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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL APRESENTAÇÃO DO MATERIAL O material aqui presente tem como objetivo introduzir a aprendizagem dos discentes, anexando conteúdos livres no material, para enriquecimento dos mesmos. O conteúdo aqui apresentado possui dados legais, não dispondo, assim, de autor ou autores próprios. FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL INTRODUÇÃO A disciplina de Psicologia é de fundamental importância para o futuro profissional das Ciências Humanas e Sociais, uma vez que fornece informações importantes sobre as características do humano, levando à compreensão ampla, profunda e dinâmica dos aspectos tanto individuais quanto inter-relacionais do homem. Estudando Psicologia Geral, é possível vislumbrar um caminho bem-humorado às nossas características humanas e tornar mais apreensíveis e compreensíveis muitos dos nossos estranhamentos cotidianos, no mundo das relações pessoais, sociais, entre outras. FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL Sumário PEQUENA HISTÓRIA DA PSCIOLOGIA .................................................................................................... 5 ABORDAGENS DA PSICOLOGIA ............................................................................................................. 7 COMPORTAMENTO ............................................................................................................................... 8 PSICOLOGIA CIENTÍFICA ...................................................................................................................... 10 TÉCNICAS PSICOLÓGICAS .................................................................................................................... 12 PROCESSO DE APRENDIZAGEM .......................................................................................................... 14 GESTALT .............................................................................................................................................. 20 REFERÊNCIA 5 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL CAPÍTULO 1 PEQUENA HISTÓRIA DA PSCIOLOGIA O termo foi criado em 1550, por Melanchton, enquanto lecionava na Universidade de Wittenberg, na Alemanha, sendo que psique, proveniente do grego, significa alma e logos, proveniente do latim, significa estudo. No nosso cotidiano, muitas vezes, vivenciamos a ocorrência de um manancial de crenças bem populares, algumas receitas psicológicas de gente que não frequenta o meio acadêmico, científico, mas que consegue se aproximar de algumas verdades, em variados meios, lançando mão de “palpites”, quase todos para “ajudar os outros”, ao que chamam de “melhores das intenções.” Será mesmo que possuímos um mix de loucura e de magia, de médicos e de insanos? Qual é a verdade, se é que há apenas uma verdade em tudo o que ouvimos, vemos, sentimos, percebemos, palpitamos, entre outras experiências dos viveres existenciais? De certo modo, podemos constatar certo domínio popular em questões usuais, nas quais o acúmulo de experiências passadas soma aprendizado e é passado de geração a geração. Essa é a “psicologia do senso comum”, mas que fique, a partir dos estudos mais intensos e interessados das Psicologias, bastante esclarecido que se trata apenas de uma sabedoria popular, cultural, bem diferente do que verão na cientificidade da Psicologia – o que a pequena história dessa importante ciência desvendará. O conhecimento espontâneo da realidade (uma visão de mundo) é bastante diferente da complexidade inerente e consistente da Psicologia Científica. O estudante necessitará munir-se de amplos conhecimentos psicológicos para poder discernir e não mais cometer o erro do leigo, mesmo que este seja revelador, como muitas vezes pode mesmo ser (sabedorias populares). Todo senso comum é simplista, reducionista e jamais revelador de vicissitudes reais, nos campos das subjetividades e objetividades, as quais são necessariamente focadas pela Psicologia Científica, considerando-se múltiplos fatores (determinantes e/ou não). Nem mesmo o avanço científico é capaz de esgotar as possibilidades e encontrar compreensão precisa para todos os limites, ainda existentes no mundo moderno. 6 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL Por um lado, existe o conhecimento que se aprofunda e se desdobra, mas por outro, um abismo, um grande mistério. Eis o desafio, no limite tênue dessa navalha, em que somente a humildade do aprendiz, no bom cuidado do conhecimento contínuo, pode e deve cultivar. 7 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL CAPÍTULO 2 ABORDAGENS DA PSICOLOGIA A Psicologia como ciência vai se configurando em diferentes concepções, com as seguintes abordagens: O funcionalismo, de William James (1842- 1910): corrente americana para a qual importa responder “o que fazem e por que fazem os homens”, na qual a consciência surge como centro das preocupações e da compreensão dos funcionamentos, de acordo com as necessidades humanas de adaptação ao meio ambiente (pragmatismo americano a serviço do desenvolvimento econômico da época); O estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927): tal qual o funcionalismo, ocupou-se com a compreensão da consciência, porém com enfoque aos aspectos mais intrínsecos, ou seja, mais estruturais do sistema nervoso central, utilizando o método introspectivo para a observação experiencial em laboratório; O associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949): basicamente formulou a primeira abordagem da aprendizagem para a Psicologia, na qual o processo se daria das associações entre ideias simples até as mais complexas entre os conteúdos. Thorndike formulou uma lei comportamentalista em que a repetição do comportamento humano e animal dar-se-ia até o ponto do efeito (recompensa; exemplo: elogio para o bom feito infantil), o que permitia a observação da aprendizagem bem-sucedida; ou o contrário, como um efeito ativador da suspensão do comportamento (o castigo; exemplo: o olhar severo do pai em resposta ao ato inadequado da criança). Essa lei ficou conhecida como: “Lei do Efeito”. Todas essas abordagens anteriormente descritas vão dar estruturação e embasamento científico preciosos para o que viria a ser as Psicologias mais contemporâneas (Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise, abordagens que veremos com maior destaque no transcorrer da disciplina). 8 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL CAPÍTULO 3 COMPORTAMENTO A Psicologia estuda o comportamento, os processos mentais, a experiência humana e, de um modo especial, a personalidade. Com técnicas metódicas próprias, a Psicologia procura não só descobrir novos fatos, nessas áreas, mas tenta também medi- los. A ciência é um instrumento de conhecimento, de controle e de medida dos fatos. É, a um tempo, conhecimento e poder, por dar a explicação adequada e permitir tanta previsão quanto controle. Pelo fato de se poder aplicar, na prática, muitos de seus conhecimentos, confere poder a quem os aplica. O método científico é algo simples, mas não é uma atividade que se apresenta espontaneamente. Para ser utilizado, é preciso que a pessoa esteja predisposta ou treinada. Por exemplo, as experiências de Galileu estudando a queda dos corpos (que está na origem da Física tradicional) poderiam ter sido feitasno Egito Antigo, nas Muralhas de Creta ou em qualquer período da Grécia ou de Roma. O espírito da época, contudo, não predispunha as pessoas para essa atividade mais rigorosa do saber. O método científico pode ser empregado para a descoberta tanto de grandes quanto de simples fatos da vida ou da ciência. A maneira mais eficiente de se chegar às causas de um fenômeno é utilizar o método científico. São os seguintes os passos desse método: Identificação do problema (observação do fenômeno a pesquisar); Antecedentes históricos; Formulação de uma hipótese que explique o fenômeno. Esta serve para orientar o trabalho da pesquisa e é, ao mesmo tempo, uma garantia de objetividade. Toda experimentação tem como objetivo ver como a hipótese se manifesta; Experimentação da hipótese; Comprovação da hipótese; Comunicação dos resultados para conhecimento do mundo científico; Análise estatística; 9 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL Conclusões; Sugestões para nova pesquisa; Crítica. Portanto, a tarefa dos cientistas consiste em criar teorias que viabilizem níveis comprovadamente válidos, para garantir rigor aos aspectos e variáveis analisados, conforme dita o método científico. Assim, podemos pensar em formas de análise do comportamento humano. 10 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL CAPÍTULO 4 PSICOLOGIA CIENTÍFICA Os autores costumam dividir os métodos usados pelos psicólogos em três grandes grupos: Introspecção ou método de observação interna; Extrospecção ou método de observação externa; Experimentação. A introspecção é um método subjetivo de observação interior. A pessoa observa suas próprias experiências e as relata (a pessoa relata suas emoções, percepções, interesses, recordações etc.). Um exemplo: aumentamos nosso conhecimento da mente humana lendo diários íntimos, autobiografias ou memórias. Imaginamos que as pessoas foram sinceras ao descrever seus sentimentos, emoções, recordações etc., mas não o podemos provar. Para estudar certos traços de personalidade, os psicólogos têm pedido às pessoas que respondam a um questionário. Para esse fim, os indivíduos terão que observar seu íntimo e dar suas respostas – as quais irão revelar aos psicólogos seus interesses, emoções, preferências etc. Para estudar o raciocínio, o psicólogo Claparède imaginou um método que chamou de reflexão falada: deu um problema a um jovem e pediu a este que o resolvesse e fosse, ao mesmo tempo, descrevendo em voz alta o seu pensamento. Embora seja impossível verificar se as pessoas foram corretas ao relatarem seus fenômenos íntimos, a introspecção tem sido usada para colher informações que não possam ser obtidas de nenhuma outra maneira. Porém, a introspecção não pode ser empregada no estudo de animais, de crianças muito novas, de débeis mentais etc. Já a extrospecção é um método objetivo de observação externa. O psicólogo procura conhecer as reações externas dos organismos. Ao observar, por exemplo, uma pessoa, procura conhecer seu modo de agir, seus gestos, suas expressões fisionômicas, suas realizações etc. Sempre que possível, os psicólogos dão preferência à extrospecção e procuram torná-la mais exata, usando aparelhos para melhor 11 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL documentar suas observações: máquinas fotográficas e de filmar, cronômetros, gravadores de som etc. A experimentação consiste em um observador controlando a situação e verificando os diferentes níveis de reações do sujeito. 12 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL CAPÍTULO 5 TÉCNICAS PSICOLÓGICAS As técnicas psicológicas mais utilizadas são: Animais em laboratório: a observação de animais em situações controladas facilita a compreensão do comportamento das aprendizagens. Os animais mais utilizados são: cães, ratos, pombos, gatos e macacos; Técnica da medida do tempo de reação: esse tempo é medido em frações de segundo, por cronômetros. Esse tempo varia de pessoa para pessoa e é de grande importância para provas de aptidão para determinadas profissões como: motoristas, profissionais de mídia, aviação, entre outros; Técnica das associações determinadas: essa técnica foi introduzida pelo psicólogo suíço Carl Gustav Jung. Consiste em ler para o paciente, uma a uma, as palavras de uma lista, pedindo-lhe que a cada palavra ouvida diga tudo que lhe venha à mente, mesmo que lhe pareça estranho e absurdo. Essa técnica possibilita traçar um tipo psicológico do paciente; Técnica da associação livre: utilizada por Sigmund Freud, que foi o fundador da Psicanálise. O psicanalista sugere um assunto e deixa que o pensamento flua, na livre associação de ideias que o paciente faz, de acordo com o seu histórico pessoal; Técnica de grupos de controle: essa técnica consiste na comparação de dois ou mais grupos semelhantes, tratados de modo igual, em todos os aspectos da atividade, com exceção de um – o aspecto que está sendo estudado. Imagine que todas as crianças de uma creche passaram por uma experiência de ataque de cachorros e desenvolveram medo. Essa técnica poderia ser aplicada de modo a controlar esse medo, apresentando um filme no qual aparecessem crianças acariciando cachorros dóceis e, assim, fazendo paulatinamente diminuir o medo de cachorros; Técnica de comparação de gêmeos: consiste em comparar dois gêmeos idênticos ou univitelinos. Essa técnica tem sido muito empregada para prever a influência da hereditariedade e do ambiente no desenvolvimento da inteligência e da personalidade, de modo geral; 13 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL Técnicas projetivas: são atividades propostas pelos psicólogos nas quais as pessoas são convidadas a expressarem seus íntimos. a) Hermann Rorschach elaborou um teste de borrões, com dez cartões, revelando traços significativos da personalidade, como nível de inteligência, extroversão ou introversão, conflitos emocionais etc.; b) Henry D. Murray criou o TAT, conhecido como teste de apercepção temática, em que existem 20 quadros que remontam a contos, nos quais a criança pode elaborar a sua própria história, baseada em fatores de sua psicodinâmica pessoal e familiar; c) análise do brinquedo: Melanie Klein encontrou muita dificuldade para estudar a causa dos problemas emocionais apresentados pelas crianças e resolveu observar o modo como as crianças brincavam, por meio de brinquedos, baseando-se na compreensão de seus vocabulários ao expressarem o que vinha pelas mentes e formas de construções de brincadeiras, assim como no tipo de brinquedos escolhidos, mais comumente; a ludoterapia passou a ser uma forma terapêutica para auxiliar a cura da criança pelo brinquedo; d) análise do desenho: o desenho da figura humana, da casa e da árvore, são os mais utilizados, revelando interesses, autoimagem, conflitos emocionais, nível intelectual, entre outros fatores, muito utilizados em empresas; e) testes psicológicos: de inteligência, de conhecimentos gerais e/ou específicos, nos quais se observa o tipo de resposta dada e o desempenho, medindo aptidões dos indivíduos (muito utilizados em seleção de pessoal). Em Psicologia Clínica, estuda-se o comportamento de uma única pessoa, visando ajudá-la em seu ajustamento. É feito um estudo do caso, procurando compreender as principais forças e influências que orientaram o desenvolvimento dessapessoa. Esse estudo consiste em várias fases, entre as quais: investigar o tipo de vida da pessoa; as condições sociais em que ela vive; aplicar testes de interesses, de aptidões, de inteligência geral, de maturidade emocional, de sociabilidade, de traços de personalidade; e fazer seu levantamento biográfico. Após esse estudo, surge o diagnóstico do problema dessa pessoa, é recomendada uma terapêutica e o caso é “acompanhado” por um supervisor, por algum tempo. A observação de casos particulares permite descobrir algumas características comuns a muitas pessoas. 14 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL CAPÍTULO 6 PROCESSO DE APRENDIZAGEM Todas as correntes filosóficas e científicas das Psicologias, de forma geral, enfocam a questão da predisposição humana para o crescimento ajustativo para com o seu meio ambiente. Existe uma forte tendência a acreditar na força criadora das capacidades neurais para suplantar as dificuldades mais variadas, pois a inteligência humana, até hoje, ainda não foi totalmente disponibilizada, para atingir todo o seu cume e capacidade total de funcionamento, conforme comprovam os neurocientistas mais debruçados em análises humanas/sociais. Um famoso psicólogo, Jean Piaget (1896- 1980), desenvolveu uma importante teoria para compreender o desenvolvimento cognitivo, por meio do trabalho que acompanhava crianças, e classificou a aprendizagem a partir de estágios, tais como: a) sensório-motor (ênfase na importância da estimulação ambiental, até os 18 meses); b) pré-operacional (ênfase na intuição, em que o sentido é o desenvolvimento das capacidades mais simbólicas das crianças, dos 18 meses até os seis anos de idade); c) operações concretas (ênfase nas opera- ções mentais e no uso do pensamento lógico estruturado com as ações e situações reais, dos sete aos 11 anos); d) operações formais (ênfase no pensamento complexo, articulado e hipotético- dedutivo, envolvendo a imaginação mais rica e intuição, após os 12 anos de idade). Piaget fomentou inúmeras pesquisas, contribuindo vastamente para posteriores investigações de seus inúmeros seguidores. Possibilitou a compreensão dos processos atrelados às aprendizagens no mundo do trabalho, uma vez que podemos observar que as dificuldades do indivíduo sempre se reportam às fases anteriores, caso estas tenham sido vivenciadas com lacunas e falhas, dependendo tanto da maturação cognitiva quanto da qualidade e quantidade das estimulações do meio ambiente. Os diferentes enfoques para as aprendizagens Os comportamentalistas acreditam na aprendizagem condicionada; os gestaltistas nas relações dinâmicas dos contatos humanos internos e externos; já os 15 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL psicanalistas acreditam na viabilização de um maximizado acesso ao inconsciente, sendo que este armazena o manancial criativo e faz com que a consciência emancipe o seu dispositivo maior para aprender o mundo tanto interior quanto exterior. Com Piaget, assim como com outros importantes psicoterapeutas, as Psicologias foram angariando novas vertentes e constatando em testes, pesquisas e experimentos, os inúmeros atributos das capacidades individuais e grupais para as aprendizagens, tanto específicas quanto generalizadas, do potencial humano. A Inteligência Humana Fatores hereditários e adquiridos formam e transformam a inteligência humana sob e sobre toda a interatividade que já estamos acostumados a verificar em nossas relações humanas. Para os psicólogos contemporâneos, fatores racionais e emocionais são determinantes da evoluída inteligência, assim como fatores atitudinais e inter-relacionais. Inteligência racional (QI) Binet, Simon e Stern, em 1912, pesquisaram o quociente de inteligência mediante uma escala que media a capacidade do conhecimento de crianças comparando as idades cronológicas. Assim sendo, catalogaram diferentes medidas para as inteligências (até a atualidade são muito utilizadas essas escalas para medição de QI). Consideram o QI saudável dentro dos parâmetros 90-120, sendo que variações para baixo ou para cima estariam relacionadas com defasagens/incapacidades e, por outro lado, genialidades/alta capacitação de expansão pessoal. Pesquisas e testes de QI em muito facilitam a seleção de pessoal para as organizações, desde a era industrial até a atualidade, pois vivemos em um mundo globalizado e de forte tendência competitiva, fazendo-se necessários os instrumentos práticos de medição de recursos para os conhecimentos específicos e gerais da inteligência humana. Inteligência emocional (QE) Daniel Goleman (1995) traz o conceito de sincronia emocional e nos atenta para as questões das deficiências “das conscientizações dos sentires”, tão vastamente ignoradas por outras correntes das Psicologias. Por meio de experimentos ricos e complexos, tal ideia nos remonta para a integração de uma inteligência emocional e racional, na qual haja o contínuo alinhamento da rede neural com todos os âmbitos emocionais. Goleman foi o criador do termo ‘QE’ e revolucionou a visão fragmentada da inteligência, trazendo uma concepção de ampliada e inquietante constatação de que o controle emocional dependerá sempre de uma profunda e intensa capacidade de se dar conta do que se sente, sem que isso implique em atuar o sentimento concomitantemente 16 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL no meio, na situação vivida. Para o autor, o sequestro emocional seria uma ação inadequada do indivíduo, comprovando a sua incapacidade de lidar com a emoção percebida, ou seja, a inconsciência de um sentimento levando a uma ação inadequada ao contexto. Essa visão da inteligência explicou o porquê de pessoas com QI elevados não serem as mais bem-sucedidas profissionalmente, por possuírem genialidades outras e não emocionais e relacionais. Suponhamos que um profissional de criação, em uma reunião em que esteja apresentando a sua campanha seja tomado por um forte sentimento de ira e resolva agir de forma grosseira e agressiva, ocasionando a perda da conta de um importante cliente para a sua agência. Com certeza, esse episódio dramático seria um típico sequestro emocional, típico de quem não lida bem com as próprias emoções, mantendo-as sob controle consciente e ajustativo, conforme exige cada situação das vivências que se apresentam no dia a dia. Inteligências múltiplas e atitudinais Howard Gardner, nos anos 60, foi um importante pesquisador e trouxe a contribuição de uma teoria que identificou diferentes inteligências: a) lógico-matemática: símbolos numéricos e lineares; b) linguística: símbolos ligados às letras, palavras, assim como expressões da mesma pela palavra e suas manifestações; c) espacial: ligada aos aspectos mais físicos de contextualizações; d) musical: ligada aos sons, desde a emissão até elaborações mais avançadas; e) intrapessoal: que diz respeito às capacidades de autoconhecimento e controle emocional; f) interpessoal: que dita as habilidades de relacionamentos com as outras pessoas, de forma madura, responsável, ética e assertiva. Para Gardner, quanto mais as pessoas puderem investir não somente em maximizar suas potencialidades, como também em potencializar suas limitações, mais e mais estarão aptas para desenvolverem em plenitude suas totais e genéricas aptidões cognitivas/emocionais. Em outras palavras, o ser inteligente atual e contemporâneo é aquele que vive a sua inteligência de maneira múltipla, de acordo com os sistemas em que se insere, uma vez que o mundo está cada vez mais criativo, diferenciado e solicitando inúmeras capacidades de ajustamentos variados e crescentes. Para os cognitivistas,[...] o processo de organização das informações e de integração do material à estrutura do pensar e refletir, armazenar e processar, integrar aos 17 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL processos conscientes é o que melhor conceitua a aprendizagem. Esta abordagem diferencia a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa: a) aprendizagem mecânica refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura cognitiva. O conhecimento assim adquirido fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva, sem se ligar a conceitos específicos (ex: decorar um texto); b) aprendizagem significativa: processa-se quando um novo conteúdo (ideias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado por ela. Estes conceitos disponíveis são os pontos de ancoragem para a aprendizagem. (BOCK, 1996, p. 117-118). Um exemplo dessa última forma de aprendizagem: você integra e aprende o conceito que pode viver na vida real e não se esquece mais do valor significativo da teoria, graças à experiência cognitiva aprendida. E isso se aplica em diversas áreas, com diferentes pessoas, dos pequenos até grandes grupos. A inteligência é, sem dúvida, uma das qualidades humanas mais desejáveis. Cada cientista, ao longo da história e de suas pesquisas, revelam a inteligência, sob e entre diferenciados aspectos. Desde Platão, pensar a inteligência, por si só, já é uma representação bastante satisfatória dela, pois o exercício é um indicativo de capacidade reflexiva e pensante. O que mais caracteriza o ato inteligente é o fato de utilizar vários elementos da situação de maneira original ou criativamente nova. No fundo, em todo ato inteligente há uma pequena descoberta, a estrutura da inteligência: a) cognição: na solução de um problema ou situação difícil, é preciso, em primeiro lugar, reconhecer os elementos disponíveis e constitutivos da situação (essa operação é a cognição = conhecer, do latim); b) memória: além de levantar os dados do problema, é preciso retê-los na memória ou evocar outros elementos para o processamento da solução (reter e evocar são funções da memória); c) produção convergente: é uma forma de atividade intelectual que processa os elementos mentais de conformidade com os padrões convencionais (exemplo: seguir manuais de orientações nas organizações, criteriosamente); d) produção divergente: é uma forma de atividade intelectual que processa os elementos mentais de modo não convencional; as descobertas e invenções são produtos 18 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL divergentes, não convencionais da mente, são originalidades expressivas do ato singular de se criar, dando um salto qualitativo nas dimensões que convergem; e) avaliação: é uma forma de atividade mental em que a mente elabora pesos e valores diferentes, julgando a respeito da correção, adequação, desejabilidade, melhor conveniência. Quando um supervisor ou coordenador está avaliando mentalmente, está processando elementos mentais que são valores, pesos, reações comportamentais adequadas etc. Em todo processo decisório, cada informação tem uma relevância e um peso próprios. Nem todos os elementos se apresentam com o mesmo valor; é um ato típico de avaliação. As atividades da mente só existem sobre determinados conteúdos; ninguém pensa a respeito de nada. O pensamento consiste em elaborar, processar mentalmente algum conteúdo. É claro que podemos raciocinar sobre inúmeras coisas. Há um número infinito de assuntos sobre os quais podemos pensar. Contudo, Guilford, psicólogo americano, reduziu-os a quatro categorias: a) conteúdos figurativos: elementos concretos num espaço limitado (inteligência espacial, concreta e mecânica); b) conteúdos simbólicos: inteligência numérica, musical ou de qualquer outro elemento simbólico; c) conteúdos semânticos: inteligência mais verbal (oradores, professores, escritores, filósofos); d) conteúdos comportamentais: inteligência social baseada em atitudes, formas de proceder, ação, padrão de ações das pessoas, formas altamente criativas para lidar com elementos comportamentais (exemplo: profissionais das publicidades e marketing necessitam dessas qualificações para melhor exercerem suas funções). Essência da aprendizagem e da inteligência O que está no cerne do comportamento inteligente? Para alguns psicólogos, a ênfase está no pensamento abstrato e no raciocínio, e, para outros, o foco está nas capacidades que possibilitam a aprendizagem e a acumulação de conhecimentos. Existem correntes que enfatizam a competência social: se as pessoas conseguem resolver os problemas apresentados por sua cultura. E na época atual, os psicólogos não sabem sequer 19 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL se há um único fator geral (normalmente chamado de ‘G’, inicial de ‘geral’) do qual dependam todas as habilidades cognitivas. 20 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL CAPÍTULO 7 GESTALT Tendo seu berço na Europa, surge como uma negação da fragmentação das ações e processos humanos, realizada pelas tendências da Psicologia Científica do século XIX, postulando a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade dinâmica e processual, sendo, assim, uma abordagem de cunho existencial, humanística e sistêmica de fundamental importância para a compreensão da complexidade humana. A palavra ‘Gestalt’ não possui tradução exata, mas representa configuração, forma e em um primeiro momento, na Alemanha, mais especificamente com os psicólogos Max Wertheimer, Christian von Ehrenfels, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka adquire importância em uma sociedade pautada, naquela época, por concepções puramente racionais, cognitivas ou com ênfase em aspectos puramente inconscientes. Com esses pesquisadores, volta a promover a importância de uma visão de homem e de mundo mais fenomênica, integrada e contextualizada, tal como as exigências mais correntes demandavam. Basicamente, a Psicologia da Gestalt tratou a princípio dos fatores atrelados às percepções humanas e suas manifestações tanto internas quanto externas, trazendo a contribuição de enfatizar que a relação do indivíduo com o meio era o fator de maior impacto, o que mereceria análise e compreensão e que também traria a constatação da unicidade e da universalidade, fatores fundamentais dessa abordagem. Kurt Lewin (1890-1947) trabalhou 10 anos com os gestaltistas e elaborou a sua famosa teoria de campo, sendo que esta se reporta às crenças de que todo indivíduo somente pode ser compreendido se estivermos focando todo o ambiente onde ele está envolvido e, principalmente, como ele está se relacionando em seu campo (as suas crenças, valores, necessidades e limitações). Para Lewin, o indivíduo não pode ser compreendido de forma linear, rígida, fixa, mas, sim, dinâmica, processual e contextual. Os gestaltistas foram ampliando as pesquisas relacionadas às percepções e organizações humanas, percebendo que os elementos biopsicossociais estavam sempre atuando de forma sistêmica e variando de acordo com a singularidade de cada pessoa e ambiência envolvida. Outro psicólogo surgiu desse movimento, Fritz Perls, tendo sido um marco para o que viria a ser a Gestalt-terapia que 21 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL conhecemos na atualidade. Para Perls, todo comportamento é a melhor resposta que um indivíduo pode dar num determinado momento e apenas o presente é capaz de fazê-lo atualizar-se e promover o ajustamentocriativo que lhe dará a satisfação imediata, para que uma nova necessidade ressurja no campo interno e externo, sucessivamente. Para Perls, somente existia o presente e como o indivíduo agia era o fator mais fundamental para a compreensão de seu modo de estar sendo transformado, processualmente. Essa visão traz uma maior positividade e liberdade na perspectiva que o mundo da época tinha do caráter humano e social, o que sem dúvida agregou inúmeros desenvolvimentos e pesquisas para as Ciências Humanas e Sociais da época. 22 FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL REFERÊNCIA Márcia Lilla
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