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Centro Universitário Anhanguera - Leme/SP CONCILIACAO Prof. Esp. Cecília Rodrigues Frutuoso Hildebrand Alunos do grupo: 1. Bianca Neves Tavanielli. RA 1537944455. 2. ChauFeiTerng. RA 1578139352. 3. Giovana Pires. RA 1577146244 4. Márcio Roberto Silveira. RA 1519223202 5. Márcio Marinho. RA 1537932332 6. Paulo Henrique Boff Junior. RA 1435963719 7. Pedro José Ferrari Miziara. 8. Samanta Maria Violin. RA 1439912449 3º semestre/2016 1-INRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a conciliação técnica, conceituá-la e analisá-la sob o prisma do novo Código de Processo Civil, Lei nº13.105/2015, que a todo momento a incentiva como solução de conflito mais ágil e econômica, não abrangendo a conciliação intuitiva ou informal. O novo CPC deu grande destaque para as maneiras alternativas de soluções extrajudiciais de conflitos realizadas pelos próprios cidadãos sem a necessidade de congestionar o Judiciário nacional entre elas a conciliação e a mediação. Por exemplo no: Art 3. § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. Art 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. [1: Novo Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>] 2-CONFLITOS A palavra “conflito” tem sua derivação de “conflicttus”, ”confligere” e significa: luta, oposição, pendência, embate de pessoas, contraposição de interesses entre duas ou mais pessoas. 2.1-CONFLITO E O PODER JUDICIÁRIO A sociedade, no Brasil, não tem o hábito, o costume de solucionar as questões de forma pacífica e amigável, a fim de promover uma pacificação social conforme prevê a Constituição Federal no Art. 3, I. Para tanto, ela recorre ao Poder Judiciário para alcançar tal objetivo. Assim, surge a figura do juiz-Estado, outorgado pela lei com poderes para a solução de conflitos por meio de alternativas jurisdicionais ( processos ) adequadas e céleres previsto também na Carta Magna no Art. 5, LXXVIII. “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária”; “Art 5º ... LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” Luis Alberto Gomes de Araújo diz que o judiciário: “... garante a imparcialidade de quem julga e protege a parte menos forte ou mais desprotegida da relação em conflito. Garante, além disso, a igualdade perante a lei a todos os cidadãos, a gratuidade do sistema e não deixa ao livre arbítrio das partes a interpretação de normas de cumprimento imperativo ou a aplicação de direitos que a lei considera como irrenunciáveis por parte dos particulares, além de outros benefícios.” (ARAÚJO, 1999, p.128). “Ocorre que, paralelamente ao entendimento de que cabe ao Judiciário a responsabilidade pela resolução das querelas da sociedade, criou-se também a compreensão de que somente cabe ao Estado o poder de dirimir os problemas da população, não tendo esta a capacidade natural de solucionar sem traumas parte de seus problemas comuns.” (ARAÚJO, 1999, p. 127 –128). Segundo Adolfo Braga Neto: “... a sociedade brasileira está acostumada e acomodada ao litígio e ao célebre pressuposto básico de que justiça só se alcança a partir de uma decisão proferida pelo juiz togado. Decisão esta muitas vezes restrita a aplicação pura e simples de previsão legal, o que explica o vasto universo de normas no ordenamento jurídico nacional, que buscam pelo menos amenizar a ansiedade do cidadão brasileiro em ver aplicada regras mínimas para regulação da sociedade”. (NETO, 2003, p. 20.). O conflito somado com a dependência do Poder Judiciário e a inércia do cidadão em tentar solucionar esse conflito gera demora nos julgamentos, acúmulo de um grande número de processos, dificultando a prestação de serviço do poder judiciário. 3-CONCILIAÇÃO Segundo Lídia Maia de Moraes Sales: “... meio de solução de conflitos em que as pessoas buscam sanar as divergências com o auxílio de um terceiro, o qual recebe a denominação de conciliador. A conciliação em muito de assemelha à mediação. A diferença fundamental está na forma de condução do diálogo entre as partes.” (SALES, 2007, p. 42) Definição de conciliação segundo Luiz Antunes Caetano: “... meio ou modo de acordo do conflito entre partes adversas, desavindas em seus interesses ou direitos, pela atuação de um terceiro. A conciliação também é um dos modos alternativos de solução extrajudicial de conflitos. Em casas específicas, por força de Lei, está sendo aplicada pelos órgãos do Poder Judiciário”. (CAETANO, 2002, p. 17) Conclui-se que conciliação é uma forma de resolução de conflitos, onde as partes buscam encontrar uma solução para um conflito com a ajuda de um terceiro neutro, que aponta possíveis soluções para o caso concreto, cabendo as partes aceitarem ou não as propostas apresentadas pelo conciliador. 3.1-PRINCIPIOS DA CONCILIAÇÃO Faz-se necessário destacar alguns princípios: A - Princípio da validação: o acordo estabelecido na conciliação deve ser fruto da decisão consciente e voluntária das partes, para que estas o cumpram fielmente. Deve expressar a vontade dos envolvidos, satisfazendo-os. Exige-se também que este acordo seja analisado como título executivo extrajudicial - certo, líquido e exigível. B - Princípio do emponderamento: visa formar os cidadãos, para que se tornem agentes de pacificação de futuros litígios em que possam se envolver, tendo como base a experiência vivenciada na conciliação. C - Princípio da aptidão técnica: a conciliação não deve ser conduzida apenas pelo instinto do conciliador, mas deve ser pautada em técnica, aumentando assim a segurança das partes. D - Princípio da decisão informada: as partes devem ser devidamente informadas das consequências da solução escolhida para o conflito, para que, posteriormente, não sejam surpreendidas por algo que desconheciam. E - Princípio pax est querenda ou Princípio da normalização do conflito. Significa que o conciliador deve, em todos os momentos, tranquilizar as partes envolvidas, uma vez que a solução desta desavença é almejada pela sociedade e, principalmente, pelos envolvidos. Além destes, temos outros princípios que também regem a conciliação, entre eles o principio da informalidade, da simplicidade, da economia processual, celeridade, oralidade, confidencialidade e flexibilidade processual, segundo o qual a livre autonomia dos interessados pode definir as regras procedimentais. 3.2-ESTRUTURA DA CONCILIAÇÃO [2: Apostila CEJUSC disponível em:< http://www.tjsp.jus.br/Download/Conciliacao/Nucleo/ApostilaCEJUSC-NPMCSC.pdf>, pagina 3.] 3.3-ABERTURA DA AUDIÊNCIA • Apresentar-se como Conciliador e anotar os nomes das partes e advogados, se houver. • Explicar o papel do Conciliador • Explicar que não é Juiz e não tem poder de decisão e o que for falado não vai ser usado como prova • Explicar que é imparcial • Explicar que é um facilitador (trabalha conjuntamente para tentar alcançar uma solução) • Explicar que o que for exposto e confidencial • Falar sobre o papel do advogado • Explicar que vai ajudar as partes a examinar e a expressar metas e interesses • Descrever o processo a ser seguido: • Tempo da audiência • Logística da audiência • Partes tem a oportunidade de falar (provocar a manifestação) • Regras básicas para a condução do processo (uma parte não interrompe a outra) • Informalidade (nenhuma regra de produçãode prova) 3.4-VANTAGENS DA CONCILIAÇÃO -Processo mais rápido com custo menor -Tem mesma validade jurídica do processo judicial -Sentença com validade judicial permitindo sua execução -Permite implementação mesmo com o processo em curso -A conciliação pode ser feita em centros públicos vinculados ao Tribunal de Justiça ou em Centros Privados se o Conciliador for registrado junto ao Tribunal de Justiça. -É formalizado pelo Conciliador e homologado pelo Juiz. 3.5-CONCILIADOR É a terceira pessoa neutra, imparcial que interfere na comunicação das partes no litígio, inclusive apresentando soluções de acordo com a vontade dos interessados que podem aceitar ou não, tornando a discussão mais rápida e objetiva. O conciliador atua principalmente nos casos em que não houver vinculo anterior entre as partes, e tem o dever de sigilo, não podendo divulgar ou depor sobre os fatos da conciliação. Para ser conciliador o cidadão precisa ser : - Bacharel em qualquer curso superior reconhecido pelo MEC; - Estudante, a partir do 4º semestre, mediante autorização expressa do Juiz de Direito perante quem o conciliador exercerá suas funções; - Ser certificado em curso de capacitação ministrado ou reconhecido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. - São impedidas de serem nomeados conciliadores as pessoas que exercem atividade político-partidária, aquelas que desempenham atividade de advocacia perante o juízo em que pretendem atuar como conciliador, quem possui processo em andamento no juízo onde pretende exercer a função, assim como quem traz condenação criminal por decisão transitada em julgado. Cabe ao conciliador: • Estabelecer confiança (aceitação do conciliador pelas partes) • Escutar ativamente - Saber escutar com serenidade, deve-se deixar as pessoas falarem, sem interrompê-las antes de ouvir o que efetivamente pretendem dizer. (“ESCUTAR PARA OUVIR, NÃO PARA RESPONDER”). • Reconhecer sentimentos (necessidade ou interesses ocultos), que serão as bases da negociação. • Fazer perguntas abertas (que não contenham atribuição de culpa) • Ser isento de julgamentos e avaliações (neutralidade) • Separar as pessoas dos problemas • Criar padrões objetivos • Buscar nas partes a autonomia de vontade (atitude espontânea) • Intervir com parcimônia (intervenções rápidas e objetivas)- recomenda-se que o conciliador não intervenha sem necessidade. • Confidencializar a audiência (sigilo) • Pacificar a lide sociológica • Educar as partes para que elas resolvam os conflitos (empoderamento) • Quebrar a polarização e humanizar o relacionamento (validação) 4-CONCLUSÃO A conciliação, diante do exposto, é a medida mais propícia a resoluções pacíficas de conflitos, já que É um ato voluntario, de comum acordo entre as partes. Além disso dão celeridade e efetividade ao litigio pois a solução É alcançada pelas próprias partes, sem a imposição de um terceiro (Juiz), sendo desta forma mais adequadas as reais necessidades e possibilidades dos interessados. É uma realidade no Brasil, porém incipiente devido uma questão cultural. Contudo, cabe aos operadores do Direito contribuir com essa mudança concretizando o disposto no Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, Art 2º, parágrafo único, inciso VI que diz: Art 2º...parágrafo único. “São deveres do advogado: VI-“estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios”. Porque o diálogo sempre é a melhor solução. Bibliografia Apostila CEJUSC disponível em: <http://www.tjsp.jus.br/Download/Conciliacao/Nucleo/ApostilaCEJUSC-NPMCSC.pdf>. Acessado em 20/03/2016 as 10hr36min. ARAUJO, Luís Alberto Gómez. Os mecanismos alternativos de solução de conflitos como ferramentas na busca da paz. In Mediação – métodos de resolução de controvérsias, n. 1, coord. Ângela Oliveira. São Paulo: LTr, 1999, p.127 – 132. CAETANO, Luiz Antunes. Arbitragem e Mediação, Atlas Editora,2002 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros Editores, 2008. Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-mediacao/quero-ser-um-conciliador-mediador.> Acessado em 06/03/2016, às 15hr45min. Constituição Federal do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> Acessado em 05/03/2016, às 17hr52 min. NETO, Adolfo Braga. Alguns aspectos relevantes sobre mediação de conflitos. In Estudos sobre mediação e arbitragem. Lilia Maia de Morais Sales (Org.). Rio – São Paulo – Fortaleza: ABC Editora, 2003, p. 20. Novo Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm> Acesso em 20/03/2016 as 10hr 30min. Ordem dos Advogados do Brasil. Diponível em: <http://www.oab.org.br/visualizador/19/codigo-de-etica-e-disciplina> Acessado em 06/03/2016, às 17hr01min. SALES, Lília Maia de Morais. A mediação de conflitos e a pacificação social. In Estudos sobre mediação e arbitragem. Lilia Maia de Morais Sales (Org.). Rio – São Paulo – Fortaleza: ABC Editora, 2007. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.tjsp.jus.br/download/conciliacao/apostila_juizados_especiais_civeis.pdf> Acesso em 06/03/2016, às 13hr05min. Tribunal de justiça do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.tjdft.jus.br/institucional/2a-vice-presidencia/nupemec/conciliadores/copy_of_Queroserumconciliadorvoluntrio2015.pdf> Acessado em 06/03/2016, às 16hr00min.
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