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aula06 defesacomercial Concurso de Analista do Comércio Exterior

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Comércio Internacional p/ ACE 
Teoria e Questões 
Prof. Ricardo Vale – Aula 06 
 
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AULA 06: PRÁTICAS DESLEAIS DE COMÉRCIO E 
DEFESA COMERCIAL 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1-Palavras Iniciais 1 - 2 
2- Práticas Desleais de Comércio x Medidas de Defesa 
Comercial 
3 - 9 
3- Dumping e Medidas Antidumping 9 - 36 
4- Subsídios e Medidas Compensatórias 36 - 49 
5- Medidas de Salvaguarda 49 - 60 
6- Medidas Anticircunvenção 60 - 62 
7-Certificação de Origem não-preferencial 63 - 64 
8- Lista de Questões e Gabarito 65 - 77 
Olá, amigos tudo bem? Como vão os estudos? 
Já estão preparados emocionalmente para se tornarem Analistas de 
Comércio Exterior? Espero que sim! Sentir-se previamente aprovado é um 
dos primeiros passos para a realização de seus objetivos! Enxergue-se, desde 
já, trabalhando no MDIC e, tenho certeza, você chegará lá! 
Hoje vamos abordar o tema “Práticas Desleais de Comércio e 
Defesa Comercial”. Trata-se de um assunto intimamente relacionado ao 
sistema multilateral de comércio e, por isso, é interessante que o estudemos 
em sequência às aulas sobre a OMC e os blocos regionais. 
Esse assunto é muitíssimo importante para a prova, meus amigos! No 
ranking de assuntos mais cobrados, esse assunto só perde para a OMC e para 
o MERCOSUL. Também é importante que estejamos atentos a esse tema 
porque, no atual contexto internacional, em que a China vem dominando os 
mercados mundiais com produtos altamente competitivos, cresce a 
importância dos instrumentos de defesa comercial. E, justamente em 
razão disso, é bem provável que muitos dos aprovados no próximo 
concurso de Analista de Comércio Exterior sejam lotados no DECOM. 
Sem dúvida, a grande questão do momento é a seguinte: como 
conferir proteção à indústria nacional contra a concorrência 
estrangeira, principalmente diante de práticas desleais de comércio? 
Tentaremos responder essa pergunta ao longo de nossa aula! Vamos lá! 
No edital de ACE (2012), a ESAF não pediu os assuntos “medidas 
anticircunvenção” e “certificação de origem não-preferencial” dentro do tópico 
“Defesa Comercial”. No entanto, acho temerário deixarmos de estudá-los. 
Explico! As medidas anticircunvenção nada mais são, conforme veremos 
adiante, do que a extensão de medidas antidumping a outras importações. E o 
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assunto “certificação de origem não-preferencial, embora esteja intimamente 
ligado à “defesa comercial”, pode ser pedido dentro do tópico “Regras de 
Origem”. 
Então vamos nessa... Uma boa aula a todos! 
Um abraço, 
Ricardo Vale 
ricardovale@estrategiaconcursos.com.br 
http://twitter.com/#!/RicardoVale01 
http://www.facebook.com/rvale01 
 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo!” 
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1-PRÁTICAS DESLEAIS DE COMÉRCIO X MEDIDAS DE DEFESA 
COMERCIAL: 
1.1- Introdução: 
Quando vamos estudar esse tema, algumas perguntas vêm 
naturalmente à nossa mente. O que são práticas desleais de comércio? E, 
ainda, o que são medidas de defesa comercial? 
Práticas desleais de comércio são medidas adotadas por governos 
ou empresas que dificultam ou até mesmo inviabilizam a concorrência sobre 
bases justas e que são utilizadas, muitas vezes, como estratégia de dominação 
de mercados. 
Com efeito, desde o GATT-1947, já existe a preocupação dos Estados 
participantes do sistema multilateral de comércio com a existência de um 
comércio justo. Reconheceu-se, então, no GATT-1947, a possibilidade de os 
países utilizarem medidas protecionistas contra o chamado “comércio desleal” 
(unfair trade).1 Veja-se, nesse sentido, o art. VI do GATT: 
Art. VI – Direitos Antidumping e Direitos Compensatórios 
“1. As Partes Contratantes reconhecem que o "dumping" que introduz 
produtos de um país no comércio de outro país por valor abaixo do 
normal, é condenado se causa ou ameaça causar prejuízo material a 
uma indústria estabelecida no território de uma Parte Contratante ou 
retarda sensivelmente o estabelecimento de uma indústria nacional. 
... 
3. Nenhum direito compensatório será cobrado de qualquer produto 
proveniente do território de uma Parte Contratante importado por 
outra Parte Contratante, que exceda a importância estimada do prêmio 
ou subsídio que, segundo se sabe, foi concedido direta ou 
indiretamente à manufatura, produção ou exportação desse produto 
no país de origem ou de exportação, inclusive qualquer subsídio 
especial para o transporte de um produto determinado. A expressão 
"direito compensatório" significa um direito especial cobrado com o fim 
de neutralizar qualquer prêmio ou subvenção concedidos, direta ou 
indiretamente à manufatura, produção ou exportação de qualquer 
mercadoria.” 
O art. VI do GATT estabelecia, como se pode ver, a possibilidade de 
aplicação, por uma Parte Contratante, de medidas antidumping e medidas 
compensatórias para defender-se contra o dumping e os subsídios, 
 
1 THORSTENSEN, Vera. OMC – Organização Mundial do Comércio: As regras do Comércio 
Internacional e a Nova Rodada de Negociações Multilaterais. São Paulo: Aduaneira, 2009. 
pp.115-116. 
 
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respectivamente. Logo, pode-se afirmar que, segundo a normativa 
multilateral, são práticas desleais de comércio o dumping e o subsídio. 
Por outro lado, medidas de defesa comercial são os instrumentos 
utilizados pelos governos como forma de impedir ou minimizar os efeitos das 
práticas desleais de comércio (medidas antidumping e medidas 
compensatórias). Além de mitigar os efeitos das práticas desleais de 
comércio, as medidas de defesa comercial também podem ser empregadas 
para conferir proteção temporária à indústria nacional contra um surto de 
importações (medidas de salvaguarda). 
A partir dessas primeiras definições, já podemos chegar a duas 
assertivas importantes para sua prova: 
1)- São práticas desleais de comércio o dumping e o subsídio. 
2)- São medidas de defesa comercial as medidas antidumping, 
medidas compensatórias e as medidas de salvaguarda. 
 
 
 
 
 
 
Até aqui tudo bem? Ok. Vamos em frente! 
As medidas antidumping são aplicadas contra o dumping que 
cause dano à indústria nacional, enquanto as medidas compensatórias são 
aplicadas contra um subsídio danoso. Por sua vez, as medidas de 
salvaguarda não são aplicadas para fazer frente a uma prática desleal de 
comércio, mas sim diante de um surto de importações que cause dano grave à 
indústria nacional. 
Uma diferença essencial que decorre disso é a questão da 
seletividade. As medidas antidumping e medidas compensatórias, por serem 
aplicadas contra práticas desleais de comércio, são seletivas em razão da 
origem. Em outras palavras, as medidas antidumping e medidas 
compensatórias obedecem ao princípio da seletividade em função da 
origem. Mas o que isso quer dizer? 
PRÁTICAS DESLEAIS DE 
COMÉRCIO 
MEDIDAS DE DEFESA 
COMERCIAL 
X 
Dumping 
Subsídio 
Medidas antidumping 
Medidas compensatórias 
Medidas de salvaguarda 
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Simples, meus amigos! Quando é aplicada uma medida antidumping 
ou uma medida compensatória, elas têm um “alvo” determinado. Se, por 
exemplo, for aplicada uma medida antidumping sobre os imãs de ferrita 
originários da China, esses direitos não irão incidir sobre os imãs de ferrita de 
outras origens. Da mesma forma, se for aplicada uma medida compensatória 
contra as importações de algodão originário dos EUA, esses direitos não irão 
incidir sobre o algodão de outras origens. É possível afirmar, portanto, que as 
medidas antidumping e medida compensatórias somente incidem 
sobre os produtos originários do país contra o qual foram aplicadas. 
Cabe destacar que as medidas antidumping também podem ser aplicadas 
diretamente contra empresas estrangeiras. 
Por outro lado, as medidas de salvaguarda são não-seletivas, isto é, 
uma vez aplicadas, incidem sobre todas as importações de um determinado 
produto, independentemente da origem. Diz-se, portanto, que as medidas de 
salvaguarda obedecem ao princípio da não-seletividade. A razão para as 
medidas de salvaguarda serem não-seletivas é o fato de que, ao contrário 
dos direitos antidumping e compensatórios, elas não visam a 
neutralizar os efeitos de práticas desleais de comércio. As medidas de 
salvaguarda são aplicadas como forma de coibir um surto de importações de 
um determinado produto. E, diante de um surto de importações, não interessa 
a origem... O grande problema é a “enxurrada” de produtos entrando no 
território nacional. 
 
 
 
 
 
 
Mas será que um Estado pode aplicar medidas de defesa comercial da 
forma como bem entender? Será que ele tem esse poder? 
Não. Para a aplicação de medidas de defesa comercial, é necessário 
que seja realizada uma investigação prévia por uma autoridade nacional. 
Tal investigação deverá observar os procedimentos gerais previstos nos 
acordos multilaterais de comércio celebrados no âmbito da OMC, mais 
especificamente o Acordo Antidumping, o Acordo sobre Subsídios e Medidas 
Compensatórias e o Acordo sobre Salvaguardas. 
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 
MEDIDAS ANTIDUMPING 
MEDIDAS COMPENSATÓRIAS 
MEDIDAS DE SALVAGUARDA 
SELETIVAS EM RAZÃO DA 
ORIGEM 
NÃO-SELETIVAS EM RAZÃO 
DA ORIGEM 
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1- (ACE-2008) - A característica comum das medidas antidumping e 
das medidas compensatórias é seu caráter seletivo, diferenciando-as, 
nesse sentido, das salvaguardas comerciais, que, por força da razão 
pela qual são acionadas, não discriminam os produtos importados pela 
procedência. 
Comentários: 
As medidas de salvaguarda não discriminam os produtos 
importados pela procedência, isto é, são não-seletivas. Por sua vez, as 
medidas antidumping e compensatórias obedecem ao princípio da seletividade. 
Questão correta. 
2- (AFRF – 2005)- Para neutralizar a prática do dumping, o país 
prejudicado pode aplicar uma medida antidumping, respeitando o 
princípio da não-seletividade, ou seja, a aplicação da medida deverá 
atingir todas as importações do produto em questão, não importando 
sua procedência. 
Comentários: 
As medidas antidumping somente incidem sobre os produtos 
originários do país contra o qual foram aplicadas, ou seja, obedecem ao 
princípio da seletividade. Questão errada. 
 
1.2- O Sistema de Defesa Comercial no Brasil: 
Como é que funciona o sistema de defesa comercial? 
É simples! O sistema de defesa comercial brasileiro funciona, 
basicamente, em torno de duas instâncias: o Departamento de Defesa 
Comercial (DECOM) e a Câmara de Comércio Exterior (CAMEX)2. 
O DECOM, integrante da estrutura da SECEX, é responsável, dentre 
outras tarefas, por propor a abertura e conduzir investigações 
destinadas à aplicação de medidas antidumping, medidas 
compensatórias e medidas de salvaguarda. Ao final da investigação, o 
 
2 Na próxima aula, estudaremos detalhadamente cada uma das instituições intervenientes no 
comércio exterior brasileiro. 
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DECOM é responsável por PROPOR à CAMEX a aplicação das medidas de 
defesa comercial. 
A CAMEX, por sua vez, é o órgão de cúpula do comércio exterior 
brasileiro, a ela competindo a decisão final quanto à aplicação de medidas de 
defesa comercial. Nesse sentido, a CAMEX é responsável pela fixação de 
direitos antidumping, direitos compensatórios e medidas de 
salvaguarda. Destaque-se que a CAMEX pode fixar essas medidas de defesa 
comercial em caráter definitivo ou provisório (direitos antidumping provisórios, 
direitos compensatórios provisórios ou medidas de salvaguarda provisórias). 
Caso uma investigação seja encerrada com aplicação de 
medida de defesa comercial, a competência do encerramento será da 
CAMEX, que o fará por meio de Resolução. Por outro lado, caso a 
investigação seja encerrada sem a aplicação de medida de defesa 
comercial, a competência para o encerramento será do Secretário de 
Comércio Exterior, que o fará por meio de Circular SECEX. 
Muitos podem pensar: “O DECOM realiza a investigação, então é ele 
que a começa e a encerra.” Ledo engano! O DECOM realmente realiza a 
investigação, mas o encerramento desta necessita da formalização 
através de um ato público. E o encerramento é materializado por meio de 
uma Resolução CAMEX (no caso de aplicação de medida de defesa comercial) 
ou de uma Circular SECEX (quando não houver aplicação de medida de defesa 
comercial). 
 
 
 
 
 
 
Pergunta-se: é possível que o DECOM proponha a aplicação de uma 
medida de defesa comercial e a CAMEX se recuse a aplicá-la? 
Sim, é possível. Em um caso recente, o DECOM propôs a aplicação 
de direitos antidumping sobre cimento e a CAMEX recusou. Qual o 
argumento da CAMEX? Segundo foi apurado, as empresas brasileiras que 
entraram com a petição no DECOM estavam sendo investigadas por prática de 
cartel. Nesse sentido, caso fossem aplicados direitos antidumping, a livre 
concorrência restaria mais prejudicada ainda. 
Encerramento da 
investigação sem aplicação 
de medida de defesa 
comercial 
Competência da CAMEX 
Competência da SECEX 
Encerramento da 
investigação com aplicação 
de medida de defesa 
comercial 
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Cabe destacar também a participação da Receita Federal nesse 
processo todo. É esse órgão o responsável pela arrecadação (recolhimento) 
das medidas de defesa comercial, o que já é feito automaticamente por 
ocasião do registro da Declaração de Importação. 
Recapitulando: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 
 
3- (ACE-2008) - O sistema de defesa comercial brasileiro está 
organizado essencialmente em torno de duas instâncias: o 
Departamento de Defesa Comercial, órgão executivo vinculado à 
Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, com competência de propor 
a abertura e conduzir investigações para a aplicação de medidas 
antidumping, compensatórias e de salvaguardas, e de recomendar a 
aplicação das medidas de defesa comercial previstas nos acordos da 
OMC; a CAMEX, cujas competências incluem a aplicaçãode medidas 
provisórias e o encerramento de investigação com aplicação de 
medidas definitivas. 
Comentários: 
Três informações importantes, que tornam a questão correta: 
DECOM 
CAMEX 
RECEITA FEDERAL 
- PROPÕE a abertura e conduz a investigação 
para aplicação de medidas de defesa 
comercial. 
- PROPÕE a aplicação de medidas de defesa 
comercial 
 
FIXA direitos antidumping, direitos 
compensatórios e medidas de salvaguarda 
ARRECADA direitos antidumping, direitos 
compensatórios e medidas de salvaguarda 
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1)- O DECOM da SECEX tem competência para propor a abertura e 
conduzir investigações para a aplicação de medidas antidumping, 
compensatórias e de salvaguardas, e de recomendar (propor) a aplicação das 
medidas de defesa comercial previstas nos acordos da OMC. 
2)- A CAMEX tem competência para aplicação de medidas de defesa 
comercial em geral, sejam elas provisórias ou definitivas. 
3)- A CAMEX tem competência para encerrar a investigação com 
aplicação de medidas definitivas. 
4- (Questão Inédita)- A abertura de uma investigação de defesa 
comercial é de competência da Secretaria de Comércio Exterior. No 
entanto, a aplicação de medidas provisórias ou definitivas é de 
competência da CAMEX. 
Comentários: 
A abertura de uma investigação de defesa comercial é de 
competência da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), mais 
especificamente do Departamento de Defesa Comercial (DECOM), que poderá 
iniciá-la de ofício (iniciativa própria) ou por meio de petição da 
indústria doméstica. A CAMEX, por sua vez, é responsável pela aplicação das 
medidas de defesa comercial, sejam estas provisórias ou definitivas. Questão 
correta. 
5- (Questão Inédita)- A competência para o encerramento das 
investigações sem aplicação de medida de defesa comercial é do 
Secretário de Comércio Exterior. 
Comentários: 
O encerramento de uma investigação sem aplicação de medida de 
defesa comercial compete ao Secretário de Comércio Exterior, que o fará 
mediante Circular SECEX. Questão correta. 
 
2- DUMPING E MEDIDAS ANTIDUMPING: 
2.1- Conceito de Dumping: 
Há muita confusão em torno do conceito de dumping. É muito usual, 
por exemplo, que o senso comum afirme que o dumping ocorre quando uma 
mercadoria é vendida por um preço inferior ao preço de custo. Isso está 
absolutamente errado! 
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Segundo a normativa da OMC, o dumping é uma prática desleal de 
comércio que consiste na venda de um produto para exportação por um 
preço inferior ao seu valor normal. Em outras palavras, considera-se que 
existe dumping quando um produto é vendido no mercado internacional por 
um preço inferior ao praticado no mercado interno do país exportador. Pode-se 
dizer também que o dumping fica caracterizado quando há uma 
discriminação de preços em mercados diferentes. 
A definição de dumping segundo a normativa da OMC e as normas 
brasileiras é bem semelhante (como não poderia deixar de ser!). No entanto, a 
normativa brasileira reconhece que as importações amparadas pelo regime 
aduaneiro especial de drawback também estão abrangidas pelo conceito de 
dumping. Isso é o que se depreende a partir da leitura do art. 4º do Decreto 
nº 1602/95, segundo o qual considera-se prática de dumping a 
introdução de um bem no mercado doméstico, inclusive sob as 
modalidades de drawback , a preço de exportação inferior ao valor 
normal. 
Acredito que um exemplo irá auxiliar o nosso entendimento sobre o 
que é o dumping! 
Suponha que empresas chinesas estejam exportando para o Brasil 
sapatos por US$ 4,00 / par e que, em seu mercado interno, o par de sapatos 
seja vendido por US$ 6,00. Nessa situação, existe dumping? 
Sim, existe. E por quê? Porque o preço de exportação está 
inferior ao preço praticado no mercado interno do país exportador, isto 
é, inferior ao valor normal. Logo, as empresas chinesas, na situação 
apresentada, estão praticando dumping. Aqui chamo sua atenção para um 
detalhe importante: quem pratica o dumping são empresas (e não governos!) 
Mas o que fazer para combater o dumping? 
Bem, o governo poderá dar início, mediante pleito da indústria 
nacional ou de ofício, a uma investigação para aplicação de medidas 
antidumping. Nessa investigação, é necessário que se comprove a existência 
de três elementos: DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. Estando presentes 
esses três requisitos, poderão ser aplicados direitos antidumping. Mais à frente 
estudaremos cada um deles. 
Recapitulando: 
 
 
 
DUMPING 
Venda de um produto para 
exportação por um preço 
inferior ao valor normal 
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Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 
 
6- (AFRFB-2009)- A prática do dumping consiste na venda de um 
produto por preço inferior ao custo de produção de seu similar no 
mercado de exportação e enseja, de parte do país importador, como 
forma de defesa, a imposição de salvaguardas comerciais. 
Comentários: 
A questão está errada por dois motivos. 
1)- O dumping fica caracterizado quando um produto é vendido para 
exportação por um preço inferior ao praticado no mercado interno do país 
exportador (e não inferior ao custo de produção!) 
2)- Como forma de se proteger do dumping danoso, o governo do 
país importador poderá aplicar medidas antidumping (e não medidas de 
salvaguarda!) 
7- (AFRF – 2005)- Segundo as normas da OMC, pratica dumping a 
empresa que vende no mercado de outro país abaixo do seu preço de 
custo. 
Comentários: 
Essa é uma grande pegadinha! O dumping ocorre quando uma 
empresa vende um produto para exportação por um preço inferior ao 
preço praticado no mercado interno do país exportador (e não por um 
preço inferior ao preço de custo!). Questão errada. 
VALOR NORMAL Preço praticado no mercado 
interno do país exportador 
Aplicação de Medidas 
Antidumping 
- Dumping 
- Dano 
- Nexo Causal 
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8- (AFRF-2002.1) - A venda de uma mercadoria no exterior a preços 
inferiores aos normalmente praticados no mercado de origem 
configura prática comercial denominada dumping. 
Comentários: 
Outra questão cobrando o conceito de dumping! Estejam atentos: o 
dumping ocorre quando o preço de exportação é inferior ao valor normal 
(preço praticado no mercado de origem). Questão correta. 
9- (MDIC-2009/Área Administrativa)- De acordo com o Decreto n.º 
1.602/1995, dumping é a introdução de um bem no mercado 
doméstico, inclusive sob as modalidades de drawback, a preço de 
exportação inferior ao valor praticado no mercado de origem. 
Comentários: 
O dumping fica caracterizado quando o preço de exportação é inferior 
ao preço praticado no mercado interno do país exportador (país de origem). No 
Brasil, a definição de dumping alcança também as importações ao amparo do 
drawback. Questão correta. 
10- (AFTN-1998)- Dumping é a introdução de um bem no mercado 
doméstico por um preço de exportação inferior ao valor normal, isto é, 
ao seu preço de custo. 
Comentários:Novamente a mesma pegadinha! Agora eu tenho certeza que você 
acertou! (rsrs...) As bancas examinadoras adoram falar em “preço de 
exportação inferior ao preço de custo”. Isso está errado! 
Especificamente nessa questão, o correto seria: “Dumping é a 
introdução de um bem no mercado doméstico por um preço de exportação 
inferior ao valor normal, isto é, inferior ao preço praticado no mercado 
interno de origem.” 
11- (AFRF 2000 – adaptada)- Um produto é exportado com preço de 
dumping se é introduzido no mercado de outro país por um valor 
inferior ao vendido no mercado doméstico. 
Comentários: 
Esse é o exato conceito de dumping! Muita atenção, porque isso irá, 
muito provavelmente, ser cobrado na sua prova. Questão correta. 
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12- (Questão Inédita)- Considera-se haver prática de dumping, isto é, 
oferta de um produto no comércio de outro país a preço inferior a seu 
valor normal, no caso de o preço de exportação do produto ser inferior 
àquele praticado no curso normal das atividades comerciais para o 
mesmo produto quando destinado ao consumo no país exportador. 
Comentários: 
Segundo o art. 2º, § 1º, do Acordo Antidumping, “considera-se haver 
prática de dumping, isto é, oferta de um produto no comércio de outro país a 
preço inferior a seu valor normal, no caso de o preço de exportação do produto 
ser inferior àquele praticado no curso normal das atividades comerciais para o 
mesmo produto quando destinado ao consumo no país exportador.” Questão 
correta. 
 
2.2- Determinação do Valor Normal: 
O valor normal é o preço pelo qual o produto é vendido no mercado 
interno do país exportador, em operações mercantis normais e em volume 
significativo, no nível “ex-fabrica”. Alguém pode perguntar: “Professor, o que é 
nível “ex-fabrica”? Dizemos que um produto é vendido em nível “ex-fabrica” 
(ou ex-works) se o vendedor o disponibiliza no seu próprio estabelecimento 
(chão da fábrica) ao comprador. Quando consideramos o preço “ex-fabrica”, 
isso significa que não estamos levando em conta, para a determinação do valor 
normal, nenhum dos gastos incorridos após o momento da disponibilização do 
produto no “chão da fábrica”. 
Bem, a regra geral é que valor normal é o preço pelo qual o produto 
é vendido no mercado interno do país exportador! No entanto, podem ocorrer 
situações em que será necessário proceder a uma determinação alternativa 
do valor normal. 
Segundo o art. 2º, § 2º, do Acordo Antidumping, caso inexistam 
vendas do produto similar no mercado doméstico do país exportador, 
ou quando tais vendas não permitam comparação adequada (em razão 
de condições específicas de mercado ou por motivo do baixo nível de vendas 
no mercado doméstico do país exportador), deverá ser considerado como valor 
normal o preço do produto similar ao ser exportado para um terceiro 
país, desde que esse preço seja representativo. Ou, ainda, o valor normal será 
determinado a partir do custo de produção no país de origem acrescido 
de custos administrativos, custos de comercialização e margem de 
lucro. 
No caso de as importações serem originárias de países não 
considerados economias de mercado (como é o caso da China, por 
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exemplo!), a determinação do valor normal poderá ser feita por outros 
métodos: 
- Preço de exportação praticado por um terceiro país de economia de 
mercado. 
- Preço praticado no mercado interno de um terceiro país de 
economia de mercado. 
- Construção do valor do produto similar em um terceiro país de 
economia de mercado. 
- Outro preço razoável. 
Em um caso recente, o DECOM utilizou o valor construído do glifosato 
na Argentina (terceiro país de economia de mercado), a fim de apurar o valor 
normal em uma investigação antidumping aberta contra a China (que não é 
considerada economia de mercado!) 
Esquematizando: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 
 
Valor Normal 
Preço praticado no mercado 
interno do país exportador 
Em condições mercantis 
normais e volume 
significativo 
Caso não existam vendas do 
produto similar no mercado 
interno do país exportador 
ou essas vendas não 
permitam comparação 
adequada 
- Preço de exportação do produto 
similar para um terceiro país. 
- Custo de produção + custos 
administrativos + custos de 
comercialização + margem de lucro. 
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13- (AFRF-2000 - adaptada)- Para fins de cálculo do valor normal, caso 
não haja a venda de produto similar no mercado doméstico do país 
exportador, deve-se comparar com vendas de produtos similares em 
outros mercados. 
Comentários: 
A questão traz à tona um dos métodos alternativos para 
determinação do valor normal. Se não há venda de produto similar no mercado 
doméstico do país exportador, deverá ser utilizado o preço de exportação do 
produto similar para terceiros países (e não o preço do produto similar no 
mercado doméstico de outros países!). Questão errada. 
14- (Questão Inédita)- Na análise de dumping, se o produto similar 
não for objeto de vendas no mercado interno do país exportador , 
pode-se utilizar como valor normal exclusivamente o preço de 
exportação para terceiro país. 
Comentários: 
Há dois métodos alternativos para proceder-se ao cálculo do valor 
normal: 
1)- Por meio do preço de exportação para terceiro país, desde que 
este seja representativo. 
2)- Por meio do valor construído no país de origem. 
A assertiva está errada porque a palavra "exclusivamente" dá a 
entender que só existiria uma única maneira de determinar o valor normal 
quando não há vendas de produto similar no mercado doméstico do país 
exportador. 
15- (Questão Inédita)- Considera-se valor normal, para fins de 
determinação de dumping, o preço efetivamente praticado para o 
produto similar nas operações mercantis normais, que o destinem a 
consumo interno no país exportador. 
Comentários: 
Valor normal é sinônimo de preço praticado no mercado interno do 
país exportador. Questão correta. 
 
 
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2.3- Determinação do Preço de Exportação: 
O preço de exportação é o preço efetivamente pago ou a pagar 
pelo produto exportado em nível “ex fabrica”. Isso quer dizer que no 
preço de exportação não entram os impostos e os custos incorridos após o 
momento em que o produto ficou pronto na fábrica. A autoridade investigadora 
nacional consegue determinar o preço de exportação a partir dos seus 
registros. No Brasil, por exemplo, todos os produtos que entram no país 
devem ser declarados à Receita Federal por meio da DI (Declaração de 
Importação). 
Em certas situações, todavia, pode não ser possível calcular o 
preço de exportação ou este pode não ser confiável, em virtude de 
associação ou acordo compensatório entre exportador e importador ou 
uma terceira parte. Ora, se há uma associação entre exportador e 
importador, é possível que o preço de exportação seja declarado a maior3, o 
que causaria distorções na apuração pela autoridadeinvestigadora nacional. 
Nesses casos, será utilizado um método alternativo para a 
determinação do preço de exportação. O preço de exportação será, então, 
construído a partir do preço pelo qual os produtos importados foram 
revendidos ao primeiro comprador independente. Se não houver 
comprador independente ou os produtos não forem revendidos na 
mesma condição em que foram importados, o preço de exportação será 
construído a partir de uma “base razoável”. Será, então, aplicado qualquer 
outro método, desde que justificado. 
Esquematizando: 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 Se as empresas são vinculadas (matriz e subsidiária), o preço de exportação pode ser 
declarado a maior a fim de que a empresa brasileira tenha uma despesa maior e, 
consequentemente, a base de cálculo do Imposto de Renda (IR) desta empresa brasileira seja 
menor. 
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Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 
 
16- (AFRF-2005)- Caso não seja possível o cálculo do preço de 
exportação, ou caso o preço seja duvidoso segundo os parâmetros da 
legislação aplicável, o preço de exportação do produto investigado 
pode ser construído pela autoridade investigadora para fins de 
constatação da prática do dumping. 
Comentários: 
Se não for possível calcular o preço de exportação ou este parecer 
duvidoso, a autoridade investigadora deverá utilizar um método alternativo, 
construindo o preço de exportação. Questão correta. 
 
Preço de 
Exportação 
Preço efetivamente pago ou 
a pagar, em nível “ex 
fabrica” 
Caso ele não possa ser 
calculado ou não seja 
confiável 
Construção do preço de 
exportação 
- A partir do valor de revenda ao primeiro 
comprador independente 
- A partir de uma base razoável (outro 
método) caso não exista comprador 
independente ou os produtos não forem 
revendidos na mesma condição em que foram 
importados 
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2.4- Determinação da Margem de Dumping: 
Já sabemos determinar o preço de exportação e o valor normal! Se o 
preço de exportação for inferior ao valor normal, poderemos concluir que há 
dumping! Mas qual será o “tamanho” do dumping? 
Isso se apura pelo cálculo da margem de dumping, que é depois 
utilizada como base para o cálculo dos direitos antidumping a serem aplicados. 
O cálculo da margem de dumping leva em consideração a seguinte fórmula: 
 
 
Para ficar mais claro, vamos a um exemplo! Suponha que uma 
empresa chinesa esteja exportando chinelos ao Brasil por US$ 8,00 / par, ao 
mesmo tempo em que pratica no mercado interno chinês o preço de US$ 
10,00 / par. Qual a margem de dumping? 
MD=VN - PE 
MD= US$ 10,00 – US$ 8,00 
MD= US$ 2,00 
Essa é a margem de dumping absoluta! Por sua vez, encontramos 
a margem de dumping relativa a partir da aplicação da seguida fórmula: 
 
 
 
No exemplo acima, a margem de dumping relativa seria: 
MR= MD / PE 
MR=US$ 2,00 / US$ 8,00 
MR= 25% 
Fácil, não é mesmo? Ocorre que a apuração da margem de dumping 
não é tão simples assim! 
Ao contrário, devem ser consideradas todas as vendas realizadas no 
período da investigação. Nesse sentido, o Acordo Antidumping determina quais 
as maneiras de se apurar a margem de dumping: 
MD= VN -PE MD= margem de dumping 
VN= valor normal 
PE= preço de exportação 
MR= MD / PE 
MR= margem de dumping relativa 
MD= margem de dumping absoluta 
PE= preço de exportação 
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1)- Comparação entre o valor normal médio ponderado e o 
preço médio ponderado de todas as exportações 
2)- Comparação entre o valor normal e os preços de 
exportação transação a transação. 
3)- Comparação entre o valor normal médio ponderado e o 
preço de exportação de cada transação: esse método somente será 
possível quando os preços de exportação diferirem significativamente e se for 
explicada a razão de tais diferenças não poderem ser consideradas, 
adequadamente, por meio de comparação entre médias ponderadas ou 
transação a transação. 
A comparação entre o valor normal e o preço de exportação para fins 
de determinação de dumping deverá ser realizada sobre bases justas, ou seja, 
a comparação deverá ser efetuada ao mesmo nível de comércio, 
normalmente ex-fábrica, levando-se em consideração as datas mais 
próximas possíveis. 
Pronto! Agora vocês já sabem determinar o preço de exportação, o 
valor normal e a margem de dumping. Já estão próximos de se tornarem 
investigadores comerciais do DECOM (rsrs...) 
Mas por que é importante a determinação da margem de dumping? 
A margem de dumping é importante porque ela influencia no 
montante dos direitos antidumping aplicados. Com efeito, o direito 
antidumping é o montante em dinheiro igual ou inferior à margem de 
dumping apurada, aplicado com o fim exclusivo de neutralizar os efeitos 
danosos das importações objeto de dumping. 
 
O direito antidumping aplicado não pode 
exceder a margem de dumping apurada. 
Ele é um montante igual ou inferior. 
Os direitos antidumping poderão ser impostos na forma de alíquotas 
ad valorem ou específicas, fixas ou variáveis, ou pela conjugação de ambas.4 
Quando o direito antidumping for aplicado na forma de alíquota específica, 
 
4 - Exemplo de alíquota ad valorem fixa = Direitos antidumping de 25% 
- Exemplo de alíquota específica fixa = Direito antidumping de R$ 2,00 / unidade 
- Exemplo de alíquota ad valorem variável = Se a mercadoria custar até R$ 2,00 / 
unidade, incidirá um direito antidumping de 20%; se a mercadoria custar acima de R$ 2,00 
/unidade, incidirá um direito antidumping de 30%. 
- Exemplo de alíquota específica variável = Se a mercadoria custar até R$ 2,00 / unidade, 
incidirá um direito antidumping de R$ 1,00 / unidade; se a mercadoria custar acima de R$ 
2,00 /unidade, incidirá um direito antidumping de R$ 1,50 / unidade. 
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deverá ser levada em consideração a margem de dumping absoluta. Por sua 
vez, quando o direito antidumping for aplicado na forma de alíquota ad 
valorem, deverá ser levada em consideração a margem de dumping relativa. 
Destaque-se que, quando a margem de dumping relativa for inferior ao 
“de minimis”, isto é, inferior a 2%, não poderão ser aplicadas medidas 
antidumping. 
A aplicação de direitos antidumping não poderá ocorrer na forma 
de restrições quantitativas (cotas), mas apenas na forma de alíquotas. As 
únicas medidas de defesa comercial que podem ser aplicadas na forma de 
restrições quantitativas são as medidas de salvaguarda. 
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 
 
17- (AFRF-2003)- O dumping é considerada prática desleal de 
comércio e define-se como a determinação do preço de exportação de 
uma mercadoria com base nas diferenças entre os custos de produção 
nos mercados de origem e de destino. 
Comentários: 
De fato, o dumping é considerado uma prática desleal de comércio. 
No entanto, ele fica caracterizadoquando o preço de exportação é inferior 
ao preço praticado no mercado interno do país exportador (valor 
normal). Logo, a questão está errada. 
18- (Questão Inédita)- Na análise de dumping deverá ser comparado o 
preço de exportação com o valor normal. O valor normal, por sua vez, 
é considerado em base FOB. 
Comentários: 
O valor normal e o preço de exportação deverão ser comparados 
levando-se em conta o mesmo nível comercial, normalmente “ex fabrica”. 
Questão errada. 
19- (Questão Inédita)- Não poderão ser aplicados direitos antidumping 
quando a margem de dumping for inferior ao “de minimis”. 
Comentários: 
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Quando a margem de dumping relativa for inferior ao “de minimis” 
(2%), não poderão ser aplicados direitos antidumping. Questão correta. 
20- (Questão Inédita)- Margem de dumping é a diferença entre o valor 
normal e o preço de exportação, devidamente ajustados, vigentes 
durante o período estabelecido para investigações de existência de 
dumping. 
Comentários: 
A diferença entre o valor normal e o preço de exportação 
devidamente ajustados é o que se chama de margem de dumping, mais 
especificamente margem de dumping absoluta. A margem de dumping relativa 
é a razão entre a margem de dumping absoluta e o preço de exportação. 
Questão correta. 
21- (AFRF – 2005)- A aplicação da medida antidumping pode ser feita 
de modo tanto qualitativo, por meio de um direito antidumping ad 
valorem ou específico, ou de modo quantitativo, ou seja, por meio da 
definição de uma cota que restrinja o ingresso do produto no mercado 
do país importador. 
Comentários: 
As medidas antidumping não podem ser aplicadas na forma de 
restrições quantitativas. Questão errada. 
22- (Questão Inédita)- A margem de dumping será considerada como 
de minimis quando, expressa como um percentual do preço de 
exportação, for inferior a dois por cento. Nesse caso, quando a 
margem de dumping for inferior ao de minimis, não poderão ser 
aplicados direitos antidumping. 
Comentários: 
Quando a margem de dumping apurada for inferior ao “de minimis”, 
ou seja, 2%, não poderão ser aplicados direitos antidumping. Questão correta. 
 
2.5- Determinação de Dano e Nexo Causal: 
As regras do sistema multilateral de comércio não proíbem a prática 
do dumping, ou seja, pode-se afirmar que nem todo o dumping é punível ou 
condenável. Imagine, por exemplo, que a indústria brasileira de calçados 
esteja comprando couro da China por um preço extremamente baixo. E, ainda, 
que o Brasil não tenha produção de couro... Nessa hipotética situação, não há 
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prejuízo para nenhum produtor nacional. Ao contrário, o dumping irá favorecer 
a indústria nacional de calçados. 
O dumping é admissível apenas quando não causar dano. Quando o 
dumping causar dano à indústria nacional do país importador, ele passa a ser 
condenável. Com efeito, a aplicação de medidas antidumping (sejam elas 
provisórias ou definitivas) depende de três requisitos: DUMPING, 
DANO e NEXO CAUSAL. É irrelevante, para fins de aplicação de direitos 
antidumping, a existência de dolo da empresa estrangeira em eliminar ou 
dificultar a concorrência. 
Mas quando é que fica caracterizado o dano? 
De início, cumpre destacar que a palavra “dano” deve ser 
interpretada em sentido amplo, isto é, considera-se que ocorre dano quando 
há: i) efetivo dano material à indústria nacional ii) ameaça de dano 
material à indústria nacional ou; iii) atraso sensível no 
estabelecimento da indústria. Ressalte-se que, em uma investigação de 
defesa comercial, é muito mais complexo determinar a existência de ameaça 
de dano ou de atraso sensível no estabelecimento da indústria. 
A determinação de dano é baseada em evidências positivas, 
isto é, leva em consideração provas materiais e inclui exame objetivo: i) do 
volume das importações a preços de dumping e do seu efeito sobre os 
preços de produtos similares no mercado interno; e ii) do impacto 
dessas importações sobre os produtores nacionais desses produtos. 
Imagine que a China esteja praticando dumping ao vender chinelos 
ao Brasil por US$ 8,00 / par. No entanto, o volume dessas importações é 
pequeno e não afeta os preços da indústria nacional. Nesse caso, fica 
nítido que não existe dano, não é mesmo? Supondo que o volume seja 
significativo, mas a indústria nacional pratique um preço inferior ao das 
importações chinesas, também fica patente a inexistência de dano. 
Na análise de dano, a autoridade nacional investigadora (DECOM) 
deverá avaliar todos os fatores e índices econômicos relevantes que 
tenham relação com a situação da indústria nacional, tais como queda 
real ou potencial das vendas, dos lucros, da produção, da participação no 
mercado, da produtividade, do retorno dos investimentos ou da ocupação da 
capacidade instalada; fatores que afetem os preços internos; a amplitude da 
margem de dumping; efeitos negativos reais ou potenciais sobre o fluxo de 
caixa, estoques, emprego, salários, crescimento, capacidade para aumentar 
capital ou obter investimentos. apuradas em uma investigação para 
aplicação de medidas antidumping. 
Não precisa decorar essa lista imensa, ok? Ela serve apenas para 
que você tenha uma noção de como é feita a análise pelo DECOM. 
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Para que você não esqueça: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A análise de dano é complexa e envolve o exame de fatores e índices 
econômicos relevantes. Na avaliação objetiva do dano, a autoridade 
investigadora deverá observar três pontos essenciais: 
- O volume das importações a preços de dumping: será 
considerado insignificante um volume inferior a 3% por cento das importações 
pelo Brasil de produto similar, a não ser que os países que, individualmente, 
respondam por menos de 3% das importações do produto similar pelo Brasil 
sejam, coletivamente, responsáveis por mais de 7% das importações do 
produto. 
Imagine, por exemplo, que o produto investigado é ventilador e a 
origem investigada é China. As importações totais de ventiladores feitas pelo 
Brasil somam 100.000 ventiladores. Se 2.500 ventiladores vierem da China 
(país investigado), considera-se que esse volume é insignificante, pois é de 
2,5% (inferior a 3%). 
Mas agora imagine que há três origens investigadas: China, Índia e 
Taiwan. As importações totais de ventiladores feitas pelo Brasil somam 
100.000 ventiladores. Se 2.500 ventiladores vierem da China, 2500 da Índia e 
2500 de Taiwan, apesar de cada país, individualmente, representar apenas 
2,5% (menos de 3%), em conjunto esses países somam 7,5% (maior que 
7%). O volume não será, portanto, insignificante. 
- O efeito das importações a preços de dumping sobre os 
preços dos produtos similares no mercado doméstico: a autoridade 
investigadora levará em conta se os preços dos produtos importados a preços 
de dumping são superiores ao preço do produto similar. Se a indústria nacional 
DANO 
- Efetivo dano material 
- Ameaça de dano material 
-Atraso sensível no estabelecimento 
da indústria 
Autoridade investigadora deverá 
avaliar todos os fatores e índices 
econômicos relevantes que tenham 
relação com a situação da indústria 
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está vendendo mais barato que o importado, não há razão para se falar em 
dano! 
- O impacto das importações a preços de dumping sobre os 
produtores nacionais: são analisados inúmeros fatores econômicos. 
Na análise do nexo causal entre o dumping e o dano, deve ser 
demonstrado que as importações a preço de dumping causaram dano à 
indústria doméstica. Não há necessidade, no entanto, de que elas sejam a 
única causa do dano sofrido pela indústria nacional, já que outros fatores 
podem também tê-lo provocado. 
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 
 
23- (AFRF – 2005)- Para a aplicação da medida antidumping é 
necessária a comprovação do dolo específico, ou seja, do objetivo da 
empresa estrangeira de eliminar ou restringir a ação da concorrência 
no país importador. 
Comentários: 
Para a aplicação de medidas antidumping, não há necessidade de se 
comprovar o dolo específico (intenção) da empresa estrangeira em eliminar ou 
dificultar a concorrência. Os três elementos necessários para que sejam 
aplicados direitos antidumping são: i) dumping; ii) dano e; iii) nexo causal. 
Questão errada. 
24- (AFRF-2000 - adaptada)- Para fins de determinação de dano, é 
possível afirmar que, com relação aos efeitos das importações sobre os 
preços, deve-se observar se o preço dos produtos importados não é 
superior ao preço do produto similar nacional e a qualidade de ambos. 
Comentários: 
Na determinação de dano, a autoridade investigadora nacional leva 
em consideração diversos fatores, dentre eles o preço do produto importado 
comparativamente ao preço do produto similar nacional. Não haverá dano se a 
indústria nacional estiver vendendo mais barato do que o produto importado. 
Questão correta. 
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25- (AFRF 2000 – adaptada)- A determinação de dano deve estar 
baseada em evidência positiva em uma investigação para aplicação de 
uma medida antidumping. 
Comentários: 
A análise realizada pela autoridade investigadora se baseia em 
evidências positivas, isto é, em indicadores econômicos que demonstrem a 
existência do dano. Questão correta. 
26- (Questão Inédita)- Para fins de aplicação de direitos antidumping, 
o dano será entendido como dano material a uma indústria doméstica, 
ameaça de dano material a essa indústria ou ainda atraso real na 
implantação da mesma. 
Comentários: 
A interpretação do termo dano deverá ser feita em sentido amplo, ou 
seja, ele será entendido como dano material efetivamente ocorrido, ameaça de 
dano material ou atraso real na implantação de uma indústria. Questão 
correta. 
27- (Questão Inédita)- A determinação de dano perpassa pela análise 
de uma série de indicadores, devendo ser avaliada a evolução das 
importações do produto objeto de dumping e a situação da indústria 
doméstica. 
Comentários: 
Na análise do dano serão levados em consideração indicadores 
econômicos diversos, tais como queda real ou potencial das vendas, dos 
lucros, da produção, da participação no mercado, da produtividade, do retorno 
dos investimentos ou da ocupação da capacidade instalada e outros. Questão 
correta. 
28- (Questão Inédita)- Para que seja aplicado um direito antidumping 
deverá ser comprovado o dumping, dano e nexo causal. 
Comentários: 
Lembre-se bem desses três elementos: DUMPING, DANO e NEXO 
CAUSAL. Questão correta. 
29- (Questão Inédita)- O Acordo sobre a implementação do art. VI do 
GATT/94 (Acordo Antidumping) determina que as importações a preço 
de dumping devem ser a única causa do dano sofrido pela indústria 
doméstica para fins de determinação da relação causal. 
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Comentários: 
As importações a preço de dumping não precisam ter sido a única 
causa do dano sofrido pela indústria nacional. Questão errada. 
30- (AFRF – 2003)- O dumping é admissível na normativa da 
Organização Mundial do Comércio desde que devidamente mensurado 
em sua magnitude e impacto sobre os fluxos de comércio e sempre 
que almeje a conquista de mercados onde não há condições 
equitativas de concorrência. 
Comentários: 
O dumping é admissível pela normativa da OMC quando ele não 
causa dano à indústria nacional do país importador. Questão errada. 
31- (AFRF – 2003)- O dumping é incongruente com a normativa da 
Organização Mundial do Comércio na medida em que define a 
formação do preço de um bem exportável em patamares inferiores aos 
custos de produção desse mesmo bem nos mercados a que se destina. 
Comentários: 
O dumping fica caracterizado quando uma mercadoria é vendida para 
exportação por um preço inferior ao valor normal. Questão errada. 
32- (AFRF – 2003)- O dumping representa medida considerada 
distorcida das condições de competição, consistindo na fixação de um 
preço de exportação para um determinado bem menor que aquele 
praticado no mercado em que este mesmo bem é produzido. 
Comentários: 
Essa é o exato conceito de dumping! Trata-se de uma prática desleal 
de comércio que ocorre quando um produto é vendido para exportação 
por um preço inferior ao praticado no mercado interno do país 
exportador. Em outras palavras, o dumping existe quando o preço de 
exportação de um bem é fixado em nível inferior ao praticado no mesmo 
mercado em que esse bem é produzido. Questão correta. 
33- (Questão Inédita)- Para que seja aplicado um direito antidumping, 
provisório ou definitivo, é necessário que seja determinada a 
existência de dumping, dano e nexo causal entre os dois. 
Comentários: 
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Tanto na aplicação de direito antidumping provisório quanto na 
aplicação de direito antidumping definitivo, é necessária a determinação de 
DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. Questão correta. 
34- (Questão Inédita)- Para que seja aplicada uma medida 
antidumping é suficiente que sejam determinados três elementos: 
dumping, dano e nexo causal. A intenção em prejudicar a indústria 
nacional do país importador não é levada em consideração na 
determinação do dumping. 
Comentários: 
Para a aplicação de uma medida antidumping é necessário a 
determinação de DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. Não interessa a intenção 
da empresa exportadora! Questão correta. 
 
2.6- Investigação e Aplicação de Direitos Antidumping: 
No Brasil, uma investigação para aplicação de direitos antidumping 
será aberta mediante solicitação da indústria nacional ou por iniciativa 
governamental (ex officio). Também é possível que um terceiro país 
interessado encaminhe petição para a abertura de investigação para fins de 
aplicação de medidas antidumping. 
Apresentada a petição, o DECOM fará a análise quanto à 
admissibilidade desta. Nesse sentido, irá verificar se expressamente 
apoiaram a petição, isto é, a assinaram, produtores nacionais que 
representem, no mínimo, 25% da produção total do produto similar. Caso os 
produtores que tenham assinado a petição representem menos de 25% da 
produção nacional, esta será indeferida. 
A partir daí, o DECOM irá consultar a indústria nacional, que 
poderá apoiar ou rejeitar a petição.É importante termos em mente que a 
“indústria nacional”, no contexto de uma investigação antidumping, é a 
totalidade dos produtores nacionais do produto SIMILAR, ou aqueles, dentre 
eles, cuja produção conjunta constitua parcela significativa da produção 
nacional total do produto. Considera-se que a petição foi feita pela indústria 
doméstica ou em seu nome caso, nesse segundo momento, os produtores 
nacionais que demonstrarem seu apoio representem mais de 50% da 
produção doméstica do produto similar. 
Se a petição tiver sido feita pela indústria nacional ou em seu 
nome e, além disso, houver elementos de prova suficientes acerca da 
existência de dumping e dano dele decorrente, a investigação será 
aberta. No entanto, antes de ter início a investigação, o governo do país 
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exportador deverá ser notificado acerca da existência de petição devidamente 
instruída. A investigação para aplicação de medidas antidumping tem duração 
de 1 (um) ano, podendo, em casos excepcionais, chegar a 18 (dezoito) meses. 
Essa investigação deverá ser conduzida com base nas regras gerais definidas 
pelo Acordo sobre a Implementação do art. VI do GATT. 
Cabe destacar que a investigação poderá ser suspensa sem aplicação 
de direitos antidumping definitivos ou provisórios. Isso ocorrerá quando houver 
o chamado “compromisso de preços”, em que o exportador que pratica 
dumping assume o compromisso de praticar um preço mínimo em suas 
vendas. Tal compromisso deverá ser satisfatório às autoridades 
investigadoras, de forma que estas se convençam de que o compromisso 
elimina o efeito prejudicial decorrente do dumping. A competência para 
homologar o compromisso de preços é da CAMEX. 
Ocorrendo toda a investigação, ao seu final, o DECOM irá propor (ou 
não!) à CAMEX a aplicação dos direitos antidumping. A CAMEX é que irá, 
então, aplicar as referidas medidas de defesa comercial. 
Segundo o Acordo Antidumping, os direitos antidumping 
permanecerão em vigor enquanto houver a necessidade de neutralizar 
a prática de dumping causadora de dano. O limite máximo para a extinção 
de um direito antidumping definitivo é de 5 (cinco) anos a contar da data da 
sua aplicação, ou 5 (cinco) anos a contar da data da conclusão da mais recente 
revisão. 
Mas como é que funciona essa revisão? 
Simples! A regra geral é a de que os direitos antidumping devem ser 
extintos em 5 (cinco) anos. No entanto, esse prazo poderá ser prorrogado 
em virtude de as autoridades determinarem que a extinção dos direitos 
levaria, muito provavelmente, à continuação ou retomada do dumping e do 
dano. Para isso, todavia, faz-se necessário uma revisão de final de período. 
Ressalte-se que os direitos antidumping poderão ser prorrogados 
indefinidamente, isto é, por quantos períodos for necessário. 
Há, ainda, a revisão de meio de período, procedimento que poderá 
ser realizado a pedido de parte interessada ou ex officio, desde que tenha 
decorrido no mínimo 1 (um) ano da imposição de direitos antidumping 
definitivos. Além disso, devem ser apresentados elementos de prova de 
que a aplicação do direito deixou de ser necessária para neutralizar o dumping 
ou de que seria improvável que o dano subsistisse ou se reproduzisse caso o 
direito fosse revogado ou alterado. 
Suponha que no mês de janeiro de 2012 sejam aplicados direitos 
antidumping contra glifosato originário da China e determinado que a vigência 
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desses direitos seria de 5 anos. A princípio, em janeiro de 2017, o direito 
antidumping em questão seria extinto, não é mesmo? 
Todavia, é possível que, passado o período de 1 ano, seja solicitado 
por uma parte interessada uma revisão de meio de período. Tal revisão deverá 
ser finalizada no prazo de 12 (doze) meses e poderá concluir pela 
necessidade de extinção, manutenção ou alteração do direito antidumping. 
Como vocês puderam verificar, o prazo da investigação (12 meses, 
podendo chegar a 18) é muito extenso. Até o fim desse prazo, a indústria 
nacional poderá não resistir ao dano sofrido e literalmente “quebrar”. Para 
impedir tal situação é que existem as medidas antidumping provisórias, cuja 
lógica é muito semelhante às medidas liminares. As medidas antidumping 
provisórias terão vigência de até 4 meses, podendo ser prorrogadas, no 
máximo, até 6 meses. 
A aplicação de medidas antidumping provisórias somente 
poderá ocorrer quando: 
1)- Uma investigação tiver sido regularmente aberta e as partes 
interessadas tiverem recebido a oportunidade de se manifestarem; 
2)- Houver uma determinação preliminar positiva da existência de 
dumping e dano; 
3)- As medidas forem necessárias para impedir que ocorra dano 
durante a investigação. 
4)- Houver decorrido pelo menos 60 (sessenta) dias da data da 
abertura da investigação. 
Uma vez aplicadas as medidas antidumping provisórias, a 
investigação continuará em curso e, ao final, poderá concluir de 4 (quatro) 
maneiras diferentes: (Perceba que a conseqüência, em todas elas, será em 
benefício do importador. ) 
1)- Determinação final de que não há dumping ou dano dele 
decorrente: a) se o valor das medidas antidumping provisórias tiver sido 
recolhido, ele será restituído; b) se o valor das medidas antidumping 
provisórias tiver sido garantido por depósito, será devolvido; c) se o valor das 
medidas antidumping provisórias tiver sido garantido por fiança bancária, esta 
será extinta. 
2)- Aplicação de um direito antidumping definitivo inferior ao 
direito antidumping provisório: o valor pago a maior será restituído ou 
devolvido 
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3)- Aplicação de um direito antidumping definitivo superior ao 
direito antidumping provisório: não será exigida a diferença. 
4)- Aplicação de um direito antidumping definitivo igual ao 
direito antidumping provisório: não há qualquer problema nisso. 
Destaque-se que a exigibilidade do direito antidumping provisório 
poderá ficar suspensa até a decisão final, desde que o importador ofereça 
garantia equivalente ao valor integral da obrigação. 
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 
 
35- (MDIC-2009/Área Administrativa)- Caso os resultados da 
investigação de dumping concluam pela procedência da reclamação, as 
autoridades fixarão os direitos antidumping, os quais não deverão 
ultrapassar três anos, podendo ser prorrogados caso se comprove que 
sua extinção levaria à continuação ou retomada do dumping e do dano 
dele decorrente. 
Comentários: 
O prazo de vigência dos direitos antidumping é de 5 (cinco) anos, 
passível de prorrogação caso se comprove que sua extinção levaria à 
continuação ou retomada do dumping e do dano dele decorrente. Questão 
errada. 
36- (AFRF – 2000 – adaptada)- Para uma medida antidumping ser 
adotada, é preciso que haja uma investigação de acordo com o Acordo 
Antidumping. 
Comentários: 
A adoção de uma medida antidumping depende de uma prévia 
investigação realizada por uma autoridade nacional competente, que o fará 
segundo as regras gerais definidas pelo Acordo sobre a Implementação do art. 
VI do GATT (Acordo Antidumping). Questão correta. 
37- (Questão Inédita)- Se o valor do direito antidumping aplicado pela 
decisão finalfor superior ao valor do direito provisoriamente recolhido 
ou garantido por depósito, a diferença a maior será exigida do 
importador. 
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Comentários: 
Se o valor do direito antidumping definitivo for superior ao direito 
antidumping provisoriamente recolhido ou garantido por depósito, a diferença 
não será exigida do importador. Questão errada. 
38- (Questão Inédita)- O direito antidumping provisório poderá não 
ser cobrado, sendo prestada garantia a ele equivalente na forma de 
fiança bancária ou depósito. 
Comentários: 
A exigibilidade do direito antidumping poderá ficar suspensa, desde 
que seja apresentada garantia equivalente ao valor integral da obrigação. 
Questão correta. 
39- (Questão Inédita)- A petição de abertura de investigação no caso 
de dumping poderá ser feita pela indústria doméstica. Essa petição 
deverá ser indeferida se os produtores que a apóiam responderem por 
menos de 25% da produção nacional. 
Comentários: 
A petição de abertura de investigação no caso de dumping poderá ser 
feita pela indústria doméstica ou em seu nome, sendo indeferida caso os 
produtores que expressamente a apóiem responderem por menos de 25% da 
produção nacional. Questão correta. 
40- (Questão Inédita)- Caso o exportador assuma voluntariamente 
compromissos satisfatórios de revisão dos preços ou de cessação das 
exportações a preços de dumping e desde que as autoridades 
investigadoras se convençam de que o compromisso elimina o efeito 
prejudicial decorrente do dumping, poderão ser suspensos os 
procedimentos, sem prosseguimento da investigação. 
Comentários: 
Quando o exportador assumir um “compromisso de preços”, 
devidamente homologado pela CAMEX, a investigação é suspensa sem 
aplicação de direitos antidumping. Questão correta. 
41- (Questão Inédita)- Se o valor do direito antidumping aplicado pela 
decisão final for inferior ao valor do direito antidumping 
provisoriamente recolhido ou garantido por depósito, essas 
importâncias não serão restituídas. 
Comentários: 
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Se o direito antidumping definitivo for inferior ao direito antidumping 
aplicado provisoriamente, as importâncias recolhidas a maior serão restituídas. 
Questão errada. 
42- (Questão Inédita)- É obrigatória, antes do início da investigação 
de dumping, a notificação ao governo do país exportador da existência 
de petição devidamente instruída. 
Comentários: 
O governo do país exportador deve ser notificado acerca da 
existência de petição devidamente instruída antes de ser dado início à 
investigação. Questão correta. 
43- (Questão Inédita)- A petição para aplicação de medidas 
antidumping poderá ser apresentada por terceiro país interessado. 
Comentários: 
De fato, é possível que um terceiro país interessado encaminhe 
petição para a abertura de investigação para aplicação de medidas 
antidumping. Questão correta. 
44- (Questão Inédita)- A vigência das medidas antidumping 
provisórias terá duração não superior a 6 meses. 
Comentários: 
A vigência das medidas antidumping provisórias é de 4 meses, 
podendo chegar a 6 meses. Questão correta. 
45- (Questão Inédita)- Todo direito antidumping definitivo será 
extinto no máximo em cinco anos após a sua aplicação, ou cinco anos a 
contar da data da conclusão da mais recente revisão, que tenha 
abrangido dumping e dano dele decorrente. Esse prazo poderá, no 
entanto, ser prorrogado mediante requerimento da indústria 
doméstica. 
Comentários: 
A duração do direito antidumping é de até 5 anos a contar da sua 
aplicação ou da mais recente revisão, sendo possível sua prorrogação 
indefinidamente. Questão correta. 
46- (Questão Inédita)- O direito antidumping é o montante em 
dinheiro, igual ou superior à margem de dumping apurada, que tem o 
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fim exclusivo de neutralizar os efeitos danosos das importações a 
preços de dumping. 
Comentários: 
O direito antidumping não poderá ser aplicado em montante superior 
à margem de dumping, mas tão somente em nível igual ou inferior a esta. 
Questão errada. 
47- (Questão Inédita)- Considerar-se-á como feita pela indústria 
doméstica, ou em seu nome, a petição que for apoiada por aqueles 
produtores cuja produção conjunta constitua mais de cinqüenta por 
cento da produção total do produto similar produzido por aquela 
parcela da indústria doméstica que tenha expressado apoio ou rejeição 
à petição. 
Comentários: 
Se os produtores nacionais que demonstrarem seu apoio representem 
mais de 50% da produção doméstica do produto similar, considera-se que a 
petição foi feita pela indústria doméstica, ou em seu nome. Questão correta. 
48- (MDIC-2009/Área Administrativa - adaptada)- Cabe única e 
exclusivamente à Confederação Nacional da Indústria (CNI) enviar 
petição à SECEX solicitando ampla investigação para aplicação de 
medidas de defesa comercial, fornecendo, para tanto, as informações 
necessárias. 
Comentários: 
A CNI não é a única entidade que pode apresentar uma petição para 
aplicação de uma medida de defesa comercial. A petição deve ser 
apresentada à SECEX pela indústria nacional. Questão errada. 
 
2.7- Tipos de Dumping: 
A normativa da OMC não faz distinção quanto aos tipos de dumping 
existentes. No entanto, a literatura econômica / jurídica faz menção a 
diferentes tipos de dumping: 
a) Dumping predatório: a doutrina considera que o dumping 
predatório é uma estratégia de dominação de mercados, caracterizando-se 
pela redução de preços por uma empresa com vistas a eliminar a concorrência. 
Uma vez eliminada a concorrência, a empresa poderá praticar preços de 
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monopólio. Nessa espécie de dumping, há o dolo da empresa em monopolizar 
o mercado em seu favor. 
b) Dumping social: é um conceito doutrinário (não-positivado nas 
regras da OMC), segundo o qual a justificativa para que uma empresa pratique 
preços baixos no mercado internacional é o desrespeito aos padrões 
trabalhistas. 
c) Dumping ambiental: a justificativa para que uma empresa 
pratique preços baixos no mercado internacional é o não-cumprimento de 
padrões ambientais mínimos ou a inexistência de uma legislação ambiental. 
d) Dumping cambial: a empresa pratica preços baixos no mercado 
internacional em virtude da desvalorização artificial do câmbio (moeda). 
Cabe destacar que o dumping social, o dumping ambiental e o 
dumping cambial, apesar de serem termos utilizados pela literatura, não são 
apropriados, uma vez que eles não levam em consideração a característica 
essencial do dumping: preço de exportação inferior ao preço praticado no 
mercado interno do país exportador. Com efeito, o descumprimento de 
padrões trabalhistas, o desrespeito à legislação ambiental e a 
desvalorização artificial da moeda são fatores que apenas explicam a 
maior competitividade das empresas (custos reduzidos), mas não 
pressupõem a existência de discriminação internacional de preços. 
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 
 
49- (QuestãoInédita)- O dumping social é uma modalidade especial de 
dumping na qual os preços aviltantes são decorrentes do desrespeito 
aos direitos humanos com a utilização de mão-de-obra escrava, 
infantil ou em condições subumanas. 
Comentários: 
O dumping social é uma modalidade de dumping em que os preços 
baixos são praticados em virtude do desrespeito às condições de trabalho da 
mão-de-obra. Questão correta. 
50- (AFTN-1996)- Nem sempre o dumping é um mal. Há casos em que o 
país tem grande interesse em importar certos produtos pelo menor 
preço possível. Se os produtores de petróleo decidissem baixar os 
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preços desse insumo através de subsídios, provavelmente nenhum 
importador iria tomar alguma medida antidumping. O dumping é 
considerado predatório quando o mercado é restrito e não existe 
concorrente nacional. 
Comentários: 
De fato, o dumping nem sempre é considerado pernicioso aos 
interesses de um país. Ele somente o será quando afetar a indústria nacional, 
lhe trazendo prejuízos. Essa é também a lógica do Acordo Antidumping, que 
somente autoriza a aplicação de direitos antidumping quando presentes três 
elementos: DUMPING, DANO e NEXO CAUSAL. 
A questão afirma que o dumping será predatório quando o mercado 
for restrito e não existir concorrente nacional. Isso está errado! Se não 
houver concorrente nacional, o dumping não causa prejuízos à 
indústria doméstica e, portanto, nem sequer será punível com a 
aplicação de direitos antidumping. 
51- (AFTN-1996)- Entende-se por “dumping social” a utilização de 
mecanismos de subsídios à produção e comercialização de bens cuja 
produção é feita com mão-de-obra intensiva. 
Comentários: 
Pelo conceito de “dumping social”, o que leva as empresas a 
praticarem preços baixos no mercado internacional é o desrespeito aos 
padrões trabalhistas. Questão errada. 
 
2.8-Considerações Finais: 
No atual cenário internacional, percebe-se o recrudescimento das 
práticas protecionistas, as quais vêm à tona em razão da instabilidade 
econômica causada pela crise vivenciada pela União Europeia. Ao mesmo 
tempo, a crescente competitividade chinesa no comércio internacional, aliada a 
uma política de desvalorização artificial de sua moeda, contribui para a maior 
efusividade do discurso protecionista. Nesse contexto, cresce a relevância do 
estudo sobre as medidas de defesa comercial, em especial as medidas 
antidumping. 
Sob o ponto de vista econômico, há que se questionar se a aplicação 
de medidas antidumping são, de fato, benéficas à sociedade como um todo. Ao 
conferir proteção a indústria nacional contra importações estrangeiras, as 
medidas antidumping podem distorcer o comércio e a alocação ótima dos 
fatores de produção, redistribuindo renda em desfavor do consumidor. 
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Admitindo-se que a proteção por meio de medidas antidumping possa ser 
legítima como forma de dar fôlego à indústria nacional, cabe questionar 
também se interessa ao governo proteger uma indústria ineficiente. 
 
3- SUBSÍDIOS E MEDIDAS COMPENSATÓRIAS: 
3.1- Conceito de Subsídios: 
Segundo o Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias, 
subsídio é uma contribuição financeira concedida por um governo ou 
órgão governamental que permita a um setor específico auferir uma 
vantagem. Também se enquadra no conceito de subsídio qualquer forma de 
receita ou sustentação de preços concedida a um setor específico que lhe 
coloque em posição de vantagem. Ele pode ser concedido, direta ou 
indiretamente, à fabricação, produção, exportação ou ao transporte de 
qualquer produto, possuindo potencial para distorcer os fluxos comerciais. 
Do conceito acima, podemos extrair 4 (quatro) características 
essenciais dos subsídios: 
1)- Contribuição Financeira: o termo “contribuição financeira” 
deve ser entendido em sentido amplo, abrangendo transferência diretas de 
fundos, omissões de receitas (incentivos fiscais), fornecimento de bens e 
serviços além de infraestrutura geral e aquisição de bens pelo governo. 
Destaque-se que a isenção de taxas e impostos indiretos incidentes sobre 
produtos destinados à exportação está excluída do conceito de contribuição 
financeira. 
2)- Concedida por um governo ou órgão governamental: a 
contribuição financeira, para caracterizar-se como um subsídio, deve ser 
concedido pelo governo ou por um órgão governamental. 
3)- Representa uma vantagem: a contribuição financeira 
representará uma vantagem quando colocar o receptor em uma posição mais 
favorável do que a do mercado. 
4)- Seja específico: a contribuição financeira será específica quando 
a autoridade governamental limitar o acesso a determinadas empresas ou 
grupos de empresas. Há, portanto, uma discriminação “de jure” ou “de facto” 
no acesso à contribuição financeira. 
Entendido até aqui? Vamos continuar... 
Um dos maiores problemas quanto à concessão de subsídios é a falta 
de transparência destes, o que leva a OMC a defender a tarificação das 
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barreiras. Apesar de o art. XVI do GATT dispor que os subsídios concedidos 
pelos membros da OMC devem ser notificados a essa organização 
internacional, muitos países não o fazem. Cabe destacar que o art. 25 do 
Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias (SCM) também traz uma 
obrigação nesse sentido, dispondo que os membros da OMC devem 
notificá-la sobre todo subsídio outorgado ou mantido em seus 
território. 
Quando estudamos o dumping, foi possível verificar que quem 
executa essa prática desleal de comércio são empresas. No caso, dos 
subsídios, é diferente. Quem concede os subsídios são governos, donde 
decorre a possibilidade de que os subsídios sejam combatidos de duas formas 
diferentes: i) aplicação de medidas compensatórias (processo 
administrativo interno conduzido pelo país importador) e; ii) contestação da 
medida no âmbito do sistema de solução de controvérsias da OMC 
(procedimento internacional) 
Não é possível a um Estado peticionar ao Órgão de Solução de 
Controvérsias em virtude de uma empresa estar praticando dumping, uma vez 
que as empresas não possuem legitimidade passiva no sistema de solução de 
controvérsias da OMC. Por outro lado, é plenamente possível que um subsídio 
(medida implementada por um Estado) seja contestado nessa jurisdição. 
 A medida de defesa comercial destinada a neutralizar os efeitos de 
um subsídio é a medida compensatória, também conhecida pela doutrina 
como medidas anti-subsídios. Comparando as medidas compensatórias 
com as medidas antidumping, percebe-se que as primeiras são 
utilizadas em escala muito menor. A razão disso é justamente o fato de 
que as medidas antidumping são aplicadas contra empresas, ao passo que as 
medidas compensatórias são aplicadas contra governos. Ao aplicar uma 
medida compensatória, um Estado está, portanto, contestando (criticando) a 
política comercial levada a cabo por outro Estado, o que, do ponto de vista 
político-diplomático, é algo sensível. 
É preciso tomar cuidado para não misturarmos os conceitos de 
“dumping” e de “subsídios”. Se formos pensar bem, a concessão de um 
subsídio pode, de fato, levar à prática de dumping. Ora, se um governo 
concede uma contribuição

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