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Aula 05 Direito Tributário para Concurso SEFAZ

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CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 
1 
www.pontodosconcursos.com.br 
Aula 5 – Crédito tributário: lançamento: efeitos e modalidades.
Suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. 
Olá, chegamos à nossa aula 5. 
A aula de hoje extensa, pois abrange grande parte do conteúdo
de direito tributário. 
O sumário da parte de teoria resumida de hoje é o seguinte: 
1. Conceito de crédito tributário: 1.1 Estágios da relação
jurídico-tributária; 1.2 Autonomia da obrigação tributária; 
1.3 Legalidade e responsabilidade funcional do agente fiscal; 
1.4 Existência de crédito tributário antes do fato gerador? 
2. Lançamento tributário: 2.1 Conceito; 2.2 Finalidades; 2.3
Natureza jurídica; 2.4 Efeitos; 2.5 Competência e declaração
débitos pelo contribuinte; 2.6 Demais características; 2.7
Aplicação temporal da taxa de câmbio; 2.8 Lei aplicada ao
objeto do lançamento (material/substantiva) e lei aplicável a
atividade de lançamento (formal/adjetiva); 2.9 Revisão e
princípio da imutabilidade do lançamento; 2.10 Princípio da
inalterabilidade dos critérios jurídicos, princípio da confiança
e distinções entre erro de direito e erro de fato; 2.11
Modalidades de lançamento: 2.11.1 Lançamento de ofício,
direto, ex officio ou unilateral: 2.11.1.1 Arbitramento da
base de cálculo e pauta fiscal do ICMS; 2.11.2 Lançamento
misto ou “por declaração” 2.11.3 Lançamento por
homologação ou “autolançamento”. 
3. Teoria geral da suspensão, extinção e exclusão do crédito
tributário. 
4. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário: 4.1
Moratória; 4.2 Depósito do montante integral do crédito
tributário; 4.3 As reclamações e os recursos
administrativos; 4.4 A concessão de medida liminar em
mandado de segurança e a concessão de medida liminar ou
de tutela antecipada em outras ações judiciais; 4.5 O
parcelamento. 
5. Extinção do crédito tributário: 5.1 Pagamento: 5.1.1
Juros de mora, multa de mora e correção monetária e
consulta tributária; 5.1.2 Imputação de pagamento; 5.1.3
Consignação em pagamento; 5.2 Compensação; 5.3
Transação; 5.4 Remissão; 5.5 Conversão do depósito em
renda; 5.6 Decisão administrativa irreformável; 5.7 Decisão
judicial passada em julgado; 5.8 Dação em pagamento de 
 
 
 
 
 
 
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bens imóveis; 5.9 Pagamento antecipado e homologação do
pagamento; 5.10 Decadência e prescrição: 5.10.1
Decadência ou prazos para o lançamento tributário: 
5.10.1.1 Gráfico esquemático; 5.10.2 Prescrição: 5.10.2.1
Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas; 5.10.2.2
Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/80); 5.10.2.3 Inexistência
da prescrição intercorrente no processo administrativo; 
5.10.2.4 Gráfico esquemático. 
6. Introdução a exclusão do crédito tributário: 6.1 Isenção: 
6.1.1 Classificações: 6.1.1.1 Isenções objetivas e isenções
subjetivas; 6.1.1.2 Isenções em caráter geral e isenções em
caráter específico; 6.1.1.3 Isenções onerosas e isenções
simples; 6.1.1.4 Isenções por prazo indeterminado e
isenções por prazo determinado; 6.1.1.5 Isenções amplas e
isenções restritas; 6.1.1.6 Isenções autônomas e isenções
heterônomas; 6.1.2 Fonte; 6.1.3 Extensão e revogação; 
6.2 Anistia. 
Então, vamos lá. 
1. NATUREZA JURÍDICA, CONCEITO, FORMA DE
CONSTITUIÇÃO, FUNÇÃO E EFEITOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
O crédito tributário decorre da obrigação tributária
principal e tem a mesma natureza desta (art. 139, do CTN). Isto
é, o credito tributário se origina da existência do tributo ou da multa
fiscal e tem natureza tributária idêntica a da obrigação tributária
principal. 
Nesse rumo, o crédito tributário representa o momento da
exigibilidade da relação tributária, tendo seu nascimento com a
ocorrência lançamento tributário, nos termos do art.142 do CTN. 
Entretanto, registramos desde já que existem duas hipóteses já
reconhecidas na jurisprudência do STJ e do STF que constituem o
crédito tributário ou que acarretam o nascimento ao crédito
tributário, sem a necessidade de lançamento, que são: 
• A constituição do crédito tributário pelo particular com entrega
de declarações tributárias, tais como a Declaração de 
Contribuições de Tributos Federais (DCTF) ou a Guia de
Informação e Apuração do ICMS (GIA); 
• A constituição do crédito tributário por ato judicial no que
concerne às contribuições previdenciárias na Justiça do 
 
 
 
 
 
 
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Trabalho decorrentes das sentenças condenatórias em pecúnia
que proferir e aos valores objeto de acordo homologado que
integrem o salário de contribuição (informativo 519 do STF). 
Assim sendo, nos termos enunciados no CTN, podemos
conceituar o crédito tributário como uma obrigação tributária
lançada ou uma obrigação tributária exigível, sendo o
lançamento o instrumento que confere a exigibilidade à obrigação
tributária, qualificando-a (identificação do que se deve: “an
debeatur”) e quantificando-a (aferição do quanto se deve: “quantum
debeatur”). 
Hipótese
de
incidência
ou 
Fato
gerador
in
abstrato 
Fato
imponível
ou
Fato 
gerador
in 
concreto 
Obrigação
tributária 
Lançamento Crédito
Tributário 
Crédito Tributário
Lançamento
Obrigação 
tributária
Fato
imponível 
ou
Hipótese 
de
incidência 
ou
Fato
gerador
in 
abstrato 
Fato gerador
in concreto
Obrigação
tributária 
Lançamento
Crédito tributário 
 
 
 
 
 
 
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1.1 ESTÁGIOS DA RELAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA 
Nesse rumo, o lançamento tributário transforma a obrigação
tributária antes ilíquida em líquida e certa que passa a ser
denominada de crédito tributário. Isto significa que o crédito
tributário é a obrigação tributária em um renovado momento após o
lançamento tributário. 
É a partir do lançamento tributário que se pode falar em
exigibilidade da obrigação tributária principal ou acessória pela
autoridade fiscal. 
Deste modo, a autoridade fiscal não pode exigir a obrigação
tributária com a simples ocorrência do fato gerador, pois se
compreende que apenas com a formalização da dívida tributária
através do lançamento é que esta se torna líquida, certa e exigível,
podendo o Fisco exigir o cumprimento da obrigação tributária. 
Por exigibilidade no direito tributário se entende que o Fisco
pode cobrar o crédito tributário do sujeito passivo (contribuinte ou
responsável tributário), exigindo-se o cumprimento da obrigação
tributária. A exigibilidade significa, em outras palavras, tornar
passível de cobrança. Na interpretação do CTN, o termo exigibilidade
está umbilicalmente ligado ao lançamento tributário. 
Por exemplo, a obrigação tributária acessória, pelo simples fato
de sua inobservância, converte-se em obrigação tributária principal
relativamente à multa. E para se exigir tal multa é necessário o
lançamento tributário (auto de infração), segundo o art. 142 do CTN,
pois, se o contribuinte cumpre com a obrigação acessória, não há
exigibilidade pela autoridade fiscal, mas sim obrigatoriedade de
cumprir com um dever instrumental. 
Neste sentido, podemos simplificar a relação tributária nas
seguintes fases: 
• Obrigação tributário existente que corresponde à lei mais o
fato gerador in concreto; 
• Crédito tributário exigível que é considerado à lei mais fato
gerador in concreto mais lançamento; 
• Crédito tributário exequível ou executável que é igual à lei
mais fato gerador in concreto mais lançamento mais inscrição
em dívida ativa. 
 
 
 
 
 
 
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Neste sentido, visualizamos os estágios da relação tributária
com seguinte esquema: 
Relação Jurídico-Tributária 
Obrigação tributário existente = lei+ fato gerador in concreto
Crédito tributário exigível = lei + fato gerador in concreto +
lançamento 
Crédito tributário exequível ou executável = lei + fato gerador
in concreto + lançamento + inscrição em dívida ativa. 
1.2 AUTONOMIA DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
No direito tributário, diferentemente do direito civil, a obrigação
do devedor (sujeito passivo) não surge simultaneamente com o
direito de crédito do credor (sujeito ativo), pois a obrigação
tributária surge com a ocorrência do fato gerador e o crédito
tributário se constitui com o lançamento tributário,
evidenciando-se que há obrigação tributária antes do lançamento e
independentemente dele. 
Deste modo, a autonomia entre obrigação e crédito tributário
fica clara quando se estabelece que as circunstâncias que modificam
o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou
os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não
afetam a obrigação tributária que lhe deu origem (art. 140, do CTN). 
Logo, no direito tributário, as alterações em relação ao crédito
tributário podem afetar o lançamento tributário, mas não a
obrigação tributária, exceto na lógica hipótese de extinção do
crédito tributário que também extingue a respectiva obrigação
tributária. 
Por exemplo, em regra, a anulação do lançamento tributário em
decorrência de vício formal (inexistência de assinatura do agente
fiscal no auto de infração) não altera a obrigação tributária. 
1.3 LEGALIDADE E RESPONSABILIDADE FUNCIONAL DO
AGENTE FISCAL 
Em decorrência do princípio da estrita legalidade tributária, o
crédito tributário regularmente constituído através do lançamento
apenas se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa
ou excluída, nos casos previstos no Código Tributário Nacional 
 
 
 
 
 
 
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(CTN), fora dos quais não podem ser dispensada a sua efetivação ou
as respectivas garantias, sob pena de responsabilidade funcional
na forma da lei (art. 141, do CTN). 
Ou seja, o agente fiscal deve atuar de forma vinculada e
obrigatória, não podendo dispensar, modificar, extinguir, suspender
ou excluir a exigibilidade do crédito tributário e as suas respectivas
garantias, exceto nas hipóteses previstas no CTN, sob pena de
responsabilidade funcional, que significa responsabilização
administrativa ou até mesmo penal. 
1.4 EXISTÊNCIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO ANTES DO FATO
GERADOR? 
Registramos ainda que no sistema tributário nacional existe
uma hipótese disciplinada pela CF/88 em que o crédito tributário
pode ser exigido antes mesmo da ocorrência do fato gerador da
obrigação principal: substituição tributária para frente ou
substituição tributária subseqüente ou progressiva (art. 150,
§7°) 
2. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO 
O lançamento tributário é o ato documental de cobrança do
tributo, por meio do qual se declara a obrigação tributária que
surge com o fato gerador in concreto e se constitui o crédito
tributário. 
4.1 CONCEITO 
O lançamento tributário é o procedimento administrativo
tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante
do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a
aplicação da penalidade cabível, nos termos do art. 142, caput, do
CTN. 
4.2 FINALIDADES 
As funções ou finalidades da atividade de lançamento são as
seguintes: 
• Verificar a ocorrência do fato gerador in concreto; 
• Determinar o que deve ser tributado; 
 
 
 
 
 
 
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• Calcular o montante do tributo devido, com base na
identificação da base de cálculo e da alíquota; 
• Determinar quem é o sujeito passivo (contribuinte ou
responsável) da relação tributária e, 
• Sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível, isto é, da
multa em caso de descumprimento de obrigação tributária
principal ou acessória. 
Nesse rumo, o lançamento tributário segue o princípio
documental, sendo documentado e seu instrumento conterá os
elementos indispensáveis à identificação da obrigação tributária
surgida. 
2.3 NATUREZA JURÍDICA 
Apesar da polêmica doutrinária, segundo os termos do CTN, a
natureza jurídica do lançamento é declaratória e constitutiva, ou seja,
é dúplice, pois declara a obrigação tributária e constitui o
crédito tributário. 
2.4 EFEITOS 
Consideramos que o lançamento tributário possui efeito ex
tunc, pois retroage para declarar a existência da obrigação tributária
surgida com a ocorrência do fato gerador. 
Vejamos o seguinte quadro para nunca mais confundir efeitos
ex tunc com efeitos ex nunc: 
Efeitos jurídicos 
Efeitos ex tunc = efeitos retroativos, a partir da origem, efeitos que
retornam ao passado. 
Efeitos ex nunc = efeitos prospectivos, a partir de agora, efeitos que
não retroagem. 
2.5 COMPETÊNCIA E DECLARAÇÃO DÉBITOS PELO
CONTRIBUINTE 
A competência para o lançamento é privativa da autoridade
administrativa (art. 142, do CTN). 
Entretanto, de acordo com decisão atual do STF e decisões
reiteradas do STJ, a formalização ou constituição do crédito tributário
também pode ocorrer por (i) ato judicial na Justiça do Trabalho no 
 
 
 
 
 
 
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que diz respeito a contribuição social referente ao salário cujo
pagamento foi determinado em decisão trabalhista e também
por (ii) declaração de débitos do sujeito passivo em que o tributo
correspondente não foi pago, importando em confissão de dívida
do débito tributário. 
Importante: Tome cuidado com as questões objetivas de concurso
público, verificando sempre se questão é cobrada segundo o previsto
literalmente no art. 142 do CTN ou não. 
Por sua vez, apesar de o lançamento ser juridicamente uma
atividade administrativa obrigatória e vinculada, sob pena de
responsabilidade funcional (art. 142, parágrafo único), o STJ tem
entendido que a declaração de débitos pelo contribuinte em GIA ou
DCTF em que o tributo correspondente não foi pago importa em
confissão de dívida do débito, tornando-se dispensável a
homologação formal do lançamento e a prévia notificação ou a
instauração de procedimento administrativo fiscal, podendo ser
prontamente inscrito em dívida ativa o tributo declarado e não pago. 
Destarte, a jurisprudência do STJ firma posicionamento de que
o reconhecimento do suposto débito pelo sujeito passivo, mediante
declaração de débitos de tributos, equivale à constituição formal do
crédito pelo lançamento. 
Neste sentido, dispõe a súmula 436 do STJ, “A entrega de
declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o
crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do 
fisco”. 
A FGV no concurso para o ICMS/RJ/2009 considerou correto:
“Segundo jurisprudência do STJ, tratando-se de tributo sujeito a
lançamento por homologação, e tendo o contribuinte declarado o
débito e não pagado no vencimento, considera-se desde logo
constituído o crédito tributário, tornando-se dispensável a instauração
de procedimento administrativo com a finalidade de promoção do
lançamento para viabilizar a posterior cobrança judicial”. 
2.6 DEMAIS CARACTERÍSTICAS 
O lançamento tributário é uma atividade administrativa
vinculada, uma vez que esta deve ser balizada pela lei, e também é
atividade obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional da
autoridade administrativa competente que não lançar o tributo 
 
 
 
 
 
 
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quando este é devido. 
No lançamento tributário não há conveniência ou oportunidade,
que são características da atividade administrativa discricionária,
mas simatividade administrativa vinculada e obrigatória
decorrente do princípio da indisponibilidade do interesse público. 
2.7 APLICAÇÃO TEMPORAL DA TAXA DE CÂMBIO 
Segundo o art. 143, do CTN, salvo disposição de lei em
contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda
estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda
nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da
obrigação. 
Por exemplo, o imposto de importação, segundo o STF (RE n° 
73.971-SP), é calculado pela alíquota vigente à data da entrada da
mercadoria no território nacional e, por conseguinte, a taxa de
câmbio nesse dia. 
 
Noutro ponto, o CTN abre espaço para atuação do legislador
ordinário no que tange ao cálculo do tributo cujo valor está expresso
em moeda estrangeira. Contudo, atentamos para o fato que compete
privativamente à União legislar sobre sistema monetário e câmbio
(art. 22, VI e VII, CF). 
2.8 LEI APLICADA AO OBJETO DO LANÇAMENTO
(MATERIAL/SUBSTANTIVA) E LEI APLICÁVEL A ATIVIDADE DE
LANÇAMENTO (FORMAL/ADJETIVA) 
Em princípio, o lançamento reporta-se à data da
ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei
então vigente, ainda que posteriormente modificada ou
revogada (art.144, caput, do CTN), salvo as seguintes exceções, em
que se aplica ao lançamento a legislação posterior à ocorrência do
fato gerador: 
• Legislação que instituí novos critérios de apuração ou
processos de fiscalização, ampliando os poderes de
investigação das autoridades administrativas. Por
exemplo, lei nova que autoriza a quebra do sigilo bancário para
fins fiscais poderá ser aplicada de forma retroativa, podendo a
autoridade administrativa competente investigar um
contribuinte em período anterior ao advento desta nova lei e 
 
 
 
 
 
 
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efetivar o lançamento tributário com base nos novos dados
averiguados à época do respectivo lançamento; 
• Legislação que outorgue ao crédito maiores garantias ou
privilégios, exceto para o efeito de atribuir
responsabilidade tributária a terceiros. 
Assim sendo, normalmente, a lei aplicada ao objeto do
lançamento é a vigente na data da ocorrência do fato gerador, que
é chamada pela doutrina de lei de conteúdo material ou
substantiva, mesmo que seja revogada ou modificada. 
Por exemplo, imaginamos “o indivíduo que realizou um serviço
em janeiro, quando a alíquota do ISS era de 3,5%, em fevereiro foi
publicada lei municipal reduzindo a alíquota para 3%, e em março é
efetuado um lançamento relativo à prestação de serviço realizada
(fato gerador do ISS) no mês de janeiro, a alíquota do ISS utilizada
no lançamento para cálculo do tributo dever ser a vigente na data
da ocorrência do fato gerador, que é 3,5%”. 
Por sua vez, a lei aplicável a atividade de lançamento é
aquela vigente à época em que for efetuado, que são as hipóteses em
que a legislação tenha instituído novos critérios de apuração ou
processos de fiscalização, ampliado os poderes de
investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao
crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último
caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a
terceiros. 
Estas hipóteses excepcionais de retroatividade são
denominadas pela ESAF, CESPE e jurisprudência do STJ de
legislação de conteúdo formal ou adjetiva (processual), sendo
prerrogativas instrumentais ou procedimentais do Fisco que têm
aplicação imediata. 
Vejamos as seguintes decisões bem didáticas do STJ: 
• “O artigo 144, § 1º, do CTN prevê que as normas
tributárias procedimentais ou formais têm aplicação
imediata, ao contrário daquelas de natureza material,
que somente alcançariam fatos geradores ocorridos
durante a sua vigência. Os dispositivos que autorizam a
utilização de dados da CPMF pelo Fisco para apuração de
eventuais créditos tributários referentes a outros tributos são
normas procedimentais ou formais e, por essa razão, não 
 
 
 
 
 
 
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se submetem ao princípio da irretroatividade das leis, ou seja,
incidem de imediato, ainda que relativas a fato gerador ocorrido
antes de sua entrada em vigor” (REsp 1039364/ES). 
• A norma que regula a quebra do sigilo bancário pelo
Fisco é norma procedimental, cuja aplicação é imediata,
à luz do disposto no artigo 144, § 1º, do CTN. Assim sendo, as
leis tributárias procedimentais ou formais são aplicáveis a fatos
pretéritos, razão pela qual a Lei Complementar 105/2001
legítima a atuação fiscalizatória/investigativa da Administração
Tributária, ainda que os fatos imponíveis a serem apurados lhes 
sejam anteriores (REsp 2009/0067034-4). 
Em síntese, podemos exemplificar a lei de conteúdo material
com o caput, do art. 144, do CTN: “O lançamento reporta-se à data
da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então
vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada”; e a lei
de conteúdo formal com o §1°, do art. 144, do CTN, quando se
refere aos “novos critérios de apuração ou processos de fiscalização,
ampliado os poderes de investigação das autoridades
administrativas”. 
Ademais, o CTN ainda dispõe que no caso impostos lançados
por períodos certos de tempo (IPTU, ITR, dentre outros), aplica-se
ao lançamento a lei vigente na data em que o fato gerador se
considera ocorrido, sendo esta a interpretação predominante do
art. 144, §2°. 
2.9 REVISÃO E PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE DO
LANÇAMENTO 
O princípio da imutabilidade do lançamento está
fundamentado no art. 145, do CTN, que dispõe que o lançamento
regularmente notificado ao sujeito passivo da relação tributária
só pode ser alterado em virtude de: 
• Impugnação do sujeito passivo; 
• Recurso de ofício; 
• Iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos
previstos no artigo 149 do CTN (lançamento de ofício). 
Neste sentido, preservando a estabilidade da relação jurídico-
tributária, verificamos que, salvo nas hipóteses elencadas no art.
145, o lançamento tributário regularmente notificado ao sujeito
passivo é administrativamente imutável, uma vez que o sujeito 
 
 
 
 
 
 
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passivo não pode ficar a mercê da conveniência da atuação do agente
fiscal. 
2.10 PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE DOS CRITÉRIOS
JURÍDICOS, PRINCÍPIO DA CONFIANÇA E DISTINÇÕES ENTRE
ERRO DE DIREITO E ERRO DE FATO 
Destacamos que a modificação introduzida, de ofício ou em
conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios
jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício
do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo
sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente
à sua introdução (art. 146, do CTN). 
Este dispositivo fundamenta o princípio da inalterabilidade
dos critérios jurídicos no que diz respeito a fatos geradores
pretéritos. 
Assim, o CTN consolida também o princípio da confiança no
âmbito do direito tributário, porque protege o contribuinte que
confiou e acreditou na correta aplicação dos critérios jurídicos
adotados pela autoridade administrativa no momento do lançamento. 
Portanto, nesta hipótese do art. 146 do CTN, novos critérios
jurídicos somente podem ser utilizados em relação ao mesmo
contribuinte em situações igualmente novas, que acarretam fatos
geradores in concreto (fatos imponíveis) inéditos, protegendo a boa
fé do contribuinte contra mudanças jurídicas repentinas e de efeitos
retroativos (“ex tunc”). 
Neste tema, tem pertinência e é correta a interpretação
disposta na Súmula 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos
(TFR), dizendo que a “mudança de critério jurídico adotado pelo Fisco
não autoriza a revisão de lançamento”. 
Isto é, na hipótese de erro dedireito ou modificação de
interpretação jurídica pelo fisco não será possível alterar o
lançamento tributário já realizado, sendo possível esta
alteração apenas no caso de erro de fato, desde que ainda não
tenha decorrido o prazo de decadência para lançar o tributo, já que a
revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o
direito da Fazenda Pública. 
 
 
 
 
 
 
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Com efeito, podemos dizer que erro de fato se situa no mundo
real, no mundo do conhecimento dos fatos, independentemente do
conhecimento da norma jurídica. Por exemplo, a autoridade
administrativa verifica que os valores registrados na nota fiscal pelo
contribuinte foram transcritos de forma incorreta (R$ 100,00 ao invés
de R$ 1.000,00). 
Já o erro de direito acontece no mundo do direito, isto é, é
um erro na aplicação e interpretação da norma jurídica. Por exemplo,
o Fisco compreende como adequada determinada interpretação da
norma tributária e depois verifica que esta interpretação é
equivocada. 
Assim, registramos que se o Fisco quiser promover
a modificação do entendimento por erro de direito, deve-se aplicar o
art. 146 do CTN, protegendo o direito do contribuinte no que diz
respeito aos lançamentos tributários já efetivados. 
Podemos citar o seguinte exemplo doutrinário: “Imagine um
fiscal que lança um tributo, aplicando uma alíquota de 5% pois
identificou a operação tributada como sendo a venda de um motor
elétrico, mas posteriormente verifica que se trata de venda de motor
a gasolina, cuja alíquota é de 10%, tal fiscal cometeu um erro de
fato e deve rever o lançamento corrigindo a alíquota aplicável dentro
do prazo legal (decadência). Entretanto, se o mesmo fiscal identificou
corretamente a operação tributada como sendo a venda de um motor
a gasolina, mas interpretou de forma equivocada a lei, entendendo
que era caso de aplicação da alíquota de 5%, não poderá
posteriormente modificar o lançamento, pois ocorreu aqui um erro
de direito ou modificação de interpretação jurídica pelo fisco”. 
2.11 MODALIDADES DE LANÇAMENTO 
Nos termos do CTN, existem três modalidades de lançamento
tributário, que são determinadas de acordo com característica de
nenhum, maior ou total auxílio do sujeito passivo (contribuinte ou
responsável) da relação tributária no ato de lançar, que são as
seguintes em ordem decrescente de auxílio: 
• Lançamento de ofício, direto, ex officio ou unilateral; 
• Lançamento por declaração ou misto; 
• Lançamento por homologação ou “autolançamento”. 
Em outras palavras, no lançamento de ofício não há auxílio do 
 
 
 
 
 
 
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sujeito passivo; no lançamento por declaração há um maior auxílio do
sujeito passivo e no lançamento por homologação há total auxílio do
sujeito passivo no ato ou procedimento de efetuar o lançamento
tributário. 
2.11.1 LANÇAMENTO DE OFÍCIO, DIRETO, EX OFFICIO OU
UNILATERAL 
O lançamento de ofício é aquele em que o Fisco, dispondo de
dados suficientes para efetuar a cobrança, realiza-o, dispensando o
auxílio do contribuinte ou do responsável tributário. Exemplos: IPTU
(lançamento de ofício, por excelência), IPVA (em regra, mas depende
sempre da legislação estadual), autos de infração, a grande maioria
das taxas e a contribuição municipal e distrital de iluminação pública. 
O art. 149, do CTN, estabelece nove (9) hipóteses expressas
em que autoridade administrativa deve efetuar o lançamento de
ofício ou realizar a sua revisão de ofício, a saber: 
• Quando a lei assim o determine; 
• Quando a declaração não seja prestada, por quem de direito,
no prazo e na forma da legislação tributária; 
• Quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado
declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no
prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de
esclarecimento formulado pela autoridade administrativa,
recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo
daquela autoridade; 
• Quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a
qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo
de declaração obrigatória; 
• Quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da
pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se
refere o item seguinte; 
• Quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de
terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de
penalidade pecuniária; 
• Quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em
benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; 
• Quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado
por ocasião do lançamento anterior; 
• Quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu
fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou 
 
 
 
 
 
 
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omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade
especial. 
Notamos da análise de algumas hipóteses do art. 149, do CTN,
que todos os tributos podem vir a ser lançados de forma direta (ex
officio), uma vez que a autoridade administrativa competente é
obrigada a lançar de ofício o tributo no caso de omissão ou incorreção
do auxílio praticado pelo sujeito passivo no lançamento por
declaração ou no lançamento por homologação. 
Assim, é correto dizer que o lançamento de ofício pode ser
utilizado quando da inobservância, conforme o tributo devido, do
lançamento por homologação ou por declaração. 
Por sua vez, o lançamento de ofício pode ser realizado, inclusive
se já foi procedido outro lançamento de ofício, sendo o caso de
revisão de ofício. É a hipótese, por exemplo, de comprovação que, no
lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade
que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou
formalidade especial, previsto no art. 149, IX, do CTN. 
É relevante saber também que a revisão do lançamento só
pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública
(art. 149, parágrafo único, do CTN). Isto é, extinto o direito do Fisco
não pode mais existir o lançamento ou revisão do próprio. A extinção
decorre do término do prazo decadencial para o fisco lançar o tributo. 
2.11.1.1 ARBITRAMENTO DA BASE DE CÁLCULO E PAUTA
FISCAL DO ICMS 
Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em
consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos
jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular,
arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou
não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou
os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro
legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação,
avaliação contraditória, administrativa ou judicial (art. 148). 
Segundo parte minoritária da doutrina e da jurisprudência, o
art. 148 dispõe sobre o denominado lançamento por arbitramento.
Contudo, na verdade, ocorre um lançamento de ofício e não uma
modalidade de lançamento. O arbitramento é uma técnica para
definir a base de cálculo do tributo, uma vez que a atividade 
 
 
 
 
 
 
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realizada pelo sujeito passivo não foi correta (não merece fé) ou o 
sujeito passivo foi omisso. 
Assim sendo, ressaltamos que o arbitramento é medida
excepcional que somente se verifica na hipótese de recusa ou
sonegação de documentos ou informações pelo sujeito passivo, pois
existindo elementos suficientes para apuração do valor real da base
de cálculo do tributo (recibos, rescisões contratuais, escrituração
contábil regular etc.), é ilegítimo o lançamento efetuado com base
em arbitramento. 
A FGV no concurso para o ICMS/RJ/2009 consideroucorreto:
“Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em
consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos
jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular,
arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não
mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os
documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro
legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação
contraditória, administrativa ou judicial. No entanto, havendo
escrituração regular, ainda que parcialmente, o Fisco deverá sempre
adotá-la como base de prova”. 
Realçamos também que este contraditório, administrativo
ou judicial, significa que o contribuinte tem o direito de contestar o
arbitramento, ou seja, o contribuinte pode se defender da forma
como o Auditor-Fiscal realizou o arbitramento, que não é
caracterizado como de presunção absoluta (não admite prova em
contrário). Portanto, o contribuinte tem o direito de fazer prova em
contrário do arbitramento feito pela autoridade fiscal, procurando
mostrar a real base de cálculo do tributo. 
Ademais, com fundamento no art. 148 do CTN, o STJ afirma
que é “ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria
submetido ao regime de pauta fiscal” (súmula 431). 
A pauta fiscal tem por base determinados valores fixados
prévia e aleatoriamente para a apuração da base de cálculo do tributo
e fere de morte o princípio da legalidade tributária. 
Portanto, o STJ compreende que é inadmissível a fixação da
base de cálculo do ICMS com apoio em pautas de preços ou valores
(pautas fiscais), uma vez que a base de cálculo do ICMS é o valor da 
operação de que decorrer a saída da mercadoria. 
 
 
 
 
 
 
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Desta forma, o STJ afirma que o art. 148, do CTN, somente
pode ser invocado para “estabelecimento de bases de cálculo, que
levam ao cálculo do tributo devido, quando a ocorrência dos fatos
geradores é comprovada, mas o valor ou preço de bens, direitos,
serviços ou atos jurídicos registrados pelo contribuinte não mereçam
fé, ficando a Fazenda Pública autorizada a arbitrar o preço, dentro de
processo regular”. 
Exemplo de pauta fiscal: 
 
PAUTA FISCAL 
REFRIGERANTE EM GARRAFA RETORNÁVEL DE 600 A 1250 ml (DE 
VIDRO) 
PRODUTO / MARCA TIPO Valor (R$) 
Coca-Cola Light / Diet / Zero 
1000 ml 
1,88 
Fanta Todos os sabores
1000 ml 
1,68 
Guaraná Kuat Light / Diet / Zero 
1000 ml 
1,68 
Pepsi-Cola Light / Diet / Zero 
1000 ml 
1,68 
Pepsi-Cola Twist Twist Light 1000 ml 1,68 
Sprite Light / Diet / Zero
1000 ml 
1,68 
 
Em resumo, é ilegal a cobrança de ICMS com base em
pauta fiscal, uma vez que o princípio da legalidade tributária (art. 
150, I, CF) há de ser respeitado como limite ao poder de tributar. 
2.11.2 LANÇAMENTO MISTO OU “POR DECLARAÇÃO” 
O lançamento por declaração é aquele representado pela ação
conjugada do fisco e do sujeito passivo (contribuinte ou o
responsável tributário), restando ao fisco o trabalho privativo de
efetuar o lançamento. 
O fisco, não dispondo de dados suficientes para realizar o
lançamento, conta com o auxílio do contribuinte que supre a
deficiência da informação por meio da declaração prestada (art. 147). 
Os exemplos são cada vez mais raros no sistema tributário 
 
 
 
 
 
 
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brasileiro, tais como imposto de importação (II) sobre bagagem
acompanhada e o imposto sobre transmissão de bens imóveis (ITBI)
de competência municipal. 
Com efeito, o ato ou procedimento do lançamento por
declaração ou misto é efetuado com base na declaração do sujeito
passivo ou de terceiro (obrigação tributária acessória), quando um ou
outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade
administrativa informações sobre matéria de fato,
indispensáveis à sua efetivação. 
Em síntese, no lançamento por declaração o fisco lança o
tributo com base nas informações prestadas pelo sujeito passivo. 
Destacamos que a retificação da declaração por iniciativa do
próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só
é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e
antes de notificado o lançamento (art. 147, § 1°, do CTN). 
Portanto, o contribuinte pode pedir a retificação de declaração
já realizada, visando a reduzir ou excluir o tributo, desde que o faça
antes da notificação do lançamento e mediante comprovação do erro
na declaração. 
A FGV no concurso para o ICMS/RJ/2009 considerou incorreto: “A
retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando
vise a reduzir ou excluir tributo, pode ser feita a qualquer tempo,
independentemente da constituição do crédito tributário pelo
lançamento, desde que haja comprovação do erro em que se funde”. 
Por sua vez, os erros contidos na declaração e apuráveis pelo
seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a
que competir a revisão da declaração (art. 147, § 2°, do CTN). 
2.11.3 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO OU
“AUTOLANÇAMENTO” 
O lançamento por homologação é aquele em que o sujeito
passivo (contribuinte ou responsável tributário) auxilia
ostensivamente o Fisco, cabendo a este homologar e conferir a
exatidão da atividade do sujeito passivo (art. 150 do CTN). 
São exemplos de tributos lançados pro homologação: ICMS, IR,
ITR, IPI, ISS, e a maior parte dos impostos, uma vez que tal 
 
 
 
 
 
 
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lançamento simplifica a vida do fisco, independendo o pagamento do
tributo de qualquer providência estatal. 
Deste modo, o lançamento tributário por homologação ocorre
quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever
de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, operando-se pelo ato em que a referida autoridade,
tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa (art. 150, caput, CTN). 
O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos do
lançamento por homologação extingue o crédito, sob condição
resolutória da ulterior homologação ao lançamento (art. 150, §1°,
CTN). 
Assim, por exemplo, o imposto de renda pessoa física (IRPF) ou
o imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) são tributos lançados por
homologação, uma vez que a legislação atribui ao sujeito passivo o
dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, operando-se a extinção do crédito tributário sob
condição resolutória da ulterior homologação. 
Realçamos que quando resolutória a condição, verifica-se os
efeitos tributários desde o momento da prática do ato ou celebração
do negócio jurídico. Já quando suspensiva a condição, verifica-se os
efeitos tributários quando acontece a condição. 
Por sua vez, conforme o próprio CTN, não influem sobre a
obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação,
praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção
total ou parcial do crédito (art. 150, §2°). 
Todavia, estes atos anteriores à homologação, praticados pelo
sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do
crédito serão considerados na apuração do saldo porventura devido e,
sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação (art.
150, § 3°, CTN). 
Nesse rumo, se a lei não fixar prazo para homologação do
lançamento, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência
de dolo, fraude ou simulação (art. 150, §4°, do CTN). 
 
 
 
 
 
 
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Com efeito, no lançamento por homologação, o contribuinte, ou
o responsável tributário, deve realizar o pagamento antecipado do
tributo, antes de qualquer procedimento administrativo, ficando a
extinção do crédito condicionada à futura homologação expressa ou
tácita pela autoridade fiscal competente. 
3. TEORIA GERAL DA SUSPENSÃO, EXTINÇÃO E EXCLUSÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
É certo que, na maioria das vezes, as questões de concursos
públicos fazem a cobrança da literalidade dos arts. 151, 156 e 175 do
CTN, tentando apenas saber do candidato o aprendizado memorizado
destas normas jurídicas. Por isso, vamos iniciar este tema tentando
apenas memorizar tais hipóteses. 
São causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário
(art. 151, do CTN): 
• Moratória; 
• Depósito do seu montante integral; 
• Reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo; 
• Concessão de medida liminar em mandado de segurança; 
• Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em
outras espécies de ação judicial; 
• Parcelamento. 
A doutrina utiliza das seguintes fórmulas escritas para tentar
auxiliar na memorização: 
• “MODERECOPA” (Moratória, Depósito, Reclamação, Concessão
de medida liminar e Parcelamento); ou 
• “PARCE MORDE RELA” (Parcelamento, Moratória, Depósito,
Recurso, Liminar e Antecipação de tutela). 
No que diz respeito à extinção do crédito tributário, são as
seguintes hipóteses que extinguem o crédito tributário (art. 156, do
CTN): 
• Pagamento; 
• Compensação; 
• Transação; 
• Remissão; 
 
 
 
 
 
 
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• Prescrição e a Decadência; 
• Conversão de depósito em renda; 
• Pagamento antecipado e a respectiva homologação do
lançamento; 
• A consignação em pagamento; 
• A decisão administrativa irreformável, assim entendida a
definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser
objeto de ação anulatória; 
• A decisão judicial passada em julgado ou transitada em
julgado; 
• A dação em pagamento em bens imóveis, na forma e
condições estabelecidas em lei. 
A FGV no concurso para Fiscal de Rendas/RJ/2010: “O CTN, em seu
art. 156, relaciona expressamente as hipóteses de extinção do crédito
tributário. As alternativas a seguir apresentam hipóteses que estão
inseridas na extinção do crédito tributário, à exceção de uma.
Assinale-a: (a) Novação; (b) Dação em pagamento com bens
imóveis; (c) Transação; (d) Compensação; (e) Pagamento antecipado
e homologação do lançamento”. A resposta é a letra “a”, pois o art.
156 do CTN não estabelece a hipótese de “novação”, que é
compreendida como a extinção de uma obrigação jurídica mediante a
criação de outra obrigação que substituirá a extinta. 
Por outro lado, destacamos desde já que a isenção e a anistia
excluem o crédito tributário, de acordo com o art. 175 do CTN. Isto
é, com a isenção e a anistia não ocorre à suspensão da
exigibilidade do crédito tributário ou a extinção do crédito tributário,
mas sim a exclusão do crédito tributário. 
Suspensão 
Moratória; 
Depósito do montante integral; 
Reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo; 
Concessão de medida liminar em mandado de segurança; 
Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras
espécies de ação judicial; 
Parcelamento. 
Extinção 
Pagamento; 
Compensação; 
 
 
 
 
 
 
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Transação; 
Remissão; 
Prescrição e a Decadência; 
Conversão de depósito em renda; 
Pagamento antecipado e a respectiva homologação do lançamento; 
A consignação em pagamento; 
A decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva
na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação
anulatória; 
A decisão judicial passada em julgado; 
A dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições
estabelecidas em lei. 
Exclusão 
Isenção 
Anistia 
Importante: é enorme o número de questões objetivas de concurso
que apenas requerem do candidato o conhecimento memorizado das
hipóteses de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. 
A FGV no concurso para Fiscal de Rendas/RJ/2008 considerou
correto: “Em relação a débito de tributo ainda não objeto de
lançamento, o contribuinte pode: I. conseguir uma liminar em
mandado de segurança; II. obter parcelamento; III. vê-lo abrangido
por decadência; IV. alcançar êxito em ação de consignação de
pagamento. Em tais hipóteses, o crédito tributário, respectivamente,
terá sido objeto de suspensão de sua exigibilidade, suspensão de sua
exigibilidade, extinção e extinção”. 
4. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
Antes de tratarmos das hipóteses em si de suspensão, podemos
elencar as seguintes características gerais deste tema: 
• Não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja
suspenso, ou dela consequentes; 
• A doutrina majoritária compreende que o art. 151 do CTN é
exaustivo ou taxativo, isto é, são as únicas hipóteses de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário; 
• Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha
sobre a suspensão; 
 
 
 
 
 
 
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• Impede o fisco de exercitar os atos de cobrança do crédito
tributário (inscrição na dívida ativa e a execução fiscal), mas
não impede o fisco de realizar o lançamento tributário,
conforme decisões reiteradas do STJ; 
• Não afeta a obrigação tributária que lhe deu origem (art. 140,
CTN), o que significa dizer que desaparecendo ou não mais
existindo a causa suspensiva volta o crédito tributário a ser
prontamente exigível. 
4.1 MORATÓRIA 
A moratória é a dilação ou prorrogação do prazo legal para o
pagamento do tributo, conforme previsão dos arts. 152 a 155 do
CTN. 
Com efeito, a moratória é um favor legal ou benefício fiscal de
prorrogação de pagamento, isto é, o fisco estabelece novo prazo para
pagamento do tributo. Assim, deve ser concedida sempre por meio
de lei, que não precisa tratar só sobre o tema da moratória. Isto é, a
moratória depende de lei, que não necessita ser específica, tal
como no caso do parcelamento tributário. 
A lei concessiva da moratória pode ser classificada como
moratória individual (subjetiva) ou moratória geral (objetiva). 
A moratória de caráter individual é efetivada caso a caso, por
despacho da autoridade administrativa competente, sendo
necessário, portanto, a solicitação ou postulação do potencial
beneficiado perante a autoridade fiscal. 
Já a moratória de caráter geral é reconhecida diretamente pela
lei, não dependendo de requerimento à autoridade administrativa
competente. 
Neste caso, a doutrina distingue a moratória de caráter geral
em moratória autônoma e moratória heterônoma. 
A moratória autônoma é aquela concedida pela própria
pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo
(art. 152, I, “a”). Ou seja, a União por meio de lei concede maior
prazo para pagamento do imposto sobre produtos industrializados
(IPI) para determinados contribuintes. 
A moratória heterônoma é aquela concedida, em caráter 
 
 
 
 
 
 
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geral, pela União (lei federal), quanto a tributos de competência dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando
simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência
federal e às obrigações de direito privado (art. 152, I, “b”). 
Este último tipo de moratória é considerado inconstitucional por
grande partedos estudiosos do direito tributário (doutrina), uma vez
que estes entendem que a moratória heterônoma fere de morte o
princípio constitucional de federalismo e a respectiva autonomia
tributária estadual e municipal. 
Todavia, o art. 152, inc. I, alínea “b”, do CTN, está valendo
para concursos públicos, sobretudo provas objetivas, eis que o STF
ainda não declarou a inconstitucionalidade deste dispositivo do CTN.
Nesse rumo, a ESAF e o CESPE costumam cobrar tal dispositivo. 
De qualquer forma, a moratória heterônoma deve ser considera
como forma excepcional de concessão do benefício fiscal, tal como
uma situação de extrema gravidade, já que o aplicador do direito
deve sempre buscar preservar a autonomia dos entes federativos. 
Importante: A moratória individual é fixada em lei e depende do
despacho da autoridade administrativa. A moratória geral é fixada
em lei e não depende do mesmo despacho. 
A respeito do âmbito territorial e pessoal de incidência da
moratória, a lei pode estabelecer expressamente a sua aplicabilidade
à determinada região do território da pessoa jurídica de direito
público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de
sujeitos passivos (art. 152, parágrafo único, CTN). 
Noutro aspecto, o art. 153 do CTN fixa alguns requisitos que
devem ser especificados na lei autorizadora da concessão da
moratória em caráter geral ou em caráter individual, sem prejuízo de
outros que também podem ser estabelecidos, a saber: 
• O prazo de duração do favor legal: a moratória deve ser
concedida por prazo legalmente definido; 
• As condições da concessão da moratória em caráter individual; 
• Sendo caso: (a) os tributos a que se aplica; (b) o número de
prestações e seus vencimentos, dentro do prazo de duração da
moratória, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à
autoridade administrativa, para cada caso de concessão em
caráter individual: a doutrina chama este caso de “moratória 
 
 
 
 
 
 
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parcelada”; (c) as garantias que devem ser fornecidas pelo
beneficiado no caso de concessão em caráter individual. 
Registramos que na hipótese de “moratória parcelada”, a lei
concessiva pode permitir a supressão da incidência de multas e juros.
Assim, o afastamento da incidência de multas e juros no caso sempre
dependerá da vontade de cada lei que concede este tipo de benefício,
isto é, a lei pode permitir ou não o afastamento de multas e juros. 
Por sua vez, salvo disposição de lei em contrário, a
moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à
data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já
tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao
sujeito passivo (art. 154). 
Nesse rumo, a moratória não aproveita ou não pode acontecer
nos casos de atuação dolosa, fraudulenta ou simulada do sujeito
passivo (contribuinte ou responsável tributário) ou do terceiro em
benefício daquele. 
Sendo assim, segundo os termos do art. 155 do CTN, a
concessão da moratória em caráter individual não gera direito
adquirido e será revogada de ofício, sempre que se apure que o
beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não
cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do
favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: 
• Com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo
ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício
daquele; 
• Sem imposição de penalidade, nos demais casos. 
Destacamos que nos casos em que deve ocorrer imposição da
penalidade (dolo, simulação ou fraude), o tempo decorrido entre a
concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito
da prescrição do direito à cobrança do crédito; nos demais casos, a
revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. 
Decerto, quando se deve impor uma penalidade (hipóteses
de dolo, simulação ou fraude) não ocorre a contagem do prazo
prescricional. Por exemplo, se o contribuinte pratica algum tipo de
fraude para conseguir obter a moratória o prazo de prescrição para a
cobrança do crédito não é contado. 
 
 
 
 
 
 
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Ademais, nos casos de remissão (art. 172, parágrafo único, do
CTN), isenção (art. 179, §2°, do CTN) e anistia (art. 182, parágrafo
único, do CTN), também se aplicam os dois parágrafos dissertados
acima, podendo dizer que estas não geram direito adquirido e
serão revogados de ofício caso o beneficiado não cumpra os
requisitos estabelecidos pelas normas autorizadoras da concessão dos
respectivos benefícios de remissão, isenção e anistia. 
A revogação disposta no art. 155 do CTN, na verdade, é
tecnicamente um caso de anulação, uma vez que não é ato de
oportunidade ou conveniência, mas sim hipótese legal obrigatória de
atuação da autoridade administrativa competente. 
4.2 DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO 
O depósito do montante integral do crédito tributário exigido
pelo fisco é modalidade suspensiva da exigibilidade do crédito
tributário, sendo direito subjetivo e, ao mesmo tempo, uma faculdade
que pode ser exercida ou não pelo sujeito passivo da relação
tributária. 
Com efeito, o valor depositado deve ser aquele que o fisco
entende como cabível no momento do lançamento tributário e não o
que o sujeito passivo da relação tributária acha conveniente. 
Esta modalidade de suspensão ocorre com maior frequência na
via judicial, pois, o contribuinte tem total interesse em suspender a
exigibilidade do crédito tributário, enquanto durar a discussão judicial
sobre se ele deve ou não deve determinado tributo. 
Então, o contribuinte deposita o valor do crédito tributário em
uma instituição financeira oficial da União ou do Estado. E, a partir da
suspensão da exigibilidade, não pode mais o fisco prosseguir com os
atos de cobrança tributária, evitando-se, assim, o ajuizamento da
execução fiscal, a imposição de multa pelo não pagamento do
tributo, os juros de mora e a incidência da correção monetária. 
Deste modo, neste caso, o depósito do montante integral do
tributo é uma garantia idônea que se concede ao fisco, no curso de
um processo judicial. Assim, decidida de forma definitiva a questão
judicial e se o depositante (contribuinte) sucumbe (perde), o valor do
depósito é levantado pelo fisco, extinguindo-se a obrigação tributária. 
 
 
 
 
 
 
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Já o levantamento do depósito judicial pelo contribuinte vincula-
se necessariamente ao êxito da ação judicial, não podendo ser
autorizado a qualquer tempo pelo magistrado, mas sim após o
trânsito em julgado da ação (não cabe mais recurso), eis que o
levantamento do depósito judicial antes do trânsito em julgado da
ação acaba por esvaziar a própria garantia estabelecida no art. 151,
II, do CTN, de acordo com decisões do STJ. 
Realçamos que o depósito somente suspende a exigibilidade do
crédito tributário se for integral e em dinheiro (Súmula 112 do STJ).
Isto é, o depósito do tributo deve ser integral e em dinheiro,
não podendo ser feito de forma parcial ou por prestação de fiança
bancária ou em títulos da dívida pública. 
Por outro lado, registramos que é inconstitucional a exigência
legal de depósito prévio para admissão de recurso administrativo
ou judicial, de acordo com entendimento atual do STF, eis que
ofende à garantia de acesso ao Poder Judiciário (CF, art. 5º, XXXV),
bem como à da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5º, LV). 
Importante: “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como
requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda
discutir a exigibilidade do crédito tributário” (súmula vinculante n° 
28). 
Ademais, ressaltamoso entendimento recente do STF (ADI
1933) no sentido de que o repasse de depósitos judiciais e
extrajudiciais de tributos e contribuições federais à Conta Única do
Tesouro Nacional é constitucional, sendo ato de natureza
administrativa e que não integra os recursos orçamentários do Poder
Judiciário. 
4.2.1 INSCRIÇÃO NO CADIN E EXISTÊNCIA DE DISCUSSÃO 
JUDICIAL 
Tema correlato ao depósito do montante integral do crédito
tributário e relevante para concurso é o entendimento pacificado do
STJ no sentido de que a mera existência de demanda judicial
não autoriza, por si só, a suspensão do registro do devedor no
Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor
Público Federal – CADIN, que é um banco de dados onde estão
registrados os nomes de pessoas em débito para com órgãos e 
entidades federais. 
 
 
 
 
 
 
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Isto porque o art. 7º da Lei 10.522/02 estabelece que a
suspensão do registro no CADIN acontecerá na hipótese do devedor
comprovar dois requisitos legais, a saber: I - tenha ajuizado ação,
com o objetivo de discutir a natureza da obrigação ou o seu valor,
com o oferecimento de garantia idônea e suficiente ao Juízo,
na forma da lei; II - esteja suspensa a exigibilidade do crédito
objeto do registro, nos termos da lei. 
Portanto, segundo juízo consolidado do STJ (REsp nº 
1.137.497), a mera discussão judicial da dívida, sem garantia
idônea ou suspensão da exigibilidade do crédito, de acordo
com o art. 151 do CTN, não obsta a inclusão do nome do devedor 
no CADIN. 
Assim sendo, por exemplo, a discussão judicial sobre o
montante do débito tributário não é suficiente para impedir ou 
suspender a inscrição do nome do sujeito passivo no CADIN. 
4.3 AS RECLAMAÇÕES E OS RECURSOS ADMINISTRATIVOS 
As reclamações e os recursos administrativos são formas
também de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. 
A reclamação e o recurso administrativo significam, em outras
palavras, a interposição de impugnação administrativa. Isto é, o
lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo pode ser
alterado em virtude de impugnação do sujeito passivo, sendo, no
caso, esta impugnação uma forma de suspensão exigibilidade do
crédito tributário. 
Neste ponto, deixamos claro que o CTN não faz qualquer
restrição ao tipo de impugnação administrativa do contribuinte
à cobrança do tributo. Neste sentido, por exemplo, o STJ (REsp
1149115) entendeu que o pedido administrativo de compensação
suspende exigibilidade do crédito tributário e impede o ajuizamento
de execução fiscal. 
Por outro lado, destacamos que o STF entende como
inconstitucional a obrigação de arrolar bens ou a obrigatoriedade
de depositar quantia em dinheiro para recorrer administrativamente. 
Por exemplo, se determinada lei dispõe que o contribuinte deve
depositar 30% da exigência fiscal para recorrer administrativamente,
esta lei inconstitucional, ferindo os princípios do contraditório, da 
 
 
 
 
 
 
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ampla defesa, do devido processo legal e o direito de petição do
contribuinte, que deve ser garantido independentemente do
pagamento de taxas. 
Importante: “É inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de
recurso administrativo” (súmula vinculante n° 21). 
A FGV no concurso para Juiz de Direito/2009 considerou correto “É
inconstitucional a exigibilidade do arrolamento de bens no valor
equivalente a 30% da exigência fiscal, prevista pelo Decreto 
70.235/72, como pressuposto de admissibilidade do recurso
voluntário na esfera administrativa federal, conforme procedência do
pedido na ADI 1976/07”. 
Por sua vez, o STF entende como constitucional o parágrafo
único do art. 38 da Lei 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal), dispondo
que a propositura, pelo contribuinte, de ações judiciais destinadas à
discussão da validade de crédito tributário, importa em renúncia ao
poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso
acaso interposto. 
Em outros termos, a opção do contribuinte pela propositura de
ação judicial implica em renúncia ou desistência do direito de recorrer
administrativamente, uma vez que o direito de petição e o princípio
constitucional da legalidade não implicam a necessidade de
esgotamento da via administrativa para discussão judicial da validade
de crédito tributário. 
4.4 A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR EM MANDADO DE
SEGURANÇA E A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR OU DE
TUTELA ANTECIPADA EM OUTRAS AÇÕES JUDICIAIS 
O mandado de segurança é uma ação constitucional que visa a
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, contra atos ilegais ou abuso de poder cometido por
autoridades administrativas. 
O mandado de segurança é uma ação específica (art. 5°, LXIX
c/c a Lei 12.016/2009), que visa à proteção do cidadão diante da
ocorrência de ato ilegal de autoridade administrativa que viole o
direito líquido e certo. 
 
 
 
 
 
 
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Assim, antes da LC n.º 104/2001, o CTN estabelecia que
apenas a concessão de medida liminar em mandado de segurança
suspendia a exigibilidade do crédito tributário. Depois da LC n.º
104/2001, que reformou o CTN, a concessão de medida liminar ou de
tutela antecipada em outros tipos de ação judicial também suspende
a exigibilidade do crédito tributário. 
É importante entender que o mero ingresso na esfera judicial
com pedido de medida liminar em mandado de segurança ou em ação
cautelar não suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas sim
a concessão da medida liminar ou da tutela antecipada pelo
juiz. 
4.5 O PARCELAMENTO 
O CTN ainda dispõe nos arts. 151, inc. VI, e 155-A,
acrescentados pela LC 104/01, que o parcelamento é causa
suspensão da exigibilidade do crédito tributário. As redações dos
dispositivos referentes ao parcelamento iniciaram a sua vigência a
partir de 11 de janeiro de 2001. 
O parcelamento se caracteriza pela ação do contribuinte de
pagar o tributo, mas não de uma vez só. Assim, ocorre quando o
pagamento de determinado tributo é feito em várias parcelas, sendo
que no caso do contribuinte descumprir o parcelamento tributário,
por exemplo, não paga determinada parcela, o crédito tributário volta
ser imediatamente exigível 
Portanto, o parcelamento consiste, tal como a moratória, na
dilação do prazo para pagamento do tributo. Todavia, o parcelamento
deve ser concedido na forma e condição estabelecidas em lei
específica (art. 155-A) e a moratória exige lei, mas que não
necessita ser especifica. 
Nesse rumo, salvo disposição de lei em contrário, o
parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de
juros e multas (§1°, do art. 155-A). 
Com efeito, aplicam-se, subsidiariamente, ao
parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória
(§2°, do art. 155-A). Isto significa que na hipótese de omissão da lei
de parcelamento, o aplicador do direito pode utilizar as normas que
se referem à moratória, ou seja, os arts. 152 a 155 do CTN. E não o
contrário, ou seja, as normas do parcelamento (art. 155-A, §1° a 
 
 
 
 
 
 
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§4°, do CTN), em regra, não se aplicam à moratória. 
Por sua vez, devemos afirmar que lei específica disporá sobre
as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em
recuperação judicial (§3°, do art. 155-A). 
Entretanto, a inexistência desta lei específica de parcelamento
importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da
Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste
caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedidopela
lei federal específica (§4°, do art. 155-A). 
5. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
A extinção do crédito tributário, ao contrário da suspensão da
exigibilidade do crédito tributário, resolve a relação jurídico-tributária.
Isto é, as hipóteses de extinção do crédito tributário não só impedem
a cobrança do crédito tributário, mas também liberam
definitivamente o sujeito passivo de qualquer relação de dívida com o
fisco. 
Assim, as hipóteses de extinção do crédito tributário também
devem ter previsão legal (art. 97, VI, CTN). Nesse rumo, a doutrina
separa duas formas de extinção do crédito tributário, que é a forma
direta, normal, que é o pagamento, até mesmo o pagamento por
consignação; e a forma indireta, imprópria, que são as hipóteses de
compensação, transação, remissão, decadência, prescrição,
conversão de depósito em renda, decisão administrativa
irreformável, decisão judicial passada em julgado e dação em
pagamento em bens imóveis. 
Por sua vez, registramos a jurisprudência do STF no sentido da
possibilidade do Estado-membro estabelecer regras específicas de
quitação de seus próprios créditos tributários, podendo criar nova
modalidade de extinção de crédito tributário por lei estadual (ADI
2405 MC, DJ 17/02/2006). Neste sentido, o CESPE adotou como
gabarito definitivo tal entendimento em 2010 em prova para juiz
federal. 
Contudo, ressaltamos que, em 2007, o STF julgou
inconstitucional Lei distrital 1.624/97 que dispõe sobre o
pagamento de débitos das microempresas, das empresas de
pequeno porte e das médias empresas, mediante dação em
pagamento de materiais destinados a atender a programas de 
 
 
 
 
 
 
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Governo do DF. Deste modo, o STF compreendeu que a citada Lei
viola o art. 37, XXI, da CF, uma vez que “afasta a incidência do
processo licitatório, por ele exigido, para aquisição de materiais pela
Administração Pública, bem como o art. 146, III, da CF, que prevê
caber à lei complementar o estabelecimento de normas gerais em
matéria de legislação tributária, eis que cria nova causa de extinção
de crédito tributário” (ADI 1917/DF, DJ 24/08/2007). 
Ademais, o STF, em 2009, também compreendeu como
inconstitucional norma que estabelece hipótese de extinção do
crédito tributário por transcurso de prazo para apreciação de recurso
administrativo fiscal, uma vez que a extinção do crédito tributário ou
do direito de constituir o crédito tributário por decurso de prazo,
combinado a qualquer outro critério, corresponde à decadência, que é
matéria reservada à lei complementar federal (ADI 124, DJE de
17/04/2009). 
5.1 PAGAMENTO 
O pagamento é a modalidade mais comum de extinção do
crédito tributário, sendo regulado nos arts. 157 a 163 do CTN. O
pagamento do tributo significa o cumprimento ou o adimplemento
voluntário da obrigação tributária. 
O pagamento do tributo é efetuado, em regra, em moeda
corrente, cheque ou vale postal, mas, também, nos casos previstos
em lei, os tributos podem ser pagos em estampilha, em papel selado
ou por processo mecânico (art. 162, incs. I e II). 
Assim sendo, a legislação tributária pode exigir garantias para o
pagamento do tributo por cheque ou vale postal, desde que não o
torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda
corrente (§1°, do art. 162). Evidenciamos que o crédito tributário
pago por cheque somente deve ser considero extinto com o resgate
deste pelo sacado (§2°, do art. 162). 
Por sua vez, o crédito pagável em estampilha considera-se
extinto com a inutilização regular daquela, ressalvado no caso do
lançamento por homologação (§3°, do art. 162). Portanto, a perda ou
destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta
modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos casos
expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que
o erro seja imputável à autoridade administrativa (§4°, do art. 162). 
 
 
 
 
 
 
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Já o pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-
se ao pagamento em estampilha (§5°, do art. 162). 
Na prática, não existe mais o pagamento de tributo com
estampilha, em papel selado ou por processo mecânico, mas cita-se
porque são regras ainda vigentes no CTN. 
Por outro lado, a imposição de penalidade pecuniária não exclui
(“ilide”) o pagamento integral do crédito tributário (art. 157). 
Com efeito, o pagamento de um crédito tributário não importa
em presunção de pagamento, quando parcial, das prestações em
que se decomponha e, quando total, de outros créditos referentes
ao mesmo ou a outros tributos (art. 158, inc. I e II). 
Assim, quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o
pagamento do tributo é efetuado na repartição competente do
domicílio do sujeito passivo (art. 159), sendo que a legislação
tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento,
nas condições que estabeleça. 
Este tipo de desconto citado é aquele que todo ano
normalmente é utilizado pelo poder tributante, dando a possibilidade
de desconto para o contribuinte que efetuar o pagamento antes de
determinada data de vencimento do IPVA de competência estadual e
distrital ou do IPTU de competência distrital e municipal. 
Por sua vez, quando a legislação tributária não fixar o tempo
do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias
depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do
lançamento (art. 160 do CTN). 
5.1.1 JUROS DE MORA, MULTA DE MORA, CORREÇÃO
MONETÁRIA 
Os juros de mora significam um percentual cobrado em cima
do valor da dívida, em razão do não pagamento na data do
vencimento ou pela utilização indevida do capital de terceiro. 
A multa de mora é uma penalidade ou sanção tributária
pecuniária por causa do atraso no cumprimento da obrigação. 
Já a correção monetária corresponde a mera atualização da
dívida em face do tempo. Decerto, segundo o STF, a correção 
 
 
 
 
 
 
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monetária, em matéria fiscal, é sempre dependente de lei que a
preveja, “não sendo facultado ao Poder Judiciário aplicá-la onde a lei
não a determina, sob pena de substituir-se ao legislador.” (RE
452.930-AgR, DJE de 1º-8-2008, RE 572.664-AgR, DJE de 25-9-
2009). 
Além disso, os índices de correção monetária dos débitos
tributários estaduais instituídos por lei estadual são constitucionais,
mas não podem ser superiores (exceder) ao índice da correção dos
tributos federais (ADI 442). 
Nesse rumo, o crédito tributário não integralmente pago no
vencimento é obrigatoriamente acrescido de juros de mora, seja
qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da
imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer
medidas de garantia previstas no CTN ou em lei tributária (art. 161). 
Salvo disposição de lei em contrário, os juros de mora serão
calculados à taxa de um por cento ao mês (§1°, do art. 161). 
Por conseguinte, registramos jurisprudência amplamente
predominante no STJ no sentido de que a taxa SELIC é legítima
como índice de correção monetária e de juros de mora, na
atualização dos débitos tributários pagos em atraso, diante da
existência de Lei Estadual que determina a adoção dos
mesmos critérios adotados na correção dos débitos fiscais
federais (RESP 879844). 
O STJ compreende que “raciocínio diverso importaria
tratamento anti-isonômico, porquanto a Fazenda restaria obrigada a
reembolsar os contribuintes por esta taxa SELIC, ao passo que, no
desembolso, os cidadãos exonerar-se-iam desse critério, gerando
desequilíbrio nas receitas fazendárias”. 
5.1.2 CONSULTA TRIBUTÁRIA 
Segundo os termos do §2°, do art. 161 do CTN, os juros de
mora não se aplicam na pendência de consulta formulada pelodevedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. 
A consulta tributária é um procedimento administrativo de
satisfação de dúvida referente à legislação tributária, formulada pelo
sujeito passivo ao Fisco dentro do prazo legal para pagamento do
crédito tributário. Isto é, a consulta deve ser formulada antes do 
 
 
 
 
 
 
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vencimento do prazo legal para pagamento do tributo. 
O sujeito passivo que faz determinada consulta sobre a
legislação tributária pratica conduta de boa-fé, respondendo, apenas,
pelo tributo + correção monetária, se for o caso. Ou seja, a
consulta eficaz impede a cobrança de juros de mora ou de multa de
mora sobre a matéria consultada. Em outros termos, é apenas
cobrado do sujeito passivo o tributo com correção monetária, sem
multa e juros. 
Importante: a consulta não suspende o prazo para recolhimento de
tributo, retido na fonte ou autolançado antes ou depois de sua
apresentação, nem o prazo para apresentação de declaração de
rendimentos (obrigação acessória). Mesmo na hipótese de consulta, o
sujeito passivo deve continuar cumprindo com as suas obrigações
instrumentais. 
Por outro lado, após a resposta à consulta, na hipótese da
administração alterar o entendimento nela expresso, a nova
orientação atingirá, apenas, os fatos geradores que ocorram após
dado ciência ao consulente ou após a sua publicação pela imprensa
oficial. 
Além disso, não produzirá efeito a consulta formulada: 
• A uma situação hipotética formulada pelo contribuinte que
possa ensejar uma exigência fiscal futura; 
• Por quem tiver sido intimado a cumprir obrigação relativa ao
fato objeto da consulta; 
• Por quem estiver sob procedimento fiscal iniciado para apurar
fatos que se relacionem com a matéria consultada; 
• Quando o fato já houver sido objeto de decisão anterior, ainda
não modificada, proferida em consulta ou litígio em que tenha
sido parte o consulente; 
• Quando o fato estiver disciplinado em ato normativo, publicado
antes de sua apresentação; 
• Quando o fato estiver definido ou declarado em disposição
literal de lei; 
• Quando o fato for definido como crime ou contravenção penal; 
• Quando não descrever, completa ou exatamente, a hipótese a
que se referir, ou não contiver os elementos necessários à sua
solução salvo se a inexatidão ou omissão for escusável, a
critério da autoridade julgadora. 
 
 
 
 
 
 
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A FGV no concurso de Juiz de Direito/MS/2008 considerou incorreto:
“O processo de consulta deverá ser apresentado por escrito e poderá
versar sobre dispositivos da legislação tributária aplicável a fato
determinado ou a uma situação hipotética formulada pelo
contribuinte que possa ensejar uma exigência fiscal futura”. 
5.1.3 IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTO 
O instituto jurídico da imputação de pagamento ocorre
quando existe simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do
mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de
direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou
provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora (art. 163). 
Neste caso, a autoridade administrativa competente para
receber o pagamento do tributo determinará a respectiva imputação,
obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas: 
• Em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em
segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária; 
• Primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às
taxas e por fim aos impostos; 
• Na ordem crescente dos prazos de prescrição; 
• Na ordem decrescente dos montantes. 
Ademais, ressaltamos a aprovação de súmula 464 do STJ no
sentido de que a “regra de imputação de pagamentos estabelecida no
artigo 354 do Código Civil (CC) não se aplica às hipóteses de
compensação tributária”. 
O art. 354 do CC determina que, em regra, havendo capital e
juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e
depois, no capital. Contudo, tal entedimento não se aplica no
direito tributário, em face da inexistência de normas tributárias
neste sentido. Em outras palavras, o art. 354 do CC é inaplicável aos
débitos de natureza tributária, que é regido por normas cogentes e
específicas, não se admitindo aplicação subsidiária de normas
dispositivas de direito civil. 
Importante: A norma cogente obriga ou proíbe terminada conduta,
impondo-se em grau máximo as partes da relação jurídica (norma
tributária). Ao contrário, a norma dispositiva (norma de direito
privado) se impõe em grau menor de imperatividade, pois permite as 
 
 
 
 
 
 
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partes da relação estabelecer regra diversa, ou seja, a norma
dispositiva tem aplicação subsidiária às convenções particulares. 
5.1.4 CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
A consignação em pagamento permite que o sujeito passivo
exerça seu direito de pagar o tributo, sendo que quando julgada
procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a
importância consignada é convertida em renda, extinguindo o crédito
tributário. 
Ou seja, é um instrumento processual de quem quer pagar o
tributo e não consegue. Na verdade, na consignação em pagamento,
apenas efetivamente se extingue o crédito tributário no momento do
trânsito em julgado da sentença de procedência da ação, eis que a
partir deste momento, em princípio, fica imodificável a consignação e
o pagamento se reputa definitivamente efetuado com a também
conversão da importância consignada em renda. 
Portanto, a importância de crédito tributário pode ser
consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos seguintes casos
especificados no art. 164 do CTN: 
• De recusa de recebimento, ou subordinação deste ao
pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao
cumprimento de obrigação acessória; 
• De subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências
administrativas sem fundamento legal; 
• De exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito
público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. 
A consignação só pode versar sobre o crédito que o
consignante se propõe pagar (§1º, do art. 164, do CTN). 
Destacamos novamente que julgada procedente a
consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância
consignada é convertida em renda, extinguindo o crédito
tributário. Na hipótese de ser julgada improcedente a
consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de
juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis (§2º, do
art. 164, do CTN). 
5.2 COMPENSAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
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A compensação é modalidade de extinção do crédito tributário
prevista nos arts. 156, II, 170 e 170-A do CTN. 
No direito tributário, a compensação deve ser prevista em lei,
tratando-se de modalidade indireta de extinção do crédito, por meio
do confronto entre débitos e créditos. Ou seja, a compensação é o
confronto de contas dos débitos e dos créditos na hipótese de duas
pessoas serem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra. 
O sujeito passivo possui um crédito com o fisco, por exemplo,
quando efetua um pagamento indevido de tributo. Assim, a
compensação é modalidade extintiva do crédito tributário, quando o
sujeito passivo é devedor e credor do fisco, concomitantemente. A
compensação não pode ser feita ao bel-prazer do contribuinte,
devendo ser feita sempre com respaldo na lei. 
Portanto, a lei pode, nas condições e sob as garantias que
estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade
administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com
créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito
passivo

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