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Texto Complementar 04 EEC - Cerrado e Pampa

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BIOMAS BRASILEIROS: O CERRADO E O PAMPA 
 
Atrás apenas da Amazônia, o Cerrado é segundo maior bioma brasileiro e da América do Sul. Ocupa 
cerca de 22% do território nacional, o que representa uma área de mais de dois milhões de quilômetros 
quadrados. Em adição, na sua área habitam cerca de 28 milhões de pessoas. O cerrado está 
predominantemente distribuído no centro-oeste do país; contudo, ocorre em estados localizados em 
praticamente todas as regiões do Brasil, excetuando-se a região Norte. 
Em essência, o Cerrado é considerado uma formação complexa de savanas (ou seja, uma formação 
tropical campestre que também contém formações florestais), sendo a savana mais rica do planeta. Possui 
características de transição entre ambientes áridos (como a Caatinga) e úmidos (como as Florestas Tropicais 
Úmidas, por exemplo, a Mata Atlântica). O Cerrado apresenta um complexo de formações: as veredas – 
formação na qual há fontes de água e se destacam os buritis, os campos de gramíneas, os campos de altitude 
em áreas de afloramentos rochosos, além de matas de galeria (formações florestais existentes nas margens dos 
rios), o Cerradão (um cerrado com árvores de grande porte e maior densidade destas em relação às poucas 
gramíneas presentes), formações brejosas, entre outros. 
Tanto a fauna quanto a flora do Cerrado apresentam várias espécies endêmicas (= espécies nativas e 
restritas a uma determinada região). A flora apresenta mais de 5 mil espécies endêmicas e é representada por 
plantas como o pequi (Caryocar brasiliense), a palmeira buriti (Mauritia flexuosa), o ipê (Tabebuia sp.), o capim 
dourado (Singhnantus sp.), entre outros. A fauna de vertebrados em geral contém um número expressivo de 
espécies endêmicas; dentre os invertebrados, merecem menção a existência de mais 800 espécies de abelhas 
típicas deste bioma, bem como mariposas da família Arctiidae. O Cerrado possui duas estações bem definidas: 
uma estação seca e fria, a qual inicia em maio e se estende até setembro, e outra úmida e quente, ocorrente de 
outubro a abril. Em adição, o fogo tem sido um fator de importante impacto na vegetação do cerrado, desde os 
povos ancestrais que o usavam em práticas como a caça, manipulação de frutos, entre outras práticas, até os 
dias atuais. 
Infelizmente, menos de três por cento da área do Cerrado está coberta por áreas de proteção ambiental, 
a qual corre sério risco de diminuir ainda mais. O Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba, por exemplo, 
está ameaçado em ter o seu tamanho reduzido para dar espaço a hidrelétricas. 
 
Reconhecido como bioma apenas neste século, o Pampa - também conhecido como Campos do Sul - 
engloba grande parte do estado do Rio Grande do Sul e parte dos estados de Santa Catariana e Paraná. Possui 
237 mil quilômetros quadrados e cerca de 9,6 milhões de habitantes ocupam a região. 
O Pampa é predominante campestre e possui alto grau de endemismo em decorrência de sofrer 
influência das florestas tropicais do Brasil Central e da Mata Atlântica, bem como das formações florestais 
temperadas do sul da América do Sul. Há registros de quase 500 espécies de aves e quase uma centena de 
mamíferos, dentre os quais cerca de um quarto é estritamente relacionada aos hábitats campestres. Além dos 
campos, há também formações florestais como manchas isoladas de florestas - também conhecidas como 
capões de mata, bem como matas de galeria. Cabe salientar a grande variedade de ambientes aquáticos 
ocorrentes neste bioma, tais como banhados, turfeiras, campos inundáveis, lagos e lagunas. 
Podemos citar o veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o graxaim do campo (Lycalopex 
gymnocercus), o tuco-tuco (Ctenomys sp.), o quero-quero (Vanellus chilensis) e o joão-de-barro (Furnarius rufus) 
como representantes da fauna do Pampa. A flora comporta um número expressivo de gramíneas, leguminosas, 
compostas e até cactáceas, muitas das quais são endêmicas. O clima é subtropical úmido, ou seja, já se 
distingue mais claramente as quatro estações do ano em contraste às estações seca e úmida presentes nas 
áreas tropicais do país. 
Há cerca de 150 espécies ameaçadas da flora do Pampa, e menos de três por cento dos campos 
naturais do Rio Grande do Sul estão dentro de unidades de conservação. 
 
 
Bibliografia Consultada: 
 
Oliveira, P.S. & Marquis, R.J. (eds.) 2002. The Cerrados of Brazil: Ecology and Evolution of a Neotropical 
Savannah. Columbia University Press, New York, 398p. 
Scarano, F.R., Santos, I.L., Martins, A.C.I., Silva, J.M.C., Guimarães A.L. & Mittermeir R.A. (eds.). 2012. Biomas 
Brasileiros: Retratos de um País Plural. Casa da Palavra e Conservação Internacional, Rio de Janeiro, 
326p. 
Scariot, A., Souza-Silva, J.C. & Felfili, J.M. (orgs.) 2005. Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação. 
Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 430p.

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