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DIREITO CIVIL V DIREITO DE FAMÍLIA 05/02/2009 AULA 01 BIBLIOGRAFIA: CRISTIANO CHAVES E NELSON ROSENVALD - DIREITO DA FAMÍLIA-LUMEN JURIS PAULO LOBO – DIREITO DAS FAMÍLIAS O Código Civil de 1916 tinha estrutura exclusivamente matrimonialisada, todas as normas daquele diploma gravitavam em função do casamento. A família naquele momento histórico tinha organização patriarcal, biológica, já que a legislação vigente admitia a discriminação entre filhos biológicos e adotivos. As normas no direito de família também eram hierarquizadas na medida em que o homem era o chefe daquele casamento, norma essa que não poderia ser afastada pela vontade das partes. A Carta de Outubro deu diversidade a constituição da família admitindo expressamente a união estável como entidade familiar bem como a família mono parental respectivamente nos artigos 226 §§3º e 4º da CRFB. A constituição rompeu de vez a desigualdade entre filhos biológicos e filhos adotivos, bem como dos filhos provenientes da estrutura familiar ou fora dela (art.227 § 6º). Por fim, estabeleceu-se a igualdade no seio familiar, cabendo, por exemplo, a ambos o planejamento familiar, a direção dos filhos e etc. Hoje o direito de família admite estrutura pluralizada democrática, igualitária, e sem distinção entre filiação biológica e sócio-afetiva (adotivo). As normas de direito de família tem efeitos pessoais como o estabelecimento de um parentesco, a filiação e o casamento, efeitos patrimoniais que são as normas relativas ao regime de bens e por fim as de efeito assistencial ou social como as disposições acerca de alimentos, tutela e curatela. Apesar da divergência doutrinária, prevalece o entendimento de que as normas de direito de família pertencem ao direito privado já que a constituição e manutenção daquele núcleo familiar se da por conta do que melhor entender a família. Entretanto, a exceção das disposições de caráter patrimonial, as normas de direito de família possuem flagrante influencia pública sendo consideradas inderrogáveis, inafastáves, bem como irrenunciáveis. PRINCÍPIOS DE DIREITO DE FAMÍLIA BASILAR: DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL PLURALIDADE DAS ENTIDADES FAMILIARES SOLIDARIEDADE FAMILIAR (229 e 230 CRFB) O princípio da dignidade da pessoa humana implica em uma série de outros princípios todos dele derivados. O princípio da igualdade implica em reconhecer a isonomia entre homem e mulher na constituição e direção da família bem como a igualdade entre filhos biológicos ou não, dentro da estrutura familiar ou fora dela. Outro princípio é o da liberdade, ou seja, as pessoas são livres para escolher o núcleo familiar que melhor lhe interessar, seja pelo casamento ou não, a forma de mantê-lo, estando livre ainda para extingui-lo. Outros princípios seriam o da pluralidade da entidade familiares, reconhecendo a CRFB, expressamente pela união estável e pela entidade mono-parental que o casamento não é a única base sólida de uma sociedade, admitindo a doutrina outras formas de entidade familiar. O princípio solidariedade possui conteúdo ético, moral, inspirado no ideal de fraternidade e de mutua assistência que se espera no seio familiar. Os artigos 229 e 230 da CF o consagram sendo certo que dever alimentar é conseqüência do primeiro. São princípios ainda do melhor interesse da criança e do adolescente dispondo o ECA o menor com 12 anos deve ser ouvido no processo de adoção (art. 45 §2º). Por fim o principio que mais vem ganhando relevo é o da afetividade, ou seja, é a convivência familiar sólida que deve preponderar diante do critério biológico ou de parentesco quando as relações sócio-afetivas lá se estabeleceram. (e.g.) A posse de estado de filho pelos pais sócio-afetivos deve ser regularizada em favor deste em detrimento dos pais biológicos. ESPÉCIES DE ENTIDADE FAMILIAR CASAMENTO UNIÃO ESTÁVEL MONOPARENTAL: Só o pai, só a mãe; FAMILIA RECONSTITUIDA/RECOMPOSTA: aquela onde um ou ambos os membros chefes do núcleo familiar, trazem filhos de outra relação anterior (padrasto); ANAPARENTAL: É a convivência de parentes com a identidade de propósito de constituir núcleo familiar. (as tias velhas); AFETIVA: aquela onde não há vinculo sanguíneo ou de parentesco que estabeleça ligação entre os envolvidos que se encontram juntos pelo carinho, pelo afeto; HOMOAFETIVA Aula 19/02/09 Parentesco (Art. 1.591 CC) O parentesco de acordo com o artigo 1.593 do CC pode ser natural ou civil. Diz-se natural aquele que é proveniente do vínculo genético, seja pelas vias ordinárias ou por inseminação homologa. O parentesco é civil na forma do referido artigo quando for proveniente de outra origem, porque permite enquadrar qualquer outra relação de parentesco, como o por afinidade, por adoção, a inseminação heterologa e o parentesco sócio afetivo, como se dá por exemple em relação aquela criança que detêm a posse de estado de filho. Por linha (art. 1.591 CC) PARENTESCO Por colateralidade/transversalidade (art. 1.594 CC “in fine”) O parentesco, independentemente de sua origem, pode se dar na linha reta ou na linha transversal. A linha reta envolve os ascendentes e descendentes e a contagem de graus se faz contando geração por geração. (art. 1594?) Na linha reta não há limitação de graus para que se estabeleça o parentesco entre descendentes e ascendentes. Assim, o seu ascendente de 10º grau é seu parente de acordo com o CC/02. Na linha transversal ou colateral a contagem de graus se dá encontrando o ascendente comum sendo certo que o parentesco nessa linha se dá até o 4º grau. São colaterais em segundo grau apenas os irmãos germanos ou não. Em terceiro grau os sobrinhos e tios reciprocamente, e em quarto grau primos entre si, tio avô e sobrinho neto. Como principais efeitos do parentesco por linha reta está o impedimento para contrair núpcias independentemente do grau entre descendentes e ascendentes (art. 1.521, I), o direito sucessório que também não limita o direito a receber herança dos descendentes e ascendentes independentemente do grau. Por fim, a obrigação alimentar por linha reta também não possui limitação de grau. Quanto aos parentes na linha transversal a sucessão contempla apenas, por lei,o colateral até 4º grau, a obrigação alimentar está restrita ao colateral em 2º grau, podendo se afirmar que o artigo 1697 do CC deve ser interpretado restritivamente. Quanto a impossibilidade do casamento, são impedidos de casar os colaterais em segundo grau, germanos ou não e os colaterais em 3º grau, podendo nessa ultima hipótese ser deferido o casamento desde que realizado exame medico que demonstre a compatibilidade genética entre os nubentes. O parentesco por afinidade se dá quando o individuo vem a casar ou constituir união estável e por conta disso assume os parentes de sua esposa ou companheira. O parentesco por afinidade se dá na linha reta bem como na colateral. Na linha reta você assume todos os ascendentes e descendentes de seu cônjuge independentemente de grau. O vínculo de afinidade não importa em direito sucessório ou obrigação alimentar e não se dissolve, na linha reta, pelo óbito ou divórcio, não podendo o cônjuge ou companheiro contrair núpcias com seu sogro ou sogra na forma do artigo 1521, II do CC. Na linha transversal o vínculo de afinidade vai apensa até o segundo grau, ou seja, cunhado e cunhada, e, diferentemente da linha reta, com o óbito ou dissolução ou união estável termina o vinculo de afinidade e por conseqüência o indivíduo pode se casar com seu antigo cunhado ou cunhada. Aula 05/03/2009 EXERCÍCIOS ATÉ A AULA 04 NO DIA 19/03/09 CASAMENTO: NATUREZA JURÍDICA => 3 CORRENTES => 1ª NEGÓCIO JURÍDICO, MAS NÃO CONTRATO(AS PARTES OPTAM LIVREMENTE EM CONTRAIR OS DIREITOS E DEVERES DO CASAMENTO, HÁ UMA MANIFESTAÇÃO DE VONTADE E CONSEQUENCIAS EM RAZÃO DA MANIFESTAÇÃO DE VONTADE)(EX: SOBRENOME, REGIME DE BENS); 2ª INSTITUIÇÃO: O ESTADO COLOCA EM BLOCO UMA SERIE DE NORMAS, UMA SERIE DE DEVERES E DIREITOS, E MARIDOE MULHER ADEREM A ELE; 3ª NEGÓCIO/ATO COMPLEXO: MISTURA JURÍDICO COM INSTITUIÇÃO, TEM UM POUCO DE CADA UMA. A doutrina diverge acerca da natureza jurídica do casamento. Para uns, teria o mesmo natureza de negócio jurídico, não contrato mas sim outra modalidade, uma vez que os nubentes tem liberdade para estabelecer diversas conseqüências provenientes do ato, tais como o regime de bens, a adoção do sobrenome um do outro e etc... Assim, há uma liberdade que não se equipara ao contrato por conta da ausência de interesse antagônicos já que os nubentes manifestam seus interesses objetivando o fim comum. Para outros doutrinadores a natureza é de instituição a medida em que o Estado através de uma série de normas coloca há disposição o ato e os nubentes a ele aderem. Por fim, há os que identificam no casamento uma natureza mista, de negócio jurídico complexo. Se é certo que o homem e a mulher podem escolher a forma pela qual o casamento seguirá, estabelecendo as conseqüências daquele ato, tal liberdade não é absoluta uma vez que alguns direitos e obrigações são impostos por Lei e inafastáveis pela vontade das partes, como o dever de mutua assistência, de fidelidade recíproca. Alguns doutrinadores sustentam que prepondera hoje o caráter negocial diante do institucional diante da nova lei que permite a separação e divorcio em cartório, podendo as partes livremente estabelecer as cláusulas que melhor lhes interessar. CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO MONOGAMIA DIVERSIDADE DE SEXOS SOLENE/FORMAL PERSONALÍSSIMO LIBERDADE DE ESCOLHA DISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO ALTERABILIDADE DE REGIME IMPOSSIBILIDADE DE SE APOR TERMO OU CONDIÇÃO COMUNHÃO DE VIDAS (1.511 CC) NATUREZA COGENTE DAS SUAS NORMAS NOIVADO ESPONSAIS – independe de formalidade – A promessa de casamento também conhecida como noivado prescinde de maior formalidade desde que se prove que os noivos assumiram obrigações recíprocas tendentes a contrair núpcias. Trata-se o noivado de um fato social e não de um contrato preliminar. Seguindo a natureza não contratual do noivado, o arrependimento para parte da doutrina não gera o dever de indenizar. Para alguns, o noivo que rompeu não está obrigado a contrair núpcias nem mesmo está obrigado a justificar o rompimento só devendo arcar com indenização caso pratique conduta que se enquadre como ato ilícito (186 CC) ou desde que se identifique ofensa a um ou mais direitos da personalidade. O arrependimento por si só não gera o dever de indenizar cabendo ao noivo “largado” fazer prova do ato ilícito e/ou da ofensa a direito da personalidade. Para outra parte da doutrina e da jurisprudência é possível a ação indenizatória pelo arrependimento injustificado, cabendo ao outro noivo indenização por dano material e/ou moral desde que haja prova do noivado aliada a outros fatores tais como: tempo de noivado, vínculo com a família da noiva, a proximidade do casamento e etc... CAPACIDADE PARA O CASAMENTO Muito embora a capacidade civil seja adquirida aos 18 anos, a para o casamento se da aos 16 na forma do art. 1517. Se o menor com 16 anos ou mais tiver intenção em casar e o pai se negar a dar o consentimento, poderá o mesmo ingressar com ação de suprimento de consentimento para o casamento, processo de jurisdição voluntária, da competência da vara da infância e juventude na forma do art. 148, § ú, c do ECA. E não perante o juízo de família. Caso um ou ambos os nubentes não tenham ainda idade suficiente para o casamento, idade núbil, o Código admite o casamento em uma única hipótese, no art. 1520, que é a gravidez, uma vez que foi revogada a segunda parte do artigo considerando que o código penal aboliu como causa de extinção da punibilidade o casamento. Há doutrinadores que entendem que a norma não deve ser interpretada restritivamente admitindo o magistrado o casamento em outras hipóteses onde se evidencie o intuito de constituir família. De qualquer sorte deve ser proposta ação de suprimento de idade para o casamento que pode ser cumulado ao suprimento de consentimento caso o pai/os pais não consintam o ato. O juízo competente também não é o de família e sim o da infância por conta do mesmo dispositivo. Podem ser propostas as duas ações ao mesmo tempo, se for o caso. 1518 CC: até o dia do casamento os pais podem revogar a autorização. 1519 CC: justa causa pra o não consentimento do pai. Casando mediante autorização judicial o cônjuge se emancipa, e essa emancipação passa a ser irrevogável, já tenho adquirida a capacidade civil plena. Aula Dia 12/03/09 Caso o individuo venha a contrair núpcias sem ter a idade núbil e sem estar amparado por autorização judicial para o ato correto seria que o casamento fosse nulo por conta da incapacidade absoluta no nubente. O código entretanto trata a hipótese como de anulabilidade na forma do artigo 1550, I, sendo certo que se do casamento resultar gravidez o mesmo se convalidará. Adquirida a capacidade civil plena pela emancipação a mesma se torna irrevogável. Se o casamento celebrado é nulo devido a eficácia ex tunc desse reconhecimento, o o casamento é tido como se jamais tivesse existido e, portanto, o menor não adquire a capacidade, salvo na hipótese de casamento de putativo onde o cônjuge menor agiu de boa fé. Art. 1561, § 1º. Ex: menor de 15 anos e grávida se casa com autorização judicial com um homem já casado, e desconhece tal fato. Nas hipóteses de anulação, como a eficácia deste reconhecimento é dali para frente, ex nunc, mantém-se a emancipação. - Impedimentos matrimoniais (1916-dirimentes absolutos ou dirimentes públicos) art. 1521 CC O código revogado tratava os impedimentos como dirimentes absolutos ou públicos, sendo certo que a constatação de uma das hipóteses previstas no artigo 1521 CC, conduz a nulidade do matrimônio. As causas que impedem o matrimônio são circunstanciais, específicas e fazem com que o individuo não esteja legitimado a praticar aquele ato em específico, muito embora não se comprometa a capacidade civil para a pratica de todos os atos da vida em geral nem mesmo a capacidade matrimonial eu se adquire aos 16 anos. Com essa idade todo individuo adquire a capacidade genérica para o casamento, mas poderá estar impedido de casar, por exemplo, se pretende contrair núpcias com seu irmão. (DECRETO 3200/41) A doutrina identifica dois elementos para a configuração de um impedimento um material que vem a ser a situação de fato ou de direito que impede a realização do ato e outro elemento formal que vem a ser a expressa previsão normativa do sentido de se proibir o casamento sendo certo que as hipóteses previstas no artigo 1521 não admitem interpretação extensiva e se aplicam a união estável, salvo o inciso VI. Qualquer pessoa pode oferecer oposição dos impedimentos no procedimento de habilitação que corre perante ao cartório do registro civil das pessoas naturais já que os impedimentos possuem natureza de proibição absoluta, já que matéria de ordem pública. Os impedimentos podem ser oferecidos até o dia do casamento, hipóteses que deve o ato ser sustado até que o juiz decida se o casamento pode ou não ser celebrado. Como a hipótese é de nulidade não há que se falar em casamento valido se o impedimento não for manifestado até o dia do casamento. Nessas hipóteses poderá ser ajuizada ação declaratória de nulidade do casamento, que é imprescritível, inclusive pelo MP. Das hipóteses previstas no artigo 1521 destaca-se o inciso IV, uma vez que o entendimento majoritário em doutrina é pela manutenção do decreto 3200/41 faculta tio e sobrinha fazer prova médica de que o casamento não traz incompatibilidade genética, ou seja, não compromete a prole, o que deverá ser provado no procedimento de habilitação. Causas Suspensivas (impedientes CC16) art. 1523 No código revogado eram tratadas como impedientes e hj como causas suspensivas podendo se afirmar que tanto uma nomenclatura como outra não são adequadas uma vez que o legislador não proíbe o casamento nas hipóteses do artigo 1523 ele apenasrecomenda que ele não se realize, tenta inibir, dificultar a sua celebração. Caso o casamento se realize o mesmo é valido, não sendo nulo nem anulável impondo a lei uma conseqüência, uma sanção pela realização do casamento nas circunstancias do art. 1523 CC que é a de adotar obrigatoriamente o regime da separação legal ou obrigatória de bens, (art 1641, I), não podendo por ocasião do casamento optar por outro regime. Os incisos I e III do art. 1523 CC tem como objetivo evitar a confusão patrimonial. Pode o nubente que pretender contrair núpcias em ambas as hipóteses afastar a incidência da causa suspensiva e portanto do regime da separação obrigatória de bens desde que faça prova no procedimento de habilitação de que não há prejuízo aos herdeiros ou ao seu ex-marido (não há bens a partilhar, o patrimônio é ínfimo e etc.) hipótese em que o juiz com competência registral poderá autorizar o casamento sob outro regime desejado pelas partes ou pelo regime da comunhão parcial de bens. Considerando que vigora hoje o princípio da mutabilidade do regime de bens não há impedimento há que se estabelece o regime da separação obrigatória e posteriormente, findo o inventário ou partilhado o patrimônio do casal divorciado se requeira a alteração de regime. O artigo 1523 IV, recomenda a não realização do casamento por conta da turbatio sanguinis, ou seja, não se deve casar se há a possibilidade do cônjuge virago estar grávida de outra pessoa que não daquele com quem se pretende casar por conta do artigo 1597, II. No procedimento de habilitação é possível fazer prova de que não esta grávida podendo desde que autorizada pelo juiz casar-se pelo regime que melhor lhe interessar não estando presa ao regime da separação obrigatória de bens. O artigo 1524 trata dos legitimados à opor as causas suspensivas podendo se afirmar que o rol ali previsto não é taxativo e sim exemplificativo já que estão legitimados à opor tais causas todo aquele que tenha interesse legítimo no reconhecimento da causa suspensiva como o primeiro marido na hipótese do 1523, II, que não está consagrado expressamente no artigo 1524. Aula 19/03/09 A doutrina identifica três pressupostos de existência do negócio jurídico quais sejam: a diversidade de sexos, a vontade humana e por fim, a presença de autoridade celebrante. Quanto ao primeiro pressuposto apenas a doutrina mais tradicional o enumera uma vez que entendem os mais modernos como o código civil não estabelece essa exigência expressamente, não há óbice ao casamento entre pessoas de mesmo sexo. O segundo requisito que vem a ser a total ausência de consentimento implica em que deve se identificar uma manifestação de vontade como se dá, por exemplo, na “vis absoluta”. Por fim, o casamento só pode ser celebrado em nosso ordenamento pelo juiz de direito, de paz ou autoridade religiosa habilitada. Caso o mesmo seja contraído na presença de outra autoridade como delegado, ou juiz do trabalho o casamento será inexistente. O Art. 1550,VI do CC trata de hipótese diversa onde o casamento é celebrado por autoridade incompetente como a do juiz de direito que não é o competente para celebrar matrimônio. Casamento Putativo A hipótese é de casamento putativo quando um ou ambos os cônjuges de boa fé contraem casamento que não poderiam ser celebrados por serem nulos ou anuláveis. A putatividade exige a presença de alguns elementos, quais sejam: a boa-fé de um ou ambos os contraentes; a declaração judicial; a invalidade do ato e por fim a desculpabilidade do erro. Para que seja reconhecida a putatividade é necessário pedido expresso neste sentido pelo nubente de boa-fé não sendo, portanto, uma conseqüência natural do reconhecimento da invalidade, nulo ou anulável. A putatividade é admitida tanto no erro de fato, como na hipótese do problema onde o cônjuge varão desconhecia o casamento anterior como no erro de direito onde tem perfeita noção do vínculo entre os nubentes porém não sabem do impedimento legal como o individuo que quer casar com a sogra e n]ao sabe do impedimento legal. A boa-fé é analisada até o momento da celebração do casamento, ou seja, se após o ato o cônjuge, até então de boa-fé, vem a ter conhecimento da causa que impedia a realização do ato não há óbice a que se requeira o reconhecimento da invalidade, bem como da putatividade. Reconhecida a putatividade todos os efeitos do casamento até ali produzidos aproveitarão a este cônjuge apenas, tendo, portanto, direito a partilha dos bens, alimentos, uso do nome e etc... HABILITAÇÃO PARA CASAMENTO (ART. 1525 À 1532) Trata-se de procedimento tendente a verificar a capacidade para o casamento entre os cônjuges, a existência de causa impeditiva bem como se a hipótese apresenta causa que imponha regime da separação obrigatória de bens. A habilitação é composta de 4 fases, a de apresentação de documentos , a publicação dos proclamas, o registro da habilitação e por fim a expedição de certidão que habilita os cônjuges ao matrimônio que deve ser contraído no prazo decadencial de 90 dias na forma do artigo 1532 sob pena de ter que se renovar toda a habilitação. A doutrina discute acerca da possibilidade do pródigo contrair núpcias sem a devida assistência, já que é relativamente incapaz para certos atos da vida civil. A majoritária doutrina entende que como o regime de bens é uma conseqüência do matrimônio e não o seu objetivo, que é o de constituir família, não há necessidade da assistência, salvo na elaboração do pacto anti-nupcial considerando que este tem o único objetivo patrimonial e o pródigo não pode dispor sobre seu patrimônio livremente. Ao apresentar documento deverão os cônjuges optar pela alteração de sobrenome (art. 1565, §1º). Muito embora o código só autorize acrescentar o sobrenome do marido ou da mulher, o entendimento do STJ é o o de que é possível a supressão justificada de um dos sobrenomes desde que não prejudicado o tronco familiar já que é o nome, típico direito da personalidade. A publicação dos editais tem como objetivo dar publicidade à coletividade da realização do ato, uma vez que é publico, podendo qualquer um opor os impedimentos à realização do mesmo. A publicação dos editais poderá se suprimida na hipótese do artigo 1527, § único. Que se dá, por exemplo, quando um dos nubentes está à beira da morte. Decididas todas as questões pendentes o juiz com competência para o registro civil determina o registro da habilitação e o oficial do cartório entregará a certidão de habilitação. Aula dia 26/03/09 O código Civil de 2002 elenca nos artigos 1550 ao 1560 as hipóteses de anulação do casamento sendo certo que aqui se identifica um vício de menor gravidade, de interesse eminentemente privado podendo as partes convalidar o ato se assim o desejarem, sendo certo ainda que a Lei prevê algumas hipóteses em que se identifica essa convalidação. A primeira hipótese é a do individuo que ainda não possui 16 anos e se casa sem a autorização judicial sendo certo que no processo de habilitação não se verificou a idade dos nubentes. Nesses casos o correto seria a nulidade do casamento uma vez que foi celebrado por absolutamente incapaz sem a devida representação. A gravidez superveniente convalida o ato que não é mais anulável mesmo que as partes assim desejassem. A ação anulatória deve ser movida pelos legitimados previstos no artigo 1552 CC e no prazo previsto no artigo 1560, §1º do CC. Quanto à segunda hipótese, prevista no artigo 1550, II, trata-se do menos entre 16 e 18 anos que não foi autorizado a casar.tendo tal circunstancia não sido percebida no processo de habilitação. Os legitimados e o prazo para requerer a anulação nessa hipótese estão previstos no artigo 1555. Quanto a coação moral Também conhecida como “vis compulsiva“ a ação anulatória deve ser proposta no prazo de 4 anos na forma do artigo 1560, IV e o único legitimado à propositura desta demanda é o cônjuge coagido que perde o direito de propor a ação anulatória se tiver trepado com seu coator na forma do artigo 1559. Dolo, não cabe pra anulara porra do casamento. O artigo 1550, IV trata do casamento celebrado pelo relativamente incapaz sem a devida assistência ressalvando o que foi dito em relação aos pródigos nessa hipótese o casamento é anulado no prazo de 180 dais contados da realização do ato na forma do artigo 1560, I. Outra hipótese de anulação é a da autoridade incompetente como o casamento realizado por juiz cível ou de órfãos e sucessões que conduz a anulabilidade do ato a forma do artigo 1560, II, qual seja 2 anos. A última hipótese de anulação. A última hipótese de anulação é a do casamento por procuração o mandato nessa hipótese deve obrigatoriamente ser feito por escritura pública onde se confira poderes específicos ao mandatário para a celebração do ato, devendo conter inclusive outro regime de bens quando se pretender afastar a comunhão parcial de bens. O casamento deve ser celebrado em até 90 dias prevendo o código que se o mandatário contrai núpcias sem ter conhecimento da revogação da procuração tecnicamente a hipótese seria de negócio inexistente uma vez que inexiste vontade em se praticar o ato. O código, porém tratou como situação de anulabilidade que fica também afastada se após o casamento os cônjuges vieram a trepar. O prazo para a anulação está previsto no artigo 1560, §2º, só podendo a ação ser movida pelo mandante. A doutrina de forma majoritária repele a possibilidade de se pretender a ação anulatória sob a alegação de dolo uma vez que trata-se de vicio de consentimento onde alguém induz outrem a manifestar a sua vontade sendo certo que na relação afetiva entre homem e mulher é natural que um tente dissuadir o outro de forma a fazer valer seu ponto de vista o que veda a anulação pelo dolo. Quanto ao erro as hipóteses estão previstas no artigo 1557 destacando-se aqui no inciso I a bissexualidade e etc... no inciso II os crimes sexuais e homicídio, no inciso IV a doença mental que não comprometa a capacidade porque a hipótese seria de nulidade ou de anulabilidade na forma do 1550, IV. Quanto ao inciso III a divergência se dá em relação a impotência que pode ser dividida em COEUNDI e GERANDI. A primeira para a doutrina mais tradicional implica na possibilidade de anulação pela impossibilidade de se manter o coito posição essa acolhida pelo professor Cristiano Chaves e rechaçada pela professora Maria Berenice Dias que entende pela impossibilidade do outro nubente não ter conhecimento dessa circunstancia antes da realização do ato.quanto a impotência GERANDI, qual seja a de ter filhos, a doutrina mais tradicional entende pela anulabilidade do casamento uma vez que os filhos são um dos grandes objetivos do matrimônio. O prof. Cristiano Chaves, bem como a Prof. Maria Berenice entendem de forma diversa sob o argumento de que a procriação não é essencial, um dos objetivos do casamento já que o reconhecimento da família prescinde de filhos, bastando o casal. Quanto ao prazo para a anulação o mesmo é de 3 anos contados do ato na forma do artigo 1560, III, diverso do prazo geral que é de 4 anos entendendo a doutrina mais moderna que muito embora devesse correr da ciência do vício começa a fluir da realização do ato porque este seria prazo mais irrazoável para se ter conhecimento da conduta do outro. O legitimado único para essa ação é aquele que agiu em erro sendo certo que a coabitação após a ciência do vício convalida o casamento nas hipóteses do inciso I e II do artigo 1557. Por fim, para que se constate a anulação pelo erro é essencial que a circunstancia seja anterior ao casamento, que ela só venha a ser conhecida após o ato e que se identifique a insuportabilidade da vida em comum. Então são 3 requisitos cumulativos. Não confundir a situação do 1539 com a situação do 1540. Alguns doutrinadores confundem o casamento contraído pelo individuo portador de moléstia grave, na forma do artigo 1539 com o casamento nuncupativou ou in extremis previsto no artigo 1540 à 1542. No primeiro há uma flexibilização nas formalidades do processo de habilitação dispensando-se os proclamas mas apesar da doença grave não há perigo de vida iminente. Quanto ao casamento nuncupativo devido a situação de urgência justificada pela possibilidade da morte dispensa-se todo o procedimento de habilitação e o casamento é realizado perante 6 testemunhas que se ocorrer o óbito deverão comparecer em juízo para ratificar a vontade do cônjuge morto retroagindo o pronunciamento judicial a data do casamento. Poderá o cônjuge que não está em risco de morte ser representado por procuração,art. 1542, §2º. Aula dia 30/04/09 A doutrina prevê três efeitos diversos do casamento quais sejam pessoais, patrimoniais, sociais, os efeitos sociais são aqueles que analisam a projeção do casamento diante de terceiros. São exemplos a emancipação, que confere a capacidade civil plena ao cônjuge emancipado de forma irrevogável, a presunção de paternidade prevista no artigo 1.597 CC, I, a constituição de uma entidade familiar a aquisição do estado de casado e por fim e ainda o estabelecimento do vinculo por afinidade. Quanto aos efeitos pessoais do dizem respeito aos direitos e obrigações recíprocos entre os cônjuges. O artigo 1566 CC possui um rol exemplificativo e não taxativo desses direitos. Quanto a fidelidade recíproca o Código estabelece verdadeiro dever jurídico de monogamia. Apesar do adultério não ser mais considerado crime o código prevê uma série de normas que deixam claro que a fidelidade não é mera orientação e sim verdadeira exigência. São exemplos os artigos 1553, §1º, 1704, §ù. Prevalece o entendimento de que o adultério virtual não é considerado infidelidade por conta da ausência de contato físico podendo se enquadrar na hipótese do 1566, V, CC. Outro efeito pessoal do casamento vem a ser o dever de coabitação(trepar)? previsto no artigo 1566, II do CC. Alguns doutrinadores que não basta que se estabeleça a habitação em um mesmo domicilio entendendo que a coabitação compreende o debito conjugal, ou seja o dever de prestar relações sexuais. A ausência do cumprimento do debito conjugal não gera culpa ao cônjuge que não a prestou e não é entendido pela doutrina mais moderna como dever do cônjuge, em geral pela impossibilidade de tutela especifica. Da mesma forma a doutrina mais moderna também entende que é desnecessário que vivam sob o mesmo teto, exigência essa que jurisprudencialmente sequer se exige para a caracterização da união estável, Súmula 382 do STF. Deveram os cônjuges prestar assistência moral e material, sendo certo quanto a ultima que é decorrente do principio da solidariedade e o dever alimentar é decorrência do dever de assistência. Por fim, quanto a guarda dos filhos ambos devem contribuir para a educação e custeio dos mesmos sendo certo que a desobediência ao que determina o artigo não traz conseqüências entre os cônjuges mas pode importar na perda ou suspensão do poder familiar e ainda no crime de abandono material. O estabelecimento do domicilio previsto no artigo 1569 e a possibilidade de alteração do sobrenome, também são efeitos pessoais do casamento. Quanto ao sobrenome a lei fala apenas na possibilidade de aumentá-lo pelo casamento, prevalece no STJ o entendimento de que o artigo 1565, §1º, não deve ter interpretação literal, admitindo-se por tanto a supressão de sobrenome, desde que não haja prejuízo para aos ancestrais do cônjuge ou a sociedade. Quando da separação ou do divorcio a lei dificulta a obrigatoriedade em se voltar a usar o nome de solteiro(a) cabendo ao cônjuge optar em manter ou não o nome de casado salvo na hipótese do artigo 1578 e seus incisos que dificultam e muito a obrigação em se modificar novamente o nome. Regime de bens: Na vigência do CC de 1916, onde o casamento era indissolúvel, o regime legal ou supletivo era o da comunhão universal de bens. Por esse regime todos os bens, independentemente se onerosos ou gratuitos, ou adquiridos antes ou na Constancia do casamento, pertencem a ambos os cônjuges, com algumas exceções. Por esse regime o cônjuge era meeiro de praticamente todosos bens de seu marido/esposa. Entende-se como meação aquilo que o cônjuge passa a ter direito em virtude do regime de bens. Naquela oportunidade o código oferecia ainda o regime dotal que implicaria que os bens da mulher fossem entregues a administração do marido que os usava em prol das despesas do lar. Com o advento do estatuto da mulher casada (4121/62) foi criada a figura dos bens reservados uma vez que o bem adquirido pela mulher como produto de seu trabalho pertenceria com exclusividade a ela. A lei do divorcio (6515/77) estabeleceu um novo regime legal que passou a ser o da comunhão parcial de bens. Por esse regime os bens adquiridos onerosamente na Constancia do casamento pertencem via de regra a ambos os cônjuges, estabelecendo-se a meação e os adquiridos na Constancia a titulo gratuito e os antes do casamento a qualquer título com exclusividade a cada um dos cônjuges. O CC atual extinguiu o regime dotal criando o regime da participação final nos aquestros, mantendo o mesmo regime legal que o da lei de 77. O regime se diz supletivo pq via de regra Aula dia 14/05/09 A doutrina e a jurisprudência, quando da entrada em vigor do novo código, discutiu sobre a possibilidade de modificação do regime quando o casamento tiver sido celebrado antes do atual código. Alguns doutrinadores entendiam de forma minoritária pela impossibilidade da notificação ao argumento de que os artigos 2035 e 2039 vedavam essa alteração valendo-se portanto de uma interpretação literal de ambos os dispositivos. Prevalece hoje o perante o STJ o entendimento de que é possível esta modificação. Argumenta-se inicialmente que o próprio artigo 2035 permite esta modificação uma vez que muito embora o casamento tenha sido celebrado antes do novo código os efeitos do ato se detectam a todo e qualquer tempo. Assim, por exemplo, se o casal adquiriu bens após o novo código é o mesmo que regulará os efeitos desta aquisição na forma do artigo 2035 in fine. Alem domais a alteração só é possível após o devido processo judicial onde o juiz verificará a oportunidade, ou não, desta mudança. Se os cônjuges pretendem a modificação não há porque negá-la por mero capricho, apego a forma, uma vez que são os mesmos que sofrerão, via de regra, as conseqüências desta modificação e se houver prejuízo aos credores o juiz não autorizará a alteração. O pacto anti nupcial é negócio jurídico bilateral, onde os nubentes, dentre outras disposições, pretendem afastar o regime supletivo, que é a comunhão parcial. De acordo coma doutrina mais moderna poderão os nubentes inclusive mesclar o regime de bens. Trata-se de negócio jurídico acessório e subordinado a uma condição suspensiva que é a realização válida do casamento, momento em que produzirá efeitos o pacto. o pacto só pode ser celebrado por escritura pública sendo a forma “ad substancian” sendo certo que a invalidade do pacto não compromete o casamento, que na hipótese será regido pela comunhão parcial de bens. Já a invalidade do casamento, negócio principal compromete a do pacto, que, como dito, é acessória. O pacto poderá ser feito por procuração desde que a procuração contenha poderes específicos determinando ainda quais as condições que o cônjuge mandante pretende se submeter não havendo prazo ainda para a realização do casamento, podendo-se afirmar que os efeitos do pacto começam a contar, não de sua realização, mas sim do casamento. Alguns entendem que o pacto tem natureza contratual, outros de simples negócio jurídico bilateral, resistindo a inserção do contrato no direito de família. Em regra, o pacto anti-nupcial, tem por fim estabelecer dispositivos de cunho patrimonial, excluindo-se o regime legal. O pacto não pode conter cláusulas que atentem aos efeitos sociais e pessoais do casamento como de fidelidade recíproca, dever de mutua assistência e etc. Entretanto apesar de seu cunho evidentemente patrimonial, o pacto pode conter cláusula de outra espécie, como a escolha de um tutor ou o reconhecimento de paternidade, por exemplo. Os nubentes podem, no próprio pacto, realizarem doações um para o outro. Caso elejam a comunhão universal de bens em regra fica vedada a possibilidade de doação porque todos os bens serão de ambos os cônjuges, sendo exceção a doação gravada com cláusula de incomunicabilidade. Terceira poderá participar do pacto doando os bens ao casal situação em que a eficácia da doação fica condicionada a realização do casamento. Por fim tão logo realizado o casamento produzirá efeitos entre os cônjuges mas não em relação a terceiros na forma do artigo 1657 do CC. Pelo regime da separação convencional de bens, os cônjuges optam por que todos os bens adquiridos antes e na constância do casamento pertençam com exclusividade a cada um dos cônjuges, não se comunicando, portanto. Não há que se aplicar aqui a súmula 377 do STF tendo em vista que os cônjuges optaram, escolheram, a não comunicabilidade de seus bens não podendo os aqüestros se comunicarem. A separação convencional é regida por 3 princípios norteadores: liberdade quanto a administração dos bens – podendo cada cônjuge sozinho alugar, dar em comodato, sem o consentimento do outro – a liberdade quanto a alienação dos bens que podem ser vendidos ou doados sem que o outro consinta e por fim a responsabilidade pessoal e exclusiva pelas obrigações e dividas assumidas por cada um dos cônjuges. Ambos os cônjuges devem contribuir para as despesas da família não meio a meio, mas sim na medida proporcional dos proventos de cada um deles. Apesar da separação eleita não há óbice a que os cônjuges adquiram bem em condomínio. Caso o imóvel conste apenas em nome de um dos cônjuges o outro deverá valer-se de medida judicial para provar a medida de sua efetiva contribuição, já que, por conta do pacto, se presume que o bem pertence apenas ao outro. Aula do dia 15/05/09 O regime da participação final dos aquestos é novidade no novo código civil, e para ser regra entre os cônjuges deverá ser eleito por pacto anti nupcial. Trata-se de regime misto, hibrido, que agrega elementos da comunhão parcial de bens bem como da comunhão da separação absoluta de bens, exigindo-se por ocasião da dissolução do regime de bens ou quando cessada a convivência, o que vier primeiro, a apuração contábil do ativo e passivo dos cônjuges. O regime, uma vez realizado, o casamento vigorará como se os nubentes tivessem se casado pela separação convencional de bens. Pode o cônjuge, portanto, administrar livremente seus bens, sem a intervenção do outro. Por ocasião do fim do regime de bens serão aplicados as normas relativas à comunhão parcial de bens, devendo os cônjuges ratearem meio a meio os aquestos, que no caso seria os bens onerosos adquiridos por cada um na constância do casamento, após pagas as dívidas. O fim do regime de bens se dá pelo óbito, invalidade do casamento, separação ou divórcio, ou ainda quando cessar a convivência, o que pode acontecer antes das quatro situações anteriores, que é o fator determinante para a apuração dos bens. Na participação final nos aquestos os bens móveis poderão ser livremente alienados já os imóveis, mesmo pertencendo a titularidade exclusiva de um dos cônjuges, precisará, em regra, do consentimento do outro. A exigência da outorga uxória ou marital é medida que protege o cônjuge que não é proprietário uma vez que poderá controlar o patrimônio do seu consorte para que possa, quando do fim do regime de bens, abater aquela venda. Poderão os nubentes, no pacto anti nupcial, dispensar a outorga na forma do artigo 1656. Muito embora o imóvel durante o casamento esteja registrado apenas em nome de um dos consortes, caso o outro pretenda fazer valer direito sobre aquele bem caberá ao proprietário do bem, fazer prova de que aquele imóvel pertence apenas a ele, não se presumindo esta circunstancia, basta eu o outro cônjuge alegue que também contribuiu para a aquisição daquele bem premiando o artigo 1681, § único que os aquestos presumem-se comuns em prejuízo da titularidade formal da coisa. Quanto as doações, sejam elasde bens móveis ou imóveis, devem conter a necessária outorga uxória ou marital já que o artigo 1647, IV do CC trata dos bens que possam vir a integrar futura meação se referindo expressamente ao regime na participação final nos aquestos. Só vale a doação se for remuneratória que é aquela realizada em retribuição a serviços prestados onde aquele que prestou o serviço não aceitou o pagamento, o que levou a doação. Caso o cônjuge doe sem autorização poderá o cônjuge prejudicado ajuizar ação reivindicatória, requerer a compensação com outros bens, ou ainda o montante em dinheiro. A ação reivindicatória pode ser proposta antes da dissolução do regime de bens e é criticada pela doutrina por ser pleito, que te como causa de pedir, a alegação de propriedade e seu autor sequer tem certeza que aquele bem o pertencerá ou ainda que terá algum direito sobre ele. O correto seria o pedido de anulação na forma do art. 1649 do CC. Aula dia 21 de maio Desde o advento da Lei 6.515 de 1977 o regime legal é o da comunhão parcial de bens que cria presunção absoluta de colaboração conjunta para a aquisição do patrimônio do casal. Assim, pouco importa se o cônjuge virago não trabalha, ou trabalha menos porque a ela se comunicará os aquestos, ou seja, os bens onerosos adquiridos na constância do casamento. Os bens adquiridos por fato eventual como os fatos que contam com a intervenção humana, como a loteria, BBB, e os fatos naturais como o avulsão e aluvião se comunicam. A norma curiosa sobre a comunhão parcial é a que determina que todas as construções, plantações, benfeitorias e frutos dos bens particulares pertencem a ambos os cônjuges. O direito as acessões é o que justifica a necessidade da outorga uxória ou marital nas alienações de bens imóveis independentemente do regime de bens e da natureza dos bens ressalvada a separação convencional posto que é a maneira que o cônjuge tem de controlar a contribuição sobre aqueles bens. Não se aplica a regra do 1647 “caput” à separação convencional, estabelecida pelo pacto, mas é necessária a outorga na separação obrigatória por força da súmula 377 do STF. Ficam excluídos da comunhão os bens previstos no artigo 1659 do CC, valendo destacar que o que se exclui é o direito à percepção das verbas remuneratórias, do produto do salário e não os bens que foram adquiridos com o produto do trabalho de um dos cônjuges porque este se comunica ao outro. Quanto às verbas relativas a indenizações trabalhistas e FGTS, muito embora existam julgados entendendo que tais verbas são personalíssimas o STJ vem se pacificando no sentido de entender pela comunicabilidade ao argumentos de que a causa que levou a aquisição de tais verbas perdurou durante todo o casamento. Fica excepcionada a verba proveniente de ação acidentária que não se comunica entendendo a 4ª turma do STJ que aquele que sofre o dano é quem carrega a deficiência adquirida sendo, portanto, personalíssima. Quanto aos bens móveis, na forma do artigo 1662 presumem relativamente pertencer a ambos os cônjuges. O artigo 1647 do código civil de 2002 determina as situações que exigem a outorga do outro cônjuge. Destaca-se aqui a prestação de fiança ou aval sendo certa que, o consentimento do cônjuge no aval, é novidade do atual código civil. Caso a fiança ou aval seja prestado por apenas um dos cônjuges sem o devido consentimento do outro prevalecia o entendimento de que o cônjuge que prestou a garantia responde com seu patrimônio sem estender ao que não anuiu em homenagem à proteção do terceiro de boa-fé. O STJ pela súmula 332 firmou atualmente outro entendimento no sentido de que todo o patrimônio do casal, tanto daquele que não anuiu, como do que prestou fiança, não responde pela dívida, ficando o credor “a ver navios”. Trata-se de posicionamento que não prestigia o terceiro de boa-fé partindo da presunção de que aquele que exige fiança deve ter conhecimento da necessidade da outorga do outro cônjuge. Na forma do artigo 1649 do CC, o prazo para o ajuizamento da ação anulatória é decadencial de dois anos, contados do óbito de um dos cônjuges, da separação judicial ou do divórcio, findo o qual o negócio se convalida e ai todo o patrimônio do casal passa a ser responsável pela dívida, o negócio se convalida na hipótese do 1647, I e etc. A última questão em relação ao artigo 1647 diz respeito à necessidade de outorga do companheiro ou companheira na união estável. De forma minoritária alguns doutrinadores defendem a necessidade do consentimento sob o argumento de que muito embora o artigo 1647 caput se refira ao cônjuge, deve ser estendida para qualquer hipótese de comunhão de bens. Alguns outros doutrinadores, de forma majoritária, sustentam em sentido contrário, argumentando primeiramente que as regras restritivas à disposição de direitos como a necessidade do consentimento devem ser interpretadas restritivamente e como o artigo 1647, caput do CC trata do cônjuge, a ele deve se limitar. Ademais, a união estável é uma união de fato, não possuindo os conviventes, em regra, documentação sobre sua constituição o que torna inoponível em relação à sociedade. Por fim, como o companheiro permanece solteiro deve o negócio ser considerado valido em proteção ao terceiro de boa-fé, não estando sujeito à ação anulatória, na forma e no prazo previsto pelo artigo 1649. Resta ao companheiro prejudicado o direito recobrar seu eventual prejuízo do outro sem discutir a validade da transação. Aula dia 28 de maio União Estável A constituição federal prevê a união estável como entidade familiar desde que concebida entre homem e mulher. Inicialmente aquele que vivia em estado de convivência ajuizava ação de indenização por serviços prestados valendo-se da idéia de vedar o enriquecimento sem causa na forma do artigo 884 do CC/02. Após passou a se entender que as relações entre os conviventes deveriam ser resolvidas à luz de uma sociedade de fato onde o convivente prejudicado poderia ingressar com ação de reconhecimento e dissolução de sociedade de fato fazendo jus a metade dos aquestos comprovada a união. Naquela ocasião a doutrina distinguia o concubinato impuro, que vinha a ser as elações adulterinas e as contraídas em inobservância às causas impeditivas do casamento. O concubinato puro vinha a ser a união estável. A primeira lei civil regulando a união estável é a 8971/94 que confere à companheira de requerer alimentos, direito à meação e ainda participação sucessória. Após foi editado a lei 9278/96 que sacramentou a competência da vara de família já que, até então, todas as demandas eram dirimidas no juízo cível dispensou o prazo para a caracterização da união estável e por fim sedimentou o seu direito à meação. Deixou-se desde 1994 à tratar a companheira como concubina, ficando reservado essa terminologia apenas para as relações adulterinas e contraída pelos impedidos de casar. A jurisprudência entende que a competência cível fica mantida para todas as uniões estáveis que se extinguiram até o advento da lei de 1996. (vide súmula 380 e 382 do STF) O código atual prevê alguns requisitos para que se constitua validamente a união estável. São eles: a convivência entre HOMEM E MULHER; o intuito de constituir família; a publicidade; e a durabilidade; além da inexistência de causa impeditiva para o casamento. A súmula 382 do STJ dispensa a coabitação, não existindo mais prazo para que o juiz reconheça como válida a união estável. O separado de fato, mesmo casado pode constituir união estável validamente na forma do artigo 1723, §1º do CC. A concubina, entendida como tal a impedida de casar, o que inclui a que mantém adulterina de seu conhecimento deve buscar a tutela de seus interesses se valendo da súmula 380 do STF perante o juízo cível através de ação de reconhecimento e dissolução de sociedade de fato, cabendo à ela a prova de efetiva contribuição ao patrimônio comum, contribuição essa que pode ser econômica, ou não. A doutrina reconhece a possibilidade de uniões estáveis paralelas naquelassituações em que os conviventes não possuem conhecimento do outro tendo, portanto, interesse em ajuizar ação declaratória de união estável pretendendo o reconhecimento da putatividade, e, por conseqüência, de seus efeitos. O código não proíbe a constituição de união estável mesmo estando presentes as causas suspensivas, ou seja, o individuo que vem a contrair união estável com sessenta anos assim o fará em suas relações patrimoniais com sua convivente serão reguladas pela comuna parcial de bens o que acaba por dar tratamento diferenciado ao casamento por que nele se imporia regime da separação obrigatória de bens. As ações mais comuns relativas à união estável são, primeiramente, a de reconhecimento e dissolução de união estável, movida contra o ex-companheiro e seus herdeiros pretendendo se fixar o prazo de inicio e de termino da união estável conferindo por conseqüência direito à metade do patrimônio adquirido na constância da união. Outra ação usual é a de alimentos onde normalmente o juiz deixa de fixar os alimentos provisórios porque não existe prova pré-constituida da união estável Aula 04 de junho Aula - 04 de junho de 2009. DIREITO DE FAMÍLIA Matéria da prova – AV2 Final de AV1 até esta aula. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL Divórcio ou o óbito = Fim do casamento ≠ Separação = Fim da Sociedade Conjugal A sociedade conjugal pelas hipóteses do artigo 1571 o que não implica em reconhecer que o casamento acabou já que o casamento só se dissolve pelo óbito ou pelo divórcio. Assim, se o indivíduo vem a se separar judicialmente permanece casado, mas não deverão cumprir os direitos de deveres do casamento. Os separados judicialmente, caso resolvam voltar a viver juntos, não precisaram casar de novo, uma vez que jamais estiveram “descasados”. Assim, basta proceder na forma do artigo 1577 do CC. No que diz respeito ao divórcio, este sim pões fim ao casamento e os indivíduos deveram contrair novas núpcias. A separação e o divórcio em cartório estão previstas no artigo 1124, a do CPC, e exigem para sua configuração que inexista filhos incapazes comuns aos cônjuges e que haja acordo quanto a divisão de bens e aos alimentos reciprocamente devidos aos cônjuges. Quanto à separação judicial, poderá a mesma ser consensual ou litigiosa. Quanto à primeira é pressuposto inafastável na forma do artigo 1574 que os cônjuges estejam casados à pelo menos um ano. Entende a doutrina mais conservadora que esse prazo é prazo de reflexão mínimo para que os cônjuges possam verificar eventual incompatibilidade conjugal. São cláusulas obrigatórias que devem constar nesse negócio jurídico bilateral: fixação ou renúncia aos alimentos dos cônjuges; o estabelecimento de guarde e visitação da prole menos; os alimentos devidos ao filho menor; o uso do nome; e partilha dos bens, sendo essa cláusula facultativa. O código prevê 3 modalidades de separação judicial litigiosa. A primeira delas é a separação sansão onde o autor da demanda pretende atribuir culpa ao réu pelo rompimento da sociedade conjugal por ter se comportado na forma do artigo 1572. Essa modalidade de separação não está sujeita a qualquer lapso temporal e apesar de parte da doutrina entender pela inconstitucionalidade da culpa, o código prevê duas conseqüências especificas que derivam do reconhecimento por sentença da culpa. São conseqüências da atribuição de culpa a perda do direito ao nome de casado o que deve ser objeto de requerimento expresso do autor da separação e ainda assim só será decretada se atingidos os requisitos do artigo 1578 do CC. O outro desdobramento da separação sansão é o de que o cônjuge culpado só poderá requerer os alimentos naturais, indispensáveis a sua sobrevivência e a dignidade da pessoa humana na forma do artigo 1704, § único, perdendo o direito de invocar os alimentos civis que são mais amplos e que se destinam não só a subsistência, mas também a manter o padrão socioeconômico. A separação falência está prevista 1572,§ 1º, e por pressuposto a ruptura da vida em comum à pelo menos um ano. A manutenção de relação sexual interrompe esse prazo, entendendo o STJ que a convivência sob o mesmo teto não exclui a possibilidade dessa espécie de separação. Por fim, o artigo 1572, §2º, prevê a separação remédio que deve atender a todos os requisitos previstos naquela norma. Trata-se de dispositivo que é praticamente letra morta dentro do ordenamento jurídico vigente, seja porque os requisitos legais são dificilmente cumpridos, seja porque o prazo de 2 anos autoriza o interessado a ingressar com ação de divórcio direto rompendo definitivamente o vínculo matrimonial. ..................
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