos. Spina bífida: malformação congênita provocada por um fechamento incompleto do tubo neural embrionário. Tuberculose: doença grave, transmitida pelo ar, que pode atingir todos os órgãos do corpo, em especial nos pulmões. O microorganismo causador da doença é o bacilo de Koch, cientificamente chamado Mycobacterium tuberculosis. Vísceras: órgãos internos do corpo que contêm espaços que podem servir para digestão, respiração, armazenamento de excretas ou
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