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Intolerância a Lactose Guilherme Maria Júlia Gomes Mariana C. Beraldo Inacio Mateus Mirella Audi Blotta Murilo Pavani Sumário: Caso clínico Aspectos Históricos e Epidemiologia Bases bioquímicas: lactose e lactase Fisiopatologia: Hipolactasia primaria do tipo adulta Deficiência secundaria de Lactose Deficiência congênita da lactase Sintomas Diagnóstico Tratamento e considerações finais Perguntas propostas CASO CLÍNICO CASO CLÍNICO Mulher 48 anos - Hispânica Queixas de distensão abdominal, flatulência e diarreias episódicas. Sentia-se melhor no período matutino, antes de se alimentar. Um jejum de 8 horas alivia demasiadamente os sintomas CASO CLÍNICO Dor lombar há 15 anos: osteoporose Há um ano ingere três xícaras de leite por dia para aumentar ingestão de cálcio. ASPECTOS HISTÓRICOS E EPIDEMIOLOGIA A era neolítica e a domesticação: inserção crucial do leite na dieta para a sobrevivência. O registro de 3100 aC ASPECTOS HISTÓRICOS E EPIDEMIOLOGIA ASPECTOS HISTÓRICOS E EPIDEMIOLOGIA Fonte: Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular (Artigo de Revisão) EPIDEMIOLOGIA A Evolução na descoberta da Lactase e sua conformação A QUESTÃO ATUAL BASES BIOQUÍMICAS A LACTOSE: GALACTOSE BETA-1,4 GLICOSE Figura 1 - Estrutura tridimensional da lactose 0,40 mg/g 0,40 mg/g 2,30 mg/g 3,20 mg/g 0,65 mg/g 0.63 mg/g 11 g 17 g 0,8 g 0,5 g LACTOSE Figura 2 - Comparação da absorção de cálcio em várias fontes nutricionais ALDOSES Função aldeído (carbono 1) Ligação glicosídica carbono 1 da galactose carbono 4 da glicose BETA-GALACTOSIL-1-4-GLICOSE Digestão enzima quebrar ligação glicosídica Lactaseflorizina hidrolase hidrólise Lactose + H2O D-glicose + D-galactose Figura 3 - Estrutura química da Lactose Lactase no intestino região proximal do jejuno Figura 4 - Maior atividade de lactose A LACTASE: LACTASEFLORIZINA HIDROLASE A LACTASE: SÍNTESE Forma dimérica Glicosilação + Proteólise Ancoragem face extracelular microvilosidades Sintetizada nos enterócitos C-terminal hidrofóbico + N-terminal hidrofílico Figura 8- Síntese lactase MÁ ABSORÇÃO: Falha em mecanismos de digestão INTOLERÂNCIA A LACTOSE: Ingestão de dissacarídeo HIPOLACTASIA: Deficiência da enzima FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA Má absorção ou digestão da lactose por hipolactasia, com o aparecimento de sintomas típicos na região abdominal. Três tipos: Hipolactasia Primária do Tipo Adulto Deficiência secundária de lactose Deficiência congênita de lactase INTESTINO DELGADO Água e sódio ↑ trânsito intestinal INTESTINO GROSSO *Ácido láctico, ácido acético, ácido propiônico e ácido butírico Absorção, metabolização compensação colônica → ↓pH e ↑osmolaridade m. circular - distensões *H2, CO2, N2 e CH4 Flatos, absorção pulmões desconforto, cólicas, meteorismo, flatulência e diarreia fermentativa, fezes aquosas, espumantes e ácidas. Professor Ulysses Fagundes-Neto - Gastroenterologia Pediátrica UNIFESP Enzima idêntica à dos indivíduos com persistência de lactase, mas ↓ síntese. Nascimento → infância e adolescência: ↓nível de lactase 5-10% - declínio não influenciado pelo teor de lactose na dieta, varia com o grupo étnico. Causa: polimorfismos mutações pontuais com alta frequência na população (± 95%). Selvagem (70%) : desenvolvimento organismo → inibe expressão da lactase herança autossômica recessiva Mutações: deixa de receber a informação, gene continua sendo expresso herança autossômica dominante HIPOLACTASIA PRIMÁRIA NO ADULTO Os níveis de lactase são baixos até a 27ª - 32ª semana de gestação, quando se elevam, rapidamente, começando a cair por volta dos cinco anos de idade. Professor Ulysses Fagundes-Neto - Gastroenterologia Pediátrica UNIFESP Nórdicos -13910 C/C → C/T ou T/T - persistência da lactase -22018 – sem correlação estatística Africanos: próximas de -13910 íntron 13 do gene MCM6 (helicase – enhancer para o gene da lactase) -14010 (G/C) -13915 (T/G) -13907 (C/G) Mutações assemelhadas - caráter convergente das adaptações Quadro clínico variável Consumo regular de lactose Compensação colônica Adaptação da flora intestinal (não relacionado à indução enzimática) Esvaziamento gástrico acelerado - pouco tempo de contato carboidrato–intestino para hidrólise Tipo de dieta – produtos lácteos com pouca lactose e mais ácidos p.ex. iogurte (fermentação por bactérias ou fungos) Alimentos com osmolalidade e conteúdo de gordura altos ↓esvaziamento gástrico Sensibilidade à distensão abdominal produzida HIPOLACTASIA PRIMÁRIA NO ADULTO HIPOLACTASIA SECUNDÁRIA NO ADULTO Causas: várias doenças que provocam lesões na mucosa do intestino delgado, danificando as microvilosidases da membrana (onde se localizam 22 dissacaridases) ou interferindo no metabolismo dos enterócitos. Como a lactase é a mais superficial das dissacaridases, é a que mais precoce e frequentemente se altera. Enterites infecciosas, giardíase, doença celíaca, doença inflamatória intestinal (especialmente doença de Crohn), enterites induzidas por drogas ou radiação, doença diverticular do cólon e anemia. Transitória e Reversível DEFICIÊNCIA CONGÊNITA DE LACTASE Mutações no LCT (135.787.845 a 135.837.180) x mutações no MCM6 (135.839.626 a 135.876.477 4170T-A (Y1390X) SINTOMAS Sistêmicos: dores de cabeça e vertigens, perda de concentração, dificuldade de memória de curto prazo, dores musculares e articulares, cansaço intenso, alergias diversas, arritmia cardíaca, úlceras orais, dor de garganta e aumento da frequência de micção. Dor abdominal (cólica) – região periumbilical ou quadrante inferior Sensação de inchaço no abdome Flatulência Diarreia, geralmente não acompanhada de perda de peso Borborigmos Vômitos (principalmente nos jovens) Fezes volumosas, espumosas e aquosas Constipação – motilidade gastrintestinal reduzida devido à produção de metano; Diagnóstico Os ácidos graxos reduzem o pH fecal -> pH ≤ 5, após a ingestão de lactose, fornece diagnóstico indireto de má absorção de lactose -> utilizado para triagem. Se o pH for normal, não se pode excluir má absorção do mesmo se a pesquisa não foi feita com fezes frescas, pois os ácidos podem volatilizar-se. Dosagem da glicemia no sangue venoso em jejum e a cada 30 min, até 2h, após a sobrecarga de 50g de lactose diluída em solução aquosa -> Interpretação da curva glicêmica: aumento da glicemia igual ou superior a 20 mg/dl em relação ao jejum é considerado um resultado normal. Sensibilidade e especificidade são questionáveis devido a variações nas taxas de esvaziamento gástrico a ao metabolismo da glicose Diagnóstico O teste respiratório do hidrogênio expirado é considerado padrão-ouro para o diagnóstico de intolerância à lactose. O exame se baseia na produção de hidrogênio pela fermentação da lactose não absorvida: o hidrogênio entra na corrente sanguínea e é expirado pelo pulmão. O paciente sopra o basal, ingere a lactose, e depois sopra novamente após 60, 90, 120, 150 e 180 minutos, sendo considerado o exame positivo quando ocorre aumento de hidrogênio expirado em 20 ppm (partes por milhão) em relação ao valor basal. Biópsia intestinal: é um exame invasivo, dependendo de endoscopia para a coleta da biópsia da segunda porção do duodeno, e a atividade da enzima lactase no duodeno é menor que no jejuno. A má absorção de lactose pode ocorrer por outros fatores que não a deficiência enzimática, como é o caso de uma aceleração do trânsito no intestino delgado. TRATAMENTOS Reduzir ou eliminar o consumo de lactose. Inicialmente -> suspensão. Reintroduzir carboidratos gradualmente – fracionados ao longo do dia e o consumo de produtos lácteos fermentados e maturados Ainda que a pessoa apresente intolerância, seu organismo é capaz de hidrolisar uma pequena quantidade de lactose (12g/dia) TRATAMENTOS TRATAMENTOS PERGUNTAS PROPOSTAS 1. Por que essa paciente ao ser tratada de osteoporose apresentou um quadro de intolerância à lactose. Qual seria o melhor tratamento para ela? 2. Explique as bases fisiopatológicas dos principais sintomas apresentados pela intolerância à lactose. 3. Por que pacientes com gastroenterites graves também apresentam os sintomas de intolerância à lactose? 4. Analisando a gênese dos sintomas da intolerância à lactose (ver figura no texto), como poderia ser confirmado o diagnóstico dessa doença? Influência do tratamento na osteoporose 1. Por que essa paciente ao ser tratada de osteoporose apresentou um quadro de intolerância à lactose. Qual seria o melhor tratamento para ela? Cálcio é um mineral essencial na formação normal dos ossos A osteoporose é caracterizada pela redução de massa óssea O leite e seus derivados são importantes fontes de cálcio Intolerância à lactose -> redução do consumo de derivados do leite compromete a absorção de cálcio pelo organismo, consequentemente afetando o paciente que apresenta osteoporose 1. Por que essa paciente ao ser tratada de osteoporose apresentou um quadro de intolerância à lactose. Qual seria o melhor tratamento para ela? Tratamento alternativo à osteoporose PERGUNTAS PROPOSTAS 1. Por que essa paciente ao ser tratada de osteoporose apresentou um quadro de intolerância à lactose. Qual seria o melhor tratamento para ela? 2. Explique as bases fisiopatológicas dos principais sintomas apresentados pela intolerância à lactose. 3. Por que pacientes com gastroenterites graves também apresentam os sintomas de intolerância à lactose? 4. Analisando a gênese dos sintomas da intolerância à lactose (ver figura no texto), como poderia ser confirmado o diagnóstico dessa doença? 3. Por que pacientes com gastroenterites graves também apresentam os sintomas de intolerância à lactose? As células da mucosa do intestino delgado permitem a reprodução do vírus e a lise de células produtoras de lactase, reduzindo temporariamente os níveis de enzima e, portanto, provocando deficiência secundária da Lactase Gastroenterite viral, o vírus ataca as células da mucosa do intestino, principalmente do jejuno e íleo – essa inflamação destrói as vilosidades PERGUNTAS PROPOSTAS 1. Por que essa paciente ao ser tratada de osteoporose apresentou um quadro de intolerância à lactose. Qual seria o melhor tratamento para ela? 2. Explique as bases fisiopatológicas dos principais sintomas apresentados pela intolerância à lactose. 3. Por que pacientes com gastroenterites graves também apresentam os sintomas de intolerância à lactose? 4. Analisando a gênese dos sintomas da intolerância à lactose (ver figura no texto), como poderia ser confirmado o diagnóstico dessa doença? 4. Analisando a gênese dos sintomas da intolerância à lactose (ver figura no texto), como poderia ser confirmado o diagnóstico dessa doença? Dúvidas? *VÍDEO
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