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Penhora: Objeto e Impenhorabilidade

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PENHORA
Do Objeto da Penhora
Art. 831.  A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
A penhora tem como objeto quaisquer bens que sejam suscetíveis de valoração pecuniária e expropriação (móveis, imóveis, corpóreos, incorpóreos, etc.). Visando garantir a execução, deve limitar-se ao valor total exequendo. Atualiza-se o valor principal até a data da penhora e avaliação, somando-se os juros, custas e honorários advocatícios. Devem ser penhorados apenas os bens necessários para que seja alcançado o limite global da execução – a soma dos valores das avaliações dos bens deve equivaler ou superar minimamente a quantia total exequenda – deixando-se livres todos os demais bens eventualmente existentes no patrimônio do executado.
Art. 832.  Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.
Há bens do devedor que não se sujeitam a execução, portanto impenhoráveis ou inalienáveis. A consagração das hipóteses de impenhorabilidade ou inalienabilidade, varia conforme diversos critérios, tais como a natureza da pessoa titular do bem (bens públicos), e a preservação do mínimo necessário para a sobrevivência digna do executado (remuneração). As hipóteses de impenhorabilidade encontram-se previstas tanto no CPC quanto em legislação extravagante (1331, §1º do CC; Lei 8009/90, etc.)
Art. 833.  São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. 
Art. 834.  Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis.
SÍNTESE: Houve alterações significativas no CPC/15. Foi excluído o adjetivo absoluta da impenhorabilidade regulada pelo dispositivo, com o objetivo de deixar claro que a proteção aos bens indicados nos incisos não é absoluta, já que, nos casos previstos nos parágrafos, é possível a (excepcional) constrição patrimonial. Além disso, foi incluído novo bem no rol das impenhorabilidades, qual seja, crédito oriundo de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculado à execução da obra (inc. XII do art. 833). Foram ampliadas as hipóteses de exceções às impenhorabilidades (§§ 1º e 3º do art. 833). 
Não resolveu o legislador o problema de penhora de imóveis residenciais de elevado valor.
Segundo entendimento atual do STJ a impenhorabilidade do art. 833 – com exceção da impenhorabilidade de imóvel residencial, consagrada na lei 8009/90 – é matéria ligada ao interesse privado, devendo ser arguida pelo interessado no primeiro momento que lhe couber falar nos autos, sob pena de preclusão (STJ EAREsp 223.196/RS).
O inc. I do art. 833 manteve a impenhorabilidade dos bens inalienáveis (bens públicos) e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução (testamento).
Os incs. II e III do art. 833 mantiveram a impenhorabilidade dos móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado (inc. II), bem como dos vestuários e dos pertences de uso pessoal do executado (III), desde que não sejam de elevado valor, nem ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida.
O inc. IV do 833 manteve a impenhorabilidade da remuneração do executado. Qualquer verba que servir ao sustento do executado desfrutará da natureza alimentar no caso concreto, sendo, assim, impenhorável como regra geral. 
Exceções foram listadas no §2º, ou seja, penhorável para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como importâncias excedentes a 50 SM mensais, devendo a constrição observar o disposto no art 528, §8º e 529, §3º.
O inc. V prevê a impenhorabilidade de todos os bens móveis (livros, máquinas, ferramentas, utensílios, instrumentos, etc.) que sejam necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado. Excluem-se da proteção legal os que sejam supérfluos, voluptuários, não essenciais à continuidade de sua atividade profissional. Aplica-se a pessoa natural e excepcionalmente, e segundo o STJ, a pequenas pessoas jurídicas, onde os sócios atuem pessoalmente,
tais como firmas individuais, microempresas, empresas de pequeno porte. Atinge somente móveis e não imóveis.
O § 3º do 833 consagra regra nova, sem correspondente no CPC/73. Incluiu na impenhorabilidade prevista no inc. V os equipamentos, implementos e máquinas agrícolas pertencentes à pessoa física ou à empresa individual produtora rural, salvo quando tais bens forem objeto de financiamento e estiverem vinculados em garantia a negócio jurídico, ou quando responderem por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. Ou seja, podem ser penhorados quando dados em garantia a negócio jurídico objeto de financiamento ou quando responderem por divida dotada de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.
O seguro de vida é impenhorável tanto antes da morte do segurado quanto após o falecimento (valor recebido). 
São impenhoráveis os materiais necessários para obras em andamento, salvo se as próprias obras forem penhoradas, já que acessório deve seguir principal. 
É vedada ainda a penhora de pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família. Excepcionalmente é admitida a penhora na hipótese do §1º.
São impenhoráveis recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social.
São impenhoráveis recursos do fundo partidário recebidos por partido político nos termos da lei.
Em relação às quantias depositadas em caderneta de poupança, são impenhoráveis até o limite de
40 SM, independentemente da origem da verba. O critério é o do valor global, pouco importando o número de poupanças. Valores constantes de outras espécies de investimentos ou aplicações financeiras, como fundo de investimento e fundo de renda fixa são penhoráveis, segundo o STJ.
Inovou o legislador quanto à impenhorabilidade de crédito resultante da venda de unidade imobiliária, sob regime de incorporação imobiliária, quando esse valor estiver vinculado à execução da obra (construção das próprias unidades ou outras áreas), ou seja, em se tratando de incorporação imobiliária, estando a obra ainda em andamento, o crédito vinculado à mesma – resultante da alienação da unidade – não pode ser objeto de penhora.
As exceções à impenhorabilidade estão nos §§ 1º a 3º do 833.
O art. 834 explicita que o acessório segue o principal, ou seja, frutos e rendimentos de bens inalienáveis são, a princípio , impenhoráveis. Excepcionalmente, inexistindo outros bens livres para constrição, torna-se possível a penhora desses acessórios do bem inalienável.
Art. 835.  A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.
§ 1o É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto.
§ 2o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
§ 3o Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora.
O art. 835 alterou significativamente a ordem de preferência dos bens penhoráveis em relação ao CPC/73: modificou escala de preferência; criou hipóteses novas (VII e XII); c) consagrou regra nova que seria absoluta (§ 3º do 833), enquanto o rol do CPC/73 era, em sua integralidade, expressamente preferencial, jamais absoluto.
OU SEJA:
Rol decrescente de liquidez
Rol preferencial, mas somente em casos excepcionais deve ser desconsiderado.
Regra do § 1º é na verdade preferencial. A do § 3º, absoluta, já que na execução com crédito real a penhora deve recair sobre a coisa dada em garantia e caso o bem pertença a terceiro garantidor, deve ser intimado da penhora.
O CPC/15, para fim de substituição de penhora, equiparou a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao débito constante da inicial acrescido de 30% - destinado a cobrir atualização monetária do débito e inclusão de encargos de mora (juros), despesas processuais e honorários advocatícios.
Art. 836.  Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.
§ 1o Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado, quando este for pessoa jurídica.
§ 2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário provisório de tais bens até ulterior determinação do juiz.
Utilidade da execução e da penhora. Não deve ser levada a efeito penhora de bens cujo produto de sua expropriação seja integralmente absorvido pelo custeio das despesas processuais (custas, taxas, emolumentos, honorários e outras despesas relacionadas á execução), sem realização de pagamento ao exequente.
Cabe ao Oficial de Justiça ao não encontrar bens penhoráveis, descrever em sua certidão, os impenhoráveis que encontrar na residência ou no estabelecimento do executado.
Regra nova, sem correspondente no CPC/73, manda que elaborada lista de bens impenhoráveis, deve o executado ou representante legal permanecer como depositário provisório de tais bens até ulterior determinação pelo juiz. O juiz poderá futuramente entender serem penhoráveis e estarão ao alcance da execução.

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