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1 CATE – ECONOMIA BRASILEIRA 8ª AULA A CRISE, A REVOLUÇÃO E O MILAGRE GOVERNO JK (1956-60) ANO PIB PRODUTO INDUSTRIAL PIB PER CAPITA IGP-DI (dez-dez) EXPOR- TAÇÕES IMPOR- TAÇÕES 1956 3 6 0 26 1,4 1,0 1957 8 5 5 7 1,4 1,3 1958 11 17 8 24 1,2 1,2 1959 10 13 7 39 1,3 1,2 1960 9 11 6 31 1,3 1,3 GOVERNOS JÂNIO E JANGO (1961-63) ANO PIB PRODUTO INDUSTRIAL PIB PER CAPITA IGP-DI (dez-dez) EXPOR- TAÇÕES IMPOR- TAÇÕES 1961 9 11 5 48 1,4 1,3 1962 7 8 4 52 1,2 1,3 1963 1 -0,2 -2 80 1,4 1,3 1. A CRISE POLÍTICA: 1961-64 1.1. GOVERNO JANIO QUADROS . Janio toma posse em 1961 . a UDN não consegue governar . incompatibilidade entre o partido e seu presidente eleito . a renúncia: tentativa de golpe de estado . pois o vice-presidente era inaceitável . a resistência de Brizola . divide os militares . a alternativa parlamentarista 2 1.2. GOVERNO JOÃO GOULART . setembro 1962 a janeiro 1963: luta pela volta do presidencialismo . conseguido por plebiscito . governo duplamente pressionado . pela direita: oposição ferrenha da UDN . no congresso e na imprensa . só um jornal a favor de Jango . conspiração para golpe de estado . pela esquerda: Brizola, PCB, Ligas Camponesas . pregando reformas de base . que o Congresso não aprovaria . propõe plebiscito dando poderes especiais ao presidente . greves . movimentos de indisciplina militar . Jango tenta uma via intermediária e perde prestígio . no início de 1964 opta pela esquerda . indisciplina militar cria condições para sucesso do golpe . apesar da falta de organização dos rebeldes . ninguém defendeu o governo, nem o próprio . Jango deu ordem para não resistir . governo revolucionário leva 4 anos até encontrar sua forma ditatorial plena 3 2. A CRISE ECONÔMICA . problema permanente: renegociação da dívida externa, mediada pelo relacionamento político com Washington . governo EUA . bancos . FMI . progressiva tomada de consciência de que ciclo expansivo se esgotara . divergências quanto a diagnóstico e soluções: instabilidade política 2.1. O DEBATE SOBRE O DIAGNÓSTICO . a visão de Furtado: tendência à estagnação causada pelo esgotamento do processo de substituição de importações . a pauta de importações torna-se mais rígida . pois cada vez são necessários mais recursos financeiros e tecnológicos para internalizar novos setores . estes novos setores são de bens de produção . cuja demanda é originária não de consumidores, mas de firmas de bens de consumo que vendem diretamente à população . como a renda é concentrada, o crescimento do consumo é insuficiente para assegurar o crescimento do conjunto da economia . perfil de distribuição de renda incompatível com perfil da oferta de BCD . pobres não conseguem comprar bens de alto valor unitário 4 . solução: reformas de base para . redistribuir a renda . redimensionar estrutura da oferta: de BCD para BCND . a visão de Roberto Campos . inflação é o maior responsável por concentração de renda . solução: política antiinflacionária e reformas financeira, fiscal e trabalhista 2.2. O GOVERNO JANIO QUADROS (janeiro-agosto de 1961) . reforma cambial (proposta de Campos) . Instrução 204 da SUMOC: fim das taxas múltiplas de câmbio . maxidesvalorização: fim do câmbio apreciado . política monetária rígida . política fiscal contencionista . redução dos subsídios a petróleo e trigo . redução de gastos . medidas foram bem recebidas pelos credores, permitindo . reescalonamento da dívida vincenda entre 1961 e 1965 . novos empréstimos . sem base parlamentar, tentou o golpe e fracassou 5 2.3. O GOVERNO JOÃO GOULART . imposto o parlamentarismo . Tancredo Neves como primeiro-ministro . Walter Moreira Salles na Fazenda . em 1961 houve crescimento sem estabilização . PIB em 1961 cresceu 8,6% . resultado da maturação dos últimos projetos do Plano de Metas . inflação não cedeu . aumentou de 30,5% para 33% . em 1962: queda no crescimento (para 6,6%) e aumento na inflação (para 47,8%) . inadiável um plano de estabilização . Celso Furtado no Planejamento – o Plano Trienal (janeiro de 1963) . diagnóstico ortodoxo: inflação resultava do excesso de demanda gerado pelo gasto público . proposta de estabilização . realismo cambial . corte de despesas . controle do crédito e aumento do compulsório . em paralelo: proposta de crescimento . ampliação do mercado interno via reforma agrária e redistribuição de renda . Santiago Dantas (na Fazenda) renegociava a dívida externa . proposta rejeitada . hostilidade à lei da remessa e lucros aprovada em setembro de 1962 . que limitava remessa a 10% dos lucros . reduziu em 40% a entrada de capital de risco no país 6 . insatisfação com a Política Externa Independente . aproximação com mundo socialista . apoio aos movimentos anticoloniais . resultado altamente insatisfatório: US$ 400 milhões, dos quais . US$ 84 mi para desembolso imediato . US$ 30 mi para indenizar a ITT . em abril de 1963 o governo decidiu . restituir subsídios do trigo e do petróleo . elevar salários . mínimo – 56% . funcionalismo – 60% (FMI aceitava 40%) . gerou descontrole das contas públicas . no meio do ano foi feita a reforma ministerial . substituição da equipe econômica e extinção do Ministério do Planejamento . resultados de 1963: . PIB estagnado (1%) . inflação em alta (82%) 7 3. A REVOLUÇÃO E AS REFORMAS GOVERNO CASTELO BRANCO (1964-66) ANO PIB PRODUTO INDUSTRIAL PIB PER CAPITA IGP-DI (dez-dez) EXPOR- TAÇÕES IMPOR- TAÇÕES 1964 3 5 0 92 1,4 1,1 1965 2 -5 0 64 1,6 0,9 1966 7 12 4 39 1,7 1,3 . Roberto Campos no Planejamento . Gouveia de Bulhões na Fazenda . solução do problema externo . Departamento de Estado pressiona FMI para atender demanda brasileira . o que abre caminho para a estabilização, a partir de . um programa gradualista . um conjunto de reformas estruturais 8 3.1. A ESTABILIZAÇÃO . PAEG previa controlar inflação gradualmente para retomar crescimento (não ortodoxo) . foi o terceiro de uma série de planos . único bem sucedido . porque definiu um perdedor: os assalariados . inflação: causas e terapias . déficit público: . aumento arrecadação (reforma fiscal) . corte de gastos não-prioritários . congelamento salários do funcionalismo civil . 120% para militares . inflação corretiva: tarifaço em serviços públicos . dívida pública com correção monetária . comportamento: . 1963 – 4,3% PIB – financ. com emissões . 1964 – 3,2% “ “ “ . 1965 – 1,6 “ “ títulos . 1966 - 1,1 “ “ “ . crédito excessivo às empresas . crédito “dosado” para impedir inflação de demanda . reajustes salariais acima da produtividade . substituição da livre negociação pela fórmula quereajusta . pela média dos últimos 2 anos . e pela inflação prevista para o próximo ano . gerando arrocho salarial 9 3.2. AS REFORMAS INSTITUCIONAIS 3.2.1. FINANCEIRA . criação do Banco Central . fim da lei da usura . especialização no crédito com firmas independentes . de curto prazo: Bancos Comerciais, para desconto de duplicatas . de médio prazo: Financeiras, para vendas de BCD . de longo prazo, para empresas: BNDE e SFH . de muito longo prazo, para famílias: SFH 3.2.2. FISCAL . fim dos impostos em cascata . IPI . ICM . ISS 10 . centralização dos recursos e controle da distribuição 3.2.3. Trabalhista . fim da negociação de reajustes . substituída pela fórmula de Simonsen . fim das indenizações por demissões . substituídas por FGTS 4. O MILAGRE ECONÔMICO GOVERNOS COSTA E SILVA E MÉDICI (1967-1973) ANO PIB PRODUTO INDUSTRIAL PIB PER CAPITA IGP-DI (dez-dez) EXPOR- TAÇÕES IMPOR- TAÇÕES 1967 4 2 1 24 1,7 1,4 1968 10 14 7 25 1,9 1,9 1969 10 11 7 19 2,3 1,9 1970 10 12 8 19 2,7 2,5 1971 11 12 9 19 2,9 3,3 1972 12 14 9 16 4,0 4,2 1973 14 17 11 16 6,2 6,1 . a desmoralização de Campos e Bulhões: pouco crescimento e inflação alta . o Vice Rei do Planalto e seus Delfin Boys 4.1. A POLÍTICA ANTI-INFLACIONÁRIA . diagnóstico: inflação de demanda já estaria sob controle, agora restava a de custos . em 1966 a expansão de M1 foi de 13% e o IGP-DI de 35% . o custo do crédito era o principal responsável . nova terapia: o CIP – controles diretos de preços de oligopólios . reduzir margem unitária para estimular o crescimento da produção . regime precisava de crescimento para se legitimar . PED previa duas etapas 11 . uso da capac. ociosa com FBKF mantida em 16% do PIB . PIB cresceria 6% a.a. . ampliação da base produtiva, com FBKF indo a 20% . principais traços da pol. eco.: . expansão do crédito, principalmente ao consumidor e à agricultura . isenções fiscais para agricultura, elevando oferta de alimentos e exportações . aumento de recursos para o SFH (incorporação do FGTS) . incentivos a exportações . crédito . subsídios . redução de entraves burocráticos . incentivos ao desenvolvimento regional . incentivo a setores industriais específicos via BNDE (setor privado) . dispêndio em infraestrutura . reforma do Sistema Financeiro . concentração bancária para obter economias de escala . redução das taxas pagas pelo tomador (tabelamento temporário) . criação das estatais, com autonomia operacional e bons salários . permitida pelo Decreto-lei 200 de 1967 . objetivo: . desenvolver o que não interessava ao setor privado . fornecer economias externas ao setor privado . criadas, entre 1968 e 1974, novas 231 empresas estatais . 175 em serviços . 42 na ind. de transformação . 2 na agricultura . holdings setoriais, derivadas do crescimento na escala e extensão dos monopólios nacionais de eletricidade, telecom. e outras áreas de infraestutura . busca de maior eficiência operacional . contribuíram para déficit público – 1,5 a 2% do PIB (externalidades) . fim da capacidade ociosa -> inflação recrudesce em 1973 . escassez generalizada leva a desrespeito ao tabelamento 12 . índices FGV e IPE: em torno de 15% (uso preços tabelados) . índice DIEESE 26%, Deflator Implícito 22% (uso preços efetivos) 4.2. O CRESCIMENTO 1968-73 . ind. Transformação: 13% aa . por categoria de uso: . BCD: 23% (mesma taxa de eletro-eletrônicos domésticos) . BK: 18% (puxado pelo gasto governo em infraestrutura) . BI: 14% (puxado pelos investimentos dos demais) . BCND: 9% (puxado pela renda dos trabalhadores) . segmentos líderes: . mat transporte: 21% . mecânica : 17% . mat. elétrico e de comunicações: 16% . capacidade utilizada: . 1967 – 76% . 1971 – 93% . 1972-3 – 100% . ind. Construção: 15% . habitacional: novo aporte de recursos para construção e venda . FGTS passa para BNH . efeitos de arrasto (linkages) s/ cimento, mat. construção, equiptos e aço . pesada: puxada pelo gasto do governo em energia, transportes e comunicações . serviços industriais de utilidade pública: 12% . transportes e comunicações: 13% . comércio: 11% 13 . setor terciário: faltam dados confiáveis . Política Industrial conduzida pelo CDI (mas BNDE e Banco do Nordeste autônomos) 4.3. SALÁRIOS E EMPREGO . correção da distorção da fórmula . mas salário mínimo real caiu ou ficou constante (conforme o lugar) . no entanto aumentou o salário médio . e diminuiu a quantidade dos que ganhavam salário mínimo . aumentou concentração da renda . emprego cresceu 4,3% aa, contra 2,9% da população 4.4. O SETOR EXTERNO . exportações aumentaram 3,6 vezes; importações 4,4 vezes . comércio exterior cresceu mais rapidamente que o PIB . exportações passaram de 5,8% PIB para 7,8 . importações de bens e serviços passaram de passaram de 6,2% para 9,2% do PIB . fatores favoráveis . endógenos: políticas cambial e de incentivo às exportações . exógenos: crescimento eco mundial, evolução dos termos de troca e liquidez no mercado internacional . políticas para exportações . minidesvalorizações . subsídios fiscais e creditícios variados . concedidos pela BEFIEX (Comissão para Concessão de Benefícios Fiscais e Programas Especiais de Exportação) . medidas administrativas . desburocratização . promoção governamental de produtos de export no exterior . melhorias na infraestrutura de transporte e comercialização 14 . resultados: manufaturados passam de 20% para 31% da pauta . soja pulou de 2% para 15% . café caiu de 42% para 28% . melhora dos termos de troca (crescimento da economia mundial) . políticas para importações: . redução do imposto de importação médio (de 47% para 20%) . manufaturados: de 58% para 30% . redução da taxa de proteção efetiva (incluindo tarifa sobre os insumos) . média: de 72% para 31% . manufaturados: de 98% para 52% (indústria continuou protegida) . média efetivamente praticada (incluindo isenções) cai de 13% para 8%. . resultados: import máquinas e equipamentos mais que dobrou entre 1970 e 1973, refletindo fim da capacidade ociosa . BC negativa em 71 e 72, equilibrada em 73, sofre o choque do petróleo em 74 . dívida externa . 1966: dívida bruta 3.666 M, reservas 421 M . 1973: “ 12.572 “ 6.416 . participação dos empréstimos privados na dívida pública externa (= total) de 27% para 64% . aumento da dívida visava principalmente o aumento das reservas, mais que financiar o investimento (embora estatais tenham se endividado pesadamente) . investimento externo quase triplicou em 7 anos (dobrou em termos reais) 15 5. A AVALIAÇÃO DO MILAGRE . a autocrítica dos críticos. contra a idéia da estagnação de Furtado: Tavares e Serra . sistema cresce mesmo sem distribuição de renda -> pela via do crédito . mas a distribuição de renda piorou – e os dados são inquestionáveis . no longo prazo reduz a capacidade de crescimento . como resolver o problema? . alternativa Delfim: esperar que o bolo aumente . alternativa Langoni: investir em educação . a próxima geração será bem paga . alternativa Tavares: mudar o modelo e crescer distribuindo renda . nova política salarial -> aliança com sindicatos . novas políticas sociais -> aliança com profissionais de saúde e educação . política industrial com prioridade para BK -> aliança com FIESP . difusão em conferências: nasciam os “economistas da oposição” . Tavares, Castro e Lessa . fundação do IE/UNICAMP: centro de aglutinação de cepalinos . Belluzzo, Coutinho, João Manuel e Serra 16 6. A CRISE INTERNACIONAL . o auge de 1973 e a armação da crise internacional: . superaquecimento da economia mundial (produto cresceu quase 7%) por: . aumento dos gastos com a guerra do Vietnã . aumentos salariais em todo o mundo desenvolvido . expansão do crédito bancário privado . dando a impressão de que o sistema financeiro oficial multilateral de Bretton Woods poderia ser substituído por outro baseado em bancos privados . exportações dos países em desenvolvimento cresceram 18% aa entre 1966 e 75 (o quádruplo do decênio anterior) . aumento da inflação nos países centrais – visto como o preço da prosperidade . fim das taxas fixas de câmbio -> desvalorização do dólar e flutuação de todas as moedas . final de 1973: OPEP quadruplica preço (demanda cresceu mais que investimentos em petróleo e fontes alternativas) . enquanto isso, no Brasil economia crescia ao dobro da taxa histórica . avalanche de créditos externos pressionava oferta de moeda, sancionando demandas sem contrapartida do lado da oferta -> inflação futura . Médici, em busca da transição pacífica do poder, prefixou inflação em 12% -> FGV usou preços tabelados para chegar a 13%
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