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Unid. 01WEB AULA 1 Alfabetização e Letramento

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WEB AULA 1
Unidade 1 – Alfabetização e Letramento: Contribuições Teóricas
Estamos aqui para aprender um pouco mais a respeito da Alfabetização e Letramento. Tenho plena convicção de que vocês estão se dedicando ao máximo para aperfeiçoarem teórica e metodologicamente esses dois processos.
Você deve estar curioso para saber sobre as temáticas que trataremos nestes encontros sobre Ensino e Alfabetização, não é mesmo? Imagino que já tenha pensado muitas vezes sobre o papel da linguagem escrita: “Não é papel da escola ensinar a ler e a escrever?” Pelo menos é isso que os pais, em especial aqueles das crianças um pouco maiores da Educação Infantil, vivem cobrando! Eles dizem que não vão trazer as crianças só para ficar brincando na escola. Bem, é natural essa sua ansiedade, principalmente diante da reivindicação dos pais. E essa exigência deles não é à toa, não é mesmo? Na verdade, eles estão preocupados com que seus filhos apropriem esse conhecimento que tem um valor tão grande na nossa cultura! Algumas vezes eles próprios não dominam essa linguagem e sentem, “na pele”, como isso lhes torna a vida mais difícil. São tantos os momentos em que saber ler e escrever é importante!
Pois bem, com certeza somos capazes de compreender essa cobrança dos pais, mas “cada coisa no seu tempo e no seu lugar”, não é assim que diz a sabedoria popular? Então vamos nestes encontros buscar compreender melhor qual é o tempo e o lugar da linguagem escrita na Educação Infantil. Esperamos que, a partir das nossas discussões, você consiga se sentir seguro para, enquanto profissional dessa área, conversar com os pais sobre a forma como você está atendendo às reivindicações deles, por meio de um trabalho consciente, fundamentado em estudos e pesquisas, que leva em conta as necessidades e os interesses das crianças. Então, vamos em frente? Antes de caminharmos em nossa leitura, gostaria de propor alguns questionamentos.
Com certeza, a partir dessa atividade, você se deu conta de uma série de momentos em que precisa utilizar a linguagem escrita. E, muitas vezes, você faz isso de forma tão automática que nem percebe como a escrita faz parte de sua vida. Mas, mesmo que não tenhamos consciência clara sobre isso, sempre temos um “para quê” ao ler ou escrever, ou melhor, temos um objetivo, que nos leva a fazer uso da linguagem escrita nas nossas práticas sociais. A linguagem escrita exerce diferentes funções sociais, como:
Se perguntássemos a diferentes pessoas teríamos diferentes respostas para essas perguntas. Especialmente acerca do que significa ser alfabetizado. O termo “alfabetização” é muito mais familiar que o termo “letramento”. Apesar de ambos relacionarem-se constituem processos distintos e complementares. Iremos concentrar nosso estudo no processo de alfabetização. Quando pensamos em alfabetização, temos que pressupor que vivemos numa sociedade grafocêntrica, isto é, uma sociedade centrada na cultura escrita. Partindo disso, ser alfabetizado, além de ser uma necessidade individual do sujeito, é, também, condição indispensável de cidadania. Historicamente, a alfabetização enquanto processo pedagógico constituiu demandas específicas. Hoje, ser alfabetizado, ou seja, saber ler e escrever, tem se mostrado como condição insuficiente às demandas contemporâneas. O sujeito precisa ir além do codificar e decodificar o sistema de escrita. É preciso que ele faça o uso da leitura e da escrita no cotidiano e aproprie-se da função social que reveste essas duas práticas. Dizemos, então, que é preciso letrar-se.
Pedagogia - Licenciatura Página2 de 7
Vamos entender uma parte do processo de inserção do sujeito nessa sociedade grafocêntrica: o processo de alfabetização. De um modo muito amplo, podemos dizer que alfabetização é a ação de ensinar/aprender a ler e escrever. Envolve, pois, habilidades muito específicas. Muitos autores colocam que a alfabetização envolve a tecnologia da escrita. Alfabetização é a ação de alfabetizar, de tornar "alfabeto". Causa estranheza o uso do termo "alfabeto", na expressão "tornar alfabeto", não é mesmo? É que dispomos da palavra analfabeto, mas não temos o contrário dela: temos a palavra negativa, mas não temos a palavra positiva. Vamos analisar a etimologia do termo “alfabetização”:
Do ponto de vista linguístico, ler e escrever é aprender a codificar e decodificar o código alfabético. Em outras palavras mais simples: alfabetizar é a apropriar-se do código escrito. Essa apropriação indica que para aprender a ler e escrever a criança precisa relacionar sons com letras, para codificar ou para decodificar. Concretamente, na sala de aula, alfabetizar significa, didaticamente, ensinar o aluno a ler e escrever para apropriar e compreender o código alfabético. Assim, convido-os a ler algumas contribuições teóricas acerca da alfabetização. É importante destacar que ler e escrever são processosautônomos, porém complementares. Ler constitui um conjunto de habilidades e comportamentos que envolvem a decodificação de sílabas, palavras, textos e livros. Além disso, esse processo de alfabetização envolve muitos outros conhecimentos inter-relacionados, entre os quais podemos destacar como alguns exemplos: imagem corporal, aspectos neurológicos, autoestima e afetividade. Podemos afirmar que envolve também aprender a segurar num lápis, aprender que se escreve de cima para baixo e da esquerda para direita (linearidade ocidental da escrita), conhecimento dos aspectos topológicos das letras. Em outras palavras, envolve uma série de aspectos técnicos como “[...] parte específica do processo de aprender a ler e a escrever” (SOARES, 2004, p. 15-7).
“Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade (FREIRE, 2001, p. 34)”.
“Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita (SOARES, 1998, p. 22)”.
"Temos uma imagem empobrecida da língua escrita: é preciso reintroduzir, quando consideramos a alfabetização, a escrita como sistema de representação da linguagem. Temos uma imagem empobrecida da criança que aprende: a reduzimos a um par de olhos, um par de ouvidos, uma mão que pega um instrumento para marcar e um aparelho fonador que emite sons. Atrás disso há um sujeito cognoscente, alguém que pensa, que constrói interpretações, que age sobre o real para fazê-lo seu. Um novo método não resolve os problemas. É preciso reanalisar as práticas de introdução da língua escrita, tratando de ver os pressupostos subjacentes a elas, e até que ponto funcionam como filtros de transformação seletiva e deformante de qualquer proposta inovadora. Os testes de prontidão também não são neutros. (...) É suficiente apontar que a 'prontidão' que tais testes dizem avaliar é uma noção tão pouco científica como a 'inteligência' que outros pretendem medir (FERREIRO, 1999, p. 87)”.
Contudo, alfabetizar não é só o domínio do código escrito. O professor Artur Morais (2004) nos indica que a apropriação do código não é simplesmente codificar e decodificar, já que a criança precisacompreender como funciona o código, ou seja, o sistema de escrita alfabético. Nesse processo, a criança ativamente “decifra” o “segredo do código”.  Com isso, queremos ressaltar que alfabetizar não é um processo passivo de apenas apropriar-se, mas, ao contrário, existe toda a construção de hipóteses que o sujeito elabora acerca da compreensão do sistema de escrita. Para descobrir esse “segredo” a criança desvenda dois desafios básicos: a análise fonológica e a análise estrutural das palavras.
Vamos agora concentrar nossa atenção no conceito de letramento. Para Magda Soares, letramento é:
O resultado da ação de ensinar e aprenderas práticas sociais de leitura e escrita. O estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais (SOARES, 1998, p. 39).
Podemos pensar o letramento como o uso efetivo da leitura e da escrita no nosso cotidiano. É, portanto, participar ativamente das práticas sociais de leitura e escrita, colaborando com a construção de um projeto de sociedade democrática. Diante dessa colocação, o desafio contemporâneo para a escola é “alfabetizar letrando”. Alfabetizar, na perspectiva do letramento, ou “alfabetizar-letrando” é instrumentalizar e proporcionar às crianças os alunos com o código alfabético para que estejam aptos ao seu uso.
Mas, o que devemos fazer: alfabetizar ou letrar? Importante saber é que os processos de alfabetização e letramento são complementares e indissociáveis. Embora sejam complementares,cada um possui sua especificidade. Assim, esclarece a professora Magda Soares:
Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização – e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita (SOARES, 2004, p. 14).
Aprendemos que a alfabetização é a aquisição da tecnologia da escrita, ou seja, é o domínio da leitura e da escrita e da compreensão do sistema de escrita. Mas... o que caracteriza o letramento em relação à alfabetização? Pode alguém ser letrado sem ser alfabetizado? Que tal um exemplo para ilustrar essa questão: a pessoa que não sabe ler pode saber fazer uma leitura do nome do ônibus que tem que tomar, do nome do hospital onde tem consulta ou dos nomes dos produtos que vai comprar no mercado. Pensemos ainda naquele sujeito que, apesar de não saber escrever uma mensagem, sabe assinar seu nome ou copiar o nome de um remédio que tenha que usar. Ou alguém que procura outra pessoa que leia ou escreva para ele o que lhe interessa.
A palavra letramento ainda não está dicionarizada, porque foi introduzida muito recentemente na Língua Portuguesa, tanto que quase podemos datar com precisão sua entrada na nossa língua, identificar quando e onde essa palavra foi usada pela primeira vez. Parece que a palavra letramento apareceu pela primeira vez no livro de Mary Kato “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística” de 1986. Na verdade, a palavra letramento é uma tradução para o Português da palavra inglesa literacy; os dicionários definem assim essa palavra:
Traduzindo a definição acima, literacy é “a condição de ser letrado” - dando à palavra “letrado" sentido diferente daquele que vem tendo em português. Em inglês, o sentido de literate é: educated; especiallyabletoreadandwrite (educado; especificamente, que tem a habilidade de ler e escrever).Literate é, pois, o adjetivo que caracteriza a pessoa que domina a leitura e a escrita, e literacydesigna o estado ou condição daquele que é literate, daquele que não só sabe ler e escrever, mas também faz uso competente e frequente da leitura e da escrita. Há, assim, uma diferença entre saber ler e escrever, portanto, ser alfabetizado, e viver na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, isto é, ser letrado.
Assim, letramento é o resultado da ação de "letrar-se", "tornar-se letrado".  Letramento, no contexto escolar, é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita. O estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais. Esse estado ou condição torna a pessoa diferente, pois ela adquire um outro estado, uma outra condição. Isso indica que o sujeito letrado passa a ter uma outra condição social e cultural, transformando o seu modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura, sua relação com os outros, com o contexto e com os bens culturais.
Na perspectiva de Magda Soares, o que mais especifica o letramento na escola é a imersão das crianças na cultura escrita a partir da participação em experiências variadas com a leitura e a escrita, conhecimento e interação com diferentes tipos de gêneros de material escrito (SOARES, 2004, p. 13). Para Leda Verdiani Tfouni, enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupos de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade (TFOUNI, 1995, p. 20). Outros autores, como Emília Ferreiro, por exemplo, não usam os dois termos. Para ela, os conceitos de alfabetização e letramento significam a mesma coisa, ou seja, um conceito está inserido no outro. O processo de letramento ou cultura letrada não acontece de modo espontâneo, exige mediação da professora e/ou da família, proporcionando aos alunos, de forma constante e significativa, a interação com as práticas sociais de leitura e escrita, isto é, com a cultura escrita em especial a literatura Infantil.
Alfabetização e o seu conceito:
envolve o caráter de elaboração da criança sobre si mesma: a criança é um sujeito ativo e constrói hipóteses sobre a linguagem oral e escrita.
constitui uma forma de compreender o mundo que a cerca;
é uma sintonia com este mundo, o que constituirá fundamentos para aquisições futuras dos Anos Iniciais;
alfabetização e letramento são processos que não se iniciam somente na instituição escolar;
é a integração com o meio e a percepção do que rodeia a criança;
significação: busca de sentido e relação com palavras, enunciados, textos;
o aprendizado da língua materna é uma ação anterior à entrada da criança na escola;
a sistematização de sua comunicação usando da modalidade escrita e leitura do pensamento do outro por meio de símbolos ideográficos.
Acerca do Letramento
A ação de aprender e ensinar o código alfabético (as relações entre letras e sons) deve ser anterior ao contato com o material escrito. Esse contato pode e deve ser proporcionado na Educação Infantil: folheando, manuseando, olhando ilustrações, um conhecimento e reconhecimento que se faz pelos sentidos, pela afetividade e pelo aspecto cognitivo.
Na Educação Infantil, a transição da oralidade para a escrita deve pressupor:
o contato coletivo;
a habilidade de leitura, posteriormente, será individual;
o processo de discussão e descoberta;
reconhecer letras e palavras, trocar informações com os colegas;
ganhar confiança para entrar no mundo da escrita.
os conhecimentos que as crianças possuem quando entram para a escola dependem de vários fatores.
Você recorda de como era a sua sala de aula? Como era a organização das mesas, dos materiais, dos livros... da mesa da professora? Com certeza, você deve ter muitas lembranças. Por essa razão, nossa discussão nesta aula será sobre o ambiente alfabetizador. Algumas imagens podem nos motivar para este estudo. Convido a voltar no tempo e pensar como uma criança: em qual destas salas você gostaria de estudar?
Você já ouviu falar que na escola é preciso criar um ambiente alfabetizador? Pois é. O seu planejamento, do ponto de vista metodológico, consiste em criar um ambiente no qual as crianças em fase de alfabetização pudessem usar a língua escrita, mesmo antes de dominar “a primeiras letras”. A organização do ambiente alfabetizador proporciona à criança o contato com a língua, sua utilização nas práticas sociais. Esse contato oportuniza significação e função à alfabetização e favorece a exploração, por parte da criança, do funcionamento da língua escrita.
Se pudéssemos resumir em algumas palavras, o ambiente alfabetizador é aquele que favorece o contato com a língua escrita e os seus usos sociais. Portanto, ele cria um contexto de cultura escrita com o objetivo de disponibilizar a familiarização com a escrita e a interaçãocom diferentes tipos, gêneros, portadores e suportes textuais.
O ambiente onde se dá a prática educativa de alfabetização e letramento interfere favoravelmente ou não nos resultados desses processos. Assim sendo, do ponto de vista pedagógico, a sala de aula não pode ser concebida somente como um lugar destinado a abrigar alunos e professores durante o trabalho de alfabetização e letramento. Ela é, antes de tudo, um meio educativo, isto é, há a intencionalidade do trabalho pedagógico alfabetizador. Diante dessa colocação, esse ambiente deve ser construído, planejado, organizado a partir das necessidades dos sujeitos que o ocupam a partir da participação conjunta dos alunos e do professor.
Porém, não podemos confundir ambiente alfabetizador com salas e paredes repletas de informações, alfabetos e trabalhos realizados pelas crianças. Esse ambiente é muito mais do que isso, pois contempla comportamentos, atitudes, usos e reflexão sobre a língua nas suas mais variadas manifestações. As paredes da sala de aula servem como murais para exposições das atividades desenvolvidas pelos alunos e também de cartazes elaborados pelos professores. Nas salas de alfabetização, expor o alfabeto é fundamental.
Todas as situações de comunicação nas quais há a necessidade do uso da escrita compõem a criação desse ambiente. Entre os exemplos, podemos destacar: leitura e interpretação da regra de um jogo, escrita de uma carta ou bilhete, de um convite ou de uma receita. Essas são tarefas que tradicionalmente as crianças e os professores realizam fora da sala de aula, mas que podem ser partilhadas com as crianças em atividades de exploração dos diferentes usos da escrita e da leitura. Entre as estratégias para o planejamento e a organização de ambientes alfabetizadores está a proposta de criação dos cantos temáticos como espaços preparados com materiais livros, revistas, maquetes etc. com a finalidade de proporcionar momentos de pesquisa, investigação e descobertas. Mudar a posição das carteiras é uma forma de adequar a sala de acordo com o tema da aula e proporcionar um aproveitamento melhor. Se você vai contar uma história ou fazer um debate, a melhor posição é fazer um círculo, pois os alunos poderão participar e dar opiniões, permitindo que todos se vejam. Enfim, a criança aprende a ler lendo, a escrever escrevendo num ambiente alfabetizador “vivo” que permita ler o mundo com sentido, função, sentimento, criação, tendo uma professora que ensina de verdade, compreende a indissociabilidade e a especificidade da alfabetização e do letramento e conduz o processo com atividades didáticas que promovem de fato a aprendizagem.
1. A QUESTÃO DOS MÉTODOS NOS PROCESSOS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Ao nos referirmos aos processos de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita, é imprescindível estudar as questões metodológicas pelas quais os educadores organizam o seu trabalho pedagógico. Essa discussão é necessária, pois muito se fala que a alfabetização e o letramento dependem do emprego de bons métodos de ensino. A questão metodológica na organização desses processos é fundamental, mas é preciso ressignificar o próprio conceito de método no contexto específico da aprendizagem da leitura e da escrita. O conceito de método será aprofundado em nossa teleaula.
Gostaria de apresentar para você um breve resumo dos métodos de alfabetização que foram utilizados na história da alfabetização no Brasil. Os teóricos classificam os métodos de ensino em dois grandes grupos, baseados nos princípios psicológicos neles envolvidos: os sintéticos e os analíticos. Outros admitem ainda um terceiro grupo, o dos analíticos-sintéticos ou mistos, resultantes da combinação dosdois processos.
Métodos sintéticos
Os métodos sintéticos subdividem-se em:
a) alfabético: o aluno aprende as letras isoladamente, liga as consoantes às vogais, formando sílabas; reúne as sílabas para formar as palavras e chega ao todo (texto);
b) fonético ou fônico: o aluno parte do som da letras, une o som da consoante ao som da vogal, pronunciando a sílaba formada;
c) silábico: o aluno parte das sílabas para formar palavras.
Métodos Analíticos
Os métodos analíticos subdividem-se em:
a) palavração: este método parte da palavra. Existe aqui a preocupação de que vocábulos apresentados tenham sequência tal, que englobam todos os sons da língua e as dificuldades sejam sistematizadas gradativamente. Depois da aquisição de determinado número de palavras, formam-se as frases;
b) sentenciação: esse método parte da frase para depois dividi-la em palavras, de onde são extraídas os elementos mais simples: as sílabas;
c) conto, estória (global): esse método é composto de várias unidades de leitura que apresentam começo, meio e fim. Em cada unidade, as frases estão ligadas pelo sentido para formar um enredo, havendo uma preocupação quanto ao conteúdo que deverá ser do interesse da criança.
Métodos Mistos ou Ecléticos
O método eclético seria o analítico-sintético, ou sintético-analítico. Tem como característica as atividades simultâneas de análise e síntese, compor e decompor (ou vice-versa) no âmbito de uma lição, a partir da qual os alunos são levados a analisar, comparar e sintetizar, simultaneamente, até se familiarizarem com os elementos da linguagem e dominar o mecanismo da leitura.63
Quando pensamos num ambiente alfabetizador, imaginamos, para a criança, um ambiente alegre, repleto de letreiros, embalagens, jornais, revistas, livros para que ela tenha acesso ao mundo da escrita. É inegável que a criança brinca, independente do apoio ou a promoção do adulto. Além disso, a criança não precisa de nenhum incentivo para iniciar uma brincadeira. O educador no planejamento e construção do ambiente alfabetizador pode criar ambientes lúdicos com materiais escritos significativos ao universo infantil para que as crianças vivenciem o letramento de maneira intencional.
Vale a pena ver...
A importância de brincar com nossos filhos.
Brincar no processo de alfabetização e letramento integra as atividades e deve fazer parte do trabalho pedagógico. Para a criança, ela está apenas brincando, mas o educador, profissional teoricamente sofisticado, esse brincar é dotado de muitos significados e promove o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. De acordo, com Piaget, os jogos fazem parte do ato de educar, num compromisso consciente, intencional e modificador da sociedade; educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o educando consumir passivamente. Antes disso é um ato consciente e planejado, é tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo (WAJSKOP, 1995, p. 63).
Vale a pena relembrar: brincadeiras de criança:
Várias são as formas de brincar e, em todas elas, existe o processo de criatividade e construção. O brinquedo proporciona o aprender-fazendo e brincando. Por meio de jogos e brincadeiras, a criança pode aprender novos conceitos, adquirir informações e até mesmo superar dificuldades de aprendizagem.
A criança frente a situações lúdicas desenvolve o funcionamento do pensar e alcança níveis de desempenho que só por meio da estimulação e do brincar são atingidos. É essencial que a criança brinque. Brincando, cantando, se expressando, contando, brincando com as histórias ou simplesmente ouvindo-as, ela estará se desenvolvendo como um ser integral. Brincar em sala de aula proporciona momentos ricos em interação e aprendizagem, auxiliando tanto os professores como as crianças no processo de ensino e aprendizagem. Por meio do brincar há criação, imaginação, antecipação e inquietação. Assim, ela transforma, levanta hipóteses e traça estratégias para a busca de soluções.
Entendemos que utilizar uma proposta que privilegie o brincar (brincadeiras, jogos, histórias, dramatização e manifestações artísticas) atraia, motive e, acima de tudo, convoque a criança a participar. Esta participação espontânea faz com que ela se torne uma “pesquisadora” consciente do objeto de ensino, objeto que nós professores colocamos ao seu alcance. Desta forma, gerenciamos o aprendizadoà medida que escolhemos o que colocamos à disposição desta pesquisa, o conteúdo que julgamos ser importante e estar no momento adequado para a criança aprender. Consideramos que o brincar deva ocupar um espaço central na educação das crianças e, entendemos que o professor é figura fundamental para que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo material e partilhando das brincadeiras.
Se, para criança, a escrita é uma atividade complexa, o jogo, ao contrário, é um comportamento ativo cuja estrutura ajuda na apropriação motora necessária para a escrita. Ao lado das atividades de integração da criança à escola, deve-se promover a leitura e a escrita juntamente, utilizando-se para isto a dramatização, conversas, recreação, desenho, música, histórias lidas e contadas, gravuras, contos e versos. O jogo, se convenientemente planejado, é um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento sistemático. Três aspectos, por si só, justificam a incorporação do jogo nas aulas: o caráter lúdico, o desenvolvimento de técnicas intelectuais e a formação de relações sociais.
Os jogos fornecem um suporte metodológico importante pois, por meio deles, os alunos podem criar, pesquisar, brincar e aprender. Quando a criança brinca, ela o faz de modo bastante compenetrado, nesse momento, ela não está preocupada com a aquisição do conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou física, mas, é nesse momento que ocorre a aprendizagem. Conforme Silveira Barone (1998, p. 2):
[...] os jogos podem ser empregados em uma variedade de propósitos dentro do contexto de aprendizado. Um dos usos básicos e muito importantes é a possibilidade de construir-se a autoconfiança. Outro é o incremento da motivação. [...] um método eficaz que possibilita uma prática significativa daquilo que está sendo aprendido. Até mesmo o mais simplório dos jogos pode ser empregado para proporcionar informações factuais e praticar habilidades, conferindo destreza e competência.
Porém essa perspectiva não é tão fácil de ser adotada na prática. Podemos nos perguntar: como? O bom uso de jogos em aula requer que tenhamos uma noção clara do que queremos explorar ali e de como fazê-lo. Questões práticas quanto à implantação dos jogos e quanto à regularidade com que o jogamos também precisam ser discutidas para que possamos tirar pleno proveito do jogo como recurso pedagógico e instrumento de trabalho. Os enfoques são variados em relação ao jogo, mas todos concordam em que o jogo é um fenômeno da mente, sendo visto como uma atividade que pode ser expressiva ou geradora de habilidades cognitivas gerais e específicas. A competitividade na hora do jogo também tem uma finalidade didática específica, trabalham ainda o saber perder e o querer ganhar:
Saber perder, porque não se ganha sempre e é preciso fazer a aprendizagem da perda e do luto que a envolve, o reconhecimento da superioridade dos lances do ganhador, de que não sou o dono da verdade o tempo todo e que paradoxalmente, até perdendo, aprendo tanto jogando que mesmo perdendo o jogo ainda posso sair ganhando.
Querer ganhar, porque neste mundo competitivo em que vivemos é preciso aprender com as perdas ou fracassos. Que lições posso tirar daí? O que meu adversário fez que lhe valeu a vitória? O que deveria ter feito para ter tido performance melhor? Aprender a ganhar eticamente!
A partir da construção e da vivência em ambientes lúdicos com materiais escritos, a criança poderá ter a oportunidade de apresentar um comportamento de letramento. A grande contribuição da construção desse ambiente é a possibilidade de proporcionar o contato com a leitura e a escrita de maneira contextualizada, divertida e, acima de tudo, com possibilidade de transformação.
2. O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO EM RELAÇÃO À LEITURA E ESCRITA
É fundamental planejar na Educação Infantil. Planejar permite tornar consciente a intencionalidade que preside a intervenção; permite prever as condições mais adequadas para alcançar os objetivos propostos; e permite dispor de critérios para regular todo o processo. Se admitirmos que as finalidades da educação – favorecer o desenvolvimento da criança em todas as suas capacidades – alcançam-se mediante o trabalho que se realiza em torno dos conteúdos que fazem parte do currículo, é inegável que a análise e a tomada de decisões sobre o planejamento constituem um elemento indispensável para assegurar a coerência entre o que se pretende e o que se sucede na sala de aula. Planejar é refletir sobre o que se pretende, reflexão como se faz e como se avalia. Trata-se de uma reflexão que permita fundamentar as decisões que são tomadas e observadas pela coerência e pela continuidade.
Deixo abaixo uma contribuição a você: uma sugestão de uma rotina possível para crianças de 5 anos de idade na Educação Infantil. Trata-se de uma sugestão. É necessário adaptá-las ao seu contexto regional e institucional, tendo em vista as crianças concretas da sua escola.
Que busquemos planejar cuidadosamente nossos momentos de escrita e de leitura. Fica então o convite de ensinar a ler e a escrever com inteligência!

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