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Direito Processual Penal 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
1 
www.cursoenfase.com.br 
1. Inquérito Policial (cont.) ......................................................................................... 2 
1.1 Início do Inquérito (cont.) ................................................................................. 2 
1.1.1 Ação Penal Pública Incondicionada (cont.) ................................................. 2 
1.1.1.1 De ofício ............................................................................................... 2 
1.1.1.2 Requisição judicial (?) .......................................................................... 2 
1.1.1.3 Requisição do membro do MP ............................................................. 3 
1.1.1.4 Requerimento do ofendido ou seu representante legal ..................... 3 
1.1.1.5 Requerimento de qualquer do povo ................................................... 4 
1.1.2 Ação Penal Pública condicionada ................................................................ 6 
1.1.3 Ação Penal privada ...................................................................................... 9 
1.1.4 Auto de Prisão em Flagrante ....................................................................... 9 
1.2 Desenvolvimento do Inquérito ......................................................................... 9 
1.3 Conclusão do Inquérito Policial ...................................................................... 10 
1.3.1 Prazos ......................................................................................................... 10 
1.3.2 Remessa dos autos .................................................................................... 11 
1.4 Arquivamento do Inquérito Policial ................................................................ 12 
1.4.1 O artigo 28 do CPP ..................................................................................... 13 
1.4.2 Ação Penal privada subsidiária da pública ................................................ 15 
1.4.3 Arquivamento implícito ou tácito .............................................................. 17 
1.4.4 Arquivamento indireto .............................................................................. 18 
1.5 Desarquivamento do Inquérito....................................................................... 22 
1.6 Quadro esquemático sobre formas de instauração do IP .............................. 24 
2. Ação Penal ............................................................................................................ 25 
2.1 Ação Penal pública incondicionada ................................................................ 25 
2.1.1 Princípios ................................................................................................... 25 
2.1.1.1 Obrigatoriedade ................................................................................. 25 
 
 
Direito Processual Penal 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1. Inquérito Policial (cont.) 
1.1 Início do Inquérito (cont.) 
1.1.1 Ação Penal Pública Incondicionada (cont.) 
1.1.1.1 De ofício 
CPP, Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
I - de ofício; 
A instauração ex officio ocorrerá, apenas, nas ações penais incondicionadas. 
 
1.1.1.2 Requisição judicial (?) 
CPP, Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a 
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
Conforme orientação dominante na doutrina e na jurisprudência, a requisição 
judicial, por violar o Sistema Acusatório, não foi recepcionada pela Carta Política vigente, 
tendo em vista ser conferida ao Ministério Público, pela Constituição da República, a 
atribuição para promover privativamente a ação penal pública. No mais, ao proceder à 
requisição, o juiz não está agindo como qualquer um do povo, eis que, nos autos, está 
atuando. 
Importante destacar que, o inquérito instaurado com base numa requisição judicial 
que, posteriormente, transforme-se num processo criminal, em princípio, não contamina o 
feito judicial. Isso porque, em regra, os vícios do inquérito policial não contaminam, a 
princípio, a ação penal subsequente. Salvo, quando a inicial acusatória foi lastreada 
exclusivamente nesse inquérito policial contaminado. 
Como o inquérito não é a única peça possível a subsidiar uma denúncia, em havendo 
outros elementos que deem ensejo a inicial acusatória, mesmo que haja algum vício de 
origem, a ação penal não será totalmente contaminada por esse vício. 
Ao tomar ciência de uma infração penal, o magistrado, com arrimo legal no artigo 40 
do CPP, comunicará o fato ao MP. Trata-se de uma notitia criminis judicial, compatível com a 
ordem constitucional vigente. Veja que é diversa de requisição de instauração de inquérito. 
CPP, Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais 
verificarem a existência de crime de ação pública [incondicionada], remeterão ao 
Ministério Público [titular da ação penal pública] as cópias e os documentos necessários 
ao oferecimento da denúncia. 
Direito Processual Penal 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Exemplo: crime de falso testemunho. Percebendo a falsidade, sem prejuízo da prisão 
em flagrante, o magistrado remeterá cópias do depoimento, e de outras igualmente 
importantes, ao MP, para adoção das medidas cabíveis. Esse é o caminho correto, previsto 
no art. 40, CPP. 
 
1.1.1.3 Requisição do membro do MP 
CPP, Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a 
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
A requisição do Ministério Público é uma ordem; não, um pedido. Assim, em 
princípio, não pode ser desatendida, vinculando o Delegado. O que não implica dizer que o 
Delegado seja subordinado ao MP. 
Com efeito, a requisição deve ser acolhida pelo Delegado de Polícia, exceto se 
manifestamente ilegal. Nesse bojo, segundo jurisprudência antiga do STF, eis que não há 
hierarquia entre o membro do Parquet e o Delegado de Polícia, caso este se recuse em 
cumprir requisição emanada daquele, não incorrerá em crime de desobediência; será uma 
falta disciplinar (mero ilícito administrativo), conforme o caso1. 
Observação: em virtude de tratar-se de jurisprudência antiga, alerta o professor que 
deve ela ser vista com ressalvas. Isso porque, hodiernamente, entende-se que um 
funcionário público pode desobedecer ou desacatar outro, independentemente do grau 
hierárquico. Tal raciocínio poderia ser aplicado entre MP e Delegado de Polícia, embora, 
repita-se, não haja qualquer posicionamento recente para esse caso específico. 
 
1.1.1.4 Requerimento do ofendido ou seu representante legal 
CPP, Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a 
requerimentodo ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
Prima facie, esclareça-se que, ainda, está a tratar-se de ação penal pública 
incondicionada. Na hipótese, a partir das informações carreadas pelo ofendido ou seu 
representante legal, a autoridade policial, conforme seu juízo de discricionariedade, 
instaurará o inquérito policial. 
 
 
1
 Tema já cobrado em provas do CESPE. 
Direito Processual Penal 
 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1.1.1.5 Requerimento de qualquer do povo 
A notitia criminis trazida por um terceiro (“qualquer pessoa do povo”), não vinculado 
ao fato (isto é, que não a vítima ou seu representante legal), chamar-se-á delatio criminis. 
Antes de instaurar o inquérito, o Delegado, por cautela, procederá à verificação da 
procedência de informações (popularmente, conhecida como VPI). 
Art. 5º, § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração 
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à 
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar 
inquérito. 
A autoridade policial não poderá instaurar o IP de plano quando a notitia criminis é 
trazida por qualquer do povo. Com efeito, o inquérito instaurado com base em delatio sem a 
verificação da procedência das informações pode ser trancado pela via do habeas corpus. 
Todavia, se, no curso das investigações, o que foi trazido na delatio criminis exclusivamente 
se confirmar, não haverá que se falar em vício, motivo por que incabível o trancamento por 
meio de habeas corpus. 
 Notitia criminis inqualificada/anônima/apócrifa 
Trata-se da popular denúncia anônima. A orientação da Suprema Corte é pela 
vedação da instauração de investigação com base, exclusivamente, em denúncia 
anônima/apócrifa/inqualificada. Isso porque a denúncia anônima deve ser tratada como 
delatio criminis. 
ANONIMATO - NOTÍCIA DE PRÁTICA CRIMINOSA - PERSECUÇÃO CRIMINAL - 
IMPROPRIEDADE. Não serve à persecução criminal notícia de prática criminosa sem 
identificação da autoria, consideradas a vedação constitucional do anonimato e a 
necessidade de haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal, 
de quem a implemente. 
(HC 84827, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 07/08/2007, 
DJe-147 DIVULG 22-11-2007 PUBLIC 23-11-2007 DJ 23-11-2007 PP-00079 EMENT VOL-
02300-03 PP-00435) 
Inclusive, aquele que der causa a procedimento investigatório por meio da imputação 
de crime a pessoa que se sabe ser inocente comete crime de denunciação caluniosa, nos 
termos do artigo 339 do CP, sobre o qual incide um aumento de pena no caso do anonimato. 
CP, Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, 
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade 
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação 
dada pela Lei nº 10.028, de 2000) 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Direito Processual Penal 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de 
nome suposto. 
Nada obstante, os precedentes jurisprudenciais posicionam-se no sentido de que a 
denúncia anônima não impede a instauração do inquérito. In casu, a autoridade policial 
deverá realizar a verificação da procedência de informações. Nesse contexto, desenvolvida 
essa verificação e constatado que a notícia anônima não possui qualquer respaldo, a 
autoridade policial deixa de proceder à instauração do inquérito. 
Ementa: Penal e Processo Penal. Agravo Regimental em Habeas Corpus. Tráfico e 
associação para o tráfico de entorpecentes – arts. 33 e 35 da Lei n. 11.343/2006. 
Denúncia anônima. Aptidão para deflagrar a investigação. Escutas telefônicas e 
prorrogações. Medidas autorizadas após o surgimento de indícios de envolvimento do 
paciente nos fatos investigados. Legalidade. Decisões fundamentadas. Inexistência de 
afronta ao art. 93, IX, da CF. Temas de fundo não examinados pelo Tribunal a quo. 
Supressão de instância. Inviabilidade do habeas corpus para analisar requisitos de 
admissibilidade de recursos. 1. A denúncia anônima é apta à deflagração da 
persecução penal quando seguida de diligências para averiguar os fatos nela 
noticiados antes da instauração de inquérito policial. Precedentes: HC 108.147, 
Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 1º.02.13; HC 105.484, 
Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 16.04.13; HC 99.490, Segunda 
Turma, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJe de 1º.02.11; HC 98.345, Primeira 
Turma, Redator para o acórdão o Ministro Dias Toffoli, DJe de 17.09.10; HC 95.244, 
Primeira Turma, Relator o Ministro Dias Toffoli, DJe de 30.04.10. 2. In casu, a Polícia, a 
partir de denúncia anônima, deu início às investigações para apurar a eventual prática 
dos crimes de tráfico e de associação para o tráfico de entorpecentes, tipificados nos 
arts. 33 e 35 da Lei n. 11.343/2006. 3. Deveras, a denúncia anônima constituiu apenas 
o “ponto de partida” para o início das investigações antes da instauração do inquérito 
policial e a interceptação telefônica e prorrogações foram deferidas somente após o 
surgimento de indícios apontando o envolvimento do paciente nos fatos investigados, 
a justificar a determinação judicial devidamente fundamentada, como exige o art. 93, 
IX, da Constituição Federal. 4. O prazo originalmente estabelecido para a interceptação 
telefônica pode ser prorrogado, sendo certo que as decisões posteriores que autorizarem 
a prorrogação, sem acrescentar novos motivos, “evidenciam que essa prorrogação foi 
autorizada com base na mesma fundamentação exposta na primeira decisão que deferiu 
o monitoramento”. Precedente: HC 100.172, Plenário, Relator o Ministro Dias Toffoli, DJe 
de 25.09.13. 5. O édito condenatório não está baseado somente nas escutas telefônicas, 
mas, também, em consistente acervo probatório produzido no curso da instrução 
criminal. 6. As questões suscitadas nas razões da impetração não foram examinadas 
pelo Tribunal a quo, que se limitou a negar seguimento ao recurso especial, sob o 
fundamento de inobservância de requisitos formais (ausência de prequestionamento, 
vedação ao exame de prova e inexistência de demonstração de divergência 
jurisprudencial). 7. O objeto da tutela em habeas corpus é a liberdade de locomoção 
Direito Processual Penal 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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quando ameaçada por ilegalidade ou abuso de poder (CF, art. 5º, LXVIII), não cabendo 
sua utilização para reexaminar pressupostos de admissibilidade de recursos (HC 112.756, 
Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa Weber, DJe de 13.03.13; HC 113.660, Segunda 
Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 13.02.13; HC 112.130, Segunda 
Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 08/06/2012). 8. Agravo regimental em 
habeas corpus desprovido. 
(HC 120234 AgR, Relator(a):Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 11/03/2014, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-059 DIVULG 25-03-2014 PUBLIC 26-03-2014) 
 
1.1.2 Ação Penal Pública condicionada 
CPP, Art. 5º [...] 
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não 
poderá sem ela ser iniciado. 
c/c 
CPP, Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do 
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da 
Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
 O que é representação? 
Representação é mera manifestação de vontade de autorização do início da 
persecução criminal. 
Exemplo1: o crime de ameaça, descrito no artigo 147 do CP, é condicionado à 
representação. 
CP, Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio 
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
Exemplo2: estupro, também, é de ação penal condicionada à representação. Salvo, se 
se tratar de vítima vulnerável ou menor de 18 anos. Nesse bojo, discute-se, inclusive, sobre 
se o enunciado 6082 da súmula do STF estaria prejudicado por conta das alterações 
promovidas pela Lei 12.015/2009. 
CP, Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante 
ação penal pública condicionada à representação. 
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se 
a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. 
 
2
 “NO CRIME DE ESTUPRO, PRATICADO MEDIANTE VIOLÊNCIA REAL, A AÇÃO PENAL É PÚBLICA 
INCONDICIONADA.” 
Direito Processual Penal 
 
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 Quem pode representar? 
Além da vítima e de seu representante legal, poderão exercer o direito de 
representação, em caso de falecimento, cônjuge ou companheiro (esse último, conforme 
entendimento doutrinário), ascendente, descendente ou irmão (C2ADI). 
CPP, Art. 24, §1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente 
ou irmão. 
 De que forma representar? 
Em regra, é feita pessoalmente. Excepcionalmente, será externada por procurador 
com poderes especiais. 
CPP, Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por 
procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao 
órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. 
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente 
autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a 
termo, perante o juiz [feita uma representação perante o magistrado, este procederá 
conforme a sistemática delineada no artigo 40 do CPP] ou autoridade policial, presente 
o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. 
§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do 
fato e da autoria. 
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a 
inquérito, ou, não sendo competente, remete‑lo‑á à autoridade que o for. 
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será 
remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito. 
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem 
oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá 
a denúncia no prazo de quinze dias. 
 Qual o prazo para representar? 
O prazo para a representação é de 6 meses, contados do instante no qual o ofendido 
toma ciência da autoria do delito. 
CPP, Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, 
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 
seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do 
artigo 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
Por se tratar de prazo referente ao jus puniendi, ou seja, prazo de natureza penal, 
conta-se nos termos do artigo 10 do Código Penal, incluindo-se o dia do início, excluindo-se 
Direito Processual Penal 
 
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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o dia do final, não se interrompendo, suspendendo, ou prorrogando-se até o dia útil 
seguinte, no caso de findar em dia não útil. 
 Há alguma peculiaridade da representação em sede de JECRIM? 
No âmbito do Juizado Especial Criminal, em que pese não existir instauração de 
inquérito policial, faz-se necessária a manifestação da representação pela confecção do 
termo circunstanciado. Para além disso, é imperiosa a ratificação dessa representação na 
audiência preliminar, pela vítima ou seu representante legal, caso não seja obtida a 
conciliação. No ponto, vide o artigo 75 da Lei 9.099/95: 
Lei 9.099/95, Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada 
imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, 
que será reduzida a termo. 
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não 
implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. 
 Quais os casos de requisição do Ministro da Justiça? 
A requisição do Ministro da Justiça ocorre em: 
(i) crime praticado fora do Brasil, por estrangeiro, contra brasileiro (artigo 7º, §3º, 
“b”, CP – extraterritorialidade condicionada - Princípio da Personalidade passiva). 
CP, art, 7º, § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro 
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo 
anterior: 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
Dependerá dessa requisição do Ministro da Justiça por ser uma decisão política; 
(ii) crime contra a honra do Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro 
(art. 145, par. único do CP). 
CP, Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam‑se de um terço, se qualquer 
dos crimes é cometido: 
I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
c/c 
CP, Art. 145 [...] 
Parágrafo único. Procede‑se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do 
inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no 
caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. 
Segundo alguns autores, “a requisição é uma representação oficial”. É verdadeiro ato 
de conveniência política, emanado do Ministro da Justiça. 
 
Direito Processual Penal 
 
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1.1.3 Ação Penal privada 
O art. 5º, em seu § 5º, estabelece que a autoridade policial só pode proceder a 
inquérito a pedido de quem tenha legitimidade para intentar a ação penal privada 
(manifestação essa que deve ser feita dentro do prazo decadencial de 06 meses).Não se instaura o inquérito de ofício e nem por meio de delatio criminis. 
CPP, Art. 5º, § 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá 
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intenta‑la. 
 
CPP, Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar 
a ação privada. 
 
CPP, Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão 
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão. 
 
1.1.4 Auto de Prisão em Flagrante 
CPP, Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do 
Título IX deste Livro. 
Além da cognição comum – feita a partir da notitia criminis, existe a cognição 
coercitiva, que é feita a partir da lavratura do auto de prisão em flagrante, o qual faz as 
vezes da portaria. O art. 8º, CPP remete a leitura aos artigos 301 e seguintes, que tratam da 
comunicação do flagrante. 
No flagrante (art. 301 a 310, CPP), o preso será conduzido à presença da autoridade 
policial, para a lavratura do respectivo auto, o qual dará ensejo à instauração do IPL. 
Nos crimes de ação penal pública condicionada a representação e nos crimes de ação 
penal privada será sempre possível a captura, como expressão do poder de polícia do 
Estado, mas a lavratura do auto de prisão em flagrante vai depender da concordância do 
ofendido ou do seu representante legal3. 
 
1.2 Desenvolvimento do Inquérito 
Por se tratar de um procedimento administrativo, o inquérito policial não segue um 
rito. Há, verdadeiramente, uma sequência de atos a ser seguida, sequência esta que, 
exemplificativamente, encontra-se consignada nos artigos 6º e 7º, CPP. Por lógico, a adoção 
 
3
 Trecho integralmente extraído do material fornecido pelo professor. 
Direito Processual Penal 
 
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desses atos investigatórios, salvo no caso de exame de corpo de delito, dá-se nos ditames de 
um juízo de conveniência e oportunidade do delegado de polícia. 
CPP, Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade 
policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação 
das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 
28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, de 1973) 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos 
criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do 
Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas 
que lhe tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer 
outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer 
juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e 
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e 
durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu 
temperamento e caráter. 
 
Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado 
modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde 
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
Observação: a Lei 12.830/2013 estabeleceu que a atividade da autoridade policial 
não é meramente administrativa. Tampouco é judicial. Em verdade, é jurídica. 
Lei 12.830/2013, Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais 
exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de 
Estado. 
 
1.3 Conclusão do Inquérito Policial 
1.3.1 Prazos 
CPP, Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido 
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, 
Direito Processual Penal 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando 
estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
 
 INDICIADO PRESO INDICIADO SOLTO 
JUSTIÇA COMUM/ESTADUAL 
(REGRA GERAL, ART. 10 CPP) 
10 dias, sem prorrogação 30 dias, prorrogáveis ao critério do 
juiz 
JUSTIÇA FEDERAL (ART. 66, LEI 
5.010/66) 
15 dias, prorrogáveis por igual 
período 
30 dias, prorrogáveis a critério do 
juiz 
LEI DE DROGAS (ART. 51) 30 dias, prorrogáveis por igual 
período 
90 dias, prorrogáveis por igual 
período 
CRIMES CONTRA A ECONOMIA 
POPULAR
4
 (ART. 10, §1º, LEI 
1.521/51) 
10 dias 10 dias 
 
Nota1: o prazo para a Justiça Federal é diferenciado, porquanto, em 1966, quando a 
Lei 5.010 foi editada, a Justiça Federal era notadamente embrionária. Não possuía a 
proporção da qual goza hoje. 
Nota2: o exemplo acerca dos crimes contra a economia popular foi extraído de outra 
aula ministrada pelo professor Marcelo, aqui, no Curso Ênfase. 
 
1.3.2 Remessa dos autos 
CPP, Art. 10. [...] 
§2º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao 
juiz competente. 
§2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido 
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
De acordo com a letra da lei, encaminham-se os autos ao juiz competente (art. 10, 
§1º, CPP). Na visão do professor, não há qualquer problemática em remeter os autos ao juiz 
competente, tendo em vista ser ele o controlador do prazo de conclusão do inquérito 
policial. Inclusive, já houve questões de provas cobrando a literalidade do CPP e que não 
foram anuladas. 
 
4
 Crimes contra a economia popular, por entendimento sumulado (498 do STF), são de competência da 
Justiça Estadual. 
Direito Processual Penal 
 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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Contudo, invocando o sistema acusatório, sob o viés doutrinário, os autos deveriam 
ser remetidos ao Ministério Público, titular da ação penal pública. E isso propiciaria até 
mesmo uma maior dinâmica no requerimento de diligências, na promoção de arquivamento, 
etc. Aponta a doutrina que não deveria o magistrado ter contato com os autos do IP nesse 
momento pré-processual, em respeito ao sistema acusatório. 
CPP, Art. 10. [...] 
§3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade 
poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão 
realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
A aplicação do §3º tem como pressuposto oindivíduo estar em liberdade. Assim, a 
requerimento da autoridade policial, o juiz deferirá o elastecimento do prazo para realização 
de novas diligências. 
Complementando o dispositivo em comento, o artigo 16 positiva que o membro do 
Ministério Público somente poderá devolver os autos do inquérito à autoridade policial se 
existirem diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia pendentes de realização. 
CPP, Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à 
autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da 
denúncia. 
Inquérito instaurado para a apuração de crime cuja ação penal seja privada não é 
arquivado. É encaminhado para o juízo competente e, decorrido o prazo decadencial, 
declara-se extinta a punibilidade, o que impede a re-discussão do fato. Não existe 
arquivamento ou desarquivamento de inquérito em crime de ação penal privada. 
CPP, Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão 
remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu 
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado 
[=cópias]. 
 
1.4 Arquivamento do Inquérito Policial 
O arquivamento consiste na paralisação das investigações, por falta de elementos 
suficientes para a deflagração da ação penal. Requerido pelo Ministério Público, e ordenado 
pelo juiz, o despacho/decisão de arquivamento do inquérito não faz coisa julgada, 
porquanto é decisão (precária) tomada rebus sic standibus (enquanto as coisas 
permanecerem nesse estado). 
Cuida-se do controle judicial acerca do princípio da obrigatoriedade. Ressalte-se que 
o inquérito pode ser arquivado em relação a um fato e prosseguir em relação a outros. 
CPP, Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
Direito Processual Penal 
 
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Na circunscrição de suas funções, a autoridade policial é regida pelo princípio da 
obrigatoriedade e indisponibilidade, motivo pelo qual não se lhe permite a determinação do 
inquérito policial. Chegando ao fim da investigação, seu dever é elaborar relatório final e 
remeter os autos para o juiz (orientação legal) ou para o MP (orientação doutrinária). 
Visto isso, infere-se serem possíveis três fins ao Inquérito Policial: 
(i) Retorno dos autos à Delegacia Policial para a realização de novas diligências – 
Artigo 10, §3º c/c art. 16, CPP; 
(ii) Pedido de arquivamento; 
(iii) Oferecimento da denúncia. 
Observação: rememoremo-nos que todas as manifestações do MP são 
fundamentadas (art. 129, CRFB). Ou seja, qualquer que seja sua ação (oferecimento de 
denúncia, promoção de arquivamento ou pedido de realização de diligências), deverá ela 
estar fundamentada. E isso possui repercussões diretas no tocante ao denominado 
arquivamento implícito ou indireto. 
 
1.4.1 O artigo 28 do CPP 
 Sistemática 
É a consagração do sistema acusatório. Caso o membro do MP requeira o 
arquivamento, e o juiz discorde das razões invocadas, os autos do inquérito serão remetidos 
ao chefe da instituição, o qual terá três opções: (i) concordar com o argumento do juiz e 
oferecer a denúncia; (ii) concordar, mas designar outro membro do órgão para fazê-lo; e (iii) 
insistir no arquivamento, posicionamento a que se vinculará o decisum do magistrado, haja 
vista o regramento constitucional segundo o qual ao Ministério Público é conferida a 
titularidade da Ação Penal pública (art. 129, I, CRFB).5 
O juiz exerce esse controle da obrigatoriedade podendo ir contra as razões do MP, 
mas face ao princípio acusatório, em discordando, deverá aos autos ao Procurador Geral. 
 Recusa pelo membro designado pelo PGR 
Dúvida que persiste é na hipótese de o membro do MP designado discordar da 
opinião do Procurador-Geral. Há quem entenda que a designação institucional deve ser 
acolhida e o membro do MP deve oferecer a denúncia, porquanto estaria a atuar como 
longa manus do Procurador-Geral. 
 
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 A ideia é a de que o poder de arquivar pertence a quem possui o poder de acusar. 
Direito Processual Penal 
 
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Segunda orientação assenta que é possível, em tese, em nome do princípio da 
independência funcional, que o membro designado se recuse a oferecer a denúncia, pedindo 
o arquivamento. 
Se o membro designado pelo PGR, também, entender que é caso de arquivamento, e 
se o juiz discordar, novamente, adota-se o procedimento do artigo 28 do CPP. Salvo, 
naturalmente, se, nesse ínterim, ocorrer nova causa fundamentadora do arquivamento, 
como, por exemplo, extinção da punibilidade. 
Por isso, para evitar constrangimentos, e um ciclo infinito de remessas para o 
Procurador-Geral, é comum que essa designação seja feita por membros inseridos no 
gabinete do chefe da instituição. 
 O artigo 28 do CPP e o verbete nº 696 da Súmula do STF 
O artigo 28 do CPP, tamanha sua importância, aparece em diversas fases do 
processo. É o caso do sursis processual ou suspensão condicional do processo, sobre o qual 
pairam divergências acerca de sua natureza jurídica: prerrogativa do membro do MP ou 
direito subjetivo do réu? 
Parte da doutrina posiciona-se pela natureza de direito subjetivo do réu. Uma vez 
cumpridos os requisitos legais (art. 89, Lei 9.099/95), a proposta seria obrigatória por parte 
do membro do MP. Nesse sentido, decisão do final do ano de 2012, proferida pela Quinta 
Turma do Superior Tribunal de Justiça e constante do informativo nº 513: 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. OFERECIMENTO 
DO BENEFÍCIO AO ACUSADO POR PARTE DO JUÍZO COMPETENTE EM AÇÃO PENAL 
PÚBLICA. 
O juízo competente deverá, no âmbito de ação penal pública, oferecer o benefício da 
suspensão condicional do processo ao acusado caso constate, mediante provocação da 
parte interessada, não só a insubsistência dos fundamentos utilizados pelo Ministério 
Público para negar o benefício, mas o preenchimento dos requisitos especiais previstos 
no art. 89 da Lei n. 9.099/1995. A suspensão condicional do processo representa um 
direito subjetivo do acusado na hipótese em que atendidos os requisitos previstos no 
art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Por essa razão, os indispensáveis 
fundamentos da recusa da proposta pelo Ministério Público podem e devem ser 
submetidos ao juízo de legalidade por parte do Poder Judiciário. Além disso, diante de 
uma negativa de proposta infundada por parte do órgão ministerial, o Poder Judiciário 
estaria sendo compelido a prosseguir com uma persecução penal desnecessária, na 
medida em que a suspensão condicional do processo representa uma alternativa à 
persecução penal. Por efeito, tendo em vista o interesse público do instituto, a proposta 
de suspensão condicional do processo não pode ficar ao alvedrio do MP. Ademais, 
conforme se depreende da redação do art. 89 da Lei n. 9.099/1995, além dos requisitos 
objetivos ali previstos para a suspensão condicional do processo, exige-se, também, a 
Direito Processual Penal 
 
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observância dos requisitos subjetivos elencados no art. 77, II, do CP. Assim, pode-se 
imaginar, por exemplo, situação em que o Ministério Público negue a benesse ao 
acusado por consideração a elemento subjetivo elencado no art. 77, II, do CP, mas, ao 
final da instrução criminal, o magistrado sentenciante não encontre fundamentos 
idôneos para valorar negativamente os requisitos subjetivos previstos no art. 59 do CP 
(alguns comuns aos elencados no art. 77, II, do CP), fixando, assim, a pena-base no 
mínimo legal. Daí a importância de que os fundamentos utilizados pelo órgão ministerial 
para negar o benefício sejam submetidos, mediante provocação da parte interessada, ao 
juízo de legalidade do Poder Judiciário. HC 131.108-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
18/12/2012. 
Em sentido o Pretório Excelso sustenta que a proposta de suspensão é prerrogativa 
do Ministério Público, não havendo que se falar em direito subjetivo do réu. 
Aqui, entra em cena a súmula 696 do STF, segundo a qual, presentes os requisitos 
autorizadores do oferecimento da proposta, e recusando-se o membro do MP em propô-la 
(de maneira fundamentada, logicamente), o juiz, em discordando, remeterá os autos ao 
Procurador-Geral, numa analogia ao artigo 28 do CPP. 
Enunciado nº 696 – Súmula do STF 
REUNIDOS OS PRESSUPOSTOS LEGAIS PERMISSIVOS DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO 
PROCESSO, MAS SE RECUSANDO O PROMOTOR DE JUSTIÇA A PROPÔ-LA, O JUIZ, 
DISSENTINDO, REMETERÁ A QUESTÃO AO PROCURADOR-GERAL, APLICANDO-SE POR 
ANALOGIA O ART. 28 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 
 O artigo 28 do CPP e o artigo 384, §1º, do CPP (mutatio libelli) 
CPP, Art. 384, § 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-
se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
Prevê o referido artigo o instituto da mutatio libelli. Não procedendo o membro do 
MP ao aditamento, o magistrado socorrer-se-á ao artigo 28 do CPP, por força do sistema 
acusatório e do princípio da obrigatoriedade. Havendo elementos novos que determinem o 
aditamento da denúncia, é obrigado o membro do MP a aditar. Caso não o faça, os autos 
serão remetidos ao PGR, o qual irá: (i) concordar com o argumento do juiz e oferecer o 
aditamento à denúncia; (ii) concordar, mas designar outro membro do órgão para fazê-lo; e 
(iii) insistir na denúncia já oferecida, posicionamento a que se vinculará o decisum do 
magistrado, haja vista o regramento constitucional segundo o qual ao Ministério Público é 
conferida a titularidade da Ação Penal pública (art. 129, I, CRFB). 
 
1.4.2 Ação Penal privada subsidiária da pública 
CPP, Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e 
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oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer 
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do 
querelante, retomar a ação como parte principal. 
Existem dois mecanismos de controle do princípio da obrigatoriedade da ação penal 
pública. 
Primeiramente, o artigo 28 do CPP, no qual o pleito de arquivamento, feito pelo 
membro do MP, sobre que haja discordância do magistrado, fará com que os autos do 
inquérito policial sejam remetidos ao chefe da instituição. 
De outra via, o artigo 29 do CPP, que cuida da ação penal subsidiária da pública 
intentada pelo particular, diante da inércia do Parquet. A partir do momento em que se 
verificar o decurso do prazo para o oferecimento da denúncia (5 dias, réu preso; 15 dias, réu 
solto), inicia-se o prazo decadencial de 6 meses para o ofendido oferecer a queixa 
subsidiária. 
Observação1: registre-se ser incabível a ação penal privada subsidiária da pública, se 
o inquérito policial houver sido regularmente arquivado. 
Observação2: se a decisão de arquivamento for manifestamente ilegal, o ofendido 
poderá impetrar mandado de segurança, contanto, naturalmente, que exista prova pré-
constituída, uma vez que é inviável a dilação probatória em sede de MS. 
Exemplo: arquivamento com base na prescrição pela pena ideal. Como inexiste 
recurso contra a decisão de arquivamento, poderá, nessa hipótese, o ofendido impetrar 
mandado de segurança. 
Explicação: dado setor doutrinário, arrimado na economia processual e na perda 
superveniente do interesse de agir, assinala positivamente quanto à ocorrência da 
prescrição pela pena ideal. Ressalte-se que tal instituto possuía maiores razão de ser 
defendido quando era possível reconhecer-se a prescrição entre a data do fato e o 
recebimento da denúncia, o que, atualmente, por conta das alterações processadas pela Lei 
12.234/2010, encontra-se sepultado. Sem embargo dessa posição doutrinária, o Superior 
Tribunal de Justiça, por meio de entendimento sumulado, com o qual o STF concorda, não 
admite a prescrição pela pena hipotética/ideal/em perspectiva. A uma, porque não há 
previsão legal. A duas, pela ocorrência de um juízo antecipado de culpa, violando, assim, o 
princípio da presunção de inocência. 
Enunciado nº 438 – Súmula do STJ 
É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com 
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo 
penal. 
 
Direito Processual Penal 
 
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1.4.3 Arquivamento implícito ou tácito 
Tese doutrinária minoritária defendente de que, se o inquérito apurou diversos fatos 
e pessoas, e no momento de oferecer a denúncia o Ministério Público o faz somente em 
relação a determinada pessoa ou fato, omitindo-se os demais, implicitamente, estaria a 
requerer o arquivamento em relação a tais pessoas ou fatos. Por conseguinte, o magistrado, 
ao receber a denúncia nesses termos, em nome do princípio da indivisibilidade, estaria a 
homologar o arquivamento concernente às outras pessoas e aos outros fatos, eis que não 
remeteu os autos ao Procurador-Geral na forma do artigo 28 do CPP. 
Como consequência disso, há a impossibilidade de aditamento da denúncia ou 
mesmo o oferecimento de outra denúncia, sem a existência de novas provas. 
Tal tese não é acolhida pelos tribunais superiores. A uma, porque o pedido do 
arquivamento é sempre expresso (art. 28, CPP). A duas, na visão do Supremo Tribunal 
Federal e do STJ, a ação penal pública é divisível, não sendo regida pelo princípio da 
indivisibilidade, significando que fica ao alvedrio do Parquet aguardar o melhor momento, o 
qual se dá quando há indícios de autoria e materialidade suficientes, para oferecer a 
denúncia em relação à determinada pessoa. 
No ponto, avive-se que, ante a complexidade do caso, o MP pode oferecer a 
denúncia contra indivíduos diferentes em momentos distintos. De dizer-se, ainda, que o 
processo no qual existe muitos réus, na prática, implica enormes dificuldades na realização 
da instrução. Com efeito, teria o MP a prerrogativa de desmembrar a denúncia, sem que isso 
resulte em arquivamento implícito, uma vez que a ação penal pública é regida pela 
divisibilidade. 
PRISÃOPREVENTIVA - CONCESSÃO DA ORDEM EM HABEAS CORPUS - EXTENSÃO. Tendo 
ocorrido a extensão de ordem formalizada em habeas corpus, dá-se o prejuízo da 
impetração em que é paciente o beneficiário do julgamento anterior. CRIME TRIBUTÁRIO 
- INICIAL - BALIZAS. Atende ao figurino legal denúncia imputando crime tributário 
presente a assertiva de não haver sido informada a existência de certo numerário à 
Receita Federal. INQUÉRITO - ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO. O ordenamento jurídico não 
contempla o arquivamento implícito do inquérito mormente quando articulado a 
partir do fato de o Ministério Público ter desmembrado a iniciativa de propor a ação 
considerados vários réus e imputações diversificadas. 
(HC 92445, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 03/03/2009, 
DJe-064 DIVULG 02-04-2009 PUBLIC 03-04-2009 EMENT VOL-02355-02 PP-00298) 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ALEGAÇÃO DE ARQUIVAMENTO 
IMPLÍCITO. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. PACIENTE DENUNCIADO PELO CRIME DE 
TORTURA APENAS NA SEGUNDA DENÚNCIA. POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO 
DA INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA. NÃO APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA 
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INDIVISIBILIDADE NESSA HIPÓTESE. ORDEM DENEGADA. PRECEDENTES DA CORTE. I – 
Alegação de ocorrência de arquivamento implícito do inquérito policial, pois o Ministério 
Público estadual, apesar de já possuir elementos suficientes para a acusação, deixou de 
incluir o paciente na primeira denúncia, oferecida contra outros sete policiais civis. II – 
Independentemente de a identificação do paciente ter ocorrido antes ou depois da 
primeira denúncia, o fato é que não existe, em nosso ordenamento jurídico processual, 
qualquer dispositivo legal que preveja a figura do arquivamento implícito, devendo ser 
o pedido formulado expressamente, a teor do disposto no art. 28 do Código Processual 
Penal. III – Incidência do postulado da indisponibilidade da ação penal pública que 
decorre do elevado valor dos bens jurídicos que ela tutela. IV – Não aplicação do 
princípio da indivisibilidade à ação penal pública. Precedentes. V – Habeas corpus 
denegado. 
(HC 104356, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 
19/10/2010, DJe-233 DIVULG 01-12-2010 PUBLIC 02-12-2010 EMENT VOL-02443-01 PP-
00201 RT v. 100, n. 906, 2011, p. 480-488) 
Em verdade, é a ação penal privada que deve ser indivisível, o que se consubstancia 
numa forma de controle de atividade do particular. Aclare-se: deixar ao alvedrio do 
particular a cisão da queixa-crime para oferecê-la contra qualquer um dos autores do fato, e 
não contra todos, seria entregar-lhe um instrumento de vingança. E a vingança, como 
cediço, de há muito, foi sepultada pelo Estado. 
Por esse motivo, conforme salientado nas decisões acima, diz-se que o princípio da 
indivisibilidade não se aplica à ação penal pública. 
 
1.4.4 Arquivamento indireto 
Ocorre quando o juiz se entende competente, mas o membro do MP discorda da 
competência do juízo, e por conta desse embate, não oferece a denúncia. O magistrado não 
pode obrigar o MP a denunciar. Por esse motivo, interpreta a recusa do membro do MP 
como um arquivamento indireto e encaminha os autos ao Procurador-Geral, no formato 
preconizado pelo artigo 28 do CPP. 
Na hipótese, essa divergência, quanto à competência do juízo, ainda não é conflito de 
atribuições. Se o magistrado se der por incompetente e declinar, abre-se margem para o MP 
oferecer recurso em sentido estrito (artigo 581, II, CPP). Caso se declare competente e o MP 
discorde, seria possível ofertar a exceção de incompetência. Todavia, como oferecer exceção 
de incompetência antes de iniciar a fase processual? 
CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES. JUIZ E MP FEDERAL. PEDIDO DE ARQUIVAMENTO INDIRETO 
(ART-28 DO CPP). A RECUSA DE OFERECER DENUNCIA POR CONSIDERAR INCOMPETENTE 
O JUIZ, QUE NO ENTANTO SE JULGA COMPETENTE, NÃO SUSCITA UM CONFLITO DE 
Direito Processual Penal 
 
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ATRIBUIÇÕES, MAS UM PEDIDO DE ARQUIVAMENTO INDIRETO QUE DEVE SER TRATADO 
A LUZ DO ART-28 DO CPP. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES NÃO CONHECIDO. 
(CA 12, Relator(a): Min. RAFAEL MAYER, Tribunal Pleno, julgado em 01/04/1982, DJ 09-
12-1983 PP-19415 EMENT VOL-01320-01 PP-00001 RTJ VOL-00108-02 PP-00455) 
Remetidos os autos ao Procurador-Geral, se este concordar com o membro e 
entender que o magistrado é incompetente, terá o juiz, pois que materializada sua 
vinculação a esse posicionamento, que declinar de sua competência. Realizada a declinação 
da competência, caso o juízo para o qual os autos foram remetidos também se julgue 
incompetente, patente restará um conflito negativo de atribuições, a ser apreciado pelo 
Superior Tribunal de Justiça (juízes de tribunais diferentes). 
Exemplo: máquina de caça-níqueis na Justiça Federal. Há quem entenda tratar-se de 
crime de contrabando, porquanto os componentes dessa máquina, de origem estrangeira, 
são importados ilegalmente. Sobre o tema, tem decidido o Superior Tribunal de Justiça que, 
não comprovado o dolo, não haveria que se falar em contrabando, mas, sim, em crime 
contra a economia popular e/ou contravenção penal (exploração de jogo de azar), os quais 
são de competência da Justiça Estadual. Assim o é porquanto entre possuir a máquina caça-
níquel no estabelecimento empresarial e ser conhecedor da origem estrangeira e da 
importação ilegal de seus componentes eletrônicos há um abismo probatório, que, muitas 
vezes, termina por enfraquecer a acusação ministerial de contrabando. 
Observação: tamanha é a divergência sobre o tema que o TRF da 2ª Região encontra-
se dividido. Alguns dizem que é delito de contrabando (competência da Justiça Federal). 
Para outros, crime contra a economia popular e/ou contravenção penal (competência da 
Justiça Estadual). Assunto, portanto, altamente relevante e passível de ser cobrado em 
provas. 
Verbete nº 38 – Súmula do STJ 
COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL COMUM, NA VIGENCIA DA CONSTITUIÇÃO DE 1988, O 
PROCESSO POR CONTRAVENÇÃO PENAL, AINDA QUE PRATICADA EM DETRIMENTO DE 
BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO OU DE SUAS ENTIDADES 
 
Verbete nº 498 – Súmula do STF 
COMPETE À JUSTIÇA DOS ESTADOS, EM AMBAS AS INSTÂNCIAS, O PROCESSO E O 
JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 
Imagine-se que o MP ofereça a denúncia, e o magistrado, reputando-se por 
incompetente, declina de sua competência. Na declinatória de competência, cabe o recurso 
em sentido estrito (artigo 581, II, CPP). O magistrado, então, denega o recurso, pois entende 
que a questão não é de competência do TRF. Argumenta o douto magistrado que é, sim, 
Direito Processual Penal 
 
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caso de conflito de atribuição6 que antecipa um conflito virtual de competência, cuja solução 
é fornecida pelo Superior Tribunal de Justiça. Por quê? A uma, porque o magistrado federal 
declina para o estadual. A duas, porque, se o TRF apreciar a questão, estaria a subtrair a 
competência do STJ (competente pararesolver o conflito virtual negativo de jurisdição). 
Contra a denegação do recurso em sentido estrito, é cabível a carta testemunhável. 
CPP, Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável: 
I - da decisão que denegar o recurso; 
Como dito, o TRF da 2ª Região apresenta divergências quanto à questão das 
máquinas caça-níqueis. 
EMENTA PROCESSUAL PENAL. CARTA TESTEMUNHÁVEL EM FACE DE DECISÃO QUE 
NEGA SEGUIMENTO AO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CONTRABANDO. 
COMPONENTES DE MÁQUINA CAÇA-NÍQUEIS. DECISÃO QUE DECLINA DA COMPETENCIA. 
ART. 581, II, CPP. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CABIMENTO. AUSÊNCIA DE 
CONTRARRAZÕES. CARTA TESTEMUNHÁVEL PROVIDA PARA PROSSEGUIR O 
PROCESSAMENTO DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. I- Proferida decisão declinando 
da competência é cabível a interposição de recurso em sentido estrito, conforme 
expressa enunciação legal (art. 581, II, CPP). II- Não há que se falar que a análise do 
recurso implicaria em usurpação de competência do STJ. Ao contrário, não cabe ao 
juízo a quo vedar a prerrogativa deste TRF de reexaminar suas decisões, nem de 
impedir às partes o seu direito de submetê-las ao duplo grau de jurisdição. III- Ausência 
de contrarrazões ao Recurso em Sentido Estrito. IV- Carta testemunhal conhecida e 
provida, determinando o processamento do recurso em sentido estrito. 
 
Origem: TRF-2 
Classe: ACR - APELAÇÃO CRIMINAL - 8135 
Processo: 200851018169104 UF: RJ Orgão Julgador: PRIMEIRA TURMA 
ESPECIALIZADA 
Data Decisão: 12/01/2011 Documento: TRF-200252949 
Fonte E-DJF2R - Data:: 10/03/2011 - Página:: 3/4 
Ementa 
PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. CRIME ASSEMELHADO A CONTRABANDO. 
APREENSÃO DE MÁQUINAS CAÇA-NÍQUEIS EM ESTABELECIMENTO COMERCIAL. 
PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA. INSUFICIÊNCIA DE PROVA DE AUTORIA DOLOSA. RECURSO 
DA DEFESA PROVIDO. I - O teor da informação da ABINEE – Associação Brasileira da 
Indústria Elétrica e Eletrônica, no sentido de que não constaria em seu cadastro 
fabricante nacional de processadores para placa-mãe, não pode ser considerada como 
prova indireta inequívoca da procedência estrangeira das máquinas de azar 
 
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 Conflito de atribuição entre órgão judicial e administrativo deve ser resolvido pelo Supremo Tribunal 
Federal. 
Direito Processual Penal 
 
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apreendidas, uma vez que o art. 5o, XX, CRFB/1988 aduz que ninguém poderá ser 
compelido a associar-se ou a permanecer associado. II - Não constando nos autos 
mínimos elementos de convicção da autoria dolosa (consciência) do Recorrente no 
crime de contrabando de 06 (seis) máquinas caça-níqueis - muito embora possa haver 
de crime contra a economia popular ou contravenção penal, ambos de competência da 
Justiça Estadual -, impõe-se absolvê-lo do crime do art. 334, § 1o, 'c', do CP, com fulcro 
no art. 386, VII, do CPP. III - Recurso de Apelação da defesa provido. 
 
Origem: TRF-2 
Classe: ACR - APELAÇÃO CRIMINAL - 11426 
Processo: 201051018101024 UF: RJ Orgão Julgador: SEGUNDA TURMA 
ESPECIALIZADA 
Data Decisão: 03/06/2014 Documento: TRF-200291086 
Fonte E-DJF2R - Data:: 24/07/2014 
Ementa 
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CONTRABANDO. 
MÁQUINAS ELETRÔNICAS PROGRAMÁVEIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 
INÉPCIA DA DENÚNCIA NÃO CONFIGURADA. MATERIALIDADE E AUTORIA 
COMPROVADAS. ORIGEM ESTRANGEIRA DOS COMPONENTES DAS MÁQUINAS 
DEMONSTRADA. COAÇÃO MORAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. I - A conduta de manter em estabelecimento 
comercial máquinas do tipo caça níqueis, desde que comprovado que possui 
componentes de procedência estrangeira desacompanhada de documentação legal, 
como no caso dos autos, se amolda perfeitamente ao tipo penal descrito no artigo 334, 
§ 1º, "d", do Código Penal, cuja competência para processamento e julgamento é da 
Justiça Federal. II - Verificado que a exordial acusatória, tal como redigida, atende aos 
requisitos dispostos no artigo 41 do Código de Processo Penal, tendo descrito, de forma 
satisfatória, a conduta típica atribuída ao réu, o que lhe permitiu compreender 
perfeitamente o teor da imputação e, consequentemente, exercer, com plenitude, o seu 
direito de defesa, não deve ser acolhida a alegação defensiva de inépcia da denúncia. III - 
Além disso, é assente na jurisprudência que a inépcia da denúncia deve ser suscitada até 
a prolação da sentença condenatória, sob pena de preclusão. IV - Constatado que o 
laudo de exame merceológico, realizado por amostragem, atestou a procedência 
estrangeira apenas dos componentes de uma das máquinas apreendidas, sem que 
houvesse qualquer indicativo nos autos que tratava-se de modelo semelhante às demais, 
permanece a dúvida quanto à materialidade delitiva em relação àquelas cujos 
componentes não foram objeto de análise, devendo ser mantida a condenação do réu 
tão somente em relação ao exemplar cuja origem estrangeira foi comprovada. V - A 
realização de exame pericial direto sobre máquinas caça-níquel apreendidas não é 
indispensável à demonstração da materialidade delitiva, desde que a procedência 
estrangeira das mercadorias contrabandeadas seja provada por outros meios de prova. 
VI - O dolo eventual constitui elemento subjetivo apto à configuração do tipo penal 
Direito Processual Penal 
 
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descrito no artigo 334 do Código Penal. VII - Incumbe ao acusado provar as alegações 
feitas, sendo esta a inteligência do artigo 156, do Código de Processo Penal, de modo 
que não se afigura suficiente a mera presunção genérica de que teria agido sem dolo. 
VIII - Não comprovada a alegação defensiva de que as máquinas caça níqueis 
permaneceram no estabelecimento comercial do acusado em razão de ameaças 
sofridas, não há que falar na aplicação da causa excludente da culpabilidade relativa a 
coação moral irresistível. IX - Em se tratando de componentes de máquinas caça-níqueis 
de importação proibida, a lesão causada vai além da questão econômica, envolve a 
ordem pública, de modo que não pode ser afastada pelo princípio da insignificância. X - 
Constatado que o acusado praticou o delito primeiramente em julho de 2009, ocorrendo 
a reiteração da prática em outubro de 2010, ou seja, num intervalo de tempo de 1 (um) 
ano e 3 (três) meses, infere-se que o fato subsequente não é um simples desdobramento 
ou ampliação da conduta inicial do agente, evidenciando a habitualidade delitiva. XI- 
Recurso desprovido. " 
Relator Desembargador Federal ANDRÉ FONTES 
 
1.5 Desarquivamento do Inquérito 
CPP. Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade 
judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a 
novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
O juiz não tem o poder de desarquivar, sob pena de se conspurcar o sistema 
acusatório. Nesse cenário, conquanto não possa arquivar o inquérito, a autoridade policial, 
ex officio, pode desarquivá-lo, dês que baseada em notícia de provas novas, tendo em vista 
que o arquivamento ocorreu, justamente, pela ausência de indícios mínimos para o 
oferecimento da denúncia. 
Observação1: de regra, a decisão de arquivamento é rebus sic stantibus. Todavia, faz 
coisa julgadao arquivamento com base na atipicidade do fato ou extinção da punibilidade. É 
uma exceção à não feitura de coisa julgada pelo inquérito policial. 
Observação2: a súmula vinculante nº 24 é uma hipótese de atipicidade pendente. 
Com o lançamento superveniente ao arquivamento, pode-se oferecer a denúncia ou 
proceder ao desarquivamento. É a exceção da exceção. Em resumo, a atipicidade faz coisa 
julgada. Salvo, no caso da súmula vinculante nº 24 do STF. 
Enunciado nº 24 – Súmula Vinculante do STF 
NÃO SE TIPIFICA CRIME MATERIAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, PREVISTO NO ART. 
1º, INCISOS I A IV, DA LEI Nº 8.137/90, ANTES DO LANÇAMENTO DEFINITIVO DO 
TRIBUTO. 
Direito Processual Penal 
 
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Observação3: indivíduo que tenha cometido crime tributário e realize o pagamento 
antes de deflagrada a ação penal, extingue-se a punibilidade. Logo, imperioso o 
arquivamento do feito, o qual, ante a extinção da punibilidade, opera coisa julgada. 
Entretanto, posteriormente, descobre-se que a guia de recolhimento do pagamento do 
tributo era falsa. Indaga-se: subsiste a extinção da punibilidade? A primeira orientação, 
sustentada por parte da doutrina, assenta não existir revisão em prol da sociedade. Dessa 
feita, permanece a decisão de arquivamento. A descoberta superveniente da falsidade não 
autorizaria o desarquivamento, porquanto a revisão somente seria em favor do réu; não, da 
sociedade. Por sua vez, a posição tranquila da jurisprudência aventa que o pressuposto do 
arquivamento não existiu. Logo, a decisão ou despacho não faz coisa julgada, sendo possível 
o desarquivamento, contanto que, nesse período, não haja ocorrido a prescrição. Tal 
despacho/decisão será revogado, em razão de seu fundamento ser inexistente. 
Vide o verbete nº 524 da Súmula do STJ: 
Verbete nº 524 – Súmula do STF 
ARQUIVADO O INQUÉRITO POLICIAL, POR DESPACHO DO JUIZ, A REQUERIMENTO DO 
PROMOTOR DE JUSTIÇA, NÃO PODE A AÇÃO PENAL SER INICIADA, SEM NOVAS PROVAS. 
Trata-se de adaptação do artigo 18 do CPP, que é direcionado ao Delegado de Polícia, 
para o Ministério Público. A mera discordância entre os membros do Ministério Público não 
é motivo bastante para se oferecer denúncia com base em inquérito policial arquivado, sem 
que haja provas novas. Não há que se invocar, in casu, a independência funcional, sob pena 
de se fragmentar a segurança jurídica, eis que o arquivamento já foi apreciado pelo 
Judiciário. 
Tais provas serão aquelas “substancialmente novas”, e não as “formalmente novas”. 
Exemplo: João, testemunha de um crime de roubo e que estava junto com a vítima, 
não fora ouvido no curso das investigações do inquérito policial. Maria, a vítima, foi ouvida. 
Finalizadas as diligências, o Ministério Público requereu e o inquérito foi arquivado pelo Juiz. 
Nessa hipótese, embora as declarações de João possam constituir-se numa prova nova, 
apenas o é sob o aspecto formal. Na ótica da substancialidade, não o é, haja vista João ter 
visualizado os fatos da mesma forma que a vítima e, tal como ela, não ter enxergado o rosto 
do assaltante, que estava de máscara. Assim, com base na ausência da oitiva de João, o 
membro do MP não poderá requerer o desarquivamento do inquérito. 
PROCESSUAL PENAL. ARQUIVAMENTO DO INQUERITO POLICIAL. NOVAS PROVAS, 
CAPAZES DE AUTORIZAR INICIO DA AÇÃO PENAL, SEGUNDO A SÚMULA 524. SERÃO 
SOMENTE AQUELAS QUE PRODUZEM ALTERAÇÃO NO PANORAMA PROBATÓRIO 
DENTRO DO QUAL FORA CONCEBIDO E ACOLHIDO O PEDIDO DE ARQUIVAMENTO. A 
NOVA PROVA HÁ DE SER SUBSTANCIALMENTE INOVADORA E NÃO APENAS 
FORMALMENTE NOVA. NO CASO DOS AUTOS, CONSTITUIDO SUBSTANCIALMENTE POR 
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UM DEPOIMENTO EM QUE REPRODUZEM INFORMAÇÕES PELA TESTEMUNHA OUVIDAS 
DA PROPRIA VÍTIMA, A PROVA EDITADA NÃO PODIA SER CONSIDERADA PROVA NOVA, 
PARA O EFEITO DE AUTORIZAR A INSTAURAÇÃO DA AÇÃO PENAL. (RHC 57191, 
Relator(a): Min. DÉCIO MIRANDA, Segunda Turma, julgado em 28/08/1979, DJ 05-10-
1979 PP-07442 EMENT VOL-01147-01 PP-00185 RTJ VOL-00091-03 PP-00831) 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO PELA ALINEA D, POR DIVERGENCIA COM A SÚMULA 524 DO 
STF. ADVOGADO QUE USAVA GRATUITAMENTE ESTACIONAMENTO CONTINUO AO 
FORUM, FALSAMENTE AFIRMANDO-SE AMIGO DE CERTO DESEMBARGADOR A QUEM O 
PROPRIETARIO FRANQUEAVA A VAGA. HIPÓTESE TRATADA COMO SE ESTELIONATO 
FOSSE. AÇÃO PENAL INSTAURADA COM BASE EM INQUERITO FUNDAMENTADAMENTE 
ARQUIVADO, CONSIDERANDO-SE NOVA PROVA UMA CARTA QUE NOTICIAVA 
CONHECIMENTO DOS FATOS POR INTERMEDIO DE TESTEMUNHA QUE JA DEPUSERA NO 
INQUERITO ARQUIVADO. PROVA NÃO SUBSTANCIALMENTE NOVA NEM CAPAZ DE 
ALTERAR O PANORAMA DIANTE DO QUAL FORA DECRETADO O ARQUIVAMENTO, 
TANTO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVA QUANTO POR IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO. RE 
CONHECIDO E PROVIDO. 
(RE 116196, Relator(a): Min. CELIO BORJA, Segunda Turma, julgado em 16/09/1988, DJ 
14-10-1988 PP-26386 EMENT VOL-01519-03 PP-00502) 
 
1.6 Quadro esquemático sobre formas de instauração do IP 
 
 AÇÃO PENAL PÚBLICA 
INCONDICIONADA 
AÇÃO PENAL PÚBLICA 
CONDICIONADA 
AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
 
 
 
 
FORMAS DE INSTAURAÇÃO 
DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
 
 
 
 
 
(i) Ex officio pela 
Autoridade Policial (art. 
5º, I); 
(i) O IP não pode ser 
instaurado de ofício. 
(i) O IP não pode ser 
instaurado de ofício. 
(ii) Requisição do MP 
(art. 5º, II, 2ª parte) 
(ii) Requisição do 
Ministro da Justiça (art. 
24, 2ª parte) 
(ii) Requerimento de 
quem tenha qualidade 
para intentá-la (art. 4º, 
§5º) 
(iii) Requerimento do 
ofendido ou de quem 
tenha qualidade para 
representá-lo (art. 5º, 
II, parte final) 
(iii) Representação feita 
pelo ofendido (art. 5º, 
§4º) ou por procurador 
com poderes especiais 
(art. 39) 
 
(iv) Qualquer do povo 
(art. 5º, §3º) 
 
 
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2. Ação Penal 
2.1 Ação Penal pública incondicionada 
Tem como titular o Ministério Público, não condicionando seu exercício a qualquer 
manifestação, seja do particular, seja do Ministro da Justiça. 
Submete-se aos seguintes princípios: 
 
2.1.1 Princípios 
2.1.1.1 Obrigatoriedade 
Assevera que o membro do Ministério Público, em possuindo os elementos 
probatórios mínimos, estará obrigado a deflagrar a ação penal, mediante o oferecimento da 
denúncia. 
Nesse diapasão, vejamos o artigo 385 do CPP, que consubstancia uma manifestação 
do princípio da obrigatoriedade: 
CPP, Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, 
ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer 
agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. 
O instituto da transação penal apresenta-se como uma mitigação da obrigatoriedade 
da ação penal, a partir do momento em que, antes do oferecimento da denúncia, o 
Ministério Público propõe um acordo no qual não haverá a imposição da penal corporal. 
Lei 9.099/95, Art. 76. Havendo representação ou tratando‑se de crime de ação penalpública incondicionada, não sendo caso de arquivamento [significa a existência de justa 
causa], o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de 
direitos ou multas [transação penal], a ser especificada na proposta. 
Observação: existe posição doutrinária a não reconhecer, aqui, uma exceção ao 
princípio da obrigatoriedade, pois o exercício do jus puniendi não estaria sendo abdicado 
pelo Parquet. Antes, o órgão ministerial estaria, ao oferecer a proposta de transação penal, 
promover a ação penal por meio do acordo de transação. Tal tese é reforçada pelo fato de 
que a homologação de transação penal, na perspectiva dos tribunais superiores, não faz 
coisa julgada, de maneira que seu descumprimento autoriza o Ministério Público a oferecer 
denúncia. 
Também a colaboração premiada, plasmada no artigo 4º, §4º, da Lei 12.850/2013, 
consiste numa exceção ao princípio da obrigatoriedade. Ressalte-se que o não oferecimento 
da denúncia, conquanto se trate de atribuição do MP, deve ser homologado pelo 
magistrado. 
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Lei 12.850/2013, Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão 
judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por 
restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a 
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou 
mais dos seguintes resultados: 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das 
infrações penais por eles praticadas; 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização 
criminosa; 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização 
criminosa; 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais 
praticadas pela organização criminosa; 
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
 
Lei 12.850/2013, Art. 4º, § 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público 
poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador: 
I - não for o líder da organização criminosa; 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. 
 
Lei 12.850/2013, Art. 4º, § 7º Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo, 
acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido 
ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e 
voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença 
de seu defensor.

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