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Aula 06 Direito Tributário para Concurso SEFAZ

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CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 
1
www.pontodosconcursos.com.br 
Aula 6 – Administração tributária: fiscalização,
regulamentação, competência, limites, procedimentos. Dívida
ativa: certidão negativa. Informações e sigilo fiscal. Função
socioeconômica dos tributos. Garantias e Privilégios do 
Crédito tributário. 
Olá, chegamos a nossa aula 6. 
O sumário de hoje é o seguinte: 
1. A Administração Tributária: 1.1 Características legais. 
2. Fiscalização Tributária; 2.1 Características gerais; 2.2
Princípio documental e início do procedimento; 2.3 Auxílio
da força pública; 2.4 Jurisprudência do STF e STJ; 2.5 Dever
de prestar informações, sigilo profissional e sigilo fiscal; 2.6
Sigilo bancário. 
3. Dívida ativa: 3.1 Ciclo de positivação do direito tributário; 
3.2 Requisitos da Certidão de Dívida Ativa; 3.3 Presunção
de certeza e liquidez e protesto prévio. 
4. Certidões Negativas: 4.1 Certidão positiva com efeito de
negativa: 4.1.1 Súmula 446 do STJ; 4.1.2 Fazenda Pública; 
4.2 Dispensa de certidão; 4.3 Responsabilidade pessoal do
servidor. 
5. Função socioeconômica dos tributos. 
6. Garantias do Crédito Tributário: 6.1 Aspectos gerais; 6.2
Responsabilidade patrimonial do sujeito passivo; 6.3
Exigência de quitação de todos os tributos; 6.4 Presunção
de fraude à execução; 6.5 Penhora on line. 
7. Privilégios ou preferências do crédito tributário: 7.1
Aspectos gerais; 7.2 Falência e recuperação judicial do
sujeito passivo; 7.3 Autonomia da execução fiscal e
requerimento de falência pela Fazenda Pública; 7.4
Concurso de preferência entre entes públicos. 
Então, vamos lá. 
1. A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 
A administração tributária é a parte da administração pública
direta que cuida da orientação do sujeito passivo, fiscalização e
arrecadação do tributo, bem como do treinamento dos servidores
públicos que atuam nestas áreas, sobretudo os analistas tributários e
auditores-fiscais. 
1.1 CARACTERÍSTICAS LEGAIS 
 
 
 
 
 
 
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O CTN disciplinou a administração tributária em três partes, que
são a fiscalização (arts. 194 a 200), a dívida ativa (arts. 201 a 204) e
as certidões negativas (arts. 205 a 208). 
Ressaltamos que a Emenda Constitucional n° 42/2003
estabeleceu dois importantes dispositivos sobre o tema da
administração tributária. 
Assim, a CF/88 estatuiu que as administrações tributárias da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de
carreiras específicas, terão recursos prioritários para a
realização de suas atividades e atuarão de forma integrada,
inclusive com o compartilhamento de cadastros e de
informações fiscais, na forma da lei ou convênio (art. 37, inc. 
XXII). 
Nesse rumo, o art. 199 do CTN, concretiza esta regra
constitucional, estabelecendo que a Fazenda Pública da União e as
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão
mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e
permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou
específico, por lei ou convênio. 
 
Porém, apenas a União, na forma estabelecida em tratados,
acordos ou convênios, poderá permutar informações com Estados
estrangeiros no interesse da arrecadação e da fiscalização de
tributos. 
Noutro ponto, o texto constitucional também fixou a
competência privativa do Senado Federal para avaliar
periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em
sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das
administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal
e dos Municípios (art. 52, XV). 
2. FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA 
A fiscalização tributária é regulada nos arts. 194 a 200 do CTN. 
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS 
De início, salientamos que a legislação tributária, observando
o disposto no CTN, regulará, em caráter geral, ou especificamente em 
 
 
 
 
 
 
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função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os
poderes das autoridades administrativas em matéria de
fiscalização da sua aplicação (art. 194 do CTN). 
Com efeito, o conceito de legislação tributária deve ser
compreendido de acordo com o art. 96 do CTN, abrangendo as leis,
os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas
complementares que versem sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes, sendo que essa legislação aplica-se às pessoas naturais
ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de
imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. 
Porém, em razão do princípio da legalidade tributária e da
necessária observância das regras do CTN, ressaltamos que nem
todas as normas sobre a competência e os poderes das autoridades
administrativas podem ser reguladas exclusivamente por normas
infralegais (decretos e normas complementares), tal como as normas
referentes à quebra de sigilo fiscal e bancário, que dependem
previamente de lei. 
Por sua vez, para os efeitos da legislação tributária, não têm
aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do
direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos,
papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou
produtores, ou da obrigação destes de exibi-los, segundo o art. 195
do CTN. 
Destarte, o CTN afasta a possibilidade das pessoas físicas ou
jurídicas invocarem normas contratuais, ou até mesmo normas legais
de direito civil ou empresarial, que não permitam ou limitem o direito
do Fisco competente de fiscalizar e examinar mercadorias, livros,
arquivos, documentos e papéis, ou que limitem a obrigação acessória
do sujeito passivo de exibir a regularidade dos seus livros ou
documentos contábeis obrigatórios. 
A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2010 considerou corretos
os seguintes enunciados: “(i) O CTN, no artigo 195, nega aplicação às
disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar
os livros comerciais do contribuinte; (ii) A fiscalização tem o seu
poder limitado, dentre outras, por força de questões funcionais e
territoriais”. 
O próprio Código Civil de 2002 corrobora com o disposto no
CTN, estabelecendo que as restrições estabelecidas ao exame da
escrituração contábil, em parte ou por inteiro, não se aplicam às 
 
 
 
 
 
 
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autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento
dos tributos (art. 1.193). 
Neste sentido, registramos a súmula 439 do STF: “Estão
sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária, quaisquer livros
comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da
investigação”. 
A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2009 considerou
incorreto: “O artigo 195 do CTN reza que ‘para os efeitos da
legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais
excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros,
arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos
comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de
exibi-los’. Com base nesse dispositivo, o Supremo Tribunal Federal
editou súmula de modo a consolidar o entendimento de que se
sujeitam à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros
comerciais, ilimitadamente, independentemente dos pontos objeto da
investigação”. 
Por outro lado, realçamos que os livros obrigatórios de
escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos
neles efetuados deverão ser conservados pelo sujeito passivo da
relação tributária até que ocorra a prescrição dos créditos
tributários decorrentes das operações a que se refiram, de acordo
com o parágrafoúnico do art. 195 do CTN. 
2.2 PRINCÍPIO DOCUMENTAL E INÍCIO DO PROCEDIMENTO 
A atividade de fiscalização tributária deve ser documentada,
obedecendo ao princípio documental. Esta atividade também não
pode ser realizada por prazo indefinido ou por prazo desarrazoado,
devendo existir início, meio e fim. 
Assim, a autoridade administrativa que proceder ou presidir a
quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários
para que se documente o início do procedimento, na forma da
legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão
daquelas (CTN, art. 196). 
Os termos do procedimento de fiscalização tributária serão
lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos;
quando lavrados em separado deles se entregará cópia autenticada à
pessoa sujeita à fiscalização, de acordo com o parágrafo único do art.
196 do CTN. 
 
 
 
 
 
 
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A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2009 considerou
incorreto: “Determina o CTN que a autoridade administrativa que
presidir quaisquer diligências de fiscalização deverá,
preferencialmente, lavrar termo autônomo de início do respectivo
procedimento, cuja cópia será entregue ao sujeito fiscalizado; caso
haja recusa de recebimento do aludido termo pelo contribuinte, o
início da ação fiscal há de ser certificado em um dos livros fiscais a
serem exibidos na forma da legislação”. 
O início do procedimento fiscal delineia os contornos
jurídicos de dois importantes institutos do direito tributário, que são a
exclusão da possibilidade da denúncia espontânea e a antecipação do
início do prazo decadencial. 
O parágrafo único do art. 138 do CTN, dispõe que não se
considera espontânea a denúncia apresentada após o início de
qualquer procedimento administrativo ou medida de
fiscalização, relacionados com a infração. 
E o parágrafo único do art. 173 do mesmo Código estabelece
que o direito de constituir o crédito tributário extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo de cinco anos, contados da
data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito
tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer
medida preparatória indispensável ao lançamento. 
A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2009 considerou correto o
seguinte item: “Somente antes do início de qualquer procedimento de
fiscalização é possível ao contribuinte se socorrer do benefício da
denúncia espontânea, afastando-se a responsabilidade por infrações
à legislação tributária, desde que haja o pagamento integral do
tributo devido acrescido dos juros de mora”. 
2.3 AUXÍLIO DA FORÇA PÚBLICA 
As autoridades administrativas federais poderão requisitar o
auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e
reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no
exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê
medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure
fato definido em lei como crime ou contravenção (art. 200). 
Entretanto, ressaltamos que o CTN não pode e nem exclui os
direitos e garantias fundamentais estabelecidos no texto 
 
 
 
 
 
 
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constitucional, tais como o direito à intimidade e a vida privada (art.
5°, X), a inviolabilidade do domicílio (art. 5°, XI), o sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas (art. 5°, XII), o livre
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão (art. 5°, XIII),
dentre outros. 
A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2010 considerou incorreto
o seguinte enunciado: “O sigilo de correspondência não pode ser
invocado pelo contribuinte em sua defesa, uma vez que este direito
poderá ser afastado no exercício da fiscalização pelas autoridades
administrativas, mesmo sem haver autorização judicial”. 
Anotamos também que há norma constitucional explícita
dispondo que é facultada a administração tributária, sobretudo para
conferir efetividade ao princípio constitucional da capacidade
contributiva, identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte, sempre respeitando os direitos
individuais nos termos da lei (art. 145, §1°). 
2.4 JURISPRUDÊNCIA DO STF E STJ 
O STF e o STJ têm fixado relevantes interpretações e balizas
restritivas para a atuação legítima e eficiente da administração
tributária no exercício da sua essencial função de fiscalização
tributária, que se segue. 
Por exemplo, o STJ entende que os documentos e livros que se
relacionam com a contabilidade da empresa não estão protegidos por
nenhum tipo de sigilo e são, inclusive, de apresentação obrigatória
por ocasião das atividades fiscais. 
Segundo o STJ, “tendo em vista o poder de fiscalização
assegurado aos agentes fazendários e o caráter público dos livros
contábeis e notas fiscais, sua apreensão, durante a fiscalização,
não representa nenhuma ilegalidade” (HC 18612 RJ, DJ
17/03/2003). 
A FGV no concurso de Juiz de Direito/PA/2009 considerou correto o
seguinte item: “Agentes do Fisco Estadual apreenderam notas e livros
fiscais, durante determinada atividade fiscalizadora na empresa Beta,
sem estarem munidos de mandado judicial para tal fim. Esse
procedimento é considerado legal, sendo os documentos de exibição
obrigatória pelo contribuinte”. 
 
 
 
 
 
 
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Todavia, há de ressaltar decisões do STF no sentido da
necessidade mandado judicial na hipótese de resistência ou
oposição por parte do representante da empresa quando do 
ingresso dos agentes da fiscalização fazendária. 
Senão, vejamos: “Inadmissibilidade de apreensão de livros
contábeis e documentos fiscais realizada, em escritório de
contabilidade, por agentes fazendários e policiais federais, sem
mandado judicial e sem consentimento do sujeito passivo da
relação tributária, em razão da proteção constitucional da
inviolabilidade domiciliar” (HC 93.050/RJ, junho/08; ARRE 331.303-7, 
fevereiro/04). 
Afirma o relator Min. Celso de Mello o seguinte: “Sem que
ocorra qualquer das situações excepcionais taxativamente previstas
no texto constitucional (art. 5º, XI), nenhum agente público, ainda
que vinculado à administração tributária do Estado, poderá, contra a
vontade de quem de direito (‘invito domino’), ingressar, durante o
dia, sem mandado judicial, em espaço privado não aberto ao público,
onde alguém exerce sua atividade profissional, sob pena de a prova
resultante da diligência de busca e apreensão assim executada
reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude material. O
atributo da auto-executoriedade dos atos administrativos, que traduz
expressão concretizadora do ‘privilège du preálable’, não prevalece
sobre a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar, ainda que
se cuide de atividade exercida pelo Poder Público em sede de
fiscalização tributária”. (HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, DJe de
01/08/08) 
Em síntese, conforme o STF, apenas é legal/constitucional os
Agentes do Fisco apreenderam notas e livros fiscais, durante
determinada atividade fiscalizadora em determinada empresa “Beta”,
sem estarem munidos de mandado judicial para tal fim, na hipótese
de consentimento do responsável ou representante do
domicílio ao questionado sobre o ingresso dos respectivos
fiscais. 
Noutro ponto, destacamos as seguintes súmulas do STF sobre
as denominadas sanções políticas aplicadas pela administração
tributária: 
• “É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio
coercitivo para cobrança de tributo” (Súmula 70); 
• “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio
coercitivo para pagamento de tributos” (Súmula 323); 
 
 
 
 
 
 
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• “Ao contribuinte em débito, não é lícito à autoridade proibir que
adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e
exerça suas atividades profissionais” (Súmula 547). 
Estas súmulas proíbem e consideram inconstitucionais as
sanções políticas na seara tributária. Este tipo de sanção é um
meio coercitivo indireto de cobrança do tributo utilizado pela
administração tributária, que não observa o princípio constitucional
do devido processo legal (art. 5º, LIV). 
A FGV no concurso de Fiscal de Rendas/RJ/2010 considerou corretos
os seguintes enunciados: “(i) O STF já pacificou o entendimento no
sentido de não ser possível a interdição de estabelecimento como
meio coercitivo de cobrança de tributo; (ii) Não se admite, segundo
entendimento consagrado no STF, a apreensão de mercadorias como
meio coercitivo para pagamento de tributos”. 
Nesse rumo, o STF entende que é inconstitucional a
obrigação de comprovação de regularidade fiscal na hipótese de
transferência de domicílio para o exterior e a vinculação do registro
ou arquivamento de contrato social e atos similares à quitação de
créditos tributários. E afirma: “Estas medidas são sanções políticas
e ofendem ao direito ao exercício de atividades econômicas e
profissionais lícitas (CF, art. 170, parágrafo único), ao substantive
due process of law (devido processo legal substantivo), em razão da
falta de proporcionalidade e razoabilidade de medidas gravosas que
se predispõem a substituir os mecanismos de cobrança de créditos
tributários, bem como ao devido processo legal formal, manifestado
na garantia de acesso aos órgãos do Executivo ou do Judiciário tanto
para controle da validade dos créditos tributários quanto para
controle do próprio ato que culmina neste tipo de restrição” (ADI
173/DF e ADI 394/DF). 
Por outro lado, o STF compreende que não ofende aos
Enunciados 70, 323 e 547 da Súmula do STF e também não afronta
a garantia fundamental do livre exercício de qualquer trabalho, ofício
ou profissão (art. 5º, XIII, da CF/88), a apreensão de mercadorias
desacompanhadas de documentação fiscal idônea e sua
retenção até a comprovação da legitimidade da posse pelo
proprietário, uma vez que, neste caso, não se trata de coação para
fins de pagamento de valores ao Fisco, mas sim de atribuição
inerente a fiscalização do cumprimento da legislação tributária, sendo
considerada uma atuação constitucional da administração tributária e
medida legítima no exercício do poder de polícia tributário (ADI
395/SP). 
 
 
 
 
 
 
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Ademais, registramos a súmula vinculante 24 que dispõe que
não se tipifica crime material contra a ordem tributária,
previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do tributo. Ou seja, antes da constituição
definitiva do crédito tributário não pode a autoridade administrativa
representar ao Ministério Público sobre a existência de crime
tributário. 
Importante: O art. 83. da Lei 9.430/96 (Redação dada pela Medida
Provisória 497/2010) estabelece: “A representação fiscal para fins
penais relativa aos crimes contra a ordem tributária previstos nos
arts. 1o e 2o da Lei no 8.137/1990, e aos crimes contra a Previdência
Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Código Penal, será
encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a decisão
final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do
crédito tributário correspondente”. 
2.5 DEVER DE PRESTAR INFORMAÇÕES, SIGILO
PROFISSIONAL E SIGILO FISCAL 
O dever de prestar informações ao Fisco é parte do regular
cumprimento das obrigações tributárias acessórias. 
Portanto, de acordo com o art. 197 do CTN, mediante
intimação escrita e sem necessidade de autorização judicial,
são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as
informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou
atividades de terceiros: 
• Os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; 
• Os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais
instituições financeiras; 
• As empresas de administração de bens; 
• Os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; 
• Os inventariantes; 
• Os síndicos, comissários e liquidatários; 
• Quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em
razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou
profissão. 
Contudo, o parágrafo único do mesmo art. 197, traz relevante
ressalva, afirmando que a obrigação de prestar informações não
abrange informações quanto a fatos sobre os quais o informante 
 
 
 
 
 
 
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esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo,
ofício, função, ministério, atividade ou profissão. 
 
Assim, em razão do sigilo profissional ou sacerdotal, os
advogados, médicos, psicólogos, padres, dentre outros, não estão
obrigados a prestar informações sobre confidências de clientes ou de
pessoas que lhes procuram. 
Noutro ponto, sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é
vedada (proibida) a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou
de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício
sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo
ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios
ou atividades. 
É o denominado sigilo fiscal, também chamado por corrente
doutrinária minoritária de sigilo funcional, previsto no art. 198 do
CTN. 
Contudo, existe ressalva a essa proibição, permitindo a
divulgação nas hipóteses de permuta de informações entre os entes
federativos, e nos casos de: 
• Requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça (art.
198, §1°, I, do CTN); 
• Solicitações de autoridade administrativa no interesse da
Administração Pública, desde que seja comprovada a
instauração regular de processo administrativo, no órgão
ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o
sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de
infração administrativa (art. 198, §1°, II, do CTN); 
• Requisição de comissão parlamentar de inquérito (CPI),
obedecendo-se aos princípios da colegialidade e da motivação,
que são, respectivamente, a aprovação pela maioria absoluta
dos membros da comissão e a fundamentação do pedido (art.
58, §3°, da CF/88); 
• Requisição do Ministério Público da União (MPU), desde que
concernente a fatos e pessoas determinadas (art. 8°, §2°, da 
LC 75/1993). 
Nesse rumo, o intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito
da Administração Pública, será realizado mediante processo
regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à
autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência
e assegure a preservação do sigilo. 
 
 
 
 
 
 
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Importante: Ressaltamos que o STJ (REsp 819.455/RS) compreende
que o art. 198 do CTN não impede a requisição, pelo juiz, de
informações à Receita Federal, necessárias a promover atos
executivos (ação de execução), nem que tais informações sejam
juntadas aos autos. Neste sentido, o STJ afirma que o art. 198 tem
como destinatários a Fazenda e seus agentes, mas não os órgãos
do Poder Judiciário. 
Por sua vez, é permitida, sem qualquer tipo de exceção, a
divulgação de informações relativas a: 
• Representações fiscais para fins penais; 
• Inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; 
• Parcelamento ou moratória do crédito tributário. 
 
2.6 SIGILO BANCÁRIO 
Conforme compreensão do STF, as regras específicas sobre o
sigilo bancário estão previstas exaustivamente na Lei Complementar
105, de 10 de janeiro de 2001. A referida lei infraconstitucional optou
pela possibilidade de fornecimentodireto de informações bancárias a
autoridades fiscais. 
Nestes termos, o art. 5o dispõe que o Poder Executivo
disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor,
os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à
administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas
pelos usuários de seus serviços. 
E o art. 6o da LC 105/01 estabelece que as autoridades e os
agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e
registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas
de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo
administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e
tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade
administrativa competente. 
O resultado dos exames, as informações e os documentos a
deverão ser conservados em sigilo, observada a legislação tributária. 
Nesse rumo, o STF ainda não se pronunciou definitivamente
sobre a constitucionalidade dos arts. 5° e 6° da LC 105/01, o que
deve ocorrer quando da análise do mérito das ADI’s 2.386/DF, 
 
 
 
 
 
 
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2.390/DF, 2.397/DF e 4.010/DF. Porém, registramos que, por cinco
votos a quatro, o STF, em controle difuso, no final do ano passado
(RE 389.808, julgamento em 15/12/2010), entendeu que não pode
haver acesso da Receita Federal a dados bancários do
contribuinte sem ordem do Poder Judiciário. 
O Ministro Marco Aurélio (relator e voto vencedor no RE
389.808) fundamentou a sua decisão no princípio da dignidade da
pessoa, afirmando que é necessário assegurar a privacidade do
contribuinte e que “a exceção para mitigar esta regra só pode vir por
ordem judicial, e para instrução penal, não para outras finalidades”. 
Assim, considerou que só é possível o afastamento do sigilo
bancário de pessoas naturais e jurídicas a partir de ordem emanada
do Poder Judiciário (reserva de jurisdição). 
A ESAF no concurso de Procurador da Fazenda Nacional/2006
considerou incorretos os seguintes enunciados: “(i) A
constitucionalidade da LC n. 105/01 foi declarada pelo STF em ADIn
específica; (ii) A inconstitucionalidade da LC n. 105/01 foi declarada
pelo STF em ADIn específica; (iii) Os agentes fiscais tributários da
União podem examinar documentos, livros e registros de instituições
financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações
financeiras, como providência prévia à instauração de procedimento
fiscal”. 
Sobre o tema, o entendimento resumido do STJ é o seguinte: 
• O princípio da razoabilidade não é violado com a quebra
do sigilo pela Administração Tributária, que ciente de
possível sonegação fiscal, deve apurá-la; 
• O sigilo bancário não tem caráter absoluto, devendo
ceder ao princípio da moralidade aplicável de forma
absoluta às relações de direito público e privado, devendo ser
mitigado nas hipóteses em que as transações bancárias são
denotadoras de ilicitude, porquanto não pode o cidadão, sob
o alegado manto de garantias fundamentais, cometer
ilícitos. Decerto, conquanto o sigilo bancário seja garantido
pela Constituição Federal como direito fundamental, não o é
para preservar a intimidade das pessoas no afã de encobrir
ilícitos; 
• O suposto direito adquirido de obstar a fiscalização tributária
não subsiste frente ao dever vinculativo de a autoridade fiscal
proceder ao lançamento de crédito tributário não extinto (REsp
2009/0067034-4). 
 
 
 
 
 
 
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Por sua vez, destacamos ainda que serão prestadas pelo Banco
Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários e pelas
instituições financeiras as informações ordenadas pelo Poder
Judiciário, preservado o seu caráter sigiloso mediante acesso restrito
às partes, que delas não poderão servir-se para fins estranhos à lide
(LC 105/01, art. 3°). 
Ademais, além dos casos que já afirmamos, o Banco Central do
Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários fornecerão à Advocacia-
Geral da União as informações e os documentos necessários à defesa
da União nas ações em que seja parte (LC 105/01, art. 3°, §3°). 
A ESAF no concurso de Procurador da Fazenda Nacional/2006
considerou incorreto o seguinte enunciado: “A quebra de sigilo
poderá ser decretada, quando necessária para apuração de crime
contra a Administração Pública, pelo juiz, apenas na fase judicial”.
Por outro lado, a ESAF, no mesmo concurso, adotou como correto:
“Além das requisições judiciais, o Banco Central do Brasil e a
Comissão de Valores Mobiliários podem fornecer à Advocacia-Geral da
União as informações e os documentos necessários à defesa da União
nas ações em que seja parte”. 
3. DÍVIDA ATIVA 
A dívida ativa representa os débitos dos sujeitos passivos
(contribuinte e sujeito passivo) para com a Fazenda Pública (famoso
Fisco). 
Aliás, o objetivo central do procedimento administrativo de
inscrição de um crédito tributário em dívida ativa é propiciar o direito
de ação de execução fiscal da Fazenda Pública, ou seja, o direito de
cobrança judicial da dívida que o contribuinte tem com o Fisco e não
paga no seu devido tempo, sendo necessário, portanto, que fisco
entre com uma ação no Poder Judiciário para que o contribuinte seja
obrigado a pagar tal dívida. 
Por exemplo, no âmbito dos tributos federais, a competência
para inscrição em dívida ativa é da Procuradoria da Fazenda Nacional. 
Decerto, a inscrição de um crédito tributário em dívida ativa
constitui um título executivo extrajudicial chamado de Certidão de
Dívida Ativa (CDA), que é requisito necessário para que as
respectivas procuradorias judiciais possam regularmente promover a
execução judicial da dívida ativa. 
 
 
 
 
 
 
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Assim sendo, constitui dívida ativa tributária a proveniente
de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição
administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado,
para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo
regular (art. 201, caput, do CTN). 
A ESAF no concurso para ATRFB/2010 considerou correto: “Somente
se admite a inscrição de débito em dívida ativa após o decurso do
prazo fixado para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida
em processo administrativo”. 
Deste modo, o CTN trata exclusivamente da dívida tributária,
que decorre dos tributos não pagos pelo sujeito passivo (contribuinte
ou responsável tributário) e das multas decorrentes do não-
pagamento de tributos. 
Ademais, apesar da Lei n.° 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal)
não fazer diferenciação entre dívida ativa tributária e dívida ativa
não-tributária para fins de execução judicial para cobrança da Dívida
Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
respectivas autarquias, o CTN não dispõe a respeito de dívidas
ativas não-tributárias, tais como aluguéis, preço públicos,
indenizações, laudêmios, dentre outras. 
Importante: O laudêmio (figura querida dos examinadores!) é uma
espécie de renda patrimonial ou contraprestação pecuniária que a
União tem direito a receber, quando o ocupante ou o foreiro de
imóvel localizado em sua propriedade, transfere os direitos de
ocupação ou de foro a outrem. Não é tributo. Por exemplo, o
laudêmio devido pela transmissão de direitos do foreiro de
terreno da Marinha. O mais importante é saber que o laudêmio é
uma divida ativa não-tributária. 
Doutro aspecto, salientamos que a fluência de juros de mora
não exclui a liquidez do crédito tributário (art. 201, parágrafo
único, do CTN). A liquidez do crédito tributário se refere à exatidão do
valor da dívida tributária. Desta forma, a FazendaPública não está
impedida de cobrar juros de mora de débito inscrito em dívida ativa. 
Decerto, a inscrição do crédito tributário em dívida ativa ocorre
pelo inadimplemento da obrigação tributária por parte do sujeito
passivo, sendo que o objetivo fundamental é uma posterior ação de
execução fiscal pela respectiva procuradoria judicial competente. Por 
 
 
 
 
 
 
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exemplo, no Distrito Federal, a ação de execução fiscal é de
competência da Procuradoria do Distrito Federal (PGDF). 
Neste sentido, se o crédito tributário está suspenso ou
extinto, por conexão lógica não poderá ser inscrito em dívida
ativa. 
Destarte, o crédito tributário constituído pelo lançamento não
implica necessariamente a inscrição na dívida ativa, uma vez que o
crédito tributário pode está suspenso ou extinto. Do mesmo modo, o
auto de infração lavrado pelo fisco (hipótese de lançamento de ofício)
contra o sujeito passivo tributário constitui o crédito tributário, mas
não motiva necessariamente a sua inscrição na dívida ativa. 
Por sua vez, mesmo que o crédito tributário não esteja
suspenso ou extinto, devemos afirmar também da necessidade de
esperar esgotar o prazo fixado para o pagamento do tributo. 
Assim, esgota tal prazo para pagamento, a Procuradoria Judicial
realiza a atividade procedimental da inscrição em Dívida Ativa na
repartição administrativa competente, sendo que o procedimento de
inscrição em divida ativa do crédito tributário tem o condão de
conferir exequibilidade à relação tributária. 
Portanto, a dívida ativa pode ser conceituada como o crédito
tributário inscrito (Dívida Ativa = Crédito Tributário + Inscrição),
podendo-se de forma legal iniciar a propositura da ação de
execução fiscal pela Fazenda Pública. 
De mais a mais, registramos entendimento doutrinário de Paulo
de Barros Carvalho, adotado pela ESAF, no concurso para
ATRFB/2010, no sentido de que o controle da legalidade da inscrição
em dívida ativa é a derradeira oportunidade que a Administração tem
de rever os requisitos jurídico-legais dos atos praticados no processo
administrativo de cobrança. Nesse rumo, segundo o autor citado, os
procuradores da Fazenda não podem modificá-los, mas tem meios de
evitar que não prossigam os créditos tributários inconsistentes e,
fatalmente, sejam fulminados pela manifestação jurisdicional. 
3.1 CICLO DE POSITIVAÇÃO DO DIREITO TRIBUTÁRIO 
O ciclo de positivação do direito tributário é o fenômeno da
relação jurídico-tributária de forma completa, isto é, na hipótese em
que o crédito tributário não esteja suspenso ou extinto. Este 
 
 
 
 
 
 
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fenômeno pode ser visualizado com a seguinte sequência cronológica
de atos: 
Hipótese
de
Incidência 
Fato
Gerador
in 
concreto 
Obrigação 
Tributária 
Lançamento
Tributário 
Crédito
Tributário
Inscrição
em
Dívida 
Ativa 
Certidão
de
Dívida 
Ativa 
Ação de
Execução
Fiscal 
Ou com o seguinte gráfico: 
8. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL 
7. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA (CDA) 
6. INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA 
5. CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
4. LANÇAMENTO
TRIBUTÁRIO 
3. OBRIGAÇÃO
TRIBUTÁRIA 
2. FATO
IMPONÍVEL ou 
1. 
HIPÓTESE
DE
INCIDÊNCIA 
ou
FATO
GERADOR 
IN
ABSTRATO 
FATO GERADOR
INCONCRETO 
3. OBRIGAÇÃO
TRIBUTÁRIA
4. LANÇAMENTO 
TRIBUTÁRIO 
5.CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
6. INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA 
7. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA (CDA) 
8. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL 
 
 
 
 
 
 
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Os gráficos servem para demonstrar que no direito tributário
posto no CTN existe uma sequencia cronológica de atos ou momentos
diferentes da relação tributária. 
Primeiro, existe a hipótese de incidência ou o fato gerador in
abstrato. Depois, ocorre o fato imponível ou o fato gerador in
concreto. Daí surge à obrigação tributária, que, com o lançamento
tributário, transforma-se em crédito tributário. A seguir, caso o
crédito tributário não esteja suspenso ou extinto e, após o prazo para
pagamento do tributo, deve ocorrer a inscrição em dívida ativa pelas
respectivas procuradorias judiciais, extraindo-se a Certidão de Dívida
Ativa (CDA) e se promove a ação de execução fiscal. 
Hipótese de Incidência + Fato Gerador in concreto = Obrigação
Tributária < Lançamento < Crédito Tributário (não suspenso ou
extinto) e prazo pra pagamento do tributo < Inscrição em Dívida
Ativa < Certidão de Dívida Ativa < Execução Fiscal. 
1. Hipótese de Incidência ou Fato Gerador in abstrato; 
2. Fato Gerador in concreto ou Fato imponível; 
3. Obrigação Tributária; 
4. Lançamento; 
5. Crédito Tributário (não suspenso ou extinto) e após o prazo pra
pagamento do tributo; 
6. Inscrição em Dívida Ativa; 
7. Certidão de Dívida Ativa; 
8. Execução Fiscal. 
3.2 REQUISITOS DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA 
O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela
autoridade competente, deverá indicar obrigatoriamente (art. 202, I
a V, CTN): 
• O nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem
como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e
de outros; 
• A quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora
acrescidos; 
• A origem e natureza do crédito, mencionada especificamente
a disposição da lei em que seja fundado; 
• A data em que foi inscrita; 
• Sendo caso, o número do processo administrativo de que
se originar o crédito. Ou seja, na verdade, não há uma 
 
 
 
 
 
 
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necessária obrigatoriedade, pois nem sempre existirá um
processo administrativo. 
Assim, a Certidão de Dívida Ativa (CDA) conterá os mesmos
elementos do termo de inscrição e será autenticada pela autoridade
competente, devendo conter, além dos requisitos do termo de
inscrição da dívida, a indicação do livro e da folha da inscrição. 
Nessa esteira, a inscrição na dívida ativa, formalizada mediante
o termo de inscrição na dívida ativa deve ser preenchida com os
requisitos obrigatórios no livro da Dívida Ativa, no ambiente de
competência da respectiva procuradoria judicial. 
De fato, atualmente, a inscrição é feita num livro eletrônico.
Portanto, os cadastros da dívida ativa não mais se consubstanciam
em “livros” propriamente ditos, sendo registrados em sistemas
eletrônicos de informação de dados. 
Nesse rumo, com a inscrição feita no livro da Dívida Ativa ou de
forma eletrônico, reproduz-se e se estabelece a Certidão de Dívida
Ativa (CDA), que é um titulo executivo extrajudicial, devendo
constar na petição inicial do processo judicial de execução fiscal do
crédito tributário. 
Por sua vez, consideramos muito relevante para concursos
públicos ter o conhecimento das conseqüências da omissão ou erro
de um dos requisitos obrigatórios fixados no art. 202 do CTN, que são
as seguintes: 
• “A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo
anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da
inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas
a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira
instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao
sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa,
que somente poderá versar sobre a parte modificada”
(art. 203 do CTN). 
Com efeito, a omissão de quaisquer dos requisitos previstos no
art. 202, ou o erro a eles atinente, gera a nulidade da inscrição e
do processo de cobrança dela decorrente. 
Todavia, a certidão poderá ser substituída até a decisão de
1° instância (significa decisão do juiz de primeiro grau e não
dos Tribunais), sanando eventuais errosou omissões, dando novo 
 
 
 
 
 
 
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prazo para a defesa do sujeito passivo quanto à parte
modificada. 
Na hipótese de não ser sanada a nulidade até a decisão de 1°
instância, o vício (erros ou omissões na inscrição) acarretará o
reconhecimento da nulidade de todo o processo de cobrança,
prevalecendo o ditado popular de que “quanto mais tarde, pior”. 
Importante: o STJ aprovou recentemente a súmula 392, que
dispõe: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa
(CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de
correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito 
passivo da execução”. 
Com efeito, o STJ adotou posição no sentido de não admitir a
substituição da CDA para a alteração do sujeito passivo dela
constante, pois isso não é erro formal ou material, mas sim alteração 
do próprio lançamento. 
Assim sendo, conforme afirmou o ministro Castro Meira do STJ,
a CDA poderá ser emendada ou substituída até a decisão de primeira
instância, assegurada a devolução do prazo para embargos. Nesse
rumo, a substituição da CDA só é permitida quando se tratar de erros
materiais e defeitos formais ou de supressão de parcelas certas, e 
não em casos que impliquem alteração do próprio lançamento. 
3.3 PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ E PROTESTO PRÉVIO 
A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza
e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída (art. 204,
caput, do CTN). 
Neste sentido, o STJ tem jurisprudência dominante no sentido
de que não há necessidade de protesto prévio do título emitido
pela Fazenda Pública, uma vez que a Certidão de Dívida Ativa (CDA)
tem presunção relativa de certeza e liquidez. 
Decerto, a CDA serve como prova pré-constituída, pois, no
caso, o inadimplemento do sujeito passivo é caracterizado como
elemento de prova. Assim sendo, falta interesse a Fazenda Pública
que justifique o protesto prévio da CDA para satisfação do crédito
tributário que este título representa (AgA 936.606/PR, DJe
04/06/08). 
 
 
 
 
 
 
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Portanto, o STJ entende como desnecessário e inócuo (inútil) o
protesto prévio da CDA, pois a CDA “torna público o conteúdo do
título, não havendo interesse de ser protestado, medida cujo efeito é
a só publicidade” (REsp 1093601/RJ, DJe 15/12/2008). 
Nesse rumo, a presunção de certeza diz respeito à existência da
dívida e a presunção de liquidez se refere à exatidão do valor da
dívida. 
Logo, a presunção de certeza e liquidez é relativa (juris
tantum) e pode ser refutada (“ilidida”) por prova inequívoca, a
cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite (art.
204, parágrafo único, do CTN). 
Notamos mais uma vez que a presunção de certeza e liquidez é
relativa (juris tantum), não sendo presunção absoluta (juris et de
jure). 
PRESUNÇÕES NO DIREITO 
Presunção relativa (denominada de juris tantum), que admite
prova em contrário, que é a prevista no parágrafo único, do art. 
204, CTN. 
Presunção absoluta (denominada de juris et de jure), que não
admite prova em contrário, não está prevista no art. 204 do CTN. 
4. CERTIDÕES NEGATIVAS 
A certidão negativa tem por objetivo comprovar a inexistência
de débito do sujeito passivo para com o fisco. Decerto, a obtenção de
certidões, para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações de
interesses pessoais, constitui direito individual garantido no art. 5º,
inc. XXXIV, alínea “b”, da CF, independentemente do pagamento da
espécie tributária denominada de taxa. 
Assim, por exemplo, se o contribuinte tem um débito tributário
que já está prescrito ou pago (hipóteses de extinção do crédito) pode
com tranquilidade obter uma certidão negativa por meio de
requerimento eletrônico ou por meio de requerimento junto a uma
autoridade administrativa na repartição pública competente. 
Portanto, a lei poderá exigir que a prova da quitação de
determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa,
expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha
todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, 
 
 
 
 
 
 
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domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a
que se refere o pedido, conforme o art. 205 do CTN. 
A certidão negativa será sempre expedida nos termos em
que tenha sido requerida e será fornecida dentro de 10 (dez)
dias da data da entrada do requerimento na repartição (art.
205, parágrafo único, CTN). 
Com efeito, a certidão não pode ser expedida de ofício (ex
officio) pela autoridade administrativa, pois a norma tributária dispõe
que será sempre expedida nos termos do requerimento do sujeito
passivo. 
O prazo para fornecimento da certidão é de no máximo dez
dias, contados da data da entrada do requerimento na
repartição pública, o que não impede de a certidão ser expedida
imediatamente, até porque normalmente, nos dias de hoje, as
certidões são expedidas por meio eletrônico (via internet). 
4.1 CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA 
O assunto mais cobrado em concurso público referente a
certidão negativa é a famosa certidão positiva com efeitos de
negativa prevista no art. 206 do CTN. 
Este dispositivo estabelece que os mesmos efeitos jurídicos da
certidão negativa verificam-se na certidão de que conste a
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança
executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja
exigibilidade esteja suspensa. 
São três os casos de certidão positiva com efeitos de
negativa estabelecidos pelo CTN: 
• A existência de créditos não vencidos; 
• A existência de créditos em curso de cobrança executiva em
que tenha sido efetivada a penhora; 
• A existência de créditos cuja exigibilidade esteja suspensa (art.
151) e não extinta (art. 156) ou excluída (art. 175). 
Neste sentido, na hipótese em que tenha sido efetivada
penhora, a orientação prevalente em ambas as Turmas da 1ª Seção
do STJ é “no sentido de autorizar o fornecimento da certidão apenas
na hipótese de estar o débito integralmente garantido por penhora”.
(REsp 494.881/CE, RESP 413.388/RS; AGA 469.422/SC) 
 
 
 
 
 
 
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4.1.1 SÚMULA 446 DO STJ 
Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o STJ
entende que a entrega da Declaração de Débitos e Créditos
Tributários Federais (DCTF) constitui o crédito tributário, dispensando
a Fazenda Pública de qualquer outra providência, habilitando-a
ajuizar a execução fiscal, “razão pela qual, em caso do não-
pagamento do tributo declarado, afigura-se legítima a recusa de
expedição da Certidão Negativa ou Positiva com Efeitos de
Negativa”. 
Neste sentido, a súmula 446 do STJ: “Declarado e não pago o
débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de expedição 
de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa”. 
Contudo, o STJ compreende que “declarado o débito e efetuado
o pagamento, ainda que a menor, não se afigura legítima a recusa de
expedição de CND antes da apuração prévia, pela autoridade
fazendária, do montante a ser recolhido. Isto porque, conforme
dispõe a legislação tributária, o valor remanescente, não declarado
nem pago pelo contribuinte, deve ser objeto de lançamento supletivo
de ofício” (REsp nº 1.123.557/RS). 
Importante: no lançamento por homologação (DCTF ou GIA),
pagando-se o tributo a menor, desde que a declaração também
esteja equivocada, o STJ compreende que é ilegítima, em princípio, a
recusa da expedição de CND, até que ocorra realizado o lançamento
supletivo do valor não pago ainda pelo contribuinte.Em outras palavras, na hipótese declaração de dívida de R$ 
35.000,00 (a quantia correta é R$ 50.000,00) e pagamento de R$ 
20.000,00, a certidão pode ser negada. Contudo, no caso citado, se o
pagamento efetuado é de R$ 35.000,00 não cabe ao agente fiscal
negar a certidão, pois é dever da autoridade fazendária realizar o
lançamento supletivo no valor de R$ 15.000,00. Isto é, até que o
agente fiscal realize o lançamento supletivo não pode ser exigido do
contribuinte qualquer valor tributário. 
4.1.2 FAZENDA PÚBLICA 
Segundo o STJ, a Fazenda Pública, “quer em ação anulatória,
quer em execução embargada, faz jus à expedição da certidão
positiva de débito com efeitos negativos, independentemente de
penhora, posto inexpropriáveis os seus bens” (REsp nº 
 
 
 
 
 
 
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1.123.306/SP). Ou seja, a Fazenda Pública não está sujeita a penhora
de bens e a impenhorabilidade dos bens públicos tem fundamento
constitucional. 
Assim, compreende o STJ que “as prerrogativas da Fazenda
pública federal, estadual ou municipal, mormente a impossibilidade
de penhora de seus bens, revela a interpretação de que seja em sede
de execução embargada ou ação anulatória pelo Município,
independentemente da prestação de garantia, é cabível a expedição
da certidão positiva de débitos com efeitos negativos”. 
4.2 DISPENSA DE CERTIDÃO 
Independentemente de disposição legal permissiva, será
dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu
suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável
para evitar a caducidade de direito (art. 207, CTN). 
Entretanto, respondem todos os participantes no ato de
dispensa pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades
cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja responsabilidade seja
pessoal do infrator. 
De fato, é dispensada a prova de quitação de tributos (certidão
negativa) quando sujeito passivo tiver que praticar ato
indispensável para evitar a caducidade do direito, sendo
aqueles casos de urgência em que não se pode esperar o prazo para
autoridade administrativa expedir a certidão. 
Por exemplo, a participação em procedimento de licitação
pública quando os servidores competentes para expedir a certidão
estão em greve. 
4.3 RESPONSABILIDADE PESSOAL DO SERVIDOR 
A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que
contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza
pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito
tributário e juros de mora acrescidos, sendo que não se exclui a
responsabilidade criminal e funcional que no caso couber. 
Decerto, o servidor que emitir com dolo ou fraude uma certidão
negativa que contenha erro contra o Fisco deve ser responsabilizado
a pagar a dívida tributária, acrescida de juros de mora. 
 
 
 
 
 
 
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Assim sendo, o servidor que agir com dolo ou fraude é
responsável pessoalmente pelo crédito tributário e juros de mora
acrescidos, podendo ser responsabilizado penalmente
(criminalmente) e administrativa pelo ato de expedir a certidão de
forma dolosa (com intenção de cometer o erro) ou de forma
fraudulenta (com ardil, de maneira maliciosa com propósito de
enganar ou induzir a erro) contra a Fazenda Pública. 
Outrossim, se o servidor agir apenas com culpa (sem intenção)
poderá ser responsabilizado na seara disciplinar e penal, mas,
segundo o CTN, não fica responsável pessoalmente pelo crédito
tributário e juros de mora acrescidos. 
5. FUNÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS TRIBUTOS 
A função socioeconômica dos tributos tem relação com a justa
alocação dos recursos arrecadados pelo Estado com os tributos.
Assim, é concretizada com a promoção da redistribuição da renda
arrecadada, bem na atuação positiva do Estado para a satisfação dos
direitos sociais do cidadão (alimentação, saúde, vestuário, moradia,
educação, acesso ao trabalho, livre iniciativa etc.). 
A doutrina aponta também como forma de concretização função
socioeconômica dos tributos: (i) a tributação justa, com respeito aos
princípios tributários constitucionais; (ii) a democratização dos
orçamentos, com o incentivo a participação popular na gestão
pública. 
6. GARANTIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
A garantia no direito tributário é uma forma ou maneira de se
tentar assegurar o pagamento do crédito tributário. Ou seja, para
assegurar a efetiva arrecadação do tributo, o CTN estabelece
especiais garantias ao poder público. 
6.1 ASPECTOS GERAIS 
Ressaltamos, de início, que a enumeração das garantias
atribuídas pelo CTN ao crédito tributário não exclui outras que sejam
expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das
características do tributo a que se refiram (art. 183 do CTN). 
Ou seja, o CTN não impede que a lei ordinária amplie o número
de garantias dispostas no Capítulo VI, do Título III, do Livro Segundo
do CTN (entre os arts. 183 a 193). Por conseguinte, as garantias 
 
 
 
 
 
 
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previstas no CTN são exemplificativas e não podem ser consideradas
exaustivas. 
Com efeito, repetindo parcialmente regra já disposta no art.
140 do CTN, o parágrafo único do art. 183 do mesmo Codex
estabelece que a natureza das garantias atribuídas ao crédito
tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária
a que corresponda. Portanto, mesmo que seja legalmente atribuída
uma garantia qualquer ao crédito tributário, este ou a sua obrigação
respectiva continuam a ter sempre a natureza tributária. 
6.2 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DO SUJEITO PASSIVO 
Nesse rumo, o CTN estabelece que a totalidade dos bens e
das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo,
seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real
ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a
data da constituição do ônus ou da cláusula, respondem pelo
pagamento do crédito tributário. 
A exceção a esta regra são os bens e rendas que a lei declare
absolutamente impenhoráveis. Isto significa que apenas quando a
lei estabelece a impenhorabilidade de determinados bens, podemos
dizer que estes não respondem pelo pagamento do tributo. 
Ou seja, os indivíduos por meio de cláusula contratual (vontade
própria) não podem excluir determinados bens da cobrança
tributária. As regras contratuais só têm valor para os contratantes e
não para a Fazenda Pública, isto é, a cláusula contratual é
inoponível ao Fisco. 
Por exemplo, a Lei 8.009/1990 (Lei do Bem de Família) dispõe
que é impenhorável o imóvel residencial próprio do casal, ou da
entidade familiar, sendo que, em regra, este imóvel não responderá
por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou
de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos
que sejam seus proprietários e nele residam. 
 
Nessa senda, a própria Lei do Bem de Família, dentre outras
hipóteses, exclui da impenhorabilidade os créditos de
trabalhadores da própria residência e as respectivas contribuições
previdenciárias decorrentes do contrato de trabalho, bem como
a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e
contribuições devidas em função do imóvel familiar. 
 
 
 
 
 
 
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Segundo o art. 649 do Código de Processo Civil (CPC), salvo na
hipótese de cobrança do crédito concedido para a aquisição do
próprio bem, são absolutamente impenhoráveis: 
• Os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não
sujeitos à execução; 
• Os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a
residência do executado, salvo os de elevado valor ou que
ultrapassem asnecessidades comuns correspondentes a um
médio padrão de vida; 
• Os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do
executado, salvo se de elevado valor; 
• Os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações,
proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao
sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador
autônomo e os honorários de profissional liberal, exceto no
caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia; 
• Os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os
instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao
exercício de qualquer profissão; 
• O seguro de vida; 
• Os materiais necessários para obras em andamento, salvo se
essas forem penhoradas; 
• A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família; 
• Os recursos públicos recebidos por instituições privadas para
aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência
social; 
• Até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia
depositada em caderneta de poupança. 
• Os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos
da lei, por partido político. 
6.3 EXIGÊNCIA DE QUITAÇÃO DE TODOS OS TRIBUTOS 
O CTN exige a quitação de todos os tributos: 
• Para a extinção das obrigações do falido (art. 191); 
• Para a concessão de recuperação judicial, observada as
exceções referentes a suspensão da exigibilidade do crédito
tributário e da certidão negativa ou da certidão positiva com
efeitos de negativa; 
 
 
 
 
 
 
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• Relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas, para a
possibilidade de proferir a sentença de julgamento de
partilha ou adjudicação (art. 192); 
• Para a celebração de contrato ou aceitação de proposta em
concorrência pública de departamento da administração pública
da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios,
ou sua autarquia: nesta hipótese, salvo quando expressamente
permitido por lei, exige-se a quitação de todos os tributos
devidos unicamente à Fazenda Pública interessada e
relativos à atividade em cujo exercício o contratante ou
proponente contrata ou concorre (art. 193). 
6.4 PRESUNÇÃO DE FRAUDE À EXECUÇÃO 
O termo inicial para a fraude à execução fiscal é a inscrição
em dívida ativa do crédito tributário. 
Assim, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de
bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para
com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito
como dívida ativa (art. 185, CTN). 
Esta norma visa a proteger o Fisco do devedor mau-caráter que
tenta fraudulentamente dissolver o seu patrimônio para fugir do
pagamento do crédito tributário. Deste modo, exceto se o sujeito
passivo tiver reservado bens ou rendas suficientes ao total
pagamento da dívida inscrita, presume-se como fraude qualquer ato
do devedor de venda ou imposição de ônus ou obrigação aos seus
bens e rendas se o crédito tributário estiver inscrito em dívida ativa. 
Por exemplo, um contribuinte que não possui bens ou rendas
disponíveis para pagar sua dívida tributária inscrita em dívida ativa
e começa a simular a venda de imóveis para familiares de sua
esposa. Esta venda se presume fraudulenta e não tem validade
jurídica perante o Fisco. 
A respeito da aplicação do art. 185 do CTN, o STJ (REsp 
1.141.990/PR, DJe 19/11/2010) entende de forma consolidada que a
transferência de bens do devedor ocorrida após a inscrição do débito
tributário em dívida ativa configura fraude contra a execução fiscal,
independentemente de haver qualquer registro de penhora e
de ser provada a má-fé do adquirente. 
 
Em outras palavras, o STJ afirma que não se aplica a sua
súmula 375 às execuções fiscais. A súmula referida dispõe que “o 
 
 
 
 
 
 
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reconhecimento da fraude à execução depende do registro da
penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro
adquirente”. 
 
Ou seja, na hipótese, prevalece o CTN (lei especial) sobre o
Código Civil (lei geral). É o axioma romano lex specialis derrogat lex
generalis (lei especial derroga lei geral). Logo, a súmula 375 do STJ
não se aplica às execuções fiscais (processos tributários), mas sim as
demandas cíveis. 
 
Nesse rumo, afirma o STJ: “A diferença de tratamento entre a
fraude civil e a fraude fiscal justifica-se pelo fato de que, na primeira
hipótese, afronta-se interesse privado, ao passo que, na segunda,
interesse público, porquanto o recolhimento dos tributos serve à
satisfação das necessidades coletivas”. 
 
Com efeito, o STJ entende atualmente que a fraude de
execução prevista no artigo 185 do CTN encerra presunção
absoluta (jure et de jure), objetiva e dispensa a intenção de
fraude (concilium fraudis). 
 
Portanto, a fraude de execução não depende da intenção de
quem participou do negócio, bastando que tenha havido
frustração da execução em razão da alienação do bem e, por
conseguinte, o art. 185 do CTN não condiciona a ocorrência de
fraude a qualquer registro público. 
 
Ademais, ressaltamos que a incidência da norma de fraude à
execução fiscal (art. 185 do CTN) pode ser afastada pelo devedor ou
pelo adquirente se demonstrado que foram reservados pelo devedor
bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida. 
 
Segundo o STJ, também pode ser afastada a incidência do art.
185, desde que a citação não foi válida (para alienações ocorridas até 
08.06.2005), ou que a alienação se deu antes da citação (para
alienações ocorridas até 08.06.2005), ou que a alienação se deu
antes da inscrição em dívida ativa (para alienações posteriores a 
09.06.2005). Anotamos que 09.06.2005 foi a data em que entrou em
vigor a nova redação do art. 185 do CTN, conforme a LC 118/2005. 
6.5 PENHORA ON LINE 
A penhora on-line é novidade também da LC n.° 118/2005,
estatuindo o art. 185-A do CTN que, no caso de o devedor tributário,
devidamente citado na execução fiscal, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados 
 
 
 
 
 
 
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bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus
bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por
meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e
às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de
capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir
a ordem judicial. 
Destarte, são quatro os requisitos legais para a determinação
pelo magistrado da indisponibilidade de bens e direito do sujeito
passivo, que são: (a) a prévia citação no âmbito do processo de
execução fiscal; (b) o não pagamento do crédito tributário; (c) a não
apresentação de bens à penhora no prazo legal; (d) a não localização
bens penhoráveis. 
Outro requisito exigido pela jurisprudência do STJ era a
necessidade de exaurimento das diligências para localização dos bens
penhoráveis, pressupondo um esforço prévio do Fisco na identificação
do patrimônio do devedor tributário. Todavia, decisões mais recentes
do STJ (por exemplo, Ag 1.107.710-MG, publicado no DJ 01/04/09)
admitem a penhora on-line, independentemente da
comprovação de esgotamento das diligências para localização de
bens do devedor. 
Nesse rumo, destacamos que a indisponibilidade de bens e
direitos limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar
o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que
excederem esse limite. 
Com efeito, existe a obrigatoriedade dos órgãose entidades aos
quais se fizer a comunicação da decisão judicial de enviarem
imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos
cuja indisponibilidade houverem promovido. 
Por fim, salientamos que o bloqueio de bens efetivado junto às
instituições financeiras é realizado com base igualmente no famoso
BACEN-JUD, acordo celebrado entre o Banco Central do Brasil e o
Poder Judiciário, permitindo aos magistrados a determinação
imediata da indisponibilidade de bens e valores do executado, por
modo eletrônico (via internet). 
7. PRIVILÉGIOS OU PREFERÊNCIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
Neste tema, normalmente, cobra-se em concurso público os
dispositivos literais do CTN ou a ordem de preferência como expressa 
 
 
 
 
 
 
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na Lei 11.101/2005. 
7.1 ASPECTOS GERAIS 
A preferência do crédito tributário significa o privilégio deste
crédito quando concorre com créditos de outra natureza jurídica.
Deste modo, quando o sujeito passivo não tem bens ou valores para
pagar todas as suas dívidas, o Fisco tem preferência legal em relação
a outros credores. 
Assim, em situação normal, o crédito tributário prefere a
qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua
constituição, exceto em relação aos créditos decorrentes da
legislação do trabalho ou do acidente de trabalho (art. 186, CTN). 
Com efeito, os créditos tributários são pagos preferencialmente
a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a
outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou
vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no
decurso do processo de inventário ou arrolamento (art. 189, CTN). 
Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao
processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção
total do crédito e seus acrescidos, ouvido, quanto à natureza e valor
dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada
(art. 189, parágrafo único, CTN). 
Por sua vez, são pagos preferencialmente a quaisquer outros os
créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas
jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária,
exigíveis no decurso da liquidação (art. 190, CTN). 
7.2 FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO SUJEITO
PASSIVO 
No caso de falência ou de recuperação judicial do empresário
sujeito passivo da relação tributária o CTN estipula regras
especiais. 
Nesse rumo, na hipótese de falência do sujeito passivo: 
• O crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais
ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da
lei falimentar (Lei 11.101/2005), nem aos créditos com
garantia real, no limite do valor do bem gravado; 
 
 
 
 
 
 
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• A lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência
dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e 
• A multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. 
Os créditos extraconcursais são os créditos que não entram
em concurso de preferência com outros créditos e são decorrentes de
fatos ocorridos no curso do processo de falência, inclusive os créditos
tributários nascidos neste período. 
Com efeito, o art. 84 da Lei 11.101/2005 considera créditos
extraconcursais e serão pagos, na ordem a seguir, os relativos a: 
• Remunerações devidas ao administrador judicial e seus
auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou
decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços
prestados após a decretação da falência; 
• Quantias fornecidas à massa pelos credores; 
• Despesas com arrecadação, administração, realização do ativo
e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de
falência; 
• Custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa
falida tenha sido vencida; 
• Obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados
durante a recuperação judicial, ou após a decretação da
falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a
decretação da falência. 
Já as importâncias passíveis de restituição são bens não
pertencentes a empresa falida, isto é, bens de determinado
proprietário arrecadado no processo de falência ou que se encontre
em poder do devedor falido na data da decretação da falência.
Também são importâncias passíveis de restituição a coisa vendida a
crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao
requerimento de sua falência, se ainda não alienada. 
Neste sentido, a súmula 307 do STJ dispõe que “a restituição
de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser
atendida antes de qualquer crédito”. 
Por sua vez, a Lei 11.101/2005 também limitou a preferência,
na hipótese de falência, dos créditos derivados da legislação do
trabalho a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor. Já os
créditos decorrentes de acidente de trabalho não têm limite. 
 
 
 
 
 
 
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Podemos, portanto, dizer, com base no art. 83 da Lei 
11.101/2005, que a classificação dos créditos na falência obedece à
seguinte ordem: 
 
(1°) Importâncias passíveis de restituição e créditos extraconcursais;
(2°) Créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150
salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de 
trabalho; 
(3°) Créditos com garantia real até o limite do valor do bem
gravado; 
(4°) Créditos tributários, independentemente da sua natureza e
tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; 
(5°) Créditos com privilégio especial; 
(6°) Créditos com privilégio geral; 
(7°) Créditos quirografários; 
(8°) As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das
leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias; 
(9°) Créditos subordinados. 
Destacamos também que os créditos trabalhistas cedidos a
terceiros serão considerados créditos quirografários. 
Por sua vez, na hipótese de falência, contestado o crédito
tributário, o juiz também remeterá as partes ao processo
competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do
crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da
instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens
reservados, o representante da Fazenda Pública interessada (CTN,
§1°, do art. 188). 
Ou seja, o processo de falência é especial e tem vara
competente específica para decidir a questão. Decerto, o dispositivo
refere-se a créditos tributários decorrentes de fatos geradores
ocorridos durante o processo de falência. E contestado tal crédito o
juiz da vara de falências remete esta discussão para uma das varas
da fazenda pública. 
Esta regra aplica-se aos processos de concordata (CTN, §2°, do
art. 188), que não existem mais de acordo a Lei 11.101/2005. A
recuperação judicial é o instituto que substituiu de forma mais
adequada a antiga concordata. 
7.3 AUTONOMIA DA EXECUÇÃO FISCAL E REQUERIMENTO DE
FALÊNCIA PELA FAZENDA PÚBLICA 
 
 
 
 
 
 
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A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso
de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial
(concordata), inventário ou arrolamento, (art. 187, CTN). 
A interpretação importante e adequada deste dispositivo é que
a execução fiscal tem autonomia e curso independente ao
processo falimentar, sendo que a reserva de bens necessários ao
pagamento do crédito tributário será feita conforme a ordem de
preferência estabelecida pelo CTN e pela Lei de Falências (11.101/05)
independentemente de pedido habilitação nos autos do processo de
falência. 
A respeito dotema da preferência do crédito tributário na
falência igualmente se destaca a seguinte jurisprudência do STJ: 
• “A controvérsia dos autos resume-se à possibilidade de o bem
imóvel, objeto de penhora em execução fiscal, ser arrecadado
pela massa falida após penhora, ou mesmo após o leilão
daquele bem perante o juízo da execução fiscal. A Súmula 44
do extinto Tribunal Federal de Recursos assim dispõe: ‘ajuizada
a execução fiscal anteriormente à falência, com penhora
realizada antes desta, não ficam os bens penhorados sujeitos à
arrecadação no juízo falimentar; proposta a execução fiscal
contra massa falida, a penhora far-se-á no rosto dos autos
do processo da quebra, citando-se o síndico’. Entretanto, em
vista da preferência dos créditos trabalhistas em face
dos créditos tributários, o produto da arrematação
realizada na execução fiscal deve ser colocado à
disposição do juízo falimentar para garantir a quitação
dos créditos trabalhistas” (AgRg no REsp 783318/SP, DJe
14/04/2009). 
Esta decisão do STJ afirma, em outras palavras, que “mesmo já
aparelhada a execução fiscal com penhora, uma vez decretada a
falência da empresa executada, sem embargo do prosseguimento da
execução singular, o produto da alienação deve ser remetido ao juízo
falimentar, para que ali seja entregue aos credores, observada a
ordem de preferência legal” (EREsp 536033/RS, Corte Especial, DJ de
09/02/2005). 
Ou seja, a preferência do crédito trabalhista há de subsistir
quer a execução fiscal tenha sido aparelhada antes, quer depois da
decretação da falência. 
 
 
 
 
 
 
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Por sua vez, segundo o STJ (REsp 967626/RS, DJe
27/11/2008), o art. 187 do CTN “não representa um óbice à
habilitação de créditos tributários no concurso de credores da
falência, tratam, na verdade, de uma prerrogativa do ente público
em poder optar entre o pagamento do crédito pelo rito da execução
fiscal ou mediante habilitação do crédito. Escolhendo um rito, ocorre
a renúncia da utilização do outro, não se admitindo uma garantia
dúplice”. 
Neste ponto, destacamos também que o STJ compreende que o
“fato de permitir-se a habilitação do crédito tributário em processo de
falência não significa admitir o requerimento de quebra por parte da
Fazenda Pública” (REsp 967626/RS, DJe 27/11/2008). 
Portanto, é impróprio o requerimento de falência do
contribuinte pela Fazenda Pública, na medida em que esta dispõe
de instrumento específico para cobrança do crédito tributário, que é a
execução fiscal. 
Ademais, o pedido de falência por parte da Fazenda Pública não
pode servir de instrumento de coação moral para satisfação de
crédito tributário. Por sua vez, revela-se também ilógico o pedido de
falência do contribuinte pela Fazenda Pública, seguido de sua
decretação, na hipótese de após a decretação optar-se por informar
ao Juízo da Falência que o crédito tributário não se submete ao
concurso falimentar (REsp 287.824/MG, DJ 20/02/2006). 
7.4 CONCURSO DE PREFERÊNCIA ENTRE ENTES PÚBLICOS 
De acordo com o art. 187 do CTN c/c art. 29 da Lei de
Execução Fiscal (Lei 6.830/80), o concurso de preferência de
créditos tributários se verifica entre pessoas jurídicas de direito
público, na seguinte ordem: (1°) União e suas autarquias; (2°)
Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias,
conjuntamente e pro rata; (3°) Municípios e suas autarquias,
conjuntamente e pro rata. 
No caso da União, existe preferência do crédito desta em
relação as suas autarquias. Assim, o STJ já pacificou o entendimento
de que o crédito fiscal da União prefere ao de qualquer outra
autarquia na presença de execução movida por ambas as partes cuja
penhora tenha recaído sobre o mesmo bem. 
Importante: A Primeira Seção do STJ já assentou que, “em
execução fiscal movida pela Fazenda Pública Estadual, a União e as 
 
 
 
 
 
 
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autarquias federais podem suscitar a preferência de seus créditos
tributários, quando a penhora recair sobre o mesmo bem” (REsp
131.564/SP). 
 
Nos demais casos, a divisão é pro rata, quer dizer divisão
proporcional ao crédito tributário da pessoa jurídica. 
Ademais, na hipótese estudada, ressaltamos que a preferência
entre os entes públicos ocorre em razão de créditos de mesma
natureza tributária, ou seja, não há preferência da União em
relação ao Distrito federal se o crédito é natureza civil. Por exemplo,
o CESPE considerou acertadamente incorreto o seguinte enunciado no
concurso para Juiz Federal/TRF2/2010: “A União foi vencedora em
ação indenizatória por danos causados ao seu patrimônio por João e
na execução da sentença penhorou um automóvel. Dois meses após,
o DF propôs executivo fiscal contra João, por créditos tributários de
sua competência, vindo a ser penhorado o mesmo veículo. Nessa
situação, o produto da venda judicial do automóvel deverá satisfazer
o crédito da União em primeiro lugar”. 
Agora, vamos para as questões detalhadamente comentadas da
nossa banca: 
1. (FGV/JUIZ DE DIREITO/PA/2009) A Empresa Delta
Ltda. sofreu penhora em parte de seus bens (maquinário)
em função de execução fiscal. A dívida é de R$ 1 milhão. Os
bens penhorados, à época em que adquiridos (há 2 anos),
custaram R$ 1.250 mil. A Delta quer participar de uma
licitação e necessita de certidão positiva com efeitos de
negativa. A esse respeito é correto afirmar que: 
(A) será impossível emitir a certidão, já que, com a
passagem do tempo, provavelmente o débito não está
garantido. 
(B) a certidão deve ser emitida, visto que a eventual
insuficiência da penhora não lhe retira os efeitos próprios,
dentre os quais o de suspender a exigibilidade do débito. 
(C) é possível negar a emissão da certidão, pois a penhora
não incorreu sobre depósito em dinheiro. 
(D) efetivada a penhora, está suspensa a exigibilidade do
crédito, entretanto deve a constrição garantir a execução. 
(E) a certidão deve ser emitida, condicionada à penhora de
bens suficientes, cabendo a prova da suficiência ao
interessado. 
 
 
 
 
 
 
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O gabarito definitivo foi a letra “b”, entendendo
equivocadamente o examinador que a certidão deve ser emitida,
visto que a eventual insuficiência da penhora não lhe retira os efeitos
próprios, dentre os quais o de suspender a exigibilidade do débito. 
Esta questão foi impugnada e o membro da banca
fundamentou a sua decisão mantendo o gabarito da seguinte
maneira: “Todos os recursos interpostos refletem equívoco de
interpretação. Onde está escrito exigibilidade do débito deve ser
interpretado “exigibilidade do valor devido”. O sentido da assertiva é
este e os argumentos dos recorrentes não são de monta a importar a
alteração do gabarito. Ressalte-se, que os recursos interpostos não
atentaram para a melhor exegese do artigo 206 do CTN, sequer
citado, embora fundamental”. 
Contudo, a jurisprudência sedimentada do STJ é noutro
sentido, a saber: 
"Nos termos do art. 206 do CTN, pendente débito tributário,
somente é viável a expedição de certidão positiva com efeito
de negativa nos casos em que (a) o débito não está
vencido; (b) a exigibilidade do crédito tributário está
suspensa; e (c) o débito é objeto de execução judicial em
que a penhora tenha sido efetivada. Especificamente quanto
à terceira situação, a orientação prevalente em ambas as
Turmas da 1ª Seção é no sentido de autorizar o
fornecimento da certidão apenas na hipótese de estar 
o débito integralmente garantido por penhora. 
Confiram-se, a propósito, os julgados REsp 494.881/CE, 1ª
Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 15/03/2004; RESP 413.388/RS,
2ª Turma, Min. Franciulli Netto DJ de 18.10.2004; AGA
469.422/SC, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 19.05.2003.

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