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PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá! Tudo bem? Está é a aula 7. Nela, vamos resolver exercícios sobre texto: tipologia, compreensão e interpretação textual. Esse é um assunto que o Cespe adora. Em suas provas, é comum surgirem cinco questões aproximadamente. Vamos aos exercícios! Cuidados para evitar envenenamentos 1 Mantenha sempre medicamentos e produtos tóxicos fora do alcance das crianças; Não utilize medicamentos sem orientação de um médico 4 e leia a bula antes de consumi-los; Não armazene restos de medicamentos e tenha atenção ao seu prazo de validade; 7 Nunca deixe de ler o rótulo ou a bula antes de usar qualquer medicamento; Evite tomar remédio na frente de crianças; 10 Não ingira nem dê remédio no escuro para que não haja trocas perigosas; Não utilize remédios sem orientação médica e com 13 prazo de validade vencido; Mantenha os medicamentos nas embalagens originais; Cuidado com remédios de uso infantil e de uso adulto 16 com embalagens muito parecidas; erros de identificação podem causar intoxicações graves e, às vezes, fatais; Pílulas coloridas, embalagens e garrafas bonitas, 19 brilhantes e atraentes, odor e sabor adocicados despertam a atenção e a curiosidade natural das crianças; não estimule essa curiosidade; mantenha PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 2 22 medicamentos e produtos domésticos trancados e fora do alcance dos pequenos. Internet: <189.28.128.100/portal/aplicacoes/noticias> (com adaptações). 1. (Cespe/MS/Agente Administrativo/2008) O emprego do imperativo nas oito primeiras frases depois do título indica que se trata de um texto narrativo. Comentário – O texto caracteriza-se pelo emprego da linguagem apelativa como meio de persuadir o leitor a adotar certos cuidados quanto à manipulação de medicamentos e produtos tóxicos. As formas verbais empregadas no imperativo afirmativo (“Mantenha”, “Evite”) e negativo (“Não utilize”, “Não armazene”) conferem à mensagem um tom coercitivo, a fim de que o resultado desejado seja obtido. Além disso, o fato de o emissor dirige-se diretamente ao receptor por meio do pronome de tratamento (você, implícito na desinência verbal) evidencia a tentativa de envolvê-lo no processo verbal. O tipo de texto é injuntivo ou instrucional. Resposta – Item errado. 1 Um lugar sob o comando de gestores, onde os funcionários são orientados por metas, têm o desempenho avaliado dia a dia e recebem prêmios em dinheiro pela 4 eficiência na execução de suas tarefas, pode parecer tudo — menos uma escola pública brasileira. Pois essas são algumas das práticas implantadas com sucesso em um grupo de 7 escolas estaduais de ensino médio de Pernambuco. A experiência chama a atenção pelo impressionante progresso dos estudantes depois que ingressaram ali. 10 Como é praxe no local, o avanço foi quantificado. Os alunos são testados na entrada, e quase metade deles tirou zero em matemática e notas entre 1 e 2 em português. Isso 13 em uma escala de zero a 10. Depois de três anos, eles PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 3 cravaram 6 em tais matérias, em uma prova aplicada pelo Ministério da Educação. Em poucas escolas públicas 16 brasileiras, a média foi tão alta. De saída, há uma característica que as distingue das demais: elas são administradas por uma parceria entre o governo e uma 19 associação formada por empresários da região. Os professores são avaliados em quatro frentes: recebem notas dos alunos, dos pais e do diretor e ainda outra pelo 22 cumprimento das metas acadêmicas. Aos melhores, é concedido bônus no salário. Veja, 12/3/2008, p. 78 (com adaptações). 2. (Cespe/STF/Técnico Judiciário/2008) Predomina no fragmento o tipo textual narrativo ficcional. Comentário – Nada nele é ficção. As informações são verídicas e nos contam a experiência observada em Pernambuco. O intuito é dar-nos conhecimento acerca de um fato interessante ocorrido no sistema de educação daquele Estado. O texto é dissertativo expositivo. Resposta – Item errado. Grupo Móvel — O Sr. se lembra quando o Grupo esteve aqui antes? Jacaré — Hum! Olha, acho que faz uns oito anos... 4 Grupo Móvel — Saiu um monte de gente, por que o Sr. não saiu? Jacaré — É, saiu um monte de gente, mas o patrão pediu para 7 ficar e eu fiquei. Grupo Móvel — O que o Sr. fez com o dinheiro da indenização que recebeu na época? 10 Jacaré — Construí um barraquinho... Comprei umas vaquinhas... PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 4 Grupo Móvel — Depois disso, o Sr. recebeu mais alguma 13 coisa? Jacaré — Não, não recebi mais nada, além de comida. Ele disse que eu teria de pagar pelo dinheiro que recebi. 16 Grupo Móvel — Mais nada? Companheira de Jacaré — Ele diz que a gente ainda está devendo e não deixa tirar nossas vacas, diz que são dele. Até as 19 leitoas que pegamos no mato ele diz que são dele. Grupo Móvel — Por que o Sr. continua trabalhando? Companheira de Jacaré — Porque ele não quer ir embora sem 22 receber nada. Nem as vacas ele deixa a gente levar. Grupo Móvel — Quantos anos o Sr. tem? Jacaré — Tenho 64 anos. 25 Grupo Móvel — E trabalha para ele há quantos anos? Jacaré — Faz uns 30 anos. Grupo Móvel — O Sr. pede dinheiro para ele? 28 Jacaré — Não, não peço. Precisa pedir? Se a gente trabalha, não precisa pedir. O dilema de Eduardo Silva, conhecido como Jacaré, 31 enfim, foi resolvido. Ele foi retirado da fazenda em Xinguara, no Pará. O Grupo Especial Móvel de Combate ao Trabalho Escravo do MTE abriu para ele uma caderneta de poupança, 34 onde foi depositado o valor das verbas indenizatórias devidas, cerca de R$ 100 mil. Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 43 (com adaptações). 3. (Cespe/MTE/Agente Administrativo/2008) Por suas características estruturais, é correto afirmar que o texto em análise é uma descrição. Comentário – As características estruturais do texto são típicas de um texto informativo, cujo gênero é a entrevista, muito comum nos meios de comunicação. Normalmente construída em forma de diálogo e sobre um PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 5 assunto específico, a entrevista possui um interlocutor determinado e um locutor – ou arguidor – que conduz a conversa de modo a extrair dela as informações que deseja. A estrutura de um texto informativo como este pode ser representada por perguntas e respostas ou por parágrafos propriamente ditos. Resposta – Item errado. Trabalho escravo: longe de casa há muito mais de uma semana 1 O resgate de trabalhadores encontrados em situação degradante é uma rotina nas ações do Grupo Especial Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, do MTE. Desde que 4 iniciou suas operações, em 1995, já são mais de 30 mil libertações de trabalhadores submetidos a condições desumanas de trabalho. “Chamou-me a atenção o caso de um 7 trabalhador que há 30 anos não via a família”, lembra Cláudio Secchin, um dos oito coordenadores das operações do Grupo Móvel. Natural de Currais Novos, no Rio Grande 10 do Norte, José Galdino da Silva — Copaíba, como gosta de ser chamado — saiu de casa com 10 anos de idade para trabalharno Norte. Nunca estudou. Durante 40 anos, veio 13 passando de fazenda em fazenda, de pensão em pensão, trabalhando com derrubada de mata e roça de pasto. Nunca teve a carteira de trabalho assinada e perdeu a conta de 16 quantas vezes não recebeu pelo trabalho que fez. Copaíba nunca se casou nem teve filhos. “Não conseguia dormir direito por não conseguir juntar dinheiro sequer para retornar 19 à minha cidade e rever a família”, relatou. Quando uma fazenda no município paraense de Piçarras foi fiscalizada em junho deste ano, Copaíba foi localizado pelo Grupo Móvel, PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 6 22 resgatado e recebeu de indenização trabalhista mais de R$ 5 mil. Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 40-2 (com adaptações). 4. (Cespe/MTE/Administrador/2008) Emprega-se, no texto, alguns elementos estruturais da narrativa que, nesse caso, são fundamentais para a consolidação de sua natureza informativa e jornalística. Comentário – A natureza informativa e jornalística do texto expressa-se por meio do gênero notícia – relato de um fato ou de uma série de fatos relacionados ao mesmo evento, começando pelo fato ou aspecto mais relevante. Portanto, é natural que sejam empregados nesse tipo de texto alguns elementos estruturais da narrativa (quem, o que, quando, onde, como, porque/para que) a partir da notação mais relevante: o resgate de trabalhadores encontrados em situação degradante feito pelo GEMCTE, do MTE. Resposta – Item certo. 1 O termo groupthinking foi cunhado, na década de cinquenta, pelo sociólogo William H. Whyte, para explicar como grupos se tornavam reféns de sua própria coesão, 4 tomando decisões temerárias e causando grandes fracassos. Os manuais de gestão definem groupthinking como um processo mental coletivo que ocorre quando os grupos são 7 uniformes, seus indivíduos pensam da mesma forma e o desejo de coesão supera a motivação para avaliar alternativas diferentes das usuais. Os sintomas são conhecidos: uma 10 ilusão de invulnerabilidade, que gera otimismo e pode levar a riscos; um esforço coletivo para neutralizar visões contrárias às teses dominantes; uma crença absoluta na 13 moralidade das ações dos membros do grupo; e uma visão PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 7 distorcida dos inimigos, comumente vistos como iludidos, fracos ou simplesmente estúpidos. 16 Tão antigas como o conceito são as receitas para contrapor a patologia: primeiro, é preciso estimular o pensamento crítico e as visões alternativas à visão 19 dominante; segundo, é necessário adotar sistemas transparentes de governança e procedimentos de auditoria; terceiro, é desejável renovar constantemente o grupo, de 22 forma a oxigenar as discussões e o processo de tomada de decisão. Thomaz Wood Jr. O perigo do groupthinking. In: Carta Capital, 13/5/2009, p. 51 (com adaptações). 5. (Cespe/TCU/AFCE/2009) A sequência narrativa inicial, relatando a origem do termo “groupthinking” (l.1), não caracteriza o texto como narrativo, pois integra a organização do texto predominantemente argumentativo. Comentário – Dificilmente alguém escreve um texto homogêneo, ou seja, puramente narrativo, descritivo, argumentativo, informativo ou instrucional. No caso do texto da prova, há ainda elementos que descrevem, definem ou caracterizam o conceito de “groupthinking”. Contudo, o autor do texto, sutilmente (entre elementos narrativos e descritivos), expõe seu ponto de vista a respeito dele. No segundo parágrafo, Thomas Wood classifica-o negativamente de “patologia” e propõe categoricamente medidas (“receitas”) para tratá-lo, por considerá-lo indesejável. Resposta – Item certo. 6. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Apesar de a definição de “groupthinking” (l.5-9) sugerir neutralidade do autor a respeito desse processo, o uso metafórico de palavras da área de saúde, como “sintomas” (l.9), “receitas” (l.16) e PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 8 “patologia” (l.17), orienta a argumentação para o valor negativo e indesejável de groupthinking. Comentário – Durante o processo descritivo do que é groupthinking, o autor tenta se manter imparcial, mas logo deixa transparecer seu ponto de vista sobre ele por meio das palavras citadas pela banca, as quais assumem carga semântica negativa. Resposta – Item certo. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 9 7. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) No texto, que se caracteriza como expositivo-argumentativo, identificam-se a combinação de vocabulário abstrato com metáforas e o emprego de estruturas sintáticas repetidas. Comentário – A primeira parte da assertiva afirma que o texto é expositivo-argumentativo. O que será que o Cespe quis dizer com isso? Texto expositivo-argumentativo é simplesmente o que evidencia uma análise crítica e pessoal sobre um assunto, apresentando dados, observações, argumentos que a confirmem. No texto da prova, o autor discorre sobre a estruturação da fenomenologia da memória. A partir da linha 18, Paul Ricouer apresenta-nos a conclusão da tese que defende. A segunda parte da assertiva afirma que podemos encontrar “combinação de vocabulário abstrato com metáforas e o emprego de estruturas sintáticas repetidas”. Será verdade? Veja os exemplos abaixo: – “Essa abordagem ‘objetal’ levanta um problema específico no plano da memória” (l. 8-9); – “cuja tendência foi fazer prevalecer o lado egológico da experiência mnemônica” (l. 13-15); – “Se nos apressarmos a dizer que o sujeito da memória é o eu,... a noção de memória coletiva poderá...” (l. 18-21); – “Se não quisermos nos deixar confinar numa aporia inútil, será preciso manter... (l. 22-24). Resposta – Item certo. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 10 Cinco curiosidades sobre Erasmo de Rotterdam (1467-1536) 8. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O texto, de caráter informativo, é exemplo do gênero biografia. Comentário – Como o próprio título já anuncia, o texto é um informativo sobre aspectos da vida de Erasmo de Rotterdam. A exposição de dados da vida desse ilustre personagem caracteriza-se como uma biografia – gênero literário em que, normalmente, se conta a vida de alguém depois de sua morte. Resposta – Item certo. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 11 9. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O trecho “uma série de avanços [...] bens materiais e simbólicos” (L.6-9) constitui a tese que os autores visam comprovar por meio da argumentação formulada no texto, que pode ser classificado como dissertativo-argumentativo. Comentário – De fato, o texto é dissertativo-argumentativo, mas a tese é outra. Você notou isso? O que o texto sustenta é que “este é o período histórico no qual se opera a mais radical das revoluções já experimentadas pela humanidade, tanto em amplitude quanto em profundidade” (l. 3-5). Observe que, a partir da linha 16, a autora reafirma a singularidade do período histórico: “...o que distingue a atual revolução de outros tantos definitivos PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. AlbertIglésia www.pontodosconcursos.com.br 12 marcos históricos... é a tremenda rapidez, a agilidade e a amplitude das mudanças e transformações”. Resposta – Item errado. 10. (Cespe/SAEB-BA/Professor/Língua Portuguesa/2011) Pelos sentidos e pelas estruturas linguísticas do texto, é correto concluir que o emprego de “Conheça” (L.7) e “Não perca” (L.12) indica que a função da linguagem predominante no texto é a (A) metalinguística. (B) poética. (C) conativa. (D) expressiva. Comentário – Questão interessante. Apesar de não cobrar especificamente o tipo de texto, exige conhecimento sobre a função da linguagem presente no tipo de texto conhecido como injuntivo: função conativa (ou apelativa). Ela PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 13 se centraliza no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento dele. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu, você, nós, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativos. Usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor. A função metalinguística centraliza-se no código, usando a linguagem para falar dela mesma (a poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto). Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem. Exemplos: – O que você quer dizer com isso? – “Escrevo porque gosto de escrever. A função poética centraliza-se na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. É afetiva, sugestiva, conotativa, metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música, algumas propagandas etc. Exemplo: “Rua Torta Lua Morta Tua Porta”. A função expressiva (ou emotiva) centraliza-se no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela, prevalece a primeira pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. Exemplo: – Eu odeio tomar refrigerante quente. – Nós o amamos muito, papai. Resposta – C PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 14 11. (Cespe/TCU/AFCE/Auditoria de Obras Públicas/2011) O texto caracteriza- -se como predominantemente dissertativo-argumentativo, e o autor utiliza recursos discursivos diversos para construir sua argumentação, como, por exemplo, linguagem figurada e repetições. Comentário – Note que a expressão “dissertativo-argumentativo” surge de vez em quando nas provas. A tese que o autor defende gira em torno da felicidade (primeiro período e segundo períodos). Note também que o autor usa reiteradamente o vocábulo “felicidade”. As expressões “como uma deusa da vitória”, “vida que é dor, avidez e privação” e “aquele que não sabe [...] colocar-se de pé” são exemplos de linguagem figurada. Resposta – Item certo. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 15 Grupo Móvel — O Sr. se lembra quando o Grupo esteve aqui antes? Jacaré — Hum! Olha, acho que faz uns oito anos... 4 Grupo Móvel — Saiu um monte de gente, por que o Sr. não saiu? Jacaré — É, saiu um monte de gente, mas o patrão pediu para 7 ficar e eu fiquei. Grupo Móvel — O que o Sr. fez com o dinheiro da indenização que recebeu na época? 10 Jacaré — Construí um barraquinho... Comprei umas vaquinhas... Grupo Móvel — Depois disso, o Sr. recebeu mais alguma 13 coisa? Jacaré — Não, não recebi mais nada, além de comida. Ele disse que eu teria de pagar pelo dinheiro que recebi. 16 Grupo Móvel — Mais nada? Companheira de Jacaré — Ele diz que a gente ainda está devendo e não deixa tirar nossas vacas, diz que são dele. Até as 19 leitoas que pegamos no mato ele diz que são dele. Grupo Móvel — Por que o Sr. continua trabalhando? Companheira de Jacaré — Porque ele não quer ir embora sem 22 receber nada. Nem as vacas ele deixa a gente levar. Grupo Móvel — Quantos anos o Sr. tem? Jacaré — Tenho 64 anos. 25 Grupo Móvel — E trabalha para ele há quantos anos? Jacaré — Faz uns 30 anos. Grupo Móvel — O Sr. pede dinheiro para ele? 28 Jacaré — Não, não peço. Precisa pedir? Se a gente trabalha, não precisa pedir. O dilema de Eduardo Silva, conhecido como Jacaré, 31 enfim, foi resolvido. Ele foi retirado da fazenda em Xinguara, PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 16 no Pará. O Grupo Especial Móvel de Combate ao Trabalho Escravo do MTE abriu para ele uma caderneta de poupança, 34 onde foi depositado o valor das verbas indenizatórias devidas, cerca de R$ 100 mil. Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 43 (com adaptações). 12. (Cespe/MTE/Agente Administrativo/2008) Em “Porque ele não quer ir embora sem receber nada. Nem as vacas ele deixa a gente levar” (l. 21-22), nas duas ocorrências, o pronome “ele” refere-se à mesma pessoa. Comentário – Perceba a astúcia da banca examinadora. Quis induzir os candidatos a crerem que, nos dois casos, o pronome em destaque fazia alusão, provavelmente, ao personagem “Jacaré”. Talvez, por se tratar da proximidade entre a entrada em “cena” de “Jacaré” e o elemento de coesão. Portanto, prezado aluno, fique atento! O primeiro emprego do pronome “ele” retoma, de fato, o personagem “Jacaré”, a quem a pergunta (l. 20) foi dirigida. Mas o segundo emprego recupera “patrão”, personagem que aparece pela primeira vez na linha 6. Resposta – Item errado. 1 Um governo, ou uma sociedade, nos tempos modernos, está vinculado a um pressuposto que se apresenta como novo em face da Idade Antiga e Média, a saber: a 4 própria ideia de democracia. Para ser democrático, deve contar, a partir das relações de poder estendidas a todos os indivíduos, com um espaço político demarcado por regras 7 e procedimentos claros, que, efetivamente, assegurem o atendimento às demandas públicas da maior parte da população, elegidas pela própria sociedade, através de suas 10 formas de participação/representação. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 17 Para que isso ocorra, contudo, impõe-se a existência e a eficácia de instrumentos de reflexão e o debate público 13 das questões sociais vinculadas à gestão de interesses coletivos — e, muitas vezes, conflitantes, como os direitos liberais de liberdade, de opinião, de reunião, de associação 16 etc. —, tendo como pressupostos informativos um núcleo de direitos invioláveis, conquistados, principalmente, desde o início da Idade Moderna, e ampliados pelo 19 Constitucionalismo Social do século XX até os dias de hoje. Fala-se, por certo, dos Direitos Humanos e Fundamentais de todas as gerações ou ciclos possíveis. Rogério Gesta Leal. Poder político, estado e sociedade. Internet: <www.mundojuridico.adv.br> (com adaptações). 13. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Na organização da argumentação, o segundo parágrafo do texto estabelece a condição de o debate e a reflexão sobre os direitos humanos vinculados aos interesses coletivos estarem na base da ideia de democracia. Comentário – A condição é ressaltada logo no segmento inicial “Para que isso ocorra [...] impõe-se a existência e a eficácia de instrumentos de reflexão e o debate público...”. Note que a “existência e a eficácia de instrumentosde reflexão e o debate público” são fundamentais para que haja um governo democrático, com um espaço político demarcado por regras e procedimentos claros (a ideia sublinhada – l. 4-7 – é retomada pelo pronome demonstrativo “isso”). Resposta – Item certo. 14. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O desenvolvimento das ideias demonstra que, na linha 4, a flexão de singular em “deve” estabelece relações de coesão e de concordância gramatical com o termo “democracia”. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 18 Comentário – Embora esteja expresso apenas no período anterior, subentende-se na linha 4 o termo “governo”, com o qual o verbo “deve” mantém relações de coesão e de concordância. Resposta – Item errado. 15. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O pronome “isso” (l.11) exerce, na organização dos argumentos do texto, a função coesiva de retomar e resumir o fato de que as “demandas públicas da maior parte da população” (l.8-9) são escolhidas por meio de “formas de participação/representação” (l.10). Comentário – Apontei acima a referência do pronome “isso”: a ideia de um governo democrático, com um espaço político demarcado por regras e procedimentos claros. Resposta – Item errado. 1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio, de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma 4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência, subordinação, resistência ou rebeldia. [...] Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações). 16. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Nas relações de coesão que se estabelecem no texto, o pronome “que” (l.4) retoma a expressão “exercício do poder” (l.1). Comentário – Volte ao texto e releia o seguinte fragmento: “controle de uma pessoa sobre outra, que se comporta com dependência, subordinação, resistência ou rebeldia”. Quem se comportar dessa maneira? A pessoa controlada., representada no texto pelo vocábulo “outra” (= outra pessoa). Resposta – Item errado. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 19 1 A discussão acerca da influência do pensamento econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência 4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas. Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das 7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os 10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto. O economista Pérsio Arida tratou desse problema em 13 um texto que se tornou clássico muito antes de ser publicado. Afirma ali que o aprendizado da teoria econômica tem sido efetuado de acordo com dois modelos distintos: o que ele 16 chama de hard science, que ignora a história do pensamento e segundo o qual o estudante deve familiarizar-se de imediato com o estágio atual da teoria, e o que ele chama de soft science, 19 que considera que o estudante deve conhecer bem, e, se possível, dominar, os clássicos do passado, mesmo que em prejuízo de sua familiaridade com os desenvolvimentos mais 22 recentes. Acrescenta a esse enquadramento que, por trás do modelo hard science, está a ideia de uma “fronteira do conhecimento”: o estudante não precisaria perder tempo com 25 antigos pensadores, porque todas as suas eventuais contribuições já estariam incorporadas ao estado atual da teoria. De outro lado, subjacente à visão do modelo soft 28 science, estaria a ideia de que o conhecimento está disperso historicamente, ensejando a necessidade de os estudantes se dedicarem a esses pensadores. Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações). PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 20 17. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) O texto constitui uma argumentação em defesa de determinada linha de pesquisa dentro das ciências econômicas. Comentário – A autora não defende nenhuma linha de pesquisa em particular. Ela traz à tona a discussão sobre a forma de evolução dos paradigmas na ciência econômica e afirma que existem “dúvidas a respeito de se o conhecimento mais recente é necessariamente o melhor”. Ela cita o economista “Pérsio Arida”. Segundo ele, “o aprendizado da teoria econômica tem sido efetuado de acordo com dois modelos distintos”: um despreza o passado e valoriza o estágio atual da teoria; outro considera os clássicos do passado em detrimento dos conhecimentos mais recentes. Resposta – Item errado. 18. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Pela leitura do texto, depreende-se que a hard science e a soft science correlacionam-se, respectivamente, às ciências naturais e às ciências humanas. Comentário – Esses dois modelos distintos (hard science e soft science) correlacionam-se à ciência econômica. Esta pertence ao campo das ciências sociais (ou humanas). A seguinte passagem (l. 3-7) confirma nossa resposta: Mas, na ciência econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas. Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o conhecimento mais recente é necessariamente o melhor... Resposta – Item errado. 1 Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a eficiência, a produtividade e a competitividade nos processos PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 21 gerenciais e nos produtos e serviços das organizações. Ou seja, 4 é o fermento do crescimento econômico e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, capacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas tradicionais. Inovador é o 7 indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em situações com as quais ele se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as coisas novas, pois a novidade é catastrófica 10 para os mais céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um percurso de difícil travessia para a maioria das instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de 13 um empreendimento em uma realidade duradoura e lucrativa. A inovação estimula a comercialização de produtos ou serviços e também permite avanços importantes para toda a sociedade. 16 Porém, a inovação é verdadeira somente quando está fundamentada no conhecimento. A capacidade de inovação depende da pesquisa, da geração de conhecimento. 19 É necessário investir em pesquisa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo de investimento não são necessariamente recursos financeiros 22 ou valores econômicos, podem ser também a qualidade de vida com justiça social. 19. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Na linha 8, o segmento “as quais” remete a “situações” e, por isso, admite a substituição pelo pronome que; no entanto, nesse contexto, tal substituição provocaria ambiguidade. Comentário – A substituição NÃO gera ambiguidade. Veja: “Inovador é o indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em situaçõescom que ele se defronta.” Resposta – Item errado. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 22 20. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) O período sintático iniciado por “Inovar significa” (l.12) estabelece, com o período anterior, relação semântica que admite ser explicitada pela expressão Por conseguinte, escrevendo-se: Por conseguinte, inovar significa [...]. Comentário – A expressão Por conseguinte integra segmento de valor semântico conclusivo. Mas a relação estabelecida é de explicação, justificativa. Resposta – Item errado. 21. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da argumentação do texto que o pronome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investimento” (l.20-21), refere-se à ideia de “fermento do crescimento econômico e social de um país” (l.4). Comentário – O pronome “esse”, que se contraiu com a preposição “de”, se refere à ideia de investimento em pesquisa (linha 19). A expressão “fermento do crescimento” se refere a “Inovar” (linha 1). Resposta – Item errado. 1 A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela origem de uma série de mazelas, algumas das quais proibidas por lei ou 4 consideradas crimes. É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde o capitalismo, em seu ambiente mais 7 selvagem, obriga crianças e adolescentes a participarem do processo de produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de 10 hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil foi PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 23 minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, ele continua 13 sendo grave problema nos países mais pobres. Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações). 22. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A palavra “chaga” (L.4), empregada com o sentido de ferida social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a “pobreza” (L.1). Comentário – A referência é ao “trabalho infantil”, ideia ressaltada inclusive por meio dos trechos “obriga crianças e adolescentes a participarem do processo de produção” (linhas 7 e 8) e “o trabalho infantil foi minimizado” (linhas 11 e 12) e por meio do pronome “ele” (linha 12). O autor termina o texto enfatizando o problema que é o trabalho infantil. Resposta – Item errado. 23. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A expressão “das quais” (L.3) pode ser suprimida do período sem prejuízo da correção gramatical ou da coerência do texto. Comentário – O pronome indefinido “algumas” já se refere ao vocábulo “mazelas”, o que faz com que a correção e a coerência sejam mantidas. Resposta – Item certo. Grupo Móvel — O Sr. se lembra quando o Grupo esteve aqui antes? Jacaré — Hum! Olha, acho que faz uns oito anos... 4 Grupo Móvel — Saiu um monte de gente, por que o Sr. não saiu? Jacaré — É, saiu um monte de gente, mas o patrão pediu para 7 ficar e eu fiquei. Grupo Móvel — O que o Sr. fez com o dinheiro da indenização que recebeu na época? PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 24 10 Jacaré — Construí um barraquinho... Comprei umas vaquinhas... Grupo Móvel — Depois disso, o Sr. recebeu mais alguma 13 coisa? Jacaré — Não, não recebi mais nada, além de comida. Ele disse que eu teria de pagar pelo dinheiro que recebi. 16 Grupo Móvel — Mais nada? Companheira de Jacaré — Ele diz que a gente ainda está devendo e não deixa tirar nossas vacas, diz que são dele. Até as 19 leitoas que pegamos no mato ele diz que são dele. Grupo Móvel — Por que o Sr. continua trabalhando? Companheira de Jacaré — Porque ele não quer ir embora sem 22 receber nada. Nem as vacas ele deixa a gente levar. Grupo Móvel — Quantos anos o Sr. tem? Jacaré — Tenho 64 anos. 25 Grupo Móvel — E trabalha para ele há quantos anos? Jacaré — Faz uns 30 anos. Grupo Móvel — O Sr. pede dinheiro para ele? 28 Jacaré — Não, não peço. Precisa pedir? Se a gente trabalha, não precisa pedir. O dilema de Eduardo Silva, conhecido como Jacaré, 31 enfim, foi resolvido. Ele foi retirado da fazenda em Xinguara, no Pará. O Grupo Especial Móvel de Combate ao Trabalho Escravo do MTE abriu para ele uma caderneta de poupança, 34 onde foi depositado o valor das verbas indenizatórias devidas, cerca de R$ 100 mil. Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 43 (com adaptações). 24. (Cespe/MTE/Agente Administrativo/2008) O que faz de Eduardo Silva objeto de interesse da ação do Grupo Móvel é o fato de que o trabalhador optou por trabalhar sem receber a remuneração correspondente, PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 25 conforme se depreende do trecho “o patrão pediu para ficar e eu fiquei” (l. 6-7). Comentário – O texto indica (l. 28) que Jacaré espera receber pelo trabalho que desempenha na fazenda do patrão. Além disso, o Grupo Móvel ficou impressionado com o fato de Jacaré ter permanecido na fazenda (l. 4) mesmo depois da inspeção anterior realizada pelo próprio Grupo (l. 1). Isso o correu há cerca de oito anos (l. 3), quando saíram de lá vários trabalhadores (l. 4) que, ao que tudo indica, estavam em condições semelhantes à de Jacaré. Resposta – Item errado. 1 Nós, seres humanos, somos seres sociais: vivemos nosso cotidiano em contínua imbricação com o ser de outros. Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo, 4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano como um contínuo devir de experiências individuais intransferíveis. Isso admitimos como algo indubitável. Ser 7 social e ser individual parecem condições contraditórias da existência. De fato, boa parte da história política, econômica e cultural da humanidade, particularmente durante os últimos 10 duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse dilema. Assim, distintas teorias políticas e econômicas, fundadas em diferentes ideologias do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa 13 dualidade, seja reclamando uma subordinação dos interesses individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário, afastando o ser humano da unidade de sua experiência cotidiana. [...] Humberto Maturana. Biologia do fenômeno social: a ontologia da realidade. Miriam Graciano (Trad.). Belo Horizonte: UFMG, 2002, p. 195 (com adaptações). 25. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Depreende-se do texto que as “condições contraditórias” mencionadas na linha 7 decorrem da dificuldade PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 26 que o ser humano tem em admitir que suas experiências são intransferíveis porque surgem de “um contínuo devir” (l.5). Comentário – Não há nenhuma dificuldade. Está dito no texto que “Isso admitimos como algo indubitável” (linha 6), ou seja, incontestável, indiscutível. Resposta – Item errado. 26. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Nas relações de coesão do texto, as expressões “esse dilema” (l.10) e “dessa dualidade” (l.12-13) remetem à condição do ser humano: unitário em “sua experiência cotidiana” (l.15), mas imbricado “com o ser de outros” (l.2). Comentário– As expressões se referem realmente às contradições da existência humana, que podem ser traduzidas pela ideia indicada no enunciado (releia os dois primeiros períodos do texto, por exemplo). Resposta – Item certo. 27. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A inserção de termo como antes de “seres humanos” (l.4) preservaria a coerência entre os argumentos bem como a correção gramatical do texto. Comentário – De fato, não há prejuízo algum. Aliás, a inserção do termo indicado melhora até a compreensão do trecho: “Ao mesmo tempo, como seres humanos, somos indivíduos...”. Resposta – Item certo. 1 As diferenças de classes vão ser estabelecidas em dois níveis polares: classe privilegiada e classe não privilegiada. Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de 4 um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que classificar por extremos não reflete a complexidade de classes PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 27 da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos. Em cada um 7 dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas preferimos alçar a dicotomia maior que tanto habita o mundo das estatísticas quanto, e principalmente, o mundo do 10 imaginário social. [...] Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja. São Paulo: Fapesp&Annablume, p. 62 (com adaptações). 28. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da argumentação do texto que “os picos” (l.6) correspondem aos mais salientes indicadores de classes — a privilegiada e a não privilegiada —, referidos no texto também como “extremos” (l.5) e “polos” (l.7). Comentário – As palavras “picos”, “extremos” e “polos" guardam semelhanças significativas entre si e correspondem ao que a banca indicou (cf. linhas 1 e 2). Resposta – Item certo. 29. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) De acordo com a argumentação do texto, a diferenciação das classes em “dois níveis polares” (l.1-2), como dois extremos, não atende à complexidade de classes da sociedade brasileira, mas é comum ao “mundo das estatísticas” (l.8-9) e ao “mundo do imaginário social” (l.9-10). Comentário – O texto diz isso nas linhas 4-10. Resposta – Item certo. 1 A característica central da modernidade, não seria 2 demais repetir, é a institucionalização do universalismo — e 3 seu duplo, a igualdade — como princípio organizador da esfera 4 pública. [...] PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 28 9 O particularismo das diferenças produz exclusão social e 10 simbólica, dificultando os sentimentos de pertencimento e 11 interdependência social, necessários para a efetiva 12 institucionalização do universalismo na esfera pública. [...] Jeni Vaitsman. Desigualdades sociais e particularismos na sociedade brasileira. In: Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, n.º 18 (Suplemento), p. 38 (com adaptações). 30. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) As relações entre as ideias do texto mostram que a forma verbal “dificultando” (l.10) está ligada a “diferenças” (l.9); por isso, seriam respeitadas as relações entre os argumentos dessa estrutura, como também a correção gramatical, caso se tornasse explícita essa relação, por meio da substituição dessa forma verbal por e dificultam. Comentário – A ligação é com o termo “particularismo”. Resposta – Item errado. 31. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A coerência entre os argumentos apresentados no texto mostra que o pronome “seu” (l.3) refere-se a “universalismo” (l.2). Comentário – A referência feita é ao termo “universalismo”. O “duplo” (ou seja, o outro aspecto) dele é a “igualdade”. “A característica central da modernidade [...] é a institucionalização do universalismo – e seu duplo, a igualdade [...]”. Observe que o verbo ser foi substituído pela vírgula vicária: “e seu duplo é a igualdade”. Resposta – Item certo. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 29 1 A recuperação econômica dos países desenvolvidos começou perigosamente a perder fôlego. A reação dos indicadores de atividade na zona do euro, que já não eram 4 robustos ou mesmo convincentes, é agora algo semelhante à paralisia. Os Estados Unidos da América cresceram a uma taxa superior a 3% em 12 meses, mas a maioria dos analistas aposta 7 que a economia americana perderá força no segundo semestre. O corte de 125 mil empregos em junho indica que a esperança de gradual retomada do crescimento do mercado de trabalho no 10 curto prazo era prematura e não deverá se concretizar. As razões para esse estancamento encontram-se no comportamento do polo dinâmico da economia mundial, os países emergentes, 13 cujo desenvolvimento econômico começou a desacelerar — ainda que a partir de taxas exuberantes de expansão. Valor Econômico, Editorial, 6/7/2010 (com adaptações). 32. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) No trecho “cujo desenvolvimento econômico [...] expansão” (L.13-14), identifica-se relação de causa e consequência entre a construção sintática destacada com travessão e a oração que a antecede. Comentário – O conectivo “ainda que” ressalta o valor semântico concessivo estabelecido na passagem. Resposta – Item errado. 33. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) As expressões “começou perigosamente a perder fôlego” (L.2) e “começou a desacelerar” (L.13), empregadas em sentido figurado, são equivalentes quanto ao sentido e sugerem que, no atual contexto mundial, caracterizado pela economia globalizada, não há esperança de crescimento da oferta de emprego no curto prazo. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 30 Comentário – O que sugere isso é “O corte de 125 mil empregos em junho”; as expressões assinaladas indicam queda na recuperação e no desenvolvimento econômico. Resposta – Item errado. 34. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do texto que os países emergentes são considerados o polo dinâmico da economia mundial e deles dependem a velocidade e a força da recuperação da economia de países desenvolvidos. Comentário – As linhas 10 a 12 sustentam a inferência. Resposta – Item certo 1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais 4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho branco e trabalham para as organizações mais poderosas. 7 Estima-se que as perdas provocadas por violações das leis antitrust — apenas um item de uma longa lista dos principais crimes do colarinho branco — sejam maiores que todas as 10 perdas causadas pelos crimes notificados à polícia em mais de uma década, e as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela 13 indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por seus produtos provavelmente custou tantas vidas quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos nos Estados 16 Unidos da América durante uma década inteira; e outros PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 31 produtos perigosos, como o cigarro, também provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. JamesWilliam Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). 35. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Conclui-se da leitura do texto que os efeitos das ações de criminosos de rua não são, de fato, tão danosos à sociedade quanto os das ações praticadas por criminosos de colarinho branco. Comentário – A conclusão fundamenta-se nas linhas 4-6. Resposta – Item certo. 36. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pela leitura do texto, conclui-se que, nos Estados Unidos da América, os efeitos anuais do tabagismo são mais danosos que os de uma década de violência urbana somados aos do uso de produtos fabricados com amianto. Comentário: cuidado, pois o somatório a que o examinador se referiu não é mencionado no texto. A comparação feita é entre as mortes causadas por “outros produtos perigosos, como o cigarro,” e, separadamente, aquelas causadas: a) pela “indústria do asbesto (amianto)” e b) pelos “assassinatos ocorridos nos Estados”. Resposta – Item errado. 1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio, de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma 4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência, subordinação, resistência ou rebeldia. Tais dinâmicas não se reportam apenas ao caráter negativo do poder, de opressão, PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 32 7 punição ou repressão, mas também ao seu caráter positivo, de disciplinar, controlar, adestrar, aprimorar. O poder em si não existe, não é um objeto natural. O que há são relações de 10 poder heterogêneas e em constante transformação. O poder é, portanto, uma prática social constituída historicamente. Na rede social, as dinâmicas de poder não têm 13 barreiras ou fronteiras: nós as vivemos a todo momento. Consequentemente, podemos ser comandados, submetidos ou programados em um vínculo, ou podemos comandá-lo 16 para a realização de sua tarefa, e, assim, vivermos um novo papel social, que nos faz complementar, passivamente ou não, as regras políticas da situação em que nos encontramos. Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações). 37. (Cespe/TCU/AFCE/2009) É correto concluir, a partir da argumentação do texto, que o poder é dinâmico e que há múltiplas formas de sua realização, com faces heterogêneas, positivas ou negativas; além disso, ele afeta todos que vivem em sociedade, tanto os que a ele se submetem, quanto os que a ele resistem. Comentário – A banca fez um resumo do texto, a partir dos próprios elementos (das evidências) dele. Repare e compare: “ “O exercício do poder ocorre mediante múltiplas dinâmicas” (l 1-2)”; “Tais dinâmicas não se reportam apenas ao caráter negativo do poder [...], mas também ao seu caráter positivo” (l. 5-7); “O que há são relações de poder heterogêneas” (l. 9-10); “Na rede social [...] podemos ser comandados, submetidos ou programados em um vínculo, ou podemos comandá-lo” (l. 12- 15). Resposta – Item certo. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 33 38. (Cespe/TCU/AFCE/2009) De acordo com a argumentação do texto, o poder “não é um objeto natural” (l.9) porque é criado artificialmente nas relações de opressão social. Comentário – O problema aqui está na razão que a banca alega para sustentar o fato de o poder não ser um objeto natural. O texto é claro em ao dizer que “Tais dinâmicas [as que acarretam o exercício do poder] não se reportam apenas ao caráter negativo do poder, de opressão, punição ou repressão, mas também ao seu caráter positivo, de disciplinar, controlar, adestrar, aprimorar” (l. 5-8). O Cespe simplesmente desprezou as evidências do próprio texto. Resposta – Item errado. 1 As projeções sobre a economia para os próximos dez anos são alentadoras. Se o Brasil mantiver razoável ritmo de crescimento nesse período, chegará ao final da próxima década 4 sem extrema pobreza. Algumas projeções chegam a apontar o país como a primeira das atuais nações emergentes em condições de romper a barreira do subdesenvolvimento e 7 ingressar no restrito mundo rico. Tais previsões baseiam-se na hipótese de que o país vai superar eventuais obstáculos que impediriam a economia de 10 crescer a ritmo continuado de 5% ao ano, em média. Para realizar essas projeções, o Brasil precisa aumentar a sua capacidade de poupança doméstica e investir mais para ampliar 13 a oferta e se tornar competitivo. No lugar de alta carga tributária e estrutura de impostos inadequada, o país deve priorizar investimentos que expandam 16 a produção e contribuam simultaneamente para o aumento de produtividade, como é o caso dos gastos com educação. É dessa PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 34 forma que são criadas boas oportunidades de trabalho, 19 geradoras de renda, de maneira sustentável. O Globo, Editorial, 12/7/2010 (com adaptações). 39. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pelas estruturas sintáticas, escolhas lexicais e modo de organização das ideias, conclui-se que predomina, no texto, o tipo textual narrativo. Comentário – O texto é dissertativo. Note, por exemplo, que a partir do último período do segundo parágrafo vai aflorando a opinião do enunciador sobre o assunto tratado, a qual se torna mais contundente no último parágrafo do texto. Resposta – Item errado. 40. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Subentende-se das informações do texto que a aplicação prioritária de recursos em educação acarretaria simultânea queda da carga tributária. Comentário – Os gastos com educação expandiriam a produção e aumentariam a produtividade. Resposta – Item errado. 41. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se da leitura do texto que o autor considera que o Brasil precisa reformular a estrutura de impostos, que é inadequada, e rever a carga tributária, que é alta. Comentário – Essa ideia está em concordância com a linha argumentativa do texto. Contribuem com esse entendimento as expressões “No lugar de” e “o país deve”, ambas presentes no último parágrafo. Resposta – Item certo. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 35 42. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Depreende-se da leitura do texto que o Brasil, em uma década, será membro do grupo dos países ricos. Comentário – Repare que o examinador fez uma afirmação categórica a respeito do Brasil; mas o texto indica apenas possibilidade de o país ingressar no tal grupo. Mesmo com projeções animadoras (cf. primeiro período), há elementos suficientes no texto para entendermos que o fato é hipotético: “se” (conjunção condicional – linha 2); “Algumas projeções” (linha 4); “previsões” e “hipóteses” (linha 8). O último período do segundo parágrafo também é significativo. O editorial informa-nos que o Brasil precisa, antes, adotar algumas medidas (que não sabemos se serão concretizadas). Resposta – Item errado. Em seu quarto pronunciamento após o atentado frustrado da Al-Qaeda a um avião americano no Natal, o presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Barack Obama, lançou a linha mestra para a reforma do sistema de inteligência americano, que incluirá a revisão dos processos de concessão de visto para os EUA e maior cooperação com outrospaíses para reforçar a revista de passageiros no exterior. Os temores de novos ataques terroristas contra aviões comerciais racharam os 27 países da União Europeia (UE). A proposta de adotar nos aeroportos novos aparelhos de scanner capazes de penetrar no tecido das roupas e visualizar o corpo dos passageiros foi rechaçada pela Bélgica. O Globo, 6/1/2010, p. 29 (com adaptações). Tendo o texto acima como referência inicial e considerando as múltiplas implicações do tema por ele tratado, julgue as questões seguintes. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 36 43. (Cespe/BRB/Advogado/2010) Ao obter êxito, o atentado ocorrido no Natal de 2009 levou os EUA a se recordarem dos episódios de 11/9/2001 e a admitirem a enorme vulnerabilidade de seu sistema de defesa. Comentário – Existe um erro bem no inicio da assertiva: “Ao obter êxito, o atentado...”. Não houve êxito nenhum, conforme se lê na primeira linha do texto: “Em seu quarto pronunciamento após o atentado frustrado...”. Resposta – Item errado 44. (Cespe/BRB/Advogado/2010) O êxito da UE deve-se ao consenso obtido pelos integrantes do bloco em agir de modo uniforme e unânime em áreas vitais como política externa, legislação sobre imigrações e fixação de tributos diversos. Comentário – Também não há consenso algum. O trecho seguinte refuta a declaração da banca examinadora: “Os temores de novos ataques terroristas contra aviões comerciais racharam os 27 países da União Europeia (UE)”. Resposta – Item errado 1 Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estima que, nos próximos quatro anos, os investimentos na indústria brasileira chegarão 4 a R$ 500 bilhões, um valor 60% maior do que os R$ 311 bilhões investidos entre 2005 e 2008 (o banco não incluiu 2009, pois ainda não dispõe de dados consolidados do ano 7 passado). O estudo aponta forte concentração dos investimentos na exploração de petróleo e gás, não tanto no pré-sal, mas, 10 especialmente, na cadeia econômica ligada ao óleo, como a indústria naval e a de fabricação de plataformas. Trata-se de um investimento que estimula outros setores da economia. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 37 13 Mas o BNDES prevê também fortes investimentos em setores voltados para atender à demanda interna, entre os quais o automobilístico. O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações). 45. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Trata-se de texto subjetivo e pessoal, em que o autor explicita sua opinião individual. Comentário – Em outras palavras, a banca examinadora afirmou que a tipologia textual é dissertação argumentativa, o que não corresponde aos fatos. O texto é um informativo sobre investimentos na indústria brasileira nos próximos quatro anos, a partir de estudos feitos pelo BNDES. Resposta – Item errado 46. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do texto que o investimento na exploração de combustíveis fósseis e na cadeia econômica associada a essa atividade influencia o desenvolvimento de outras áreas da economia. Comentário – É possível interpretar o texto neste sentido, com base no segundo parágrafo. Leia-se, por exemplo, o seguinte trecho: “Trata-se de um investimento que estimula outros setores da economia”. Resposta – Item certo 47. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) O termo “como” (l.10) estabelece, no período em que foi empregado, uma relação de comparação entre a “cadeia econômica ligada ao óleo” (l.10) e “a indústria naval e a de fabricação de plataformas” (l.10-11). Comentário – O segmento “como a indústria naval e a de fabricação de plataformas” serve como uma exemplificação do que foi dito anteriormente. Portanto está errado dizer que a relação é de “comparação”. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 38 Resposta – Item errado. 1 A discussão acerca da influência do pensamento econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência 4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas. Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das 7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os 10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto. [...] Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações). 48. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Infere-se do texto que o conhecimento recente da área econômica pode não ser, necessariamente, o que incorporou as melhores facetas do conhecimento historicamente desenvolvido. Comentário – Sim. Com base na leitura das linhas 7 a 10, é possível questionar tal vantagem. Releia o trecho: há aqui dúvidas a respeito de se o conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto. Resposta – Item certo. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 39 1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é um documento histórico, uma carta de intenções e também uma 4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade deixou de fazer. Hoje, a sexagenária declaração ainda é muito boa, mas tem lacunas, resultantes de sua temporalidade, e 7 precisa ser acrescida, complementada, aperfeiçoada, além de ser cumprida — é óbvio —, afirmando novos valores, que atendam a novas demandas e necessidades. 10 A declaração não previu que o desenvolvimento capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e 13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar, agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos 16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é admissível que grupos privados transnacionais — não mais do 19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do 22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares. [...] Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.). Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações). 49. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com a argumentação do texto, os ‘considerandos’ (l. 2) representariam — no que se refere a “tudo o que [...] a humanidade deixou de fazer” (l. 4-5) — um preâmbulo explicativo e, assim, justificariam o fato de a declaração ser considerada também “uma denúncia” (l. 3-4). PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br40 Comentário – A presente afirmativa amplia equivocadamente o valor dos “‘considerandos’”. Embora sejam significativos para a linha argumentativa do texto, eles apenas constituem o preâmbulo da “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, isto é, são uma parte do todo. É a “Declaração”, em sua plenitude, constituída pelo preâmbulo e por trinta artigos, que se configura como “uma denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade deixou de fazer”. Resposta – Item errado. 50. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com o texto, a inclusão do “direito das nações de regulamentarem os investimentos externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que fragiliza e subordina economias nacionais” (l.15-17) na declaração a corrigiria quanto ao lapso temporal. Comentário – O autor aproveita o primeiro parágrafo para denunciar “lacunas, resultantes de sua temporalidade” (isto é, da “Declaração”). Logo em seguida, ele sustenta a necessidade de o documento ser modificado e cumprido, para afirmar “novos valores, que atendam a novas demandas e necessidades”. Mas é no segundo parágrafo que Francisco Alencar exemplifica a correção que sugere: “Talvez fosse o caso de se afirmar, agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que fragiliza e subordina economias nacionais”. Resposta – Item certo. 51. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) É coerente com a argumentação do texto relacionar “novas demandas” (l. 9) a enfraquecimento dos países, em decorrência da transnacionalização do capital. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 41 Comentário – As novas demandas, ainda não atendidas pela “Declaração”, concorrem para a “instabilidade permanente nas economias periféricas” e para a fragilidade e subordinação de “economias nacionais”. Elas têm a ver com a “atual etapa de globalização e de capitais voláteis, especulativos e sem controle”, e com “a especulação internacional”. Portanto é coerente relacioná-las com transnacionalização do capital. Resposta – Item certo. 1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais 4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho branco e trabalham para as organizações mais poderosas. [...] James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). 52. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Sem prejuízo para a coerência textual e a correção gramatical, o trecho “Mas os danos [...] minúsculos”, que inicia o segundo período do texto, poderia ser substituído por: Embora os danos causados por esses criminosos sejam ínfimos [...]. Comentário – A transformação prejudicaria o texto; o argumento ficaria sem conclusão; a estrutura oracional ficaria incompleta (com falta da competente oração principal). Resposta – Item errado. 1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 42 um documento histórico, uma carta de intenções e também uma 4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade deixou de fazer. [...] 10 A declaração não previu que o desenvolvimento capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e 13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar, agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos 16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é admissível que grupos privados transnacionais — não mais do 19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do 22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares. [...] Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.). Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações). 53. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) No trecho “não mais do que três centenas” (l. 18-19), o emprego de palavra de negação e da expressão “três centenas”, em vez de trezentos grupos, atenua o tom de denúncia que predomina no período em que o trecho está inserido. Comentário – Não se trata de atenuação (nem de agravamento) do tom da denúncia, mas sim do estabelecimento de um limite aproximado da quantidade de grupos privados transacionais que verdadeiramente constituem o governo mundial. Originalmente, podemos pensar numa quantidade máxima de, por exemplo, 270, 280 ou 290 aproximadamente. Veja como ficaria a passagem com a alteração proposta: Não é admissível que grupos privados PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 43 transnacionais — mais do que trezentos grupos... Dessa forma, o tal limite é completamente alterado e já temos que partir de um limite mínino superior a trezentos. Resposta – Item errado. 54. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) O trecho “vão do setor produtivo industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas comunicações” (l. 19-21) pode, sem prejuízo para a correção gramatical e a interpretação do texto, ser reescrito da seguinte maneira: incluem setores desde o produtivo industrial até o financeiro e transitam pelos da publicidade e das comunicações. Comentário – A banca examinadora explorou a capacidade de compreensão textual e de transmissão dele com outras palavras e estruturação sintática. Ou seja, a questão trata de reescritura de texto. Veja as relações estabelecidas: – “vão do setor produtivo industrial ao setor financeiro” = incluem setores desde o produtivo industrial até o financeiro (manteve-se a inclusão dos dois extremos: setor industrial e setor financeiro); – “passando pela publicidade e pelas comunicações” = e transitam pelos da publicidade e das comunicações (foi mantida a mesma indicação dos setores afetados). Resposta – Item certo. 55. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Mantendo-se os sinais de pontuação empregados no trecho, a estrutura sintática “com um preâmbulo de sete ‘considerandos’ e com trinta artigos” (l. 1-2) pode ser substituída, sem prejuízo da correção gramatical, por contendo um preâmbulo com sete “considerandos” e trinta artigos. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 44 Comentários – Façamos uma breve comparação para entender os efeitos da substituição mencionada pelo examinador: – “A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com um preâmbulo de sete ‘considerandos’ e com trinta artigos”; – A Declaração Universal dos Direitos Humanos, contendo um preâmbulo com sete considerandos e trinta artigos. No segmento original, a preposição “com” (repetida) subordina tanto “um preâmbulo de sete ‘considerandos’” quanto “trinta artigos” à “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Em outras palavras,são informados dois elementos constitutivos da “Declaração”, os quais estão numa estrutura sintática paralela. No segmento modificado, a nova estrutura sintática subordina tanto sete considerandos quanto trinta artigos ao preâmbulo. Ou seja, são informados dois elementos constitutivos do preâmbulo. A existência de um grosseiro prejuízo semântico em relação ao texto original é inegável e muito evidente (é o que sobressai na nova redação). Mas não é descabido argumentar que a quebra do paralelismo sintático o desencadeou, razão pela qual o Cespe considerou o item como errado. Entretanto entendemos que a banca examinadora deveria ter anulado a questão, porque – no mínimo – a formulou mal, dando margem a interpretações divergentes e discutíveis. Resposta – Item errado (com ressalva nossa). 56. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) A oração “A declaração não previu” (l. 10) poderia ser corretamente reescrita da seguinte forma: Na declaração, não se previu. Comentário – A banca resolveu explorar a mudança de voz verbal, que veio acompanhada por outras modificações. Em vez de transformar o sujeito (“A PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 45 declaração”) em agente da passiva, a banca tornou-o adjunto adverbial (antecipado, o que justifica o uso da vírgula): Na declaração. Até aqui, tudo bem. Não podemos dizer que a nova redação está errada só por causa disso. Também não há incorreção na formação da voz passiva sintética (formada pela combinação de verbo transitivo direto com pronome apassivador): se previu, nem na posição proclítica do tal pronome, atraído pelo advérbio não. Com a nova redação, a forma verbal previu passou a concordar com o sujeito oracional que o desenvolvimento capitalista chegasse... Resposta – Item certo. 57. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Preservam-se a correção gramatical e o sentido original do texto ao se substituir “sem controle” (l. 12) por aleatoriamente. Comentário – Não, pois aleatoriamente tem a ver com o acaso, com fatores incertos ou acidentais; que ocorrem fortuita ou casualmente. Essa ideia afasta-se do sentido original, que transmite a noção de uma situação repetitiva, sistemática, mas sem sofrer qualquer tipo de controle ou gerência. Resposta – Item errado. Minhas explicações terminam aqui. Bons estudos e até o próximo encontro. Professor Albert Iglésia PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 46 Pontos Importantes da Matéria A compreensão (ou intelecção) de texto se realiza no nível do enunciado, isto é, tem a ver com o que está escrito no texto. A abordagem deve se limitar ao que está expresso nele. Não convém ao leitor fazer nenhuma extensão dele. É a forma mais simples e direta de lidar com o texto. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 47 Nas provas, a capacidade de compreender um texto é normalmente exigida do candidato por meio de questões que tratam de: – significação contextual de palavras e expressões; – sinônimos; – substituições de termos; – reescritura de frases sem alteração de sentido; – continuação lógica de um trecho; – ordenação da sequência correta dos trechos de um texto; – exame da referência de um termo. Enfim, tem a ver com as relações internas. Já a interpretação requer do candidato capacidade de perceber a intencionalidade do texto. Nesse tipo de exercício, o concursando é levado a desenvolver e até a ultrapassar a mensagem literal contida em uma comunicação. Surge geralmente em questões que tratam do(a) – ideia central; – objetivo do texto; – “intenção do autor”; – “inferência” (cuidado com o verbo inferir, pois o que é afirmado não está explícito no texto; nele existem indícios, pistas). PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 48 PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 49 Tipologia Textual designa uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Ex.: descrição, narração, exposição, argumentação e injunção. Para efeito de prova, usaremos as terminologias: texto expositivo e texto argumentativo (ou dissertação expositiva e dissertação argumentativa). Veja com mais detalhes cada um deles. Texto descritivo (“retrato” verbal) É o tipo de redação na qual se apontam as características que compõem um determinado objeto, pessoa, animal, ambiente ou paisagem. Apresenta elementos que, quando juntos, produzem uma “imagem”. Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não era desajeitado de sua pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica saliência do abdômen devia-se ao uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos intumescentes. Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes. Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do lenço de algodão vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo coisa de repulsão. (Camilo Castelo Branco, A queda dum anjo) Despertem para as características desse tipo de texto: 1) Predomínio de adjetivos. 2) Descrição objetiva (expressionista): limita-se aos aspectos reais e visíveis; não há opinião do autor sobre o tema. 3) Descrição subjetiva (impressionista): o autor emite sua opinião sobre o assunto. 4) Descrição física: limita-se à descrição dos traços externos e visíveis, tais como altura, cor da pele, tipo de nariz e cabelo, etc. PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS PARA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 50 5) Descrição psicológica: está relacionada a aspectos do comportamento da pessoa descrita: se é carinhosa, agressiva, calma, comunicativa, egoísta, generosa, etc. 6) Não há uma sucessão de acontecimentos ou fatos, mas sim a apresentação pura e simples do estado a ser descrito em um determinado momento. 7) Aqui, a matéria é o objeto. Texto narrativo É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorrem em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: “O que é que há?” O coveiro então gritou, desesperado: “Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!” “Mas, coitado!” – condoeu-se o bêbado – “Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho!” E, pegando
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