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A regulamentação das leis no Brasil - LICC

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A regulamentação das normas jurídicas 
Natanael Sarmento, mestre e doutor pela UFPE, professor titular da Unicap
O conceito de norma jurídica comporta diferentes perspectivas e explicações no âmbito da doutrina. Para a finalidade presente, Curso de Direito Civil I – Parte Geral do Código Civil – portanto, o direito no sentido positivo da palavra, ancorar-se no fecundo debate jus filosófico não se colherá os frutos esperados. Assim sendo, partimos de conceito de norma jurídica estatal: 
						 
Norma jurídica positiva é a regra de conduta emanada do Estado dotada de imperatividade e a todos imposta 
- Regra de conduta que prescreve e descreve a conduta desejável orientando a conduta dos sujeitos de direito. 
- Imperatividade: imposta a todos, a governantes e governados, aos indivíduos, aos grupos, ou coletividades de pessoas. É uma característica essencial da norma jurídica que parte da doutrina utiliza-se para distinguir da regra moral. 
- O Estado impõe as sanções previstas na norma quando esta regra desejável é desrespeitada a fim de fazer cumprir a norma violada e reparar os danos decorrentes dessa violação.
Ao estudo da matéria em epígrafe importa conhecer o significado de conceitos básicos quais publicação, vigência,subsunção, interpretação, eficácia, sanção e revogação.
Publicação da lei. Depois de publicada na imprensa oficial (DO) a lei torna-se lei no sentido estrito da palavra, presume-se conhecida de todos e ninguém se escusa de cumprir essa lei sob a alegação de não conhecê-la (art.3, LICC). Portanto, a lei só começa a vigorar depois de publicada. Atenção: publicação não é o mesmo que vigência e muito menos eficácia. A vigência da lei deve ser expressa (art. 8 da LC 95/98) de maneira a conter prazo razoável para que dela se tenha conhecimento, podendo ter a cláusula “entrar em vigor na data da sua publicação”. Se a norma não traz esta cláusula expressamente, aplicar-se-á o prazo de 45 dias – no território nacional – e trê meses no estrangeiro, a teor do disposto no art. 1 e parágrafo 1, da LICC, DL 4657/42. 
Vigência da lei: É um conceito temporal que vale dizer que a lei está viva, apta a ser aplicada e produzir as suas conseqüências. A vigência da lei cessa com a sua revogação. Em princípio as leis têm vigência indeterminada: “A lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”(art. 2, LICC, “Não se destinando à vigência temporária”. Leis temporárias possuem início e revogação determinados. Tem por característica a ultra-atividade, isto é aplica-se a lei após a sua revogação aos casos nela incidentes durante a sua vigência.
“Vacatio legis”: É o intervalo ou lapso de tempo que vai da publicação à vigência. Trata-se de prazo a ser estipulado pela autoridade legisladora observando-se princípios de razoabilidade e proporcionalidade para a aplicação da lei. Obviamente não há vacatio legis na lei que traz a cláusula de entrar em vigor na data da sua publicação. 
Subsunção: É a aplicação do direito consistente na adequação do fato concreto ao teor da norma jurídica abstrata. A lei estabelece regras típicas em termos abstratos e gerais. Cabe ao operador do direito proceder a operação intelectual de ajustar o fato real da vida ao tipo legal abstrato, a subsunção. 
Interpretação da lei: É o meio de explicar, esclarecer, encontrar o significado e alcance da norma jurídica. Trata-se do objeto da hermenêutica jurídica, disciplina autônoma apesar da proximidade com a filosofia do direito que possui técnicas específicas: gramatical, teleológica, histórica, sistemática, sociológica, etc. 
Eficácia da lei: Consiste na produção dos efeitos da lei, diz-se eficaz quando realiza o seu escopo. 
Sanção: É a conseqüência jurídica aplicável ao infrator da norma jurídica.
Revogação: É o ato que faz cessar a vigência de uma lei. Quando alcança toda a norma diz-se ab-rogação, mas se revoga parcialmente, denomina-se derrogação. A revogação pode ser expressa ou tácita. É expressa quando a lei nova expressamente o declara, Ex. Art. 2.045 da lei 10.406/2002 (Novo Código Civil) que ab-roga a lei 3.071/1916 (Código Civil ante) e derroga o Código Comercial,Lei 556/1850 –Parte Geral.
 
As normas jurídicas do direito brasileiro estão previstas no art. 59 da CF/1988:
 1. Constituição Federal – O processo legislativo compreende: emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. (vide CF). 
 O parágrafo único deste artigo determina que lei complementar disponha sobre a elaboração, a redação a alteração e a consolidação das leis. 
Tal regulamentação veio a ocorrer quase 10 anos depois com a edição da LC no 85, de 26 de fevereiro de 1998.
2. Lei Complementar n.º 95/98 dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. 
- As leis devem ser numeradas em continuidade a série iniciada em 1946;
- As leis terão três partes básicas: 1. preliminar (epígrafe, ementa, preâmbulo, enunciado do objeto e indicação do âmbito de aplicação das disposições; 2. normativa: (texto de conteúdo substantivo da matéria regulada); 3. final: ( medidas à sua implementação, disposições transitórias – se for o caso, cláusulas de vigência e revogação, quando couber). (Vide LC 95). 
Porém, ao propósito do presente estudo, interessa mais a análise do Decreto-Lei 4657/42, a chamada Lei de Introdução ao Código Civil.
3. Lei de Introdução ao Código Civil
A chamada LICC, na verdade, o Decreto-Lei 4657/42, não tem o escopo introdutório da codificação civil como o seu nome indevidamente proclama, tampouco faz parte do CC. Trata-se de norma autônoma que tem por objeto as leis em geral; assim, a LICC é um conjunto de normas sobre as leis em geral que ultrapassa o campo do direito privado e abrange todas as normas de direito positivo brasileiro, inclusive as públicas: 
 - aplicação da lei no tempo e no espaço:
 Início da vigência e publicação da lei (art.1º); a lei no tempo (art.2º); revogação expressa § 1°, tácita , § 2º, do art. 2º); não-repristinação salvo se expressa (§ 3º do art. 2°); não escusa do desconhecimento da lei (art.3º); regras de integração no caso de omissão – analogia, costumes e princípios gerais do direito (art. 4º); regra hermenêutica – inteligência da lei e teleologia (art. 5º); efeito imediato e irretroatividade em face do ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada (art.6º).
O artigo 6 da LICC tem a expressa correspondência da norma Constitucional, art. 5, XXXVI – “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e à coisa julgada”. Portanto, se em princípio a lei entra em vigor imediatamente e começa a produzir os seus efeitos, a incidência da norma, porém, esbarrará em 3 óbices: direito adquirido ou incorporado ao patrimônio da pessoa; o ato realizado em conformidade com a lei vigente, e a decisão judicial insusceptível de recursos. Como valores necessários à segurança e à ordem jurídica ficam “blindados” quanto aos efeitos da nova lei que não poderá retroagir e modificar as mencionadas situações, quando constituídas. 
Por fim a LICC trata de regras de direito Internacional privado a partir do art. 7 ao 19, aspectos que serão estudados em disciplina específica e que foge ao objeto-programático da disciplina Direito Civil I.

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