Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 5 – Crédito tributário: lançamento: efeitos e modalidades. Suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. Olá, chegamos à nossa aula 5. A aula de hoje extensa, pois abrange grande parte do conteúdo de direito tributário. O sumário da parte de teoria resumida de hoje é o seguinte: 1. Conceito de crédito tributário: 1.1 Estágios da relação jurídico-tributária; 1.2 Autonomia da obrigação tributária; 1.3 Legalidade e responsabilidade funcional do agente fiscal; 1.4 Existência de crédito tributário antes do fato gerador? 2. Lançamento tributário: 2.1 Conceito; 2.2 Finalidades; 2.3 Natureza jurídica; 2.4 Efeitos; 2.5 Competência e declaração débitos pelo contribuinte; 2.6 Demais características; 2.7 Aplicação temporal da taxa de câmbio; 2.8 Lei aplicada ao objeto do lançamento (material/substantiva) e lei aplicável a atividade de lançamento (formal/adjetiva); 2.9 Revisão e princípio da imutabilidade do lançamento; 2.10 Princípio da inalterabilidade dos critérios jurídicos, princípio da confiança e distinções entre erro de direito e erro de fato; 2.11 Modalidades de lançamento: 2.11.1 Lançamento de ofício, direto, ex officio ou unilateral: 2.11.1.1 Arbitramento da base de cálculo e pauta fiscal do ICMS; 2.11.2 Lançamento misto ou “por declaração” 2.11.3 Lançamento por homologação ou “autolançamento”. 3. Teoria geral da suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. 4. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário: 4.1 Moratória; 4.2 Depósito do montante integral do crédito tributário; 4.3 As reclamações e os recursos administrativos; 4.4 A concessão de medida liminar em mandado de segurança e a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras ações judiciais; 4.5 O parcelamento. 5. Extinção do crédito tributário: 5.1 Pagamento: 5.1.1 Juros de mora, multa de mora e correção monetária e consulta tributária; 5.1.2 Imputação de pagamento; 5.1.3 Consignação em pagamento; 5.2 Compensação; 5.3 Transação; 5.4 Remissão; 5.5 Conversão do depósito em renda; 5.6 Decisão administrativa irreformável; 5.7 Decisão judicial passada em julgado; 5.8 Dação em pagamento de CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 2 www.pontodosconcursos.com.br bens imóveis; 5.9 Pagamento antecipado e homologação do pagamento; 5.10 Decadência e prescrição: 5.10.1 Decadência ou prazos para o lançamento tributário: 5.10.1.1 Gráfico esquemático; 5.10.2 Prescrição: 5.10.2.1 Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas; 5.10.2.2 Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/80); 5.10.2.3 Inexistência da prescrição intercorrente no processo administrativo; 5.10.2.4 Gráfico esquemático. 6. Introdução a exclusão do crédito tributário: 6.1 Isenção: 6.1.1 Classificações: 6.1.1.1 Isenções objetivas e isenções subjetivas; 6.1.1.2 Isenções em caráter geral e isenções em caráter específico; 6.1.1.3 Isenções onerosas e isenções simples; 6.1.1.4 Isenções por prazo indeterminado e isenções por prazo determinado; 6.1.1.5 Isenções amplas e isenções restritas; 6.1.1.6 Isenções autônomas e isenções heterônomas; 6.1.2 Fonte; 6.1.3 Extensão e revogação; 6.2 Anistia. Então, vamos lá. 1. NATUREZA JURÍDICA, CONCEITO, FORMA DE CONSTITUIÇÃO, FUNÇÃO E EFEITOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO O crédito tributário decorre da obrigação tributária principal e tem a mesma natureza desta (art. 139, do CTN). Isto é, o credito tributário se origina da existência do tributo ou da multa fiscal e tem natureza tributária idêntica a da obrigação tributária principal. Nesse rumo, o crédito tributário representa o momento da exigibilidade da relação tributária, tendo seu nascimento com a ocorrência lançamento tributário, nos termos do art.142 do CTN. Entretanto, registramos desde já que existem duas hipóteses já reconhecidas na jurisprudência do STJ e do STF que constituem o crédito tributário ou que acarretam o nascimento ao crédito tributário, sem a necessidade de lançamento, que são: • A constituição do crédito tributário pelo particular com entrega de declarações tributárias, tais como a Declaração de Contribuições de Tributos Federais (DCTF) ou a Guia de Informação e Apuração do ICMS (GIA); • A constituição do crédito tributário por ato judicial no que concerne às contribuições previdenciárias na Justiça do CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 3 www.pontodosconcursos.com.br Trabalho decorrentes das sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores objeto de acordo homologado que integrem o salário de contribuição (informativo 519 do STF). Assim sendo, nos termos enunciados no CTN, podemos conceituar o crédito tributário como uma obrigação tributária lançada ou uma obrigação tributária exigível, sendo o lançamento o instrumento que confere a exigibilidade à obrigação tributária, qualificando-a (identificação do que se deve: “an debeatur”) e quantificando-a (aferição do quanto se deve: “quantum debeatur”). Hipótese de incidência ou Fato gerador in abstrato Fato imponível ou Fato gerador in concreto Obrigação tributária Lançamento Crédito Tributário Crédito Tributário Lançamento Obrigação tributária Fato imponível ou Hipótese de incidência ou Fato gerador in abstrato Fato gerador in concreto Obrigação tributária Lançamento Crédito tributário CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 4 www.pontodosconcursos.com.br 1.1 ESTÁGIOS DA RELAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA Nesse rumo, o lançamento tributário transforma a obrigação tributária antes ilíquida em líquida e certa que passa a ser denominada de crédito tributário. Isto significa que o crédito tributário é a obrigação tributária em um renovado momento após o lançamento tributário. É a partir do lançamento tributário que se pode falar em exigibilidade da obrigação tributária principal ou acessória pela autoridade fiscal. Deste modo, a autoridade fiscal não pode exigir a obrigação tributária com a simples ocorrência do fato gerador, pois se compreende que apenas com a formalização da dívida tributária através do lançamento é que esta se torna líquida, certa e exigível, podendo o Fisco exigir o cumprimento da obrigação tributária. Por exigibilidade no direito tributário se entende que o Fisco pode cobrar o crédito tributário do sujeito passivo (contribuinte ou responsável tributário), exigindo-se o cumprimento da obrigação tributária. A exigibilidade significa, em outras palavras, tornar passível de cobrança. Na interpretação do CTN, o termo exigibilidade está umbilicalmente ligado ao lançamento tributário. Por exemplo, a obrigação tributária acessória, pelo simples fato de sua inobservância, converte-se em obrigação tributária principal relativamente à multa. E para se exigir tal multa é necessário o lançamento tributário (auto de infração), segundo o art. 142 do CTN, pois, se o contribuinte cumpre com a obrigação acessória, não há exigibilidade pela autoridade fiscal, mas sim obrigatoriedade de cumprir com um dever instrumental. Neste sentido, podemos simplificar a relação tributária nas seguintes fases: • Obrigação tributário existente que corresponde à lei mais o fato gerador in concreto; • Crédito tributário exigível que é considerado à lei mais fato gerador in concreto mais lançamento; • Crédito tributário exequível ou executável que é igual à lei mais fato gerador in concreto mais lançamento mais inscrição em dívida ativa. CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 5 www.pontodosconcursos.com.br Neste sentido, visualizamos os estágios da relação tributária com seguinte esquema: Relação Jurídico-Tributária Obrigação tributário existente = lei+ fato gerador in concreto Crédito tributário exigível = lei + fato gerador in concreto + lançamento Crédito tributário exequível ou executável = lei + fato gerador in concreto + lançamento + inscrição em dívida ativa. 1.2 AUTONOMIA DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA No direito tributário, diferentemente do direito civil, a obrigação do devedor (sujeito passivo) não surge simultaneamente com o direito de crédito do credor (sujeito ativo), pois a obrigação tributária surge com a ocorrência do fato gerador e o crédito tributário se constitui com o lançamento tributário, evidenciando-se que há obrigação tributária antes do lançamento e independentemente dele. Deste modo, a autonomia entre obrigação e crédito tributário fica clara quando se estabelece que as circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem (art. 140, do CTN). Logo, no direito tributário, as alterações em relação ao crédito tributário podem afetar o lançamento tributário, mas não a obrigação tributária, exceto na lógica hipótese de extinção do crédito tributário que também extingue a respectiva obrigação tributária. Por exemplo, em regra, a anulação do lançamento tributário em decorrência de vício formal (inexistência de assinatura do agente fiscal no auto de infração) não altera a obrigação tributária. 1.3 LEGALIDADE E RESPONSABILIDADE FUNCIONAL DO AGENTE FISCAL Em decorrência do princípio da estrita legalidade tributária, o crédito tributário regularmente constituído através do lançamento apenas se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos no Código Tributário Nacional CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 6 www.pontodosconcursos.com.br (CTN), fora dos quais não podem ser dispensada a sua efetivação ou as respectivas garantias, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei (art. 141, do CTN). Ou seja, o agente fiscal deve atuar de forma vinculada e obrigatória, não podendo dispensar, modificar, extinguir, suspender ou excluir a exigibilidade do crédito tributário e as suas respectivas garantias, exceto nas hipóteses previstas no CTN, sob pena de responsabilidade funcional, que significa responsabilização administrativa ou até mesmo penal. 1.4 EXISTÊNCIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO ANTES DO FATO GERADOR? Registramos ainda que no sistema tributário nacional existe uma hipótese disciplinada pela CF/88 em que o crédito tributário pode ser exigido antes mesmo da ocorrência do fato gerador da obrigação principal: substituição tributária para frente ou substituição tributária subseqüente ou progressiva (art. 150, §7°) 2. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO O lançamento tributário é o ato documental de cobrança do tributo, por meio do qual se declara a obrigação tributária que surge com o fato gerador in concreto e se constitui o crédito tributário. 4.1 CONCEITO O lançamento tributário é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível, nos termos do art. 142, caput, do CTN. 4.2 FINALIDADES As funções ou finalidades da atividade de lançamento são as seguintes: • Verificar a ocorrência do fato gerador in concreto; • Determinar o que deve ser tributado; CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 7 www.pontodosconcursos.com.br • Calcular o montante do tributo devido, com base na identificação da base de cálculo e da alíquota; • Determinar quem é o sujeito passivo (contribuinte ou responsável) da relação tributária e, • Sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível, isto é, da multa em caso de descumprimento de obrigação tributária principal ou acessória. Nesse rumo, o lançamento tributário segue o princípio documental, sendo documentado e seu instrumento conterá os elementos indispensáveis à identificação da obrigação tributária surgida. 2.3 NATUREZA JURÍDICA Apesar da polêmica doutrinária, segundo os termos do CTN, a natureza jurídica do lançamento é declaratória e constitutiva, ou seja, é dúplice, pois declara a obrigação tributária e constitui o crédito tributário. 2.4 EFEITOS Consideramos que o lançamento tributário possui efeito ex tunc, pois retroage para declarar a existência da obrigação tributária surgida com a ocorrência do fato gerador. Vejamos o seguinte quadro para nunca mais confundir efeitos ex tunc com efeitos ex nunc: Efeitos jurídicos Efeitos ex tunc = efeitos retroativos, a partir da origem, efeitos que retornam ao passado. Efeitos ex nunc = efeitos prospectivos, a partir de agora, efeitos que não retroagem. 2.5 COMPETÊNCIA E DECLARAÇÃO DÉBITOS PELO CONTRIBUINTE A competência para o lançamento é privativa da autoridade administrativa (art. 142, do CTN). Entretanto, de acordo com decisão atual do STF e decisões reiteradas do STJ, a formalização ou constituição do crédito tributário também pode ocorrer por (i) ato judicial na Justiça do Trabalho no CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 8 www.pontodosconcursos.com.br que diz respeito a contribuição social referente ao salário cujo pagamento foi determinado em decisão trabalhista e também por (ii) declaração de débitos do sujeito passivo em que o tributo correspondente não foi pago, importando em confissão de dívida do débito tributário. Importante: Tome cuidado com as questões objetivas de concurso público, verificando sempre se questão é cobrada segundo o previsto literalmente no art. 142 do CTN ou não. Por sua vez, apesar de o lançamento ser juridicamente uma atividade administrativa obrigatória e vinculada, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142, parágrafo único), o STJ tem entendido que a declaração de débitos pelo contribuinte em GIA ou DCTF em que o tributo correspondente não foi pago importa em confissão de dívida do débito, tornando-se dispensável a homologação formal do lançamento e a prévia notificação ou a instauração de procedimento administrativo fiscal, podendo ser prontamente inscrito em dívida ativa o tributo declarado e não pago. Destarte, a jurisprudência do STJ firma posicionamento de que o reconhecimento do suposto débito pelo sujeito passivo, mediante declaração de débitos de tributos, equivale à constituição formal do crédito pelo lançamento. Neste sentido, dispõe a súmula 436 do STJ, “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”. A FGV no concurso para o ICMS/RJ/2009 considerou correto: “Segundo jurisprudência do STJ, tratando-se de tributo sujeito a lançamento por homologação, e tendo o contribuinte declarado o débito e não pagado no vencimento, considera-se desde logo constituído o crédito tributário, tornando-se dispensável a instauração de procedimento administrativo com a finalidade de promoção do lançamento para viabilizar a posterior cobrança judicial”. 2.6 DEMAIS CARACTERÍSTICAS O lançamento tributário é uma atividade administrativa vinculada, uma vez que esta deve ser balizada pela lei, e também é atividade obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional da autoridade administrativa competente que não lançar o tributo CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 9 www.pontodosconcursos.com.br quando este é devido. No lançamento tributário não há conveniência ou oportunidade, que são características da atividade administrativa discricionária, mas simatividade administrativa vinculada e obrigatória decorrente do princípio da indisponibilidade do interesse público. 2.7 APLICAÇÃO TEMPORAL DA TAXA DE CÂMBIO Segundo o art. 143, do CTN, salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação. Por exemplo, o imposto de importação, segundo o STF (RE n° 73.971-SP), é calculado pela alíquota vigente à data da entrada da mercadoria no território nacional e, por conseguinte, a taxa de câmbio nesse dia. Noutro ponto, o CTN abre espaço para atuação do legislador ordinário no que tange ao cálculo do tributo cujo valor está expresso em moeda estrangeira. Contudo, atentamos para o fato que compete privativamente à União legislar sobre sistema monetário e câmbio (art. 22, VI e VII, CF). 2.8 LEI APLICADA AO OBJETO DO LANÇAMENTO (MATERIAL/SUBSTANTIVA) E LEI APLICÁVEL A ATIVIDADE DE LANÇAMENTO (FORMAL/ADJETIVA) Em princípio, o lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada (art.144, caput, do CTN), salvo as seguintes exceções, em que se aplica ao lançamento a legislação posterior à ocorrência do fato gerador: • Legislação que instituí novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. Por exemplo, lei nova que autoriza a quebra do sigilo bancário para fins fiscais poderá ser aplicada de forma retroativa, podendo a autoridade administrativa competente investigar um contribuinte em período anterior ao advento desta nova lei e CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 10 www.pontodosconcursos.com.br efetivar o lançamento tributário com base nos novos dados averiguados à época do respectivo lançamento; • Legislação que outorgue ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. Assim sendo, normalmente, a lei aplicada ao objeto do lançamento é a vigente na data da ocorrência do fato gerador, que é chamada pela doutrina de lei de conteúdo material ou substantiva, mesmo que seja revogada ou modificada. Por exemplo, imaginamos “o indivíduo que realizou um serviço em janeiro, quando a alíquota do ISS era de 3,5%, em fevereiro foi publicada lei municipal reduzindo a alíquota para 3%, e em março é efetuado um lançamento relativo à prestação de serviço realizada (fato gerador do ISS) no mês de janeiro, a alíquota do ISS utilizada no lançamento para cálculo do tributo dever ser a vigente na data da ocorrência do fato gerador, que é 3,5%”. Por sua vez, a lei aplicável a atividade de lançamento é aquela vigente à época em que for efetuado, que são as hipóteses em que a legislação tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. Estas hipóteses excepcionais de retroatividade são denominadas pela ESAF, CESPE e jurisprudência do STJ de legislação de conteúdo formal ou adjetiva (processual), sendo prerrogativas instrumentais ou procedimentais do Fisco que têm aplicação imediata. Vejamos as seguintes decisões bem didáticas do STJ: • “O artigo 144, § 1º, do CTN prevê que as normas tributárias procedimentais ou formais têm aplicação imediata, ao contrário daquelas de natureza material, que somente alcançariam fatos geradores ocorridos durante a sua vigência. Os dispositivos que autorizam a utilização de dados da CPMF pelo Fisco para apuração de eventuais créditos tributários referentes a outros tributos são normas procedimentais ou formais e, por essa razão, não CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 11 www.pontodosconcursos.com.br se submetem ao princípio da irretroatividade das leis, ou seja, incidem de imediato, ainda que relativas a fato gerador ocorrido antes de sua entrada em vigor” (REsp 1039364/ES). • A norma que regula a quebra do sigilo bancário pelo Fisco é norma procedimental, cuja aplicação é imediata, à luz do disposto no artigo 144, § 1º, do CTN. Assim sendo, as leis tributárias procedimentais ou formais são aplicáveis a fatos pretéritos, razão pela qual a Lei Complementar 105/2001 legítima a atuação fiscalizatória/investigativa da Administração Tributária, ainda que os fatos imponíveis a serem apurados lhes sejam anteriores (REsp 2009/0067034-4). Em síntese, podemos exemplificar a lei de conteúdo material com o caput, do art. 144, do CTN: “O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada”; e a lei de conteúdo formal com o §1°, do art. 144, do CTN, quando se refere aos “novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas”. Ademais, o CTN ainda dispõe que no caso impostos lançados por períodos certos de tempo (IPTU, ITR, dentre outros), aplica-se ao lançamento a lei vigente na data em que o fato gerador se considera ocorrido, sendo esta a interpretação predominante do art. 144, §2°. 2.9 REVISÃO E PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE DO LANÇAMENTO O princípio da imutabilidade do lançamento está fundamentado no art. 145, do CTN, que dispõe que o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo da relação tributária só pode ser alterado em virtude de: • Impugnação do sujeito passivo; • Recurso de ofício; • Iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149 do CTN (lançamento de ofício). Neste sentido, preservando a estabilidade da relação jurídico- tributária, verificamos que, salvo nas hipóteses elencadas no art. 145, o lançamento tributário regularmente notificado ao sujeito passivo é administrativamente imutável, uma vez que o sujeito CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 12 www.pontodosconcursos.com.br passivo não pode ficar a mercê da conveniência da atuação do agente fiscal. 2.10 PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE DOS CRITÉRIOS JURÍDICOS, PRINCÍPIO DA CONFIANÇA E DISTINÇÕES ENTRE ERRO DE DIREITO E ERRO DE FATO Destacamos que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução (art. 146, do CTN). Este dispositivo fundamenta o princípio da inalterabilidade dos critérios jurídicos no que diz respeito a fatos geradores pretéritos. Assim, o CTN consolida também o princípio da confiança no âmbito do direito tributário, porque protege o contribuinte que confiou e acreditou na correta aplicação dos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no momento do lançamento. Portanto, nesta hipótese do art. 146 do CTN, novos critérios jurídicos somente podem ser utilizados em relação ao mesmo contribuinte em situações igualmente novas, que acarretam fatos geradores in concreto (fatos imponíveis) inéditos, protegendo a boa fé do contribuinte contra mudanças jurídicas repentinas e de efeitos retroativos (“ex tunc”). Neste tema, tem pertinência e é correta a interpretação disposta na Súmula 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos (TFR), dizendo que a “mudança de critério jurídico adotado pelo Fisco não autoriza a revisão de lançamento”. Isto é, na hipótese de erro dedireito ou modificação de interpretação jurídica pelo fisco não será possível alterar o lançamento tributário já realizado, sendo possível esta alteração apenas no caso de erro de fato, desde que ainda não tenha decorrido o prazo de decadência para lançar o tributo, já que a revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 13 www.pontodosconcursos.com.br Com efeito, podemos dizer que erro de fato se situa no mundo real, no mundo do conhecimento dos fatos, independentemente do conhecimento da norma jurídica. Por exemplo, a autoridade administrativa verifica que os valores registrados na nota fiscal pelo contribuinte foram transcritos de forma incorreta (R$ 100,00 ao invés de R$ 1.000,00). Já o erro de direito acontece no mundo do direito, isto é, é um erro na aplicação e interpretação da norma jurídica. Por exemplo, o Fisco compreende como adequada determinada interpretação da norma tributária e depois verifica que esta interpretação é equivocada. Assim, registramos que se o Fisco quiser promover a modificação do entendimento por erro de direito, deve-se aplicar o art. 146 do CTN, protegendo o direito do contribuinte no que diz respeito aos lançamentos tributários já efetivados. Podemos citar o seguinte exemplo doutrinário: “Imagine um fiscal que lança um tributo, aplicando uma alíquota de 5% pois identificou a operação tributada como sendo a venda de um motor elétrico, mas posteriormente verifica que se trata de venda de motor a gasolina, cuja alíquota é de 10%, tal fiscal cometeu um erro de fato e deve rever o lançamento corrigindo a alíquota aplicável dentro do prazo legal (decadência). Entretanto, se o mesmo fiscal identificou corretamente a operação tributada como sendo a venda de um motor a gasolina, mas interpretou de forma equivocada a lei, entendendo que era caso de aplicação da alíquota de 5%, não poderá posteriormente modificar o lançamento, pois ocorreu aqui um erro de direito ou modificação de interpretação jurídica pelo fisco”. 2.11 MODALIDADES DE LANÇAMENTO Nos termos do CTN, existem três modalidades de lançamento tributário, que são determinadas de acordo com característica de nenhum, maior ou total auxílio do sujeito passivo (contribuinte ou responsável) da relação tributária no ato de lançar, que são as seguintes em ordem decrescente de auxílio: • Lançamento de ofício, direto, ex officio ou unilateral; • Lançamento por declaração ou misto; • Lançamento por homologação ou “autolançamento”. Em outras palavras, no lançamento de ofício não há auxílio do CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 14 www.pontodosconcursos.com.br sujeito passivo; no lançamento por declaração há um maior auxílio do sujeito passivo e no lançamento por homologação há total auxílio do sujeito passivo no ato ou procedimento de efetuar o lançamento tributário. 2.11.1 LANÇAMENTO DE OFÍCIO, DIRETO, EX OFFICIO OU UNILATERAL O lançamento de ofício é aquele em que o Fisco, dispondo de dados suficientes para efetuar a cobrança, realiza-o, dispensando o auxílio do contribuinte ou do responsável tributário. Exemplos: IPTU (lançamento de ofício, por excelência), IPVA (em regra, mas depende sempre da legislação estadual), autos de infração, a grande maioria das taxas e a contribuição municipal e distrital de iluminação pública. O art. 149, do CTN, estabelece nove (9) hipóteses expressas em que autoridade administrativa deve efetuar o lançamento de ofício ou realizar a sua revisão de ofício, a saber: • Quando a lei assim o determine; • Quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; • Quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; • Quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; • Quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o item seguinte; • Quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; • Quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; • Quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; • Quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 15 www.pontodosconcursos.com.br omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Notamos da análise de algumas hipóteses do art. 149, do CTN, que todos os tributos podem vir a ser lançados de forma direta (ex officio), uma vez que a autoridade administrativa competente é obrigada a lançar de ofício o tributo no caso de omissão ou incorreção do auxílio praticado pelo sujeito passivo no lançamento por declaração ou no lançamento por homologação. Assim, é correto dizer que o lançamento de ofício pode ser utilizado quando da inobservância, conforme o tributo devido, do lançamento por homologação ou por declaração. Por sua vez, o lançamento de ofício pode ser realizado, inclusive se já foi procedido outro lançamento de ofício, sendo o caso de revisão de ofício. É a hipótese, por exemplo, de comprovação que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial, previsto no art. 149, IX, do CTN. É relevante saber também que a revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública (art. 149, parágrafo único, do CTN). Isto é, extinto o direito do Fisco não pode mais existir o lançamento ou revisão do próprio. A extinção decorre do término do prazo decadencial para o fisco lançar o tributo. 2.11.1.1 ARBITRAMENTO DA BASE DE CÁLCULO E PAUTA FISCAL DO ICMS Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial (art. 148). Segundo parte minoritária da doutrina e da jurisprudência, o art. 148 dispõe sobre o denominado lançamento por arbitramento. Contudo, na verdade, ocorre um lançamento de ofício e não uma modalidade de lançamento. O arbitramento é uma técnica para definir a base de cálculo do tributo, uma vez que a atividade CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 16 www.pontodosconcursos.com.br realizada pelo sujeito passivo não foi correta (não merece fé) ou o sujeito passivo foi omisso. Assim sendo, ressaltamos que o arbitramento é medida excepcional que somente se verifica na hipótese de recusa ou sonegação de documentos ou informações pelo sujeito passivo, pois existindo elementos suficientes para apuração do valor real da base de cálculo do tributo (recibos, rescisões contratuais, escrituração contábil regular etc.), é ilegítimo o lançamento efetuado com base em arbitramento. A FGV no concurso para o ICMS/RJ/2009 consideroucorreto: “Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. No entanto, havendo escrituração regular, ainda que parcialmente, o Fisco deverá sempre adotá-la como base de prova”. Realçamos também que este contraditório, administrativo ou judicial, significa que o contribuinte tem o direito de contestar o arbitramento, ou seja, o contribuinte pode se defender da forma como o Auditor-Fiscal realizou o arbitramento, que não é caracterizado como de presunção absoluta (não admite prova em contrário). Portanto, o contribuinte tem o direito de fazer prova em contrário do arbitramento feito pela autoridade fiscal, procurando mostrar a real base de cálculo do tributo. Ademais, com fundamento no art. 148 do CTN, o STJ afirma que é “ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal” (súmula 431). A pauta fiscal tem por base determinados valores fixados prévia e aleatoriamente para a apuração da base de cálculo do tributo e fere de morte o princípio da legalidade tributária. Portanto, o STJ compreende que é inadmissível a fixação da base de cálculo do ICMS com apoio em pautas de preços ou valores (pautas fiscais), uma vez que a base de cálculo do ICMS é o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria. CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 17 www.pontodosconcursos.com.br Desta forma, o STJ afirma que o art. 148, do CTN, somente pode ser invocado para “estabelecimento de bases de cálculo, que levam ao cálculo do tributo devido, quando a ocorrência dos fatos geradores é comprovada, mas o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos registrados pelo contribuinte não mereçam fé, ficando a Fazenda Pública autorizada a arbitrar o preço, dentro de processo regular”. Exemplo de pauta fiscal: PAUTA FISCAL REFRIGERANTE EM GARRAFA RETORNÁVEL DE 600 A 1250 ml (DE VIDRO) PRODUTO / MARCA TIPO Valor (R$) Coca-Cola Light / Diet / Zero 1000 ml 1,88 Fanta Todos os sabores 1000 ml 1,68 Guaraná Kuat Light / Diet / Zero 1000 ml 1,68 Pepsi-Cola Light / Diet / Zero 1000 ml 1,68 Pepsi-Cola Twist Twist Light 1000 ml 1,68 Sprite Light / Diet / Zero 1000 ml 1,68 Em resumo, é ilegal a cobrança de ICMS com base em pauta fiscal, uma vez que o princípio da legalidade tributária (art. 150, I, CF) há de ser respeitado como limite ao poder de tributar. 2.11.2 LANÇAMENTO MISTO OU “POR DECLARAÇÃO” O lançamento por declaração é aquele representado pela ação conjugada do fisco e do sujeito passivo (contribuinte ou o responsável tributário), restando ao fisco o trabalho privativo de efetuar o lançamento. O fisco, não dispondo de dados suficientes para realizar o lançamento, conta com o auxílio do contribuinte que supre a deficiência da informação por meio da declaração prestada (art. 147). Os exemplos são cada vez mais raros no sistema tributário CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 18 www.pontodosconcursos.com.br brasileiro, tais como imposto de importação (II) sobre bagagem acompanhada e o imposto sobre transmissão de bens imóveis (ITBI) de competência municipal. Com efeito, o ato ou procedimento do lançamento por declaração ou misto é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro (obrigação tributária acessória), quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. Em síntese, no lançamento por declaração o fisco lança o tributo com base nas informações prestadas pelo sujeito passivo. Destacamos que a retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento (art. 147, § 1°, do CTN). Portanto, o contribuinte pode pedir a retificação de declaração já realizada, visando a reduzir ou excluir o tributo, desde que o faça antes da notificação do lançamento e mediante comprovação do erro na declaração. A FGV no concurso para o ICMS/RJ/2009 considerou incorreto: “A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou excluir tributo, pode ser feita a qualquer tempo, independentemente da constituição do crédito tributário pelo lançamento, desde que haja comprovação do erro em que se funde”. Por sua vez, os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão da declaração (art. 147, § 2°, do CTN). 2.11.3 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO OU “AUTOLANÇAMENTO” O lançamento por homologação é aquele em que o sujeito passivo (contribuinte ou responsável tributário) auxilia ostensivamente o Fisco, cabendo a este homologar e conferir a exatidão da atividade do sujeito passivo (art. 150 do CTN). São exemplos de tributos lançados pro homologação: ICMS, IR, ITR, IPI, ISS, e a maior parte dos impostos, uma vez que tal CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 19 www.pontodosconcursos.com.br lançamento simplifica a vida do fisco, independendo o pagamento do tributo de qualquer providência estatal. Deste modo, o lançamento tributário por homologação ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operando-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa (art. 150, caput, CTN). O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos do lançamento por homologação extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento (art. 150, §1°, CTN). Assim, por exemplo, o imposto de renda pessoa física (IRPF) ou o imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) são tributos lançados por homologação, uma vez que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operando-se a extinção do crédito tributário sob condição resolutória da ulterior homologação. Realçamos que quando resolutória a condição, verifica-se os efeitos tributários desde o momento da prática do ato ou celebração do negócio jurídico. Já quando suspensiva a condição, verifica-se os efeitos tributários quando acontece a condição. Por sua vez, conforme o próprio CTN, não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito (art. 150, §2°). Todavia, estes atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito serão considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação (art. 150, § 3°, CTN). Nesse rumo, se a lei não fixar prazo para homologação do lançamento, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação (art. 150, §4°, do CTN). CURSO – PROFESSOR: EDVALDONILO 20 www.pontodosconcursos.com.br Com efeito, no lançamento por homologação, o contribuinte, ou o responsável tributário, deve realizar o pagamento antecipado do tributo, antes de qualquer procedimento administrativo, ficando a extinção do crédito condicionada à futura homologação expressa ou tácita pela autoridade fiscal competente. 3. TEORIA GERAL DA SUSPENSÃO, EXTINÇÃO E EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO É certo que, na maioria das vezes, as questões de concursos públicos fazem a cobrança da literalidade dos arts. 151, 156 e 175 do CTN, tentando apenas saber do candidato o aprendizado memorizado destas normas jurídicas. Por isso, vamos iniciar este tema tentando apenas memorizar tais hipóteses. São causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, do CTN): • Moratória; • Depósito do seu montante integral; • Reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; • Concessão de medida liminar em mandado de segurança; • Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; • Parcelamento. A doutrina utiliza das seguintes fórmulas escritas para tentar auxiliar na memorização: • “MODERECOPA” (Moratória, Depósito, Reclamação, Concessão de medida liminar e Parcelamento); ou • “PARCE MORDE RELA” (Parcelamento, Moratória, Depósito, Recurso, Liminar e Antecipação de tutela). No que diz respeito à extinção do crédito tributário, são as seguintes hipóteses que extinguem o crédito tributário (art. 156, do CTN): • Pagamento; • Compensação; • Transação; • Remissão; CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 21 www.pontodosconcursos.com.br • Prescrição e a Decadência; • Conversão de depósito em renda; • Pagamento antecipado e a respectiva homologação do lançamento; • A consignação em pagamento; • A decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; • A decisão judicial passada em julgado ou transitada em julgado; • A dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. A FGV no concurso para Fiscal de Rendas/RJ/2010: “O CTN, em seu art. 156, relaciona expressamente as hipóteses de extinção do crédito tributário. As alternativas a seguir apresentam hipóteses que estão inseridas na extinção do crédito tributário, à exceção de uma. Assinale-a: (a) Novação; (b) Dação em pagamento com bens imóveis; (c) Transação; (d) Compensação; (e) Pagamento antecipado e homologação do lançamento”. A resposta é a letra “a”, pois o art. 156 do CTN não estabelece a hipótese de “novação”, que é compreendida como a extinção de uma obrigação jurídica mediante a criação de outra obrigação que substituirá a extinta. Por outro lado, destacamos desde já que a isenção e a anistia excluem o crédito tributário, de acordo com o art. 175 do CTN. Isto é, com a isenção e a anistia não ocorre à suspensão da exigibilidade do crédito tributário ou a extinção do crédito tributário, mas sim a exclusão do crédito tributário. Suspensão Moratória; Depósito do montante integral; Reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; Concessão de medida liminar em mandado de segurança; Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; Parcelamento. Extinção Pagamento; Compensação; CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 22 www.pontodosconcursos.com.br Transação; Remissão; Prescrição e a Decadência; Conversão de depósito em renda; Pagamento antecipado e a respectiva homologação do lançamento; A consignação em pagamento; A decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; A decisão judicial passada em julgado; A dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. Exclusão Isenção Anistia Importante: é enorme o número de questões objetivas de concurso que apenas requerem do candidato o conhecimento memorizado das hipóteses de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. A FGV no concurso para Fiscal de Rendas/RJ/2008 considerou correto: “Em relação a débito de tributo ainda não objeto de lançamento, o contribuinte pode: I. conseguir uma liminar em mandado de segurança; II. obter parcelamento; III. vê-lo abrangido por decadência; IV. alcançar êxito em ação de consignação de pagamento. Em tais hipóteses, o crédito tributário, respectivamente, terá sido objeto de suspensão de sua exigibilidade, suspensão de sua exigibilidade, extinção e extinção”. 4. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Antes de tratarmos das hipóteses em si de suspensão, podemos elencar as seguintes características gerais deste tema: • Não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes; • A doutrina majoritária compreende que o art. 151 do CTN é exaustivo ou taxativo, isto é, são as únicas hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário; • Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre a suspensão; CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 23 www.pontodosconcursos.com.br • Impede o fisco de exercitar os atos de cobrança do crédito tributário (inscrição na dívida ativa e a execução fiscal), mas não impede o fisco de realizar o lançamento tributário, conforme decisões reiteradas do STJ; • Não afeta a obrigação tributária que lhe deu origem (art. 140, CTN), o que significa dizer que desaparecendo ou não mais existindo a causa suspensiva volta o crédito tributário a ser prontamente exigível. 4.1 MORATÓRIA A moratória é a dilação ou prorrogação do prazo legal para o pagamento do tributo, conforme previsão dos arts. 152 a 155 do CTN. Com efeito, a moratória é um favor legal ou benefício fiscal de prorrogação de pagamento, isto é, o fisco estabelece novo prazo para pagamento do tributo. Assim, deve ser concedida sempre por meio de lei, que não precisa tratar só sobre o tema da moratória. Isto é, a moratória depende de lei, que não necessita ser específica, tal como no caso do parcelamento tributário. A lei concessiva da moratória pode ser classificada como moratória individual (subjetiva) ou moratória geral (objetiva). A moratória de caráter individual é efetivada caso a caso, por despacho da autoridade administrativa competente, sendo necessário, portanto, a solicitação ou postulação do potencial beneficiado perante a autoridade fiscal. Já a moratória de caráter geral é reconhecida diretamente pela lei, não dependendo de requerimento à autoridade administrativa competente. Neste caso, a doutrina distingue a moratória de caráter geral em moratória autônoma e moratória heterônoma. A moratória autônoma é aquela concedida pela própria pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo (art. 152, I, “a”). Ou seja, a União por meio de lei concede maior prazo para pagamento do imposto sobre produtos industrializados (IPI) para determinados contribuintes. A moratória heterônoma é aquela concedida, em caráter CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 24 www.pontodosconcursos.com.br geral, pela União (lei federal), quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado (art. 152, I, “b”). Este último tipo de moratória é considerado inconstitucional por grande partedos estudiosos do direito tributário (doutrina), uma vez que estes entendem que a moratória heterônoma fere de morte o princípio constitucional de federalismo e a respectiva autonomia tributária estadual e municipal. Todavia, o art. 152, inc. I, alínea “b”, do CTN, está valendo para concursos públicos, sobretudo provas objetivas, eis que o STF ainda não declarou a inconstitucionalidade deste dispositivo do CTN. Nesse rumo, a ESAF e o CESPE costumam cobrar tal dispositivo. De qualquer forma, a moratória heterônoma deve ser considera como forma excepcional de concessão do benefício fiscal, tal como uma situação de extrema gravidade, já que o aplicador do direito deve sempre buscar preservar a autonomia dos entes federativos. Importante: A moratória individual é fixada em lei e depende do despacho da autoridade administrativa. A moratória geral é fixada em lei e não depende do mesmo despacho. A respeito do âmbito territorial e pessoal de incidência da moratória, a lei pode estabelecer expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos (art. 152, parágrafo único, CTN). Noutro aspecto, o art. 153 do CTN fixa alguns requisitos que devem ser especificados na lei autorizadora da concessão da moratória em caráter geral ou em caráter individual, sem prejuízo de outros que também podem ser estabelecidos, a saber: • O prazo de duração do favor legal: a moratória deve ser concedida por prazo legalmente definido; • As condições da concessão da moratória em caráter individual; • Sendo caso: (a) os tributos a que se aplica; (b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo de duração da moratória, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual: a doutrina chama este caso de “moratória CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 25 www.pontodosconcursos.com.br parcelada”; (c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual. Registramos que na hipótese de “moratória parcelada”, a lei concessiva pode permitir a supressão da incidência de multas e juros. Assim, o afastamento da incidência de multas e juros no caso sempre dependerá da vontade de cada lei que concede este tipo de benefício, isto é, a lei pode permitir ou não o afastamento de multas e juros. Por sua vez, salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo (art. 154). Nesse rumo, a moratória não aproveita ou não pode acontecer nos casos de atuação dolosa, fraudulenta ou simulada do sujeito passivo (contribuinte ou responsável tributário) ou do terceiro em benefício daquele. Sendo assim, segundo os termos do art. 155 do CTN, a concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogada de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: • Com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; • Sem imposição de penalidade, nos demais casos. Destacamos que nos casos em que deve ocorrer imposição da penalidade (dolo, simulação ou fraude), o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; nos demais casos, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. Decerto, quando se deve impor uma penalidade (hipóteses de dolo, simulação ou fraude) não ocorre a contagem do prazo prescricional. Por exemplo, se o contribuinte pratica algum tipo de fraude para conseguir obter a moratória o prazo de prescrição para a cobrança do crédito não é contado. CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 26 www.pontodosconcursos.com.br Ademais, nos casos de remissão (art. 172, parágrafo único, do CTN), isenção (art. 179, §2°, do CTN) e anistia (art. 182, parágrafo único, do CTN), também se aplicam os dois parágrafos dissertados acima, podendo dizer que estas não geram direito adquirido e serão revogados de ofício caso o beneficiado não cumpra os requisitos estabelecidos pelas normas autorizadoras da concessão dos respectivos benefícios de remissão, isenção e anistia. A revogação disposta no art. 155 do CTN, na verdade, é tecnicamente um caso de anulação, uma vez que não é ato de oportunidade ou conveniência, mas sim hipótese legal obrigatória de atuação da autoridade administrativa competente. 4.2 DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO O depósito do montante integral do crédito tributário exigido pelo fisco é modalidade suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, sendo direito subjetivo e, ao mesmo tempo, uma faculdade que pode ser exercida ou não pelo sujeito passivo da relação tributária. Com efeito, o valor depositado deve ser aquele que o fisco entende como cabível no momento do lançamento tributário e não o que o sujeito passivo da relação tributária acha conveniente. Esta modalidade de suspensão ocorre com maior frequência na via judicial, pois, o contribuinte tem total interesse em suspender a exigibilidade do crédito tributário, enquanto durar a discussão judicial sobre se ele deve ou não deve determinado tributo. Então, o contribuinte deposita o valor do crédito tributário em uma instituição financeira oficial da União ou do Estado. E, a partir da suspensão da exigibilidade, não pode mais o fisco prosseguir com os atos de cobrança tributária, evitando-se, assim, o ajuizamento da execução fiscal, a imposição de multa pelo não pagamento do tributo, os juros de mora e a incidência da correção monetária. Deste modo, neste caso, o depósito do montante integral do tributo é uma garantia idônea que se concede ao fisco, no curso de um processo judicial. Assim, decidida de forma definitiva a questão judicial e se o depositante (contribuinte) sucumbe (perde), o valor do depósito é levantado pelo fisco, extinguindo-se a obrigação tributária. CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 27 www.pontodosconcursos.com.br Já o levantamento do depósito judicial pelo contribuinte vincula- se necessariamente ao êxito da ação judicial, não podendo ser autorizado a qualquer tempo pelo magistrado, mas sim após o trânsito em julgado da ação (não cabe mais recurso), eis que o levantamento do depósito judicial antes do trânsito em julgado da ação acaba por esvaziar a própria garantia estabelecida no art. 151, II, do CTN, de acordo com decisões do STJ. Realçamos que o depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro (Súmula 112 do STJ). Isto é, o depósito do tributo deve ser integral e em dinheiro, não podendo ser feito de forma parcial ou por prestação de fiança bancária ou em títulos da dívida pública. Por outro lado, registramos que é inconstitucional a exigência legal de depósito prévio para admissão de recurso administrativo ou judicial, de acordo com entendimento atual do STF, eis que ofende à garantia de acesso ao Poder Judiciário (CF, art. 5º, XXXV), bem como à da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5º, LV). Importante: “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade do crédito tributário” (súmula vinculante n° 28). Ademais, ressaltamoso entendimento recente do STF (ADI 1933) no sentido de que o repasse de depósitos judiciais e extrajudiciais de tributos e contribuições federais à Conta Única do Tesouro Nacional é constitucional, sendo ato de natureza administrativa e que não integra os recursos orçamentários do Poder Judiciário. 4.2.1 INSCRIÇÃO NO CADIN E EXISTÊNCIA DE DISCUSSÃO JUDICIAL Tema correlato ao depósito do montante integral do crédito tributário e relevante para concurso é o entendimento pacificado do STJ no sentido de que a mera existência de demanda judicial não autoriza, por si só, a suspensão do registro do devedor no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal – CADIN, que é um banco de dados onde estão registrados os nomes de pessoas em débito para com órgãos e entidades federais. CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 28 www.pontodosconcursos.com.br Isto porque o art. 7º da Lei 10.522/02 estabelece que a suspensão do registro no CADIN acontecerá na hipótese do devedor comprovar dois requisitos legais, a saber: I - tenha ajuizado ação, com o objetivo de discutir a natureza da obrigação ou o seu valor, com o oferecimento de garantia idônea e suficiente ao Juízo, na forma da lei; II - esteja suspensa a exigibilidade do crédito objeto do registro, nos termos da lei. Portanto, segundo juízo consolidado do STJ (REsp nº 1.137.497), a mera discussão judicial da dívida, sem garantia idônea ou suspensão da exigibilidade do crédito, de acordo com o art. 151 do CTN, não obsta a inclusão do nome do devedor no CADIN. Assim sendo, por exemplo, a discussão judicial sobre o montante do débito tributário não é suficiente para impedir ou suspender a inscrição do nome do sujeito passivo no CADIN. 4.3 AS RECLAMAÇÕES E OS RECURSOS ADMINISTRATIVOS As reclamações e os recursos administrativos são formas também de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. A reclamação e o recurso administrativo significam, em outras palavras, a interposição de impugnação administrativa. Isto é, o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo pode ser alterado em virtude de impugnação do sujeito passivo, sendo, no caso, esta impugnação uma forma de suspensão exigibilidade do crédito tributário. Neste ponto, deixamos claro que o CTN não faz qualquer restrição ao tipo de impugnação administrativa do contribuinte à cobrança do tributo. Neste sentido, por exemplo, o STJ (REsp 1149115) entendeu que o pedido administrativo de compensação suspende exigibilidade do crédito tributário e impede o ajuizamento de execução fiscal. Por outro lado, destacamos que o STF entende como inconstitucional a obrigação de arrolar bens ou a obrigatoriedade de depositar quantia em dinheiro para recorrer administrativamente. Por exemplo, se determinada lei dispõe que o contribuinte deve depositar 30% da exigência fiscal para recorrer administrativamente, esta lei inconstitucional, ferindo os princípios do contraditório, da CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 29 www.pontodosconcursos.com.br ampla defesa, do devido processo legal e o direito de petição do contribuinte, que deve ser garantido independentemente do pagamento de taxas. Importante: “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo” (súmula vinculante n° 21). A FGV no concurso para Juiz de Direito/2009 considerou correto “É inconstitucional a exigibilidade do arrolamento de bens no valor equivalente a 30% da exigência fiscal, prevista pelo Decreto 70.235/72, como pressuposto de admissibilidade do recurso voluntário na esfera administrativa federal, conforme procedência do pedido na ADI 1976/07”. Por sua vez, o STF entende como constitucional o parágrafo único do art. 38 da Lei 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal), dispondo que a propositura, pelo contribuinte, de ações judiciais destinadas à discussão da validade de crédito tributário, importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. Em outros termos, a opção do contribuinte pela propositura de ação judicial implica em renúncia ou desistência do direito de recorrer administrativamente, uma vez que o direito de petição e o princípio constitucional da legalidade não implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para discussão judicial da validade de crédito tributário. 4.4 A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA E A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR OU DE TUTELA ANTECIPADA EM OUTRAS AÇÕES JUDICIAIS O mandado de segurança é uma ação constitucional que visa a proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, contra atos ilegais ou abuso de poder cometido por autoridades administrativas. O mandado de segurança é uma ação específica (art. 5°, LXIX c/c a Lei 12.016/2009), que visa à proteção do cidadão diante da ocorrência de ato ilegal de autoridade administrativa que viole o direito líquido e certo. CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 30 www.pontodosconcursos.com.br Assim, antes da LC n.º 104/2001, o CTN estabelecia que apenas a concessão de medida liminar em mandado de segurança suspendia a exigibilidade do crédito tributário. Depois da LC n.º 104/2001, que reformou o CTN, a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outros tipos de ação judicial também suspende a exigibilidade do crédito tributário. É importante entender que o mero ingresso na esfera judicial com pedido de medida liminar em mandado de segurança ou em ação cautelar não suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas sim a concessão da medida liminar ou da tutela antecipada pelo juiz. 4.5 O PARCELAMENTO O CTN ainda dispõe nos arts. 151, inc. VI, e 155-A, acrescentados pela LC 104/01, que o parcelamento é causa suspensão da exigibilidade do crédito tributário. As redações dos dispositivos referentes ao parcelamento iniciaram a sua vigência a partir de 11 de janeiro de 2001. O parcelamento se caracteriza pela ação do contribuinte de pagar o tributo, mas não de uma vez só. Assim, ocorre quando o pagamento de determinado tributo é feito em várias parcelas, sendo que no caso do contribuinte descumprir o parcelamento tributário, por exemplo, não paga determinada parcela, o crédito tributário volta ser imediatamente exigível Portanto, o parcelamento consiste, tal como a moratória, na dilação do prazo para pagamento do tributo. Todavia, o parcelamento deve ser concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica (art. 155-A) e a moratória exige lei, mas que não necessita ser especifica. Nesse rumo, salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas (§1°, do art. 155-A). Com efeito, aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória (§2°, do art. 155-A). Isto significa que na hipótese de omissão da lei de parcelamento, o aplicador do direito pode utilizar as normas que se referem à moratória, ou seja, os arts. 152 a 155 do CTN. E não o contrário, ou seja, as normas do parcelamento (art. 155-A, §1° a CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 31 www.pontodosconcursos.com.br §4°, do CTN), em regra, não se aplicam à moratória. Por sua vez, devemos afirmar que lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial (§3°, do art. 155-A). Entretanto, a inexistência desta lei específica de parcelamento importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedidopela lei federal específica (§4°, do art. 155-A). 5. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A extinção do crédito tributário, ao contrário da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, resolve a relação jurídico-tributária. Isto é, as hipóteses de extinção do crédito tributário não só impedem a cobrança do crédito tributário, mas também liberam definitivamente o sujeito passivo de qualquer relação de dívida com o fisco. Assim, as hipóteses de extinção do crédito tributário também devem ter previsão legal (art. 97, VI, CTN). Nesse rumo, a doutrina separa duas formas de extinção do crédito tributário, que é a forma direta, normal, que é o pagamento, até mesmo o pagamento por consignação; e a forma indireta, imprópria, que são as hipóteses de compensação, transação, remissão, decadência, prescrição, conversão de depósito em renda, decisão administrativa irreformável, decisão judicial passada em julgado e dação em pagamento em bens imóveis. Por sua vez, registramos a jurisprudência do STF no sentido da possibilidade do Estado-membro estabelecer regras específicas de quitação de seus próprios créditos tributários, podendo criar nova modalidade de extinção de crédito tributário por lei estadual (ADI 2405 MC, DJ 17/02/2006). Neste sentido, o CESPE adotou como gabarito definitivo tal entendimento em 2010 em prova para juiz federal. Contudo, ressaltamos que, em 2007, o STF julgou inconstitucional Lei distrital 1.624/97 que dispõe sobre o pagamento de débitos das microempresas, das empresas de pequeno porte e das médias empresas, mediante dação em pagamento de materiais destinados a atender a programas de CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 32 www.pontodosconcursos.com.br Governo do DF. Deste modo, o STF compreendeu que a citada Lei viola o art. 37, XXI, da CF, uma vez que “afasta a incidência do processo licitatório, por ele exigido, para aquisição de materiais pela Administração Pública, bem como o art. 146, III, da CF, que prevê caber à lei complementar o estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação tributária, eis que cria nova causa de extinção de crédito tributário” (ADI 1917/DF, DJ 24/08/2007). Ademais, o STF, em 2009, também compreendeu como inconstitucional norma que estabelece hipótese de extinção do crédito tributário por transcurso de prazo para apreciação de recurso administrativo fiscal, uma vez que a extinção do crédito tributário ou do direito de constituir o crédito tributário por decurso de prazo, combinado a qualquer outro critério, corresponde à decadência, que é matéria reservada à lei complementar federal (ADI 124, DJE de 17/04/2009). 5.1 PAGAMENTO O pagamento é a modalidade mais comum de extinção do crédito tributário, sendo regulado nos arts. 157 a 163 do CTN. O pagamento do tributo significa o cumprimento ou o adimplemento voluntário da obrigação tributária. O pagamento do tributo é efetuado, em regra, em moeda corrente, cheque ou vale postal, mas, também, nos casos previstos em lei, os tributos podem ser pagos em estampilha, em papel selado ou por processo mecânico (art. 162, incs. I e II). Assim sendo, a legislação tributária pode exigir garantias para o pagamento do tributo por cheque ou vale postal, desde que não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda corrente (§1°, do art. 162). Evidenciamos que o crédito tributário pago por cheque somente deve ser considero extinto com o resgate deste pelo sacado (§2°, do art. 162). Por sua vez, o crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular daquela, ressalvado no caso do lançamento por homologação (§3°, do art. 162). Portanto, a perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa (§4°, do art. 162). CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 33 www.pontodosconcursos.com.br Já o pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara- se ao pagamento em estampilha (§5°, do art. 162). Na prática, não existe mais o pagamento de tributo com estampilha, em papel selado ou por processo mecânico, mas cita-se porque são regras ainda vigentes no CTN. Por outro lado, a imposição de penalidade pecuniária não exclui (“ilide”) o pagamento integral do crédito tributário (art. 157). Com efeito, o pagamento de um crédito tributário não importa em presunção de pagamento, quando parcial, das prestações em que se decomponha e, quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos (art. 158, inc. I e II). Assim, quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento do tributo é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo (art. 159), sendo que a legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça. Este tipo de desconto citado é aquele que todo ano normalmente é utilizado pelo poder tributante, dando a possibilidade de desconto para o contribuinte que efetuar o pagamento antes de determinada data de vencimento do IPVA de competência estadual e distrital ou do IPTU de competência distrital e municipal. Por sua vez, quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento (art. 160 do CTN). 5.1.1 JUROS DE MORA, MULTA DE MORA, CORREÇÃO MONETÁRIA Os juros de mora significam um percentual cobrado em cima do valor da dívida, em razão do não pagamento na data do vencimento ou pela utilização indevida do capital de terceiro. A multa de mora é uma penalidade ou sanção tributária pecuniária por causa do atraso no cumprimento da obrigação. Já a correção monetária corresponde a mera atualização da dívida em face do tempo. Decerto, segundo o STF, a correção CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 34 www.pontodosconcursos.com.br monetária, em matéria fiscal, é sempre dependente de lei que a preveja, “não sendo facultado ao Poder Judiciário aplicá-la onde a lei não a determina, sob pena de substituir-se ao legislador.” (RE 452.930-AgR, DJE de 1º-8-2008, RE 572.664-AgR, DJE de 25-9- 2009). Além disso, os índices de correção monetária dos débitos tributários estaduais instituídos por lei estadual são constitucionais, mas não podem ser superiores (exceder) ao índice da correção dos tributos federais (ADI 442). Nesse rumo, o crédito tributário não integralmente pago no vencimento é obrigatoriamente acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas no CTN ou em lei tributária (art. 161). Salvo disposição de lei em contrário, os juros de mora serão calculados à taxa de um por cento ao mês (§1°, do art. 161). Por conseguinte, registramos jurisprudência amplamente predominante no STJ no sentido de que a taxa SELIC é legítima como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos débitos tributários pagos em atraso, diante da existência de Lei Estadual que determina a adoção dos mesmos critérios adotados na correção dos débitos fiscais federais (RESP 879844). O STJ compreende que “raciocínio diverso importaria tratamento anti-isonômico, porquanto a Fazenda restaria obrigada a reembolsar os contribuintes por esta taxa SELIC, ao passo que, no desembolso, os cidadãos exonerar-se-iam desse critério, gerando desequilíbrio nas receitas fazendárias”. 5.1.2 CONSULTA TRIBUTÁRIA Segundo os termos do §2°, do art. 161 do CTN, os juros de mora não se aplicam na pendência de consulta formulada pelodevedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. A consulta tributária é um procedimento administrativo de satisfação de dúvida referente à legislação tributária, formulada pelo sujeito passivo ao Fisco dentro do prazo legal para pagamento do crédito tributário. Isto é, a consulta deve ser formulada antes do CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 35 www.pontodosconcursos.com.br vencimento do prazo legal para pagamento do tributo. O sujeito passivo que faz determinada consulta sobre a legislação tributária pratica conduta de boa-fé, respondendo, apenas, pelo tributo + correção monetária, se for o caso. Ou seja, a consulta eficaz impede a cobrança de juros de mora ou de multa de mora sobre a matéria consultada. Em outros termos, é apenas cobrado do sujeito passivo o tributo com correção monetária, sem multa e juros. Importante: a consulta não suspende o prazo para recolhimento de tributo, retido na fonte ou autolançado antes ou depois de sua apresentação, nem o prazo para apresentação de declaração de rendimentos (obrigação acessória). Mesmo na hipótese de consulta, o sujeito passivo deve continuar cumprindo com as suas obrigações instrumentais. Por outro lado, após a resposta à consulta, na hipótese da administração alterar o entendimento nela expresso, a nova orientação atingirá, apenas, os fatos geradores que ocorram após dado ciência ao consulente ou após a sua publicação pela imprensa oficial. Além disso, não produzirá efeito a consulta formulada: • A uma situação hipotética formulada pelo contribuinte que possa ensejar uma exigência fiscal futura; • Por quem tiver sido intimado a cumprir obrigação relativa ao fato objeto da consulta; • Por quem estiver sob procedimento fiscal iniciado para apurar fatos que se relacionem com a matéria consultada; • Quando o fato já houver sido objeto de decisão anterior, ainda não modificada, proferida em consulta ou litígio em que tenha sido parte o consulente; • Quando o fato estiver disciplinado em ato normativo, publicado antes de sua apresentação; • Quando o fato estiver definido ou declarado em disposição literal de lei; • Quando o fato for definido como crime ou contravenção penal; • Quando não descrever, completa ou exatamente, a hipótese a que se referir, ou não contiver os elementos necessários à sua solução salvo se a inexatidão ou omissão for escusável, a critério da autoridade julgadora. CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 36 www.pontodosconcursos.com.br A FGV no concurso de Juiz de Direito/MS/2008 considerou incorreto: “O processo de consulta deverá ser apresentado por escrito e poderá versar sobre dispositivos da legislação tributária aplicável a fato determinado ou a uma situação hipotética formulada pelo contribuinte que possa ensejar uma exigência fiscal futura”. 5.1.3 IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTO O instituto jurídico da imputação de pagamento ocorre quando existe simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora (art. 163). Neste caso, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento do tributo determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas: • Em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária; • Primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos; • Na ordem crescente dos prazos de prescrição; • Na ordem decrescente dos montantes. Ademais, ressaltamos a aprovação de súmula 464 do STJ no sentido de que a “regra de imputação de pagamentos estabelecida no artigo 354 do Código Civil (CC) não se aplica às hipóteses de compensação tributária”. O art. 354 do CC determina que, em regra, havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois, no capital. Contudo, tal entedimento não se aplica no direito tributário, em face da inexistência de normas tributárias neste sentido. Em outras palavras, o art. 354 do CC é inaplicável aos débitos de natureza tributária, que é regido por normas cogentes e específicas, não se admitindo aplicação subsidiária de normas dispositivas de direito civil. Importante: A norma cogente obriga ou proíbe terminada conduta, impondo-se em grau máximo as partes da relação jurídica (norma tributária). Ao contrário, a norma dispositiva (norma de direito privado) se impõe em grau menor de imperatividade, pois permite as CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 37 www.pontodosconcursos.com.br partes da relação estabelecer regra diversa, ou seja, a norma dispositiva tem aplicação subsidiária às convenções particulares. 5.1.4 CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO A consignação em pagamento permite que o sujeito passivo exerça seu direito de pagar o tributo, sendo que quando julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda, extinguindo o crédito tributário. Ou seja, é um instrumento processual de quem quer pagar o tributo e não consegue. Na verdade, na consignação em pagamento, apenas efetivamente se extingue o crédito tributário no momento do trânsito em julgado da sentença de procedência da ação, eis que a partir deste momento, em princípio, fica imodificável a consignação e o pagamento se reputa definitivamente efetuado com a também conversão da importância consignada em renda. Portanto, a importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos seguintes casos especificados no art. 164 do CTN: • De recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; • De subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; • De exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar (§1º, do art. 164, do CTN). Destacamos novamente que julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda, extinguindo o crédito tributário. Na hipótese de ser julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis (§2º, do art. 164, do CTN). 5.2 COMPENSAÇÃO CURSO – PROFESSOR: EDVALDO NILO 38 www.pontodosconcursos.com.br A compensação é modalidade de extinção do crédito tributário prevista nos arts. 156, II, 170 e 170-A do CTN. No direito tributário, a compensação deve ser prevista em lei, tratando-se de modalidade indireta de extinção do crédito, por meio do confronto entre débitos e créditos. Ou seja, a compensação é o confronto de contas dos débitos e dos créditos na hipótese de duas pessoas serem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra. O sujeito passivo possui um crédito com o fisco, por exemplo, quando efetua um pagamento indevido de tributo. Assim, a compensação é modalidade extintiva do crédito tributário, quando o sujeito passivo é devedor e credor do fisco, concomitantemente. A compensação não pode ser feita ao bel-prazer do contribuinte, devendo ser feita sempre com respaldo na lei. Portanto, a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo
Compartilhar