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Historia Geologica da Bahia- LIVRO

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2
R u b e n s A n t o n i o 
3
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
História Geológica da Bahia
2010
4
R u b e n s A n t o n i o 
5
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
História Geológica da Bahia
Rubens Antonio
Salvador - Bahia 
2010
6
R u b e n s A n t o n i o 
Editoração e Projeto Gráfico: 
Izabel Cristina de Oliveira Delmondes
Ilustrações e Fotografias: 
Pelo autor, à exceção das pinturas retratando personagens históricas e daquelas em 
que estejam indicadas outras fontes.
Revisão Ortográfica: 
Francisco Baptista Duarte
S58 Silva Filho, Rubens Antonio da
 História Geológica da Bahia / Rubens Antonio da Silva Filho. --
Salvador: CBPM, 2010.
 192 p.: il. color. – (Série Publicações Especiais; 8).
 ISBN – 978-85-85680-40-4
 
 1. Geologia Regional – Bahia. 2. Historia Geológica – Bahia. 
 3. Geologia. 4.Paleoambientes. 5. Paleontologia. I. Bahia Governo 
do Estado. II.CPRM – Serviço Geológico do Brasil. III. SBG – Sociedade 
Brasileira de Geologia. IV. Título.
 CDU: 55 (814.2)
 CDD: 558.142
7
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
Governo do Estado da Bahia
Jaques Wagner 
Governador
Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração
James Silva Santos Correia 
Secretário
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM
Hari Alexandre Brust 
Diretor Presidente
Rafael Avena Neto 
Diretor Técnico
Vinícius Neves Almeida 
Diretor Administrativo e Financeiro
Jorge Eduardo Pereira Maron 
Gerente de Publicações
Sociedade Brasileira de Geologia — SBG
Aroldo Misi 
Presidente - Núcleo Bahia/Sergipe
CPRM - Serviço Geológico do Brasil
Agamenon Sérgio Lucas Dantas 
Diretor-Presidente
Manoel Barretto da Rocha Neto 
Diretor de Geologia e Recursos Minerais
José Ribeiro Mendes 
Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial
Fernando Pereira de Carvalho 
Diretor de Relações Institucionais e Desenvolvimento
Eduardo Santa Helena 
Diretor de Administração e Finanças
“Geologia? Pois o Visconde andava a es-
tudar Geologia? Verdade, sim. O Visconde 
descobrira entre os livros de Dona Benta um 
tratado dessa ciência e pusera-se a estudá-la 
— a ciência que conta a História da Terra, 
não da Terra-Mundo, mas da Terra-terra, da 
Terra-chão. E, de tanto estudar, ficou com 
um permanente sorriso de superioridade 
nos lábios — sorriso de dó da ignorância 
dos outros.
— Ele já entende de Terra mais que tatu! 
— dizia a boneca.
— Primeiro — disse o grande sábio — temos 
de abrir um curso de Geologia. Sem que 
todos saibam alguma coisa da História da 
Terra, não podemos pensar em poço. Como 
já li esta Geologia inteira, proponho-me a 
ser o professor... (...) A Geologia é a História 
da Terra. Tudo que aconteceu desde o nas-
cimento deste nosso Planeta se acha escrito 
nas rochas que o formam. A Terra é uma 
rocha, uma bola de pedra. Como nasceu? 
Temos de adivinhar, porque nenhum de nós 
assistiu a isso. Uns imaginam que foi dum 
jeito. Outros imaginam que foi de outro jeito. 
Vou contar como nós, sábios, imaginamos o 
nascimento da Terra.”
“O poço do Visconde” 
Monteiro Lobato
Ao geólogo, poeta, doutor, professor, incentivador e divulgador científico, Benjamim 
Bley de Brito Neves, que abraçou este projeto apaixonadamente;
a Laelson Dourado Ribeiro, que, enquanto Coordenador de Mineração da Secretaria da 
Indústria, Comércio e Mineração, assumiu este projeto com apreço e carinho;
aos diretores técnicos da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, Moacyr Moura Ma-
rinho e Rafael Avena Neto, que ofereceram, em suas gestões, seus apoios decisivos;
a Manoel Barreto da Rocha Neto, diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM 
- Serviço Geológico do Brasil, pelas suas sensibilidade e ação determinantes para a 
realização desta publicação;
aos presidentes da Sociedade Brasileira de Geologia - SBG - Núcleo BA- SE, Aroldo Misi, 
Carlos Coelho e Augusto Pedreira, que, em suas gestões, tanto lutaram por este projeto;; 
ao geólogo Augusto José de Cerqueira Lima Pedreira da Silva, pelas inúmeras discus-
sões e sugestões;
a Jorge Eduardo Pereira Maron, gerente de publicações da Companhia Baiana de Pes-
quisa Mineral - CBPM, pela atuação decisiva na reta final desta publicação;
à artista plástica Izabel Cristina de Oliveira Delmondes, pelo empenho, carinho e pro-
fissionalismo, no amanhecer e desenvolvimento deste projeto;
à produtora Alexsandra Pinheiro e ao designer gráfico Uiler Costa Santos, que atuaram 
neste projeto, em momentos específicos e decisivos, com diligência e zelo profissionais;
à empresa Ecológica, especialmente nas figuras de Eduardo Cesana e Sonia Delmondes 
que em muito apoiaram esta publicação;
aos meus colegas amigos da Coordenação de Mineração, Albert, Ana, Ana Cristina, 
André, Domingos, Graça, Luis Carlos, Magno, Paulo Brito, Rita, Ueldon e Wilton;
a Antonio Marcos Vitória de Moraes, Herbet Conceição, José Carlos Cunha, José Maria 
Landim Dominguez, Juracy de Freitas Mascarenhas, Luiz César Corrêa Gomes, Luiz 
Eduardo Anelli, Paulo César Raimundo Brito, Paulo Henrique de Oliveira Costa, 
Raymundo José Bulcão Fróes, Sergio Russo Matioli, Shirley Folchi Ferreira, Teresa 
Di Monaco, Thomas Rich Fairchild e Válter Mônaco Conceição Filho, pelas sugestões 
e incentivo.
A Jules Verne, cuja “Viagem ao Centro da Terra” encaminhou-me rumo às aventuras 
de um Mundo tão belo, indicando ao menino que fui o rumo da História Natural;
a Carl Edward Sagan, que me possibilitou resgatar e ampliar aqueles momentos, através 
de um diálogo lírico com a Ciência;
a Fernando César Pamplona, professor de História na minha infância, pela dedicação 
aos seus alunos, apontando a mim, além do caminho da História, o da amplitude 
maior da relação professor – alunos;
a Walter da Silva Ramos, professor de Física na minha juventude, aplicado e abnegado 
no dia-a-dia, sinalizando as seriedade e entrega a que um profissional pode chegar;
a Célia Gomes, Maria Helena Ochi Flexor, Maria Vidal de Negreiros Camargo e Sofia 
Olzewsky Filha, Historiadoras da Arte, que, através de belas discussões, reafirmaram 
em mim as sendas do Tempo;
a Hermes Augusto Verner Inda, pioneiro na iniciativa que transformou a Bahia em um 
tradicional produtor de publicações relacionadas às Geociências;
a Gélbio Melo Fagundes Rocha, colega e amigo que abraçou, estimulou, acompanhou, 
criticou, sugeriu, discutiu o caminho que deveria ser percorrido por este livro;
a minhas alunas e meus alunos, com os quais partilhei tantas descobertas, sintam-se 
representados nos nomes de Ana Márcia Miranda de Muniz Santana, Bruna Mota 
Pamponet, Cristiane Batista Pinto, Dan Loureiro Nascimento, Laryssa Gonçalves de 
Andrade e Márcia Cristina Teles Xavier;
aos cientistas referenciais em tantos trabalhos geocientíficos, aqui representados nos 
nomes de Benjamim Bley de Brito Neves, Djalma Guimarães, Fernando Flávio Mar-
ques de Almeida, John Casper Branner, Josué Camargo Mendes, Kenitiro Suguio, 
Orville Adelbert Derby, Othon Henry Leonardos, Peter Wilhelm Lund, Setembrino 
Petri, Victor Leinz e Wilhelm von Eschwege.
àqueles que vêem aqui refletido algo dos seus esforços e produtos.
por Rubens Esteves de Oliveira e Silva 
por Teresa Di Monaco
por Rubens Esteves da Silva 
por Maria do Carmo Silva
por Rubens Antonio da Silva 
por Noga Lima da Silva
por Maria Helena Lima da Silva 
por Dharana Gaia e Isaac Victor
por José Henrique Lima da Silva 
por Mônica Athaides 
por Pedro Henrique e Lucas Henrique
por Você...
Escultura por Galego - Campo Formoso
Apresentação
O Estado da Bahia guarda a excepcional condição de possuir uma das mais longas e 
representativas histórias geológicas do planeta. Juntando-se a esta, uma extensa tradi-
ção de estudos permitiu irmos além da já profícua exploração de nossos bens minerais. 
Ampliou-se, em muito, graças aos nossos terrenose estudiosos, a compreensão da evo-
lução do próprio planeta.
A contemplação desta verdadeira riqueza, cuja abrangência toca a um público muito 
mais vasto que as comunidades geocientífica e mineradora, não deve permanecer restrita 
às suas óticas. Isto, posto ser uma característica dos estados mais avançados aumentar 
a velocidade com que as informações científicas transitam de laboratórios até o saber 
coletivo. O reconhecimento social do trabalho científico passou mesmo a ser entendido 
como um elemento crucial para o desenvolvimento de uma Sociedade. Daí haver sur-
gido a necessidade de uma obra que divulgasse este conhecimento, e que, escapando 
aos jargões, migrasse para uma expressão mais simples, ampla e de fácil compreensão, 
sem sacrifício do rigor científico.
O trabalho ora apresentado é fruto desta concepção, constituindo uma integração sintéti-
ca que agrega cerca de cinco décadas de esforços para o entendimento da nossa História 
Geológica. Trata-se de um projeto abraçado e referenciado pela Sociedade Brasileira de 
Geologia – SBG – Núcleo Bahia / Sergipe, à qual se juntaram, em parceria, a Compa-
nhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM e o Serviço Geológico do Brasil – CPRM.
Desta maneira, amplia-se e se aprofunda a divulgação do estado de arte do conhecimento 
atual dos nossos terrenos, materializado pela disponibilização deste oitavo volume da 
Série de Publicações Especiais da CBPM. Este vem oferecer aos interessados uma fonte 
referencial que tende a aumentar em muito a amplitude e o grau de conhecimento da 
Sociedade sobre a trajetória do nosso chão. Assim, facilita-se a todos o entendimento de 
uma antiga e ampla interrelação entre Vida e o meio natural, que aponta, entre outras 
coisas, para um profundo respeito que se eleva, após a leitura deste texto, naturalmente, 
diante do nosso patrimônio natural geológico.
 Agamenon Sérgio Lucas Dantas Hari Alexandre Brust Aroldo Misi 
 Diretor Presidente - CPRM Diretor Presidente - CBPM Presidente - SBG-BA-SE 
“Desce à cratera do Yocul de Sneffels, que a sombra 
do Scartaris vem beijar, antes das calendas de julho, 
viajante audaz, e tu chegarás ao Centro da Terra.
 Assim eu fiz.
 Arne Saknussemm”
Viagem ao Centro da Terra
Jules Verne (1828 - 1902)
Sumário
A Distância dos Eruditos 15
O Tempo Geológico 19
A História Geológica da Bahia 23
Epifania 187
16
R u b e n s A n t o n i o 
“As rochas estratificadas das montanhas 
são todas antigos leitos depositados 
um após o outro. Se um dilúvio tivesse 
carreado estas conchas por tão longas 
distâncias, a partir do mar, carrearia 
outros objetos naturais, amontoando-os. 
O fruto de um dilúvio estaria misturado 
e separado por lama, não em degraus 
e leitos regulares. Estas formas fósseis 
são antigos organismos enterrados em 
um tempo anterior às montanhas terem 
se elevado. Deve-se presumir que esses 
lugares eram costas.”
Leonardo Di ser Piero da Vinci 
(1452-1519)
“Não é, por certo, em virtude de um plano 
determinado que os átomos se juntaram por 
uma certa ordem, ou combinaram entre si, 
com exatidão, os movimentos que teriam. Mas, 
depois de terem sido mudados de mil modos 
diferentes através de toda a imensidade e terem 
sofrido pelos tempos eternos toda a espécie 
de choques, depois de terem experimentado 
todos os movimentos e combinações possíveis, 
chegaram finalmente a disposições tais que foi 
possível constituir-se tudo o que existe.
Continuamente se renova o Universo e vivem 
os mortais de trocas mútuas. Aumentam umas 
espécies, diminuem outras, e, em breve espaço, 
se substituem as gerações de seres vivos e, como 
os corredores, passam uns aos outros o facho 
da vida.”
Titus Lucretius Carus 
(99 - 55 aC)
17
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
A DiStânciA DoS EruDitoS
ontemplando-se os progressos realizados nas Geociências, percebe-se que raramente 
uma porção expressiva deste saber chega de maneira clara e apropriada à população 
em geral. E isto independe do grau de instrução e cultura, pois até estudiosos costu-
mam ter dificuldade de acesso e entendimento em relação a outras áreas. Ignoram-se 
belas trajetórias e referências do Saber, ou delas se sabe de maneira equívoca. Por que 
aconteceria de uma realidade imensamente interessante não dispor, muitas vezes, de 
atratividade e divulgação necessárias e eficazes para a população em geral?
Há uma distância incomensurável entre o que está escrito em publicações técnicas e o 
que profissionais outros, por mais cultos que sejam, possam entender. Não obstante o 
grau de interesse do tema, tais textos são geralmente obras de iniciados para iniciados. 
É claro que é fundamental uma Ciência, plena de termos próprios de difícil apreensão, 
conversar consigo mesma. Através do seu jargão, deve falar para dentro, sem o que, 
conforme Glénisson lembrou, o Conhecimento acaba por sofrer de anemia, perder toda 
substância, correndo-se o risco de recair na lenda ou na especulação gratuita. Porém, 
as Academias que não levam suas contribuições aos leigos, com esclarecimentos sobre 
seus descobertas e azares, podem se tornar reféns do mesmo poço dos despautérios. 
Tem-se que falar também para fora simultaneamente. Quando não compartilhamos 
os avanços obtidos, comportamo-nos como uma elite com conhecimentos agregados e 
empilhados em um limbo qualquer, como se o que temos descoberto só a nós interes-
sasse. Isto quando a primeira regra declarada de conduta, conforme o filósofo Baruch 
Spinoza deveria ser sempre falar de maneira compreensível ao povo, porque cientistas 
têm que continuar a ser cidadãos.
Temos que simplificar constantemente nossos produtos, guardando-se a devida pre-
cisão, e emitir o Conhecimento para os leigos. Assaltadas assim as distâncias, aquele 
também virá ao Conhecimento. Afinal, quantas pessoas passam, por exemplo, diante 
de um prédio sabendo ali situar-se uma instituição científica e o que ali se desenvolve? 
C
18
R u b e n s A n t o n i o 
Beirando o trágico... Quantas pessoas sabem o que é uma instituição científica? Lem-
bro um comentário de Carl Sagan, sobre a Biblioteca de Alexandria: “Ali a Ciência e 
o estudo eram um estanco de poucos privilegiados. A grande população não fazia a 
mínima ideia das grandes descobertas feitas ali dentro. Os novos achados não eram 
explicados ou popularizados. O progresso ali feito pouco os beneficiava. A Ciência não 
fazia parte das suas vidas. As façanhas intelectuais da época tinham pouca aplicação 
prática. A Ciência nunca capturava a imaginação das multidões. Por isso, quando a 
turba veio incendiar este lugar, ninguém foi capaz de detê-la.”
A Ciência é bela. Os cadernos e livros em que é lançada deveriam ter linhas como 
aquelas mesmas das partituras musicais. Assim deveriam ser escritas as expressões 
matemáticas, enunciados físicos, reações químicas, considerações termodinâmicas, 
dissertações geológicas, argumentações paleontológicas, tudo enfim. Cientistas, toca-
mos nossos instrumentos, e a melodia que se eleva não serve somente ao nosso delei-
te. A audiência tem que mais que ouvir, verdadeiramente sentir a sinfonia com que 
traduzimos o Universo. Temos que oferecer produtos consistentes e compreensíveis à 
e pela Sociedade. A Ciência não pode ser prisioneira de prédios anônimos, distantes 
entre gramados, ocultos entre árvores, contemplados por segundos. Nela não só deve 
funcionar somente a Razão, mas deve também pulsar a Emoção, a Arte da Humani-
dade. Isto porque a Ciência tem que ser mais que o esforço honesto para inquirir sobre 
a Natureza, assumido por Alfonso Ferrari. Tem que apontar para uma grandeza, que 
emerge de uma Ideia Interna. Os Conhecimentos devem, confirmando sua validade, 
retornar e espalhar-se pela Humanidade.
Toda Ciência tem que apontar sua rota uma busca de um Saber ainda mais profundo 
quetemos que partilhar sempre, para que, acima de tudo, possamos encontrar a ver-
dadeira magnitude do nosso olhar o em-torno. Tenhamos a percepção clara do plane-
ta vivo que é esta nossa Terra, que jamais repousa, deslizando lentamente entre uma 
eternidade e outra, refém desses dois abismos que são o passado profundo e o futuro 
insondável. Sigamos este fluir em silêncio, em sua lentidão acentuada e a sua inexora-
bilidade afiada, que da união de pequeninos grãos faz montanhas, e dessas a semente 
do leito de novas águas fundas. Sublinhemos que, neste nosso Universo, vivemos um 
Pluriverso no qual geração e destruição constantes resumem de maneira excepcional 
sua trajetória. Conjugamos com nosso planeta sermos passageiros em um volteio maior, 
no qual se impõe este fluir mais lento que o crescer das nossas unhas ou cabelos, no 
19
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
idêntico aparentemente sereno dia-a-dia, que se forjou a Eternidade. Nesta, terremotos, 
vulcões, maremotos, surgem como apenas acordes mais audíveis para todos, enquanto o 
fundamental é lentíssimo para a escala da mais longa vida humana. As ondas, o mover 
paulatino das grandes placas que compõem a litosfera terrestre, o vento, a chuva, são 
os verdadeiros remos desta nossa modesta nau.
“Viver é agir”, como aafirmou Rousseau, e precisamos que cuidar do nosso jardim, como 
percebeu Voltaire. Temos que romper imobilismos, divulgar, contatar a nós mesmos e 
difundir valores. Compete e é nossa obrigação não só questionar, avançar, descobrir, 
como divulgar e compartilhar os produtos desta nossa missão. Temos que escapar ao 
hermetismo e difundir Conhecimento e a Consciência mais viva que esse deve provo-
car. Ciência tem que ser, simultaneamente, formiga laboriosa e cigarra encantadora.
É parte desta função este resumo do conhecimento atual da História Geológica da Bahia 
que traz também referências geológicas e paleontológicas de outras regiões, as quais 
possam permitir um melhor entendimento dos estágios por nós atravessados. Trata-
se, em um senso amplo, de uma História Natural dos nossos terrenos da qual foram 
limados os termos técnicos mais pesados, sendo sempre acompanhados de imagens de 
visualização simples, numa dimensão da realidade simplificada, porém consistente e 
tangível. Sabemos que a realidade do que aconteceu faria o atual limite estadual ser 
jogado de forma extremamente dinâmica, não só de um lado para o outro, como tam-
bém para cima e para baixo, perseguindo as situações existenciais de complexidade 
infinita. Realizaram-se, portanto, inferências necessárias, porém permanecendo-se 
sempre na órbita do rigor necessário. Oferece-se assim o estado de arte da Ciência da 
Terra, em relação aos nossos terrenos, o mais preciso possível. É o cerne da provocação 
que deve ser emanada dos estudiosos em Geociências, em relação a toda a Humanida-
de. Nela palpita a apreensão de que, quando Herácleitos, filósofo helênico no século VI 
aC, colocou que um ser humano não consegue banhar-se mais de uma vez no mesmo 
rio, porque o rio já correu, transformando-se em outro, e o próprio ser humano já se 
modificou, devemos ir além. Aquele solo, aquela rocha, sobre os quais ele pisou também 
ainda são, mas também já não são os mesmos. Tudo está. Nada é. Como não reconhecer 
nisso o afirmar-se da colocação preciosa de Mary Shelley? “Nada perdura, a não ser 
a instabilidade.”
Há, porém, algo de uma profunda e bela inesquecibilidade... Esta é a lição maior que 
o decifrar do segredo das rochas está a trazer.
20
R u b e n s A n t o n i o 
“Aqueles que proclamam que os fósseis são 
partes de organismos vivos não parecem 
estar muito longe da verdade. (...) Quando 
qualquer estrato é formado, toda a matéria 
se deposita num fluido, e, ao tempo em que 
o estrato inferior foi formado, nenhum dos 
estratos superiores existia. (...) Os estratos, 
mesmo os perpendiculares ou inclinados 
em relação ao horizonte, eram, no início, 
paralelos ao horizonte. (...) A matéria 
que forma cada estrato era contínua na 
superfície da Terra, a menos que algum 
outro corpo sólido obstruísse o caminho. 
(...) Se um corpo ou descontinuidade corta 
outro estrato deve ter se formado após esse 
estrato.”
Nicolaus Stenonius (1638-1686)
“Todo este mundo visível é apenas um traço 
imperceptível na amplidão da Natureza, que 
nem sequer nos é dado conhecer mesmo de 
modo vago. Por mais que ampliemos nossas 
percepções e as projetemos além dos espaços 
imagináveis, concebemos tão-somente 
átomos em comparação com a realidade 
das coisas.”
Blaise Pascal (1623 - 1662)
21
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
o tEmpo GEolóGico
erguntemo-nos quanto a um bom porto do qual partamos, para que cheguemos a 
uma melhor compreensão do que foi e é a História Geológica.
Para conhecermos uma montanha é melhor partirmos do cume para a base ou ascender-
mos dos baixios até o ponto mais alto? Devemos olhar bem de perto ou de longe? Para 
conhecermos a montanha é certo limitarmo-nos a ela? Podemos, caso avancemos mais 
sobre tais questões, mergulhar, no dizer de Nietzsche, em abismos que se enroscam.
Podemos partir da atualidade ou assentar nossa jornada com raízes no tempo muito 
antigo em que estes terrenos eram juvenis. Esta segunda via, acaba subdividindo-se 
em duas vertentes, que são, em primeiro lugar, iniciarmos a partir das rochas mais 
antigas encontradas nestes terrenos, a outra, que é lançarmos mão da referência maior 
que é a Origem da Terra. Se não há a via perfeita, há teorias que permitem que elimi-
nemos os hiatos e complementemos coerentemente a História que antecede os registros 
que dispomos.
Inclinemo-nos pela proposta de trabalhar a concepção dos terrenos baianos desde os 
instantes mais remotos até a atualidade. Partamos das idades originais terrestres, se-
guindo uma visão evolutiva, sem perder de vista o agora, elevando um diálogo constante 
de processo evolutivo e suas consequências, refletidos nas grandes montanhas, planaltos, 
planícies e abismos que vemos atualmente. Olhemos para o marco que é origem do 
nosso planeta, locada há cerca de 4,56 bilhões de anos.
Estaremos a trabalhar com o que Stephen Jay Gould denominou Tempo Profundo, que, 
conforme ele lembra, é tão difícil de compreender, tão alheio à nossa experiência comum, 
que permanece sendo uma grande pedra no caminho de nosso entendimento.
Compreendermos o problema dos abismos do Tempo Profundo não é difícil. 
22
R u b e n s A n t o n i o 
Se olhamos para uma pessoa e falamos “Dez!”, todos sabem escrever o número um se-
guido do zero. Visualizarmos a sua manifestação em objetos e outros elementos é simples. 
Basta, por exemplo, olharmos os dedos das mãos. Se dizemos “Cem milhões!”, todos 
nós sabemos acrescentar oito zeros à unidade, sem maior espanto. Para “um bilhão de 
anos”, os nove zeros vêm fáceis. É de simploriedade extrema pegar um papel, uma ca-
neta, e escrevermos. Mas, conforme muito propriamente observou o cientista Stephen 
Jay Gould, já estaríamos, para esses casos, na esfera do Tempo Profundo, e “sentir na 
pele o Tempo Profundo já é bem outra coisa”. Não há como pegar ou respirar, imagi-
nar ou perceber, domar esse Tempo Profundo, pois estão longe de nós todas as chaves 
para que possamos entendê-lo.
É com essa referência de tão difícil trato que estamos lidando, mas uma boa imaginação 
a seu respeito é fundamental, para quem quer, se não entender, ao menos sentir algo 
do percurso da História Geológica. Dominado pela imponência esmagadora do Tempo 
Profundo, o Tempo Geológico é tão exterior às nossas cotidianidades que devemos ter 
uma paciência considerável no seu trato. É fundamental não perdermos de vista o senso 
prático, ao colaborarmos, na busca do sentimento do que foi o seu fluir e efeitos.
A divisão do Tempo em unidades, que são Éons, Eras, Períodos, Épocas, é um instru-
mento fundamental da História Geológica.A sua estruturação se dá através de uma 
Tabela do Tempo Geológico, cujos principais referenciais são adotados como convenção 
prática aceita em escala mundial.
Por certo, um esforço intenso acabou resultando numa Tabela do Tempo Geológico. 
Por não haver uma sincronia absoluta, em escala mundial, existindo hiatos locais de 
tempo, unem-se os esforços de uma grande quantidade de geocientistas. Assim surgiu 
a Tabela do Tempo Geológico a seguir, que é continuamente aprimorada conforme 
vão se reconhecendo localidades referenciais para o seu estabelecimento. Esta é a sua 
condição mais recente, na busca do entendimento do que foi e é o Tempo Geológico, 
expressa em nomes e números. Mas, para corretamente entendê-los, temos mais que 
sabê-los. Urge senti-los
23
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
 
Éon Era Período Época Milhões de anos
 Quaternário Holoceno 0,01 a atualidade
 Pleistoceno 2,6 a 0,01
 Cenozoico Neógeno Plioceno 5,3 a 2,6
 Terciário Mioceno 23,0 a 5,3
 Oligoceno 33,9 a 23,0
 Paleógeno Eoceno 55,8 a 33,9
 Paleoceno 65,5 a 55,8
 Cretáceo 145,5 a 65,5
 Mesozoico Jurássico 199,6 a 145,5
 Triássico 251,0 a 199,6
 Permiano 299,0 a 251,0
 Carbonífero 359,2 a 299,0
 Paleozoico Devoniano 416,0 a 359,2
 Siluriano 443,7 a 416,0
 Ordoviciano 488,3 a 443,7
 Cambriano 542,0 a 488,3 
 
 Neoproterozoico 1.000 a 542,0
 Mesoproterozoico 1.600 a 1.000
 Paleoproterozoico 2.500 a 1.600
 Neoarqueano 2.800 a 2.500
 Mesoarqueoano 3.200 a 2.800
 Paleoarqueano 3.600 a 3.200
 Eoarqueano 4.000 a 3.600
 
 Azoico Hadeano 4.560 a 4.000
 
F
a
n
e
r
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z
o
ic
o
Tabela do Tempo Geológico - 2009 
P
ro
te
ro
zo
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A
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u
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n
o
24
R u b e n s A n t o n i o 
“Tudo está em estado de mudança, desde o 
topo da Montanha até a praia do Oceano. 
Nada é necessário para que as mudanças 
aconteçam, a não ser o Tempo... Não 
há qualquer vestígio do começo. Não há 
qualquer perspectiva de um fim.”
James Hutton (1726-1797)
“O filósofo, entregue às suas conjecturas, pode 
supor que a animalidade possua um embrião 
que passou por uma infinidade de organizações 
e de desenvolvimentos... que se afasta ou que 
se afastará deste estado... e desaparecerá para 
sempre da Natureza ou, melhor, nela continuará 
existindo, porém sob forma e faculdades 
completamente distintas. Um indivíduo começa, 
cresce, vive, perece e passa. Não sucederá o 
mesmo em todas as espécies? O tempo, que não se 
detém, deve colocar à larga, entre as formas que 
existiram há muito, as que existem hoje e as que 
existirão, a maior diferença. E o “Nada de novo 
sob o céu” não é mais que um prejuízo fundado 
na debilidade de nossos órgãos, na imperfeição 
de nossos instrumentos e na brevidade de nossa 
vida.”
Denis Diderot (1713 - 1784 )
25
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
In Temporalibus: A História Geológica da Bahia
dentremos a seqüência que reconstitui o passo-a-passo 
trilhado por nossos terrenos. São basicamente textos 
aliados a imagens paleogeográficas, isto é, que evocam 
a configuração antiga dos nossos terrenos e mares. Cada 
uma delas busca trazer ao observador uma visão não só 
do seu momento, como da continuidade de um instante 
a outro, marcando um processo infindo.
Acompanham-nas textos simplificados, de entendimento 
fácil, aos quais podem ser facilmente associadas.
Ressalve-se que a História Geológica foi bem mais 
complexa do que a síntese do conhecimento atual que expomos. Entretanto, o cará-
ter simplificado destas imagens, os saltos indutivos e de interpretação efetuados são 
referenciais condizentes à realidade e ao que o Conhecimento Científico atualmente 
entende como tendo efetivamente ocorrido.
O lançamento, na História Geológica, de muitas referências à Vida foi realizado em 
função do entendimento da interrelação profunda entre ambas. Assume-se, assim, que 
não há História Geológica que não seja, na sua real abrangência, também História 
Natural, e mesmo, no final das contas, enfim, uma profunda a Filosofia Natural.
“Do que jamais decai, como alguém escaparia?” 
Heracleitos - Grécia - século VI aC
27
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
4,56 Bilhões de Anos Atrás (Nascimento da Terra)
nosso caminho iniciou-se quando as nu-
vens colossais de poeira e gás de uma nebulo-
sa foram perturbadas por um evento como a 
explosão de alguma estrela. A nebulosa teria 
começado a girar e se comprimir, enquanto 
se aquecia, até que a concentração crescen-
te fez com que o seu grande glóbulo central 
iniciasse a fusão nuclear. A pequena estrela 
amarela Sol acendeu-se, cercada por seus 
protoplanetas, satélites, asteroides e cometas, 
em suma o Sistema Solar. Nele, a formação da Terra deu-se através da agregação de 
planetesimais, formando um planeta já sólido e consideravelmente frio, variando a sua 
temperatura máxima de 80 a 100 ºC. Qualquer fusão teria acontecido restritamente, 
em pequena escala, relacionada aos impactos constantes de um bombardeio meteoríti-
co. A separação de materiais se deu no estado sólido, com os mais pesados afundando 
em direção ao centro do planeta, individualizando e regularizando a crosta, o manto 
e o núcleo. Precisamente esta sua estrutura interna estar definida representou o nasci-
mento do nosso planeta.
Uma outra visão propõe uma “origem quente” para a Terra, em que, devido à pressão, 
à rotação e impactos de planetesimais e meteoritos, chegara a um aquecimento tal que 
provocara sua fusão. Neste contexto catastrofista, há aqueles que propõem que um pro-
toplaneta do tamanho de Vênus, Tellus, teria sido atingido por outro do tamanho de 
Marte, Theia. O impacto teria provocado uma grande fusão das rochas ainda não tão 
consolidadas, fazendo com que uma grande massa de rocha fundida fosse atirada ao 
espaço. Esta teria formado a Lua, cuja superfície teria se solidificado entre 4,5 e 4,44 
bilhões de anos atrás.
28
R u b e n s A n t o n i o 
A formação da estrutura da Terra, há 4,56 
bilhões de anos, define o instante reconhecido 
como o do nascimento do nosso planeta.
A Crosta tem espessura média, nos oceanos, de 
10km, com máximos de 25 km. Nos continentes, 
sua espessura média é de 40 km, com espessuras 
máximas sob cordilheiras variando entre 60 e 
80km. 
O Manto, estende-se até 2900 km de profundida-
de. Divide-se em Superior e Inferior, ambos sóli-
dos, com uma camada intermediária entre 400 
e 650km, a Astenosfera, que possui 2% de seu 
material fundidos.
Entre 2900 e 5100 km está o Núcleo Externo, que 
é pastoso, composto por ferro e níquel fundidos. A 
última unidade é o Núcleo Interno, também com-
posto por Ferro e Níquel, porém sólidos. O centro 
da Terra está a 6357 km de profundidade.
Mapa Bouguer da Bahia
Feito a partir de registros de valores de gravidade, 
torna-se um verdadeiro retrato das profundidades 
da Crosta em nossos terrenos. A cor azul indica as 
áreas do domínio de bacias sedimentares, portanto 
mais pesadas. Nelas a Crosta afunda profunda-
mente no Manto.
A vasta região azul no centro do Estado é domi-
nada pela Chapada Diamantina
e pelo Espinhaço. A nordeste, o núcleo azul é ex-
pressão da Bacia do Recôncavo Baiano.
É indicada,nessas bacias sedimentares, uma pro-
fundidade máxima de 42 quilômetros.
Fonte: Companhia de Pesquisa dos Recursos Mi-
nerais - CPRM
29
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
A movimentação dos continentes resulta da dimensão, da estrutura, da rotação do nosso planeta e de o 
seu interior ser um grande emissor de calor. A energia térmica oriunda das profundezas tende sempre a 
escapar rumo à superfície, enquanto os continentes bloqueiam sua saída. Isto faz com que se acumule 
tensão sob eles, que, afinal, os obriga a se deslocarem ou até se partirem, permitindo que o calor acu-
mulado possa escapar mais facilmente. Acima, nesta imagem da NASA - EUA, vemos a distribuição das 
placas atuais, com limites em amarelo. As partes em verde azulado claro, contornando os continentes, 
são áreas continentais submersas e não oceânicas. A crosta oceânica aparece nos azuis escuro e claro.
As placas são formadas pela Crosta e pelo Manto Superior, que se movimentam sobre o Manto Inferior. 
utilizando a Astenosfera, que é uma região entre as duas partes do Manto com 2% de rocha fundidos. 
Crosta
Manto Superior
Astenosfera
Manto Inferior
31
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
4,56 a 4,0 BilhõES DE AnoS AtráS (hADEAno)
primeiro período da Terra mostrou a atmosfera formada especialmente por gases e 
vapores vulcânicos, com seus primeiros cem milhões de anos, dominados pela queda, 
em nosso planeta, dos planetesimais. A reflexão de 60% da luz solar fazia com que a 
luminosidade que atingia a superfície do nosso planeta equivalesse a entre 30 e 40% da 
atual. Dominavam nossa atmosfera o Hidrogênio, o Hélio, e os gases ácidos clorídrico, 
fluorídrico e sulfídrico, óxidos de enxofre e de carbono, além de metano e amoníaco e 
a água ainda sob a forma de vapor. O Hidrogênio e o Hélio foram escapando para o 
espaço, até 4,47 bilhões de anos atrás, quando se esgotaram. O oxigênio livre perma-
necia nulo e a água só existia juvenil, isto é, a emanada de vapores vulcânicos, tornan-
do a atmosfera submetida completamente à nebulosidade. A baixa insolação garantiu 
temperaturas mais amenas, permitindo chuvas intensas, formando lagos imensos, logo 
tornados mares. Pode-se falar na existência de oceanos entre 4,4 e 4,3 bilhões de anos 
atrás, apesar de bem diferentes da atualidade. Exibiam dominantes em suas águas os 
óxidos de Silício, de Ferro e de Carbono, além dos de Cálcio e Magnésio. 
Alguns autores propõem que um bombardeio meteorítico provocava fraturas e afun-
damentos enormes na frágil crosta juvenil, causando grandes efusões de lava. As ro-
chas organizavam-se em pequenas placas superficiais de até setenta quilômetros de 
diâmetro, que eram arrastadas e afundavam facilmente nas camadas inferiores. Tudo 
isto em tal intensidade e velocidade que provocava uma rápida reciclagem. Isto numa 
Terra em que a rotação, em sua origem, era tão alta que em três horas se completava 
um dia, o que fazia com que um ano tivesse, nesse momento, 2935 dias.
Entre 100 e 300 milhões de anos após a origem da Terra, provavelmente, já havia con-
dições de surgimento da Vida. Entretanto, alguns autores entendem que a grande ins-
tabilidade, fruto especialmente de impactos meteoríticos, até 4,2 bilhões de anos atrás, 
ainda conseguiam até mesmo vaporizar o oceano e eliminar a Vida mais antiga. Esta 
só deve ter-se tornado um fenômeno estável perto de 4,0 bilhões de anos atrás.
33
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
4,0 a 3,4 BilhõES DE AnoS AtráS (EoArquEAno - pAlEoArquEAno)
bombardeio meteorítico arrefecera, e as trocas entre as camadas rochosas acontecia 
em um ritmo mais lento. Há 3,5 bilhões de anos, formaram-se os primeiros pequenos 
protocontinentes mais duradouros. Se, atualmente, temos uma Crosta continental com 
40 km de espessura média, mal chegava então a 10km na média. Nas áreas de crosta 
oceânica, cuja composição ia se diferenciando cada vez mais da continental, a espessura 
permanecia com não muito mais que 1 km, em média, bem diferentes dos atuais 15 
km em média. Essas primeiras rochas que formavam o nosso planeta foram destruídas 
pelos processos geológicos, só restando identificáveis seus componentes de resistência 
extrema, destacando-se o mineral denominado zircão. Constitui o registro mais anti-
go dos primeiros tempos da Terra, datados de entre 4,14 e 3,96 bilhões de anos, para 
alguns encontrados no Canadá. Os minerais mais antigos da Bahia foram encontrados 
em carbonados, que são diamantes de baixa qualidade, de Andaraí, podendo atingir 
4 bilhões de anos de idade. Isto nesses nossos terrenos que não passavam de ilhas com 
grandes lagos e mares internos. Eram comuns fraturamentos com dezenas de quilô-
metros de comprimento, formando corredores de afundamentos com forma de baixa-
das alongadas. Lavas muito fluidas aproveitavam desses fraturamentos para chegar 
à superfície, escorrendo intensamente. O nosso principal núcleo antigo era o Bloco de 
Lençóis, unidade primeira dos nossos terrenos, uma massa de unidade frágil, exibindo 
indicativos constantes dessa instabilidade.
Há 4,0 bilhões de anos, o oceano já era dominado por uma Vida que, através da fo-
tossíntese anóxida, transformava o enxofre liberado prlos vulcões em sulfato. Há 3,5 
bilhões, a iluminação solar, filtrada por altos percentuais de CO2, vapor d’água e me-
tano, reduzia-se a 85% da atual. A temperatura mantinha-se com média entre 30 e 
50 ºc. Foi nesse momento que a Vida começou a liberar oxigênio, via fotossíntese. Os 
antigos oceanos solfatados passaram a ser sulfetados. O oxigênio, limitado a 1/7.000 
da concentração atual, apenas ocorria em quantidade maior em pequenos oásis.
35
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
3,4 a 3,3 BilhõES DE AnoS AtráS (pAlEoArquEAno - mESoArquEAno)
ra ainda um momento dominado por um processo de transformação rápida. Golfos e 
mares intracontinentais eram ambientes de baixa circulação das águas. Em suas pro-
fundezas eram depositadas grandes quantidades de areias a argilas, que só os entupiam 
pois essa carga era contrabalanceada por afundamentos intensos dessas bacias. E este 
afundamento tornou-se tão expressivo que, acompanhando uma invasão ainda mais 
acentuada de águas, através de rede de fissuras, emergiu magma abundante. Derrames 
de lava eram despejados também intensamente nos fundos marinhos, sendo encontra-
dos seus representantes nas regiões de Contendas, Boquira, Brumado, Irajuba e Jequié.
Além disso, a distensão dos terrenos acabou favorecendo a penetração de magma me-
nos fluido, tipo granítico, transformado nos maciços de Boa Vista - Mata Verde, Serra 
dos Meira e Boa Sorte, além de, a oeste, o Sete Voltas, localizados entre as cidades de 
Anagé, Vitória da Conquista e o Rio de Contas. O Maciço Boa Vista - Mata Verde tem, 
em seu interior, algumas das rochas, mais antigas datadas na Bahia, que atingem 3,44 
bilhões de anos de idade.
No centro-norte da nossa porção microcontinental primeira, o Bloco de Lençóis, iniciou-
se um grande processo de quebra. Este evento podia ser bem visualizado pela sequência 
de lagos dominados pelas fraturas e afundamentos alinhados.
Encontram-se na Austrália os mais antigos indicadores de vida em nosso planeta, com 
3,465 bilhões de anos. A partir desses elementos, alguns estudiosos entendem que a 
vida surgira entre 4,0 e 3,8 bilhões de anos atrás. É ainda provável que a origem da 
vida não tenha se restringido a um único evento ou processo, e que ainda tenha-se dado 
naturalmente mais de uma vez. Isto quando, por esse momento, a nova atmosfera já 
permitia uma insolação de 70% a atingir nosso planeta.
36
R u b e n s A n t o n i o 
Este é um fragmento da rocha mais antiga encontrada em 
nosso planeta, sendo, porém, uma extraterrestre.
É o Meteorito Allende, descoberto no México.
Sua datação permitiu fixarmos a origem do nosso Sistema 
Solar e, portanto, da Terra em 4,568 a 4,566 bilhões de anos. 
Fonteda imagem: commons_wikimedia
Os resquícios mais antigos do passado baiano datam de 3,6 bilhões de anos. São fragmentos de 
um mineral denominado zircão que resistiram, enquanto os outros minerais das rochas mais 
antigas foram intemperizados. As rochas baianas mais antigas que persistiram, apesar de muito 
deformadas e refundidas em nível diverso, datam de 3,44 a 3,20 bilhões de anos. Estão dispersas 
desde o centro-sul do Estado, nas imediações de Brumado e Aracatu, subindo por Macajuba, 
Várzea do Poço, Mairi, Mirangaba, Piritiba, Lajedinho, Itaetê, Iramaia, Miguel Calmon, Ituaçu, 
Jacobina, Caldeirão Grande, Senhor do Bonfim, até a região de Juazeiro. Na imagem acima, 
a porção cinzento - azulada mais escura tem 3,44 bilhões de anos de idade, localizando-se no 
Município de Brumado. Foto gentilmente cedida pelo geólogo José Carlos Cunha - CBPM.
37
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
O gnaisse Acasta, do Canadá, visto ao lado, 
nesta amostra do Museu Geológico de Shi-
rokawa - Japão, é a rocha mais antiga encon-
trada no Mundo, com 3,96 bilhões de anos. 
Há, entretanto, indicações de uma amostra 
de gnaisse, da Província de Slave, também no 
Canadá, com 4,006 bilhões de anos.
Fonte das figuras: Superintendência de Geolo-
gia e Recursos Minerais - SGM - Bahia
As primeiras rochas surgidas na Terra já não mais existem, pois foram 
destruídas pelos eventos posteriores. De algumas delas restaram apenas 
os minerais mais resistentes, que são os zircões. Estes foram encontrados 
no Canadá, tendo entre 4,14 e 3,96 bilhões de anos de idade. Há datações, 
entretanto, que atingem até entre 4,4 e 4,3 bilhões de anos, para zircões 
encontrados na Austrália. Na Bahia as datações mais antigas podem estar 
nos minerais contidos em carbonados , que são diamantes de baixa cris-
talização, do Município de Andaraí: 3,8 ±1,8 a 3,3 ±0,7 bilhões de anos.
38
R u b e n s A n t o n i o 
Ser Geólogo é, antes de tudo, ter 
a necessidade de conviver com a 
Natureza, não como uma escolha 
pessoal. É como uma espécie de 
desígnio, para que mostremos 
aos humanos que a Natureza 
deseja ser decifrada, pois, ao 
compreendê-la, saberemos ao que 
viemos.
A sua sabedoria está no fato de 
que, ao tentarmos decifrá-la, ela 
nos fornece condições e meios 
para produzirmos bens e serviços 
de utilidade para nós mesmos, 
como uma espécie de recompensa 
pelo esforço de sabermos ao que 
viemos. A sabedoria da natureza 
também está no fato de ela nos 
transmitir que nem tudo que 
produzimos ou que fazemos é 
perfeito, deixando muito claro que 
só ela é perfeita.
Ao tentarmos decifrá-la com 
sofreguidão, produzimos muitos 
erros, sendo estes erros uma maneira 
sutil de ela nos ensinar que a pressa é 
inimiga da perfeição.
Como ela deixou transparecer 
para Isaac Asimov, um belo dia a 
humanidade dirá: Fiat Lux!
E então saberemos a que viemos.
Juracy de Freitas Mascarenhas 
Geólogo - formado em 1963
39
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
Ser Geólogo é ser sempre um curioso acerca 
dos fenômenos responsáveis pela formação e 
evolução do Mundo em que vivemos.
É deslumbrar-se com um pôr-de-Sol no campo, 
com os espeleotemas de uma caverna, com 
uma cachoeira ou uma paisagem da Chapada 
Diamantina.
É tentar dividir estas satisfações com outras 
pessoas, comunicar descobertas, esclarecer 
dúvidas...
É saber que Geologia não é apenas pesquisar 
minerais... É viver a Terra. 
Augusto José de Cerqueira Lima Pedreira da 
Silva - Geólogo - formado em 1966
41
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
3,3 a 3,1 BilhõES DE AnoS AtráS (pAlEoArquEAno - mESoArquEAno)
 reflexo do momento, em nossos terrenos, era o aumento da presença de fendas 
enormes, com afundamentos generalizados de áreas imensas. Isso provocava, ao longo 
dessas regiões que rebaixavam, avanços maiores de grandes braços de novos mares. O 
quadro era especialmente dramático nas profundidades dos mares localizados nas regi-
ões de Brumado, Contendas, Mundo Novo e Jacobina onde ocorriam grandes intrusões 
e derrames de lava. Essas manifestações significam, para o nosso contexto, que andava 
a passos largos a implantação de uma crosta oceânica. Portanto, a tendência era de o 
esfacelamento ser efetivamente assumido pelos nossos terrenos juvenis. Aquela primeira 
e instável conjunção parecia tender a deixar de existir em breve.
O nosso Bloco de Lençóis teve inclusive sua porção nordeste quebrada, e que passara a 
iniciar uma jornada de afastamento. Era o pequeno Bloco de Mairi. Entre ele e a parte 
principal do Bloco de Lençóis instalava-se gradativamente o proto-oceano de Mundo 
Novo.
Os vulcões ainda despejavam produtos diversos nas águas oceânicas, mas algo mudara, 
pois os óxidos de Silício e de Ferro começaram a ser depositados, criando acumulações 
nos fundos dos Oceanos e Mares. Ao mesmo tempo, a atmosfera se modificava vagarosa-
mente, com o Nitrogênio com participação crescente, chegando a 55%, enquanto o Gás 
Carbônico caíra a 20% do total. Esse evento é indicador de que iniciara a Vida, a qual 
começara a influenciar no ambiente como um todo, alterando-o, através da fotossíntese. 
Se o Oxigênio livre, para esse momento, simplesmente mantinha-se nulo, era porque 
todo aquele que fora produzido era ainda empregado na transformação dos antigos 
compostos que estavam dissolvidos nas águas, fazendo com que se precipitassem.
43
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
3,1 a 3,0 BilhõES DE AnoS AtráS (mESoArquEAno)
tingiu a região um momento em que os mares, em processo de oceanização, pareciam 
apontar para a cisão irremediável do nosso antigo núcleo continental. O Bloco Mairi 
era a porção que se vira separada do Bloco de Lençóis, e que ia ainda afastando-se 
com rumo nordeste. Entretanto, este, que parecia ser o rumo de um estilhaçamento 
da nossa ilha, era já quase o ápice desse processo. Afinal, os esforços que levaram ao 
fraturamento e afundamento dos terrenos, com a invasão dos mares, começaram a 
arrefecer, apesar de serem ainda tempos de apogeu dessa dinâmica.
As lavas emergiam ainda abundantes das grandes fendas vulcânicas submarinas, der-
ramando-se no fundo desses pré-oceanos, enquanto também eram despejados diversos 
compostos químicos naquelas águas. Mas a composição dos oceanos alterava-se rapi-
damente. Os óxidos de Silício e de Ferro se mantinham dissolvidos com cada vez maior 
dificuldade, passando a formar depósitos cada vez mais espessos nos fundos oceânicos. 
A Vida primitiva surgira, trazendo consigo a fotossíntese, começou a absorver gás car-
bônico e liberar oxigênio. Isso provocou a oxidação do Ferro, que começou a afundar, 
alternando-se com a sílica, provavelmente devido a mudança de estações. Isto por estas 
inibirem ou estimularem a fotossíntese. Originavam-se as formações ferríferas que, em 
nível mundial, tornaram-se as principais fontes atuais de Ferro. O pequeno excedente 
de oxigênio chegava, há 3,0 bilhões de anos, à atmosfera, agregando-se localmente, 
atingindo 1/1000 da sua concentração atual.
A dinâmica caía cada vez mais, apesar de ser ainda muito intensa, comparando-se 
com nossa atualidade. A Terra chegara a 3,2 bilhões da anos atrás com um dia de seis 
horas e um ano de 1447 dias. Mas, com a diminuição da sua velocidade de rotação, os 
dias passaram a ter sete horas, enquanto o ano ficou reduzido a um total de 1235 dias 
há 3,0 bilhões de anos.
44
R u b e n s A n t o n i o 
Ser Geólogo é escutar o coração da Terra, e sentir que ela só é azul por fora porque por 
dentro é verde.
Gélbio Melo Fagundes Rocha 
Geólogo - formado em 1978
45
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
Ser Geólogo é realizar a aventura do 
descobrimento, concretizar o sonho de 
criança da busca do tesouro, ver oceanos 
onde há montanhas, olhar o passado e 
vislumbrar o futuro.”.
Raymundo José Bulcão Fróes 
Geólogo - formado em 1970
Ser Geólogo é poder compreendermelhor os diversos fenômenos que ocorrem em nosso 
Planeta. É poder expandir esta compreensão ao estudo futuro de outros planetas, vindo 
(quem sabe?), um dia, a entender melhor o Universo que nos cerca.
Antonio Marcos Vitória de Moraes 
Geólogo - formado em 1969
Ser Geólogo é amar a incógnita, vibrar 
e se realizar quando ela deixa de ser 
interrogação, tornando-se a satisfação da 
descoberta. Ver um Geólogo discorrendo 
sobre a forma e as composições da Terra 
é fascinante. Expressam-se com paixão 
e entusiasmo, em relação à profissão. 
É muito interessante ver o brilho nos 
seus olhares quando falam de Geologia, 
independentemente dos percalços no 
Mercado de Trabalho
Selma Ferreira Nhan - Secretária de 
empresa de Geologia desde 1996
Ser Geólogo é lidar com as Ciências da Terra, com o senso de investigação, e divulgar, 
para os afetos, nossas conclusões, visando definir o subsolo, a superfície visível, inclusive 
descobrir riquezas minerais, metálicas ou não, e mesmo produtos energéticos, que 
possam ajudar a Sociedade a ter uma vida melhor.
Paulo César Raimundo Brito 
Geólogo – formado em 1975
47
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
3,0 a 2,8 BilhõES DE AnoS AtráS (mESoArquEAno)
tendência anterior de distensão e esfacelamento 
dos nossos terrenos deixara de existir. Invertera-se a 
situação e uma compressão cada vez maior passara 
a ser dominante. Os afundamentos deixavam de ser 
favorecidos e tendiam a deixar de existir. Em con-
sequência, os antigos mares internos foram sendo 
eliminados. O mesmo fenômeno não só eliminava, 
aos poucos, os mares e suas respectivas bacias de 
deposição, como fazia com que os sedimentos que 
estavam em suas profundezas fossem comprimidos. 
As antigas argilas e areias foram sendo comprimidas 
e cada vez mais enrijecidas, transformando-se em 
rochas que eram empurradas para cima. Logo esta-
vam se transformando na matéria-prima de novas 
montanhas, num processo de eliminação gradativa 
daqueles nossos mares das regiões de Boquira, Ibia-
jara, Riacho de Santana.
Neste mesmo momento, juntando-se ao quadro de 
intensa compressão, a leste, no Oceano Arqueano, 
um novo componente adentrara a cena. Avançando 
em direção ao nosso Bloco de Lençóis, começava a marcar sua presença uma nova 
grande ilha. Deslizava lentamente, passando a participar do espetáculo, o também 
nosso Bloco do Jequié.
Em termos mundiais, há indicativos de que aconteceu uma grande glaciação há 2,9 
bilhões de anos, a Glaciação Pangola, sem evidências em nossos terrenos. Isto enquanto 
a nossa atmosfera apresentava volume de Nitrogênio de 75% e o CO2 caíra a 15%, com 
a iluminação solar que atingia a superfície representando 80% da atual.
49
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
2,8 a 2,7 BilhõES DE AnoS AtráS (nEoArquEAno)
ntensificando-se aos poucos, com apogeu há 2,7 
bilhões de anos, deu-se afinal um choque entre o 
Bloco do Jequié e o Bloco de Lençóis, provocando 
o acentuamento da compressão. A força do evento 
foi tal que, ultrapassando a magnitude de cho-
que, o Bloco do Jequié viu-se unificado ao Bloco 
de Lençóis. A porção Norte-Nordeste do conjunto, 
o Bloco de Mairi, que antes estava se destacando, 
retornara em direção à sua origem, acabando por 
recompô-lo.
As bacias de outrora, onde estavam instalados os 
mares e proto-oceanos, foram eliminadas. Seus 
sedimentos, comprimidos a extremos, elevaram-se, 
enrijeceram-se, tornaram-se serras.
No processo de choque dessas antigas grandes 
ilhas, suas bordas acabaram mergulhando sob as 
outras, sendo levadas algumas das suas partes para profundidades muito maiores. Em 
função disso, muito do seu material acabou fundindo-se, transformando-se em novo 
magma.
A leste, ainda fora do nosso campo de visada, o grande provocador da compressão, 
a arqueo-África avançava paulatinamente em nossa direção, provocando um grande 
amarrotamento do piso oceânico vizinho. Em seu litoral, como fruto desse mesmo 
amarrotamento da crosta, surgira um arco-de-ilhas, com aparência similar à do Ja-
pão atual.
I
50
R u b e n s A n t o n i o 
Rocha típica de derrame vulcânico em ambiente submarino, datada de 2,9 bilhões de anos. - Município 
de Brumado - Bahia. Amostra gentilmente cedida por José Carlos Cunha – Companhia Baiana de Pes-
quisa Mineral.
Os vulcões foram comuns no passado dos 
nossos terrenos. Uma herança preciosa 
que aqueles eventos turbulentos deixaram 
é uma parte expressiva do nosso minério 
de Ouro. Originalmente, estava disperso 
em rochas vulcânicas, que foram intem-
perizadas e erodidas. Transportado, seguiu 
a tendência natural desse bem mineral, 
agregando-se sob a forma de pepitas. - Mu-
nicípio de Santaluz - Imagem gentilmente 
cedida por Franklin Teixeira - Companhia 
Baiana de Pesquisa Mineral.
51
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
Associação de imagens obtidas a partir de satélite, destacando-se uma serra quartzítica, localizada na 
região de Irajuba. É o resultado do processo que comprimiu, dobrou e redobrou areias que se depositaram 
no fundo de um antigo mar interior. Transformou-se em uma referência da amplitude dos fenômenos 
geológicos, assim como a megaestrutura aproximadamente circular com cerca de 12 quilômetros de di-
âmetro, vista ao alto à direita, localizada na região de Brejões. É um falso domo, tratando-se também de 
resultado do severo dobramento. - Imagens originadas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
- Embrapa e do Projeto Radam - Brasil.
Esboço exibindo a conformação 
da camada que forma a Serra 
quartzítica de Irajuba. Suas 
areias quartzosas, originalmen-
te depositadas no fundo de uma 
bacia sedimentar, foram defor-
madas, dobradas, e submetidas 
a novo esforço, redobrando-se. 
Sua configuração final redobra-
da estabeleceu-se há 2,7 bilhões 
de anos.
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HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
2,7 a 2,6 BilhõES DE AnoS AtráS (nEoArquEAno)
 presença de granitos penetrando as profundezas dos nossos terrenos tornara-se 
bem maior. Era o resultado da fusão de partes dos blocos que foram empurradas para 
profundidades ainda maiores, sob porções dos outros blocos. Ali, as antigas rochas íg-
neas e sedimentares fundiram-se a níveis diversos, originando o magma que produziu 
novos granitos, geralmente, para este momento, ainda bem marcados pela compressão.
Fenômenos assim são comuns na dinâmica das placas que compõem a crosta terrestre. 
Isto porque, quando duas placas se chocam, a tendência é de que, acompanhando os 
ajustes de superfície, uma acabe mergulhando sob a outra. Se duas placas continentais 
chocam, a mais pesada, que é aquela que estiver sendo empurrada pela maior placa 
oceânica, terá suas bordas mergulhadas sob a outra, até que se fundam. Se o choque é 
entre uma placa oceânica e uma continental, a oceânica afundará. Entre duas placas 
oceânicas, afundará a maior.
A união final dos Blocos de Lençóis, Mairi e Jequié estabelecia um bloco uno, que perma-
nece com a designação primeira de Bloco de Lençóis ou Bloco Gavião. Esse quadro marca 
o encerramento do Ciclo Jequié, o formador do cerne juvenil dos nossos terrenos.
Mas, de maneira nenhuma a tranqüilidade se estabeleceria. A nordeste, no Oceano 
Arqueano, aproximava-se um novo participante para a ação, uma outra importante 
ilha. Era o Bloco Serrinha que vinha de encontro ao nosso grande Bloco de Lençóis, 
enquanto, a leste, a grande placa continental da arqueo-África entrava em choque 
com o arco de ilhas que era seu vizinho, na sua jornada em nossa direção. O Bloco de 
Serrinha e a arqueo-África seriam partícipes do novo ciclo que logo iniciaria e afetaria 
intensamente nossos terrenos..
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R u b e n s A n t o n i o 
A fotossíntese libera oxigênio nos oceanos, transformando moléculas solúveis de Ferro, que tiveram origem 
vulcânica, em insolúveis de Ferro, precipitando-o, sob a forma de Formações Ferríferas, cujas proporçõesprecipitadas aparecem em laranja no gráfico acima. A precipitação, entre 3,5 e 2,0 bilhões de anos atrás, 
mostra o crescimento acentuado dessa atividade. Cerca de 2,2 bilhões de anos atrás, uma grande glaciação 
cerceou a Vida, diminuindo a fotossíntese e a precipitação do Ferro. Superada esta situação, há 1,8 bilhão 
de anos não havia mais Ferro solubilizado nos oceanos. Um novo momento veio no Criogeniano, quando 
novas glaciações vigorosas cercearam a Vida e a fotossíntese entre 850 e 630 milhões de anos atrás. O 
oceano voltou a acumular Ferro solúvel, que, após seu término, precipitou-se novamente.
O surgimento e a proliferação da Vida, com seres usando de fotossíntese anóxida, provocou a sulfatação 
dos oceanos. A partir de 3,5 bilhões de anos atrás, com o surgimento dos seres fotosintetizantes que libe-
ravam oxigênio, o oceano tornou-se sulfetado, em profundidade. Praticamente todo esse oxigênio liberado 
via fotossíntese era consumido na transformação das moléculas solúveis em insolúveis de Ferro, precipi-
tando-o. Há 2 bilhões de anos, quando todo o Ferro já fora precipitado no fundo oceânico, sob a forma 
de Formações Ferríferas, sobrou Oxigênio, começando o oceano a se tornar cada vez mais oxigenado.
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HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
A Formação Ferrífera bandada é uma das primeiras evidências da presença da Vida em nosso planeta 
e como da flagrante interferência que ela exerce sobre a Terra. As faixas cinza são de mineral de ferro 
depositado devido à atividade dos seres fotossintetizantes. Quando a fotossíntese era, por alguma razão, 
diminuída ou cerceada, decrescia ou parava a deposição de Ferro, passando a dominar a deposição mate-
rial silicoso. - Município de Caetité. Amostra gentilmente cedida por Plínio Melchiades de Oliveira Veiga.
Acima, primeiramente, o momento em que a 
ausência de oxigênio nas águas permitia que o 
Ferro emanado dos vulcões permanecesse solu-
bilizado. A presença de Vida fotossintetizante 
começou a liberar Oxigênio nas águas, oxidan-
do o Ferro, que começou a se depositar. Final-
mente, quando todo o Ferro fora depositado, 
há 2 bilhões de anos, com os mares e oceanos 
oxigenados, o Oxigênio pode ser acumulado 
na atmosfera. Ao lado, alternância de leitos de 
depósitos de Ferro oxidado e, quando a fotos-
síntese estava cerceada, de sílica, indicação das 
oscilações rítmicas no nosso passado.
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HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
2,5 BilhõES DE AnoS AtráS (pEríoDo SiDEriAno DA ErA pAlEoprotErozoicA)
ovimentos expressivos ainda aconteciam, mas não eram mais marcados pela antiga 
tendência compressional, que estava presente no choque e integração do Bloco do Jequié 
ao de Lençóis. Reinstalara-se um quadro do relaxamento dos terrenos, o que começou 
a provocar grandes afundamentos, que apareciam com destaque em duas regiões. A 
primeira ia desde as proximidades de Juazeiro, rumo sul, até cerca de Mundo Novo, re-
presentando a Bacia de Jacobina. A segunda, alongava-se pelas proximidades de Vitória 
da Conquista, no sentido Norte, até Iramaia, caracterizando a Bacia Contendas-Mirante. 
Instalavam-se, mais uma vez, paisagens dominadas por grandes fendas, afundamentos 
que progrediam rapidamente. Rios corriam para esses baixios, que começaram a ser 
preenchidos por lagos, enquanto um fluxo intenso dirigia-se para o seu interior. Era um 
imenso corredor, uma grande calha, para a qual acorriam sedimentos.
Mais a sul, nesse eixo de afundamento, o processo permitiu avanços paulatinos do mar, 
enquanto um vulcanismo intenso de caráter explosivo sublinhava os novos tempos. 
Nesse contexto, o Bloco de Lençóis, apesar de consideravelmente uno, tinha suas partes 
orientais se destacando, com personalidade apreciável. Sua porção oriental inferior ain-
da configurava o Bloco do Jequié, enquanto a porção oriental superior se referenciava 
como o Bloco de Mairi.
Nas águas dos mares e oceanos mundiais acontecia o apogeu da deposição de formações 
ferríferas, num processo que ainda consumia todo o Oxigênio liberado pela fotossíntese, 
oxidando o Ferro e precipitando-o. Consumido quase completamente nesse processo, 
permanecia a atmosfera praticamente sem a sua presença expressiva, que se resumia 
no máximo, laguinhos esparsos de Oxigênio, sobre a superfície terrestre.
M
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HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
2,4 BilhõES DE AnoS AtráS (pEríoDo SiDEriAno DA ErA pAlEoprotErozoicA)
 dinâmica geológica fez com que, a sudeste, o Mar Contendas-Mirante se impusesse, 
avançando, pela porção central dos nossos terrenos enquanto suas águas eram tumul-
tuadas por explosões vulcânicas violentas.
A nordeste, uma ilha, o Bloco de Serrinha progredia cada vez mais em direção à parte 
dos nossos terrenos que se separava do nordeste do Bloco de Lençóis, isto é, o pequeno 
Bloco de Mairi. Em primeiro lugar, isso fez surgir, próximo ao Bloco de Serrinha, um 
arco-de-ilhas. Mas logo aquele piso oceânico, assim tensionado, afinal, partiu-se e sua 
borda oeste afundou e mergulhou sob a borda leste do Bloco de Mairi. Isto provocou seu 
soerguimento, enquanto a região um pouco mais interior desse bloco afundava.
O afundamento interior significou um incremento da implantação da Bacia de Jacobi-
na que, com sua continuidade sul, a Bacia Contendas-Mirante, passavam a configurar 
uma Grande Calha de Deposição de Sedimentos.
A Bacia de Jacobina apesar de constituir ainda um ambiente claramente continental, 
afundava rapidamente, tornando-se um receptáculo cada vez mais ativo, para o qual 
corriam rios diversos e grandes fluxos sedimentares. Marcando sua dinâmica intensa, 
deslizamentos eram uma constante nas suas encostas marginais. Constituiu-se aí um 
ambiente de recepção e agregação de sedimentos com teor considerável de ouro.
A nordeste, no Bloco ou Ilha de Serrinha, seu interior também começou a sofrer uma 
flexura, com afundamentos e abertura de fendas. Por estas começou a surgir lava bem 
fluida, o que significa que estava em implantação rápida uma crosta de piso oceânico, 
portanto, de natureza bem diferente daquela que aparecia no Mar Contendas-Mirante, 
que era continental. Portanto, o Bloco de Serrinha apresentava um avanço do mar que 
era marcado por um processo de oceanização.
A
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R u b e n s A n t o n i o 
"O interesse da Geologia, a partir do momento onde a estratificação das camadas do 
terreno pode aparecer como resumo da História, é trazer uma espécie de confirmação 
histórica do ser... A Terra pode ser apreendida como um paradigma daquilo que, no ser, no 
nível psíquico e histórico, se cria, por sucessão de tempo, numa série, por vezes, descontínua 
de pressões, de movimentos de sedimentação e erupção. Vista assim, a Terra parece 
não apenas como cenário da aventura humana, mas como partícipe de sua História, 
guardando nela, sob forma fossilizada, os estigmas dos estágios passados."
Monique Schneider - Psicanalista 
"Demorou muito até que os seres humanos viessem a compreender que qualquer 
verdadeira Teoria da Terra deve sustentar-se sobre provas fornecidas pela própria Terra, 
e que nenhuma teoria pode ser adequadamente formulada até que um grande corpo de 
evidências tenha sido acumulado."
Archibald Geikie (1835 - 1924)
61
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
"Como foi que os cientistas puderam reconstruir o surpreendente passado da Terra? 
Com adivinhações? Não. Foi lendo, ou melhor, decifrando o Livro das Rochas, que 
eles conseguiram saber a época em que as várias classes de animais e de plantas se 
estabeleceram na Terra, e qual foi a ordem do seu aparecimento e a sucessão do seu 
avanço... O Livro das Rochas é o maior e o mais estranho de todos os livros que o homem 
conhece. De acordo com certos geólogos, tem a grossura de uns cem quilômetros. Começa 
de trás para diante, pois suas primeiras páginas ficam, justamente, onde costumam 
estar as últimas páginas dos livros comuns... isto é, na parte de baixo.""Viagem à Aurora do Mundo"
Érico Veríssimo (1905 - 1975)
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HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
2,3 BilhõES DE AnoS AtráS (pEríoDo rhyAciAno DA ErA pAlEoprotErozoicA)
 Mundo vivia um momento de grande 
proliferação de intrusões magmáticas que 
se solidificaram em camadas ou leitos.
Nos nossos terrenos, o avanço do Bloco de 
Serrinha , além de desenhar mais clara-
mente seu arco-de-ilhas litorâneo, empur-
rava ainda mais a placa oceânica por sob o 
Bloco Mairi. Isto reforçava o afundamento 
entre ambos, ganhando mais força a bacia 
de sedimentação de Jacobina.
Aos poucos, implantava-se o Mar Jacobina, enquanto um magmatismo muito fluido 
avançava no Bloco de Serrinha. Isto indica que aquele mar recém-surgido rumava para 
se tornar um oceano
Eventos similares também ocorriam na porção sul da Grande Calha. Ali, o Mar Con-
tendas-Mirante prosseguia seu avanço com lavas também muito fluidas mostrando a 
tendência à oceanização.
Some-se a isto o nosso centro-norte ter sido também afetado por este grande amarro-
tamento produzia outros vales de afundamento associados, caracterizando a Baía do 
Sobradinho, com penetração de águas e lavas de características fluidas. Seguia, por-
tanto, a tendência geral à oceanização.
A tendência era, aparentemente, o despedaçamento dos nossos terrenos em várias 
ilhas.
O
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HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
2,2 BilhõES DE AnoS AtráS (pEríoDo rhyAciAno DA ErA pAlEoprotErozoicA)
 instante é o do apogeu do contexto proto-oceânico, mas marca também o momento 
em que este processo começava a ser revertido. As bacias mostravam uma tendência 
ao recuo das águas e a serem atingidas por cada vez mais sedimentos, iniciando um 
processo de soterramento. Isto poderia ser observado pelo surgimento de grandes deltas 
e aumento dos grandes deslizamentos, em que a chegada de sedimentos não era mais 
compensada pelos afundamentos.
O Bloco de Serrinha, em seu avanço, finalmente chocou-se contra o arco-de-ilhas que o 
separava do Bloco de Mairi, enquanto o vulcanismo nas suas águas perdia o caráter de 
proto-oceano. O piso oceânico que penetrava sob o Bloco de Mairi fundiu-se, também 
provocando um vulcanismo menos fluido e muito mais explosivo e intenso. Os grandes 
corpos magmáticos gerados já não mostravam característica de estarem anunciando 
formação de piso oceânico, mas sim assoalho de mar, portanto continental.
Mantidos nossos terrenos sob uma grande compressão, fica logo claro que o grande 
provocador de toda essa tensão era claramente o avançar da arqueo-África em nossa 
direção. Esta avançava paulatinamente, formando, à sua frente, um arco-de-ilhas si-
milar ao do Japão atual.
Uma outra referência deste momento é a ocorrência de uma glaciação muito intensa, 
que teve manifestações iniciais a partir de 2,4 bilhões de anos atrás, com apogeu datado 
de entre 2,22 e 2,2 bilhões de anos atrás. Foi a Glaciação Huroniana.
O
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R u b e n s A n t o n i o 
Corte exibindo o choque de entre 2,2 e 2,0 bilhões de anos atrás das placas da arqueo-Bahia, que apa-
rece como grandes ilhas separadas por mares ou proto-oceanos, e da arqueo-África, que aparece à direi-
ta. Litorais mais próximos aos continentes dispõem de uma sequência de plataforma continental, com 
mergulho de 1°, seguida pelo talude, com seu mergulho de 4°, pela elevação continental, com mergulho 
de 2°, e pela planície abissal, com mergulho de 1°. Em caso de choques como este surgem fossas, cujos 
mergulhos são assimétricos, sendo mais acentuados, atingindo cerca de 5° no limite do continente mais 
leve, que, para este choque era o nosso, e 10° a 16° para o mais pesado, que era a arqueo-África, cujos 
limites mergulharam sob a placa baiana. É esta a verdadeira configuração dos abismos oceânicos cujo 
exemplo mais profundo, atual, atinge 11.034 metros de profundidade.
67
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
Ser Geólogo era ter coragem de se 
debruçar sobre o abismo do Tempo, 
enfrentando-o e dando à Humanidade 
o conceito de Tempo Profundo. 
Atualmente, é atuar na exploração, 
uso e conservação dos recursos 
naturais, procurando compreender o 
sistema Terra, seus ciclos, mudanças, 
e como estes afetam e são afetados 
pelas nossas atividades... Não deixa 
de ser irônico que o mesmo registro 
estratigráfico que, no passado, nos 
obrigou a confrontar o abismo do 
Tempo, hoje nos ensina que a melhor 
maneira de conviver com as mudanças 
é se adaptar a elas.
José Maria Landim Dominguez 
Geólogo - formado em 1978
Ser Geólogo é tornar-se capaz de 
compreender o passado e conceber 
hipóteses sobre os rumos da sua 
evolução futura do planeta Terra. É 
alojar, entre as suas preocupações 
primeiras, a necessidade de 
identificar recursos naturais para 
que o ser humano sobreviva e evolua, 
preservando o equilíbrio estabelecido 
pela Natureza.
Herbet Conceição 
Geólogo - formado em 1982
Ser Geólogo representa uma relação 
de aprendizado constante, resultando 
na geração de um tipo diferenciado 
de visão tetradimensional (3-D + o 
tempo) e em uma relação de carinho 
extremamente profunda e prazerosa 
com a Terra. É ter a audácia de tentar 
compreender esta Terra extremamente 
complexa e simples ao mesmo tempo, 
com o poder de representar o seu 
principal predador ou salvador, 
vivendo a dicotomia constante, que 
marca uma das mais importantes 
características do ser humano: a 
ambiguidade.
Luiz César Corrêa Gomes 
Geólogo - formado em 1982
69
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
2,1 BilhõES DE AnoS AtráS (pEríoDo rhyAciAno DA ErA pAlEoprotErozoicA)
 final, o grande Bloco arqueo-Africano surgiu diante dos nossos terrenos. Iniciara-se 
o choque com os dois continentes, primeiramente se tocando, logo empurrando, compri-
mindo, com as placas oceânicas se partindo e mergulhando sob aqueles continentes.
Os mares interiores seguiram sua tendência inexorável ao desaparecimento, expressa na 
aproximação das suas margens e no acelerado entulhamento, marcado pelo aumento 
da chegada de sedimentos. Primeiramente, os Blocos de Serrinha e Mairi chocaram-se, 
com o antigo piso oceânico que os separava mergulhando por sob o Bloco de Mairi. A 
intensidade desse evento foi tal que se deu uma sutura completa desses blocos, sendo o 
nível de fusão dessas antigas unidades praticamente total.
Os vulcões, que haviam deixado gradativamente de derramar lavas fluidas, adqüiriram 
características mais relacionadas à compressão de um choque continental, tornando-se 
ainda mais explosivos. Como mais um sintoma, acontecia uma elevação da região que 
se alonga desde Itabuna, passando por Salvador, até Curaçá, marcando uma grande 
compressão.
Em profundidade, granitos surgiam nas regiões de Itaberaba e Pedra d’Água, com os 
granitoides de Teofilândia e Barrocas marcando o início do choque. O granitoide de 
Itareru, em Retirolândia, ovalado, com 8 km de largura por 80 km de comprimento, 
marca bem a consequência de uma compressão que se aproximava do apogeu. Nas re-
giões entre Feira de Santana e Lameirão, corpos típicos de magmatismo intrusivo mais 
fluido representavam ainda uma intensidade relativamente expressiva.
O antigo eixo de ligação entre as bacias Contendas - Mirante e Jacobina chegara prova-
velmente a constituir uma única bacia, com comunicação marinha, mas, com a com-
pressão intensa e os seus mares em franco recuo, esta bacia única desaparecera. Sua 
sutura completa eliminou qualquer evidência de eventual contato dessas bacias, afinal, 
aí a grande compressão se deu de uma maneira particularmente mais intensa.
A
70
R u b e n s A n t o n i o 
71
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
2,05 a 2,0 BilhõES DE AnoS AtráS (pEríoDo oroSiriAno DA ErA 
pAlEoprotErozoicA)
 conteceu, afinal, o grande choque continental entre a arqueo-Bahia e a arqueo-
África, com auge da pressão entre 2,08 e 2,05 bilhões de anos atrás. Ambas, unidas, 
passaram,junto com outros blocos continentais, a integrar uma agregação maior, no 
contexto mundial de agregação das crostas continentais, concluindo a formação de um 
novo. Era o continente de Atlântica, que dividia a superfície do planeta com o continente 
de Ur, formado há 3 bilhões de anos e o de Ártica, formado há 2,5 bilhões de anos.
Esses continentes , aglutinando-se, há 1,9 bilhão de anos, formaram uma primeira 
pangeia, a Columbia, que teria persistido até 1,5 bilhão de anos atrás. Isto sinaliza para 
a visão de que, no todo, a História Geológica pode ser resumida ao rumo da formação 
de um continente único, uma pangeia, o seu posterior estilhaçamento e uma posterior 
tendência a nova agregação, que, uma vez formada, também tenderá à desagregação.
Seja como for, nesse contexto, a compressão resultante do choque entre a arqueo-Bahia 
e a arqueo-África levara à crise final dos nossos antigos mares, que, comprimidos, tive-
ram seus sedimentos amarrotados, elevados e enrijecidos, transformando-se em eleva-
ções diversas. Assim, nos lugares onde os mares e proto-oceanos dominavam, restaram 
visuais como o da então cadeia de montanhas de Jacobina. Esse fenômeno de formação 
de montanhas era dominante, por então, em todos os continentes.
O magmatismo generalizara-se desde o atual litoral sul baiano até os extremos centro-
norte e nordeste dos nossos terrenos. Alguns corpos ígneos indicam o apogeu desta ten-
são, destacando-se o de Itiúba, com média de 15 km de largura e cerca de 180 km de 
comprimento. Seu alongamento evidencia a pressão de direção leste - oeste a que estava 
submetido quando este corpo magmático penetrou as rochas locais.
A partir de 2,05 bilhões de anos atrás, novos corpos magmáticos revelariam cada vez 
menos tensões. Passaram assim a aparecer mais arredondados.
Isto, em um momento em que a iluminação solar chegava a cerca de 95% da atual.
A
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R u b e n s A n t o n i o 
A Crosta possui algumas áreas continentais amplas, consideravelmente estáveis e muito antigas, os Crá-
tons. Após o choque continental que se deu há dois bilhões de anos, estabeleceu-se o Cráton São Francisco 
– Congo. Este, além de representar uma boa parte dos terrenos africanos, definiu a base da maior parte 
dos terrenos baianos, estendendo-se, além deles, no sentido sul, por Minas Gerais.
Resistiu a eventos e crises, enquanto teve sua maior parte encoberta por rochas bem mais novas, geral-
mente sedimentares, Só sendo sua unidade quebrada há 114 milhões de anos. O Craton do São Francis-
co, base principal dos nossos terrenos, agregado aos Crátons do Amazonas e do Rio de la Plata, alguns 
fragmentos cratônicos menores e várias faixas de rochas mais recentes, passou a constituir a Plataforma 
Sul-Americana. A outra parte, o Cráton do Congo, deslocou-se com a África.
Na imagem acima vemos o Cráton São Francisco – Congo, há cerca de dois bilhões de anos, com a loca-
lização aproximada da Bahia, em um planeta dominado por atmosfera e hidrosfera muito diferentes das 
atuais. O oxigênio já dominava as águas marinhas e oceânicas, mas estava reduzido a laguinhos gasosos 
sobre a superfície seca, com menos de um por cento do total atmosférico. O gás carbônico decrescera 
bastante, mas ainda permanecia entre 10 e 20% do total atmosférico, em contraste com os 0,0360% 
atuais. O Nitrogênio atingira um percentual não muito distante dos atuais 78%.
73
HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
Uma imagem de uma lâmina delgada de rocha da 
região do Município de Ipiaú, vista ao microscópio. 
Observam-se, ampliados cerca de 25 vezes, alguns 
minerais, que possuem tamanho pouco maior que 
um milímetro. - Imagem gentilmente cedida por 
Raymundo José Bulcão Fróes. - Companhia Baiana 
de Pesquisa Mineral. 
Para certos estudos, as rochas são cortadas em sec-
ções polidas. A análise à luz refletida é das melhores 
para minerais metálicos. Acima, secções mostrando 
minérios de ouro e de cobre. - Imagens gentilmente 
cedidas por Raymundo José Bulcão Fróes. - Com-
panhia Baiana de Pesquisa Mineral.
Além das análise de imagens de satélite, de aerofotos, de trabalhos no campo, muitas vezes, o cientista 
deve estudar as rochas a outro nível. Elas podem ser cortadas em finíssimas lâminas, com a espessura de 
3 centésimos de milímetro, para análise em microscópio. Acima, à esquerda, a lâmina exibe uma rocha 
magmática, vendo-se os vazios, que são antigas bolhas, liberadas quando no estado de lava. À direita, a 
lâmina é de um minério de cobre, a malaquita, que pode ser visto em sua cor natural, verde-vivo.
Imagens gentilmente cedidas por Raymundo José Bulcão Fróes. – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral.
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HistóRiA GeolóGicA dA bAHiA
2,0 A 1,8 Bilhão DE AnoS AtráS (pEríoDo oroSiAno DA ErA 
pAlEoprotErozóicA)
 ltrapassado estava o apogeu do processo de choque da arqueo-África, representada 
pelo arqueo-Congo, e a nossa arqueo-Bahia. No centro-sul dos nossos terrenos, um 
granitoide colossal iniciou a sua penetração ainda no apogeu do choque continental, 
estendendo a sua intrusão até estes momentos de alívio. Estendeu-se desde o seu aflora-
mento norte, próximo a Paratinga, com as suas porções centro e sul representadas pelas 
Serras de Guanambi e Açude do Estreito, em direção ao sul para além de Urandi.
As novas intrusões de granitoides, devido à ausência de pressões maiores, aparecem 
quase circulares em mapas, destacando-se o grande granito de Campo Formoso e Jagua-
rari, cuja penetração vigorosa chegou a encurvar a Serra de Jacobina, conferindo-lhe a 
forma local de meia-lua. Também o grande granito de Gameleira, localizado no antigo 
eixo Contendas - Jacobina, é uma marca desse momento. Outros granitoides livres de 
compressões maiores aparecem desde Nordestina, em direção a Salvador, a Curaçá e a 
Itabuna, destacando-se os de Ipirá - Gavião, Santanápolis, São Félix e Anuri. 
Uma importante referência importante nesse momento é a atmosfera. Pela primeira vez 
a oxidação dos produtos que estavam dissolvidos nos oceanos apresentou sobras evi-
dentes. Daí datarem desse instante os mais antigos registros mais claros relacionados à 
presença de Oxigênio livre na atmosfera, atingindo 1/100 da concentração atual, que 
é de 20% da atmosfera.
Isto ocorreu pouco antes de uma outra grande referência para a vida, pois, também nos 
oceanos, surgiam as primeiras células mais requintadas, as eucarióticas, cujo exemplar 
mais antigo, datado de 1,9 bilhões de anos, foi a Grypania. Esta complexização da Vida, 
alguns acreditam, foi uma resposta evolutiva à deteriorização dos antigos ambientes 
devida à presença do Oxigênio. O ambiente hostil à Vida mais antiga, que o Oxigênio 
provocou, forçou a Vida rumo a padrões menos simples.
U
76
R u b e n s A n t o n i o 
A Serra de Itiúba é a expressão de um 
grande corpo intrusivo magmático. Sua 
rocha principal é um sienito, que tem 
composição mineral similar à de um 
granito, apenas não possuindo quart-
zo. Ela é vista na parte superior direita 
desta imagem, alongando-se na direção 
norte-sul por cerca de 180 quilômetros, 
possuindo largura média de cerca de 15 
quilômetros. Sua conformação alongada 
é consequência dos esforços compressi-
vos que afetavam a região, quando do 
choque do continente Arqueo-África 
com os antigos blocos que constituíam 
nossos terrenos. Este corpo magmático 
começou a se intrudir e se cristalizar há 
2,09 bilhões de anos. estava ainda pene-
trando as rochas quando se deu o apogeu 
do choque continental, entre 2,08 e 2,05 
bilhões de anos atrás.
À esquerda, aparece a Serra de Jaco-
bina alongando-se segundo a direção 
Norte – Sul. Esta conformação também 
é resultante do processo de compressão 
Leste - Oeste, que eliminou a antiga ba-
cia e seu mar, comprimindo seus antigos 
sedimentos. Sua porção norte está encur-
vada devido à penetração do granito de 
Campo Formoso - Flamengo – Jaguarari.

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