Buscar

Ensaio A ideia de tradição e ou formação da literatura brasileira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Universidade Federal do Pará
Instituto de Letras e Comunicação – ILC
Faculdade de Letras – FALE
Teoria do Texto Narrativo
JÔNATAS MIRANDA AMARAL
ENSAIO
A ideia de tradição e/ou formação da literatura brasileira
BELÉM
2014
JÔNATAS MIRANDA AMARAL
 
	
Trabalho apresentado à disciplina
Formação da Literatura Brasileira,
BELÉM
2014
Pensar o surgimento de uma literatura é uma tarefa que, de certo, irá exigir um olhar crítico apurado; estudo das obras teóricas acerca dela, assim como das obras propriamente ditas. Assim sendo, este ensaio visa o relato de meus entendimentos acerca da formação da literatura brasileira, que percebo está ligada à ideia de tradição.
	Os portugueses ao lançarem mão das naus e por os pés em terras que viriam a ser chamadas de Brasil fizeram um tipo de literatura (que alguém pode vir a desconsiderar como membro de uma formação literária). Uma “literatura de informação” que visava expor e através das palavras registrarem a ambientação das novas terras, retratar os povos que aqui viviam; fazer certa propaganda; tais documentos fizeram com que essas terras do sul, tropical, recheada de peculiaridades, entrasse na história. Esses textos apesar de terem o aspecto informativo, tem lá seu esplendor estético. Assim podemos perceber que tais literaturas viriam a ter importância neste processo de formação da literatura brasileira. Com autores recorrendo à ela no Romantismo, por exemplo.
	Ver a formação da literatura é ver um continuo. Será que podemos dizer que há uma literatura plenamente formada, imutável? É difícil de acreditar que sim. A literatura brasileira vive o constante processo da criação de sua obra literária. Antonio Cândido em sua obra “Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos” expõe essa visão de continuidade, “uma espécie de transmissão de tocha entre os corredores, que assegura no tempo o movimento conjunto, definindo o lineamento de um todo” (CANDIDO, 2000)
	Deste ponto entramos na ideia de tradição, que foi de forma muito interessante trabalhada por T.S.Eliot. Para Eliot a tradição envolve o sentido histórico, pois historicamente podemos perceber o passado e sua influência no presente, “o sentido histórico compele o homem a escrever não apenas com sua própria geração no sangue, mas também com toda a literatura” (ELIOT, 1962. Pag. 23). 
Percebemos que a literatura brasileira começa a surgir como um “tronco” na árvore da literatura portuguesa; existe a influência do passado nas obras que começam a ser produzidas nas terras brasileiras, seja por conta da língua, das ideias. Os poetas, de certo, trazem do passado elementos e criam outros novos, a partir de então que serviram de influência para os seus predecessores.
Essa concordância entre o velho e o novo é o que Eliot explica ser a tradição, que não nega o passado, mas também não abre mão da novidade, do original.
Há um intenso requerer do novo, tanto isto é forte que qualquer um pode pensar que uma literatura é formada quando nela só há elementos que se restringem exclusivamente a uma literatura. Não vejo uma possibilidade de se criar uma literatura com um valor estético, recheado de significados e funções (como ser um retrato de um período, por exemplo) sem que aja uma influência do passado. A sociedade vive um dialogismo nato.
Um escritor consciente disto traz para sua obra uma intensidade diferente, acredito. Saber que beber nas fontes dos seus antepassados não é repetir e sim continuar o ciclo da literatura, do ciclo da literatura universal. Não podemos negar que existe a influência de Homero na literatura Brasileira atual como nas gerações posteriores.
Dentro do pensar a Formação da literatura, há autores que renegam alguns autores como parte dela. Como é o caso de Gregório de Mattos. Cândido o considera como “não existe literariamente” dentro da sua concepção histórica. Outros autores, porém, como Veríssimo em sua “História da Literatura Brasileira” (1915), Alfredo Bosi em sua “História Concisa da Literatura Brasileira” (1994) o consideram. Logo, penso que será que autores como Gregório de Mattos que tiveram uma grande aceitação e foram (re)descobertos muito depois não fariam parte da tradição, da continuidade da literatura?
Gregório de Mattos é exaltado por ser o “primeiro poeta ‘popular’, com audiência certa não só entre intelectuais como em todas as camadas sociais, e consciente aproveitador de temas e de ritmos da poesia e da música populares” (ANDRADE, 1958). Logo, ao ser resgatado 150 anos depois de sua morte, (re)descobertos por muitos não faz dele um ponto importante na linha cronológica da história, assim sendo uma fonte de influência para os escritores que vieram depois?
Provisoriamente penso que seria uma questão de perspectiva. Que fatores se levam em consideração na perspectiva histórica, para incluí-lo ou excluí-lo literariamente dela? Precisaria de um conhecimento mais vasto para responder este questionamento, mas olhando pela perspectiva que a formação da literatura esta ligada à ideia de tradição, Gregório de Mattos e a sua voz ecoou na história. Observa-se que sua influência foi marcante e ainda deve ser. Pois, sem dúvida Mattos tinha um diálogo com o passado assim como trouxe uma novidade. Faz da parte construção da literatura. 
Cândido ressalta no prefacio da primeira edição da “Formação”, que “cada literatura requer um tratamento peculiar, em virtudes de seus problemas específicos ou da relação que mantém com outras” (CANDIDO, 2000), sem dúvida a literatura brasileira detém suas peculiaridades, seus desafios. O Classificar determina obra deve ser difícil, estabelecer um fim ou um término de algo. Acho válida a perspectiva que sempre leva em questão a interação entre autor-obra-público, a literatura persiste por conta desta interação.
Interação que se vale da obra que dialoga com o momento presente, com a emoção do autor, dos sentimentos, que faz ligações com influência do passado. Relação que tudo isto tem com o leitor que aprecia. Com o futuro escritor que beberá nas fontes dela.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes