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REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA 1 Prof Roberto Zampieri 2 A rede de distribuição de água é constituída por um conjunto de condutos assentes nas vias públicas, junto aos edifícios, com a função e conduzir a água para os prédios e os pontos de consumo público. Esses condutos caracterizam-se pelas numerosas derivações (distribuição em marcha) e uma disposição "em rede", derivando daí o seu nome. DEFINIÇÃO 2 Prof Roberto Zampieri 3 TRAÇADOS DOS CONDUTOS Na rede de distribuição distinguem-se dois tipos de condutos: condutos principais ou mestres, de maior diâmetro condutos secundários, de menor diâmetro, são os que estão imediatamente em contato com os prédios a abastecer e cuja alimentação depende diretamente deles. O traçado dos condutos principais deve tomar em consideração, de preferência: ruas sem pavimentação ruas com pavimentação menos onerosa ruas de menor intensidade de trânsito — proximidade de grandes consumidores proximidades das áreas e de edifícios que devem ser protegidos contra incêndios. 3 Prof Roberto Zampieri 4 Em geral, podem ser definidos três tipos principais de redes de distribuição, conforme a disposição dos seus condutos principais: a — Redes em "espinha de peixe", em que os condutos principais são traçados, a partir de um conduto principal central, com uma disposição ramificada que faz jus àquela denominação. É um sistema típico de cidades que apresentam desenvolvimento linear pronunciado. 4 Prof Roberto Zampieri 5 b — Redes "em grelha", em que os condutos principais são sensivel-mente paralelos ,ligam-se em uma extremidade a um outro conduto principal e têm os seus diâmetros decrescendo para a outra extre-midade c — Redes malhadas, em que os condutos principais formam "circuitos" ou "anéis" lembrando a disposição de malhas. É um tipo de rede que geralmente apresenta uma eficiência superior aos dois anteriores 5 Prof Roberto Zampieri 6 VALORES RELATIVOS AS REDES DE DISTRIBUIÇÃO O Departamento de Aguas e Esgotos de São Paulo (SAEC Superintendência de Agua e Esgotos da Capital) adotava os seguintes valores nos projetos das redes de abastecimento de água, para a área metropolitana de São Paulo: quota per capita, q = 300 litros por habitante e por dia coeficiente do dia de maior consumo, k1 = 1,50 coeficiente da hora de maior consumo, k2 = 1,50 pressão estática máxima, 50 metros de coluna de água pressão dinâmica mínima, 15 metros de coluna de água diâmetro mínimo de 100 mm nas áreas do perímetro urbano e de 75 mm nas demais áreas. 6 Prof Roberto Zampieri 7 O Fomento Estadual de Saneamento Básico — FESB de São Paulo adota os valores abaixo para o projeto das redes de distribuição de água das cidades do Interior do Estado de São Paulo: quota per capita, q = 200 litros por habitante e por dia coeficiente do dia de maior consumo, k1 = 1,25 coeficiente da hora de maior consumo, k2 = 1,50 pressão estática máxima, 45 metros de coluna de água pressão estática mínima, 15 metros de coluna de água diâmetro mínimo de 50 mm As Entidades Públicas Federais (SUDENE, DNERu, DNOCS e FSESP) adotam: valor recomendado: 150 a 200 litros por habitante e por dia valor mínimo (a justificar): 100 litros por habitante e por dia coeficiente do dia de maior consumo, k1 = 1,2 coeficiente da hora de maior consumo, k2 = 1,5 pressão estática máxima, 50 metros de coluna de água pressão mínima, 10 metros de coluna de água diâmetros mínimos: tubulações principais, 100 mm tubulações secundárias, 50 mm 7 Prof Roberto Zampieri 8 VAZÃO DE DISTRIBUIÇÃO onde P é a população prevista para a área a abastecer no fim do plano; Q a vazão em litros por segundo e q a quota per capita. É dada por: A vazão específica a partir da qual são determinadas as vazões de dimensionamento, pode referir-se à extensão dos condutos da rede ou à área da cidade. No primeiro caso tem-se a vazão de distribuição em marcha: onde LT é a extensão total da rede em metros e qm a vazão de distribuição em marcha, em litros por segundo e por metro de conduto. 8 Prof Roberto Zampieri 9 A vazão de distribuição referida à unidade de área é utilizada quando se estuda a rede por métodos de tentativas diretas, principalmente, o método de Hardy-Cross. A vazão específica de distribuição tem para valor: onde qd é a vazão específica de distribuição em litros por segundo e por hectares e A a área abrangida pela rede em hectares. 9 Prof Roberto Zampieri 10 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISTÂNCIA ENTRE DOIS CONDUTOS PRINCIPAIS Redes em "espinha de peixe" ou em "grelha" Nessas redes consideremos dois condutos paralelos, distantes de d hectômetros e as derivações dos condutos principais (condutos secundários), distantes entre si de 100 metros aproximadamente , tomemos duas derivações opostas e consideremos a área média alimentada por uma delas. Sendo: Q = vazão limite fixada para o conduto secundário. A distância d, em hectômetros, entre dois condutos principais, deverá ser no máximo: 10 Prof Roberto Zampieri 11 Redes com condutos principais formando circuitos Consideremos o circuito formado por quatro condutos iguais com lado d hectômetros e as derivações distantes de L hectômetros, em média. Sendo: Essa equação do segundo grau fornecerá, para a distância d, o valor de uma de suas raízes. 11 Prof Roberto Zampieri 12 DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMAS EM CIRCUITOS. MÉTODO DE HARDY-CROSS APLICADO AO CÁLCULO DAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA. Fundamentos hidráulicos do método Em um nó qualquer da rede a soma algébrica das vazões é nula (considerando-se (+) as vazões afluentes e (-) as efluentes). 12 Prof Roberto Zampieri 13 b) Em um circuito fechado (ou anel) qualquer da rede, a soma algébrica das perdas de carga é nula (considerando-se (+) as perdas de carga coincidentes e (-) as perdas de carga contrárias a um prefixado sentido de caminhamento no anel). Sentido de encaminhamento prefixado sentido horário Anel I: Σh = h1 + h2 - h3 - h4 = 0 Anel II: Σ h = -h2 + h5-h6-h7 = 0 13 Prof Roberto Zampieri 14 c) Para efeito de projeto, pode-se admitir, com precisão satisfatória, que a distribuição de água em marcha seja substituída por tomadas localizadas em pontos fictícios isolados, adequadamente situados na canalização. Nestas condições, considerar-se-á uma vazão uniforme escoando-se em cada trecho de canalização. 14 Prof Roberto Zampieri 15 d) Para uma dada rede com diâmetros conhecidos, as equações: ΣQ = O em cada nó Σh = O em cada circuito exprimem as condições necessárias e suficientes para que a distribuição de vazões (e, assim, das perdas de carga) prevista no cálculo coincida com a distribuição de vazão (e, assim, das perdas de carga) que realmente se verificará quando a mesma for posta em funcionamento. e) A perda de carga total, ao longo de um trecho de comprimento L e diâmetro D, por uma vazão uniforme Q, pode ser expressa pela seguinte fórmula geral: h = r.Qn Exemplo: Adotando-se a Fórmula de Hazen Williams: 15 Prof Roberto Zampieri 16 O método (a) Em cada anel da rede supõe-se conhecido o fator r de cada trecho. Assim, adotando-se a Fórmula de Hazen e Williams, supõem-se conhecidos os valores de C, L e D de cada trecho. C resulta da escolha preliminar do tipo de tubos; L resulta do traçado da rede em planta; D é prefixado a critério do projetista. (b) Supõem-se conhecidos os pontos de "carregamento" da rede, isto é: os pontos de entrada de água na rede 16 Prof Roberto Zampieri 17 os pontos de saída de água da rede — pontos isolados distribuidores (c) Supõem-se conhecidos os valores dos "carregamentos", isto é: as vazões de alimentação da rede, fornecidas pelos reservatórios ou pelas as vazões saídas da rede nos pontos isolados distribuidores valores resultantes do estudo da distribuição em marcha. 17 Prof Roberto Zampieri 18 (d) Partindo-se dos pontos de alimentação da rede, atribui-se uma vazão de escoamento a cada um dos trechos constitutivos dos anéis da rede. Faz-se essa distribuição de vazões respeitando-se em cada nó, a condição: ΣQ =0 (e) Fixa-se, para efeito de cálculo, um sentido de caminhamento nos anéis. Calcula-se a perda de carga total, hf, em cada trecho de anel. Faz-se, em cada anel, a somatória algébrica: Σh. (f) Se, em todos os anéis, for obtido: Σh = O, então a rede, posta em funcionamento, terá realmente uma circulação de vazões, nos seus diversos trechos, coincidente com o que foi de início imaginado. 18 Prof Roberto Zampieri 19 (g) Geralmente, a primeira tentativa de distribuição das vazões conduz a Σh ≠0. (h) Em cada anel, tendo-se em vista tornar Σh = O, faz-se uma compensação de vazões, somando-se algebricamente um valor de correção ΔQ, à vazão de cada trecho. Para este efeito, consideram-se os valores de Q dotados de sinais iguais aos dos correspondentes a h. 19 Prof Roberto Zampieri 20 O valor de ΔQ é calculado pela seguinte expressão: Usando-se a Fórmula de Hazen e Williams: n = 1,85. Em um anel, introduzindo-se desse modo a correção de vazão, ΣQ tende a se anular, sem se alterar a condição pré-estabelecida de que ΣQ = O em cada nó. 20 Prof Roberto Zampieri 21 (i) Com as vazões compensadas assim obtidas, recalcula-se o valor de Σhf. Deste, resulta uma nova vazão de compensação , ΔQ, e consequentemente uma nova distribuição de vazões nos trechos. Repetem-se sucessivamente as tentativas até se obter um valor Σhf satisfatoriamente próximo de zero. Tem-se, então, a distribuição de vazões procurada. 21 Prof Roberto Zampieri 22 22 Prof Roberto Zampieri 23 23 Prof Roberto Zampieri 24 (j) Conhecidos os diâmetros e vazões de cada trecho, resultam, imediatamente, as correspondentes velocidades de escoamento. Se, em algum trecho, a velocidade resultante for excessiva, faz-se uma modificação criteriosa de diâmetro na rede e recalculam-se as vazões. (k) Conhecidas as cotas piezométricas da água nos pontos de alimentação da rede (cotas piezométricas nos reservatórios ou na chegada das adutoras) resultam, imediatamente, as cotas piezométricas e as pressões disponíveis nos diversos pontos da rede. Se essas pressões forem inadequadas, modifica-se criteriosamente o sistema: 24 Prof Roberto Zampieri 25 ou alterando-se as cotas piezométricas nos pontos de alimentação da rede (por exemplo, a altura dos reservatórios); ou fazendo-se alteração de diâmetro em trechos da rede. Nesta última hipótese, tem-se que recalcular a rede. 25 Prof Roberto Zampieri 26 Considerações práticas sobre a aplicação do método (a) Em uma rede, geralmente existem vários anéis dispostos contiguamente, de modo que um dado trecho pode pertencer, simultaneamente, a dois anéis. Consequentemente, a compensação das vazões em um anel acarreta a decomposição do anel contíguo, no trecho que lhes é comum. No trecho BC: Qinicial = 20,00 l/seg 1ª. compensação do anel I ΔQI = -1,52 1/s 1ª. compensação do anel II ΔQII = 1,30 1/s 26 Prof Roberto Zampieri 27 Para que, nos nós extremos do trecho contíguo (B e C do exemplo) a condição ΣQ = O ainda se mantenha inalterada, a correção nesse trecho é feita por superposição das correções parciais referentes aos dois anéis. Exemplo: Primeira compensação: Trecho BC do anel (I): QB_C= + 20,00 - 1,52 - 1,32 = 17,16 l/s Trecho CB do anel (II): QC_B= - 20,00 + 1,30 + 1,52 = - 17,16 l/s 27 Prof Roberto Zampieri 28 (b) Para facilitar os cálculos, a rede de distribuição real é criteriosamente substituída por uma rede esquematizada, com menor número de anéis. Para isso, deixa-se de considerar as canalizações de pequeno diâmetro, que pouco influam no funcionamento do conjunto. Além disso, pode-se diminuir o número de anéis por meio da substituição de conjuntos complexos de canalizações por uma tubulação equivalente. (c) O método de Hardy-Cross é particularmente indicado para o dimensionamento dos condutos principais de uma rede com traçado em circuito. É extraordinariamente prático para diversas condições de "carregamentos" (por exemplo, para diversas posições de incêndios). 28 Prof Roberto Zampieri 29 29 Prof Roberto Zampieri 30 30 Prof Roberto Zampieri 31 31
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