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Riscos e desastres ambientais Estudo de caso 1 - Histórico 1. INTRODUÇÃO Desde os Tempos mais remotos, os fenômenos naturais, são conhecidos pelo ser humano; no entanto, com o grande crescimento da populacional, esses fenômenos naturais passaram a gerar prejuízos ao ser humano tanto perda de bens materiais quanto de vidas. Assim, quando causam impactos negativos, fenômenos naturais tornam-se desastres ambientais. Essa permanente expansão da ocupação humana sobre as diversas áreas do planeta, acaba criando novas áreas suscetíveis à ocorrência de desastres ambientais, ou seja, são novas áreas de risco com população vulnerável. Risco, nesse contexto pode ser entendido como qualquer coisa que tenha potencial para acontecer, mas ainda não o fez, contudo é pressentida como algo que se transformará num evento prejudicial para os indivíduos ou coletividade. O nível de vulnerabilidade de uma população em risco pode ser avaliado por uma série de fatores que vão desde sua capacidade de compreender a situação de risco em que está inserida, bem como por maneiras de se prevenir de possíveis desastres, até medidas preventivas emergenciais a serem tomadas em casos de desastres para minimizar perdas materiais ou de vidas. Muitas vezes a ocupação de uma área de risco torna-se a única opção para determinada população, geralmente de classe social baixa e por isso, certas medidas preventivas para um melhor enfrentamento possível dessas situações devem ser tomadas para mitigar a vulnerabilidade dos habitantes em risco. Um bom exemplo para se ter essa noção foi citado por Okrent (1980), quando este considera duas pessoas cruzando um oceano, uma num transatlântico e outra num barco a remo. O principal perigo (águas profundas e grandes ondas) é o mesmo em ambos os casos, mas o risco (probabilidade de naufrágio e afogamento) é muito maior para o indivíduo do barco a remo. Em geral, a grande maioria dos perigos naturais está sujeita a uma regra de magnitude e frequência pela qual quanto maior a magnitude, menor a frequência de ocorrência. Alguns perigos tais como as erupções vulcânicas, podem ocorrer em uma escala de tempo geológica que é muito maior do que a escala temporal de vidas humanas, sendo nesses casos, difícil justificar alocação de recursos para prevenção desses eventos, que têm uma baixa probabilidade de ocorrência durante o período de uma vida humana. Uma diferenciação entre a conceituação de desastres naturais e humanos está na participação direta ou não do homem. Os desastres humanos são aqueles gerados pelas ações ou omissões humanas, como acidentes de trânsito, incêndios industriais, contaminação de rios, entre outros. Os desastres naturais são causados pelo impacto de um fenômeno natural de grande intensidade sobre uma área ou região povoada, podendo ou não ser agravado pelas atividades humanas. Em ambos os caso, esses desastres são, na sua maioria, induzidos e/ou potencializado pelo homem e por suas atividades modificadoras do ambiente como desmatamentos, urbanização, poluição e, por suas ações indutoras de mudanças climáticas. Desmatamentos prejudicam bacias hidrográficas, aumentam o risco de incêndios e contribuem para a mudança climática. Destruição de zonas costeiras alagadas, dunas e manguezais elimina a absorção natural de choque contra tempestades costeiras. Estas mudanças antrópicas acabam fazendo com que áreas naturalmente vulneráveis, como encostas, rios, zonas costeiras e ilhas baixas, se tornem ainda mais vulneráveis a eventos climáticos extremos. É notável o aumento na frequência anual de desastres naturais em todo o globo. Conforme dados do EM-DAT (2012), a média de desastres ocorridos na década de 1950 foi de 45 eventos por ano, saltando para mais de 450 eventos na década de 2000 (Figura 1). Estes números refletem diretamente a elevação na frequência e intensidade dos desastres causados por condições climáticas severas. A EM-DAT constitui a fonte oficial de dados estatísticos a nível de desastres da UNISDR (United Nations – International Strategy for Disaster Reduction). Um dado fenómeno é considerado um desastre quando se verifica pelo menos uma das seguintes situações: 10 ou mais pessoas são dadas como vítimas mortais; 100 ou mais pessoas são registadas como afetadas; é emitida uma declaração de estado de emergência; é feito um pedido de ajuda internacional. Vulnerabilidade pode ser definida como o estado em que se encontra um sistema antes de um evento desencadear uma catástrofe (Figura 2). Vulnerabilidade também pode ser definida em termos da probabilidade do resultado das perdas de um sistema medido na forma de prejuízos econômicos ou de vidas humanas. Figura 1 – Número de desastres reportados em todo o mundo no período 1990 a 2011 Ao contrário do pensamento natural humano, a vulnerabilidade não é uma tautologia da pobreza. A pobreza e a vulnerabilidade são condições sociais que se reforçam mutuamente. Parcela significativa da população é vulnerável, apesar de não ser considerada pobre de acordo com os critérios sociais. Países desenvolvidos como Japão e EUA são constantemente assolados por desastres naturais ambientais. Figura 2 – Vulnerabilidades de uma população Da perspectiva das mudanças climáticas, o IPCC (2012) define vulnerabilidade como sendo o grau em que um sistema é suscetível a, ou incapaz de lidar com efeitos adversos da mudança do clima, incluindo variabilidade climática extremas. Para a realidade do Brasil, em função de suas condições geoambientais e socioculturais, os principais perigos naturais recorrentes estão associados a fenômenos morfodinâmicos, hidrológicos e climáticos, caso dos movimentos de terra, das inundações e das secas (figura 3). Figura 3 – Principais desastres naturais no Brasil entre 2000 e 2007 Quanto à intensidade, os desastres são classificados como: Desastres de pequeno porte ou acidentes (Nível I): (Prejuízo ≤ 5% PIB) Desastres de meio porte (Nível II): (5% < Prejuízo ≤ 10% PIB) Desastres de grande porte (Nível III): (10 % < Prejuízo ≤ 30% PIB) Desastres de muito grande porte (Nível IV): (Prejuízo > 30% PIB) No Brasil, os desastres de Níveis de intensidade III e IV são reconhecidos, legalmente, pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais, como situação de emergência e estado de calamidade pública. Os desastres agudos e os de muito grande intensidade são raríssimos em nosso país. Em compensação, os desastres por somação de efeitos parciais e de evolução crônica ocorrem com grande frequência e geram, a cada ano, maiores danos e prejuízos. Figura 4 – Desastres naturais em escala mundial – 1994 - 2003 Em teoria, os perigos naturais ameaçam igualmente qualquer pessoa, mas na prática, proporcionalmente, atingem os mais desfavorecidos, devido a uma conjunção de fatores: há um número muito maior de população de baixa renda, vivendo em moradias mais frágeis, em áreas mais densamente povoadas e em terrenos de maior suscetibilidade aos perigos. 2. ESTUDO DE CASO – Angra dos Reis/RJ 2.1. Localização geográfica O município de Angra dos Reis localiza-se no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, na região do Médio Paraíba (Figura 5), à aproximadamente 150 km da capital do Estado, possuindo uma área de 825 Km2 e população de 169.511 mil habitantes segundo dados do IBGE de 2010 Figura 5- Divisão Regional do Estado do Rio de Janeiro 2.2. Histórico de Desastre Devido aos processos migratórios existentes na região, a expansão da cidade começou a ocorrer de forma desordenada. A população de menor poder aquisitivo que não possuíacondições de se estabelecer nas regiões de planície do município, por conta do elevado valor do solo urbano, passou a ocupar irregularmente as encostas íngremes. Esse processo levou ao intenso desmatamento das encostas e consequentemente, ao aumento da instabilidade. Esse fator aliado a eventos de elevada precipitação, comuns na região devido à localização e disposição da Serra do Mar, foram responsáveis por uma série de movimentos de massa com resultados desastrosos. Dentre os principais movimentos de massa ocorridos na região destacam-se dois que tiveram graves consequências: O deslizamento ocorrido em 9 de dezembro de 2002, no qual houve uma precipitação total de 275 mm, volume equivalente a média de 2 meses de chuva na região. A área mais afetada neste evento foi o bairro de Japuíba, em especial a região de Areal, onde o volume de água captado por uma encosta levou ao deslizamento de aproximadamente 20 toneladas de rochas, solo e árvores de grande porte causando a destruição de mais de 70 casas no bairro e deixando 40 vitimas fatais. Outro evento que merece destaque foram os deslizamento ocorridos em janeiro de 2010, que provocaram a morte de 53 pessoas, sendo 31 vítimas do deslizamento na Praia de Bananal em Ilha Grande (Figura 6) e 21 vítimas no deslizamento do Morro da Carioca, próximo ao centro de Angra dos Reis. Na ocasião, entre os dias 30 de dezembro de 2009 e 1 de janeiro de 2010, o município de Angra dos Reis enfrentou uma chuva de 417 mm, este índice representa o dobro da média histórica registrada no mês de dezembro na região. Figura 6- A Pousada Sankay em destaque antes da noite de réveillon, quando foi soterrada por uma avalanche que matou 31 pessoas na Enseada do Bananal 2.3. Fatores Potencializadores dos Desastres Dentre os principais fatores envolvidos nos desastres ambientais ocorridos em Angra dos Reis, identifica-se a combinação de uma área com características físicas que demonstram grande fragilidade para uma urbanização muito densa, aliada ao tipo de clima com elevados índices de precipitação. - Clima A região de Angra dos Reis/RJ sofre grande influencia durante o verão das chamadas Zona de Convergência da América do Sul (ZCAS) que é principal fator responsável pelas altas taxas de precipitações e nebulosidade; outro sistema formador de intensas precipitações durante o verão são as linhas de instabilidade tropicais (LIT), formadas sobre os estados do Pará e Amazonas em função do ciclo de aquecimento diário e transportam-se para o sudeste conforme ganham maturidade podendo provocar intensas chuvas e trovoadas de curta duração. Outro elemento de grande importância para a caracterização climática da região é a proximidade do Oceano Atlântico, que é responsável por um grande volume de vapor d’água existente no local, que ao associar-se às características geomorfológicas de Angra dos Reis, no contexto da Serra do Mar, é impedido de penetrar no continente com os ventos marítimos ao encontrar essa barreira natural. O resultado é um fenômeno conhecido como chuva orográfica, responsável por precipitações localizadas na região ao sopé do sistema de escarpas. Um último grande fator que influência no regime das chuvas da região é a entrada de frentes frias. As frentes frias são responsáveis por grandes linhas de instabilidade atmosférica durante sua passagem e o resultado desse fenômeno são chuvas constantes e fortes ventos. Essas frentes frias costumam ocorrer durante todo o ano, sendo mais comuns durante o inverno, porém também são observadas nos meses de verão quando apresentam os maiores índices pluviométricos. Figura 7- Angra dos Reis, média pluviométrica entre os anos de 1982 e 2001 - Geomorfologia e geologia regional O município de Angra dos Reis pode ter sua classificação geomorfológica dividida em dois grupos, as escarpas íngremes da Serra do Mar e a região de planície fluvio-marinha. Nas encostas de maior declividade das escarpas da Serra do Mar há predomínio de rochas cristalinas ígneas e metamórficas recobertas por solos jovens e de baixa espessura, o que provoca uma descontinuidade hidrodinâmica responsável por um elevado grau de escoamento superficial e subsuperficial. A planície fluvio-marinha, caracterizada pela presença de rochas sedimentares, integrados por areias, cascalhos, argilas inconsolidadas e sedimentos marinhos, que vem sendo depositados a partir de processos erosivos e variações do nível do mar, é uma região que sofre com uma intensa densidade urbana. -Vegetação Área característica do domínio da Mata Atlântica, Angra dos Reis apresenta não só densas florestas, mas também vastas regiões de manguezais típicos de regiões litorâneas. No entanto, desde sua colonização a flora da região vem sofrendo fortes desmatamentos para abertura de novas vias de comunicação, expansão agrícola ou ocupações imobiliárias. Essa remoção da cobertura vegetal das encostas leva a uma redução da capacidade de infiltração do solo, com isso a água das chuvas escorre superficialmente aumentando o runoff ( escoamento superficial) e a quantidade de material transportado pelos rios e depositado eventualmente em seu leito, aumentando assim o seu assoreamento e diminuindo sua vazão. A consequência desse processo é um maior número de alagamentos em caso de níveis elevados de precipitação 2.4. Estratégia para redução de risco Com um elevado número de ocupações em áreas de risco e devido ao histórico de desastres da região, a prefeitura de Angra dos Reis criou a Defesa Civil municipal de Angra dos Reis, que através de um monitoramento constante das áreas de risco, parcerias com órgãos do governo Federal e uma aproximação com a população, maiores afetados pelos desastres, conseguiu obter excelentes resultados. A Defesa Civil possui um total de 29 pluviômetros automáticos e semiautomáticos em áreas consideradas críticas e que demandam constante acompanhamento, seja por apresentarem riscos de deslizamento ou possíveis enchentes nas planícies fluviais, permitido montar uma rede de monitoramento das chuvas em todo o município. Em caso de chuvas intensas que possam representar uma ameaça a população, mensagens de alerta são enviadas desses pluviômetros para a sala de monitoramento da Defesa Civil. Em casos de risco iminente detectado pela central de monitoramento da Defesa Civil, um sistema de aviso através de mensagens SMS é utilizado para informar a população sobre as áreas em risco e quais medidas devem ser tomadas. O funcionamento do sistema é previamente explicado nas reuniões realizadas com a Defesa Civil em escolas e centros comunitários, para que em caso de emergência não existam falhas ou descrença por parte da população sobre o alerta recebido. Outro sistema que está sendo implementado para tornar mais eficiente a comunicação de eventos de risco a população é a instalação de sirenes em áreas consideradas de maior propensão a desastres. Estas sirenes irão soar sempre que se julgar que uma situação apresente um elevado risco a população e poderão ser acionadas tanto pelo centro de desastres da Defesa Civil, ou por um líder comunitário previamente instruído sobre seu funcionamento. Por último, mas não menos importante, constantes visitas técnicas são realizadas por funcionários da Defesa Civil às regiões de maior risco de deslizamento. Dessa maneira é possível realizar um acompanhamento da estabilidade das encostas em questão, a existência processos geomorfológicos ativos (como o movimento de rastejo), possíveis alterações associadas a chuvas passadas e à ocupação de novas áreas consideradas impróprias para construção. Através dessas visitas, são realizadas avaliações técnicasde intervenções de engenharia para estabilização de encostas quando necessário, e até mesmo remoção da população em casos extremos. 3. ESTUDO DE CASO- Rio São Francisco/RJ 3.1. Localização Geográfica O Rio São Francisco é um dos rios mais importantes do País. Passando por 5 estados e 521 municípios, sua nascente é na Serra da Canastra, município de São Roque de Minas, no estado de Minas Gerais. Atravessando o estado da Bahia faz divisa ao norte com Pernambuco, assim também divisa natural separando os estados de Sergipe e Alagoas, é o maior rio inteiramente brasileiro. 3.2. Histórico de Desastre No ano de 2015 foi observado a aparição de uma grande mancha negra no Rio São Francisco. A Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) é apontada pelo IMA (Instituto do Meio Ambiente de Alagoas) como a principal suspeita da mancha detectada entre os estados de Sergipe e Alagoas. O evento é apontado como um dos maiores danos ambientais registrados no "Velho Chico", como também é conhecido. Figura 8- Mancha negra no Rio São Francisco. Segundo o IMA, a mancha pode ter sido provocada após a abertura de duas comportas da Companhia Hidroelétrica do São Francisco, na cidade de Paulo Afonso, na Bahia. Tal procedimento deve ter liberado sedimentos acumulados naquela parte do rio por volta de 30 anos. "O completo de hidrelétricas tem mais de 30 anos. Toda água tem material sólido e, quando chega numa área de barragem, sem movimento, ele decanta e fica feito uma lama no fundo. Então, quando eles abriram as comportas, podem ter liberado esse material no rio, mas somente o laudo confirmar isso", afirmou Ferrari. (Ao meu entendimento ocorreu um erro na digitação da materia quando deveria ter escrito 'complexo' no lugar de 'completo', e no final da frase 'mas somente o laudo pode confirmar isso', faltando a palavra 'pode'.) O comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco entende que a mancha é causada pela microalga Dinoflagelado, que teria surgido após a liberação de sedimentos de uma barragem da Chesf, que seria o lago Belvedere, esvaziado no dia 22 de fevereiro para manutenção. A microalga que causou tal mancha no rio São Francisco tem características de algas marinhas, mas também pode ser encontrada em águas doces. Outro efeito nas águas causada por esse tipo de microalga é o efeito de maré vermelha. Essas microalgas liberam toxinas que envenenam as águas, provocando a morte de peixes, pondo em risco a atividade pesqueira, e tornando inviável o consumo da água para os seres humanos. Figura 9- Reprodução da microalga 3.3. Estratégia para redução de riscos Na época, o Técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) acompanharam a equipe de Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), para avaliar a dimensão e o impacto da mancha negra, que distava por volta de 50 km da área que banha Sergipe. "Foram colhidas amostras da água em três pontos distintos, sendo dois atingidos pela mancha e outro da barragem de Xingó, que ainda não foi afetada", disse a coordenadora de outorga e vistoria da Semarh, Renilda Rezende. O problema da mancha negra modificou a cor e a qualidade da água do Velho Chico. Imediatamente, mais de cem mil pessoas deixaram de ser atendidas pela Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal), ficando nove municípios alagoano com o serviço de água suspenso, devido a coloração e o odor que a água chegava nas torneiras. Dessa maneira o serviço de abastecimento de água passou a ser feito por carros-pipa. Para amenizar a mancha escura a Chesf colocou o plano de aumentar a vazão em prática. O objetivo de aumentar a vazão (que devido a época de estiagem se encontrava próximo da mínima) de 1.100m³/s para 1.300m³/s (sendo que deveria ser elavada em alguns momentos até 1.500m³/s) era de diluir a mancha, tornando-a tratável, papel esse que seria feito pela Casal. Com o aumento da vazão a mancha que chegou a ser de 28 km começou a diluir e se dissipar. Após alguns dias cidades como Delmiro Golveia, Água Branca, Pariconha, Inhapi, Mata Grande, Canapi e Olho D'Água do Casado voltaram a ter o abastecimento normalizados. O secretário do Meio Ambiente de Sergipe, Oliver Chagas, relatou a grande preocupação do governo sergipano com o problema. Apesar de não ter chegado a prejudicar o lado sergipano, ele relatou a determinação do Governo em efetivar ações de preservação na bacia do Velho Chico. "Sergipe depende muito do rio para abastecer a população e há uma grande preocupação. Essa mancha não nos prejudicou nesse momento, mas não significa que estejamos imunes". A Chesf foi multada em R$ 650 mil pelo IMA por causa do dano ambiental causado. A Casal entrou com um pedido de ressarcimento de R$ 500 mil devido aos gastos que teve com os transtornos causados pelo dano. 4. CONTAMINAÇÃO POR PETRÓLEO EM OCEANOS E MARES 4.1. Introdução Diversos acidentes ambientais envolvendo atividades de exploração, transporte, distribuição e armazenamento de petróleo estão causando sérios danos ao meio ambiente. De acordo com dados publicados na Revista Exame (maio/2010), mais de 80 acidentes ambientais de alta e média gravidade, lançaram nos mares e oceanos nos últimos 70 anos aproximadamente 7,4 bilhões de litros de petróleo, valor correspondente a quase três mil piscinas olímpicas. Somente os dez maiores desastres da história foram responsáveis por 68% deste total. 4.2. Consequências para vida marinha O petróleo é composto principalmente de vários hidrocarbonetos nitrogênio, enxofre e oxigênio. Assim, acidentes em que há vazamento de petróleo no mar, fazem com que estes compostos afetem plantas, peixes, mamíferos e toda a vida animal e vegetal de determinado ecossistema. O petróleo mata primeiro o Fitoplâncton, conjunto de vegetais microscópicos que flutuam na superfície da água conhecidos como algas. Eles realizam fotossíntese, produzindo oxigênio que passa da água para atmosfera e servem de alimento para peixes e outros animais marinhos. Devido à cor escura do petróleo, as algas não têm luz suficiente para realizar a fotossíntese, o que causa a morte dos peixes da superfície por asfixia. Além disso, forma uma película que dificulta a passagem do oxigênio do mar para atmosfera. O petróleo impregna nas penas das aves, impossibilitando-as de voar e regular sua temperatura corporal. Ao tentarem se limpar, ingerem petróleo e morrem intoxicadas. Podem também afundar e morrerem afogadas. Os mamíferos marinhos, também por não conseguirem realizar a regulação da temperatura corporal, não conseguem se proteger do frio e acabam morrendo. Os peixes, quando em contato com o petróleo, morrem por asfixia, pois o óleo impregna suas brânquias, o que impede a respiração. Substâncias tóxicas se acumulam nos tecidos de mamíferos, tartarugas e peixes, causando distúrbios reprodutivos e cerebrais; Se algum animal ingerir esse óleo, isso pode provocar envenenamento em toda a cadeia alimentar. 4.3. Solução Em meio a tantos desastres, a tecnologia tende a ser uma grande aliada na prevenção, monitoramento e limpeza do petróleo em rios, mares e oceanos. Para a retirada do petróleo das águas, utilizam-se produtos químicos que promovem a dissolução mais rápida do petróleo. Esses dispersantes causam a fragmentação da mancha, permitindo que gotículas do óleo se misturem com água e sejam absorvidas com maior rapidez pelo ecossistema. Outro método utilizado para acabar com manchas de petróleo que chegaram à costa é o uso de agentes biológicos. Fertilizantes como o fósforo e o nitrogênio são espalhados pela costa atingida com o intuito de aumentar o crescimentode microrganismos que promovem a dissolução do petróleo. Algumas vezes é possível utilizar também bactérias e fungos que degradam o petróleo, mas esse é um processo muito lento. Pesquisadores brasileiros descobriram uma maneira simples e eficiente de se retirar o petróleo do mar em acidentes de grande escala, como o ocorrido no Golfo do México, em abril de 2010. O método se baseia em jogar sobre o petróleo derramado a glicerina do biodiesel em pó. Essa mistura se transforma em uma massa plástica flutuante. “Acontece um fenômeno natural entre o petróleo e esse plástico, a absorção, porque os dois são igualmente hidrofóbicos e se afastam juntos da água”, explicou Fernando Gomes de Souza Junior, professor do Instituto de Macromoléculas da UFRJ. O professor afirma ainda que cada tonelada de glicerina é capaz de retirar 23 toneladas de petróleo da água. Após recolhida, essa massa plástica recebe querosene e logo em seguida é filtrada. "Na filtragem vai sair uma mistura de petróleo e querosene, isso pode ir para uma torre de destilação, ser fracionado, e seguir os processos petroquímicos convencionais", informou o professor, “Com isso, a gente não quebra a cadeia produtiva que já existe e ainda reaproveita tanto o petróleo retirado como a própria glicerina utilizada”, avalia Souza Junior. 5. ESTUDO DE CASO – Exxon Valdez No dia 24 de março de 1989, o navio Exxon Valdez bateu em recifes submersos no Estreito de Príncipe William no Alaska. Foram espalhadas 40 mil toneladas de óleo, aproximadamente 44 milhões de litros. Levado pelas correntes, o petróleo cobriu uma área de 28 mil quilômetros quadrados de oceano. Mais de 2000 quilômetros da costa do Alasca ficaram cobertos por piche, em alguns pontos, a camada chegou a 90 centímetros de espessura. Inicialmente, foram estimadas 35 mil mortes de aves por inflamação do fígado e rins, afogamento ou frio, embora esse número seja na realidade muito maior, porque a maioria das aves afunda ao terem as penas impregnadas por petróleo. Algumas estimativas citam até 700 mil. Milhares de mamíferos marinhos como focas, lontras e leões marinhos perderam a capacidade natural de isolamento térmico e morreram de frio. Cardumes de salmão, arenque e linguado foram infectados e mortos pelo petróleo. A perda populacional das orcas foi estimada em 41% de acordo com um estudo publicado na revista Marine Ecology Progress Series em 2008. O problema se agravou porque, no frio, o óleo demora para se tornar solúvel e ser consumido por microorganismos marítimos - a biodegradação ocorre com eficácia apenas a partir dos 15 ºC. A Exxon, dona do cargueiro, desembolsou mais dois bilhões de dólares para limpar os trechos de costa contaminados, mobilizou um exército de 11 mil homens para a inédita operação de limpeza. Equipou-os com 1.400 barcos, 85 aviões e recursos como bombas de sucção e bactérias devoradoras de petróleo. Biólogos limpavam as penas de pássaro por pássaro, lontras eram alimentadas com lagostas frescas, cada pedra de cada praia era meticulosamente lavada e esfregada. O derramamento de petróleo devastou a economia local e provocou o aumento do consumo de álcool, alguns suicídios e muitos divórcios. Forçados a vender suas ferramentas de trabalho para pagar dívidas, os pescadores perderam seus meios de subsistência. Uma ação civil de mais 30.000 vítimas do vazamento chegou à Suprema Corte americana pedindo 5 bilhões de dólares em indenizações para pescadores e habitantes locais. O valor, porém, foi julgado excessivo e reduzido a 500 milhões. Além disso, Exxon foi multada em 900 milhões de dólares em processos penais dos governos dos Estados Unidos e do Alasca. Seis meses depois, em setembro de 1989, a Exxon deu por terminada a limpeza e declarou que a natureza faria o resto. Essa posição da empresa gerou grande polêmica entre autoridades ambientais americanas, elas achavam que a empresa deveria voltar e terminar o trabalho, mas as consequências ambientais e a batalha jurídica duraram 25 anos. No início da década de 90, a Exxon financiou pesquisas que afirmavam que a área atingida estava saudável e se recuperando bem. Entretanto, pesquisas científicas, conduzidas por mais de 14 anos, atestaram o contrário. O estudo publicado pela revista científica Science em 19 de dezembro de 2003 concluiu que a recuperação da área estava longe de alcançar um nível ideal. A região continuava a apresentar problemas resultantes dos resíduos do petróleo derramado. "As táticas da Exxon são bem conhecidas e este é um caso clássico de negação, enganação e demora", disse a colaboradora do Greenpeace Anita Goldsmith. Na época, a justiça indiciou a Exxon criminalmente em cinco acusações, entre elas: negligência na contratação da tripulação, lançamento de agentes poluentes e morte de 35 mil aves migratórias. Duas décadas mais tarde, ainda restam 95 mil litros de óleo na região, a maior parte debaixo da terra, segundo um estudo publicado em janeiro na revista Nature Geoscience. A baixa permeabilidade do solo e a falta de oxigenação do mar na região seriam as responsáveis por esse fenômeno, já que a expectativa era que o óleo se degradasse em alguns anos. As populações de lontras do mar finalmente se recuperaram para níveis pré- derramamento somente em 2014. A população de arenque - no passado a pesca lucrativa para a indústria da pesca na região - caiu e nunca se recuperou totalmente, e a pesca está sujeita a normas rígidas. Cientistas seguem indecisos se é necessário descontaminar o que resta – alguns acreditam que o melhor seria deixá-lo como está. “De um ponto de vista ambiental, não há preocupação – desde que o petróleo fique onde está,” segundo o ecólogo sueco Olof Linden, da Universidade Marítima Mundial, à revista New Scientist. Outros se preocupam com o risco que correm animais marinhos como lontras, que buscam seu alimento no fundo do mar. O vazamento do Exxon Valdez trouxe várias lições. A indústria petroleira teve que rever suas práticas, adotando navios-tanque e procedimentos mais seguros, já que o acidente foi causado por uma sucessão de erros de sua tripulação. Segundo relatos, o capitão Joseph Hazelwood cedeu o comando da embarcação a um terceiro suboficial, não habilitado à navegação naquele tipo de lugar, enquanto bebia uísque em sua cabine. Já o capitão alega que saiu por 10 minutos do seu posto para assinar uns papéis. Como resposta a este acidente, o Congresso americano aprovou, em 1990, o Oil Pollution Act, que obriga as companhias petrolíferas a elaborar planos de prevenção de derrames, assim como planos de emergência, caso um vazamento não seja evitado. A nova legislação exige também que todos os navios petroleiros que transitam pelo Estreito de Príncipe William tenham casco duplo e sejam escoltados por dois rebocadores. Também foi uma boa oportunidade para a comunidade científica aprender como lidar com desastres ambientais – hoje, avalia-se que boa parte dos métodos de descontaminação usados em 1989 são mais danosos do que simplesmente deixar o próprio ecossistema lidar com o óleo sozinho. Algumas pequenas áreas do Estreito de Príncipe William não foram limpas intencionalmente para as autoridades ambientais estudarem as medidas de limpeza, comparando como as áreas não tratadas se saíam contra regiões limpas com mangueiras de água quente sob alta pressão. Este tipo de lavagem agressiva funciona, mas pode matar plantas e animais a longo e curto prazo. Os trabalhadores de limpeza muitas vezes combinavam esta técnica com outros métodos, como a contenção e coleta de óleo de modo a que ele não se dispersasse em outro lugar. Mais de duas décadas após o desastre,bolsões de petróleo ainda são encontrados abaixo da superfície de praias, muitas vezes em lugares protegidos de ventos e ondas, o que ajudaria a quebrar e remover o restante. 6. ESTUDO DE CASO – Acidentes Nucleares 6.1. Introdução Os acidentes nucleares envolvem dispositivos nucleares e materiais radioativos. Em alguns casos uma contaminação radioativa acontece, mas em muitos casos o acidente envolve uma fonte selada ou a libertação de radioatividade pequena, enquanto a radiação direta é grande. Devido à confidencialidade do governo e da indústria, nem sempre é possível determinar com certeza a frequência ou a extensão de alguns eventos no início da história da indústria nuclear. Nos dias atuais, acidentes e incidentes que resultem em ferimentos, mortes ou séria contaminação ambiental tendem a ser melhores documentados pela Agência Internacional de Energia Atómica. Devido à diferente natureza dos eventos, é melhor dividi-los em acidentes “nucleares” e "de radiação”. Um exemplo de acidente nuclear pode ser aquele no qual o núcleo do reator é danificado, tal como em Three Mile Island, enquanto um acidente de radiação pode ser um evento de acidente de Medicina Nuclear, onde um trabalhador derruba a fonte de radiação (a substância radioativa: o radionucleotídeo) num rio. Estes acidentes de radiação, tais como aqueles envolvendo fontes de radiação, como os radionucleotídeos usados para a elaboração de radiofármacos, frequentemente têm tanta ou mais probabilidade de causar sérios danos aos trabalhadores e ao público quanto os bem conhecidos acidentes nucleares, possivelmente porque dispositivos de Tomografia por emissão de positrões (PET), a cintilografia e a radioterapia (braquiterapia), designadamente, estão presentes em muitos dos hospitais e o público em geral desconhece seus riscos. Foi o caso, por exemplo, do acidente radiológico de Goiânia, Brasil. Acidentes de radiação são mais comuns que acidentes nucleares, e são frequentemente de escala limitada. Por exemplo, no Centro de Pesquisa Nuclear de Soreq, um trabalhador sofreu uma dose que era similar à mais alta dose sofrida por um trabalhador no local do acidente nuclear de Chernobil no primeiro dia. Porém, devido ao fato de que a fonte gama não era capaz de passar o invólucro de concreto de dois metros de espessura, ela não foi capaz de ferir muitos outros. A significância de acidentes nucleares pode ser avaliada usando a Escala de Eventos Nucleares da Agência Internacional de Energia Atómica. Nem todos os eventos relatados constituem acidentes. Incidentes que ameacem a operação normal ou a segurança da instalação podem ser relatados, mas não resultam na liberação de radiatividade. 6.2. Funcionamento de Usina Nuclear A Usina Nuclear é uma instalação industrial que tem por finalidade produzir energia elétrica a partir de reações nucleares. As reações nucleares de elementos radioativos produzem uma grande quantidade de energia térmica. Geralmente, as usinas nucleares são construídas por um envoltório de contenção feito de ferro armado, concreto e aço, com a finalidade de proteger o reator nuclear de emitir radiações para o meio ambiente. O elemento mais utilizado para a produção dessa energia é o urânio. 6.2.1. Fases de uma Usina Nuclear Como mostra a figura abaixo, uma usina nuclear é formada basicamente por três fases, a primária, a secundária e a refrigeração. Inicialmente, o urânio é colocado no vaso de pressão. Com a fissão, há a produção de energia térmica. No sistema primário, a água é utilizada para resfriar o núcleo do reator nuclear. No sistema secundário, a água aquecida pelo sistema primário transforma-se em vapor de água em um sistema chamado gerador de vapor. O vapor produzido no sistema secundário é aproveitado para movimentar a turbina de um gerador elétrico. O vapor de água produzido no sistema secundário é então transformado em água através de um sistema de condensação, ou seja, através de um condensador que, por sua vez, é resfriado por um sistema de refrigeração de água. Esse sistema bombeia água do mar, água fria, através de circuitos de resfriamento que ficam dentro do condensador. Por fim, a energia que é gerada através de todo o processo de fissão nuclear chega às residências por redes de distribuição de energia elétrica. Figura 10 – Funcionamento de um Usina Nuclear 6.2.2. Detalhes importantes Em geral, o urânio é formado em péletes (formato de pílula) com diâmetro próximo ao de uma moeda de R$0,10 e espessura de 2x’,5cm. Estes péletes são dispostos em hastes longas agrupadas em feixes, os quais ficam submersos em água dentro de um recipiente de pressão. A água, por sua vez, tem a função de refrigerar o sistema. Para que o reator funcione, o feixe precisa ser levemente supercrítico. Isso significa que, caso fosse deixado sozinho, o urânio derreteria. Portanto, para que isso não ocorra, são inseridas no feixe hastes de controle (também chamadas de hastes de comando ou, ainda, barras de controle), as quais são feitas de material capaz de absover os nêutrons, utilizando um dispositivo que pode abaixar e/ou elevar as hastes. Assim, elevar e baixar as hastes controla o nível das reações nucleares. Portanto, quando se deseja maior produção de calor a partir do núcleo de urânio, as hastes são elevadas para fora do feixe, enquanto para produzir menor quantidade de calor, as hastes são abaixadas dentro do feixe. Além disso, as hastes possuem outras funções: baixá-las totalmente dentro do feixe podem desligar o reator, no caso de um acidente, ou tornar possível a troca de combustível. O calor liberado durante a reação nuclear é responsável pelo aquecimento da água, a qual é transformada em vapor. Esse vapor aciona uma turbina, a qual faz girar um gerador, responsável por produzir a energia. 6.3. Acidente Nuclear de Three Mile Island O acidente começou às 4 da manhã da quarta-feira, dia 28 de março de 1979, com falhas no sistema secundário não-nuclear, seguido por uma válvula de alívio operada por piloto do sistema primário que tinha ficado aberta, permitindo que grandes quantidades de líquido de arrefecimento escapassem. As falhas mecânicas foram criadas pela falha inicial dos operadores do reator em reconhecer a situação como um acidente de perda de líquido refrigerante devido a treino inadequado e fatores humanos como erros de desenho industrial relacionados com a presença de indicadores ambíguos na sala de controlo na interface do utilizador da central. O âmbito e complexidade do acidente tornou-se claro no decurso de cinco dias, quando empregados da Metropolitan Edison, oficiais do estado da Pensilvânia e membros da Comissão Nuclear Reguladora dos Estados Unidos tentavam compreender o problema, comunicavam a situação para a imprensa e comunidade local, decidiam se o acidente requeria uma evacuação de emergência e por fim davam conta do fim da crise. No final, o reator foi de novo controlado, apesar de maiores detalhes do acidente só terem sido descobertos mais tarde, seguindo extensas investigações por uma comissão presidencial e pela Comissão Nuclear Reguladora. O Relatório da Comissão Kemeny concluiu que "ou não haverá casos de câncer ou o número será tão pequeno que nunca será possível detectá-los. A mesma conclusão é aplicável para outros efeitos de saúde." Alguns estudos epidemiológicos posteriores ao acidente suportaram a conclusão de que a libertação de radiação no acidente não teve efeitos perceptíveis na incidência de cancro nos residentes perto do reator, apesar de estas descobertas terem sido contestadas por uma equipa de pesquisadores. A reação pública relativaao evento foi provavelmente influenciada pela saída, 12 dias antes do acidente, de um filme chamado The China Syndrome, que descrevia um acidente num reator nuclear. Comunicações efetuadas por oficiais durante as fases iniciais do acidente foram sentidas como confusas. O acidente foi seguido por uma cessação de construção de novas centrais nucleares nos Estados Unidos da América. Uma bolha de gás altamente radioativo havia se instalado na parte de cima do reator, uma parte do urânio derreteu e o material fisionazion entrou em contato com a água, impedindo o acesso da água de refrigeração. Somente no dia 2 de abril, os técnicos conseguiram reduzir a bolha de gás em volta do reator de 50 metros cúbicos para cerca de um metro cúbico. Enquanto isso aumentavam nos Estados Unidos as críticas às medidas de segurança. Em contrapartida, a empresa que administrava a usina acusou as autoridades de exagero ao comentarem o incidente. Algum tempo depois, os elementos combustíveis resfriaram e o perigo de explosão estava afastado. No dia 1º de novembro de 1979, uma comissão nomeada pelo então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, chegou à conclusão de que o acidente fora causado por falha humana. A princípio, a direção da usina pretendia reparar o reator danificado. Os técnicos constataram, no entanto, que os danos haviam sido maiores do que se suspeitava. Setenta por cento do núcleo do reator fora destruído pelo calor incluindo os demais. O acidente nuclear de Three Mile Island foi classificado como nível 5 na Escala Internacional de Ocorrências Nucleares (INES Scale). Este acidente levou à melhoria da segurança das centrais nucleares, a definição de medidas corretivas que foram incluídos em todos os países com instalações nucleares, bem como o desenvolvimento de programas de formação e capacitação de pessoal da instituição. Antes do colapso dos reatores de Fukushima, em março, e da catástrofe de Chernobyl, em 1986, a usina de Three Mile Island, na Pensilvânia, redefiniu os rumos da exploração da energia nuclear nos Estados Unidos. Após o acidente de 1979, o programa atômico local foi praticamente congelado por três décadas e suas consequências ecoaram por todo o planeta. Assim como o tsunami japonês hoje mergulhou os investimentos mundiais do setor na incerteza, Three Mile acendeu o debate sobre o legado atômico, ainda que com fins pacíficos. A então "energia do futuro" escancarou seus riscos e ganhou contornos de "força diabólica" em 28 de março. Figura 11- Usina nuclear Metropolitan Edison em Three Mile Island 6.3.1. Consequências/Impactos Seguindo extensas investigações por uma comissão presidencial e pela Comissão Nuclear Reguladora. O Relatório da Comissão Kemeny concluiu que “ou não haverá casos de câncer ou o número será tão pequeno que nunca será possível detectá-los. A mesma conclusão é aplicável para outros efeitos de saúde”. Alguns estudos epidemiológicos posteriores ao acidente chegaram à conclusão que a libertação de radiação no acidente não teve efeitos perceptíveis na incidência de câncer nos residentes próximo ao reator, apesar de estas descobertas terem sido contestadas por uma equipe de pesquisadores Apesar disto, o acidente teve como consequência, conforme laudos de especialistas, de alterações genéticas das plantas entre outros problemas. 6.4. Acidente de Césio 137 – Goiânia Assim como em outros países, no Brasil, o trabalho com elementos nucleares também já causou fatalidades. Porém diferente dos acidentes ocorridos em Usinas Nucleares, o Césio-137 (como é conhecido), foi uma catástrofe ocorrida fora de uma usina nuclear, e por total desconhecimento por parte de seus causadores. No dia 13 de setembro de 1987, na cidade de Goiânia, em Goiás, dois catadores de lixo encontraram uma máquina em um instituto de radioterapia que por hora encontrava-se abandonado. Neste aparelho estava acoplada uma cápsula que continha elemento radioativo (cloreto de césio-137) e que fora levado por estes dois catadores a fim de vender a máquina que era composta de metal e lhes renderiam dinheiro na venda em um ferro velho. Quando barganhado no ferro velho e depois de aberto pelo dono, o mesmo encontrou um pó branco, parecido ao sal de cozinha, que quando no escuro, brilhava numa cor azulada. Maravilhado com este fenômeno que o mesmo denominou como “sobrenatural”, levou o pó para casa e chamou os conhecidos para que pudessem ver o elemento que havia encontrado e que não se assemelhava em nada com o que conheciam. Algumas horas depois, muitas das pessoas que foram expostas a esta radiação apresentaram sintomas como vômito, diarreia e tonturas. Sem saber por que estavam passando mal, foram ao hospital onde os médicos diagnosticavam como uma virose e receitavam remédios para a mesma. Porém a esposa do dono do ferro velho, ao ver sua filha muito doente resolveu colher uma amostra do pó que seu marido encontrara na máquina e levou à vigilância sanitária da cidade. Com isso e após muitas pesquisas, foi diagnosticado que se tratava de um problema nuclear e que as pessoas que foram contaminadas necessitavam urgentemente serem tratadas. As primeiras medidas foram isolar as pessoas e seus pertences e fornecer a população, uma substância que supostamente eliminaria a radiação no organismo, processo o qual se daria através da urina e fezes. Quanto aos objetos e roupas, todos foram altamente lavados para que retirassem boa parte da radiação. Algum tempo depois algumas pessoas vieram a óbito, devido a não ter suportado a radiação liberada pelo material. Todas as roupas, objetos e pertences dos moradores contaminados foram isolados em barris e contêineres que poderão ser abertos somente daqui a 180 anos, devido ao receio de contaminação. Após o incidente cerca de 600 pessoas morreram, e até hoje, boa parte da população ainda necessita de tratamento para manter-se estável. As pessoas que foram contaminadas reclamam da ausência do governo e do ministério público, que não fornece suporte, remédio e tratamentos para os infectados, porém em contraponto o governo afirma subsidiar a medicação necessária, porem alega que toda a doença que as pessoas adquirem posteriormente, está interligada ao acidente do Césio-137 6.4.1. Consequências/Impactos Vinte e cinco anos depois de um dos maiores acidentes radioativos da história, centenas de moradores de Goiânia ainda sofrem com os efeitos do césio-137. O material contaminado já perdeu metade da radioatividade, mas o risco de contaminação só vai desaparecer daqui a 275 anos. As seis mil toneladas de lixo radioativo recolhidas depois do acidente ficam em um terreno isolado, embaixo de dois morros. A maior parte do material guardado nesses depósitos saiu da rua em que o acidente aconteceu. Metade das vítimas tem sintomas de depressão. Um centro médico acompanha a saúde dos contaminados e também dos seus filhos e netos. Duas universidades vão analisar os genes das pessoas mais afetadas pelo césio. “Depois de 20, 30 anos de exposição, a gente busca a possibilidade de ter um aumento na incidência de tumores malignos nessas populações”, afirma o médico José Ferreira. Figura 12- Sequelas do contato direto com o Césio-137 As sequelas deixadas pelo césio 137 não estão apenas nos corpos das vítimas diretas do acidente, que tiveram membros amputados, a pele marcada e a saúde afetada pelo contato com o elemento químico. Passados anos do desastre radiológico, boa parte dos goianienses não somente guarda tristes lembranças do episódio como sofre com medo dos efeitos do césio 137. Uma pesquisa realizada entre os dias 19 e 22, das 9 às 21 horas, pela empresa TMK para o jornalO POPULAR revela que 53,6% dos 1,5 mil entrevistados acreditam na possibilidade de que o acidente ainda possa causar algum tipo de risco à população da capital. 7. ESTUDO DE CASO – Terremotos 7.1. Introdução Os terremotos são tremores de terra, fenômenos naturais, provocados pelo choque violento das placas tectônicas – camada móvel da crosta terrestre –, que causam danos imensos ao homem. Apesar de serem classificados como catástrofes naturais, estudos mostram que estes eventos também podem ser desencadeados direta ou indiretamente pela ação humana. A energia liberada nesse momento é variada, anualmente desenvolvem pelo menos 200 mil tremores, na maioria das vezes não são percebidos, isso acontece a partir da dinâmica terrestre, pois a mesma não é inteiriça e imóvel, pelo contrário, existe uma grande energia em seu interior. Os terremotos ou abalos sísmicos sempre fizeram parte da humanidade, ocasionalmente ocorrem em distintos lugares do mundo, no entanto, esse evento em grande parte das vezes é marcado pela destruição. Desse modo, eles são avaliados ou medidos pela quantidade de energia liberada, ou seja, medida pela escala Richter que varia de 0 a 9 graus e também pelo nível de destruição apresentado. Assim, cada magnitude de energia expressa em escala Richter produz consequências específicas. Terremotos que apresentam escala inferior a 3,5 graus têm possibilidade de ser registrado, no entanto, é muito difícil de ser percebido. Tremores com liberação de energia entre 3,5 a 5,4 graus na escala Richter em grande parte das vezes são percebidos com consequências modestas ou despercebidas. Abalos com registros na escala Richter inferior a 6 graus produzem destruição significativa em edificações com construção frágeis, já nas edificações de construção estruturada os prejuízos são pequenos. Terremotos com intensidade de 6,1 a 6,9 graus na escala Richter são capazes de destruir tudo num raio de 100 quilômetros. Tremores que variam entre 7 e 7,9 graus na escala Richter são propícios à retirar os edifícios de sua fundações, sem contar o surgimento de fendas no solo e danificação de toda tubulação contidas no subsolo. Abalos sísmicos com intensidade que oscila entre 8 e 8,5 graus na escala Richter configura como de grande magnitude, seus efeitos destroem pontes e praticamente todas as construções existentes. Destruição total ocorre com tremor de 9 graus na escola Richter, e, hipoteticamente, se houvesse um terremoto de 12 graus a Terra seria partida ao meio. 7.2. Tipos de Terremotos 7.2.1. Sismos de origem natural A maioria dos sismos está relacionada à natureza tectônica da Terra, sendo designados sismos tectônicos. A força tectônica das placas é aplicada na Litosfera, que desliza lenta, mas constantemente sobre a Astenosfera devido às correntes de convecção com origem no Manto e no Núcleo. As placas podem afastar-se (tensão), colidir (compressão) ou simplesmente deslizar uma pela outra (torção). Com a aplicação destas forças, a rocha vai-se alterando até atingir o seu ponto de elasticidade, após o qual a matéria entra em ruptura e sofre uma libertação brusca de toda a energia acumulada durante a deformação elástica. A energia é libertada através de ondas sísmicas que se propagam pela superfície e interior da Terra. As rochas profundas fluem plasticamente (têm um comportamento dúctil – astenosfera) em vez de entrar em ruptura (que seria um comportamento sólido – litosfera). Estima-se que apenas 10% ou menos da energia total de um sismo se propague através das ondas sísmicas. Aos sismos que ocorrem na fronteira de placas tectônicas dá-se o nome de sismos interplacas, sendo os mais frequentes, enquanto que àqueles que ocorrem dentro da mesma placa litosférica dá-se o nome de sismos intraplacas e são menos frequentes. Os sismos intraplacas também podem dar origem a sismos profundos, segundo as zonas de subdução (zonas de Benioff), ocorrendo entre os 100 e os 670km. Devem-se à transformação de minerais - devido aos minerais transformarem-se noutros com forma mais densa - e este processo é repentino. Pode ocorrer no caso da desidratação da olivina, em que esta se transforma em vidro. Também podem ser sismos de origem vulcânica, devendo-se às movimentações de magma dentro da câmara magmática ou devido à pressão causada por esse quando ascende à superfície, servindo assim para prever erupções vulcânicas. Está mais associado ao vulcanismo do tipo explosivo que às do tipo efusivo. Existem ainda os sismos de afundimento, que ocorrem na sequência de deslizamentos de correntes turbídicas (grandes fragmentos de rocha que deslizam no talude continental) ou devido ao abatimento de cavidades ou do teto de grutas. 7.2.2. Sismos induzidos Estes são sismos associados à ação humana quer direta ou indiretamente. Podem-se dever à extração de minerais, água dos aquíferos ou de combustíveis fósseis, devido à pressão da água das barragens, grandes explosões ou a queda de grandes edifícios. Apesar de causarem vibrações na Terra, estes não podem ser considerados sismos no sentido lato, uma vez que geralmente dão origem a registros ou sismogramas diferentes dos terremotos de origem natural. Alguns terremotos ocasionais têm sido associados à construção de grandes barragens e do enchimento das albufeiras por estas criadas, por exemplo, na Barragem de Kariba no Zâmbia (África). O maior sismo induzido por esta causa ocorreu a 10 de Dezembro de 1967, na região de Koyna a oeste de Madrasta, na Índia. Teve uma magnitude de 6.3 na escala de Richter. Também têm a sua origem na extração de gás natural de depósitos subterrâneos. 7.3. Causas Atividades que resultam em um aumento de pressão sobre a crosta podem levar à ruptura de uma falha geológica e provocar os chamados tremores induzidos. Esta alteração na pressão exercida sobre o solo geralmente é decorrente da construção de lagos artificiais e represas, ou das atividades de exploração do solo, como mineração, usinas termoelétricas e extração de petróleo e gás natural. Segundo pesquisadores, um dos maiores terremotos da história da Índia, com 6,3 graus de magnitude, – registrado em 1967 – foi desencadeado pela construção da represa de Koyna. Neste tipo de construção, a expansão rápida e drástica do volume de água causa estresse nas placas tectônicas, podendo provocar sua movimentação e, consequentemente, o choque. Além das represas, outros projetos de engenharia podem ter influência na manifestação destes eventos. Em Taipei, em Taiwan, dois abalos registrados em 2006 foram associados à construção do que era, até então, o maior edifício do mundo, o Taipei 101. Segundo geólogos, a pressão exercida pelo prédio de 700 mil toneladas reabriu uma antiga falha, que causou os tremores. No caso da exploração de petróleo, a contribuição para a ocorrência de tremores ocorre devido aos chamados “fraturamentos hidráulicos”, que consiste na perfuração do solo para a criação dos poços de extração. Os espaços vazios deixados pelos fluidos extraídos acabam permitindo o deslocamento das rochas e, portanto, o choque entre elas. 7.4. Estudos de Caso – Terremoto no Japão (2011) Figura 13 – Pior terremoto do Japão Passou-se 5 anos desde que ocorreu o terremoto na costa do Pacífico em Tohoku, no Japão, em 11 de março de 2011. Com magnitude de 9.0, o terremoto causou muitas mortes, destruição e conseguiu ainda por cima, abalar as estruturas do planeta Terra. É considerado o maior terremoto do Japão e o sétimo maior do planeta. O terremoto desencadeou um poderoso tsunami com ondas que atingiram alturas de até 40,5 metros em Miyako e Iwate. Segundo a Agência Nacional de Polícia,foram 15.884 mortes, 6.147 feridos e 2.636 pessoas desaparecidas. Nem é preciso dizer que o desastre trouxe consequências graves para o Japão, incluindo uma crise nuclear. O abalo provocou um tsunami que alcançou áreas da cidade japonesa de Sendai, na ilha de Honshu, a principal do arquipélago japonês. 7.4.1. Impacto do terremoto sobre o planeta Em relação ao planeta: - Deslocou o eixo da Terra O impacto do terremoto foi tão grande que deslocou a Terra (entre 10 cm e 25 cm) sobre seu eixo de rotação e mudou a forma como a massa do planeta é distribuída. - Encurtou os dias A velocidade de rotação da Terra aumentou, encurtando o dia em 1,8 microssegundos (1 milionésimo de segundo). - Poder de destruição Segundo especialistas, o tremor teve o impacto similar ao de 27 mil bombas atômicas para o planeta. - Aumento de abalos sísmicos Mais de 1.000 tremores secundários atingiram o Japão desde o terremoto, o maior de magnitude 7,9. - Declínio da costa japonesa Cerca de 400 km da costa norte de Honshu teve o declínio de 0,6 metros. -Deslocamento da ilha O impacto deslocou a ilha principal de Honshu 2,4 metros para o leste. - Placas tectônicas A Placa do Pacífico deslizou 24 m para o oeste, indo para mais perto do epicentro. - Infra-sons captadas por satélite O terremoto produziu um ruído de baixa frequência chamado de infra-sons, que viajou para o espaço e foi detectado pelo satélite Goce. Em relação ao meio ambiente - No Oceano Pacífico O tsunami matou mais de 110 mil aves marinhas, enquanto atravessava o Oceano Pacífico e também transportou milhares de toneladas de detritos para o mar. Mesmo depois de 3 anos, escombros continuam a chegar nas praias costeiras da América do Norte e Canadá como barcos, navios, móveis de madeira e plástico. - Ilha artificial de detritos Os destroços do tsunami que vagam pelo oceano (cerca de 1,5 milhão de toneladas) formaram uma ilha gigante e compacta de detritos. A ilha tem quase o tamanho da França (cerca de 700 mil km²) e foi batizada de “51º Estado americano” por estar bem próxima (cerca de 2.700 quilômetros) da costa oeste norte-americana. - Perigo ambiental Junto com a ilha de detritos, viajam também pelo menos 165 espécies de seres vivos (a maior parte deles de tamanho microscópico) que não existem nos EUA. Segundo pesquisadores, estes seres são uma grande ameaça ao equilíbrio ambiental do Em relação a outros locais do planeta - Na Antártida As ondas sísmicas do terremoto sacudiu, deslocou por 0,5 metros e causou rupturas no iceberg Whillans Ice Stream, na Antártida. Também causou rupturas no iceberg Sulzberger, distante 13 mil km do epicentro. - No Chile As ondas do tsunami também viajaram através do Pacífico, atingindo o Alasca, Havaí e Chile. No Chile, 17 mil quilômetros distantes do Japão, as ondas chegaram à costa com cerca de 3 metros de altura e destruíram mais de 200 casas. - Na Noruega Os efeitos do grande terremoto foram sentidos em todo o mundo, até mesmo nas águas calmas dos fiordes noruegueses, a mais de 8 mil km do epicentro, que registrou ondas de 1,5 metros, cerca de 30 minutos após o grande sismo. 7.5. Estudo de Caso – Terremoto de Sichuan (China) Os cientistas também reconhecem que grandes corpos de água podem exercer pressão sobre as linhas das falhas. A pressão é tão alta que pode empurrar os lados das falhas fortemente comprimidas, aumentando ainda mais a fricção ou causando seu deslizamento. Um relatório revelou que o poderoso terremoto ocorrido em maio de 2008 e que atingiu 7.8 graus na escala Richter pode ter sido causado ou amplificado pela gigantesca barragem de Zipingpu, localizada a apenas 550 metros da linha da falha e a 5 quilômetros do epicentro. O tremor matou 70 mil pessoas e deixou 5 milhões de desabrigados. A barragem de Zipingpu tem 156 metros de altura e armazena 315 milhões de toneladas de água. A alta intensidade do tremor causou diversas rachaduras no reservatório, que precisou ser drenado antes que inundasse as províncias vizinhas, que foram evacuadas antes de um possível desastre. O imenso peso das águas de Zipingpu parece ter afetado a magnitude e o tempo de duração do terremoto. Apesar dos abalos não serem raros naquela região, um evento de 7.3 magnitudes não ocorria ali a milhares de anos. A descoberta de milhares de toneladas de produtos químicos perigosos e as fortes chuvas agravam a ameaça representada por um lago que se formou na cidade de Tangjiashan após o terremoto, e pelas fugas de material radioativo, provocadas pelo tremor de terra de 12 de maio. A província de Sichuan é a principal base de estocagem do arsenal nuclear chinês. Cerca de 5000 t de produtos químicos, dentre os quais o ácido sulfúrico e o ácido clorídrico, estavam estocados em diferentes locais, a jusante do lago, e tiveram que ser transferidas para lugares seguros. As autoridades também já retiraram mais de 150 000 habitantes dessas áreas, pois, segundo Alexander Densmore, sismólogo da Universidade de Durham na Grã-Bretanha, há grande possibilidade de ruptura súbita do reservatório, com inundação de extensas áreas na região. "Esses lagos, formados pelo deslizamento de terras, representam uma ameaça importante em regiões montanhosas e em vales estreitos, onde um pequeno volume de material pode provocar uma obstrução total." “Em Sichuan há um grande número de barragens hidráulicas, o que poderia significar a ocorrência de catástrofes em cadeia, se uma retenção natural transbordasse ou se uma barragem, fragilizada pelo sismo, se rompesse.” 7.5.1. Outros Eventos Diversos terremotos menores, possivelmente causados por reservatórios, já foram registrados pelos cientistas. Em 1967 um terremoto de 6.7 graus de magnitude ocorrido próximo à barragem indiana de Koyna matou 187 pessoas. De acordo com os sismólogos, esse evento pode ter sido induzido pelo reservatório. Terremotos no Brasil No Brasil registram-se poucos abalos sísmicos. Em média ocorrem a cada ano um sismo de 1 a 3 graus na Escala Richter e a cada cinco anos podem ocorrer abalos de magnitude 4 ou mais. O local onde frequentemente são registrados tremores é na cidade de Bebedouro em São Paulo, ocorrendo tremores de magnitude 2 e 3 quase todos os anos. Esses tremores, segundo o grupo de sismologia do IAG/USP, têm suas origens nas faturas do basalto da Formação Serra Geral e provavelmente são induzidos por poços de extração de água subterrânea na região. O maior tremor registrado no Brasil atingindo 6,6 graus na Escala Richter foi na Serra do Tambador no Mato Grosso em 31 de janeiro de 1955. Em 9 de dezembro de 2007 um terremoto de 4,9 graus (Richter) causou uma morte no município de Itacarambi em Minas Gerais. É o primeiro tremor da história do Brasil que tem como resultado: 1 morte, 5 feridos e várias casas destruídas pelo sismo. No dia 22 de abril de 2008 um tremor de terra atingiu os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro com 5,2 na escala Richter. Também no dia 29 de setembro de 2008 um tremor de terra atingiu o Triângulo Mineiro com o epicentro na cidade de Uberaba, a magnitude 3,1 na escala Richter, que apesar de pequena chegou a assustar a população do local. Recordes - 6,6 graus (Richter), na Serra do Tambador - 1955. - 6,3 graus (Richter), no litoral do Espírito Santo - 1955. - 5,5 graus (Richter), Amazonas - 1983. - 5,2 graus (Richter), no litoral de São Paulo - 2008. 8. 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