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CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 6 – Administração tributária: fiscalização, regulamentação, competência, limites, procedimentos. Dívida ativa: certidão negativa. Informações e sigilo fiscal. Função socioeconômica dos tributos. Garantias e Privilégios do Crédito tributário. Olá, chegamos a nossa aula 6. O sumário de hoje é o seguinte: 1. A Administração Tributária: 1.1 Características legais. 2. Fiscalização Tributária; 2.1 Características gerais; 2.2 Princípio documental e início do procedimento; 2.3 Auxílio da força pública; 2.4 Jurisprudência do STF e STJ; 2.5 Dever de prestar informações, sigilo profissional e sigilo fiscal; 2.6 Sigilo bancário. 3. Dívida ativa: 3.1 Ciclo de positivação do direito tributário; 3.2 Requisitos da Certidão de Dívida Ativa; 3.3 Presunção de certeza e liquidez e protesto prévio. 4. Certidões Negativas: 4.1 Certidão positiva com efeito de negativa: 4.1.1 Súmula 446 do STJ; 4.1.2 Fazenda Pública; 4.2 Dispensa de certidão; 4.3 Responsabilidade pessoal do servidor. 5. Função socioeconômica dos tributos. 6. Garantias do Crédito Tributário: 6.1 Aspectos gerais; 6.2 Responsabilidade patrimonial do sujeito passivo; 6.3 Exigência de quitação de todos os tributos; 6.4 Presunção de fraude à execução; 6.5 Penhora on line. 7. Privilégios ou preferências do crédito tributário: 7.1 Aspectos gerais; 7.2 Falência e recuperação judicial do sujeito passivo; 7.3 Autonomia da execução fiscal e requerimento de falência pela Fazenda Pública; 7.4 Concurso de preferência entre entes públicos. Então, vamos lá. 1. A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA A administração tributária é a parte da administração pública direta que cuida da orientação do sujeito passivo, fiscalização e arrecadação do tributo, bem como do treinamento dos servidores públicos que atuam nestas áreas, sobretudo os analistas tributários e auditores-fiscais. 1.1 CARACTERÍSTICAS LEGAIS CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 2 www.pontodosconcursos.com.br O CTN disciplinou a administração tributária em três partes, que são a fiscalização (arts. 194 a 200), a dívida ativa (arts. 201 a 204) e as certidões negativas (arts. 205 a 208). Ressaltamos que a Emenda Constitucional n° 42/2003 estabeleceu dois importantes dispositivos sobre o tema da administração tributária. Assim, a CF/88 estatuiu que as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio (art. 37, inc. XXII). Nesse rumo, o art. 199 do CTN, concretiza esta regra constitucional, estabelecendo que a Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio. Porém, apenas a União, na forma estabelecida em tratados, acordos ou convênios, poderá permutar informações com Estados estrangeiros no interesse da arrecadação e da fiscalização de tributos. Noutro ponto, o texto constitucional também fixou a competência privativa do Senado Federal para avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios (art. 52, XV). 2. FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA A fiscalização tributária é regulada nos arts. 194 a 200 do CTN. 2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS De início, salientamos que a legislação tributária, observando o disposto no CTN, regulará, em caráter geral, ou especificamente em CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 3 www.pontodosconcursos.com.br função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação (art. 194 do CTN). Com efeito, o conceito de legislação tributária deve ser compreendido de acordo com o art. 96 do CTN, abrangendo as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes, sendo que essa legislação aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. Porém, em razão do princípio da legalidade tributária e da necessária observância das regras do CTN, ressaltamos que nem todas as normas sobre a competência e os poderes das autoridades administrativas podem ser reguladas exclusivamente por normas infralegais (decretos e normas complementares), tal como as normas referentes à quebra de sigilo fiscal e bancário, que dependem previamente de lei. Por sua vez, para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los, segundo o art. 195 do CTN. Destarte, o CTN afasta a possibilidade das pessoas físicas ou jurídicas invocarem normas contratuais, ou até mesmo normas legais de direito civil ou empresarial, que não permitam ou limitem o direito do Fisco competente de fiscalizar e examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos e papéis, ou que limitem a obrigação acessória do sujeito passivo de exibir a regularidade dos seus livros ou documentos contábeis obrigatórios. A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2010 considerou corretos os seguintes enunciados: “(i) O CTN, no artigo 195, nega aplicação às disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar os livros comerciais do contribuinte; (ii) A fiscalização tem o seu poder limitado, dentre outras, por força de questões funcionais e territoriais”. O próprio Código Civil de 2002 corrobora com o disposto no CTN, estabelecendo que as restrições estabelecidas ao exame da escrituração contábil, em parte ou por inteiro, não se aplicam às CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 4 www.pontodosconcursos.com.br autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento dos tributos (art. 1.193). Neste sentido, registramos a súmula 439 do STF: “Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária, quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação”. A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2009 considerou incorreto: “O artigo 195 do CTN reza que ‘para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los’. Com base nesse dispositivo, o Supremo Tribunal Federal editou súmula de modo a consolidar o entendimento de que se sujeitam à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, ilimitadamente, independentemente dos pontos objeto da investigação”. Por outro lado, realçamos que os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados deverão ser conservados pelo sujeito passivo da relação tributária até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram, de acordo com o parágrafoúnico do art. 195 do CTN. 2.2 PRINCÍPIO DOCUMENTAL E INÍCIO DO PROCEDIMENTO A atividade de fiscalização tributária deve ser documentada, obedecendo ao princípio documental. Esta atividade também não pode ser realizada por prazo indefinido ou por prazo desarrazoado, devendo existir início, meio e fim. Assim, a autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas (CTN, art. 196). Os termos do procedimento de fiscalização tributária serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará cópia autenticada à pessoa sujeita à fiscalização, de acordo com o parágrafo único do art. 196 do CTN. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 5 www.pontodosconcursos.com.br A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2009 considerou incorreto: “Determina o CTN que a autoridade administrativa que presidir quaisquer diligências de fiscalização deverá, preferencialmente, lavrar termo autônomo de início do respectivo procedimento, cuja cópia será entregue ao sujeito fiscalizado; caso haja recusa de recebimento do aludido termo pelo contribuinte, o início da ação fiscal há de ser certificado em um dos livros fiscais a serem exibidos na forma da legislação”. O início do procedimento fiscal delineia os contornos jurídicos de dois importantes institutos do direito tributário, que são a exclusão da possibilidade da denúncia espontânea e a antecipação do início do prazo decadencial. O parágrafo único do art. 138 do CTN, dispõe que não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. E o parágrafo único do art. 173 do mesmo Código estabelece que o direito de constituir o crédito tributário extingue-se definitivamente com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2009 considerou correto o seguinte item: “Somente antes do início de qualquer procedimento de fiscalização é possível ao contribuinte se socorrer do benefício da denúncia espontânea, afastando-se a responsabilidade por infrações à legislação tributária, desde que haja o pagamento integral do tributo devido acrescido dos juros de mora”. 2.3 AUXÍLIO DA FORÇA PÚBLICA As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção (art. 200). Entretanto, ressaltamos que o CTN não pode e nem exclui os direitos e garantias fundamentais estabelecidos no texto CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 6 www.pontodosconcursos.com.br constitucional, tais como o direito à intimidade e a vida privada (art. 5°, X), a inviolabilidade do domicílio (art. 5°, XI), o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas (art. 5°, XII), o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão (art. 5°, XIII), dentre outros. A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2010 considerou incorreto o seguinte enunciado: “O sigilo de correspondência não pode ser invocado pelo contribuinte em sua defesa, uma vez que este direito poderá ser afastado no exercício da fiscalização pelas autoridades administrativas, mesmo sem haver autorização judicial”. Anotamos também que há norma constitucional explícita dispondo que é facultada a administração tributária, sobretudo para conferir efetividade ao princípio constitucional da capacidade contributiva, identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, sempre respeitando os direitos individuais nos termos da lei (art. 145, §1°). 2.4 JURISPRUDÊNCIA DO STF E STJ O STF e o STJ têm fixado relevantes interpretações e balizas restritivas para a atuação legítima e eficiente da administração tributária no exercício da sua essencial função de fiscalização tributária, que se segue. Por exemplo, o STJ entende que os documentos e livros que se relacionam com a contabilidade da empresa não estão protegidos por nenhum tipo de sigilo e são, inclusive, de apresentação obrigatória por ocasião das atividades fiscais. Segundo o STJ, “tendo em vista o poder de fiscalização assegurado aos agentes fazendários e o caráter público dos livros contábeis e notas fiscais, sua apreensão, durante a fiscalização, não representa nenhuma ilegalidade” (HC 18612 RJ, DJ 17/03/2003). A FGV no concurso de Juiz de Direito/PA/2009 considerou correto o seguinte item: “Agentes do Fisco Estadual apreenderam notas e livros fiscais, durante determinada atividade fiscalizadora na empresa Beta, sem estarem munidos de mandado judicial para tal fim. Esse procedimento é considerado legal, sendo os documentos de exibição obrigatória pelo contribuinte”. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 7 www.pontodosconcursos.com.br Todavia, há de ressaltar decisões do STF no sentido da necessidade mandado judicial na hipótese de resistência ou oposição por parte do representante da empresa quando do ingresso dos agentes da fiscalização fazendária. Senão, vejamos: “Inadmissibilidade de apreensão de livros contábeis e documentos fiscais realizada, em escritório de contabilidade, por agentes fazendários e policiais federais, sem mandado judicial e sem consentimento do sujeito passivo da relação tributária, em razão da proteção constitucional da inviolabilidade domiciliar” (HC 93.050/RJ, junho/08; ARRE 331.303-7, fevereiro/04). Afirma o relator Min. Celso de Mello o seguinte: “Sem que ocorra qualquer das situações excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional (art. 5º, XI), nenhum agente público, ainda que vinculado à administração tributária do Estado, poderá, contra a vontade de quem de direito (‘invito domino’), ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, em espaço privado não aberto ao público, onde alguém exerce sua atividade profissional, sob pena de a prova resultante da diligência de busca e apreensão assim executada reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude material. O atributo da auto-executoriedade dos atos administrativos, que traduz expressão concretizadora do ‘privilège du preálable’, não prevalece sobre a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar, ainda que se cuide de atividade exercida pelo Poder Público em sede de fiscalização tributária”. (HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de 01/08/08) Em síntese, conforme o STF, apenas é legal/constitucional os Agentes do Fisco apreenderam notas e livros fiscais, durante determinada atividade fiscalizadora em determinada empresa “Beta”, sem estarem munidos de mandado judicial para tal fim, na hipótese de consentimento do responsável ou representante do domicílio ao questionado sobre o ingresso dos respectivos fiscais. Noutro ponto, destacamos as seguintes súmulas do STF sobre as denominadas sanções políticas aplicadas pela administração tributária: • “É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo” (Súmula 70); • “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos” (Súmula 323); CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO8 www.pontodosconcursos.com.br • “Ao contribuinte em débito, não é lícito à autoridade proibir que adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais” (Súmula 547). Estas súmulas proíbem e consideram inconstitucionais as sanções políticas na seara tributária. Este tipo de sanção é um meio coercitivo indireto de cobrança do tributo utilizado pela administração tributária, que não observa o princípio constitucional do devido processo legal (art. 5º, LIV). A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2010 considerou corretos os seguintes enunciados: “(i) O STF já pacificou o entendimento no sentido de não ser possível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo de cobrança de tributo; (ii) Não se admite, segundo entendimento consagrado no STF, a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos”. Nesse rumo, o STF entende que é inconstitucional a obrigação de comprovação de regularidade fiscal na hipótese de transferência de domicílio para o exterior e a vinculação do registro ou arquivamento de contrato social e atos similares à quitação de créditos tributários. E afirma: “Estas medidas são sanções políticas e ofendem ao direito ao exercício de atividades econômicas e profissionais lícitas (CF, art. 170, parágrafo único), ao substantive due process of law (devido processo legal substantivo), em razão da falta de proporcionalidade e razoabilidade de medidas gravosas que se predispõem a substituir os mecanismos de cobrança de créditos tributários, bem como ao devido processo legal formal, manifestado na garantia de acesso aos órgãos do Executivo ou do Judiciário tanto para controle da validade dos créditos tributários quanto para controle do próprio ato que culmina neste tipo de restrição” (ADI 173/DF e ADI 394/DF). Por outro lado, o STF compreende que não ofende aos Enunciados 70, 323 e 547 da Súmula do STF e também não afronta a garantia fundamental do livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão (art. 5º, XIII, da CF/88), a apreensão de mercadorias desacompanhadas de documentação fiscal idônea e sua retenção até a comprovação da legitimidade da posse pelo proprietário, uma vez que, neste caso, não se trata de coação para fins de pagamento de valores ao Fisco, mas sim de atribuição inerente a fiscalização do cumprimento da legislação tributária, sendo considerada uma atuação constitucional da administração tributária e medida legítima no exercício do poder de polícia tributário (ADI 395/SP). CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 9 www.pontodosconcursos.com.br Ademais, registramos a súmula vinculante 24 que dispõe que não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. Ou seja, antes da constituição definitiva do crédito tributário não pode a autoridade administrativa representar ao Ministério Público sobre a existência de crime tributário. Importante: O art. 83. da Lei 9.430/96 (Redação dada pela Medida Provisória 497/2010) estabelece: “A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137/1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Código Penal, será encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente”. 2.5 DEVER DE PRESTAR INFORMAÇÕES, SIGILO PROFISSIONAL E SIGILO FISCAL O dever de prestar informações ao Fisco é parte do regular cumprimento das obrigações tributárias acessórias. Portanto, de acordo com o art. 197 do CTN, mediante intimação escrita e sem necessidade de autorização judicial, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: • Os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; • Os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; • As empresas de administração de bens; • Os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; • Os inventariantes; • Os síndicos, comissários e liquidatários; • Quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. Contudo, o parágrafo único do mesmo art. 197, traz relevante ressalva, afirmando que a obrigação de prestar informações não abrange informações quanto a fatos sobre os quais o informante CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 10 www.pontodosconcursos.com.br esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. Assim, em razão do sigilo profissional ou sacerdotal, os advogados, médicos, psicólogos, padres, dentre outros, não estão obrigados a prestar informações sobre confidências de clientes ou de pessoas que lhes procuram. Noutro ponto, sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada (proibida) a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. É o denominado sigilo fiscal, também chamado por corrente doutrinária minoritária de sigilo funcional, previsto no art. 198 do CTN. Contudo, existe ressalva a essa proibição, permitindo a divulgação nas hipóteses de permuta de informações entre os entes federativos, e nos casos de: • Requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça (art. 198, §1°, I, do CTN); • Solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa (art. 198, §1°, II, do CTN); • Requisição de comissão parlamentar de inquérito (CPI), obedecendo-se aos princípios da colegialidade e da motivação, que são, respectivamente, a aprovação pela maioria absoluta dos membros da comissão e a fundamentação do pedido (art. 58, §3°, da CF/88); • Requisição do Ministério Público da União (MPU), desde que concernente a fatos e pessoas determinadas (art. 8°, §2°, da LC 75/1993). Nesse rumo, o intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 11 www.pontodosconcursos.com.br Importante: Ressaltamos que o STJ (REsp 819.455/RS) compreende que o art. 198 do CTN não impede a requisição, pelo juiz, de informações à Receita Federal, necessárias a promover atos executivos (ação de execução), nem que tais informações sejam juntadas aos autos. Neste sentido, o STJ afirma que o art. 198 tem como destinatários a Fazenda e seus agentes, mas não os órgãos do Poder Judiciário. Por sua vez, é permitida, sem qualquer tipo de exceção, a divulgação de informações relativas a: • Representações fiscais para fins penais; • Inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; • Parcelamento ou moratória do crédito tributário. 2.6 SIGILO BANCÁRIO Conforme compreensão do STF, as regras específicas sobre o sigilo bancário estão previstas exaustivamente na Lei Complementar 105, de 10 de janeiro de 2001. A referida lei infraconstitucional optou pela possibilidade de fornecimentodireto de informações bancárias a autoridades fiscais. Nestes termos, o art. 5o dispõe que o Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. E o art. 6o da LC 105/01 estabelece que as autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. O resultado dos exames, as informações e os documentos a deverão ser conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Nesse rumo, o STF ainda não se pronunciou definitivamente sobre a constitucionalidade dos arts. 5° e 6° da LC 105/01, o que deve ocorrer quando da análise do mérito das ADI’s 2.386/DF, CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 12 www.pontodosconcursos.com.br 2.390/DF, 2.397/DF e 4.010/DF. Porém, registramos que, por cinco votos a quatro, o STF, em controle difuso, no final do ano passado (RE 389.808, julgamento em 15/12/2010), entendeu que não pode haver acesso da Receita Federal a dados bancários do contribuinte sem ordem do Poder Judiciário. O Ministro Marco Aurélio (relator e voto vencedor no RE 389.808) fundamentou a sua decisão no princípio da dignidade da pessoa, afirmando que é necessário assegurar a privacidade do contribuinte e que “a exceção para mitigar esta regra só pode vir por ordem judicial, e para instrução penal, não para outras finalidades”. Assim, considerou que só é possível o afastamento do sigilo bancário de pessoas naturais e jurídicas a partir de ordem emanada do Poder Judiciário (reserva de jurisdição). A ESAF no concurso de Procurador da Fazenda Nacional/2006 considerou incorretos os seguintes enunciados: “(i) A constitucionalidade da LC n. 105/01 foi declarada pelo STF em ADIn específica; (ii) A inconstitucionalidade da LC n. 105/01 foi declarada pelo STF em ADIn específica; (iii) Os agentes fiscais tributários da União podem examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, como providência prévia à instauração de procedimento fiscal”. Sobre o tema, o entendimento resumido do STJ é o seguinte: • O princípio da razoabilidade não é violado com a quebra do sigilo pela Administração Tributária, que ciente de possível sonegação fiscal, deve apurá-la; • O sigilo bancário não tem caráter absoluto, devendo ceder ao princípio da moralidade aplicável de forma absoluta às relações de direito público e privado, devendo ser mitigado nas hipóteses em que as transações bancárias são denotadoras de ilicitude, porquanto não pode o cidadão, sob o alegado manto de garantias fundamentais, cometer ilícitos. Decerto, conquanto o sigilo bancário seja garantido pela Constituição Federal como direito fundamental, não o é para preservar a intimidade das pessoas no afã de encobrir ilícitos; • O suposto direito adquirido de obstar a fiscalização tributária não subsiste frente ao dever vinculativo de a autoridade fiscal proceder ao lançamento de crédito tributário não extinto (REsp 2009/0067034-4). CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 13 www.pontodosconcursos.com.br Por sua vez, destacamos ainda que serão prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários e pelas instituições financeiras as informações ordenadas pelo Poder Judiciário, preservado o seu caráter sigiloso mediante acesso restrito às partes, que delas não poderão servir-se para fins estranhos à lide (LC 105/01, art. 3°). Ademais, além dos casos que já afirmamos, o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários fornecerão à Advocacia- Geral da União as informações e os documentos necessários à defesa da União nas ações em que seja parte (LC 105/01, art. 3°, §3°). A ESAF no concurso de Procurador da Fazenda Nacional/2006 considerou incorreto o seguinte enunciado: “A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando necessária para apuração de crime contra a Administração Pública, pelo juiz, apenas na fase judicial”. Por outro lado, a ESAF, no mesmo concurso, adotou como correto: “Além das requisições judiciais, o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários podem fornecer à Advocacia-Geral da União as informações e os documentos necessários à defesa da União nas ações em que seja parte”. 3. DÍVIDA ATIVA A dívida ativa representa os débitos dos sujeitos passivos (contribuinte e sujeito passivo) para com a Fazenda Pública (famoso Fisco). Aliás, o objetivo central do procedimento administrativo de inscrição de um crédito tributário em dívida ativa é propiciar o direito de ação de execução fiscal da Fazenda Pública, ou seja, o direito de cobrança judicial da dívida que o contribuinte tem com o Fisco e não paga no seu devido tempo, sendo necessário, portanto, que fisco entre com uma ação no Poder Judiciário para que o contribuinte seja obrigado a pagar tal dívida. Por exemplo, no âmbito dos tributos federais, a competência para inscrição em dívida ativa é da Procuradoria da Fazenda Nacional. Decerto, a inscrição de um crédito tributário em dívida ativa constitui um título executivo extrajudicial chamado de Certidão de Dívida Ativa (CDA), que é requisito necessário para que as respectivas procuradorias judiciais possam regularmente promover a execução judicial da dívida ativa. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 14 www.pontodosconcursos.com.br Assim sendo, constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular (art. 201, caput, do CTN). A ESAF no concurso para ATRFB/2010 considerou correto: “Somente se admite a inscrição de débito em dívida ativa após o decurso do prazo fixado para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo administrativo”. Deste modo, o CTN trata exclusivamente da dívida tributária, que decorre dos tributos não pagos pelo sujeito passivo (contribuinte ou responsável tributário) e das multas decorrentes do não- pagamento de tributos. Ademais, apesar da Lei n.° 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal) não fazer diferenciação entre dívida ativa tributária e dívida ativa não-tributária para fins de execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias, o CTN não dispõe a respeito de dívidas ativas não-tributárias, tais como aluguéis, preço públicos, indenizações, laudêmios, dentre outras. Importante: O laudêmio (figura querida dos examinadores!) é uma espécie de renda patrimonial ou contraprestação pecuniária que a União tem direito a receber, quando o ocupante ou o foreiro de imóvel localizado em sua propriedade, transfere os direitos de ocupação ou de foro a outrem. Não é tributo. Por exemplo, o laudêmio devido pela transmissão de direitos do foreiro de terreno da Marinha. O mais importante é saber que o laudêmio é uma divida ativa não-tributária. Doutro aspecto, salientamos que a fluência de juros de mora não exclui a liquidez do crédito tributário (art. 201, parágrafo único, do CTN). A liquidez do crédito tributário se refere à exatidão do valor da dívida tributária. Desta forma, a FazendaPública não está impedida de cobrar juros de mora de débito inscrito em dívida ativa. Decerto, a inscrição do crédito tributário em dívida ativa ocorre pelo inadimplemento da obrigação tributária por parte do sujeito passivo, sendo que o objetivo fundamental é uma posterior ação de execução fiscal pela respectiva procuradoria judicial competente. Por CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 15 www.pontodosconcursos.com.br exemplo, no Distrito Federal, a ação de execução fiscal é de competência da Procuradoria do Distrito Federal (PGDF). Neste sentido, se o crédito tributário está suspenso ou extinto, por conexão lógica não poderá ser inscrito em dívida ativa. Destarte, o crédito tributário constituído pelo lançamento não implica necessariamente a inscrição na dívida ativa, uma vez que o crédito tributário pode está suspenso ou extinto. Do mesmo modo, o auto de infração lavrado pelo fisco (hipótese de lançamento de ofício) contra o sujeito passivo tributário constitui o crédito tributário, mas não motiva necessariamente a sua inscrição na dívida ativa. Por sua vez, mesmo que o crédito tributário não esteja suspenso ou extinto, devemos afirmar também da necessidade de esperar esgotar o prazo fixado para o pagamento do tributo. Assim, esgota tal prazo para pagamento, a Procuradoria Judicial realiza a atividade procedimental da inscrição em Dívida Ativa na repartição administrativa competente, sendo que o procedimento de inscrição em divida ativa do crédito tributário tem o condão de conferir exequibilidade à relação tributária. Portanto, a dívida ativa pode ser conceituada como o crédito tributário inscrito (Dívida Ativa = Crédito Tributário + Inscrição), podendo-se de forma legal iniciar a propositura da ação de execução fiscal pela Fazenda Pública. De mais a mais, registramos entendimento doutrinário de Paulo de Barros Carvalho, adotado pela ESAF, no concurso para ATRFB/2010, no sentido de que o controle da legalidade da inscrição em dívida ativa é a derradeira oportunidade que a Administração tem de rever os requisitos jurídico-legais dos atos praticados no processo administrativo de cobrança. Nesse rumo, segundo o autor citado, os procuradores da Fazenda não podem modificá-los, mas tem meios de evitar que não prossigam os créditos tributários inconsistentes e, fatalmente, sejam fulminados pela manifestação jurisdicional. 3.1 CICLO DE POSITIVAÇÃO DO DIREITO TRIBUTÁRIO O ciclo de positivação do direito tributário é o fenômeno da relação jurídico-tributária de forma completa, isto é, na hipótese em que o crédito tributário não esteja suspenso ou extinto. Este CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 16 www.pontodosconcursos.com.br fenômeno pode ser visualizado com a seguinte sequência cronológica de atos: Hipótese de Incidência Fato Gerador in concreto Obrigação Tributária Lançamento Tributário Crédito Tributário Inscrição em Dívida Ativa Certidão de Dívida Ativa Ação de Execução Fiscal Ou com o seguinte gráfico: 8. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL 7. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA (CDA) 6. INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA 5. CRÉDITO TRIBUTÁRIO 4. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO 3. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 2. FATO IMPONÍVEL ou 1. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA ou FATO GERADOR IN ABSTRATO FATO GERADOR INCONCRETO 3. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 4. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO 5.CRÉDITO TRIBUTÁRIO 6. INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA 7. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA (CDA) 8. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 17 www.pontodosconcursos.com.br Os gráficos servem para demonstrar que no direito tributário posto no CTN existe uma sequencia cronológica de atos ou momentos diferentes da relação tributária. Primeiro, existe a hipótese de incidência ou o fato gerador in abstrato. Depois, ocorre o fato imponível ou o fato gerador in concreto. Daí surge à obrigação tributária, que, com o lançamento tributário, transforma-se em crédito tributário. A seguir, caso o crédito tributário não esteja suspenso ou extinto e, após o prazo para pagamento do tributo, deve ocorrer a inscrição em dívida ativa pelas respectivas procuradorias judiciais, extraindo-se a Certidão de Dívida Ativa (CDA) e se promove a ação de execução fiscal. Hipótese de Incidência + Fato Gerador in concreto = Obrigação Tributária < Lançamento < Crédito Tributário (não suspenso ou extinto) e prazo pra pagamento do tributo < Inscrição em Dívida Ativa < Certidão de Dívida Ativa < Execução Fiscal. 1. Hipótese de Incidência ou Fato Gerador in abstrato; 2. Fato Gerador in concreto ou Fato imponível; 3. Obrigação Tributária; 4. Lançamento; 5. Crédito Tributário (não suspenso ou extinto) e após o prazo pra pagamento do tributo; 6. Inscrição em Dívida Ativa; 7. Certidão de Dívida Ativa; 8. Execução Fiscal. 3.2 REQUISITOS DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, deverá indicar obrigatoriamente (art. 202, I a V, CTN): • O nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; • A quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; • A origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; • A data em que foi inscrita; • Sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Ou seja, na verdade, não há uma CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 18 www.pontodosconcursos.com.br necessária obrigatoriedade, pois nem sempre existirá um processo administrativo. Assim, a Certidão de Dívida Ativa (CDA) conterá os mesmos elementos do termo de inscrição e será autenticada pela autoridade competente, devendo conter, além dos requisitos do termo de inscrição da dívida, a indicação do livro e da folha da inscrição. Nessa esteira, a inscrição na dívida ativa, formalizada mediante o termo de inscrição na dívida ativa deve ser preenchida com os requisitos obrigatórios no livro da Dívida Ativa, no ambiente de competência da respectiva procuradoria judicial. De fato, atualmente, a inscrição é feita num livro eletrônico. Portanto, os cadastros da dívida ativa não mais se consubstanciam em “livros” propriamente ditos, sendo registrados em sistemas eletrônicos de informação de dados. Nesse rumo, com a inscrição feita no livro da Dívida Ativa ou de forma eletrônico, reproduz-se e se estabelece a Certidão de Dívida Ativa (CDA), que é um titulo executivo extrajudicial, devendo constar na petição inicial do processo judicial de execução fiscal do crédito tributário. Por sua vez, consideramos muito relevante para concursos públicos ter o conhecimento das conseqüências da omissão ou erro de um dos requisitos obrigatórios fixados no art. 202 do CTN, que são as seguintes: • “A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada” (art. 203 do CTN). Com efeito, a omissão de quaisquer dos requisitos previstos no art. 202, ou o erro a eles atinente, gera a nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente. Todavia, a certidão poderá ser substituída até a decisão de 1° instância (significa decisão do juiz de primeiro grau e não dos Tribunais), sanando eventuais errosou omissões, dando novo CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 19 www.pontodosconcursos.com.br prazo para a defesa do sujeito passivo quanto à parte modificada. Na hipótese de não ser sanada a nulidade até a decisão de 1° instância, o vício (erros ou omissões na inscrição) acarretará o reconhecimento da nulidade de todo o processo de cobrança, prevalecendo o ditado popular de que “quanto mais tarde, pior”. Importante: o STJ aprovou recentemente a súmula 392, que dispõe: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução”. Com efeito, o STJ adotou posição no sentido de não admitir a substituição da CDA para a alteração do sujeito passivo dela constante, pois isso não é erro formal ou material, mas sim alteração do próprio lançamento. Assim sendo, conforme afirmou o ministro Castro Meira do STJ, a CDA poderá ser emendada ou substituída até a decisão de primeira instância, assegurada a devolução do prazo para embargos. Nesse rumo, a substituição da CDA só é permitida quando se tratar de erros materiais e defeitos formais ou de supressão de parcelas certas, e não em casos que impliquem alteração do próprio lançamento. 3.3 PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ E PROTESTO PRÉVIO A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída (art. 204, caput, do CTN). Neste sentido, o STJ tem jurisprudência dominante no sentido de que não há necessidade de protesto prévio do título emitido pela Fazenda Pública, uma vez que a Certidão de Dívida Ativa (CDA) tem presunção relativa de certeza e liquidez. Decerto, a CDA serve como prova pré-constituída, pois, no caso, o inadimplemento do sujeito passivo é caracterizado como elemento de prova. Assim sendo, falta interesse a Fazenda Pública que justifique o protesto prévio da CDA para satisfação do crédito tributário que este título representa (AgA 936.606/PR, DJe 04/06/08). CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 20 www.pontodosconcursos.com.br Portanto, o STJ entende como desnecessário e inócuo (inútil) o protesto prévio da CDA, pois a CDA “torna público o conteúdo do título, não havendo interesse de ser protestado, medida cujo efeito é a só publicidade” (REsp 1093601/RJ, DJe 15/12/2008). Nesse rumo, a presunção de certeza diz respeito à existência da dívida e a presunção de liquidez se refere à exatidão do valor da dívida. Logo, a presunção de certeza e liquidez é relativa (juris tantum) e pode ser refutada (“ilidida”) por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite (art. 204, parágrafo único, do CTN). Notamos mais uma vez que a presunção de certeza e liquidez é relativa (juris tantum), não sendo presunção absoluta (juris et de jure). PRESUNÇÕES NO DIREITO Presunção relativa (denominada de juris tantum), que admite prova em contrário, que é a prevista no parágrafo único, do art. 204, CTN. Presunção absoluta (denominada de juris et de jure), que não admite prova em contrário, não está prevista no art. 204 do CTN. 4. CERTIDÕES NEGATIVAS A certidão negativa tem por objetivo comprovar a inexistência de débito do sujeito passivo para com o fisco. Decerto, a obtenção de certidões, para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesses pessoais, constitui direito individual garantido no art. 5º, inc. XXXIV, alínea “b”, da CF, independentemente do pagamento da espécie tributária denominada de taxa. Assim, por exemplo, se o contribuinte tem um débito tributário que já está prescrito ou pago (hipóteses de extinção do crédito) pode com tranquilidade obter uma certidão negativa por meio de requerimento eletrônico ou por meio de requerimento junto a uma autoridade administrativa na repartição pública competente. Portanto, a lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 21 www.pontodosconcursos.com.br domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido, conforme o art. 205 do CTN. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na repartição (art. 205, parágrafo único, CTN). Com efeito, a certidão não pode ser expedida de ofício (ex officio) pela autoridade administrativa, pois a norma tributária dispõe que será sempre expedida nos termos do requerimento do sujeito passivo. O prazo para fornecimento da certidão é de no máximo dez dias, contados da data da entrada do requerimento na repartição pública, o que não impede de a certidão ser expedida imediatamente, até porque normalmente, nos dias de hoje, as certidões são expedidas por meio eletrônico (via internet). 4.1 CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA O assunto mais cobrado em concurso público referente a certidão negativa é a famosa certidão positiva com efeitos de negativa prevista no art. 206 do CTN. Este dispositivo estabelece que os mesmos efeitos jurídicos da certidão negativa verificam-se na certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa. São três os casos de certidão positiva com efeitos de negativa estabelecidos pelo CTN: • A existência de créditos não vencidos; • A existência de créditos em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora; • A existência de créditos cuja exigibilidade esteja suspensa (art. 151) e não extinta (art. 156) ou excluída (art. 175). Neste sentido, na hipótese em que tenha sido efetivada penhora, a orientação prevalente em ambas as Turmas da 1ª Seção do STJ é “no sentido de autorizar o fornecimento da certidão apenas na hipótese de estar o débito integralmente garantido por penhora”. (REsp 494.881/CE, RESP 413.388/RS; AGA 469.422/SC) CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 22 www.pontodosconcursos.com.br 4.1.1 SÚMULA 446 DO STJ Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o STJ entende que a entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) constitui o crédito tributário, dispensando a Fazenda Pública de qualquer outra providência, habilitando-a ajuizar a execução fiscal, “razão pela qual, em caso do não- pagamento do tributo declarado, afigura-se legítima a recusa de expedição da Certidão Negativa ou Positiva com Efeitos de Negativa”. Neste sentido, a súmula 446 do STJ: “Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa”. Contudo, o STJ compreende que “declarado o débito e efetuado o pagamento, ainda que a menor, não se afigura legítima a recusa de expedição de CND antes da apuração prévia, pela autoridade fazendária, do montante a ser recolhido. Isto porque, conforme dispõe a legislação tributária, o valor remanescente, não declarado nem pago pelo contribuinte, deve ser objeto de lançamento supletivo de ofício” (REsp nº 1.123.557/RS). Importante: no lançamento por homologação (DCTF ou GIA), pagando-se o tributo a menor, desde que a declaração também esteja equivocada, o STJ compreende que é ilegítima, em princípio, a recusa da expedição de CND, até que ocorra realizado o lançamento supletivo do valor não pago ainda pelo contribuinte.Em outras palavras, na hipótese declaração de dívida de R$ 35.000,00 (a quantia correta é R$ 50.000,00) e pagamento de R$ 20.000,00, a certidão pode ser negada. Contudo, no caso citado, se o pagamento efetuado é de R$ 35.000,00 não cabe ao agente fiscal negar a certidão, pois é dever da autoridade fazendária realizar o lançamento supletivo no valor de R$ 15.000,00. Isto é, até que o agente fiscal realize o lançamento supletivo não pode ser exigido do contribuinte qualquer valor tributário. 4.1.2 FAZENDA PÚBLICA Segundo o STJ, a Fazenda Pública, “quer em ação anulatória, quer em execução embargada, faz jus à expedição da certidão positiva de débito com efeitos negativos, independentemente de penhora, posto inexpropriáveis os seus bens” (REsp nº CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 23 www.pontodosconcursos.com.br 1.123.306/SP). Ou seja, a Fazenda Pública não está sujeita a penhora de bens e a impenhorabilidade dos bens públicos tem fundamento constitucional. Assim, compreende o STJ que “as prerrogativas da Fazenda pública federal, estadual ou municipal, mormente a impossibilidade de penhora de seus bens, revela a interpretação de que seja em sede de execução embargada ou ação anulatória pelo Município, independentemente da prestação de garantia, é cabível a expedição da certidão positiva de débitos com efeitos negativos”. 4.2 DISPENSA DE CERTIDÃO Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade de direito (art. 207, CTN). Entretanto, respondem todos os participantes no ato de dispensa pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja responsabilidade seja pessoal do infrator. De fato, é dispensada a prova de quitação de tributos (certidão negativa) quando sujeito passivo tiver que praticar ato indispensável para evitar a caducidade do direito, sendo aqueles casos de urgência em que não se pode esperar o prazo para autoridade administrativa expedir a certidão. Por exemplo, a participação em procedimento de licitação pública quando os servidores competentes para expedir a certidão estão em greve. 4.3 RESPONSABILIDADE PESSOAL DO SERVIDOR A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos, sendo que não se exclui a responsabilidade criminal e funcional que no caso couber. Decerto, o servidor que emitir com dolo ou fraude uma certidão negativa que contenha erro contra o Fisco deve ser responsabilizado a pagar a dívida tributária, acrescida de juros de mora. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 24 www.pontodosconcursos.com.br Assim sendo, o servidor que agir com dolo ou fraude é responsável pessoalmente pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos, podendo ser responsabilizado penalmente (criminalmente) e administrativa pelo ato de expedir a certidão de forma dolosa (com intenção de cometer o erro) ou de forma fraudulenta (com ardil, de maneira maliciosa com propósito de enganar ou induzir a erro) contra a Fazenda Pública. Outrossim, se o servidor agir apenas com culpa (sem intenção) poderá ser responsabilizado na seara disciplinar e penal, mas, segundo o CTN, não fica responsável pessoalmente pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos. 5. FUNÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS TRIBUTOS A função socioeconômica dos tributos tem relação com a justa alocação dos recursos arrecadados pelo Estado com os tributos. Assim, é concretizada com a promoção da redistribuição da renda arrecadada, bem na atuação positiva do Estado para a satisfação dos direitos sociais do cidadão (alimentação, saúde, vestuário, moradia, educação, acesso ao trabalho, livre iniciativa etc.). A doutrina aponta também como forma de concretização função socioeconômica dos tributos: (i) a tributação justa, com respeito aos princípios tributários constitucionais; (ii) a democratização dos orçamentos, com o incentivo a participação popular na gestão pública. 6. GARANTIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A garantia no direito tributário é uma forma ou maneira de se tentar assegurar o pagamento do crédito tributário. Ou seja, para assegurar a efetiva arrecadação do tributo, o CTN estabelece especiais garantias ao poder público. 6.1 ASPECTOS GERAIS Ressaltamos, de início, que a enumeração das garantias atribuídas pelo CTN ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características do tributo a que se refiram (art. 183 do CTN). Ou seja, o CTN não impede que a lei ordinária amplie o número de garantias dispostas no Capítulo VI, do Título III, do Livro Segundo do CTN (entre os arts. 183 a 193). Por conseguinte, as garantias CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 25 www.pontodosconcursos.com.br previstas no CTN são exemplificativas e não podem ser consideradas exaustivas. Com efeito, repetindo parcialmente regra já disposta no art. 140 do CTN, o parágrafo único do art. 183 do mesmo Codex estabelece que a natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda. Portanto, mesmo que seja legalmente atribuída uma garantia qualquer ao crédito tributário, este ou a sua obrigação respectiva continuam a ter sempre a natureza tributária. 6.2 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DO SUJEITO PASSIVO Nesse rumo, o CTN estabelece que a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, respondem pelo pagamento do crédito tributário. A exceção a esta regra são os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Isto significa que apenas quando a lei estabelece a impenhorabilidade de determinados bens, podemos dizer que estes não respondem pelo pagamento do tributo. Ou seja, os indivíduos por meio de cláusula contratual (vontade própria) não podem excluir determinados bens da cobrança tributária. As regras contratuais só têm valor para os contratantes e não para a Fazenda Pública, isto é, a cláusula contratual é inoponível ao Fisco. Por exemplo, a Lei 8.009/1990 (Lei do Bem de Família) dispõe que é impenhorável o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, sendo que, em regra, este imóvel não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam. Nessa senda, a própria Lei do Bem de Família, dentre outras hipóteses, exclui da impenhorabilidade os créditos de trabalhadores da própria residência e as respectivas contribuições previdenciárias decorrentes do contrato de trabalho, bem como a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 26 www.pontodosconcursos.com.br Segundo o art. 649 do Código de Processo Civil (CPC), salvo na hipótese de cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem, são absolutamente impenhoráveis: • Os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; • Os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem asnecessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; • Os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; • Os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, exceto no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia; • Os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; • O seguro de vida; • Os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; • A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; • Os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; • Até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. • Os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político. 6.3 EXIGÊNCIA DE QUITAÇÃO DE TODOS OS TRIBUTOS O CTN exige a quitação de todos os tributos: • Para a extinção das obrigações do falido (art. 191); • Para a concessão de recuperação judicial, observada as exceções referentes a suspensão da exigibilidade do crédito tributário e da certidão negativa ou da certidão positiva com efeitos de negativa; CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 27 www.pontodosconcursos.com.br • Relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas, para a possibilidade de proferir a sentença de julgamento de partilha ou adjudicação (art. 192); • Para a celebração de contrato ou aceitação de proposta em concorrência pública de departamento da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autarquia: nesta hipótese, salvo quando expressamente permitido por lei, exige-se a quitação de todos os tributos devidos unicamente à Fazenda Pública interessada e relativos à atividade em cujo exercício o contratante ou proponente contrata ou concorre (art. 193). 6.4 PRESUNÇÃO DE FRAUDE À EXECUÇÃO O termo inicial para a fraude à execução fiscal é a inscrição em dívida ativa do crédito tributário. Assim, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa (art. 185, CTN). Esta norma visa a proteger o Fisco do devedor mau-caráter que tenta fraudulentamente dissolver o seu patrimônio para fugir do pagamento do crédito tributário. Deste modo, exceto se o sujeito passivo tiver reservado bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita, presume-se como fraude qualquer ato do devedor de venda ou imposição de ônus ou obrigação aos seus bens e rendas se o crédito tributário estiver inscrito em dívida ativa. Por exemplo, um contribuinte que não possui bens ou rendas disponíveis para pagar sua dívida tributária inscrita em dívida ativa e começa a simular a venda de imóveis para familiares de sua esposa. Esta venda se presume fraudulenta e não tem validade jurídica perante o Fisco. A respeito da aplicação do art. 185 do CTN, o STJ (REsp 1.141.990/PR, DJe 19/11/2010) entende de forma consolidada que a transferência de bens do devedor ocorrida após a inscrição do débito tributário em dívida ativa configura fraude contra a execução fiscal, independentemente de haver qualquer registro de penhora e de ser provada a má-fé do adquirente. Em outras palavras, o STJ afirma que não se aplica a sua súmula 375 às execuções fiscais. A súmula referida dispõe que “o CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 28 www.pontodosconcursos.com.br reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”. Ou seja, na hipótese, prevalece o CTN (lei especial) sobre o Código Civil (lei geral). É o axioma romano lex specialis derrogat lex generalis (lei especial derroga lei geral). Logo, a súmula 375 do STJ não se aplica às execuções fiscais (processos tributários), mas sim as demandas cíveis. Nesse rumo, afirma o STJ: “A diferença de tratamento entre a fraude civil e a fraude fiscal justifica-se pelo fato de que, na primeira hipótese, afronta-se interesse privado, ao passo que, na segunda, interesse público, porquanto o recolhimento dos tributos serve à satisfação das necessidades coletivas”. Com efeito, o STJ entende atualmente que a fraude de execução prevista no artigo 185 do CTN encerra presunção absoluta (jure et de jure), objetiva e dispensa a intenção de fraude (concilium fraudis). Portanto, a fraude de execução não depende da intenção de quem participou do negócio, bastando que tenha havido frustração da execução em razão da alienação do bem e, por conseguinte, o art. 185 do CTN não condiciona a ocorrência de fraude a qualquer registro público. Ademais, ressaltamos que a incidência da norma de fraude à execução fiscal (art. 185 do CTN) pode ser afastada pelo devedor ou pelo adquirente se demonstrado que foram reservados pelo devedor bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida. Segundo o STJ, também pode ser afastada a incidência do art. 185, desde que a citação não foi válida (para alienações ocorridas até 08.06.2005), ou que a alienação se deu antes da citação (para alienações ocorridas até 08.06.2005), ou que a alienação se deu antes da inscrição em dívida ativa (para alienações posteriores a 09.06.2005). Anotamos que 09.06.2005 foi a data em que entrou em vigor a nova redação do art. 185 do CTN, conforme a LC 118/2005. 6.5 PENHORA ON LINE A penhora on-line é novidade também da LC n.° 118/2005, estatuindo o art. 185-A do CTN que, no caso de o devedor tributário, devidamente citado na execução fiscal, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 29 www.pontodosconcursos.com.br bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. Destarte, são quatro os requisitos legais para a determinação pelo magistrado da indisponibilidade de bens e direito do sujeito passivo, que são: (a) a prévia citação no âmbito do processo de execução fiscal; (b) o não pagamento do crédito tributário; (c) a não apresentação de bens à penhora no prazo legal; (d) a não localização bens penhoráveis. Outro requisito exigido pela jurisprudência do STJ era a necessidade de exaurimento das diligências para localização dos bens penhoráveis, pressupondo um esforço prévio do Fisco na identificação do patrimônio do devedor tributário. Todavia, decisões mais recentes do STJ (por exemplo, Ag 1.107.710-MG, publicado no DJ 01/04/09) admitem a penhora on-line, independentemente da comprovação de esgotamento das diligências para localização de bens do devedor. Nesse rumo, destacamos que a indisponibilidade de bens e direitos limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite. Com efeito, existe a obrigatoriedade dos órgãose entidades aos quais se fizer a comunicação da decisão judicial de enviarem imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido. Por fim, salientamos que o bloqueio de bens efetivado junto às instituições financeiras é realizado com base igualmente no famoso BACEN-JUD, acordo celebrado entre o Banco Central do Brasil e o Poder Judiciário, permitindo aos magistrados a determinação imediata da indisponibilidade de bens e valores do executado, por modo eletrônico (via internet). 7. PRIVILÉGIOS OU PREFERÊNCIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Neste tema, normalmente, cobra-se em concurso público os dispositivos literais do CTN ou a ordem de preferência como expressa CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 30 www.pontodosconcursos.com.br na Lei 11.101/2005. 7.1 ASPECTOS GERAIS A preferência do crédito tributário significa o privilégio deste crédito quando concorre com créditos de outra natureza jurídica. Deste modo, quando o sujeito passivo não tem bens ou valores para pagar todas as suas dívidas, o Fisco tem preferência legal em relação a outros credores. Assim, em situação normal, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, exceto em relação aos créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho (art. 186, CTN). Com efeito, os créditos tributários são pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento (art. 189, CTN). Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada (art. 189, parágrafo único, CTN). Por sua vez, são pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação (art. 190, CTN). 7.2 FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO SUJEITO PASSIVO No caso de falência ou de recuperação judicial do empresário sujeito passivo da relação tributária o CTN estipula regras especiais. Nesse rumo, na hipótese de falência do sujeito passivo: • O crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar (Lei 11.101/2005), nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 31 www.pontodosconcursos.com.br • A lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e • A multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. Os créditos extraconcursais são os créditos que não entram em concurso de preferência com outros créditos e são decorrentes de fatos ocorridos no curso do processo de falência, inclusive os créditos tributários nascidos neste período. Com efeito, o art. 84 da Lei 11.101/2005 considera créditos extraconcursais e serão pagos, na ordem a seguir, os relativos a: • Remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; • Quantias fornecidas à massa pelos credores; • Despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; • Custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; • Obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência. Já as importâncias passíveis de restituição são bens não pertencentes a empresa falida, isto é, bens de determinado proprietário arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor falido na data da decretação da falência. Também são importâncias passíveis de restituição a coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. Neste sentido, a súmula 307 do STJ dispõe que “a restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito”. Por sua vez, a Lei 11.101/2005 também limitou a preferência, na hipótese de falência, dos créditos derivados da legislação do trabalho a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor. Já os créditos decorrentes de acidente de trabalho não têm limite. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 32 www.pontodosconcursos.com.br Podemos, portanto, dizer, com base no art. 83 da Lei 11.101/2005, que a classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: (1°) Importâncias passíveis de restituição e créditos extraconcursais; (2°) Créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; (3°) Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; (4°) Créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; (5°) Créditos com privilégio especial; (6°) Créditos com privilégio geral; (7°) Créditos quirografários; (8°) As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias; (9°) Créditos subordinados. Destacamos também que os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados créditos quirografários. Por sua vez, na hipótese de falência, contestado o crédito tributário, o juiz também remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada (CTN, §1°, do art. 188). Ou seja, o processo de falência é especial e tem vara competente específica para decidir a questão. Decerto, o dispositivo refere-se a créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos durante o processo de falência. E contestado tal crédito o juiz da vara de falências remete esta discussão para uma das varas da fazenda pública. Esta regra aplica-se aos processos de concordata (CTN, §2°, do art. 188), que não existem mais de acordo a Lei 11.101/2005. A recuperação judicial é o instituto que substituiu de forma mais adequada a antiga concordata. 7.3 AUTONOMIA DA EXECUÇÃO FISCAL E REQUERIMENTO DE FALÊNCIA PELA FAZENDA PÚBLICA CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 33 www.pontodosconcursos.com.br A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial (concordata), inventário ou arrolamento, (art. 187, CTN). A interpretação importante e adequada deste dispositivo é que a execução fiscal tem autonomia e curso independente ao processo falimentar, sendo que a reserva de bens necessários ao pagamento do crédito tributário será feita conforme a ordem de preferência estabelecida pelo CTN e pela Lei de Falências (11.101/05) independentemente de pedido habilitação nos autos do processo de falência. A respeito dotema da preferência do crédito tributário na falência igualmente se destaca a seguinte jurisprudência do STJ: • “A controvérsia dos autos resume-se à possibilidade de o bem imóvel, objeto de penhora em execução fiscal, ser arrecadado pela massa falida após penhora, ou mesmo após o leilão daquele bem perante o juízo da execução fiscal. A Súmula 44 do extinto Tribunal Federal de Recursos assim dispõe: ‘ajuizada a execução fiscal anteriormente à falência, com penhora realizada antes desta, não ficam os bens penhorados sujeitos à arrecadação no juízo falimentar; proposta a execução fiscal contra massa falida, a penhora far-se-á no rosto dos autos do processo da quebra, citando-se o síndico’. Entretanto, em vista da preferência dos créditos trabalhistas em face dos créditos tributários, o produto da arrematação realizada na execução fiscal deve ser colocado à disposição do juízo falimentar para garantir a quitação dos créditos trabalhistas” (AgRg no REsp 783318/SP, DJe 14/04/2009). Esta decisão do STJ afirma, em outras palavras, que “mesmo já aparelhada a execução fiscal com penhora, uma vez decretada a falência da empresa executada, sem embargo do prosseguimento da execução singular, o produto da alienação deve ser remetido ao juízo falimentar, para que ali seja entregue aos credores, observada a ordem de preferência legal” (EREsp 536033/RS, Corte Especial, DJ de 09/02/2005). Ou seja, a preferência do crédito trabalhista há de subsistir quer a execução fiscal tenha sido aparelhada antes, quer depois da decretação da falência. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 34 www.pontodosconcursos.com.br Por sua vez, segundo o STJ (REsp 967626/RS, DJe 27/11/2008), o art. 187 do CTN “não representa um óbice à habilitação de créditos tributários no concurso de credores da falência, tratam, na verdade, de uma prerrogativa do ente público em poder optar entre o pagamento do crédito pelo rito da execução fiscal ou mediante habilitação do crédito. Escolhendo um rito, ocorre a renúncia da utilização do outro, não se admitindo uma garantia dúplice”. Neste ponto, destacamos também que o STJ compreende que o “fato de permitir-se a habilitação do crédito tributário em processo de falência não significa admitir o requerimento de quebra por parte da Fazenda Pública” (REsp 967626/RS, DJe 27/11/2008). Portanto, é impróprio o requerimento de falência do contribuinte pela Fazenda Pública, na medida em que esta dispõe de instrumento específico para cobrança do crédito tributário, que é a execução fiscal. Ademais, o pedido de falência por parte da Fazenda Pública não pode servir de instrumento de coação moral para satisfação de crédito tributário. Por sua vez, revela-se também ilógico o pedido de falência do contribuinte pela Fazenda Pública, seguido de sua decretação, na hipótese de após a decretação optar-se por informar ao Juízo da Falência que o crédito tributário não se submete ao concurso falimentar (REsp 287.824/MG, DJ 20/02/2006). 7.4 CONCURSO DE PREFERÊNCIA ENTRE ENTES PÚBLICOS De acordo com o art. 187 do CTN c/c art. 29 da Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/80), o concurso de preferência de créditos tributários se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: (1°) União e suas autarquias; (2°) Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; (3°) Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata. No caso da União, existe preferência do crédito desta em relação as suas autarquias. Assim, o STJ já pacificou o entendimento de que o crédito fiscal da União prefere ao de qualquer outra autarquia na presença de execução movida por ambas as partes cuja penhora tenha recaído sobre o mesmo bem. Importante: A Primeira Seção do STJ já assentou que, “em execução fiscal movida pela Fazenda Pública Estadual, a União e as CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 35 www.pontodosconcursos.com.br autarquias federais podem suscitar a preferência de seus créditos tributários, quando a penhora recair sobre o mesmo bem” (REsp 131.564/SP). Nos demais casos, a divisão é pro rata, quer dizer divisão proporcional ao crédito tributário da pessoa jurídica. Ademais, na hipótese estudada, ressaltamos que a preferência entre os entes públicos ocorre em razão de créditos de mesma natureza tributária, ou seja, não há preferência da União em relação ao Distrito federal se o crédito é natureza civil. Por exemplo, o CESPE considerou acertadamente incorreto o seguinte enunciado no concurso para Juiz Federal/TRF2/2010: “A União foi vencedora em ação indenizatória por danos causados ao seu patrimônio por João e na execução da sentença penhorou um automóvel. Dois meses após, o DF propôs executivo fiscal contra João, por créditos tributários de sua competência, vindo a ser penhorado o mesmo veículo. Nessa situação, o produto da venda judicial do automóvel deverá satisfazer o crédito da União em primeiro lugar”. Agora, vamos para as questões detalhadamente comentadas da nossa banca: 1. (FGV/JUIZ DE DIREITO/PA/2009) A Empresa Delta Ltda. sofreu penhora em parte de seus bens (maquinário) em função de execução fiscal. A dívida é de R$ 1 milhão. Os bens penhorados, à época em que adquiridos (há 2 anos), custaram R$ 1.250 mil. A Delta quer participar de uma licitação e necessita de certidão positiva com efeitos de negativa. A esse respeito é correto afirmar que: (A) será impossível emitir a certidão, já que, com a passagem do tempo, provavelmente o débito não está garantido. (B) a certidão deve ser emitida, visto que a eventual insuficiência da penhora não lhe retira os efeitos próprios, dentre os quais o de suspender a exigibilidade do débito. (C) é possível negar a emissão da certidão, pois a penhora não incorreu sobre depósito em dinheiro. (D) efetivada a penhora, está suspensa a exigibilidade do crédito, entretanto deve a constrição garantir a execução. (E) a certidão deve ser emitida, condicionada à penhora de bens suficientes, cabendo a prova da suficiência ao interessado. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 36 www.pontodosconcursos.com.br O gabarito definitivo foi a letra “b”, entendendo equivocadamente o examinador que a certidão deve ser emitida, visto que a eventual insuficiência da penhora não lhe retira os efeitos próprios, dentre os quais o de suspender a exigibilidade do débito. Esta questão foi impugnada e o membro da banca fundamentou a sua decisão mantendo o gabarito da seguinte maneira: “Todos os recursos interpostos refletem equívoco de interpretação. Onde está escrito exigibilidade do débito deve ser interpretado “exigibilidade do valor devido”. O sentido da assertiva é este e os argumentos dos recorrentes não são de monta a importar a alteração do gabarito. Ressalte-se, que os recursos interpostos não atentaram para a melhor exegese do artigo 206 do CTN, sequer citado, embora fundamental”. Contudo, a jurisprudência sedimentada do STJ é noutro sentido, a saber: "Nos termos do art. 206 do CTN, pendente débito tributário, somente é viável a expedição de certidão positiva com efeito de negativa nos casos em que (a) o débito não está vencido; (b) a exigibilidade do crédito tributário está suspensa; e (c) o débito é objeto de execução judicial em que a penhora tenha sido efetivada. Especificamente quanto à terceira situação, a orientação prevalente em ambas as Turmas da 1ª Seção é no sentido de autorizar o fornecimento da certidão apenas na hipótese de estar o débito integralmente garantido por penhora. Confiram-se, a propósito, os julgados REsp 494.881/CE, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 15/03/2004; RESP 413.388/RS, 2ª Turma, Min. Franciulli Netto DJ de 18.10.2004; AGA 469.422/SC, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 19.05.2003.
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